ArticlePDF Available

Diário reflexivo permeando ensino e pesquisa

Authors:

Abstract

Este artigo traz reflexões sobre o uso de diários de aula no seio de ações pedagógicas e de pesquisa com docentes em formação. As reflexões foram desenvolvidas a partir de experiências vividas em duas situações: uma com estudantes do curso de Pedagogia de uma universidade pública estadual do Nordeste do Brasil e outra com um grupo de docentes de uma escola municipal. As discussões permeiam reflexões sobre os diferentes contextos em que podem ser utilizados os diários, como no cotidiano escolar, em pesquisas, em registros de relações sociais, dentre outros. Com uma abordagem de pesquisa qualitativa, escolhemos como instrumentais de coleta de dados a observação participante, a realização de aulas-oficinas que geraram a produção da escrita dos diários e a análise dos conteúdos presentes nos diários e nas falas dos sujeitos colaboradores. Analisamos o processo individual e coletivo de confecção desses diários, bem como dos elementos neles registrados, realçando variadas formas de expressão: pictóricas, poéticas, prosaicas, descritivas etc. Concluímos que o trabalho com diários nas situações referidas foi necessário e satisfatório, pois possibilitou reflexões, escritas e discussões coletivas, fazendo com que as formações de docentes fossem ressignificadas.
05
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/198431782012024e0055
eLocation-id: e0055
Ana Cristina Moraes
Universidade Estadual do Ceará
anakrismoraes@hotmail.com| LATTES
Juliane Queiroz
Universidade Estadual do Ceará
julianeg.queiroz@aluno.uece.br| LATTES
Recebido em: 10 fevereiro 2022
Aprovado em: 19 março 2024
Diário reflexivo permeando ensino e pesquisa
Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons
Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
Os artigos publicados na Revista Educação, Artes e Inclusão passam
pelo Plagiarism Detection Software | iThenticate
Diario reflexivo que impregna la enseñanza y la
investigación
Este artículo reflexiona sobre el uso de diarios de clase en las acciones pedagógicas y de
investigación con los docentes en formación. Las reflexiones se desarrollaron a partir de
experiencias vividas en dos situaciones: una con estudiantes del curso de Pedagogía de una
universidad pública estatal en el Noreste de Brasil y otra con un grupo de maestros de una escuela
municipal. Las discusiones permean los diferentes contextos en los que se pueden usar los diarios,
como en la rutina escolar, en la investigación, en los registros de relaciones sociales, entre otros.
Con un enfoque de investigación cualitativa, elegimos la observación participante como
instrumentos de recopilación de datos, la realización de clases-talleres que generaron la
producción de la redacción de los diarios y el análisis de los contenidos presentes en los diarios y
en los discursos de los sujetos colaboradores. Analizamos el proceso individual y colectivo de
hacer estos diarios, así como los elementos registrados en ellos, destacando varias formas de
expresión: pictórica, poética, prosaica, descriptiva, etc. Llegamos a la conclusión de que trabajar
con diarios era necesario y satisfactorio, ya que permitia reflexiones, escritos y debates colectivos,
lo que hacía que los cursos de formación de docentes se resignasen.
Keywords: Diario reflexivo; taller de clase; investigación.
Diário reflexivo permeando ensino e pesquisa
Este artigo traz reflexões sobre o uso de diários de aula no seio de ações pedagógicas e de
pesquisa com docentes em formação. As reflexões foram desenvolvidas a partir de experiências
vividas em duas situações: uma com estudantes do curso de Pedagogia de uma universidade
pública estadual do Nordeste do Brasil e outra com um grupo de docentes de uma escola
municipal. As discussões permeiam reflexões sobre os diferentes contextos em que podem ser
utilizados os diários, como no cotidiano escolar, em pesquisas, em registros de relações sociais,
dentre outros. Com uma abordagem de pesquisa qualitativa, escolhemos como instrumentais de
coleta de dados a observação participante, a realização de aulas-oficinas que geraram a produção
da escrita dos diários e a análise dos conteúdos presentes nos diários e nas falas dos sujeitos
colaboradores. Analisamos o processo individual e coletivo de confecção desses diários, bem
como dos elementos neles registrados, realçando variadas formas de expressão: pictóricas,
poéticas, prosaicas, descritivas etc. Concluímos que o trabalho com diários nas situações referidas
foi necessário e satisfatório, pois possibilitou reflexões, escritas e discussões coletivas, fazendo
com que as formações de docentes fossem ressignificadas.
Palavras-chave: Diário reflexivo; aula-oficina; pesquisa.
e0055
INTRODUÇÃO
Este texto reflete sobre possibilidades formativas proporcionadas pelo trabalho com
diários de aula no âmbito de ações pedagógicas e de pesquisa junto a professores em
formação inicial e continuada. Analisa duas experiências de escritas de diários reflexivos:
uma entre estudantes de Pedagogia de uma universidade pública estadual brasileira (situada
na Região Nordeste), mais especificamente na disciplina Arte-educação; outra no desenrolar
de uma pesquisa-ação sobre formação docente e dança1, numa escola pública municipal de
tempo integral na mesma região do país.
As análises aqui desenvolvidas fundamentam-se numa abordagem de pesquisa
qualitativa que tem como instrumentais de coleta de dados a observação participante, a
produção de aulas-oficinas que, dentre outras ações, geraram a produção da escrita dos
diários e a análise dos conteúdos (BARDIN, 2011) presentes nos diários e nas falas dos
sujeitos colaboradores.
Autores de referência como Zabalza (2008), Macedo (2006), Neto (1994), Barbier
(2004), Pimenta (2005), dentre outros, subsidiam as reflexões presentes neste estudo.
DIÁRIOS EM DIFERENTES CONTEXTOS
O diário constitui-se, via de regra, como elemento de registro do real que é percebido e
interpretado pelo escrevente. Potencializa a atitude de uma escrita visceral, em que
sentimentos e percepções sobre os fatos cotidianos e também subjetivos se destacam.
Historicamente a escrita e a publicação de diários faz parte de variados cenários e
propósitos. Observa-se a existência de diários desde a antiguidade e com recortes
temáticos que envolvem política, relações familiares, relatos sobre cotidiano escolar, prisional,
de pesquisas de campo, de questões subjetivas etc.
No campo da educação, em particular, o diário tende a se constituir como um
dispositivo ativador e de registro da memória educacional das pessoas, enfocando seus
saberes e sua atuação profissionais em variados espaços educativos. Sendo que o diário é,
também, um instrumento que pode subsidiar registros nos processos de pesquisa, por exem-
1 A pesquisa citada foi um trabalho de Mestrado que teve como objetivo geral investigar as possibilidades
formativas de docentes por meio de experimentações estéticas em Dança - dissertação apresentada em fevereiro
de 2020.
e0055
plo, como elemento a mais de produção de dados, podendo estar sujeito a análises individuais
e coletivas. No diário de pesquisa, esse suporte investigativo, diariamente, “[...] podemos
colocar nossas percepções, angústias, questionamentos e informações que não são obtidas
através da utilização de outras técnicas” (NETO, 1994, p. 63). Todos os enunciados citados e
contidos em um diário de campo podem estar diluídos num relatório de pesquisa,
fundamentando-o, dando consistência empírica e mostrando, assim, a relevância deste
instrumento de produção de dados. Nessa perspectiva, tem-se que o diário de campo é algo
pessoal e intransferível, pois, com ele: “[...] o pesquisador se debruça no intuito de construir
detalhes que no seu somatório vai congregar os diferentes momentos da pesquisa. Demanda
um uso sistemático que se estende desde o primeiro momento da ida ao campo até a fase
final da investigação” (NETO, 1994, p. 63-64).
Enfatiza-se, pois, a importância do trabalho pedagógico do diário como forma de trazer
à tona as implicações, impressões e sentimentos dos sujeitos com sua profissionalização e
produção de saberes, percebendo esse instrumento como um elemento formativo dos sujeitos,
pois, por meio dessa narrativa escrita “[...] o sujeito se constitui também; daí a pertinência
formativa do diário de campo, que, em alguns centros formadores, toma feições que
transcendem a pesquisa, transformando-se num dispositivo significativo de autoformação”
(MACEDO, 2006, p.134). Junte-se a isso o fato de termos a clareza de que o diário possui
grande potencial para captar significados, motivos, aspirações, crenças, valores, atitudes dos
sujeitos relativos à sua feitura e utilização dos saberes, enfatizando a dimensão
prático-reflexiva. Macedo ressalta, ainda, que “O diário é um dispositivo de grande relevância
para acessar os imaginários envolvidos na investigação, pelo seu caráter subjetivo, intimista”
(MACEDO, 2006, p. 134).
A leitura de diários publicados vem nos fazendo ampliar o olhar sobre a fortaleza das
autobiografias para a compreensão de uma realidade sócio-histórica mais ampla. Os diários
funcionam, assim, como uma fotografia narrada e refletida, sobre um determinado período
histórico e contexto social.
Como exemplo icônico disso, citamos o famoso “Diário de Anne Frank”, escrito de 12 de
junho de 1942 a 01 de agosto de 1944, que nos marcou e emocionou profundamente. Retrata
os horrores do nazismo, pelas lentes analíticas de uma menina polonesa de 13 anos que teve
que ficar num esconderijo com sua família e outras pessoas por mais de dois anos, para tentar
salvar-se das crueldades de agentes nazistas na segunda guerra mundial. Sobre
e0055
esse período, Frank (2012, p. 339) expõe, tristemente, sua angústia de estar, há dois anos
no esconderijo – trecho escrito em 26 de maio de 1944: “Que aconteça alguma coisa logo, até
mesmo um ataque aéreo! Nada pode ser mais esmagador do que essa ansiedade. Que
chegue o fim, mesmo sendo cruel; pelo menos saberemos se vamos ser vencedores ou
vencidos”.
O diário de Anne Frank foi publicado em livro (que foi traduzido em diferentes idiomas e
circulou pelo mundo inteiro) e foi também transformado em filme[1], trazendo fatos do cotidiano
de uma família vivendo na clandestinidade na busca de sobrevivência, o que torna esse diário
um valioso documento histórico, fonte de muitas análises acadêmicas.
Já o intenso “Diário de uma favelada”, escrito entre 1955 e 1959, por Carolina Maria de
Jesus (1993), uma catadora de papel mineira que viveu na favela do Canindé em São Paulo,
retrata as agruras da pobreza e os esforços desta mulher, com três filhos, e que tinha uma
grande paixão: ler e escrever. Essa autora revela aspectos socioeconômicos e políticos
vivenciados na década de 1950, como o descaso e as práticas paternalistas das
representatividades políticas, a cooptação e a compra escancarada de votos, as situações
miseráveis e violentas em que viviam as pessoas daquela favela, o frio, a fome, o
desemprego, os vícios.
Todos esses aspectos são apontados narrativamente por Carolina de Jesus, no que
poderíamos nomear o seu diário como um tratado sociológico. A nosso ver, este diário é um
importante registro de caráter etnográfico sobre o cotidiano de uma favela paulista
atribuindo-se, com isso, grande relevância social à obra. Em sua revolta denunciadora, ela
escreve:
[...] Às oito e meia da noite eu estava na favela respirando o odor dos excrementos
que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou
na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de
sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno
de estar num quarto de despejo. [...] Sou rebotalho. Estou no quarto de despejo, e o que
está no quarto de despejo ou queima-se ou joga-se no lixo[2] (JESUS, 1993, p. 33).
2 Dirigido por George Stevens (primeira versão em 1959) e por Hans Steinbichler, numa segunda versão, em 2016.
3 A reprodução deste trecho do diário segue fielmente a forma de escrita coloquial da autora, com todos os “erros” gramaticais.
Sendo que esta também é uma marca das publicações de Carolina Maria de Jesus, que mantiveram todas as características
de sua escrita como especificidade de uma pessoa que teve poucos anos de escolaridade, residia em favela e alimentava o
desejo de escrever diariamente, mesmo com tantas adversidades.
e0055
Outra leitura marcante para nós foi o “Diário do subsolo” de Dostoiévski (2012, p. 62),
que traz contundentes revelações de um jovem atormentado, porém, bastante crítico e realista
que mistura sua lucidez a acessos de ira e impaciência diante do mundo:
[...] eu andava em busca de movimento e, de repente, mergulhava num escuro,
subterrâneo, abjeto... não digo deboche, mas, sim, num debochezinho. As minhas
paixonetas eram agudas, ardentes, por causa de minha eterna e doentia irritabilidade.
Os rasgos vinham histéricos, com lágrimas e convulsões. Além da leitura, não tinha o
que fazer, ou seja, não havia nada que eu pudesse respeitar no meu ambiente e que
me atraísse.
Esses e tantos outros diários, por serem permeados pela vivacidade de experiências
objetivas entrelaçadas à dimensão subjetiva do escritor, tendem a se tornar muito
interessantes ao leitor, nele despertando a curiosidade primordial para a busca de saberes por
meio da leitura de um registro, ao mesmo tempo de ordem íntima, pessoal e sociocultural.
DIÁRIOS DE AULA E DE PESQUISA
Apreendemos os diários de aula como uma narrativa pedagógica (NOGUEIRA et al.,
2008, p. 171), que se manifesta das seguintes formas:
[...] memoriais, novelas de formação, cartas pedagógicas, crônicas do cotidiano,
depoimentos, diários, relatos de experiências e de pesquisa, dentre outros registros em
que os educadores documentam o que fazem, o que pensam, o que pensam sobre o que
fazem, assim como suas inquietações, dificuldades, conquistas, sua produção intelectual.
São textos que mobilizam o necessário diálogo entre os conhecimentos, saberes e
experiências da formação e da profissão e que funcionam como plataforma de
lançamento à reflexão sobre si mesmo e sobre sua ação profissional.
Nesse caminho, buscamos valorizar a feitura individual e coletiva de diários de aula
para instigar a reflexão e a escrita de si em meio às ações pedagógicas em sala de aula e em
processos de pesquisa.
De acordo com Zabalza (2008, p. 13), “Os diários de aula, [...] são os documentos em
que professores e professoras anotam suas impressões sobre o que vai acontecendo em suas
aulas”. O diário como instrumento de escrita e reflexão sobre si em processo de formação
docente – inicial (no âmbito universitário) ou continuada (em meio a sua atuação profissional),
pode ser utilizado de acordo com a vontade e a necessidade do professor, com periodicidade
cotidiana, semanal, quinzenal ou mensal.
e0055
Zabalza (2008) também sinaliza a possibilidade de revezamento na escrita do diário em
que, a cada aula, um aluno diferente se responsabiliza pelas anotações, e ao final de um
determinado período, junta as anotações para a análise grupal. Segundo ele, “[...] os diários
permitem aos professores revisar elementos de seu mundo pessoal que frequentemente
permanecem ocultos à sua própria percepção enquanto está envolvido nas ações cotidianas
de trabalho” (ZABALZA, 2008, p. 17).
Para a escrita de um diário de aula, o professor terá que ficar atento aos seus alunos, e
a si mesmo, de modo que terá que destacar pontos a serem observados, e a partir destes
realizar uma autoavaliação, o que pode implicar numa mudança não somente nas suas aulas,
como também na sua postura profissional: “[...] cabe incluir o uso didático do ‘diário de aula’.
Nesse sentido, o uso do diário segue dois caminhos: o diário [...] usado como recurso
para registrar o andamento da aula e o diário como recurso voltado para a pesquisa e a
avaliação dos processos didáticos. [...] Dessa maneira, os docentes cumprem o duplo
objetivo de evitar que as aulas se tornem meros processos de recepção passiva de
informações e/ou noções conceituais e de garantir que os alunos e as alunas
reelaborem pessoalmente as questões tratadas e debatidas em aula. (ZABALZA, 2008,
p. 23-24).
Zabalza enfatiza ainda que a escrita dos diários possui algumas fases sucessivas que
tende a facilitar um processo de aprendizagem fundado numa categoria de fenômenos:
[...] (a) o processo de se tornar consciente da própria atuação ao ter de identificar seus
componentes para narrá-los e (b) o processo de decodificar essa atuação (transformar
a atuação em texto), o que possibilita a racionalização das práticas e sua transformação
em fenômenos modificáveis (2008, p.27).
Pensar a formação docente inicial e continuada buscando aliar ensino e pesquisa,
guiadas pela feitura de diários numa perspectiva autobiográfica nos instiga como docentes
pesquisadoras e também nos faz ter consciência de que a implementação dessa proposta
requer uma série de condições no contexto de formação, como assinala André (2001, p. 60):
[...] é preciso que haja uma disposição pessoal do professor para investigar, um desejo
de questionar; é preciso que ele tenha formação adequada para formular problemas,
selecionar métodos e instrumentos de observação e de análise; que atue em um
ambiente institucional favorável à constituição de grupos de estudo; que tenha
oportunidade de receber assessoria técnico-pedagógica; que tenha tempo e disponha
de espaço para fazer pesquisa; que tenha possibilidade de acesso a materiais, fontes
de consulta e bibliografia especializada.
Ao realizar pesquisa-ação (BARBIER, 2004; PIMENTA, 2005) e pesquisa-formação
(LONGAREZI; SILVA, 2013), buscamos insistir em ações que garantam a ampliação das pos-
e0055
sibilidades formativas de docentes, seja no espaço universitário (formação inicial), seja no
meio escolar (formação continuada de professores em exercício). Sendo que isso representa
um desafio para nós que mediamos pesquisas e intervenções pedagógicas, mas que também
é algo possível, por isso vimos realizando essas ações.
Em meio a tudo isso, o trabalho com diários na pesquisa e na formação docente nos é,
pois, de extrema relevância ao percebermos a potência da escrita nos processos de reflexão e
configuração de práticas pedagógicas, como observado nos relatos que seguem.
O DIÁRIO DE AULA: UMA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA EM ARTE-EDUCAÇÃO
Desde 2016, vimos intensificando a adoção do uso do diário como dispositivo
impulsionador da escrita sobre processos pedagógicos vivenciados por estudantes de
Pedagogia.
Em especial, na disciplina Arte-educação, partimos de uma orientação dada aos
estudantes, no primeiro dia de aula, para que elaborem seus registros sobre cada aula de
modo criativo e com formato livre. O enunciado da orientação é o seguinte:
Diário reflexivo É um instrumento didático para registro de aprendizagens e reflexões
sobre experiências formativas em sala de aula, em especial da disciplina
Arte-educação. Nele você poderá inserir descrições de cada ação pedagógica, análises
críticas, percepções e sentimentos, de modo mais livre, seja na forma de desenho,
esquema, texto escrito – em prosa ou verso, colagem, pintura etc. A expectativa é que,
a partir da composição do Diário, cada um consiga realizar reflexões, apreender
saberes, atribuir um significado para sua formação docente e dar um sentido às suas
intervenções pedagógicas. Bons registros e aprendizagens!
Esse texto fica afixado na contracapa do diário coletivo e dos diários individuais. A cada
turma, a cada semestre, propomos uma forma de composição do diário que seja de interesse
de todos. Nos dois semestres de 2019, por exemplo, os diários foram escritos coletivamente,
ou seja, em cada aula, para a constituição do diário semestral coletivo, um estudante leva o
diário para casa. Nele tem que registrar as vivências e reflexões ocorridas na aula, de forma a
expor livremente o que observou, o que lhe foi mais significativo, o que avaliou dos conteúdos
trabalhados, métodos e participação da turma etc., buscando seguir as orientações acima,
dadas pela professora da turma.
No encontro seguinte, o estudante que registrou no diário as considerações sobre a
aula anterior, inicia a aula expondo sua produção das páginas desse diário coletivo. E após
isso, entrega a outro colega para fazer o mesmo sobre a aula do dia.
e0055
Nesse movimento, os estudantes fazem um rodízio do diário e, ao mesmo tempo em
que releem o que os outros refletiram e registraram sobre aulas anteriores, esboçam seus
próprios olhares, reflexões, sentimentos, manifestados de modo criativo.
Com isso, o futuro docente tende a desenvolver sua formação consciente da
importância da apreensão dos conhecimentos, mas também da relevância da constante
autorreflexão, criando o hábito de se avaliar como profissional, bem como avaliar as condições
estruturais em que sua formação e suas possibilidades de atuação docente se situam: “É por
isso que os diários constroem um excelente caminho para se chegar, pelo menos à medida
que os professores o desejem e/ou o permitam, aos dilemas práticos da profissão” (ZABALZA,
2008, p.23).
Em imagens, expomos alguns registros de aulas de um dos diários coletivos da turma
de Arte-educação (2019.1).
e0055
Figura 1 - Registros no diário coletivo de estudantes de Pedagogia
Fonte: registrado pelas autoras (2020).
De modo geral, ao analisarmos as elaborações de cada estudante neste diário coletivo,
que totalizou 41 páginas de registros, observamos uma predominância de textos escritos,
apesar de que, alguns deles são poéticos. Outros são escritos em prosa, com narrativas mais
descritivas sobre cada momento vivenciado na aula, seguidas de comentários críticos e
sentimentos sobre a aula. Outros estudantes elaboraram colagens, desenhos, pinturas etc. o
que possibilitou uma maior diversificação da linguagem trabalhada em seus textos.
Dos textos poéticos, alguns deles são em cordel, pois tivemos momentos da disciplina
que trabalhamos com a literatura de cordel e isso inspirou algumas produções das páginas
dos diários. Outros trazem uma poética mais livre e não menos inspirada, cheia de
sensibilidade e impressões sobre as vivências das aulas.
Estudantes que se voltaram para a escrita mais prosaica, descritiva dos encontros, a
fizeram de modo bastante detalhado e reflexivo, o que, a nosso ver, possibilitou um movimento
de pensamento crítico sobre o que era vivenciado em cada aula, até o final do semestre.
em relação às colagens e aos desenhos produzidos nas páginas dos diários, vimos
que houve uma concentração em imagens e símbolos que se referiam às linguagens artísticas
– dança, teatro, música, artes visuais e literatura. Ícones que permearam todas as discussões
da disciplina Arte-educação.
A feitura do diário coletivo, nas duas turmas de Arte-educação analisadas, representou
um desafio para muitos estudantes, pois, num primeiro momento houve certa resistência ao
perguntarmos sobre quem levaria o diário para casa. Alguns ficavam instigando ou apontando
um colega, outros riam e se escondiam. Mesmo com essa brincadeira e tensão ao final de
cada aula, sempre tinha um estudante que levava o diário e, ao final de cada semestre, as
elaborações eram muito criativas e com reflexões importantes sobre todo o processo de
aprendizagens.
O DIÁRIO DE CAMPO NUMA PESQUISA-FORMAÇÃO SOBRE AÇÕES DOCENTES E
DANÇA NA ESCOLA
O uso dos diários de bordo4 é um instrumento que fazia parte de nossa formação,
como estudante e profissional. Em pesquisa recente, pudemos aprofundar estudos que tinham
como subsídio a utilização do diário como elemento formativo e de produção de dados.
4 O termo diário de bordo possui a mesma função do diário de campo, utilizamos esse termo, pois foi a forma que
utilizamos na pesquisa realizada com o grupo de docentes.
e0055
e0055
Trabalhamos com um grupo de docentes na perspectiva de investigar as possibilidades
formativas de docentes por meio de experimentações estéticas em Dança.
Na referida pesquisa tivemos como um dos objetivos específicos, promover encontros
estético-formativos em Dança, com aproximações na pesquisa-ação formativa, desenvolvendo
habilidades e reflexões. Para os encontros, tivemos a oportunidade de trabalhar com o grupo
de docentes o uso de diários de bordo, como meio para cada integrante fazer seus registros e
também como forma de análise de dados da pesquisa. Com o grupo foi refletido sobre a
importância das anotações para o registro das ações, reflexões de cada um e também para a
formação de todos. Conforme Zabalza (2008, p. 27), “[...] Os diários de aula, [...] constituem
recursos valiosos de ‘pesquisa-ação’ capazes de instaurar o círculo da melhoria de nossa
atividade como professores [...]”.
Os diários constituem um ótimo instrumento para que o docente possa, em suas
anotações, refletir sobre sua metodologia, mergulhar em novas possibilidades de
experimentações.
Para a realização da pesquisa em foco, foram propostos e realizados seis encontros
formativos. No primeiro encontro foi entregue ao grupo uma pasta, contendo um caderno,
caneta e giz de cera. Inicialmente tivemos como proposta trabalhar com os diários,
prioritariamente nos encontros, evitando que os docentes levassem atividades para casa,
porém como tínhamos pouco tempo em cada encontro, a escrita no diário foi direcionada para
casa. Como proposta inicial, sugerimos que eles escrevessem sobre o primeiro encontro, as
sensações, lembranças, práticas, como havia sido a experiência para cada um.
A reflexão é, portanto, um dos componentes fundamentais dos diários de professores.
[...] essa reflexão se projeta em duas vertentes complementares, [...] Uma reflexão sobre
o objeto narrado [...] uma reflexão sobre si mesmo, sobre o narrador [...] é o que
denomino componente expressivo do diário (ZABALZA, 2008, p. 45).
A proposta do diário foi registrar sobre os encontros, espetáculos assistidos, rotina do
trabalho na escola que quisessem compartilhar e dividir com o grupo, situações na escola ou
no seu dia em que eles percebessem a dança, reflexões sobre o corpo. Sobre esse
instrumento de registro, realçamos “seu caráter longitudinal e histórico. Esse aspecto o
diferencia e lhe dá vantagem sobre o resto dos documentos pessoais que são pontuais [...] ou
constituem reconstruções de períodos vitais desde momentos distantes aos fatos narrados
[...]” (ZABALZA, 2008, p. 46).
e0055
Sugerimos aos docentes colaboradores que cada diário se constituísse num artefato
livre, podendo também ter registros em forma de desenhos ou outra forma de manifestação.
A capa do diário foi construída pelos docentes; foram distribuídas revistas e direcionado
para cada um construir a capa do seu diário, com imagens e da forma que fosse significativo a
cada um deles. Um dos pontos discutidos durante os encontros foi a indisciplina dos alunos,
questão levantada pelos docentes como principal dificuldade na escola. Sendo que esta
temática permeou as reflexões do grupo nos encontros seguintes, na perspectiva de que os
docentes encontrassem, conjuntamente, caminhos possíveis de se trabalhar isso na escola,
de preferência envolvendo saberes e práticas em dança.
As reflexões sobre dança trabalhadas durante os encontros levavam os professores a
pensarem em inúmeras possibilidades sobre sua formação e metodologia. Nesses momentos
os diários eram ótimos suportes para registros dos encontros. Cada encontro era planejado de
acordo com o desenvolvimento dos participantes no último encontro feito. Na pesquisa-ação
os encontros são elaborados de acordo com as respostas que o grupo a fim de que o
pesquisador, em sua sensibilidade, percebe quais os melhores próximos passos a serem
dados (BARBIER, 2004).
Nessa dinâmica de encontros ao final de cada reunião era reforçada a importância da
escrita nos diários. Percebemos que alguns integrantes colaboradores da pesquisa estavam
com dificuldades de escreverem nos diários, sendo um dos motivos a rotina de tempo integral
da escola, muitas demandas e não sobrava tempo para a produção dos diários.
Dessa forma, para motivá-los mais na produção foi feito um encontro dedicado
especialmente para escrita dos diários. No dia desse encontro iniciamos com uma prática
corporal de espreguiçar; fizemos uma dinâmica de troca de olhares e troca de lugares;
falamos sobre o encontro anterior; tivemos um momento de produção dos diários; utilizamos
as “Cartas – Palavra de criança” de Gebrim (2013), fizemos algumas reflexões presentes nos
conceitos infantis das cartas e cada um criou um conceito da palavra indisciplina, gerando
reflexões sobre as ideias criadas;
Após essa produção, o grupo passou a utilizar mais vezes o diário durante os
encontros, fazendo registros. Para a produção do diário de bordo preparamos material e
organizamos um espaço do auditório para que pudéssemos fazer esse momento da melhor
A publicação Palavra de criança (2013) é um livro com cartas que trazem diferentes conceitos de diversas palavras,
definidos de forma criativa como se fossem conceitos de crianças. Utilizar as cartas foi um instrumento que funcionou muito
bem no grupo, pois geravam muitas reflexões e produções.
e0055
forma. Levamos um TNT para sentarmos, canetinhas, lápis, revistas, tesouras, para a
produção da capa, pois alguns ainda não tinham feito e depois seguimos na produção, como
mostra as imagens a seguir:
Figura 2 - Produção dos diários individuais de professores
Fonte: registrado pelas autoras (2019).
Figura 3 - Produção dos diários finalizada
Fonte: registrado pelas autoras (2020).
e0055
Trabalhar no grupo de forma mais assídua com os diários foi uma experiência muito
positiva para os docentes, “[...] os diários podem ser empregados tanto com uma finalidade
mais estritamente investigadora [...] como com uma finalidade mais orientada para o
desenvolvimento pessoal e profissional dos professores. [...] as missões se combinam e se
completam” (ZABALZA, 2008, p. 16). Pelos relatos do grupo, observamos que as vivências, de
uma forma geral beneficiaram a cada um de forma pessoal e profissional.
Durante uma entrevista informal no último encontro perguntamos ao grupo sobre a
experiência do diário de bordo, como foi confeccionar e sobre as práticas feitas, se houve
alguma dificuldade, o que mais eles gostaram. Sobre o diário, (Cien.-R.2)6 comentou que ele e
(Cien.-A.1) conversavam sobre a dificuldade que tinham em fazer o diário, devido a correria do
dia e acabavam deixando em segundo plano. (Cien.-A.1) concordou e ressaltou que para ela
era muito difícil,
“[...] eu realmente tive dificuldade, não tenho experiência com esse negócio de
diário de bordo, esse diário que a gente faz anotações das coisas que estão
acontecendo. E o diário da gente, eu já fiz algumas vezes, mas assim de forma
muito esporádica, logo eu realmente senti dificuldade”.
Apesar de terem gostado dos encontros, o diário foi a principal dificuldade, os
professores concluíram que, como não faziam no dia do encontro acabavam por esquecer. Já
outros docentes não sentiram tanta dificuldade, “para mim o diário foi mais tranquilo. Depois
que a gente começou a fazer saiu. Foi bom quando você fez o encontro com os diários,
porque impulsionou. Eu achei ótimo, a questão de fazermos a capa, foi muito legal” (Art.-L.).
Percebemos que a dificuldade com os diários também perpassou pela falta de hábito
em escrever. Quando decidimos pelo fato de colocar as escritas do diário para casa, foi pelo
motivo do tempo reduzido que teríamos, porém imaginávamos que seria difícil para alguns
fazerem; trabalhamos em escola e sabemos como realmente a rotina exige do professor.
Mesmo com o risco frente a essa dificuldade, continuamos com a proposta do diário para casa
e, percebendo essa situação, encontramos a solução em dedicar um encontro com o foco na
produção dos diários; de fato, foi um encontro muito produtivo, pois incentivou mais o grupo
nas produções e em outros encontros introduzimos mais o uso dos diários. A prática das
anotações foi importante não para nossas análises, mas também ao grupo, que
experienciou a prática dos registros no diário, o que contribuiu para as discussões que
tínhamos nos encontros, reflexões e ideias que alguns tinham e faziam nos registros.
6 Nomes fictícios para manter o anonimato dos docentes.
e0055
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dados outros aspectos, tidos como secundários, os diários de aula “acostumam-nos a
refletir” e “acostumam-nos a escrever”, para utilizar os termos de Zabalza (2008, p. 29). Uma
vez que para escrevermos algo sobre nossa prática precisamos pensar sobre ela e, a partir
disso, podemos tentar transformá-la.
Seja ele escrito pelo professor ou pelo aluno, é nítida a contribuição do diário de aula
nos processos de ensino e de aprendizagem, bem como ao se constituir como instrumental de
pesquisa. Uma vez que, quando escrito pelo professor, favorece a autocrítica, a observação
de aspectos que geralmente passam despercebidos. Quando escritos pelos alunos, faz com
que esses se atentem, não somente ao conteúdo, mas a toda a dinâmica da sala de aula, o
instiga a pensar, o que favorece a reflexão deles como agentes causadores do seu próprio
aprendizado.
Percebemos como um desafio termos escolhido fazer o uso dos diários na
pesquisa-formação em sala de aula (na universidade, com estudantes em formação inicial) e
na escola (com professores em formação continuada), por conta dos tempos reduzidos para a
escrita, bem como por conta de algumas resistências e dificuldades iniciais de alguns
colaboradores em se disporem a escrever.
Por sabermos das relevantes reflexões que são proporcionadas pelo uso do diário na
formação docente, iniciamos com o pensamento de explorar os registros nos diários a cada
encontro. Porém, devido ao tempo reduzido que nos era dado para esses encontros,
deixamos que os registros nos diários ocorressem de forma mais espontânea e sendo levado
como atividade de casa. Mesmo percebendo que seria difícil, devido a rotina puxada de
estudantes e de professores, insistimos nas produções e percebemos o quão foi significativo o
resultado das produções.
Os estudantes e os docentes fizeram anotações durante e após os encontros, reflexões
sobre si e sobre o que era vivenciado. O resultado foi, a nosso ver, satisfatório para as
reflexões coletivas, para apreensões de saberes em artes e ainda para que pudéssemos
aperfeiçoar, como mediadoras de processos de ensino e de pesquisa, nossas intervenções
pedagógicas, tomando-se como suporte formativo e de registro de todos esses processos, o
diário.
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli. Pesquisa, formação e prática docente. In: ANDRÉ, Marli (Org.). O papel da
pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas-SP: Papirus, 2001.
BARBIER, René. A pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber Livro Editora,
2004.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Diário do subsolo. São Paulo: Martin Claret, 2012.
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank [Editado por Otto Frank & Mirjan, Pressler. 17ª edição.
Rio de Janeiro: Best Bolso, 2012.
GEBRIM, Patrícia. Palavra de criança. 1. ed., 9 reimpr. – São Paulo: Pensamento, 2013.
JESUS, Carolina Maria. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 1993.
LONGAREZI, Andrea Maturano; SILVA, Jorge Luis. Pesquisa-formação: um olhar para sua
constituição conceitual e política. Revista Contrapontos Eletrônica. Vol. 13 - n. 3 - p.
214-225 / set-dez, 2013.
MACEDO, Roberto Sidnei. Etnopesquisa crítica Etnopesquisa-formação. Série:
Pesquisa. Brasília: Liber Livro Editora, 2006.
NETO, O. Cruz. “O trabalho de campo como descoberta e Criação”. In: MINAYO, M. C. Souza
(org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 4. Edição. P. 51-66. Petrópolis-RJ:
Vozes, 1994.
NOGUEIRA, E. G. Davanço; PRADO, G. V. Toledo; CUNHA, R. C. Barrichelo; SOLIGO,
Rosaura. A escrita de memoriais a favor da pesquisa e da formação. In: SOUZA E.
Clementino; MIGNOT, A. C. Venâncio. Histórias de vida e formação de professores. Rio de
Janeiro: Quartet: FAPERJ, 2008.
PIMENTA, Selma Garrido. Pesquisa-ação crítico-colaborativa: construindo seu significado a
partir de experiências com a formação docente. In: Revista Educação e Pesquisa, São
Paulo, v. 31, n. 3, p. 521-539, set./dez. 2005.
ZABALZA, Miguel A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento
profissional. Tradução Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2008.
e0055
@revistaeai
revistaeducacao
arteinclusao@
gmail.com
(48) 3321-8314
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
O artigo enfatiza a pesquisa como prática reflexiva, crítica e transformadora da realidade social, discutindo algumas características teórico-metodológicas da pesquisa-ação, colaborativa, participante e coletiva, tendo em vista compreender a natureza formativa dos processos desencadeados por meio de cada uma delas. A análise documental, realizada a partir de textos de autores considerados referência em cada um dos tipos de pesquisa, bem como a análise do resultado de pesquisas de intervenção que se propuseram formar professores, revela que essas pesquisas anunciam formas particulares de agirem sobre a realidade e nela provocar transformações. Percebe-se a dimensão político-ideológica que caracteriza essas pesquisas para além de um processo descritivo e analítico dos contextos sociais. Contudo, alguns estudos recentes têm demonstrado que, em suas práticas, acabam sofrendo certos desvios, porque têm enraizadas paradigmas que se restringem a ações mais individuais e não mexem com as estruturas políticas, o que implicaria mudanças também nas relações de poder.
Article
Full-text available
This text presents the process of reconfiguration of the meaning and sense of action research as a critical-collaborative research starting from two experiences we have coordinated involving teams from university and from public schools in the State of São Paulo, as well as discussing its potential for impact in teacher education and action and its implications for public policies in education. Concerned with carrying out research in the school contexts, so as to help their teams to understand and give an answer to the intrinsic difficulties, we find in the qualitative approaches the most natural path. But, what perspective should we adopt? Should it be intervention-based? It did not seem to us to be the most adequate approach given its tendency to overtake the responsibilities of school workers. The ethnographic approach was not satisfying either, considering the risks of entangling ourselves in endless descriptions of phenomena. Neither did we want to carry out case studies. We were sure that we wanted to conduct research with the professionals in school contexts and not about them. Our expectation was one of contributing to their processes of continuing education. It thus seemed that the action research would be an adequate approach. However, considering the complexity that usually surrounds this approach, we were not tempted, at first, to give its name to the approach we were going to employ. As the study progressed, it gave shape to what we shall call critical-collaborative action research. It is with this process that the present text shall deal.
Etnopesquisa crítica -Etnopesquisa-formação
  • Roberto Macedo
  • Sidnei
MACEDO, Roberto Sidnei. Etnopesquisa crítica -Etnopesquisa-formação. Série: Pesquisa. Brasília: Liber Livro Editora, 2006.
O trabalho de campo como descoberta e Criação
  • O Neto
  • Cruz
NETO, O. Cruz. "O trabalho de campo como descoberta e Criação". In: MINAYO, M. C. Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 4. Edição. P. 51-66. Petrópolis-RJ: Vozes, 1994.
Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional
  • Miguel A Zabalza
ZABALZA, Miguel A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional. Tradução Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Pesquisa-formação: um olhar para sua constituição conceitual e política
  • Jorge Silva
  • Luis
SILVA, Jorge Luis. Pesquisa-formação: um olhar para sua constituição conceitual e política. Revista Contrapontos -Eletrônica. Vol. 13 -n. 3 -p. 214-225 / set-dez, 2013.