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Otimização e avaliação do ensaio de imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos anti-herpesvírus humano 8 (HHV-8) usando sangue colhido em papel de filtro

Authors:

Abstract

O presente trabalho objetivou a otimização e a avaliação da coleta de sangue em papel de filtro para ser usada em levantamentos soroepidemiológicos de infecção por herpesvírus humano 8 (HHV-8). Foram utilizados os ensaios de imunofluorescência indireta (IFI) LANA e Lítico para a pesquisa de anticorpos anti-HHV-8 em amostras de sangue colhidas em membrana Schleicher Schuell de 28 pacientes com sarcoma de Kaposi (SK)/AIDS e 10 indivíduos sadios sem SK, dos quais os soros haviam sido anteriormente usados na padronização destas técnicas. Lâminas contendo células da linhagem BCBL-1 estimuladas ou não com éster de forbol, eluatos de sangue e conjugado anti-imunoglobulina humana marcado com fluoresceína foram empregados nas reações sorológicas e, as reações e os critérios de positividade seguiram os previamente estabelecidos na Seção de Imunologia do Instituto Adolfo Lutz. Foi detectada fluorescência verde-amarelada na maioria das células nas diluições 1:50 e 1:100. Isto dificultou a leitura da IFI-Lítico, principalmente em diluições baixas, mas não interferiu na IFI-LANA cujo padrão pontilhado no núcleo coexistiu com a fluorescência de membrana. À medida que se seguiram as diluições, houve desaparecimento da inespecificidade e a leitura prosseguiu normalmente. Houve concordância de resultados positivos e negativos, com diferenças mínimas nos títulos de anticorpos. Os resultados obtidos viabilizam a coleta de sangue em papel para estudos epidemiológicos de infecção por HHV-8.
Otimização e avaliação do ensaio de imunofluorescência indireta para
pesquisa de anticorpos anti-herpesvírus humano 8 (HHV-8) usando
sangue colhido em papel de filtro
Standardization of the indirect immunofluorescence assay to search for
human herpesvirus 8 (HHV-8) antibodies using blood collected on filter
paper
ARTIGO DE ORIGINAL/ORIGINAL ARTICLE
RIALA6/1106
Rev. Inst. Adolfo Lutz, 66(1): 68-72, 2007
Joyce Matie Kinoshita SILVA1, Mariana Cavalheiro MAGRI1, Fabrício JACOB1, Elizabeth de los
SANTOS-FORTUNA1, Adele CATERINO-DE-ARAUJO1*
*Endereço para correspondência: Seção de Imunologia, Instituto Adolfo Lutz, Av. Dr. Arnaldo, 355, 11o andar, CEP 01246-
902, São Paulo, S.P. e-mail:caterino@ial.sp.gov.br
Seção de Imunologia, Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, S.P.
Recebido: 17/01/2007 – Aceito para publicação: 25/04/2007
RESUMO
O presente trabalho objetivou a otimização e a avaliação da coleta de sangue em papel de filtro para ser
usada em levantamentos soroepidemiológicos de infecção por herpesvírus humano 8 (HHV-8). Foram
utilizados os ensaios de imunofluorescência indireta (IFI) LANA e Lítico para a pesquisa de anticorpos
anti-HHV-8 em amostras de sangue colhidas em membrana Schleicher Schuell de 28 pacientes com sarcoma
de Kaposi (SK)/AIDS e 10 indivíduos sadios sem SK, dos quais os soros haviam sido anteriormente
usados na padronização destas técnicas. Lâminas contendo células da linhagem BCBL-1 estimuladas ou
não com éster de forbol, eluatos de sangue e conjugado anti-imunoglobulina humana marcado com
fluoresceína foram empregados nas reações sorológicas e, as reações e os critérios de positividade seguiram
os previamente estabelecidos na Seção de Imunologia do Instituto Adolfo Lutz. Foi detectada fluorescência
verde-amarelada na maioria das células nas diluições 1:50 e 1:100. Isto dificultou a leitura da IFI-Lítico,
principalmente em diluições baixas, mas não interferiu na IFI-LANA cujo padrão pontilhado no núcleo
coexistiu com a fluorescência de membrana. À medida que se seguiram as diluições, houve desaparecimento
da inespecificidade e a leitura prosseguiu normalmente. Houve concordância de resultados positivos e
negativos, com diferenças mínimas nos títulos de anticorpos. Os resultados obtidos viabilizam a coleta de
sangue em papel para estudos epidemiológicos de infecção por HHV-8.
Palavras-chave. sorologia, papel de filtro, imunofluorescência, herpesvírus humano 8 (HHV-8).
ABSTRACT
The aim of the present study was to standardize the use of blood collected on filter paper in
seroepidemiological studies of human herpesvirus 8 (HHV-8) infection. HHV-8 latent and lytic antibodies
were searched in eluates of blood collected on Schleicher Schuell membrane from 28 KS/AIDS patients
and 10 health individuals without KS, using “in house” immunofluorescence assays (IFAs). Serum samples
from the same individuals were previously evaluated by IFA–LANA and IFA-lytic, and the results were
compared to the results obtained in this study. IFAs were conducted according to criteria established at
Immunology Department of Instituto Adolfo Lutz, using BCBL-1 cells line stimulated or not with phorbol
ester, and FITC-anti human IgG conjugate. Non-specific stainning on IFAs were detected when 1:50
and 1:100 blood eluated dilutions were employed. This unespecificity disappeared on subsequent blood
dilutions. Concordant positive and negative results were obtained between sera and blood samples, but
some minor differences were observed on antibodies title. The results obtained confirmed the use of
blood collected on paper filter for HHV-8 seroepidemiological purposes.
Key words. serology, paper filter, immunofluorescence assay (IFA), human herpesvirus 8 (HHV-8).
69
Silva JMK et al. Otimização e avaliação do ensaio de imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos anti-herpesvírus humano 8
(HHV-8) usando sangue colhido em papel de filtro. Rev Inst Adolfo Lutz, 66(1): 68-72, 2007.
INTRODUÇÃO
Desde a descoberta do herpesvírus humano 8 (HHV-8)1
como sendo o agente etiológico do sarcoma de Kaposi (SK),
vários estudos se seguiram com vistas a identificar populações
e regiões endêmicas desta virose2. Inicialmente, homens que
faziam sexo com homens HIV-soropositivos foram apontados
como transmissores do HHV-8, pois neles foi detectada a forma
epidêmica do SK associada à AIDS3-5. Posteriormente, o vírus
foi encontrado nas outras formas clínico-epidemiológicas do
SK: no SK clássico do mediterrâneo, no SK endêmico africano
e no SK iatrogênico associado à terapia imunossupressora e
corticosteróide2,6-8.
Com a introdução da sorologia para a pesquisa de
anticorpos anti-HHV-8 foi possível mapear populações e
regiões endêmicas do vírus que estavam associadas ou não à
presença de SK9. Curiosamente, ameríndios da Amazônia
brasileira foram apontados como portadores de HHV-8, e neles
não foi detectado o SK10. Da mesma forma, em alguns países
africanos onde o HHV-8 é endêmico, não há muitos casos de
SK. Isto leva a crer que existam fatores presentes no hospedeiro
e/ou parasita que podem estar associados ao risco de
desenvolver doença relacionada ao HHV-811.
Até o presente, não existe um consenso de qual o
melhor método sorológico para o diagnóstico de infecção por
HHV-8, porém devido ao alto custo dos “kits” disponíveis no
mercado, as técnicas “in house” continuam sendo as mais
utilizadas em levantamentos epidemiológicos12-14. A Seção de
Imunologia do Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, introduziu
no ano de 2001, a técnica de IFI-LANA e IFI-Lítico15 e com
ela realizou uma série de estudos com populações de diferentes
categorias de risco para adquirir esta virose. Foram analisados
soros de indivíduos sadios e infectados pelo HIV/AIDS16,
pacientes com SK/AIDS17, profissionais sadios da área da
saúde17, indivíduos com deficiência física e mental17, mulheres
portadores do HIV/AIDS18, crianças nascidas de mães HIV-
soropositivas19, crianças hospitalizadas para tratamento
eletivo20, populações indígenas21, pacientes em diálise22 e,
finalmente, profissionais do sexo feminino23.
Mais recentemente, com vistas a auxiliar países africanos
com poucos recursos financeiros e que têm o SK na sua forma
endêmica e epidêmica foi idealizado um estudo para verificar a
possibilidade de utilizar sangue colhido em papel de filtro para
a detecção de anticorpos anti-HHV-8. As vantagens deste
procedimento são: facilidade de coleta, armazenamento,
transporte, baixo custo e menor desconforto e risco para o
paciente. Com base na Portaria do Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT No 523) de 16/08/2005 que prevê apoio
financeiro para intercâmbio técnico-científico entre Brasil e
países africanos de língua portuguesa, foi encaminhado ao CNPq
e aprovada a Missão Exploratória ProÁfrica, que visa detectar a
real magnitude da infecção por HHV-8 em Moçambique. A etapa
preliminar desta pesquisa é verificar a viabilidade da coleta de
sangue em papel de filtro, objeto deste estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados os ensaios de imunofluorescência
indireta (IFI) LANA e IFI-Lítico para a pesquisa de anticorpos
IgG anti-HHV-8 em amostras de sangue colhidas em papel de
filtro (membrana Schleicher Schuell BioScience Inc., USA)
de 28 pacientes com SK/AIDS do Instituto de Infectologia
Emílio Ribas e 10 amostras de sangue de indivíduos
aparentemente sadios, sem SK, colhidas no ano de 1999 e
armazenadas a –70 ºC. Soros dos mesmos indivíduos foram
usados anteriormente na padronização da IFI-LANA e IFI-
Lítico15 e os resultados obtidos comparados aos atuais. Células
da linhagem BCBL-1 latentemente infectadas pelo HHV-8 e,
as mesmas células estimuladas com éster de forbol, foram
usadas para a detecção dos anticorpos LANA e Lítico,
respectivamente. As reações e os critérios de positividade
seguiram os previamente estabelecidos na Seção de Imunologia
do Instituto Adolfo Lutz, sendo considerados positivos na IFI-
LANA os soros que a partir da diluição 1:50 apresentaram
fluorescência verde maçã com padrão nuclear pontilhado em
mais de 90% das células BCBL-1, e na IFI-Lítico, fluorescência
intensa de membrana (nuclear e externa) e difusa em toda a
célula, em aproximadamente 5% das células BCBL-1
estimuladas com éster de forbol15,17.
Para a pesquisa atual, círculos de 6 mm de diâmetro
contendo 10µL de sangue, ou seja 5µL de soro, foram
recortados do papel e eluídos em 200µL de PBS 0,01M, pH
7,2, por 16 horas a 4°C. Posteriormente, foi adicionado 50µL
de PBS contendo leite desnatado a 5% (diluição final 1:50 em
PBS leite 1%) e feita a diluição seriada na razão 2 para titulação
dos anticorpos. Todos os casos foram inicialmente testados para
as diluições 1:50, 1:100 e 1:200. Foi utilizado como conjugado
anti-IgG humana marcada com fluoresceína diluído em azul
de Evans-leite 1%. Quatro profissionais treinados, dois dos
quais não estavam envolvidos no estudo anterior, realizaram a
leitura das lâminas.
A utilização dos soros desta casuística para a
padronização da sorologia para HHV-8 na Seção de Imunologia
do IAL foi aprovada pelos Comitês de Ética em Pesquisa das
Instituições envolvidas, incluindo a coleta de sangue em papel
de filtro (CTC # 35/1999).
RESULTADOS
Durante o processo de padronização das técnicas de IFI-
LANA e IFI-Lítico para pesquisa de anticorpos anti-HHV-8
nos anos de 1999-2000, foi verificado que o uso de leite
desnatado a 1% bloqueava sítios inespecíficos de anticorpos e,
assim, o leite foi usado nas várias etapas de reação, também
para eluatos de papel de filtro.
Os resultados obtidos com eluatos tanto do grupo de
pacientes com SK/AIDS como do grupo sadio mostraram
fluorescência verde-amarelada na maioria das células BCBL-
70
Silva JMK et al. Otimização e avaliação do ensaio de imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos anti-herpesvírus humano 8
(HHV-8) usando sangue colhido em papel de filtro. Rev Inst Adolfo Lutz, 66(1): 68-72, 2007.
1 nas diluições 1:50 e 1:100. Isto dificultou a leitura
principalmente da IFI-Lítico, mas não interferiu na IFI-LANA,
cujo padrão pontilhado no núcleo coexistiu com a fluorescência
de membrana (Figura 1, Painel A e B, respectivamente). À
medida que se seguiram as diluições, houve desaparecimento
da inespecificidade e a leitura prosseguiu normalmente (Figura
1, Painel D e E). Para os casos negativos e do grupo sadio,
houve apenas padrão amarelado que desapareceu com a diluição
do soro (Figura 1, Painel C e F).
Houve concordância de resultados positivos e negativos
nos dois grupos analisados com diferenças nos títulos de
anticorpos em oito casos de SK/AIDS: seis com diferença de
um título (Pt. 10, 14, 28, 31, 34 e 39), um com diferença de
dois títulos (Pt. 32) e um com diferença de três títulos (Pt. 38).
Na maioria dos casos os títulos mais altos foram obtidos com
eluato de sangue (Tabela 1).
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Nos últimos anos, vários inquéritos soroepidemiológicos
principalmente de doenças parasitárias têm sido realizados usando
sangue colhido em papel de filtro. Este material tem se mostrado
útil para ser empregado em reações de aglutinação,
imunoenzimáticas (ELISA), de imunodifusão (ID) e IFI. Um
estudo comparativo usando soro e eluato de sangue para pesquisa
de anticorpos anti-Toxoplasma gondii mostrou que o eluato
poderia ser usado na pesquisa de toxoplasmose congênita,
reduzindo assim a necessidade de punção sangüínea em crianças
e possibilitando o uso de material estocado em papel de filtro24.
Já no Programa de Controle do Calazar no Brasil, a Fundação
Nacional de Saúde adotou o uso da coleta de sangue em papel
para o controle da leishmaniose visceral canina, com vistas a
introduzir um programa de eliminação de cães sororeativos. Nele
foi feito um estudo comparativo entre soro e eluato, usando as
técnicas de IFI e ELISA. Os resultados obtidos provaram ser o
eluato de sangue útil para inquéritos soroepidemiológicos25. Na
Nicarágua, um estudo em região endêmica de doença de Chagas
mostrou que o uso de sangue colhido em papel de filtro poderia
substituir o soro nas reações de ELISA e IFI, resultando em
sensibilidade de 100% e especificidade de 90% para a pesquisa
de anticorpos específicos26. A mesma estratégia para pesquisa
de anticorpos anti-Plasmodium falciparum foi adotada para
controle de malária na Amazônia brasileira27 e na Índia28.
Recentemente, foi proposto pelo CDC de Atlanta nos EUA, um
protocolo de extração de anticorpos de amostras de sangue
Figura 1. Amostras representativas do padrão de fluorescência
obtido com as reações de IFI-LANA e IFI-Lítico, usando eluato
de sangue colhido em papel de filtro de casos de SK/AIDS.
Painel A e C (soro-reagente e não-reagente na IFI-LANA,
diluição 1:50, aumento x400), Painel B (soro-reagente na IFI-
Lítico, diluição 1:50, aumento x200). Painel D, E e F (mesmos
soros na diluição 1:400).
Tabela 1. Resultados obtidos com a sorologia para HHV-8
usando soro e eluato de sangue colhido em papel de filtro de
28 pacientes com SK/AIDS.
PACIENTE
No
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
16
17
18
23
26
28
31
32
34
35
37
38
39
48
50
IFI-LANA*
25.600
25.600
1.600
200
100
200
-
200
-
200
800
200
200
400
-
1600
-
-
800
25.600
100
1.600
6.400
-
1.600
25.600
-
-
IFI-LÍTICO*
3.200
3.200
800
800
100
800
-
6.400
50
800
3.200
-
50
400
50
25.600
3200
-
800
3.200
400
200
1.600
-
1.600
3.200
-
-
IFI-LANA*
25.600
25.600
1.600
200
100
200
-
200
-
200
800
200
100
400
-
1600
-
-
1.600
51.200
400
1.600
6.400
-
3.200
25.600
-
-
IFI-LÍTICO*
3.200
3.200
800
800
100
800
-
6.400
-
800
3.200
-
100
400
50
25.600
3.200
-
1.600
6.400
800
400
1.600
-
200
1.600
-
-
ELUATO DE SANGUESORO
* Título de anticorpos (recíproca da maior diluição do soro com resultado
reagente).
- (soro não reagente)
71
Silva JMK et al. Otimização e avaliação do ensaio de imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos anti-herpesvírus humano 8
(HHV-8) usando sangue colhido em papel de filtro. Rev Inst Adolfo Lutz, 66(1): 68-72, 2007.
colhidas em papel, para serem utilizadas na sorologia para
sarampo/rubéola pela Organização Mundial da Saúde, em
situações de surtos29.
Até o presente, não foram encontrados relatos de sorologia
para HHV-8 usando sangue colhido em papel de filtro. O presente
estudo mostra que esta prática pode ser adotada para pesquisa
de anticorpos na IFI-LANA e IFI-Lítico e que os resultados
obtidos são concordantes, embora com algumas diferenças no
título de anticorpos. Estas diferenças podem estar relacionadas
ao lote de células e lâminas empregadas na reação, à forma de
armazenamento do soro/sangue e, finalmente, ao critério de
leitura dos técnicos envolvidos na análise. Curiosamente, em
alguns casos, o título de anticorpos detectado em material colhido
em papel de filtro foi superior ao encontrado no soro. Isto pode
ser devido ao processo de congelamento/descongelamento que
os soros sofreram durante as várias etapas de padronização da
IFI-LANA e IFI-Lítico, bem como na avaliação de kits comerciais
de ELISA e IFI, realizados em anos anteriores17, fato que não
ocorreu com o sangue colhido em papel de filtro.
Embora mais estudos sejam necessários para a validação
do método, a facilidade de coleta, armazenamento, transporte,
baixo custo e menor desconforto ao paciente permite a utilização
desta metodologia em inquéritos epidemiológicos de infecção
por HHV-8 e na Missão Exploratória ProÁfrica onde são
parceiros o Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, o Centro de
Referência e Treinamento em AIDS de São Paulo e a
Universidade Eduardo Mondlaine de Maputo, Moçambique.
AGRADECIMENTOS
Suporte: CNPq (Conselho Nacional de Desenvol-
vimento Científico e Tecnológico). Edital Pró-África, Processo
# 490179/2006-1.
Joyce M. K. SILVA (Bolsista do Programa de
Aprimoramento da FUNDAP, área Imunologia no Instituto
Adolfo Lutz de São Paulo), Mariana C. MAGRI (Bolsista de
Mestrado do CNPq e Pós-Graduanda do Curso de Farmácia,
Área Análises Clínicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da Universidade de São Paulo), Fabrício JACOB (Bolsista de
Mestrado da CAPES e Pós-Graduando da Coordenadoria de
Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo, Área Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública),
Elizabeth SANTOS-FORTUNA (PqC V, Supervisora
FUNDAP), Adele CATERINO-DE-ARAUJO (PqC VI,
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Orientadora)
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... Samples were considered HHV-8 seropositive when the results showed reactivity in at least one IFA (LANA or Lytic) in three dilutions employed. The sensitivity and specificity of the assays were confirmed in KS-AIDS patients and healthy persons from São Paulo [8]. Statistical analysis of sociodemographic and clinical variables, and HHV-8 serological results in each Group were conducted using the Chi-square test and a p level ≤0.05 was considered statistically significant. ...
... No association between HHV-8 and exposure to STDs, use of illicit drugs, hepatitis, or other variables was detected, but we could not exclude participant omission or lack of knowledge regarding this information. Concerning the significant association between KS and HIV, the results are in accordance with the literature as well as our previous studies confirming HHV-8 infection in KS patients, most of whom were HIV/AIDS patients [6,8,12,13]. Although the number of individuals analyzed was small, this preliminary study emphasizes the need for extending and confirming these data in order to properly prevent and treat individuals from this geographic area. ...
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Human herpesvirus 8 (HHV-8), the etiological agent of Kaposi's sarcoma (KS), is endemic in parts of the sub-Saharan, and KS has increased concomitantly with the HIV/AIDS epidemic. In Mozambique (MZ), no data concerning HHV-8 infection was available, thus the main of this work was to investigate, for the first time, the presence of HHV-8 infection in Maputo, MZ. Latent and lytic HHV-8-specific antibodies were assessed in blood samples from 189 individuals from the Central Hospital of Maputo, MZ, using 'in-house' immunofluorescence assays conducted in São Paulo, Brazil. The results obtained were analyzed according to socio-demographic and clinical variables using the Chi-square test and logistic regression. An HHV-8 seropositivity of 1.8% and 9.7% was detected among 57 medical students and 31 individuals from the staff, respectively, in contrast to 16.4% detected among 67 out-patients. Concerning 34 hospitalized patients from the Dermatology Unit, 47.1% were HHV-8-seropositive overall, while the rate was 85.7% among KS patients. The present survey, conducted in Maputo, MZ, demonstrates great variation in HHV-8 infection frequencies depending on the group analyzed and epidemiological variables. An association between HHV-8 seropositivity and male gender (OR 5.72), the central origin of patients (OR 5.33), blood transfusions (OR 3.25), and KS (OR 24.0) was detected among hospitalized patients, and primary school (OR 7.18) and HIV-1 infection (OR 8.76) among out-patients.
... IFAs to detect antibodies recognizing latent (IFA-LANA) and lytic (IFA-Lytic) antigens of HHV-8 were conducted at Instituto Adolfo Lutz, Sã o Paulo, Brazil as described previously [Silva et al., 2007;Caterino-de-Araujo et al., 2010]. Briefly, BCBL-1 cells, a primary effusion lymphoma cell line latently infected with HHV-8, or BCBL-1 cells stimulated with tetradecanoyl phorbol ester acetate (TPA) to induce lytic replication were used to prepare slides for the IFA-LANA and IFA-Lytic assays, respectively. ...
... Blood samples were collected on filter paper by finger prick, dried at room temperature, stored under refrigeration and sent on dry ice to Instituto Adolfo Lutz, Sã o Paulo, Brazil, for analysis. HHV-8 antibodies were assessed in eluted blood using ''in house'' immunofluorescence assays (IFA-LANA and IFA-Lytic) as previously described [Silva et al., 2007]. The sensitivity and specificity of the assays were confirmed in patients with AIDS-KS and healthy persons from São Paulo. ...
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Human herpesvirus 8 (HHV-8) infection is common in sub-Saharan Africa, but its prevalence in Mozambique is unknown. The seroprevalence of HHV-8 in a cohort of individuals seen at public health centers in Northern (n = 208), Central (n = 226), or Southern (n = 318) Mozambique was examined. All individuals were interviewed to obtain socioeconomic, demographic and clinical data and were tested for serum anti-HHV-8 antibodies using an immunofluorescence assay. The overall frequency of HHV-8 antibodies was 21.4% and, in spite of the diversity of epidemiological characteristics of the tested individuals, did not differ significantly among regions: 18.7%, 24.3% and 21.4% in the North, Center, and South, respectively (chi(2), 2.37; P = 0.305). The variables that were associated significantly with the presence of HHV-8 antibodies were gender, age, level of education, number of siblings and HIV serostatus, but these differed across the regions. In the North, although tested individuals lived under poor socioeconomic conditions, no association between HHV-8 infection and household variables was detected, with the exception of the number of siblings (P = 0.042). In the Central region, HHV-8 infection was associated with gender (P = 0.010), the number of household members (P = 0.031), and the place of attendance (P = 0.021). In the South, HHV-8 infection was associated with the number of siblings (P = 0.023) and HIV status (P = 0.002). The overall prevalence of HHV-8 seropositivity increased with age. These results demonstrate that Mozambique is another country in Africa with endemic HHV-8 infection, and, because of the AIDS epidemic, continued access to antiretroviral treatment is necessary to avert an outbreak of AIDS-Kaposi's sarcoma.
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Although human herpesvirus 8 (HHV-8) has been suspected to be the etiologic agent of Kaposi's sarcoma, little is known about its seroprevalence in the population, its modes of transmission, and its natural history. The San Francisco Men's Health Study, begun in 1984, is a study of a population-based sample of men in an area with a high incidence of human immunodeficiency virus (HIV) infection. We studied all 400 men infected at base line with HIV and a sample of 400 uninfected men. Base-line serum samples were assayed for antibodies to HHV-8 latency-associated nuclear antigen (anti-LANA). In addition to the seroprevalence and risk factors for anti-LANA seropositivity, we analyzed the time to the development of Kaposi's sarcoma. Anti-LANA antibodies were found in 223 of 593 men (37.6 percent) who reported any homosexual activity in the previous five years and in none of 195 exclusively heterosexual men. Anti-LANA seropositivity correlated with a history of sexually transmitted diseases and had a linear association with the number of male sexual-intercourse partners. Among the men who were infected with both HIV and HHV-8 at base line, the 10-year probability of Kaposi's sarcoma was 49.6 percent. Base-line anti-LANA seropositivity preceded and was independently associated with subsequent Kaposi's sarcoma, even after adjustment for CD4 cell counts and the number of homosexual partners. The prevalence of HHV-8 infection is high among homosexual men, correlates with the number of homosexual partners, and is temporally and independently associated with Kaposi's sarcoma. These observations are further evidence that HHV-8 has an etiologic role in Kaposi's sarcoma and is sexually transmitted among men.
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O presente trabalho teve como objetivo explorar grupos de risco para adquirir e transmitir a infecção HHV-8 e desenvolver doença relacionada, ou seja, o sarcoma de Kaposi. Para tanto foram pesquisados anticorpos (Ac) dirigidos a antígenos (Ag) de fase latente (LANA) e lítica da infecção HHV-8, utilizando ensaios in house de imunofluorescência indireta (IFI) e Westem Blot (WB) e como Ag, células BCBL-1 latentemente infectadas ou estimuladas com forbol. Foram avaliados 3 grupos de indivíduos: Grupo I - 477 pacientes infectados pelo HIV, tendo como resultados, 4,8 % para Ag LANA e 17% para Ag Lítico. Grupo II - 683 pacientes institucionalizados com deficiência mental e/ou fisica e grupoIII - 736 profissionais da área da saúde. Foram detectadas freqüências de Ac de 0,6% e 0,95% para Ag LANA, de 1,02% e 0,3 % para Ag Lítico nos grupos II e III, respectivamente. Tese (Doutorado).
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Blood sampling on filter paper is a current practice in malaria seroepidemiological studies by indirect fluorescent antibody test (IFAT). There is, however, scant comparative information about the use of bloodspot eluates for detection of malarial IgG antibodies simultaneously by IFAT and enzyme immunoassay (ELISA). Here we report data obtained by both serological methods done on 219 bloodspot eluate samples collected in a rural community in Brazilian Amazon Basin (Alto Paraíso, Ariquemes municipality) where malaria is endemic. Plasmodium falciparum and P. vivax thick smear antigens were used in the IFAT; a detergent-soluble P. falciparum antigen was prepared for ELISA. Substantial agreement of results (Kappa coefficient k = 0.686) was observed when P. falciparum antigen was used in both tests, and IFAT titers were found to be strongly correlated to ELISA antibody units (Spearman correlation coefficient rs = 0.818, p < 0.001). Only moderate agreement (k = 0.467) between IFAT with P. vivax antigen and ELISA with P. falciparum antigen was observed. Spearman correlation coefficient value between quantitative results (IFAT titers and ELISA antibody units) in this case was numerically lower (rs = 0.540, p < 0.0001). Our results suggest that, with P. falciparum antigen, both IFAT and ELISA performed on bloodspot eluates are equivalent for seroepidemiological purposes.
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Striking differences in Kaposi's sarcoma (KS) risk for AIDS patients who acquire HIV via homosexual activity and those whose HIV infections derive from blood product exposure suggest the presence of a sexually transmitted agent other than HIV in the development of KS. Using an immunofluorescence assay, we examined serum samples from 913 patients for the presence of antibody specific for infection by human herpesvirus 8 (HHV8), an agent whose genome is regularly found in KS tissue. The distribution of HHV8 seropositivity conforms to that expected for a sexually transmitted pathogen and tracks closely with the risk for KS development. Our data support the inference that this virus is the etiologic cofactor predicted by the epidemiology of KS.
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To standardize human herpesvirus 8 (HHV-8) antibody assays for application to asymptomatic infection, a blinded comparison was done of seven immunofluorescence assays and ELISAs. Five experienced laboratories tested a serum panel from 143 subjects in 4 diagnostic groups. Except for a minor capsid protein ELISA, the other six tests detected HHV-8 antibodies most frequently in classic (80%–100%) and AIDS-related (67%–91%) Kaposi's sarcoma, followed by human immunodeficiency virus-seropositive patients (27%–60%), and least frequently in healthy blood donors (0–29%). However, these six assays frequently disagreed on individual sera, particularly for blood donor samples. Current HHV-8 antibody tests have uncertain accuracy in asymptomatic HHV-8 infection and may require correlation with viral protein or nucleic acid detection. Antibody assays are useful for epidemiologic investigations, but the absolute prevalence of HHV-8 infection in the United States cannot yet be determined.
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Representational difference analysis was used to isolate unique sequences present in more than 90 percent of Kaposi's sarcoma (KS) tissues obtained from patients with acquired immunodeficiency syndrome (AIDS). These sequences were not present in tissue DNA from non-AIDS patients, but were present in 15 percent of non-KS tissue DNA samples from AIDS patients. The sequences are homologous to, but distinct from, capsid and tegument protein genes of the Gammaherpesvirinae, herpesvirus saimiri and Epstein-Barr virus. These KS-associated herpesvirus-like (KSHV) sequences appear to define a new human herpesvirus.
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Blood and serum samples were tested directly for antibodies to Toxoplasma gondii, or as eluates from filter paper using the dye test, IgM enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) and IgM immunosorbent agglutination assay (ISAGA). The specificity and reproducibility of all three assays based on filter paper eluate was satisfactory. The sensitivity of testing eluates was 10 IU by the dye test and 53 EIU by IgM ELISA. IgM ISAGA findings, using eluate or sera, were comparable. Seroprevalence studies of congenital toxoplasmosis can be based on IgM measurement by ISAGA using eluates of filter paper stored infants' blood. Dye test and IgM ISAGA testing of eluate can be used to reduce the frequency of venepuncture when investigating infants for suspected congenital toxoplasmosis.
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As epidemiologic evidence accumulates, it is becoming increasingly clear that Kaposi's sarcoma (KS)-associated herpesvirus (KSHV) (or human herpesvirus 8 [HHV-8]) is the likely infectious cause of KS and related neoplastic disorders. Immunosuppression is an important cofactor in KS pathogenesis, as shown by the occurrence of KS in post-transplant patients and its occasional regression after the reduction of iatrogenic immunosuppression. Whether KS is a hyperplastic process driven by cytokine dysregulation or represents the oligo-or monoclonal-expansion of virus-transformed endothelial cells remains controversial. Near-universal detection of KSKSHV DNA in all of the histologically indistinguishable forms of KS suggests that they share a common etiology. In addition to studies suggesting persistence of KSHV in prostate tissues from KS patients, one study has found that dorsal root ganglia may harbor viral DNA in patients with AIDS-KS. Cultivation of the virus in cells uninfected with Epstein-Barr virus (EBV) has led to the development of serologic tests and studies of KSHV gene expression during latency and lytic replication. The close correspondence between signal pathways activated by EBV infection and those activated by virus-encoded homologs during KSHV infection is seen for interleukin-6 (IL-6) signal transduction. DNA tumor viruses have been essential tools in dissecting out transformation pathways, and KSHV promises to provide a unique model for investigating virus-induced transformation. The unique epidemiology of KSHV and its public health importance, especially to parts of sub-Saharan Africa, suggest that this virus be accorded an important priority in the development of techniques for its control and treatment.
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The kala-azar control program, adopted by the Fundação Nacional de Saúde-FNS (National Health Foundation) has not been able to reduce to an acceptable level the incidence of human cases. The diagnostic method utilized is a blood eluate immunofluorescence. A dogs diagnosed as infected is eliminated a mean of eighty days after the blood collection. The low sensitivity of the test used and the continuing residence of the infected dog in the region due to the elimination delay may be critical in the lack of success of this program. In this study, the FNS standard canine control method is compared to a strategy based on ELISA identification of infected dog and elimination within 7 days. In both study areas the canine seroprevalence was noted ten months before and ten months after the intervention. In the routine FNS area a 9% decrease in seroprevalence was noted, compared to statistically significant greater 27%, reduction (p = 0.0015) in the ELISA intervention area.
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We examined sexual behavior as a risk factor for Kaposi's sarcoma-associated herpesvirus (KSHV) infection and examined the relation between KSHV seropositivity and development of KS in cross-sectional and cohort studies of 130 homosexual men diagnosed with AIDS in Sydney, Australia during the period from 1991 to 1993. KSHV serology was measured using antibody tests to latency-associated nuclear antigen (LANA) and lytically expressed open reading frame (ORF) 65.2. In the cross-sectional analysis, 52% (68) of study subjects were KSHV-seropositive by either assay. KSHV-seropositive men were significantly more likely to be seropositive to both herpes simplex type 2 (odds ratio [OR] 3.0; 95% confidence interval [CI], 1.2-7.5 for LANA and OR 2.8; 95% CI, 1.3-6.0 for ORF 65) and hepatitis A virus (OR 2.2; 95% CI, 1.1-4.5 for ORF 65). KSHV-seropositive men reported nonsignificantly more casual sexual partners and were nonsignificantly more likely to report insertive oroanal contact with casual partners. These data suggest that KSHV might be sexually transmitted among homosexual men. Men were observed until October 1996 for development of KS. Those seropositive to either KSHV assay at baseline were more likely than the seronegative to develop KS during follow-up (rate ratio [RR] 4.4; 95% CI, 1.9-10.2). Of those seropositive for KSHV, 53% developed KS.