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Efeitos da creatina no sistema nervoso central em diversas faixas etárias: Revisão de literatura

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Abstract

INTRODUÇÃO: Muito se sabe dos benefícios da creatina e os seus impactos no sistema nervoso central. É uma temática crescente, sendo abordada, deste modo, o seu impacto na cognição, preservação e potencialização de funções cerebrais e o seu papel no tratamento de patologias crônicas ou degenerativas. OBJETIVO: Identificar os efeitos da creatina no sistema nervoso central em pessoas de diferentes faixas etárias e ambos os sexos. METODOLOGIA: Incluiu-se estudos com limite temporal definido entre 2016 e 2022, publicados nas plataformas BVS (Medline), PubMed e Google acadêmico. Os estudos encontrados foram exportados para o software Rayyan, selecionados e sumarizados em uma planilha Excel. RESULTADOS: O uso suplementar de creatina pode ser benéfico nas terapias de diversas doenças, tais como as doenças neurodegenerativas, doença de Parkinson, doença de Huntington e lesão cerebral traumática. Há evidência de que a fosfocreatina funciona como uma molécula de alta energia, capaz de ressintetizar ATP mais rápido do que a fosforilação oxidativa e processos glicolíticos, o que explica a sua importância no aporte energético cerebral. A atuação da creatina que a faz relevante em terapias está no bloqueio do poro de transição da permeabilidade mitocondrial, mantendo a creatina quinase estável, e impedindo a apoptose celular. CONCLUSÃO: A creatina é eficiente no sistema nervoso central humano, por propiciar diminuição da fadiga mental pós atividades cognitivas intensas, melhora na qualidade do sono, aumento do aporte energético cerebral e colaboração terapêutica em doenças neurodegenerativas, portanto, tal substância realmente proporciona efeitos neurais positivos, auxiliando na prevenção e na atenuação de doenças.
Revistamaster@
imepac.edu.br
Vol. 8. | Núm. 16| Ano 2023
Efeitos da creatina no sistema nervoso central em diversas faixas etárias:
Revisão de literatura.
The Creatine Effects on Central Nervous System in Different Age Groups: an Integrative
Review
Débora Vieira
Lorhanne Sousa Prado Araújo
Luciana Aguiar Cunha
Mariana Ferreira Américo
Marília Eduarda Rodrigues
Raíssa Sousa Borges Ribeiro
Siméia Nunes Amaral de Araújo
E-mail: marilia.eduarda@aluno.imepac.edu.br
DOI: https://doi.org/10.47224/revistamaster.v8i16.365
RESUMO
INTRODUÇÃO: Muito se sabe dos benefícios da creatina e os seus impactos no sistema nervoso central. É
uma temática
crescente, sendo abordada, deste modo, o seu impacto na cognição, preservação e potencialização de funções cerebrais e
o seu papel no tratamento de patologias crônicas ou degenerativas. OBJETIVO: I
dentificar os efeitos da creatina no sistema
nervoso central em pessoas de diferentes faixas etárias e ambos os sexos. METODOLOGIA: Incluiu-
se estudos com limite
temporal definido entre 2016 e 2022, publicados nas plataformas BVS
(Medline), PubMed e Google acadêmico. Os estudos
encontrados foram exportados para o software Rayyan, selecionados e sumarizados em uma planilha Excel. RESULTADOS:
O uso suplementar de creatina pode ser benéfico nas terapias de diversas doenças, tais como as
doenças
neurodegenerativas, doença de Parkinson, doença de Huntington e lesão cerebral traumática. evidência de que a
fosfocreatina funciona como uma molécula de alta energia, capaz de ressintetizar ATP mais rápido do que a fosforilação
oxidativa e processos glicolíticos, o que explica a
sua importância no aporte energético cerebral. A atuação da creatina que
a faz relevante em terapias está no bloqueio do poro de transição da permeabilidade mitocondrial, mantendo a creatina
quinase estável, e impedindo a apoptose celular. CONCLUSÃO
: A creatina é eficiente no sistema nervoso central humano,
por propiciar diminuição da fadiga mental pós atividades cognitivas intensas, melhora na qualidade do sono, aumento do
aporte energético cerebral e colaboração terapêutica em doenças neurodegenerativas, portanto, tal
substância realmente
proporciona efeitos neurais positivos, auxiliando na prevenção e na atenuação de doenças
Palavras-chaves: Cognição; Cérebro; Sistema Nervoso; Suplementos Nutricionais; Creatina.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Much is known about the benefits of creatine and its impacts on the central nervous system. It is a
growing topic, addressing its impact on cognition, preservation, and potentiation of brain functions, as well as its role in
the treatment of chronic or degenerative pathologies. OBJECTIVE: To identify the effects of creatine on the central nervous
system in individuals of different age groups and both sexes.METHODOLOGY: Studies with a defined time frame between
2016 and 2022 were included, published on the BVS (Medline), PubMed, and Google Scholar platforms. The found studies
were exported to the Rayyan software, selected, and summarized in an Excel spreadsheet. RESULTS: Supplemental creatine
use can be beneficial in the therapy of various diseases, such as neurodegenerative diseases, Parkinson's disease,
Huntington's disease, and traumatic brain injury. There is evidence that phosphocreatine functions as a high-energy
molecule, capable of resynthesizing ATP faster than oxidative phosphorylation and glycolytic processes, explaining its
importance in cerebral energy supply. Creatine's role that makes it relevant in therapies lies in blocking the mitochondrial
permeability transition pore, keeping creatine kinase stable, and preventing cellular apoptosis. CONCLUSION: Creatine is
efficient in the human central nervous system, promoting a decrease in mental fatigue after intense cognitive activities,
improving sleep quality, increasing cerebral energy supply, and contributing therapeutically to neurodegenerative diseases.
Therefore, this substance indeed provides positive neural effects, assisting in the prevention and mitigation of diseases
Keywords: Cognition; Cerebrum; Central Nervous System; Dietary Supplement; Creatine.
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1 INTRODUÇÃO
A creatina é encontrada no corpo humano em duas formas, fosforilada e livre, com 95% das reservas de
creatina do corpo sendo encontradas no músculo esquelético, onde desempenha um papel fundamental na
produção de ATP via transporte de fosfocreatina. Os 5% restantes são distribuídos no cérebro, fígado, rim e
testículos e ela é sintetizada endogenamente no rim, fígado e pâncreas a partir dos aminoácidos glicina, arginina
e metionina (Hall, Manetta, Tupper, 2021).
Ademais, com a descoberta dos efeitos ergogênicos da creatina, o estudo da função e da suplementação
dessa substância vêm sendo de bastante interesse no âmbito do esporte, em nível profissional e entre
praticantes de atividades físicas, sendo utilizada como suplemento por atletas de várias idades no objetivo de
melhorar o desempenho esportivo e aumentar o volume de massa muscular (Forbes et al., 2022). Logo, com o
conhecimento do amplo benefício da creatina no tecido muscular, surgiu-se a necessidade de estudos mais
aprofundados acerca de sua funcionalidade além do aspecto de rendimento esportivo, sendo então realizados
estudos sobre seus efeitos em outros âmbitos, como no sistema nervoso central, avaliando o impacto da creatina
na cognição, na preservação e potencialização de funções cerebrais e seu papel no tratamento de patologias
crônicas ou degenerativas.
Sabe-se hoje que a creatina é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica, se acumulando no
cérebro, embora sua captação no cérebro seja limitada quando comparada ao músculo esquelético, pois o
cérebro pode sintetizá-la e não depender exclusivamente da creatina circulante e de fontes alimentares. No
entanto, existem transportadores do sistema nervoso central para permitir a utilização de creatina exógena e
com isso tem sido amplamente demonstrado que a suplementação de creatina exógena pode aumentar os níveis
de creatina no cérebro em humanos (Hall, Manetta, Tupper, 2021).
A estratégia padrão de suplementação utiliza uma fase de “carregamento” na qual a dose diária consiste
em 20g de creatina, podendo esse total ser dividido em até 4 doses de 5g durante 7 dias, após isso acontece a
fase da manutenção, com uma dose diária menor que pode variar de 3-5g. A segurança da suplementação de
creatina foi minuciosamente investigada e, quando usada adequadamente, a suplementação de curto e longo
prazo (até 30 g ao dia por 5 anos) é seguro e bem tolerado em indivíduos saudáveis (Hall, Manetta, Tupper,
2021). Verifica-se nas evidências científicas da atualidade que a suplementação de creatina aumenta o conteúdo
de creatina no cérebro e apoia a função cognitiva, particularmente à medida que se envelhece (Kreider; Stout,
2021).
Diante disto, o objetivo desta revisão integrativa é resumir informações acerca do uso da suplementação
de creatina para fins terapêuticos em uma diversidade de condições neurológicas e na proteção da atividade
cognitiva. Ademais, busca explorar os efeitos metabólicos de sua suplementação, que vai além de seu potencial
ergogênico, sendo utilizada com finalidades terapêuticas distintas. Para isso, buscou-se revisar conceitos e
achados mais recentes na literatura que evidenciam os efeitos da creatina na função neurológica, descrevendo
suas possíveis aplicabilidades e finalidades.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura cuja pergunta norteadora foi: A creatina apresenta efeitos
pertinentes no sistema nervoso central humano?
Considerou-se a inclusão de estudos primários, estudos secundários, teses e trabalhos acadêmicos
publicados em português, espanhol ou inglês. O limite temporal definido iniciou-se em 2016 até 2022. Excluíram-
se os estudos que não se enquadraram nos critérios definidos e, em caso de discordância entre a elegibilidade
dos estudos.
A estratégia de busca teve o objetivo de identificar as publicações, e foi limitada às bases de dados
importantes para a área da saúde. A construção desta estratégia foi pautada em Descritores em Ciências da
Saúde (DeCS) (vocabulário da base de dados) e palavras-chave de acordo com a pergunta da revisão. Os
operadores booleanos (OR, AND), incluindo recursos de truncagem, foram usados para combinar e relacionar os
termos da busca (Quadro 1).
Os critérios de inclusão, estabelecidos foram artigos ou teses publicados de janeiro de 2016 a outubro
de 2022 nos idiomas português, inglês ou espanhol; publicados e indexados em uma das bases de dados,
Medline, PubMed e Google acadêmico; estudos que apresentam evidências dos efeitos da creatina no sistema
nervoso de humanos; estudos que abrangem populações de ambos os sexos e diferentes faixas etárias. Os
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critérios de exclusão foram artigos não disponíveis na íntegra online de forma gratuita e artigos que tratavam
apenas dos benefícios físicos que a creatina traz.
Quadro 1- Descritores controlados e não controlados utilizados para construção da estratégia de busca.
MEDLINE DESCRITORES
n= 28
2016-2022
Inglês, Português e Espanhol
“creatine” AND “cognition” AND “neurocognitive”
PUBMED DESCRITORES
n= 27
2016-2022
Inglês, Português e Espanhol
“creatine” AND “benefit” AND “cognition”
GOOGLE ACADÊMICO DESCRITORES
n= 187
2016-2022
Inglês, Português e Espanhol
Cérebro AND Cognição AND Creatina AND neuroproteção AND doenças
neurodegenerativas
Fonte: os autores
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seleção dos artigos foi realizada mediante busca nos bancos de dados Medline (n=28), PubMed (n=27)
e Google acadêmico (n=187), totalizando 242 trabalhos. A princípio foram excluídos 227 após a leitura dos títulos
e resumos por não atenderem aos critérios de inclusão, posteriormente a análise inicial, 4 artigos foram retirados
por serem duplicados. Dos 11 trabalhos incluídos para a leitura na íntegra, 5 foram excluídos por não atenderem
todos os itens do critério de inclusão. Assim, 6 trabalhos foram utilizados na revisão, como descrito na figura
abaixo.
Figura 1. Fluxograma das etapas realizadas na seleção dos artigos.
Fonte: os autores
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Resumo das características dos trabalhos revisados
Autor(es) Ano de
publicação
Título Objetivo Principais conclusões
Rodrigues;
Monteiro;
Barbosa.
2020
Benefícios da
suplementação de
creatina em idosos
Realizar um levantamento
bibliográfico acerca de informações
sobre os benefícios da
suplementação de creatina em
idosos.
A creatina possui relação com a
neuroproteção contra patologias
neurológicas como isquemia cerebral, mal de
Parkinson, doença de Huntington, lesão
cerebral traumática e é capaz de reduzir a
atrofia cerebral e atuar contra a diminuição de
dopamina e perda de neurônios.
Richard
Kreider e
Jeffery
Stout
2021
Creatine in health and
disease
Apresentar uma visão geral do
papel metabólico da creatina,
seus supostos benefícios e
possíveis aplicações
terapêuticas.
A pesquisa mostra diversos benefícios
terapêuticos do uso da creatina à medida
que envelhecemos na proteção da função
cognitiva. Além disso, a creatina demonstra
ter ação anti-inflamatória, atua no aumento
da disponibilidade de energia cerebral, e
serve como importante fonte de energia
das células do sistema imunológico.
Marcia
Vieira da
Costa
Marques
2020
Efeito da
suplementação de
creatina na mulher e
na criança/adolescente
Reunir informações
relacionadas à creatina
enquanto ferramenta
terapêutica na mulher, criança e
adolescente
A creatina pode representar uma ação
ergogênica, melhorando sintomas de
algumas patologias. Na infância, a
suplementação de creatina é usada em
situações de déficit de creatina cerebral,
redução da fadiga mental após atividades
cognitivas intensas e na privação de sono.
Na mulher, a creatina auxilia na
perturbação depressiva.
Ricardo
Alexandre
Toniolo
2016
Ensaio clínico
randomizado, duplo-
sego, controlado com
placebo, de monoidrato
de creatina como
terapia adjuvante na
depressão bipolar.
Verificar se a creatina melhora
os sintomas depressivos e as
funções cognitivas durante 6
semanas em indivíduos com
transtorno bipolar em episódios
depressivos.
A suplementação com creatina é um
potencializador cognitivo demonstrado na
melhora no desempenho do teste que mediu
fluência verbal no grupo que recebeu
creatina por 6 semanas em comparação ao
grupo que recebeu placebo.
Scott Forbes
et al.
2022
Effects of creatine
supplementation on
brain function and
health
Resumir o atual corpo de
pesquisa referente à
suplementação de creatina e
avaliar o impacto da creatina na
cognição e na terapêutica de
doenças neurológicas e
mentais.
A suplementação de creatina atua
positivamente na cognição, depressão,
concussão e TCE. Futuras intervenções
multifatoriais também podem ser
necessárias quando a creatina é combinada
com outras estratégias para melhorar a
cognição ou tratar doenças
neurodegenerativas.
Hall;
Manetta;
Tupper
2021
Creatine
supplementation: an
update
Levantar pesquisas sobre
creatina que analisam seus
mecanismos de ação, efeitos
ergogênicos, eficácia no esporte
e aplicações clínicas.
Os estudos existentes demonstram que a
creatina atua na melhora do desempenho
cognitivo e da comunicação, na redução de
dores de cabeça, alivia a fadiga mental,
atenua os efeitos da privação do sono e
melhora a memória. Ademais, a
suplementação com creatina oral pode
servir para reduzir a gravidade ou melhorar
a recuperação da lesão cerebral traumática
leve.
Fonte: os autores
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A enzima creatina quinase catalisa uma reação entre a fosforilcreatina (PCr) e difosfato de adenosina
(ADP) que se combinam para ressintetizar o ATP. Sendo que a fosfocreatina funciona como uma molécula de alta
energia, capaz de ressintetizar ATP mais rápido do que a fosforilação oxidativa e processos glicolíticos e isso
explica sua importância do aporte energético do cérebro (Forbes et al., 2022). Outrossim, a atuação da creatina
que a faz relevante em terapias está no bloqueio do poro de transição da permeabilidade mitocondrial,
mantendo a creatina quinase estável, e dessa forma mantém a estabilidade dos níveis de ATP celular. Dessa
maneira, o bloqueio desse poro impede a apoptose celular ao inibir a liberação de proteínas que induzem sua
morte (Rodrigues; Monteiro; Barbosa, 2020).
Durante a atividade cerebral aumentada ou interrupção bioenergética de ATP, a suplementação de
creatina apresenta-se como facilitadora da regeneração constante de ATP no cérebro, aumentando o
desempenho cerebral (Marques, 2020). Isso se dá pois o cérebro consome cerca de 20% da energia total em
repouso, uma vez que os neurônios exigem suprimento constante de ATP para garantir vários processos
celulares, incluindo o funcionamento sináptico, sendo assim, a creatina possui importante papel na
ressintetização de ATP, principalmente quando a demanda metabólica é aumentada (Forbes et al., 2022).
Ademais, a creatina é capaz de reduzir a atrofia cerebral, reduzir os níveis de glutamato no cérebro e
atuar contra a diminuição de dopamina e perda de neurônios, mostrando eficácia significativa no retardo de
patologias neurológicas (Rodrigues; Monteiro; Barbosa, 2020).
Em algumas pesquisas mostraram que indivíduos que nascem com deficiências na síntese de creatina
ou mutações no transportador podem ter diversos problemas neurais como convulsões, deficiência intelectual,
autismo, atraso na fala e atrofia cerebral, eles apresentam baixos índices de creatina e fosfocreatina, tendo uma
maior dependência da creatina exógena. Sendo assim, para esses indivíduos, a suplementação de creatina em
doses altas e a longo prazo, se configura como uma estratégia nutricional com o objetivo de aumentar a creatina
cerebral. O cérebro realmente depende principalmente da síntese endógena de creatina até que exista algum
tipo de desafio ao status de creatina cerebral, como por exemplo a privação de sono, exercícios intensos, lesão
cerebral traumática, deficiência da enzima de síntese de creatina, doença de Alzheimer e depressão (Kreider;
Stout, 2021).
Considerando a suplementação de creatina na população idosa, pontos positivos são observados ao
avaliar a melhora no desempenho físico, melhora nos tecidos ósseos e musculares e eficácia na prevenção de
neuropatologias. A creatina desempenha um importante papel no metabolismo energético mitocondrial,
possuindo propriedades anti-inflamatórias e atuação na terapia de variadas doenças neurológicas, tais como
doenças neurodegenerativas, doença de Parkinson, doença de Huntington e lesão cerebral traumática. Dessa
forma, a administração exógena de creatina é vantajosa para a neuroproteção dos idosos (Rodrigues; Monteiro;
Barbosa, 2020). A suplementação de creatina aumenta o conteúdo de creatina no cérebro e apoia a função
cognitiva, particularmente à medida que envelhecemos, além de se ter várias pesquisas que evidenciam um
efeito protetor da creatina em portadores do alelo ε4 da Alipoproteína E, que parece ser um forte fator de risco
para a doença de Alzheimer (Marques, 2020).
Foi observado que a suplementação de creatina em atletas tem sido sugerida para melhorar o
desempenho cognitivo, aliviar a fadiga mental, atenuar os efeitos da privação do sono e melhorar a memória.
Também foi referido que um déficit no desempenho causado pela privação de sono melhorou significativamente
após a suplementação aguda de creatina apenas 90 minutos antes da atividade. evidências sobre efeitos
neuroprotetores positivos em coortes clínicas, especificamente melhorias na cognição, comunicação,
autocuidado, personalidade e comportamento e reduções nas dores de cabeça, tontura e fadiga (Hall; Manetta;
Tupper, 2021).
O risco de concussão, ou lesão cerebral traumática leve (mTBI) pode ter sua gravidade reduzida ou ter
melhora na recuperação quando é feita a suplementação com creatina oral. Dados em animais indicam que a
suplementação de creatina, antes da lesão cerebral traumática, pode diminuir os danos em até 50%. O estudo
do uso da creatina para concussão e lesão cerebral traumática (TBI) se justifica, pois, após uma concussão ou
MTBI ocorre estado de hipermetabolismo, seguido por hipometabolismo que devido a indisponibilidade de
energia cerebral e anomalias no fluxo sanguíneo cerebral causadas pela lesão, a oferta de energia reduz (HALL
et al., 2021). Em estudos, foi demonstrado que a administração de creatina leva a diminuição do tamanho do
infarto cerebral induzido por isquemia em 40%. Sendo assim, achados sugerem que a suplementação profilática
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da creatina reduz a gravidade de uma isquemia cerebral, demonstrando os benefícios da creatina em seu uso
terapêutico em indivíduos com riscos para AVC (Kreider; Stout, 2021).
Acredita-se que o aumento de creatina cerebral seja potencialmente benéfico para várias condições
clínicas, como doenças neurodegenerativas, essas doenças se caracterizam por serem condições que envolvem
a perda progressiva e irreversível da função neural. Além disso, nessas doenças há o dano mitocondrial, estresse
oxidativo nas quais a creatina pode atuar possivelmente eliminando espécies reativas de oxigênio e aumentando
a produção de energia. O benefício do uso da creatina no contexto da doença consiste no potencial papel
neuroprotetor que essa desempenha, reduzindo o estresse oxidativo e atenuando o dano e disfunção
mitocondrial, fazendo a ressíntese de ATP para geração de energia (Forbes et al., 2022).
Estudos realizados acerca dos efeitos antidepressivos da creatina, demonstraram evidências que
sugerem que o uso da creatina pode ajudar os indivíduos a gerenciar alguns tipos de depressão e/ou transtornos
de ansiedade, particularmente quando combinados com colina (Kreider; Stout, 2021).
No entanto, mais pesquisas são necessárias. A disfunção mitocondrial está associada à depressão e uma
das consequências desta disfunção é a redução de ATP. Sendo o papel da fosfocreatina, atuar como um tampão
para a depleção de ATP, este mecanismo poderá explicar a melhoria dos sintomas da depressão com a
suplementação de creatina, já que a creatina é capaz de aumentar os níveis de fosfocreatina cerebral (Marques,
2020).
4 CONCLUSÕES
Em suma, diante das análises oriundas das pesquisas supracitadas, concluímos que a creatina é um
excelente suplemento nutricional. Superando os tradicionais efeitos de aumento da performance física, a
creatina tem demonstrado ser eficiente no sistema nervoso central humano, propiciando uma diminuição da
fadiga mental pós atividades cognitivas intensas, melhora na qualidade do sono, aumento do aporte energético
cerebral e colaboração nas terapias de doenças neurodegenerativas.
Outrossim, a fosfocreatina pode auxiliar no tratamento da depressão, oferecendo suporte na produção
de energia, o que pode influenciar na melhora do cansaço mental e amenizar os sintomas de tal doença. Esse
nutriente também pode atenuar o estresse oxidativo de células nervosas em pacientes com transtorno bipolar e
auxiliar na melhora da fluência verbal.
Nos idosos, além de aumentar o desempenho físico, houve uma melhora nos tecidos ósseos e
musculares, prevenção de neuropatologias, melhora cognitiva, atuação na terapia de variadas doenças humanas
neurológicas, tais como doenças neurodegenerativas, doença de Parkinson, doença de Huntington e lesão
cerebral traumática e uma melhora nas medidas de memória, inclusive memória retrospectiva de longo prazo.
Essa substância trouxe bons resultados em pacientes portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), por
causa de seu efeito neuroprotetor.
Dessa maneira, apesar de todos os estudos existentes sobre a temática, expectativas promissoras
advindas de futuras pesquisas são esperadas, visto que, há poucas pesquisas a respeito da creatina, e essa
substância, de fato, proporciona efeitos positivos ao sistema nervoso central humano, auxiliando na prevenção
e atenuação de doenças de ambos os sexos em todas as faixas etárias.
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