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Resource Description and Access (RDA): as diretrizes antes e depois do Projeto 3R

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Abstract

Resumo: A Resource Description and Access foi desenvolvida pelo Resource Description Steering Committee, como um conjunto de elementos de dados para a criação de metadados de recursos de biblioteca e patrimônio cultural. Em 2017 foi publicado o modelo conceitual Library Reference Model, consolidando uma estrutura única como modelo de referência para bibliotecas. Há uma intensificação do uso das tecnologias da Web Semântica, como o Linked data, que apresentou uma nova perspectiva para descrição e ligação de dados. Com estas alterações, o grupo Steering Committee verificou a necessidade de uma nova estrutura da Resource Description and Access, o Projeto 3R, que reformulou a estrutura do site Resource Description and Access Toolkit alinhado ao Library Reference Model. Isto posto, a questão norteadora desta pesquisa foi: quais as principais alterações da Resource Description and Access com o Projeto 3R? O objetivo geral desta pesquisa foi apresentar as mudanças nas diretrizes considerando as alterações desenvolvidas no Projeto 3R. Foi empregado o método comparativo para análise das estruturas das duas versões do Resource Description and Access Toolkit. Como resultados observou-se que as principais mudanças no Projeto 3R podem ser divididas em três aspectos: (1) mudanças no site Resource Description and Access Toolkit; (2) mudanças estruturais nas diretrizes; e (3) mudanças relacionadas à aproximação com o cenário de publicação de dados na Web e o Linked data. Conclui-se que o Projeto 3R causou mudanças no uso do site, na estrutura das diretrizes, além de promover aproximações com o Library Reference Model e com o Linked data. São necessários esforços para compreender os meios mais eficientes de aplicar as diretrizes Resource Description and Access Projeto 3R na catalogação e nas áreas de pesquisa e ensino em catalogação.
Artigo
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
E-ISSN 1808-5245
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Resource Description and Access (RDA): as
diretrizes antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro1
1Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil;
karen.cavalheiro@unesp.br; https://orcid.org/0000-0003-2513-6927
Felipe Augusto Arakaki2
2Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil;
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil;
fe.arakaki@gmail.com; https://orcid.org/0000-0002-3983-2563
Resumo: A Resource Description and Access foi desenvolvida pelo Resource
Description Steering Committee, como um conjunto de elementos de dados para
a criação de metadados de recursos de biblioteca e patrimônio cultural. Em 2017
foi publicado o modelo conceitual Library Reference Model, consolidando uma
estrutura única como modelo de referência para bibliotecas. uma
intensificação do uso das tecnologias da Web Semântica, como o Linked data,
que apresentou uma nova perspectiva para descrição e ligação de dados. Com
estas alterações, o grupo Steering Committee verificou a necessidade de uma nova
estrutura da Resource Description and Access, o Projeto 3R, que reformulou a
estrutura do site Resource Description and Access Toolkit alinhado ao Library
Reference Model. Isto posto, a questão norteadora desta pesquisa foi: quais as
principais alterações da Resource Description and Access com o Projeto 3R? O
objetivo geral desta pesquisa foi apresentar as mudanças nas diretrizes
considerando as alterações desenvolvidas no Projeto 3R. Foi empregado o método
comparativo para análise das estruturas das duas versões do Resource Description
and Access Toolkit. Como resultados observou-se que as principais mudanças no
Projeto 3R podem ser divididas em três aspectos: (1) mudanças no site Resource
Description and Access Toolkit; (2) mudanças estruturais nas diretrizes; e (3)
mudanças relacionadas à aproximação com o cenário de publicação de dados na
Web e o Linked data. Conclui-se que o Projeto 3R causou mudanças no uso do
site, na estrutura das diretrizes, além de promover aproximações com o Library
Reference Model e com o Linked data. São necessários esforços para compreender
os meios mais eficientes de aplicar as diretrizes Resource Description and Access
Projeto 3R na catalogação e nas áreas de pesquisa e ensino em catalogação.
Palavras-chave: RDA; Resource Description and Access; Projeto 3R; IFLA-
LRM; catalogação; RDA Oficial
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
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1 Introdução
A Resource Description and Access (RDA) pode ser definida como um conjunto
de diretrizes para descrição de recursos informacionais (Oliver, 2021a). É um
consenso na literatura que a RDA foi inicialmente trabalhada com a intenção de
suceder o Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR) tendo inclusive o
nome de AACR3 nas primeiras discussões para a sua realização, e de que logo se
percebeu que uma simples atualização não seria suficiente para atender as
mudanças causadas pelos avanços tecnológicos e os impactos dessas mudanças
nos recursos informacionais e nas necessidades dos usuários (Silva et al., 2012;
Assumpção; Santos, 2013; Mey; Grau; Biar, 2014; Silva; Hübner, 2019; Oliver,
2021a).
Oliver (2021a) aponta que a RDA é considerada uma nova forma de
abordar registros bibliográficos, utilizando uma ferramenta online com diretrizes
para a descrição de recursos informacionais e que pode ser utilizada seguindo o
conjunto de práticas Linked data.
Para Heath e Bizer (2011, p.7, tradução nossa) “[...] o termo Linked data
refere-se a um conjunto de melhores práticas para a publicação e interligação de
dados estruturados na Web.”.
Também resultante da busca por aproximação entre o Linked data e
universo bibliográfico foi o desenvolvimento do Library Reference Model
(LRM). Em 2017 a International Federation of Library Associations and
Institutions (IFLA) publicou o IFLA-LRM com o intuito de adequar os modelos
conceituais ao contexto de publicação de dados na Web, levando em consideração
inclusive os princípios do Linked data.
O IFLA-LRM foi criado com intuito de unificar os modelos conceituais
Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR), Functional
Requirements for Authority Data (FRAD) e Functional Requirements for Subject
Authority Data (FRSAD), consolidando uma estrutura única, como modelo de
referência com escopo em bibliotecas, mas que pode ser utilizado em outras
instituições que trabalham com recursos bibliográficos. O FRBR será mais
abordado posteriormente neste trabalho.
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Em 2016, a RDA Steering Committee (RSC), começou a trabalhar em um
redesenho e reestruturação da RDA, denominado RDA 3R Project, que foi
publicada em 2022 (RDA Toolkit, c2021-2022). Deste modo, esta pesquisa se
propõe a abordar as relações existentes entre a RDA Original
1
e a RDA Projeto
3R.
Diante desse cenário, acredita-se que foram necessárias muitas alterações
para adequação da RDA ao IFLA-LRM, levando à questão norteadora desta
pesquisa: quais as principais alterações da RDA com o Projeto 3R?
O objetivo do estudo é apresentar as mudanças na RDA Original
considerando as alterações desenvolvidas na RDA Projeto 3R. Para atingir esse
objetivo partiu-se de uma análise exploratória da literatura e da documentação
oficial disponibilizadas a respeito da RDA Original e da RDA Projeto 3R e, ainda,
de uma análise comparativa das estruturas da RDA antes e depois do Projeto 3R.
2 Procedimentos metodológicos
A presente pesquisa se caracteriza como uma pesquisa exploratória e descritiva,
de caráter qualitativo e possui cunho teórico-aplicado. A pesquisa utilizou o
método de revisão bibliográfica da literatura para a realização do referencial
teórico. Os temas abordados na pesquisa são: RDA; RDA Toolkit; Projeto 3R;
IFLA-LRM.
Para permitir compreender as principais mudanças ocorridas após o
Projeto 3R parte-se da análise e da apresentação das duas estruturas da RDA,
denominadas para fins de diferenciação como RDA Original e RDA Projeto 3R.
As estruturas foram obtidas através da documentação oficial da RDA,
disponibilizada por meio da RDA Toolkit.
Considerando que os objetos de pesquisa são de natureza semelhante,
sendo a versão RDA Original e a versão publicada em 2022 RDA Projeto 3R,
além de apontar suas diferenças e semelhanças também com o AACR2r, surge a
possibilidade de utilizar o método comparativo, que:
[...] consiste em investigar coisas ou fatos e explicá-los segundo suas
semelhanças e suas diferenças. Geralmente, o método comparativo
aborda duas séries ou fatos de natureza análoga, tomados de meios
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sociais ou de outra área do saber, a fim de se detectar o que é comum
a ambos. (Fachin, 2005, p. 40).
Deste modo, o método escolhido para a realização da pesquisa foi o
método comparativo, apresentado pela autora Odília Fachin (2005).
Para a realização da pesquisa foi necessário fazer um cadastro no website
oficial da RDA utilizando o teste gratuito por um mês, considerando que o website
da RDA Toolkit disponível online exige assinatura paga.
As próximas seções apresentam os resultados obtidos com a aplicação
desses procedimentos. O artigo apresenta um cenário no qual contextualiza o
período anterior a RDA, apresenta as mudanças ocorridas a partir da publicação
da RDA Projeto 3R e por fim as considerações finais.
3 Cenário pré Resource Description and Access
Na busca por uma maior compreensão da RDA buscou-se na literatura a respeito
das diretrizes de catalogação
2
pelos principais marcos históricos e tecnológicos
que culminaram no seu desenvolvimento. Desta forma, observou-se que existem
discussões na literatura sobre os acontecimentos que precedem a criação da RDA,
havendo um consenso de que esse era um cenário de inquietação promovido pelas
mudanças tecnológicas, criação e desenvolvimento da Web.
Dentre os aspectos de maior destaque nas mudanças ocorridas nesse
período está o estabelecimento de novos suportes para os recursos informacionais,
pois, “[...] a inclusão de novos recursos, em especial, de recursos eletrônicos ou
digitais nos acervos das bibliotecas tem se expandido, fato que representa novos
desafios e dificuldades na catalogação para os bibliotecários. (Silva; Hübner,
2019, p. 40).
Para além de impactar nas práticas profissionais, com a necessidade de
adaptação aos novos recursos, essas mudanças tiveram um impacto direto nos
usuários das unidades de informação. “O perfil do usuário, suas necessidades e
suas ações mudaram nesse contexto que agora coloca como centro de mudanças
os avanços tecnológicos. (Machado; Zafalon, 2019, p. 415).
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Oliver (2021b) aponta que, com o aumento do uso da Web, os usuários
passam a buscar informações bibliográficas em ambientes digitais, e não somente
em bibliotecas, ao passo que estão interagindo com dados e compartilhando os
mesmos em contexto global. Deste modo, a autora explica que os metadados
precisam ser robustos para que possam ser utilizados e reutilizados de diversas
maneiras de acordo com o surgimento de novas necessidades dos usuários.
Diante da presença dos usuários em ambientes digitais e da percepção de
que essa aproximação poderia resultar em economia de recursos, as próprias
práticas e produtos da catalogação passam a buscar aproximações com o contexto
digital, levando ao estabelecimento dos Online Public Access Catalog. (Mey;
Grau; Biar, 2014).
Jesus (2021, p. 47), aponta que o uso de microcomputadores possibilitou
a ampliação de acesso aos catálogos, e isso propiciou a disponibilização dos
chamados Online Public Access Catalog (OPAC), que tornavam os catálogos
acessíveis ao público e online.
Mesmo com a disponibilização dos catálogos online, os instrumentos
disponíveis para a padronização desses catálogos seguiam sendo
majoritariamente pensados para atender o ambiente offline, inclusive voltados
para um contexto analógico.
Com base no aumento exponencial de tecnologias de informação e
comunicação e o estabelecimento dos OPACs, surgiu a necessidade de uma
discussão e revisão das [...] estruturas dos registros bibliográficos e de conceitos,
práticas, códigos e formatos, além de apontar a relevância de fortalecer a
catalogação cooperativa e de promover a internacionalização dos padrões de
representação [...]” (Mey; Grau; Biar, 2014, p. 44). Dessa forma, os profissionais
perceberam que era possível uma otimização de processos de catalogação.
Essas discussões para revisão, adaptação ou mesmo criação de novos
instrumentos para a padronização da representação dos recursos informacionais
são intrínsecas ao desenvolvimento da catalogação para acompanhar as mudanças
sociais e tecnológicas (Machado; Zafalon, 2019).
Nesse contexto, estão inseridos o AACR e a Declaração dos Princípios
Internacionais de Catalogação, que é mais conhecida como “Princípios de Paris”.
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Esta declaração é resultado da International Conference on Cataloguing
Principles que ocorreu em Paris, e por isso é conhecida também como “Princípios
de Paris”, e teve sua primeira publicação em 1961, e de acordo com Machado e
Zafalon (2019, p; 141.), o objetivo dos:
[...] Princípios de Paris era o de servir como referência para a
padronização internacional da catalogação, além de orientar a
construção de catálogos e de códigos de catalogação, apesar de estes
últimos estarem implícitos na publicação de 1961.
Machado e Pereira (2017) e Arakaki, Alves e Santos (2018) apontam
ainda, como parte desse cenário de mudanças, o estabelecimento das Tecnologias
da Informação e da Comunicação (TIC).
O Código de Catalogação Anglo-Americano foi publicado pela primeira
vez em 1967, a partir dos estudos desenvolvidos na International Conference on
Gataloguing Principles, cujo um dos objetivos foi a busca pela
internacionalização dos instrumentos aplicados na padronização da catalogação
(Código de Catalogação Anglo-Americano, 2004). O AACR se consolidou no
universo bibliográfico e passou por muitas revisões e atualizações, de acordo com
Assumpção e Santos (2013). Mesmo com todas as atualizações e revisões o
AACR não era mais percebido como adequado para atender as demandas do
cenário apresentado; [...] uma revisão para ir ao encontro das novas necessidades
conceituais e formais da descrição bibliográfica era necessária, não sendo possível
apenas uma revisão de regras existentes estabelecidas nas AACR2(Silva et
al., 2012, p. 113-114).
Outro fator que impacta a necessidade de elaboração de um novo código,
ou instrumento que pudesse atuar como tal foi o estabelecimento dos modelos
conceituais elaborados pela IFLA.
Segundo Coyle (2016), modelos conceituais são criados por diversas
razões sendo principal a de que eles são uma forma de representar objetos ou
conceitos do mundo real em um nível alto de abstração, o que os leva a serem
úteis devido à dificuldade existente em manipular esses objetos ou conceitos no
mundo real. A modelagem feita com a técnica Entidade-Relacionamento (E-R)
possui o intuito de descrever elementos de um universo de dados para organização
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em forma de relacionamentos entre eles. Deste modo, a modelagem E-R promove
uma visão conceitual dos dados.
Os trabalhos da IFLA para publicação do FRBR foram iniciados na década
de 1990, a partir da organização de um grupo de estudos para tratar dessas novas
tecnologias; como resultado desses estudos desenvolveu-se o primeiro modelo
conceitual de entidade-relacionamento. Então, no ano de 1998, foi publicado
pelos grupos de trabalho da IFLA, o modelo conceitual FRBR (IFLA, 2009).
Dessa forma, possibilitaria reestruturações em catálogos, de forma que os
processos de catalogação acompanhassem as demandas tecnológicas que surgiam
com a evolução da Web e de recursos informacionais em meio digital.
IFLA (2013) observou a necessidade de estender o modelo do FRBR para
abordar os dados de autoridade, pois, os dados de autoridade necessitam de uma
análise mais completa acerca de suas entidades, atributos e relacionamentos.
Então, em 2009, foi publicado outro modelo conceitual focado na construção de
registros de autoridade chamado de Requisitos Funcionais para Dados de
Autoridade, focando em dados de autoridade do tipo pessoa e entidades coletivas,
não se aprofundando em dados de autoridade de assunto.
Com base na necessidade de tratamento de dados de autoridade de assunto,
no ano seguinte, em 2010, foi publicado outro modelo conceitual chamado de
FRSAD. Segundo Sousa (2019), o FRSAD tem o objetivo de promover uma
estrutura conceitual das entidades que pertencem ao grupo três do FRBR.
Segundo Oliver (2021a, p. 18, tradução nossa):
Os modelos são uma forma de compreender o universo bibliográfico.
Eles identificam as tarefas que os usuários precisam realizar durante
o processo de descoberta de recursos e demonstram como diferentes
tipos de dados bibliográficos e de autoridade auxiliam na realização
bem-sucedida dessas tarefas. FRBR e FRAD fornecem uma teoria e
uma base logicamente coerente sobre a qual se pode construir uma
experiência aprimorada de descoberta de recursos para o usuário.
Após a publicação desses modelos conceituais houve um impacto
significativo em diversos processos e instrumentos da catalogação. Nesse
contexto começou a se discutir uma atualização dos princípios de catalogação
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procurando adaptá-lo às novas demandas tecnológicas, em especial do FRBR
(Mey, Grau e Biar, 2014).
Posteriormente, o grupo Joint Steering Committee for Revision of AACR
desenvolveu o que seria um rascunho da parte I do AACR3, com intuito de
atualizar o AACR baseando-se no FRBR. Entretanto, o grupo observou que a
estrutura estabelecida pelo AACR não era compatível com a estrutura do FRBR,
então decidiram estabelecer um novo instrumento para a representação de objetos
que contemplavam a descrição nos ambientes Web, chamado de Resource
Description and Access (RDA). E no final de 2005 foi publicado o rascunho I do
RDA, pelo grupo, agora denominado Joint Steering Committee for Development
of RDA. (Joint Steering Committee for Development of RDA, 2015).
4 Resource Description and Access e sua estrutura original
Diante do cenário exposto, a RDA foi publicada em 2010 estruturada em 10
sessões e 39 capítulos. Existe uma pluralidade conceitual em torno da definição
de RDA. Durante a realização desta pesquisa, os estudos apresentaram
embasamento para compreender a RDA como diretrizes à catalogação. A partir
da literatura observam-se as definições de códigos, normas e diretrizes (Oliver,
2021b), considerando que ainda não existe uma tradução oficial da RDA para a
língua portuguesa.
Compreende-se então que, códigos são conjuntos de normas que devem
ser seguidos, enquanto as diretrizes são instruções e indicações flexíveis, que
podem ser também consideradas como rascunhos de planos delineados a depender
da instituição que a está utilizando. Deste modo, optou-se por utilizar o artigo “a”
para se referir a Resource Description and Access (RDA), pois considera-se a
RDA, como um conjunto de diretrizes para catalogação de recursos
informacionais, bem como pode ser observado na literatura abordada no
Referencial Teórico.
A Resource Description and Access (RDA) foi desenvolvida pelo RDA
Steering Committee (RSC), como um conjunto de elementos de dados, ou, como
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diretrizes e instruções para a criação de metadados de recursos de biblioteca e
patrimônio cultural.
A RDA busca promover agilidade, facilidade, otimização e um melhor
aproveitamento do trabalho dos profissionais da Informação, permitindo
adaptações para adequação em diferentes tipos de bibliotecas e para diferentes
comunidades de usuários.
Silva et al. (2012) conceituam a RDA como uma nova padronização de
descrição bibliográfica. A RDA incorporou a estrutura e as entidades do FRBR e
do FRAD, bem como os relacionamentos e tarefas do usuário. As diretrizes
também foram baseadas nos princípios Internacionais de Catalogação da IFLA da
versão de 2009.
Por conta dessa incorporação dos modelos conceituais, a versão da RDA
Original, teve sua estrutura baseada no FRBR e FRAD, sendo deixados espaços
em branco que previam a inclusão de aspectos relacionados ao FRSAD.
De acordo com Santos (2021, p. 49):
A RDA possui um conjunto de ferramentas, a exemplo da RDA
Toolkit, que fornece aos seus utilizadores orientações necessárias
sobre usuários, elementos e instruções para criadores de metadados.
Sua estrutura está em concordância com entidades e elementos
definidos pelo FRBR e FRAD, além disso, há informações adicionais,
como capítulos de orientações e outros recursos que podem auxiliar
o catalogador.
Segundo Oliver (2021b, p. 20, tradução nossa), “A Resource Description
and Access é um pacote de elementos de dados, diretrizes e instruções para criação
de metadados de bibliotecas e patrimônio cultural que são bem estabelecidos de
acordo com os modelos internacionais. A autora ainda explica que a RDA não
impõe o modo como as descrições devem ser feitas, mas oferece as opções para
que cada comunidade, com suas especificidades, possa aplicar a RDA da melhor
forma possível para atender sua comunidade.
Ao comparar o AACR2r com a RDA, Silva et al. (2012) destacam como
importante diferença a presença de níveis de descrição no AACR2r enquanto na
RDA existe a presença de elementos essenciais que são baseados nas tarefas dos
usuários, ficando a critério do catalogador definir os demais elementos.
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Silva et al. (2012, p. 118) também fizeram diversos apontamentos sobre
as diferenças entre o AACR2r e a RDA. Dentre esses apontamentos, destacam-se
que o:
[...] AACR2 define níveis de descrição, a RDA recomenda a
utilização de elementos essenciais de descrição baseados nas tarefas
dos usuários, dessa forma dá mais liberdade ao catalogador em sua
análise e descrição de acordo com o que é essencial descrever para
sua instituição e usuários.
Mey, Grau e Biar (2014) apresentam os prós e os contras da RDA, sob
uma perspectiva de um grupo de estudos brasileiros sobre catalogação. As autoras
iniciam o relato sobre como a explosão de tecnologias começava a possibilitar
corte de custos na catalogação, com itens digitais e disponíveis online. Com essas
mudanças, surgiu a necessidade de revisar:
[...] as estruturas dos registros bibliográficos e de conceitos, práticas,
códigos e formatos, além de apontar a relevância de fortalecer a
catalogação cooperativa e de promover a internacionalização dos
padrões de representação (Mey; Grau; Biar, 2014, p. 44).
Com o RDA Toolkit ficou mais fácil a realização das atualizações na RDA.
De acordo com Oliver (2021a, p. 16, tradução nossa):
[...] como um padrão online, foi simples implementar um processo de
atualizações e revisões regulares ao conteúdo do RDA. Esse processo
começou em 2011, com novas revisões integradas ao RDA a partir de
abril de 2012. As revisões anuais das instruções do RDA são o
resultado do desenvolvimento do trabalho que se faz com consulta e
contribuição da comunidade.
Silva et al. (2012, p. 114) complementam que:
A RDA Toolkit é o portal que contém todo o conteúdo da norma, em
linha, além de disponibilizar também as AACR2 com links para a
RDA, destacando diferenças e mudanças entre os padrões. À medida
que os conteúdos vão sofrendo atualizações, o Toolkit disponibiliza
online aos assinantes todas as novidades. Em suma, esse kit de
ferramentas estará disponível ao catalogador via Web.
Leiva-Mederos et al. (2013, p. 539, tradução nossa) acreditavam que com
a RDA teria diversos benefícios como:
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Inserção rápida no contexto dinâmico de bibliotecas e outros
produtores e usuários de informações; Relações flexíveis entre ou
entre entidades; Maior uso e gerenciamento de dados em conjunto
com mídia digital; Descrição mais precisa (além das possibilidades
dos formatos existentes) de Monografias impressas e publicações
seriadas; Maior facilidade ao usar metadados de Catalogação em
operações de Linked data, além de garantir a marcação de dados para
facilitar as trocas entre organizações bibliográficas e não
bibliográficas; e Flexibilidade, afastando-se do foco exclusivo nas
regras anglo-americanas, o que significa que os metadados podem ser
facilmente reutilizados.
No entanto, a realidade se mostrou diferente, pois a implementação da
RDA se deu principalmente nos países que empregaram esforços para a realização
da tradução oficial da RDA e RDA Toolkit, além de disposição de recursos para
aquisição do serviço e treinamento dos profissionais da informação.
O processo de implementação da RDA a nível nacional também enfrenta
alguns desafios. Segundo o estudo de Santos e Arakaki (2022) algumas das
instituições que implementaram a RDA são: a Biblioteca Central Irmão José Otão
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o controle
de autoridades da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e a Universidade Federal
de Juiz de Fora (UFJF), que começou pela implementação no controle de
autoridade, antes de realizar a aplicação no catálogo. Apesar de existir casos de
implementação da RDA no Brasil, é relevante ressaltar que os processos para tal
são complexos pois dependem de infraestrutura, planejamento, recursos para a
assinatura do serviço, para treinamento e qualificação dos profissionais.
A falta da tradução da RDA no idioma em português, têm se tornado um
grande desafio para bibliotecas no Brasil. Entretanto, foi anunciado na página do
RDA Toolkit em novembro de 2022, que a tradução para o português começará a
ser desenvolvida. Espera-se impactos positivos no âmbito de aplicação em
instituições brasileiras.
Outra novidade apresentada na RDA foi o uso de perfis de aplicação
(Application profiles). Segundo Santos (2021, p. 50):
A RDA Application Profiles foi criada com o objetivo de especificar
entidades, vocabulários e esquemas de codificação, para os conjuntos
de metadados, que atendem à requisitos de aplicativos que trabalham
com metadados. Essas especificações podem conter informações
sobre o número mínimo e máximo de vezes que um elemento deve
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ser utilizado para a descrição e acesso. Nesse sentido, também podem
existir detalhes sobre como os metadados descrevem uma entidade
associada a outro metadado, que descreve outra instância e entidade.
Em relação a estrutura da RDA Original, essa possui 10 sessões e 37
capítulos, partindo de uma introdução que discorre brevemente sobre os
princípios e escopo das diretrizes para registros de dados RDA. O Quadro 1
apresenta a estrutura do RDA Toolkit Original, nele é possível observar na coluna
da esquerda as seções e na coluna da direita cada um dos capítulos relacionados a
essas seções.
Quadro 1 - Seções e capítulos da RDA Original
Seção
Capítulo
1 Recording Attributes of Manifestation
& Item Registrando atributos de
Manifestação e Item.
Seção que apresenta os atributos para
descrição da Manifestação e do Item e é
composta por 4 capítulos
1 General Guidelines on Recording Attributes of
Manifestations and Items Diretrizes gerais sobre
registro de atributos de Manifestação e Item
2 Identifying Manifestations and Items
Identificando Manifestação e Itens
3 Describing Carriers Descrevendo suportes
4 Providing Acquisition and Access Information
Fornecendo aquisição e informação de acesso
2 Recording Attributes of Work &
Expression Registrando atributos de
Obra e Expressão
Apresenta os atributos para descrição da
Obra e Expressão e possui 3 capítulos
5 General Guidelines on Recording Attributes of
Works and Expressions Diretrizes gerais sobre o
registro de atributos de Obra e Expressão
6 Identifying Works and Expressions Identificando
Obra e Expressão
7 Describing Content Descrevendo conteúdo
3 Recording Attributes of Agents
Registrando atributos de Agentes
Apresenta os atributos para a descrição
de agentes e possui 4 capítulos
9 Identifying Persons Identificando Pessoas
10 Identifying Families Identificando Famílias
11 Identifying Corporate Bodies Identificando
Entidades Coletivas
4 Recording Attributes of Concept,
Object, Event & Place Registrando
atributos de Conceito, Objeto, Evento e
Lugar
Apresenta os atributos para descrição de
Conceitos, Objetos, Eventos e Lugares, e
possui 5 capítulos
12 General Guidelines on Recording Attributes of
Concepts, Objects, Events, and Places Diretrizes
gerais para registro de atributos de Conceitos,
Objetos, Eventos e Lugares
13 Identifying Concepts Identificando Conceitos
14 Identifying Objects Identificando Objetos
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antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
| 13
E-ISSN 1808-5245
15 Identifying Events Identificando Eventos
16 Identifying Places Identificando Lugares
5 Recording Primary Relationships
Between Work, Expression,
Manifestation, & Item Registrando
relacionamentos primários entre Obra,
Expressão, Manifestação e Item
Apresenta orientações para relacionar
atributos entre as entidades do Grupo 1
do FRBR e possui apenas 1 capítulo
17 General Guidelines on Recording Primary
Relationships Diretrizes gerais sobre registro de
relacionamentos primários
6 Recording Relationships to Agents
Registrando relacionamentos com
Agentes
Propõe atributos que fazem
relacionamento com o Agente. Essa
seção é composta por 5 capítulos
18 General Guidelines on Recording Relationships
to Agents Associated with a Work, Expression,
Manifestation, or Item Diretrizes gerais para
registro de relacionamentos com Agentes
Associados à Obra, Expressão, Manifestação ou
Item
19 Agents Associated with a Work Agentes
Associados a uma Obra
20 Agents Associated with an Expression Agentes
Associados a uma Expressão
21 Agents Associated with a Manifestation
Agentes Associados a uma Manifestação
22 Agents Associated with an Item Agentes
Associados a um Item
7 Recording Relationships to Concepts,
Objects, Events, & Places Registrando
Relacionamentos entre Conceitos,
Objetos, Eventos e Lugares
Seção que trata sobre os relacionamentos
entre a obra e o assunto e que apresenta
apenas um capítulo
23 General Guidelines on Recording Relationships
Between Works and Subjects Diretrizes gerais
sobre registro de relacionamentos entre Obra e
Assunto
8 Recording Relationships between
Works, Expressions, Manifestations, &
Items Registrando Relacionamentos
entre Obra, Expressão, Manifestação e
Itens
Seção que aborda registros de
relacionamentos entre obra, expressão,
manifestação e item e possui cinco
capítulos
24 General Guidelines on Recording Relationships
between Works, Expressions, Manifestations, and
Items Diretrizes gerais sobre registro de
relacionamentos entre Obra, Expressão,
Manifestação e Itens
25 Related Works Obras Relacionadas
26 Related Expressions Expressões Relacionadas
27 Related Manifestations Manifestações
Relacionadas
28 Related Items Itens Relacionados
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
9 Recording Relationships between
Agents Registrando relacionamentos
entre Agentes
Seção que aborda registros de
relacionamentos entre Agentes e possui
quatro capítulos.
29 General Guidelines on Recording Relationships
Between Agents Diretrizes gerais sobre registro de
Relacionamentos entre Agentes
30 Related Persons Pessoas Relacionadas
31 Related Families Famílias Relacionadas
32 Related Corporate Bodies Entidades
Corporativas Relacionadas
10 Recording Relationships between
Concepts, Objects, Events, & Places
Registrando Relacionamentos entre
Conceitos, Objetos, Eventos e Lugares
Seção que aborda registros de
relacionamentos entre Conceitos,
objetos, eventos e lugares, e apresenta
cinco capítulos
33 General Guidelines on Recording Relationships
between Concepts, Objects, Events, and Places
Diretrizes gerais sobre registro de
Relacionamentos entre Conceitos, Objetos, Eventos
e Lugares
34 Related Concepts Conceitos Relacionados
35 Related Objects Objetos Relacionados
36 Related Events Eventos Relacionados
37 Related Places Lugares Relacionados tratam
desses relacionamentos respectivamente.
Fonte: Adaptado e traduzido de RDA Toolkit (c2023).
Para além da estrutura de seções e capítulos a RDA Original apresenta 13
apêndices, que complementam as diretrizes com orientações para facilitar o
processo de descrição, com orientações a respeito de temas como o uso de
maiúsculas, e tratamento dos artigos iniciais, muito semelhante as informações
que podem ser encontradas nos apêndices do AACR2r. Também é possível
encontrar informações adicionais sobre como abordar os relacionamentos e ainda
um glossário.
Apresentada a RDA Original e sua estrutura, a próxima seção discute os
acontecimentos que levaram a necessidade de atualização da RDA, por meio do
Projeto 3R, e a estrutura da RDA após a conclusão desse projeto de atualização.
5 Resource Description and Access e sua estrutura no Projeto 3R
Em outubro de 2016 foi realizado um anúncio oficial de que os responsáveis pelo
desenvolvimento da RDA e do RDA Toolkit iriam se reunir em 2017 para
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
realização de um grande projeto de aprimoramento, visando permitir que o RDA
Toolkit pudesse:
[...] atender melhor às necessidades de seus usuários e desempenhar
um papel mais produtivo em seu trabalho. O Toolkit estreou em 2010
e, de acordo com qualquer prática padrão, é hora de redesenhar o site
para se ajustar às mudanças no ambiente online. (RDA Toolkit, 2016,
tradução nossa).
O projeto criado para promover essas discussões foi denominado RDA
Toolkit Restructure and Redesign (3R). As principais mudanças ocorridas
resultantes desse projeto foram relacionadas a interface do usuário com o site do
RDA Toolkit, nessa versão algumas áreas foram expandidas para tornar o padrão
mais flexível e modular. “O RDA Toolkit passou por mudanças consideráveis e é
um recurso de integração online com atualizações perfeitamente integradas ao
texto. O novo RDA Toolkit ainda é o mesmo padrão, não é considerado uma nova
edição do RDA nem RDA 2.0” (Oliver, 2021a, p. 17, tradução nossa).
Para além de discutir alterações no design e da estrutura do RDA Toolkit,
e de repensar as questões de acessibilidade do site, o anúncio oficial (RDA
Toolkit, c2023) indicava outros pontos que precisavam de atenção para que a
RDA se mantivesse pertinente: (a) alinhamento com as melhores práticas atuais
de gerenciamento de dados; (b) tornar os dados RDA mais modulares e
dinâmicos; (c) realizar atualizações nas ferramentas de edição e tradução; e (d)
buscar novas soluções para o rastreamento do histórico de versões das diretrizes
e recomendações publicadas no RDA Toolkit.
A primeira meta desse projeto era a publicação de uma versão beta do
novo RDA Toolkit, com data de lançamento para 2018, entretanto por se tratar de
um processo complexo, incluindo atendimento de feedback dos usuários, a
conclusão do projeto só viria a ocorrer em 2020 (RDA Toolkit, 2020).
No primeiro relatório do Projeto 3R foram mencionadas discussões a
respeito da estrutura do Toolkit, mas também uma expectativa de mudança nas
diretrizes, que precisavam de ajustes para estar em conformidade com o Modelo
de Referência de Biblioteca da IFLA (LRM).
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
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E-ISSN 1808-5245
Oliver (2021a, p. 16, tradução nossa), relata um pouco sobre o processo
de reestruturação da RDA.
O projeto cobria mudanças tanto no software quanto no conteúdo. No
aspecto tecnológico, houve mudanças no modo como as instruções
do RDA eram armazenadas; uma atualização minuciosa no software;
mudanças no projeto para aumentar a eficiência e agilizar o processo
de edição e tradução; conformidades com os padrões internacionais
de acessibilidade; e a modernização da interface do usuário. Nos
aspectos relevantes ao conteúdo, houve a necessidade de alinhar o
RDA com o modelo conceitual para dados bibliográficos mais
recente, o IFLA Library Reference Model (IFLA-LRM).
Ainda descrevendo o processo de reestruturação da RDA a autora
acrescenta que foi um trabalho árduo revisar o padrão, por causa, por exemplo, da
estrutura original e das instruções numéricas inflexíveis, tornando difícil mover
as instruções para locais mais lógicos e expandir seu conteúdo. a interface
estava ficando datada, e o site não atendia aos padrões internacionais de
acessibilidade.
O IFLA-LRM é um modelo conceitual que foi publicado com a proposta
de harmonizar e minimizar as divergências e ambiguidades nos modelos FRBR,
FRAD e FRSAD. Embora trate-se de um projeto de consolidação dos três
modelos, a IFLA (2017) ressalta que é impreciso afirmar que o processo de
elaboração do IFLA-LRM consiste meramente na junção dos 3 modelos, pois
existiam conflitos estruturais os modelos conceituais da família FR, sendo
necessário o emprego de esforços que garantissem consistência conceitual do
novo modelo (IFLA, 2017).
Outro fator que levou à necessidade de elaboração do IFLA-LRM, e
também teve impacto nos planos de atualização da RDA, foi a percepção de que
a própria estrutura dos modelos precisava ser repensada para buscar uma
aproximação com as mudanças no contexto da Web, especialmente com os
princípios do Linked data.
Berners-Lee (2006) apresenta quatro princípios basilares para a adoção do
Linked data, sendo eles:
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
[...]1. Use URIs como nomes para as coisas. 2. Use HTTP URIs, para
que as pessoas possam procurar esses nomes. 3. Quando alguém
procura um URI, forneça informações úteis, usando os padrões (RDF,
SPARQL). 4. Inclua links para outros URIs, para que eles possam
descobrir mais coisas (Berners-Lee, 2006, tradução nossa).
A busca pela aproximação entre os modelos conceituais e a RDA com o
Linked data se destaca principalmente em dois aspectos, nas mudanças estruturais
para permitir a expressão dos dados em RDF e no contexto dos vocabulários.
O RDF foi proposto em 1999, consistindo em um modelo para a descrição,
que permite a criação de declarações que explicitem as relações entre recursos
descritos. O RDF “[...] é estruturado em três componentes: recurso, propriedade
e valor (Arakaki, 2016, p. 36). Em relação a estrutura dessas declarações o W3C
(W3C Recommendation, 2004, tradução nossa), destaca que:
[...] O RDF usa uma terminologia específica para falar sobre as várias
partes das declarações. Especificamente, a parte que identifica o
assunto da declaração é chamada de assunto. A parte que identifica a
propriedade ou característica do assunto que a instrução específica
(criador, data de criação ou idioma nesses exemplos) é chamada de
predicado e a parte que identifica o valor dessa propriedade é
chamada de objeto.
Dunsire, Fritz e Fritz (2019, p. 3, tradução nossa) destacam que “O RDF
separa o significado ou semântica legível por máquina de rótulos e definições
legíveis por humanos. . Os autores destacam ainda que ao adotar o RDF o IFLA-
LRM busca expressar os relacionamentos de forma a permitir a navegação entre
as entidades e [...] que dados de diferentes comunidades e aplicativos sejam
vinculados e reutilizados [...]”.
Ao falar da aproximação da RDA com o Linked data, Rašmane e
Goldberga (2021) acrescentam que:
[...] a RDA se concentra na estrutura semântica que permite que as
informações sejam compartilhadas, processadas por ferramentas de
software e reutilizadas em outro contexto todos esses recursos são
necessários para a implementação de dados vinculados (Rašmane;
Goldberga, 2021, p. 709, tradução nossa).
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
Outro aspecto da reestruturação da RDA para aproximar-se do contexto
de publicação de dados na Web e do Linked data foram os vocabulários RDA. O
W3C Recommendation (2004) ao abordar as características das declarações em
RDF aponta que é necessário aplicar vocabulários controlados para representar as
propriedades das coisas descritas.
Dunsire, Fritz e Fritz (2019, p. 3) indicam que “os elementos de dados
RDA, incluindo entidades, atributos, relacionamentos e vocabulários controlados,
são representados em RDF como “RDA Vocabularies” no RDA Registry.
Ao falar sobre esses vocabulários, Oliveira e Castro (2022) apontam que:
Os RDA Vocabularies consistem em representações RDF para as
definições das entidades, elementos e termos controlados do RDA.
Caracterizado por seu nível de complexidade, esses vocabulários são
compostos de um volume massivo de classes e propriedades RDF
estruturado em hierarquia (Oliveira; Castro, 2022, p. 17).
Taniguchi (2021) aponta que esses vocabulários estavam presentes na
versão original da RDA, tendo sua primeira versão publicada em 2011, que
desde o princípio buscou-se essa aproximação com a estrutura de dados da Web,
entretanto os vocabulários foram repensados no Projeto 3R, especialmente para
se tornar consistente com o IFLA-LRM. O Autor acrescenta que:
Os Vocabulários RDA parecem enormes e complicados; eles são
compostos por um grande volume de classes RDF e propriedades em
hierarquia. As entidades RDA e os termos controlados são
representados como classes RDF, enquanto os elementos RDA são
mapeados para as propriedades RDF. Provavelmente, o RDA
revisado pretende ser um conjunto acumulado e abrangente de
instruções sobre descrição de recursos de informação e, assim, seus
vocabulários incluiriam todo um conjunto de classes e propriedades
RDA em RDF. Instituições ou redes individuais que colaboram para
adotar o RDA devem desenvolver perfis de aplicativos que
especifiquem escolhas dos elementos RDA e esquemas de
codificação de vocabulário que atendam às suas funções e requisitos
- ou seja, usem apenas uma parte do RDA - e adotem um esquema de
metadados de acordo com sua aplicação perfis. (Taniguchi, 2021, p.
2, tradução nossa).
Embora o acesso ao RDA Toolkit seja pago, esses vocabulários derivados
“[...] são publicados sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
Internacional aberta, permitindo a reutilização comercial(Dunsire; Fritz; Fritz,
2019, p. 4, tradução nossa).
Ao tratar das aproximações entre o IFLA-LRM e os vocabulários RDA,
Taniguchi (2021) indica que:
O modelo conceitual RDA baseado em LRM consiste em entidades
RDA, atributos e relacionamentos entre as entidades, pois é modelado
com modelo entidade-relacionamento (E-R). Em contraste, o RDF
adota classes e propriedades. As entidades no modelo E-R são
transformadas em classes RDF, enquanto os atributos e
relacionamentos são transformados em propriedades RDF.
(Taniguchi, 2021, p. 5, tradução nossa).
Ao abordar as mudanças ocorridas após o Projeto 3R Oliver (2021a, p.
260, tradução nossa), sintetiza que “[...] RDA no Toolkit tem uma aparência
diferente. É organizado de forma diferente. um novo vocabulário. uma
nova funcionalidade. À primeira vista, é difícil reconhecer o RDA que estava no
RDA Toolkit Original.
Nesse sentido, o Quadro 2, a seguir apresenta e contextualiza a nova
estrutura do RDA Toolkit. Nele é possível observar as seções e seus capítulos
correspondentes, bem como uma breve explicação do conteúdo de cada seção e
capítulo.
Quadro 2 - Seções e capítulos da RDA Projeto 3R
1 Introduction to RDA
Introdução à RDA
A seção consiste em sete capítulos.
Nesta seção são apresentados os
capítulos em tópicos: Propósito e
escopo, a estrutura da RDA,
Condicionais, Opções, Exemplos,
Adaptando a RDA para necessidades
locais e Codificando dados RDA.
Purpose and scope
Neste capítulo existem informações sobre quais os
propósitos e escopos da RDA, que servem para
auxiliar os agentes criadores de metadados.
Structure of RDA
Apresenta a estrutura da RDA que é baseada nas
entidades e em seus elementos, possui instruções,
guias e informações de referência para cada elemento.
Possui explicações breves sobre etiquetas e
mapeamentos relacionados a RDA.
Conditions
Apresenta descrições sobre o que são as caixas
condicionais. Possui ainda um guia de terminologia
de artigos definidos e indefinidos.
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
Options
Apresenta guias e instruções que são condicionais e
opcionais ou apenas opcionais e explica-os.
Examples
Apresenta quatro tipos de exemplos em RDA,
exemplos básicos ilustrativos, exemplos de métodos
de registro, exemplos de visualização em contexto e
exemplos de visualização de relacionamentos.
Adapting RDA to local needs
Apresenta instruções para adaptações da RDA para
necessidades locais relacionadas à transcrição de
dados. Fornece orientações para o processo de
codificação da RDA em diferentes esquemas.
Encoding RDA data
Inclui instruções para codificação da RDA e
esquemas de codificação de vocabulário. Apresenta
outro guia para a Well-Formed RDA, sobre a
conformidade dos dados e sobre processos de
codificação.
2 Objectives and principles governing
RDA Objetivos e princípios de
Governança da RDA
Nesta seção constam dois capítulos
apresentados em tópicos que são:
Objetivos e Princípios.
Objectives
Apresenta os objetivos da RDA que são: Capacidade
de resposta às necessidades dos usuários, eficiência
de custos, flexibilidade, continuidade e
internacionalização. São baseados nas tarefas dos
usuários.
Principles
Este capítulo apresenta os princípios da RDA que são:
diferenciação, suficiência, relacionamentos,
representação, acurácia, uso ou prática comum e
uniformidade, que estão em concordância com a
Declaração dos Princípios internacionais de
Catalogação da IFLA (2016).
3 Standards related to RDA Padrões
Relacionados à RDA
Esta seção apresenta dois capítulos,
com cinco subcapítulos em forma de
tópicos.
Apresenta os Modelos conceituais
basilares à RDA e os Relacionamentos
com outros padrões para descrição de
recursos e acesso.
Conceptual models underlying RDA
Apresenta o modelo conceitual IFLA-LRM como
componente chave para o design e desenvolvimento
da RDA Projeto 3R e os modelos FRBR, FRAD e
FRSAD, que são modelos base para a RDA
originalmente publicada em 2010.
Relationship to other standards for resource
description and access
Apresenta outros padrões em tópicos utilizados para o
desenvolvimento de conjuntos de elementos e
vocabulários de valor da RDA. São eles: RDA/ONIX
Framework; ISBD; MARC 21; Dublin Core e
Resource Description Framework.
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
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E-ISSN 1808-5245
4 Data elements Elementos de
Dados
Esta é a última seção da RDA Projeto
3R. São apresentados cinco capítulos
com subcapítulos apresentados em
tópicos. São eles: Registrando dados
RDA; Entidades RDA; Elementos
RDA; Relacionamentos RDA e
Valores RDA.
Recording RDA data
Neste capítulo são apresentados guias e orientações
para métodos de registro e conjuntos de entidades e
elementos para criação de metadados. Apresenta
ainda direcionamento para outros guias como: Well-
Formed RDA e RDA implementation scenarios.
RDA entities
Neste capítulo são apresentadas as entidades que a
RDA possui. São elas: Obra; expressão;
manifestação; item; agente (no qual se incluem:
pessoa e agente coletivo, e em agente coletivo estão
família e corporação); nomem; lugar e espaço de
tempo. Essas entidades são baseadas nas entidades do
IFLA-LRM.
RDA elements
Este capítulo apresenta quatro subcapítulos com guias
e instruções sobre: Escolha de elementos; Elementos
legados e obsolescência; Assuntos; Conjuntos de
elementos irrestritos.
RDA relationship data
Este é o penúltimo capítulo e possui quatro
subcapítulos com instruções e guias sobre:
relacionamentos hierárquicos; atalhos de
relacionamentos; Relacionamentos com entidades que
estão fora do escopo do RDA e registrando elementos
de relacionamentos.
Data values
Este é o último capítulo da seção e apresenta
informações com guias e instruções sobre vocabulary
encoding scheme (VES), que são vocabulário de
esquema de codificação para valores de dados em
RDA.
Fonte: Adaptado e traduzido de RDA Toolkit (c2023).
Observa-se, portanto, que, o [...] novo design é muito diferente da
abordagem baseada em livro anterior, exigindo orientação e treinamento em seu
layout e recursos, bem como em novos conceitos e recursos de gerenciamento de
dados. (Dunsire; Fritz; Fritz, 2019, p 4-5, tradução nossa).
Com a reformulação da RDA Original, foram realizadas algumas
mudanças significativas na estrutura da RDA. De acordo com Mendes (2022), na
RDA Original, a ferramenta do RDA Toolkit estava configurada com a seguinte
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
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Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
estrutura: instruções básicas; número da instrução; fonte da informação e
exemplos. Com o Projeto 3R, as Instruções básicas passaram a estabelecer perfis
de aplicação; o número da instrução passou a ser o número de citações ou links
URL. A fonte de informações passou a se chamar Proveniência de Dados. Por
fim, os exemplos foram expandidos para exemplos básicos, método de gravação
de exemplo; visualização com relacionamentos e contexto da visualização.
Essas mudanças foram importantes para apresentar uma nova estrutura da
RDA. Em especial, o estabelecimento de um Perfil de Aplicação, pois “[...]
especifica as entidades, elementos e esquemas de codificação de vocabulário que
são esperados em um conjunto de metadados que atende às funções e requisitos
de uma aplicação que usa os metadados. (RDA Toolkit, c2023, tradução nossa).
Para tanto, um perfil de aplicação precisa especificar os elementos a serem usados
na descrição do recurso. Apresentar se necessidade de repetir determinados
elementos, estabelecer quais elementos servem para relacionar duas entidades e o
método de gravação. Um perfil de aplicação precisa definir ainda, os vocabulários
controlados, como esquemas de codificação de vocabulário (tesauros, ontologias,
lista de cabeçalho de assunto), além dos esquemas de codificação de strings
(idioma, local) (Mendes, 2022).
Outras mudanças foram: o apêndice A-C, F e G foram incorporados na
seção de Recursos da comunidade, os apêndices D-E formaram a Política de
estabelecimento e Recursos da comunidade. O Apêndice H formou Espaço-
tempo, os Apêndices I-K surgiram novos elementos de relacionamento. Por
fim, os apêndices L-M formaram novos elementos de relacionamento, conforme
apropriado (Mendes, 2022).
Com a reformulação da RDA, o processo de descrição dos atributos ficou
mais direto. Na RDA Original, com estruturação de seções, capítulos, atributos,
algumas informações ficavam dispersas. Por exemplo: as primeiras seções
apresentam as entidades manifestação e item e seus atributos, depois obra e
expressão e seus atributos. Posteriormente, há uma seção destinada para criação
dos relacionamentos entre a obra, expressão, manifestação e item.
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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E-ISSN 1808-5245
6 Considerações finais
O objetivo geral desta pesquisa foi apresentar as mudanças na RDA considerando
as alterações desenvolvidas no Projeto 3R. Para atingir esse objetivo foi realizada
uma análise da literatura e das estruturas das duas versões da RDA. Essa análise
permitiu concluir que as principais mudanças no RDA Projeto 3R podem ser
divididas em três aspectos, são eles: (1) mudanças no RDA Toolkit; (2) mudanças
estruturais na RDA e (3) mudanças relacionadas a aproximação com o cenário de
publicação de dados na Web e o Linked data.
As mudanças no RDA Toolkit inicialmente são mais visíveis, pois estão
em uma camada externa, em contato direto com o usuário. Essas mudanças foram
focadas especialmente na interface, pensando nas questões de usabilidade e
acessibilidade do site. Também foram pensadas para que a plataforma estivesse
em conformidade com as práticas atuais de publicação de sites na Web, que
antes do projeto já haviam passado 10 anos desde o seu lançamento.
Já as principais mudanças estruturais afetaram a RDA enquanto diretriz, e
foram feitas para aproximar a RDA do modelo IFLA-LRM, o que é uma mudança
natural já que a RDA teve sua estrutura original baseada nos modelos da família
FR e que o IFLA-LRM nasce da proposta de consolidar e atualizar esses modelos.
As adequações realizadas na RDA Projeto 3R para estruturas consoantes com o
IFLA-LRM não foram de ruptura, mantendo a essência da RDA, sendo o principal
foco em alterações nas entidades e relacionamentos, que precisaram ser alterados
para que o IFLA-LRM se tornasse um modelo consistente e não uma mera junção
dos modelos anteriores.
A respeito das mudanças relacionadas com a aproximação entre a RDA e
o Linked data, observou-se que essas são voltadas para viabilizar a publicação das
descrições feitas com base nas diretrizes usando uma estrutura RDF, o que foi
refletido em ajustes nos vocabulários RDA e na inclusão de seções e capítulos
para tratar desse processo de codificação.
Nesse sentido, como estudos futuros sugere-se explorar as formas de
criação de registros usando a RDA, como descrição em RDF, com aproximações
inclusive com o Bibliographic Framework (BIBFRAME), projetado para permitir
Resource Description and Access (RDA): as diretrizes
antes e depois do Projeto 3R
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E-ISSN 1808-5245
a codificação de dados bibliográficos em consonância com o Linked data. Ainda
em relação ao BIBFRAME pretende-se explorar suas aproximações com a RDA
e como a publicação da RDA Projeto 3R irá afetar a relação entre ambos. Deste
modo, espera-se que essas pautas sejam abordadas para um maior
desenvolvimento dessas áreas de pesquisa.
Conclui-se, portanto, que, o Projeto 3R causou mudanças na usabilidade
do RDA Toolkit, na estrutura das diretrizes RDA e promoveu aproximações com
o IFLA-LRM e com o contexto do Linked data. Constata-se ainda que, embora
seja apontado que as mudanças estruturais nas diretrizes não sejam de ruptura,
essas têm impacto no processo de catalogação e que ainda são necessários
esforços para compreender quais os meios mais eficientes de aplicar as diretrizes
RDA Projeto 3R nas áreas práticas de catalogação e de ensino.
Financiamento
Essa pesquisa foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES).
Referências
ARAKAKI, F. A. Linked data: ligação de dados bibliográficos. 2016.
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2016.
ARAKAKI, F. A.; ALVES, R. C. V.; SANTOS, P. L. V. A. da C. Dublin Core:
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Resource Description and Access (RDA): the before and after
the 3R Project
Abstract: The Resource Description and Access was developed by the Resource
Description and Access Steering Committee as a set of data elements for creating
metadata for library and cultural heritage resources. In 2017, the Library
Reference Model conceptual model was published, consolidating a single
structure as a reference model for libraries. There is an intensification of the use
of Semantic Web technologies, such as Linked data, which presents a new
perspective for describing and linking data. With these changes, the RDA Steering
Committee group verified the need for a new Resource Description and Access
structure, the 3R Project, which reformulated the structure of the Resource
Description and Access Toolkit site aligned with Library Reference Model. The
guiding question of this research was: what are the main changes in the Resource
Description and Access with the 3R Project? The general objective of this
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antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
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E-ISSN 1808-5245
research was to present the changes in the Resource Description and Access
considering the changes developed in the 3R Project. The comparative method
was used to analyze the structures of the two versions of the Resource Description
and Access. As result, it was observed that the main changes in the Resource
Description and Access Project 3R can be divided into three aspects: 1) changes
in the site; 2) Structural changes in the guidelines and 3) changes related to the
approximation with the scenario of publishing data on the Web and Linked data.
It is concluded that the 3R project caused changes in the usability of the Resource
Description and Access Toolkit, in the structure of the Resource Description and
Access guidelines and promoted approximations with the Library Reference
Model with Linked data. Efforts are needed to understand the most efficient
means of applying the Resource Description and Access Project 3R guidelines in
Cataloging and in the areas of Cataloging research and teaching.
Keywords: RDA; Resource Description and Access; 3R Project; IFLA-LRM;
cataloging; RDA Oficial
Recebido: 29/01/2023
Aceito: 21/09/2023
Declaração de autoria:
Concepção e elaboração do estudo: Karen, Felipe
Coleta de dados: Karen
Análise e interpretação de dados: Karen, Felipe
Redação: Karen, Felipe
Revisão crítica do manuscrito: Felipe
Como citar:
CAVALHEIRO, Karen Cristina Soares; ARAKAKI, Felipe Augusto. Resource
Description and Access (RDA): as diretrizes antes e depois do Projeto 3R. Em
Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. DOI:
https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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antes e depois do Projeto 3R
Karen Cristina Soares Cavalheiro e Felipe Augusto Arakaki
Em Questão, Porto Alegre, v. 29, e-129637, 2023. https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.129637
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Para diferenciar as versões, optou-se por adotar os termos “RDA Original” para a versão anterior
ao Projeto 3R. Ressalta-se que “original”, nesse contexto, refere-se ao sentido de “dar origem à”
e não a uma indicação de que as demais versões não sejam oficiais. A versão vigente, pode ser
chamada de “The Official RDA Toolkit”. No trabalho, nos referimos a “RDA Projeto 3R” a
versão utilizada no período de mudança.
2
Para essa pesquisa adotamos o conceito de Assumpção (2018, p. 21), que apresenta a catalogação
enquanto disciplina, processo e produto.
Article
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O RDA Toolkit Restructure and Redesign (3R) Project, finalizado em dezembro de 2020, teve como objetivo alinhar o padrão RDA com o IFLA Library Reference Model (IFLA LRM), modelo conceitual do universo bibliográfico que consolida a Família dos modelos FR. Dessa maneira, busca-se averiguar as contribuições e o impacto do IFLA LRM para com o RDA. Para tanto, realizou-se uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), a fim de identificar o estado da arte do assunto na literatura científica. Constatou-se que a categoria em que se observa de maneira mais explícita a implementação do IFLA LRM pelo RDA é a ontológica, referente à representação formal do universo de coisas que existem em um dado domínio, e que também o IFLA LRM exerce um papel de intermediário, que possibilita a integração cada vez maior dos dados bibliográficos em RDA no universo maior de dados da Web Semântica e Linked Data.
Chapter
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Imprescindível no delineamento teórico e na prática da catalogação, os Princípios exercem papel fundamental no desenvolvimento de padrões, códigos e normas que orientam o serviço catalográfico. Em 1938 e em 1964, S. R. Ranganathan propôs Cânones da Catalogação. Em 1961, assistiu-se à publicação da Declaração dos Princípios Internacionais de Catalogação. Com novas edições publicadas em 2009 e em 2016, que consideraram os avanços tecnológicos e novas possibilidades de usos dos catálogos pelos usuários, esses fatores levaram, também, à revi-são do Código de Catalogação Anglo-Americano 2ª edição (AACR2), o que acarretou o desenvolvimento do Re-source Description and Access (RDA). Destarte, questiona-se se os Cânones e os Princípios da Catalogação dia-logam com os Princípios norteadores do RDA. O objetivo geral desta pesquisa é identificar a relação entre os Câ-nones e os Princípios da catalogação com os princípios orientadores do desenvolvimento do RDA. Para isso, re-corre-se aos objetivos específicos de [1] analisar os Cânones de Ranganathan; [2] analisar a Declaração dos Princípios Internacionais de Catalogação; [3] analisar os princípios e objetivos do desenvolvimento do RDA. Nesse percurso de pesquisa, adotou-se procedimentos metodológicos de abordagem qualitativa, de natureza apli-cada, com objetivos exploratórios e descritivos. Como resultado, concluiu-se que os princípios da generalização, consistência, compatibilidade, não redundância e especificidade aproximam-se tanto dos Cânones quanto da De-claração Internacional; que estrutura de referência aproxima-se dos Cânones, mas não da Declaração; que clare-za, de uso fácil e eficiente, adaptabilidade e racionalidade aproximam-se da Declaração, mas não dos Cânones; e que abrangência e circulação mostraram-se inovadores nos Princípios que regem o RDA.
Article
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Analisa os prós e contras do novo código americano Resource Description and Access (RDA), sob o ponto de vista de um grupo brasileiro de estudos sobre catalogação. O RDA se propõe a tornar-se o código internacional de catalogação. Indubitavelmente, trouxe algumas inovações e vários aspectos positivos, como a introdução de materiais digitais e alguns elementos da família dos Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR). Ao mesmo tempo, o RDA pode ser analisado sob outros aspectos, como o problema das restrições na tradução e seus custos de licenciamento e direitos autorais. Apresentam-se alguns pontos de vista europeus, assim como uma possível solução no caso brasileiro.
Article
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In face of using Communication and Information Technologies in the 90´s, a new setting started to emerge as the availability of resources in Web environment. The necessity of representation, identification, location and access to resources has been widely discussed and has contributed to events and Dublin Core metadata standards. In twenty years of its creation, the Dublin Core has become a consolidated standard that has provided several possibilities for its use. However, the articles that report its history are spread out, making it difficult to gather and reconstitute them. In doing so, the aim is to show the main factors that contributed to the consolidation of the Dublin Core standard and its development. It is a qualitative and theoretical exploratory study that discusses the Dublin Core background. The outcomes identified the DC trajectory since its creation, consolidation and trends. © 2018 Universidade Federal de Campina Grande. All rights reserved.
Article
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http://dx.doi.org/10.5007/1518-2924.2017v22n49p89 It presents aspects of cataloging and the Resource Description and Access (RDA) and its theoretical contributions on the new guidelines for the collection of information resources, which have their focus to the digital environment. It presents the current situation of theoretical discussions that took place in the period 2010 to 2014 among specialists. Analyzes the national and international literature regarding the cataloging and related topics, including the RDA. The research appears as literature, the survey type. Data were analyzed by categorization, through reading and analysis of abstracts and keywords of articles. The results of national and international search had similar themes. Its were assembled into nine groups: training; catalogs; authority control; implementations; conceptual models; RDA; technology; descriptive treatment resources; and thematic treatment resources. It was identified that in some themes, Brazilian publications stand as, for example, about conceptual models and descriptive treatment, although with regard to RDA subject, the international production stands out.
Article
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Considering the development of Resource Description and Access (RDA) and the importance of authority control for catalogs, this paper aims to present the RDA and its origin and development, to contextualize the creation of authority records in descriptive cataloging and to present the use of RDA in recording of attributes and relationships of person, family and corporate body entities. It also presents the RDA and its relation with FRBR and FRAD conceptual models and the sections, chapters, attributes and relationships defined for persons, families and corporate bodies. Lastly, this paper highlights some differences between RDA and AACR2r and gives some considerations about the RDA implantation.
Article
This paper proposes a framework to understand and review the present and possible RDA Vocabularies in RDF after the 3 R Project, and also examines RDA Vocabularies under this framework to confirm the validity and usefulness of the framework. Further, it proposes an alternate for the vocabularies at each layer of the framework. (1) The proposed framework consists of four layers: (a) layer 1 constructs RDA Vocabularies in line with the RDA conceptual model; (b) layer 2 constructs vocabularies in RDF representation that accommodate the recording methods prescribed in RDA for individual elements; (c) layer 3 constructs them by reconstructing the relationship elements; and (d) layer 4 accommodates additional ways to enforce the structural representation of RDA metadata. RDA Vocabularies are examined at each layer to demonstrate the framework’s validity and usefulness. (2) Alternate vocabularies in RDF are proposed at layers 2 and 3 of the framework. Those proposed vocabularies could be useful, but the examination of their usefulness is limited. Extensions at layer 4 would also be useful for the schema for RDA metadata creation. Therefore, the proposed framework is valuable for understanding and reviewing RDA Vocabularies, while some points need further consideration.
Article
This paper addresses the potential to employ IFLA Library Reference Model (LRM) and Resource Description and Access (RDA) key entity classes in annotating textual documents of cultural heritage (RunA collection). It describes methods (comparison and analysis) and procedures (identification of entity classes and annotation classes in unstructured data with a special annotation tool) for the evaluation of international data models based on the need to develop a cross-sectoral linked data collection. The article identifies key entities – works, agents (persons, institutions), concepts, places, timespans, and events – for reflecting simple or hierarchical relationships between different objects, which can be used as nodal points for semantic connection and networking in digital collections, including unstructured data sets, e.g., correspondence. The article concludes with a discussion of the challenges of correctly applying LRM’s WEMI structured entities to free-form textual data.
Article
This article presents a case study of RIMMF, a software tool developed to improve the orientation and training of catalogers who use Resource Description and Access (RDA) to maintain bibliographic data. The cataloging guidance and instructions of RDA are based on the Functional Requirements conceptual models that are now consolidated in the IFLA Library Reference Model, but many catalogers are applying RDA in systems that have evolved from inventory and text-processing applications developed from older metadata paradigms. The article describes how RIMMF interacts with the RDA Toolkit and RDA Registry to offer cataloger-friendly multilingual data input and editing interfaces.