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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL

Authors:

Abstract and Figures

O principal objetivo deste livro é pesquisar a Arquivoconomia, uma (esquecida) disciplina da arquivologia, como técnica para a definição e construção de arquivos, a ser aplicada para o desenho de ambientes de gestão de arquivos digitais. Para isso, conhecemos os itens de definição e a estrutura metodológica da Arquivoconomia, visando aplicar sua analogia ao planejamento digital. Dessa forma, se propõe uma visão de itens a serem observados na definição do planejamento de um arquivo digital, tanto para gestão quanto para guarda definitiva. A pesquisa utilizada na construção é do tipo exploratória, com base em revisão de literatura. Na revisão, discute-se a estrutura epistemológica da Arquivoconomia e a obra de Eugenio Casanova (Torino, 17 gennaio 1867 - Roma, 22 dicembre 1951).
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
CHARLLEY LUZ
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Somos Primitivos Digitais,
seremos lembrados no futuro?
Charlley Luz, 2016
CHARLLEY LUZ
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
L979o
Luz, Charlley dos Santos
Arquivoconomia Digital / Charlley dos Santos Luz. - São Paulo : 2020.
121 p. : il. ; 30 cm.
ISBN: 979-86-4917-317-9
1. Arquivística. 2. Arquivoconomia. 3. Planejamento Digital. 4.
Plataformas de Arquivos. 5. Sistemas de Arquivos. 6. Gestão Documental.
7. Preservação Digital. I. Innarelli, Humberto. II. Santos, Vanderlei Batista
dos
CDD 004
Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme Lei n.º 10.994, de 14 de
dezembro de 2004.
CHARLLEY LUZ
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Catalogação-na-publicação elaborada por
Fabiana Andrade Pereira – CRB 8/9283
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
2020
CHARLLEY LUZ
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Ex-libris da publicação original de Casanova
SIENA STAB. ARTI GRAFICHE LAZZERI 1928
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NOVACASA DOS
ARQUIVOS
CONTEMPORÂNEOS
Prefácio por Humberto Innarelli
Quando o amigo Charlley Luz mestre e renomado autor
nas áreas da Ciência da Informação, Biblioteconomia e
Arquivologia me convidou para fazer o prefácio de seu livro
intitulado Arquivoconomia, tomei um susto e no primeiro
momento quase desisti, pois fiquei me perguntando “que negócio
é esse de Aquivoconomia?”. Meu primeiro pensamento foi
relacionar o termo com a Economia, sabe, algo assim: Arquivo +
Economia = Arquivoconomia. Boa ideia, não? ^o)
Como foi um convite de um amigo que também admiro
como profissional, mesmo antes de aceitar, receber o copião ou
demonstrar ignorância, recorri aos dicionários de arquivologia
para ver se Charlley não estava ficando louco ou foi enganado
pelo corretor automático sabe aquela mensagem de WhatsApp
que vai tudo errado? Ao folear os dicionários, estava o termo
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Arquivoconomia e, logicamente, não significava o que eu tinha
pensado. Ao ler as definições fiquei pensando o motivo do
convite, pois quando tentei relacionar com a área que pesquiso
gestão e preservação de documentos arquivísticos digitais – fiquei
intrigado para entender o elo encontrado. Mas como o Charlley
geralmente sabe o que está fazendo, resolvi acreditar e aceitar o
convite para ver o que aconteceria. 8-|
Ao receber o copião e conhecendo alguns conceitos de
Arquivoconomia via dicionários, dei uma passada de olhos na
estrutura do livro e sem pretensão alguma naquele momento
comecei a ler a parte introdutória e, como diz minha sogra Maria
Silvia Vendramel Cardozo, “quando qué vê” não parei mais. Me
empolguei e enveredei madrugada adentro de tanta curiosidade,
finalizei a leitura às 3h30 e quando fui para a cama não conseguia
dormir de tão empolgado com a possibilidade de escrever o
prefácio de uma obra que traz em seu conteúdo, conhecimento
científico, seriedade, precisão, didática e leveza à questões
fundamentais e contemporâneas da arquivologia, principalmente
quando relaciona um conceito tão discutido no início do século
passado – a Arquivoconomia – à arquivologia deste século. 8-)
CHARLLEY LUZ
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Após uma noite mal dormida, rolando na cama e remoendo
o que escreveria, ao começar a rascunhar este prefácio lembrei de
algo que chamou a atenção logo que comecei a entender a obra, o
Casanova. Sim Eugênio Casanova, o estudioso do início do século
passado que apresenta à Charlley Luz os fundamentos desta obra
a construção do arquivo e da estruturação de seu escritório.
Aliás, Eugênio Casanova e Charlley Luz devem ser predestinados
segundo o jornalista José Simão. Logo imaginei a chamada em sua
coluna Buemba!, Buemba! na rádio BandNews FM: Buemba!
Buemba! Iluminado pela Arquivoconomia discutida por Eugênio
Casanova e outros autores no início do século XX, Charlley Luz
apresenta a Novacasa dos documentos arquivísticos digitais no
século XXI”. :-o
Devaneios a parte, nesta obra, Charlley Luz se apropria dos
fundamentos da Arquivoconomia citando Casanova (1928)
como sua principal referência com a intensão de oferecer ao
leitor uma viagem no tempo que remonta a arquivologia do início
do século XX à arquivologia contemporânea, principalmente no
que tange às questões simbolizadas na Novacasa dos arquivos
contemporâneos, que lançam mão de infraestruturas de
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como se
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fossem: o prédio; os depósitos; as paredes; as salas; o mobiliário;
os equipamentos; os laboratórios; os materiais de trabalho etc.
Charlley faz este exercício quando relaciona o uso das TICs pela
Arquivologia às divisões da Aquivoconomia: construção de
arquivo; arquitetura de interiores (mobiliário); arquitetura dos
escritórios (distribuição dos espaços); higiene e manutenção das
instalações e restauração. Nunca pensei nisso, mas agora que li,
tudo ficou iluminado. *-)
Ao comparar a Arquivoconomia com o Planejamento
Digital, o autor apresenta ao seu público o que chama de
Arquivoconomia Digital, demonstrando dentro de uma
infraestrutura tecnológica hardware e software questões
relacionadas ao acesso, preservação, gestão, segurança,
restauração, durabilidade, confiabilidade, custódia, integração,
idades documentais etc. Além de, apresentar na cozinha do
arquivo várias receitas de sopas, que utilizam como ingredientes,
letrinhas que se bem harmonizadas e cozidas pelos Arquivistas e
seus ajudantes profissionais de TIC resultam em cardápio
delicioso e de sucesso. Para suas receitas, Charlley, utiliza
ingredientes simples e complexos, como por exemplo: AI; AIP;
ArchivesSpace; AtoM; BD; Blog; CMS; CPADA; DIP; DuraCloud;
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E-Arq; FEDORA; HTML; ISO-OAIS; LGPD; LOCKSS; LSTM;
MADS; MARC; Memex; MODS; NOBRADE; OCR; PDF; RDC-
Arq; SIGAD; SIP; SWIFT; TIC; uX; WorkFlow; WWW etc. Ai meu
Deus! O que é tudo isso? :’(
Ao desenvolver cuidadosamente seu cardápio de
Arquivoconomia Digital utilizando conhecimento científico,
ingredientes tecnológicos, Arquitetura da Informação, e,
logicamente, Casanova o Chef Charlley Luz finaliza seu livro de
receitas apresentando, através de modelos, relações conceituais,
requisitos técnicos, figuras e esquemas, o que podemos chamar
de um menu completo, servindo ao seu leitor várias opções de
entrada, prato principal e sobremesa tratamento técnico,
custódia e interface. Degustem as refeições sem preconceitos,
sem barreiras e de mente aberta, considerando, sempre, que são
os Arquivistas os verdadeiros responsáveis pela gestão e
preservação dos documentos arquivísticos, independentemente se
digitais ou não digitais. :v
Diante de tão prazeroso trabalho, agradeço ao Charlley Luz
pelo convite e pela liberdade que deu para redigir este texto,
lembrando que logo após o aceite, recebi o seguinte WhatsApp:
“Não tem limites ;) Aliás, se bater uma onda criativa, deixa
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rolar”. Deixei rolar e até enviar o texto ao Charlley, estava muito
preocupado sobre o que ele iria achar da minha criatividade. Pedi
até para minha esposa ler e avaliar para ver se não estava muito
fora da caixinha - me conhecendo mais de 27 anos, ela deu
rizada. :-#
Finalizo este prefácio lembrando que deixo as questões
sérias para o também amigo Vanderlei Batista dos Santos, que
finalizará o livro trazendo, como sempre, precisão e a perfeita
linguagem científica. ^o)
Um abraço, do Humberto.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
ARQUIVOCONOMIA
DIGITAL
Planejando o entorno digital dos arquivos
Palavras-chave: Arquivística; Arquivoconomia; Planejamento
Digital; Plataformas de Arquivos; Sistemas de Arquivos.
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O principal objetivo deste livro é pesquisar a
Arquivoconomia, uma (esquecida) disciplina da arquivologia,
como técnica para a definição e construção de arquivos, a ser
aplicada para o desenho de ambientes de gestão de arquivos
digitais.
Para isso, conhecemos os itens de definição e a estrutura
metodológica da Arquivoconomia, visando aplicar sua analogia ao
planejamento digital.
Dessa forma, se propõe uma visão de itens a serem
observados na definição do planejamento de um entorno digital
de um arquivo, tanto para gestão quanto para guarda definitiva.
A pesquisa utilizada na construção é do tipo
exploratória, com base em revisão de literatura. Na revisão,
discute-se a estrutura epistemológica da Arquivoconomia e a obra
de Eugenio Casanova (Torino, 17 gennaio 1867 – Roma, 22
dicembre 1951).
Como vamos verificar, é possível aplicar os princípios da
arquivoconomia definidos por Eugenio Casanova em seu livro
para uma abordagem digital, gerando ambientes de gestão de
arquivos planejados e acessíveis.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
1 INTRODUÇÃO
O digital traz para a realidade dos serviços de informação
a necessidade de aprimorar processos, adaptar metodologias e
utilizar novas técnicas. Com Arquivos não é diferente. Hoje
falamos em arquivos permanentes digitais, isto é, o arquivo “do
futuro” é resultado do que produzimos hoje como informação
orgânica e que fica registrada em forma de bits sequenciais. É o
tipo de registro que temos e que será acessível num futuro (ou
que deveria).
Porém, o que irá ocorrer com estes registros? Se num
primeiro momento os arquivos de forma passiva apenas recebiam
os registros eletrônicos em suas mídias originais ou de
transporte, agora com a realidade dos sistemas corporativos de
negócio (como RM – Resource Management - ou ERP - Enterprise
Resource Planning - , além das intranets), possibilitam o acesso à
informação e ao registro do conhecimento das instituições.
O papel dos arquivos (acervos documentais arquivísticos)
contemporâneos passa a ser o de incorporar esta realidade a seus
afazeres, preparando estas informações para serem capturadas e
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
incorporadas ao fundo institucional em sistemas de gestão ou
preservação.
Se a memória do século XX sobreviveu graças ao registro
em papel e a caixa de sapatos ou os álbuns onde as fotos de
família eram guardadas, a memória dos primitivos digitais (Luz,
2016), esta que construímos e geramos agora, está mais
suscetível à perda e colapso.
Novos desafios requerem novas soluções, no entanto ao
buscarmos na história humana ações e soluções, conseguimos
verificar ciências e técnicas esquecidas. Foi assim com Luciana
Duranti (1989) que trouxe aos nossos dias a renovação da
diplomática, que está agora aplicada à realidade digital, por meio
da Diplomática Arquivística Contemporânea.!
Neste sentido, e ante os desafios apresentados aos
arquivos para os tempos digitais, cabe à ciência e à tecnologia não
só criar novas soluções, mas também adaptar técnicas e métodos
consagrados, a fim de responder ao desígnio de sermos lembrados
no futuro.
Se o esquecimento é um direito comparado à memória, a
preservação de nossos registros digitais em rede e nas instituições
também merece ser trabalhada contra seu potencial de perda alto.
A memória é uma obrigação que o profissional da informação
atende diretamente, e para os arquivistas, esta é uma vocação
nata.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
A arquivonomia ou arquivoeconomia, dependendo a
língua original e região continental, mas também identificada
como Arquiventendência ou Tecnologia Arquivística (PEREIRA,
1978) foi uma disciplina muito utilizada no início do século XX
para destacar a importância da implantação de arquivos e da
escolha de seus equipamentos.
Por tratar de implantação e melhoria de estruturas físicas
de arquivos, por muito tempo foi estudada e difundida pelos
profissionais da documentação.
Com o aumento no foco na demanda por gestão de
documentos, este entra como um novo afazer do arquivista, além
de um papel de destaque para a ciência, com elementos básicos
elaborados a partir de Schellenberg (1973) e reforçada por
Rousseau e Couture (1998).
Neste interim, a estruturação de arquivos representado
pela Arquivonomia, uma especialidade dentro da arquivística,
acabou sendo relegada, com outros profissionais definindo
requisitos para prédios, instalações e arranjo físico. Conforme
Prado (1965), a Arquivoconomia!(a grafia que vamos adotar) é o
conjunto de determinações e conhecimentos para
instalar,!organizar e administrar as estruturas de arquivos.
Esse livro vai abordar aos principais itens que formam as
técnicas da arquivoconomia, objetivando verificar, por meio de
analogia, sua aplicação para a realidade digital.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Esta realidade onde as instituições que surgem orientadas
a utilizar menos papel por meio de processos de Transformação
Digital e que iniciam a implantação de sistemas digitais de gestão
de informação e arquivos, objetivam também reforçar, assim, a
confiança na cadeia de custódia dos documentos digitais, além de
ser obrigado a realizar a gestão da informação e de conteúdo.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
2 DEFINIÇÕES DE
ARQUIVOCONOMIA
Nos primórdios da arquivologia científica, antes mesmo
do Manual dos Holandeses, um marco para a consideração da área
como ciência (publicado em 1898 por três arquivistas holandeses,
Samuel Muller, Johan Feith e Robert Fruin).
Nos primórdios da arquivologia, antes mesmo do Manual dos
Holandeses, um marco para a consideração da área como ciência,
publicado em 1898 por três arquivistas holandeses, Samuel Muller, Johan
Feith e Robert Fruin, José Morón ainda em 1879, considerava
a Arquivonomia como o "tratado teórico-práctico del orden que debe
observarse en los archivos para su arreglo, conservación y servicio”.
Antes disso, cerca de duas décadas, José Morón, em 1879,
considerava a Arquivonomia como o "tratado teórico-práctico del orden
que debe observarse en los archivos para su arreglo, conservación y
servicio". E
Assim a Arquivoconomia de Morón é um tratado
metodológico de implantação de arquivos, para ordenar, conservar
e prestar adequadamente o serviço de custódia e conservação de
documentos.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Porém quem de fato desenvolve o conceito, cinquenta
anos depois de Morón, é o italiano Eugenio Casanova. Em seu
tratado Archivistica, publicado em sua segunda edição de 1928, o
mesmo inicia, já na página 9 de sua obra, destacando que a
Arquivoconomia trata da construção do arquivo e da estruturação
de seu escritório, a “Costruzione dell’archivio e Arredamento degli
uci” (CASANOVA, 1928, p. 9).
Na sua obra, Casanova (1928) desdobra o conceito de
Arquivoconomia, destacando que se observa que, em todos os
momentos, o arquivo é o lugar onde se destina e onde são
armazenados os atos registrados, e pode, na sua visão, de alguma
forma ser dito que o arquivo é o fim para estes atos.
O autor, para distinguir na Arquivística as três principais
divisões do assunto em discussão, dividiu nos seguintes “1. A
administração externa do arquivo geral, ou em uma palavra, a
arquivoconomia; 2. A ordem interna dos atos, arquivística pura;
3. Serviço e a natureza jurídica do arquivo” (tradução nossa)
Casanova (1928, p. 25-26).
Segundo Albuquerque (1972) Arquivística é a teoria do
arquivo. Envolve a conservação, classificação e informação do
material, enquanto que a!Arquivonomia é a técnica de arquivo
apoiada sobre os princípios de ordem material e de atividades de
um arquivo. Para o autor, ainda há a Arquivologia, que é o estudo
da administração e organização dos arquivos. Outro autor, Prado,
afirma que a Arquivoconomia!é o conjunto de determinações e
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
conhecimentos para instalar,!organizar e administrar os arquivos
(Prado,1965).
Para Heredia Herrera (1987) ao discorrer sobre o termo
Arquivística na realidade ibérica afirma que “até bem pouco
tempo, um pouco mais de trinta anos atrás, entre nós (os
arquivistas) priorizava-se o nome de Arquivologia ou
Arquivonomia e que havia algumas subdivisões como a
arquivoeconomia, tomada dos italianos e que fazia alusão a
questões relacionadas com instalações, edifícios e administração
(ou gestão da estrutura) (HEREDIA HERRERA, 1987,!p. 21,
tradução nossa).
Mais adiante a autora cita que Antonio Matilla Tascón,
ao tratar da Arquivística em seu trabalho a subdivide em
Arquivoconomia (conceitos, princípios, organização e descrição) e
Arquivintendência (instalação, materiais, administração). A
autora ainda cita Aurelio Tanodi, da Argentina, que distingue
entre a Teoría Arquivística (conceitos gerais e história dos
arquivos.), Arquivoeconomia (aspectos materiais: conservação,
restauração, edifícios) e Arquivonomia (organização y descrição e
legislação) (HEREDIA HERRERA, 1987, p. 41).
Já Prado (1970, p. 11-15) define a Arquivoconomia
como sendo as determinações e conhecimentos para a guarda,
instalação e administração do arquivo, cita a Arquivocologia como
o termo utilizado para definir o estudo sobre os arquivos da
antiguidade e a Arquivística como a técnica de
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
classificação,!organização,!guarda, conservação e localização dos
documentos.
Em relação a estes conceitos, Pereira (1978), numa
aproximação que iremos usar neste trabalho, afirma que a
Arquivoeconomia, também chamada Arquivintendência ou
Tecnologia Arquivística, trata do aspecto dinâmico dos arquivos,
seu funcionamento e administração e possui o foco na: 1 -
Construção e localização de arquivos; 2 - Conservação e defesa de
todos os materiais e peças arquivísticas; 3 - Proteção e
preservação de todos os materiais e documentos, em que se dirige
o ataque aos agentes destruidores, quer físicos, quer bioquímicos;
4 - Restauro; 5 - Reprografia (cópias ou reproduções por meio de
fotografia, microfilmagem, filme, xerocópia, etc.). Para o autor, a
Arquivoeconomia trata, numa palavra, de todo funcionamento e
administração de um arquivo (PEREIRA, 1978).
Para Aldabalde (2015, p. 99) numa nota explicativa
sobre o termo Arquivoconomia em sua tese de doutoramento,
afirma que Casanova denomina em sua obra e resume no termo o
que diz respeito à administração geral externa do arquivo, ou seja,
à construção da estrutura predial, a concepção do projeto para
acomodar um acervo e a identificação dos melhores meios para a
manutenção do espaço. Para isso, Casanova fornece, segundo o
autor, as principais regras sobre armazenamento, higiene,
materiais adequados, disposição das áreas, instalações de
segurança, acondicionamento e disposição das estruturas como
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salas ao público, protocolo, biblioteca auxiliar, portaria,
laboratório de restauro, reprografia, depósito dos fundos,
gabinete fotográfico, espaço para exposição de interação com o
público e escola de diplomática, paleografia e doutrina
arquivística.
Para este trabalho, e considerando os usos e variações
apresentados, utilizaremos o termo Arquivoconomia como uma
área de especialização da área da ciência arquivística (HEREDIA
HERRERA, 1987), responsável por definir a construção,
funcionamento e administração de arquivos (PEREIRA, 1998),
focada na definição e administração do arquivo e em sua
estruturação (CASANOVA, 1928), tratando, assim, de sua
implantação ou da melhoria de arquivos. Arquivoconomia!é,
desse modo, o conjunto de determinações e conhecimentos para
instalar,!organizar e administrar os arquivos (PRADO, 1965).!É,
portanto, a concepção do projeto para acomodar um acervo e a
identificação dos melhores meios para sua manutenção
(ADABALDE, 2015). Em suma, é possível dizer que a
Arquivoconomia é a técnica e os métodos adequados a serem
empregados na estruturação de serviços de arquivo, sejam eles
físicos ou digitais.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
3 ARQUIVO PARA CASANOVA
Para Casanova, mesmo um depósito modesto de atos
podem levar o nome de arquivo, desde que mantenha a indicação
de como se formou o depósito, a fim de merecer a confiança
pública, e que, finalmente, os arquivos geralmente podem conter
cópias, versões, e vias impressas de documentos (CASANOVA,
1928, p. 15). Aqui é possível fazer uma primeira analogia, ao
transportar esta visão para os tempos atuais, onde cada rede
institucional de computadores possui um repositório central (um
servidor) que, dependendo de como for tratado, principalmente
pela área de TI (tecnologia da informação), pode vir a tornar-se
um Arquivo Digital, desde que seguindo os estandartes da área.
Casanova defende uma visão completa de arquivo,
precedendo uma visão integrada da gestão à coleção final,
acreditando que os a atos podem ser de uma entidade diferente
do Estado. Ou seja, já naquela época o autor via as organizações e
empresas como instituições complexas e com uso de informações.
Ele afirma que o escritório de registros (o protocolo, por
analogia) deve ser algo diferente do arquivo. Eugenio questiona
se o registro e a entrega de documentos, com sua trilha de
entrada à saída, seria uma característica inteiramente separada da
distribuição e conservação do mesmo (CASANOVA, 1928, p. 13).
Para o autor, uma das funções mais importantes do arquivo é
também cultural, de expressar a característica de uma instituição
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
ou estado, apesar de reforçar a característica da “fé inquestionável
diante do povo” (CASANOVA, 1928, p. 14, tradução nossa), ou a
fé pública aplicável aos arquivos.
Foi Casanova o primeiro a formular o conceito utilizado
até hoje para o que se considera arquivo, atualizado por Luciana
Duranti a nível internacional e por Heloisa Belloto a nível
nacional no Brasil: “O arquivo é a coleção ordenada de atos de
uma instituição ou indivíduo, estabelecida durante o curso da sua
atividade e preservado para atender a objetivos políticos, aspectos
legais e culturais dessa entidade ou indivíduo".
Com pouca variação, esta é praticamente a definição
utilizada no Brasil pela CTDE do CONARQ (2009) em Glossário,
que expõe: “Arquivo (Fundo): Conjunto de documentos
produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou
privada, pessoa ou família, no desempenho de suas atividades,
independentemente da natureza do suporte”. Casanova (1928, p.
14, tradução nossa) considerava esta definição “adequada tanto
para registros públicos, de carácter geral ou especial, como nos
privados”.
Para abordar as idades diferentes de documentos, de
acordo com o autor, deve-se considerar os documentos originários
do ativo e originados durante o curso dos negócios de uma
entidade ou indivíduo, admitindo, assim, diferentes idades.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Isto justifica a Confiabilidade, porque segundo Casanova
(1928, p. 20), nesse período de tempo, e só nele, a entidade ou
pessoa é competente por sua custódia. Portanto tudo que ele
produz (e documentado) em sua esfera de ação, adquire caráter
de autenticidade, que é essencial para garantir que seu
documento gerado na ação pode ter a fé de terceiro e garantir
direitos à posteridade. Neste momento a entidade ou indivíduo
ainda pode executar outras ações, portanto isso será qualificado
como arquivo, dada a especificidade das ações que ligam esses
atos.
Ao falar dessa diversidade de arquivos produzidos e
acumulados, Casanova aborda os arquivos mortos e os arquivos
vivos, desta forma estabelecendo uma primeira divisão por idade
(corrente e permanente). Ou seja, possivelmente a tradição
brasileira de chamar arquivo permanente de arquivo morto tenha
sido influenciado pelo uso deste conceito no estado italiano no
período de sua consolidação.
Segundo o autor, o arquivo estabelece uma definição no
sentido lato, o que evidencia a sua função em todos os momentos,
em todos os lugares, para todos e, a partir desta concepção geral
derivam as particularidades de coleções individuais de atos, de
arquivos individuais, que os distinguem um do outro. Segundo o
autor, os documentos prosseguem por conta própria e separados
de qualquer outro tipo de cobrança; eles são altamente móveis no
seu conjunto e nas suas partes para satisfazer as necessidades de
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
serviço. Para este arquivista, os arquivos mortos já não têm
qualquer relacionamento com os vivos se não for apenas
histórico.
No entanto, para Casanova (1928, p. 21-22), os arquivos
mesmo históricos estão vivos, portanto, os arquivos de
instituições ou pessoas existem e nos permitem testemunhar as
origens e conduta da coleção. O protocolo ou secretariado
cessaram e desapareceram, assim como a administração da qual
fazia parte. Porém, eles persistem na integridade, contando uma
história, apesar de terem deixado seus criadores e pode
permanecer isolado ou em conjunto com outros arquivos
semelhantes.
Segundo Casanova (1928), a necessidade de consultá-
los, sem nunca desaparecer, portanto, torna-se cada vez mais raro
com o passar do tempo, porém, para o negócio, é necessário
conhecer como norma, para a repetição de processos como
ocorreu anteriormente, evidenciando uma aproximação da área
com as ciências administrativas que estavam se desenvolvendo à
época e que apostava no fordismo e taylorismo como forma de
produção em massa.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
4 ESTRUTURA DA
ARQUIVOCONOMIA
A arquivoconomia ganha importância ao apoiar a
arquivística naquilo que mais importa: a permanência da
informação registrada no documento durante o tempo. Para
Casanova (1928, p. 25, tradução nossa) este seu carácter de
permanência, de durabilidade é a base sobre a qual se ergue a
arquivística, ou seja, a ciência dos arquivos.
Neste sentido, para dar suporte ao longo do tempo ao
que o autor identifica como fundo (a acumulação natural e
orgânica dos atos custodiados), ele identifica três grandes divisões
dentro da Arquivística, a primeira seria a administração geral do
arquivo, ou arquivoconomia, a ordem interna dos atos, ou seja, a
Arquivística pura e o serviço e a natureza jurídica do arquivo.
Casanova, em seu livro Archivistica de 1928 dedica a
primeira parte à Arquivoconomia e a segunda parte de seu livro à
Arquivística pura. Quanto à Arquivoconomia, dividiu-a em 04
partes, (1) construção de arquivo, (2) arquitetura de interiores
(mobiliário), (3) arquitetura dos escritórios (distribuição dos
espaços) e (4) higiene e manutenção das instalações e
restauração.
Ao tratar de construção de arquivo (1), Casanova
discorre sobre como escolher a melhor localização, o processo de
construção, forma e layout interno das instalações e, ainda, Ar e
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
luz. Ao tratar da arquitetura de interiores (2), define o processo
de escolha de prateleiras, as estantes metálicas, a sala especial e
armários. Ao definir a arquitetura dos escritórios (3), define-se a
sala de pesquisa, protocolo, estúdio fotográfico, cópias, processos
de depósito e laboratório de restauração. Ao abordar a higiene e
manutenção das instalações e mobiliário especial (4), destaca o
processo de preservação na ação contra a poeira, os parasitas, e a
flora e fauna dos arquivos. Ao final, trata da restauração de
documentos e os métodos de emprego e métodos de restauração e
revitalização de caracteres. Aborda, ainda, as intempéries com
causa voluntária e causas acidentais.
Quadro 1 – Partes da Arquivoconomia por Casanova (1928)
Fonte: Adaptado de Casanova (1928).
Em relação à construção (1), segundo Casanova (1928),
raramente os arquivistas têm a oportunidade de exercer suas
atividades em prédios recém-construídos. Primeiro de tudo,
segundo o autor, à época, na maioria dos países, era negado a
interação entre o arquivista e atividade de construção de prédios
públicos. Ao falar sobre o design dos escritórios, afirma que o é
oportuno fornecer tudo o que pode ser útil e conveniente, sem
(1) construção de arquivo;
(2) arquitetura de interiores (equipamento das instalações);
(3) arquitetura dos escritórios (distribuição dos espaços);
(4) higiene e manutenção das instalações: conservação e restauração.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
forçá-lo a se mover constantemente e perder tempo,
demonstrando preocupação com a usabilidade e eficiência.
Na prática, a preocupação com as etapas da
Arquivonomia que Casanova tinha à época hoje, em parte, é
abarcada pela função Preservação (Rousseau; Couture, 1998). No
entanto havia uma preocupação com a eficiência para a realização
de atividades, possivelmente influenciado pelo fordismo e o
desenvolvimento da administração tão propagado no período.
Conforme o conceito de Prado, a Arquivonomia trata das
determinações e conhecimentos para a guarda, instalação e
administração do arquivo, iremos projetar estas definições para
ambientes digitais arquivísticos, ou plataformas de gestão de
arquivos.
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
5 A CONSTRUÇÃO DO ARQUIVO
DIGITAL:
as Plataformas Digitais Arquivísticas de Gestão,
Preservação e Acesso
O conceito de Plataforma Digital é amplo o bastante
para comportar toda iniciativa eletrônica que envolva informação,
em relação à internet das coisas, por exemplo, faz com que fique
mais evidente ainda sua realidade. Conforme Rockembach (2013,
p. 95) “as plataformas digitais são mais do que simplesmente o
suporte da informação, envolvem maior dinamicidade,
virtualidade, interatividade, ubiquidade e disseminação, se
comparadas com os suportes analógicos”.
A plataforma talvez seja um conceito amplo o suficiente
para comportar a estrutura tecnológica de um arquivo digital.
Assim, a plataforma digital com um sistema de gestão e
preservação arquivístico interessa no âmbito de uma
arquivoconomia atualizada para o digital. Com ela é possível
imaginar a gestão documental, como também a migração de parte
deste conjunto documental para uma zona intermediária de
preservação digital para, então, ser internalizada como
documento arquivístico permanente num repositório especifico
para isto, sendo disponibilizado para consequente difusão.
CHARLLEY LUZ
32
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Para Casanova (1928, p. 34) havia a necessidade para o
escritório do arquivo da separação total das instalações, com o
depósito onde são recolhidos atos. Para ele, é conveniente
escolher o local nos arredores da cidade para a construção de
armazéns para os atos, mas no centro era onde deveria se colocar
os escritórios.
Eugênio afirma que um arquivo centralizado fica
próximo aos mais modernos meios de comunicação e transporte,
oferecendo a mais ampla acessibilidade ao público de partes
interessadas e pesquisadores e a oportunidade de conhecer de
forma suficientemente rápida às suas preocupações de consulta,
ou de uma transcrição do processo preservados em outros
lugares. Na visão de Casanova, é possível considerar a estrutura
de um sistema de arquivos, mesmo em localizações afastadas.
Sistema talvez seja um termo interessante para imaginar
uma forma para planejamento da construção do arquivo, de sua
conservação e guarda definitivos. Para Quisbert (2006) um
Sistema de informação, no sentido amplo, é como a totalidade de
todas as atividades formais e informais de representação de dados
e de processamento dentro de uma organização, incluindo a
comunicação vinculada, tanto internamente quanto com o mundo
exterior. Já Sistema de Informação, em sentido estrito, com
subsistemas baseados em computação, são destinados a fornecer
o registro e apoio aos serviços de operação e gestão
organizacional.
CHARLLEY LUZ
33
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Sistema de informação é uma entidade complexa e
organizada e que capta, armazena, processa, fornece, usa e
distribui informação conforme Robredo (2003). O sistema deve
incluir os recursos organizacionais relacionados, tais como os
recursos humanos, tecnológicos e financeiros. “É de fato um
sistema humano, que inclui provavelmente recursos
computacionais para automatizar determinados elementos do
sistema”, alega Robredo (2003, p. 110).
Para Ruesta (2012, p. 8) ao abordar o conceito de
sistema, afirma que o termo “embora se possa discutir com
muitos argumentos, as TICs (Tecnologias da Informação e
Comunicação) apropriaram-se do termo e a maior parte das
pessoas interpreta sistema como sistema de informação ou
aplicação informática”, destaca a autora.
Alguns importantes princípios epistemológicos e
ontológicos para sistemas de informação de arquivo são
determinados, e quem lidar com Sistemas de Informação de
Arquivo está lidando em tornar a informação digital gravada
acessível, como descreve Quisbert (2006). Para o autor, os
registros são entidades lógicas ao invés de entidades físicas. O
autor afirma, ainda, que a compatibilidade é possível por meio de
atitude aberta e padrões abertos. Por fim, a acessibilidade e a
preservação em longo prazo devem esticar a longevidade dos
registros ao longo do tempo-espaço.
CHARLLEY LUZ
34
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Ao definir Sistemas de Informação de Arquivo Quisbert
(2006) afirma que poderia ser definido como sistemas de
processamento de informações que servem qualquer organização
e que tem a responsabilidade, ou a necessidade, de preservar e
tornar a informação acessível a uma comunidade designada ao
longo do tempo. Tal função é possível pela manutenção do
Archival bond que garante a autenticidade da cadeia de custódia.
Numa visão mais ampliada em relação ao conceito de
Sistema de Gestão Documental, Ruesta (2012, p. 9) acredita que
os sistemas de gestão definem-se como o conjunto de elementos
interrelacionados ou que interagem numa organização com o fim
de estabelecer políticas e objetivos, bem como os processos para
os alcançar”. E mais adiante tal conceito é aplicado em relação às
TIC, segundo o qual “as aplicações que se comercializam ou se
desenvolvem para gerir os documentos eletrônicos também são
designadas muitas vezes por sistemas de gestão documental”.
Cabe ainda destacar que o termo Sistemas de Arquivos
tem amplo uso na área arquivística e de forma polissêmica.
Segundo Feitoza e Silva (2012, p. 41), o termo Sistema de
Arquivo “é comumente utilizado como órgãos de ascendência
técnica e como estratégias; como métodos que facilitam o
arquivamento de documentos e como redes de arquivos”.
Sabemos que a estrutura de gestão e de preservação de
um sistema de arquivos devem ser diferentes, porém contínuo,
por isso temos o modelo de implantação de um Repositório
CHARLLEY LUZ
35
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Arquivístico Digital Confiável (RDC-Arq) responsável por
preservação integrado a um Sistema Informatizado de Gestão
Arquivística de Documentos (SIGAD), conforme a Orientação
Técnica n.º 3 de novembro de 2015, da Câmara Técnica de
Documentos Eletrônicos do CONARQ.
A condição para a existência do SIGAD é, de fato, a
utilização de instrumentos de gestão antes mesmo de um sistema
informatizado. “O sucesso do SIGAD dependerá
fundamentalmente da implementação prévia de um programa de
gestão arquivística de documentos”, é o que diz o e-ARQ Brasil
(modelo de requisitos de sistemas para a gestão arquivística de
documentos) quando fala no SIGAD (CONARQ, 2011), ou seja, o
planejamento da gestão e da estrutura da informação é primordial
para desenhar um sistema de gestão e preservação de documentos
arquivísticos.
Imagem 1 - Plataforma de Sistemas de Arquivo
Fonte: O autor.
CHARLLEY LUZ
36
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Planejar este sistema, com seus componentes de
aplicações é construir o arquivo da atualidade, dessa vez de forma
digital e garantindo a conexão por meio de diferentes formas de
acesso e difusão.
CHARLLEY LUZ
37
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
6 ARQUITETURA DE
INTERIORES:
equipamentos (requisitos) para a
Guarda Permanente
Em sua obra, Casanova fala da estrutura (arredamento) da
Sala de Arquivo e do Escritório, divide os requisitos para
preservação e custódia e os de atendimento (Arredamento dei locali
e Arredamento degli uci). Nesta parte de sua obra, aborda a
Arquivoconomia como uma técnica para controlar a segurança, a
conservação e acesso aos documentos. Ao estabelecer os
requisitos para a sala do arquivo (arredamento dei locali). Casanova
fala da estrutura da Sala de Arquivo e do Escritório, divide os
requisitos para preservação e custódia e os de atendimento.
Assim, os requisitos de segurança, de acesso e de
arquivamento (arranjo físico) podem ser comparados com o
trabalho na construção dos Repositórios Digitais Confiáveis
Arquivísticos (RDC-Arq). Com o RDC-Arq se utiliza um
ambiente de custódia definitiva que herdará os pacotes de
informação e documentos fixos. Estes pacotes, igual aos pacotes
de documentos físicos recolhidos, devem ser descritos utilizando
os padrões arquivísticos e são considerados os documentos
permanentes digitais, assim que transformados em pacotes de
arquivamento.
CHARLLEY LUZ
38
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Este modelo que garante a confiança de um sistema
informático de Arquivo engloba a responsabilidade pelo
repositório, o processamento técnico, a independência de
repositórios e as garantias de interoperabilidade. Com base na
resolução do CONARQ n.º 43 (2015) chamada “Diretrizes para a
Implementação de Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis
- RDC-Arq”, que atualizou a resolução n. 39 de 2014, verifica-se
que a o repositório poderá ser capaz de preservar a sua
integridade, como podemos ver a seguir:
Quadro 2 – Características de um RDC-Arq
Fonte: LUZ (2016).
Esta recomendação estabelece os princípios para a
preservação digital, a fim de garantir o acesso de longo prazo aos
documentos arquivísticos autênticos, o que implica na adoção de
alguns procedimentos. Por exemplo, um RDC-Arq deve ser capaz
Responsabilidade
pelo repositório
Compartilhada por profissionais de arquivo e de
tecnologia da informação;
Cumpri r os requ isit os tecno lógicos e os
procedimentos do tratamento arquivístico.
Tratamento
arquivístico
Capaz de organizar e recuperar os documentos,
de forma a manter a relação orgânica entre eles,
Organização a partir de um plano de classificação
de documentos;
Descrição multinível, de acordo com a norma
internacional para descrição arquivística.
Independência dos
repositórios
Um repositório digital deve ter independência;
Seu funcionamento e o acesso aos documentos
o p odem de p ender da s aplica ç õ es que
funcionam em conjunto com ele.
Interoperabilidade
Conformidade com as normas e padrões
estabelecidos;
Níveis de interoperabilidade com outros
repositórios digitais e sistemas informatizados que
tratam de documentos arquivísticos.
CHARLLEY LUZ
39
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
de atender aos procedimentos arquivísticos em suas diferentes
fases, e aos requisitos de um repositório digital confiável.
Estes requisitos pressupõem que a autenticidade dos
documentos arquivísticos digitais esteja sob ameaça no momento
da transmissão em rede (entre pessoas e sistemas) e em relação à
linha de tempo (atualização e/ou substituição de hardware ou
software usados para armazenar, processar e comunicar os
documentos). Como afirma o CONARQ, é necessário considerar
que a preservação digital é um processo contínuo, que começa na
concepção do documento (CONARQ, 2015).
CHARLLEY LUZ
40
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
7 ARQUITETURA DOS
ESCRITÓRIOS (DISTRIBUIÇÃO
DOS ESPAÇOS)
Da mesma forma que Casanova discorre sobre a
estruturação dos requisitos de segurança para o arquivo
permanente histórico, na segunda parte do Arquivoconomia o
autor destaca a estrutura que deve ter o escritório, ou Uci, com a
sala de pesquisa, a biblioteca, a sala para exposições, protocolo, o
escritório de cópias, estúdio fotográfico, oficina de restauro e
chegar até a citar a necessidade de ter uma escola vinculada ao
arquivo, capaz de propor cursos de paleografia, diplomática, entre
outros.
Um ponto de destaque neste capítulo de Casanova foi a
estruturação da Calco Sigili, ou (Molde de Selo, tradução nossa).
Seria um serviço de reprodução onde seria possível, por meio de
um molde de selos, autenticar documentos reproduzidos.
Trazendo para os dias de hoje, seria uma forma de autenticar
documentos, como a assinatura digital.
Em relação à informação digital, esta alterou a relação
dos indivíduos com a busca de conhecimento e informação,
tornando-o um ser informacional. A mediação é realizada
diretamente pelos usuários, exigindo esquemas intuitivos de
classificação e de recursos de navegação em interfaces. Além
disso, a informação arquivística ainda terá uma classificação
CHARLLEY LUZ
41
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
conforme a função e atividade que a gerou, ou seja, haverá nesta
estrutura as informações de seu contexto de criação.
Conforme Ribeiro (2005, p. 10), “com a internet
criaram-se possibilidades de uma consulta à distância em fracções
de segundo sobre volumes incomensuráveis de informação, o que
alterou, radicalmente, os comportamentos de pesquisa, os perfis
dos utilizadores e as necessidades de informação, agora à escala
planetária”. Ao planejar um Arquivo Digital, esta amplitude deve
estar prevista, pois a interface dará acesso ao usuário, seja ele
pesquisador ou só um cidadão exercendo seu direito de acesso à
informação.
Em relação ao acesso, deve-se dar atenção aos processos
descritivos, incluindo a descrição multinível do acervo (ISAD-G –
International Standard of Archival Description - ou NOBRADE,
Norma Brasileira de Descrição Arquivística), além disso, a
descrição do originador (ISAAR-CPF - Norma internacional de
registro de autoridade arquivística para entidades coletivas,
pessoas e famílias) e a informação do custodiador (ISDIAH -
Norma internacional para descrição de instituições com acervo
arquivístico). A representação do conhecimento também ocorre
no sistema arquivístico (tanto na classificação, como no arranjo e
descrição arquivística). Os serviços de informação de arquivos,
por custodiarem a informação orgânica e representar a estrutura
funcional das instituições, necessitam ter metadados para
CHARLLEY LUZ
42
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
representar fidedignamente a informação contida, mantendo a
autenticidade por meio da manutenção de cadeia de custódia.
Para Alves (2010), a catalogação nasceu da necessidade
de estabelecer regras para a construção de catálogos, porém, foi
sendo desenvolvida e aprimorada, tornando-se uma metodologia
para processamento e tratamento descritivo e temático da
informação. Ao longo do tempo, utilizou-se das tecnologias
disponíveis em cada época como forma de aprimorar o processo
de representação, com o intuito de facilitar a recuperação e
disseminação dos recursos informacionais.
Parte do processo de organização da informação digital
nada mais é do que evidenciar a essência informacional de cada
registro, aplicando técnicas de catalogação e estabelecendo o
processo de descrição e de indexação por meio de metadados e,
assim, garantindo sua preservação. Esse tratamento da
informação é objeto de trabalho dos profissionais da informação,
incorporando, assim, estas duas dimensões no processo
(catalogação e descrição).
A difusão ou acesso se!refere à acessibilidade do
documento. Não se restringe ao acesso, mas também à
proliferação das informações contidas nos documentos (ao que se
considera a oferta de informação). Acesso e Divulgação das
informações contidas nos documentos. Devemos considerar,
ainda, que este acesso se dá cada vez mais por outros tipos de
serviços que não mais são “serviços de arquivo”, pois um
CHARLLEY LUZ
43
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
executivo pode tomar uma decisão num sistema de workflow
(fluxo de trabalho) que está em seu celular, acessado através de
um aplicativo. Ou seja, as informações de arquivo e seus
documentos estão diluídos nos ambientes digitais e presente de
diversas formas em diversas plataformas.
Casanova (1928) também destaca requisitos de
usabilidade e ergonomia e acessibilidade em seu livro, destacando
diferentes perfis, afirmando que o arquivo é, no entanto, ainda
frequentado por público que não quer estudar, mas sim obter
documentos para os títulos e em apoio a seus argumentos ou
alegações. Para isso, o autor afirma que ele é recebido num
segundo quarto, separado do primeiro e chamado de leitura ou de
investigação (CASANOVA, 1928, p. 59). Novamente se nota a
preocupação com segurança, mas também uma preocupação para
que a arquitetura do lugar possibilite o atendimento e o processo
de obtenção de informação ou prova.
Neste sentido, Louis Rosenfeld e Peter Morville, (2006),
dois grandes autores da área de Arquitetura de Informação,
definem ela como um sistema com quatro sistemas
interdependentes, que são os sistemas de organização, de
navegação, de rotulação e de busca. Assim, os autores definem a
Arquitetura de Informação como o design estrutural de ambientes
de informações compartilhadas; A organização, rotulagem, de
pesquisa e de navegação; a arte e a ciência de moldar produtos e
experiências de informação para apoiar a usabilidade,
CHARLLEY LUZ
44
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
encontrabilidade e compreensão; uma disciplina emergente e
comunidade de prática focada em trazer princípios de design e
arquitetura para interface digital.
Assim, ao planejar um Serviço Digital de Arquivo, é
necessário considerar a Arquitetura de Informação como uma
ferramenta na definição de interfaces de relacionamento, seja com
o usuário final, seja com o público interno (Casanova destaca que
é necessário um escritório salubre para o arquivista).
CHARLLEY LUZ
45
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
8 HIGIENE E MANUTENÇÃO
DAS INSTALAÇÕES:
CONSERVAÇÃO E
RESTAURAÇÃO
Outro ponto de destaque na parte sobre
Arquivoconomia em sua obra Arquivística, para Casanova (1928)
foi a questão da conservação e, portanto, preservação. Em que
pese toda parte estrutural da Arquivoconomia ter destacado a
importância de cada equipamento para atender aos requisitos de
confiabilidade da custodia, a preservação também se fez presente
na escolha adequada dos materiais e na distribuição do escritório
de forma a garantir segurança.
Na sua obra, Casanova (1928) fala da higiene e
manutenção das instalações e mobiliário especial, do perigo do pó
(poeira) nos arquivos, dos parasitas arquivos (flora e fauna), além
disso destacou parte para abordar o papel, as recolhas de
documento, a restauração de documentos (e seus métodos), além
da eliminação segura (destruição dos arquivos). E o aspecto de
segurança também se faz presente em seu texto.
De tal modo, para encerrar o momento de comparação
da Arquivoconomia com a realidade digital, é necessário
considerar que a preservação digital é um processo contínuo, que
começa na concepção do documento (CONARQ, 2015). Segundo
LUZ (2016, p. 56) “um ponto importante para ressaltar é que a
CHARLLEY LUZ
46
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
autenticidade dos documentos arquivísticos digitais tem por base
os procedimentos de gestão e preservação, além da confiança
tanto no repositório como no órgão responsável pela guarda
desses documentos”. Dessa forma, a criação de manuais e
políticas de preservação registrados no repositório digital apoiam
a presunção de autenticidade dos documentos, assim como o
registro em metadados das intervenções de preservação em cada
documento apoia a presunção de autenticidade desses
documentos (CONARQ, 2015).
Já Margatreth Hedstrom (1998) define a preservação
digital como o planejamento, alocação de recursos e aplicação de
métodos de preservação e tecnologias necessárias para assegurar
que a informação digital de valor permanente continue a ser
acessível e utilizável. A autora usa intencionalmente o termo
"contínuo" ao invés de valor "permanente", para evitar tanto o
absolutismo.
Dessa forma, é uma linha de tempo a ser mantida. Para
arquivo, isto inclui uma cadeia de custodia ininterrupta e que
registre por meio de metadados e anotações as alterações,
migrações e restaurações realizadas nos documentos eletrônicos.
Para a autora, a preservação digital acrescenta um novo conjunto
de desafios para bibliotecas e arquivos na tarefa existente de
preservar um legado de materiais em formatos diferenciados.
Para Hedstrom (1998), ao profissional da informação o
mais desafiador do que a deterioração da mídia é o problema da
CHARLLEY LUZ
47
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
obsolescência em tecnologias de recuperação e reprodução. A
inovação nas indústrias de hardware de computador, de
armazenamento e de software continuam num ritmo rápido,
geralmente produzindo maiores capacidades de armazenamento e
processamento a um custo menor. Dispositivos, processos e
software para gravação e armazenamento de informações estão
sendo substituídos por novos produtos e métodos em um ciclo de
três a cinco anos regular, impulsionado principalmente pelas
forças do mercado.
A mesma preocupação em preservação é vista em
Casanova (1928). A Arquivoconomia funciona para planejar as
melhores condições de guarda e armazenamento dos documentos
arquivísticos, planejando arquivos eficientes e que reforcem a
confiabilidade na autenticidade documental. Casanova (1928, p.
429) destaca que o arquivista preserva os documentos primeiro
para um uso legal e depois um uso cultural.
A esta altura o autor elenca as legislações que à época
obrigavam a conservação de documentos históricos, porém
mesmo para a preservação digital já temos legislação. No Brasil,
além das normas que vimos sobre RDC-Arq e outras em relação à
arquivos e documentação, o Conselho Nacional de Arquivos,
publicou a Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico
Digital em 2004 (CONARQ, 2005). A principal questão da carta é
“preservar para garantir o acesso” e seu conteúdo foi inspirado
em carta semelhante da UNESCO (2003).
CHARLLEY LUZ
48
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
9 ETAPAS DA
ARQUIVOCONOMIA E
COMPARAÇÃO COM
PLANEJAMENTO DIGITAL
Para trazer à tona as principais características de
planejamento e de definição de um arquivista na construção de
seu arquivo (hoje digital) escrevi este livro.
Esse foi um exercício de analogia e comparação entre a
tecnologia existente à época de Casanova, que aliás ele detalha
muito bem ao longo da parte de seu livro onde apresenta a
Arquivoconomia e com as tecnologias atuais.
O resultado é que, aparentemente, neste processo
empírico não foi preciso criar nenhuma etapa que já não havia
sido prevista pelo autor de Archivistica.
Quis evidenciar o uso atualizado de uma disciplina já
existente. Para tanto, como resultado final, o quadro a seguir
mostra os elementos das etapas da Arquivoconomia utilizados
por Casanova (1928) em sua obra Archivistica e o relacionamento
que foi construído durante o texto, com os elementos de
planejamento digital, tanto tecnológico como informacional:
CHARLLEY LUZ
49
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Quadro 3 – Etapas da Arquivoconomia e comparação com
Planejamento Digital
Fonte: O autor.
Ao resgatar uma disciplina da Arquivística que, com o
passar dos anos diminuiu seu inte
resse de pesquisa, mostramos que é possível atualizá-la,
nem que seja traçando paralelos entre sua técnica inicial
CHARLLEY LUZ
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Etapas&da&Arquivoconomia
Planejamento&Tecnológico&ou&
Informacional
(1)$Construção$de$Arquivo
De5inição$de$plataforma$
tecnológica:$de5inição$de$
sistema$informatizado$de$
arquivo.
(2)$Arquitetura$de$Interiores$
(Arquivo)
Estrutura$do$ambiente$de$
gestão,$preservação$e$
difusão.$Requisitos$técnicos$
para$atender$às$demandas$de$
arquivamento$(RDC-ARQ).
(3)$Arquitetura$dos$
Escritórios$(Distribuição$dos$
Espaços)
Serviços$online,$aplicativos,$
tomada$de$decisão.$$
Arquitetura$de$Informação.
(4)$Higiene$e$Manutenção$
das$Instalações:$Conservação$
e$Restauração
Preservação$Digital.
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
estabelecida e a realidade já verificada na tecnologia da
informação e pela Ciência da Informação. Neste livro, portanto,
indicamos a possiblidade da Arquivoconomia ser novamente
utilizada quando for necessário, trazendo uma visão ampla de
pontos a serem observados na definição de um arquivo, tanto
para gestão como para a guarda definitiva.
É possível aplicar a arquivoconomia para uma
abordagem digital, criando ambientes de gestão de arquivos
planejados e acessíveis, que sejam confiáveis e que custodiem
documentos autênticos de suas instituições em longo prazo.
10
CONSTRUÇÃO DO ARQUIVO
Definição de plataforma tecnológica:
definição de sistema informatizado de
arquivo.
Quando falamos da criação do arquivo, temos de pensar
na gênese e uso documental (gestão) e sua permanência ao longo
do tempo (RDC-Arq). Um SIGAD - Sistema Informatizado de
CHARLLEY LUZ
51
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Gestão Arquivística de Documentos - é um sistema que conta
com apoio da informatização para suportar os processos de gestão
arquivística de documentos. Sua conformação se deu a partir da
resolução 25 do CONARQ (E-Arq Brasil) em 2007, órgão do
Arquivo Nacional do Brasil, responsável por definir regras
brasileiras e indicar melhores práticas na gestão de documentos
de arquivo.
O Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de
Documentos surge como um modelo de requisitos de negócio e
de sistemas que foram publicados no E-Arq Brasil (CONARQ
2011). Nesta norma, fica definida gestão arquivística de
documentos como: • determinação da política arquivística;!
• indicação de responsabilidades;!
• organização do programa de gestão; !
• implantação da gestão.
A determinação da política arquivística e a indicação de
responsabilidade são iniciadas com a declaração de intenções que
afirma como será realizada a gestão documental. A declaração
inclui as linhas gerais do programa de gestão, bem como os
procedimentos necessários para que essas intenções sejam
alcançadas. É indicada a formação de comitê responsável por
CHARLLEY LUZ
52
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
acompanhar a política e a implementação do programa de gestão
arquivística.
A organização realiza levantamento e análise da
realidade institucional, estabelece diretrizes e procedimentos, o
desenho do sistema de gestão arquivística de documentos e
acompanha a elaboração de instrumentos e manuais.
A implantação, por fim, ocorre por meio de treinamento
de pessoal, introdução do sistema de gestão arquivística de
documentos ou adaptação do já existente e integração do sistema
de gestão arquivística de documentos com os procedimentos e os
sistemas de informação e comunicação existentes.
Quando for implementado o sistema de gestão
arquivística de documentos deve ser monitorado e seus
resultados avaliados pela CPADA (Comissão Permanente de
Avaliação de Documentos Arquivísticos) ou outra que seja
instituída com a função de acompanhar o processo de gestão
documental e eliminação ou recolhimento. Para cada SIGAD
implantado existem procedimentos e operações técnicas destes
sistema, tanto para documentos digitais como para os
documentos em suportes convencionais.
CHARLLEY LUZ
53
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Assim como Casanova apresentou as ferramentas e
produtos disponíveis para a criança de arquivos, também vamos
listar os requisitos para indicar as ferramentas disponíveis.
Operações/Requisitos de um SIGAD
Para entender o SIGAD, precisamos entender suas
operações principais, ou como se diz no mercado digital, as
principais "features":
• Captura (quando um documento é avaliado como arquivístico
e entra no sistema);
• Avaliação, temporalidade e destinação (operações validadas
pelas comissão de avaliação documental);
• Pesquisa, localização e apresentação dos documentos (para
acesso à informação);
• Segurança: controle de acesso, trilhas de auditoria e cópias de
segurança (com permissão e perfilização por sigilo);
• Armazenamento (formas seguras de reter os documentos
pelos prazos estabelecidos);
• Preservação (ações que visam a preservação a longo prazo e
preparam a transferência para um repositório digital confiável
(CONARQ (2011).
CHARLLEY LUZ
54
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Um sistema informatizado de gestão arquivística de
documentos permite ter uma compreensão da organização, ao
estruturar os instrumentos de mediação que propiciem a
existência da Gestão de Documentos Arquivísticos. É um sistema
desenvolvido para produzir, receber, armazenar, dar acesso e
destinar documentos arquivísticos digitais. Pode compreender um
software particular, um determinado número de softwares
integrados, adquiridos ou desenvolvidos por encomenda, ou uma
combinação desses. Deve realizar todas as operações técnicas da
gestão arquivística (da criação até a destinação final – eliminação
ou guarda permanente).
O funcionamento de um SIGAD depende de
implementação de procedimentos e políticas de gestão de
documentos, como por exemplo plano de classificação e de
destinação. Eles carregam as regras do sistema, que fazem a
gestão dos documentos arquivísticos digitais. Estes são os
requisitos que vemos no E-Arq. O SIGAD é um conjunto de
ferramentas e metodologias capaz de garantir:
as propriedades do documento arquivístico;
o cumprimento do ciclo vital dos documentos;
CHARLLEY LUZ
55
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
o impedimento de que esses documentos arquivísticos sofram
alterações ou que sejam eliminados, exceto em situações
previamente determinadas;
a inclusão de prazos de guarda e controles de segurança
rigorosos;
a formação de um repositório seguro de documentos
arquivísticos necessários para a realização das atividades e
funções das organizações;
facilidade de acesso a esses documentos arquivísticos
produzidos.
a organização eficiente e eficaz da documentação arquivística
de acordo com as previsões de um plano de classificação;
Os requisitos do E-Arq Brasil (Modelo do Arquivo
Nacional) que determinam como o SIGAD deve tratar o
documento arquivístico, como uma unidade complexa sendo ele
produzido e/ou recebido por uma pessoa física ou jurídica, no
decorrer das suas atividades, qualquer que seja o suporte, e
dotado de organicidade. Ele sempre participa ou apoia uma ação.
Gerencia fluxos entre pessoas envolvidas (autor,
destinatário, redator). O SIGAD recupera todos os componentes
digitais (objeto físico e lógico) que formam o documento
CHARLLEY LUZ
56
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
arquivístico (objeto conceitual), atendendo a requisitos de gestão
dos documentos a partir do plano de classificação para manter a
relação orgânica entre os documentos.
Ele gerencia o ciclo de vida dos documentos
arquivísticos significa classificá-los de acordo com as funções e
atividades da organização e aplicar os prazos de guarda específicos
a cada classe.
Assim, ao planejar o Construção do Arquivo, falamos da
Definição de plataforma tecnológica e da definição de sistema
informatizado de arquivo, devemos então considerar os pontos
acima destacados neste planejamento.
CHARLLEY LUZ
57
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
11 ARQUITETURA DE
INTERIORES (O ARQUIVO
PERMANENTE)
Para falamos da Estrutura do ambiente de gestão,
preservação e difusão, precisamos abordar os Requisitos técnicos
para atender às demandas de arquivamento que se realiza nos
Repositórios Arquivísticos Digitais (RDC-ARQ).
O repositório confiável deve ter seus sistemas projetados
de acordo com convenções e padrões comumente aceitos, no
sentido de assegurar, de forma contínua, a gestão, o acesso e a
segurança dos materiais depositados, assim como estar passível
de auditoria, por meio de metodologias de avaliação dos sistemas
como a norma ISO 16363: 2012 que estabelece diretrizes para
avaliar e certificar repositórios confiáveis. Por isso, para ser
confiável, deve-se considerar no desempenho de suas
responsabilidades de longo prazo, os depositários e os usuários de
forma aberta e explícita e possuir políticas, práticas e
desempenho que possam ser auditáveis e mensuráveis.
Para verificar a forma e os processos para implantação de
um RDC-Arq, especificamente um software livre indicado ICA
(International Council of Archives) que seja aderente às normas
CHARLLEY LUZ
58
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
internacionais de custódia definitiva de documentos digitais
vamos utilizar o Archivematica. Ele é o sistema de preservação
digital de código aberto mais amplamente utilizado neste período
histórico.
Archivematica é um sistema de preservação digital a
longo prazo de baseado em software livre, gratuito e de código
aberto projetado para manter os dados baseados em padrões de
preservação digital de fundos e coleções de objetos digitais.
O Archivematica é desenvolvido com o gerenciador de
conteúdo AtoM, sistema baseado na Web para acesso aos seus
objetos digitais, reconhecido "arquivisticamente" como uma
plataforma de descrição, difusão e acesso. Ele é um sistema de
preservação digital gratuito e de código aberto (em Software
Livre) projetado para manter o acesso a longo prazo para a
memória digital. (FLORES, D., 2015). É acessado via navegador
web, usa um padrão de microsserviços, que permitem ao usuário
processar objetos digitais, de capturar para o acesso em
conformidade com o modelo funcional ISO-OAIS.
O Archivematica permite que o Usuário monitore e
controle os microserviços através de um painel baseado na web,
utiliza padrões e práticas para fornecer pacotes de arquivamento
CHARLLEY LUZ
59
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
confiáveis, autênticos e interoperáveis (AIP) para o
armazenamento em prática o seu melhor repositório preferido.
Realiza reconhecimento das características técnicas, para cada
documento submetido, se identificada necessidade, o
Archivematica migra o formato de arquivo digital do documento
para seus respectivos formatos de preservação e acesso, pré-
definidos (na Politica de preservação e acesso).
No Archivematica é possível que os usuários processem,
monitorem e controlem os processos do workflow do sistema.
Possui uma interface multiusuário que apresenta um relatório
sobre o estado dos eventos do sistema. Permite que os usuários
adicionem ou editem metadados, coordenem pacotes SIP, AIP e
DIP, armazenando e fornecendo informações do Plano de
Preservação.
Gera relatórios de erros, monitoramento de tarefas e
aprovações manuais no workflow. Permite que os arquivistas
movam pacotes de materiais digitais através do pipeline do
Archivematica antes de enviar pacotes para armazenamento ou
disseminação. Além disso, ele permite a configuração de espaços
de armazenamento associados a vários pipelines. Ele permite que
CHARLLEY LUZ
60
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
um administrador de armazenamento configure o armazenamento
disponível para cada instalação do Archivematica, local e remoto.
Camadas de organização do serviço de armazenamento
(repositório):
PIPELINES
Um pipeline refere-se a uma única instalação de um
painel do Archivematica. O Serviço de Armazenamento pode ser
usado para configurar espaços e locais em vários pipelines do
Archivematica.
ESPAÇOS
Um espaço modela um dispositivo de armazenamento
específico. Esse dispositivo pode ser um disco acessível
localmente, um compartilhamento de rede ou um sistema remoto
acessível por meio de um protocolo como FEDORA, SWIFT,
DuraCloud ou LOCKSS. O espaço fornece ao Serviço de
Armazenamento a configuração para ler e / ou gravar dados
armazenados nele mesmo. Pacotes não são armazenados
diretamente dentro de um espaço; em vez disso, os pacotes são
armazenados em locais, que são subdivisões organizadas de um
espaço.
CHARLLEY LUZ
61
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
LOCALIZAÇÕES
Um local é uma subdivisão de um espaço. Cada local
recebe uma finalidade específica, como armazenamento AIP,
armazenamento DIP, fonte de transferência ou backlog de
transferência, para fornecer uma maneira organizada de
estruturar o conteúdo em um espaço.
PACOTES
O serviço de armazenamento é orientado para
armazenar pacotes. Um “pacote” é um pacote de um ou mais
arquivos transferidos de um serviço externo; por exemplo, um
pacote pode ser um AIP, uma transferência de backlog, ou um DIP.
Cada pacote é armazenado em um local.
O sistema Archivematica, por exemplo, precisa de
Instalações complementares para a configuração de um bom
serviço de arquivo com foco em boa Usabilidade. A seguir
algumas funções e softwares complementares. Usamos o nome
conhecido das ferramentas:
Duracloud
O DuraCloud é um serviço de preservação e
armazenamento em nuvem arquivado hospedado do DuraSpace
que facilita para organizações e usuários finais a utilização de
CHARLLEY LUZ
62
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
serviços em nuvem. O Archivematica pode transferir
automaticamente pacotes AIP para o DuraCloud para
armazenamento de arquivamento seguro de longo prazo.
DuraCloud é usado como a camada de armazenamento para
clientes ArchivesDirect.
Swift
O Swift é uma API simples desenvolvida pelo OpenStack
que oferece armazenamento e recuperação em nuvem para
funcionar em escala. O Swift é otimizado para durabilidade,
disponibilidade e simultaneidade em todo o conjunto de dados. O
Archivematica integra-se ao Swift através do Serviço de
Armazenamento.
ArchivesSpace
Integração de arquivos: O ArchivesSpace é um aplicativo
de gerenciamento de informações de arquivos abertos para
gerenciar e fornecer acesso à web para arquivos, manuscritos e
objetos digitais.
AtoM
O AtoM (Access to Memory) é um aplicativo de código
aberto baseado na Web para descrição de arquivamento baseada
em padrões e acesso em ambiente multilíngue e multi-
CHARLLEY LUZ
63
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
repositório. É considerado a interface arquivística de acesso a
registros digitais.
Tesseract-ocr
Este pacote contém um mecanismo de OCR -
libtesseract e um programa de linha de comando - tesseract. O
Tesseract 4 adiciona um novo mecanismo de OCR baseado na
rede neural (LSTM) que é focado no reconhecimento de linhas,
mas também suporta o legado Tesseract OCR do Tesseract 3, que
funciona através do reconhecimento de padrões de caracteres.
SISTEMA DE DIFUSÃO
ARQUIVÍSTICA
O ambiente de difusão (portal, site, blog) deverá ser um
espaço de disponibilização de acesso ao patrimônio documental,
ao conteúdo e conhecimento gerado no sistemas e nas tomadas
de decisão da instituição. Nele será possível realizar pesquisas
para recuperar informações registradas no sistema, seguindo os
padrões por perfil de acesso às informações. Para isso, as
informações disponibilizadas neste portal deverão ser tratadas
primeiramente no sistema de gestão de informação digital (um
SIGAD), e depois serem suportados no repositório digital
CHARLLEY LUZ
64
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
confiável (RDC-Arq). Para considerar o SIGAD um sistema de
gestão de informação digital, vamos lembrar que é possível
capturar e gerar documentos declarados a partir de registros
orgânicos e que necessariamente não sejam documentos
arquivísticos, como feeds de perfis institucionais em redes sociais,
por exemplo.
Já o ambiente de difusão (portal, site, blog) será o
ambiente de difusão dos documentos de arquivo, das informações
públicas acessíveis, sendo espaço de fornecimento ostensivo de
informação. Por se tratar de um ambiente de difusão (portal, site,
blog), comporá o seu conteúdo as coleções estabilizadas no
repositório digital.
Elas contarão com o processo descritivo, que estrutura a
pesquisa dos usuários. Para isso, os metadados estruturais de
disponibilização devem suportar os metadados de descrição
arquivística previstos na Nobrade , que é a norma brasileira de
descrição arquivística, criada pelo Arquivo Nacional.
Os pacotes de difusão de informação (DIP) gerados no
repositório digital deverão suportar diferentes formatos como
conteúdo html, vídeos, áudios, documentos textuais em PDF, e
CHARLLEY LUZ
65
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
thumbnails desses conteúdos, conforme previsto no plano de
preservação digital a ser aplicado no repositório.
Neste sentido, a tecnologia para o ambiente de difusão
(portal, site, blog) deverá suportar os metadados originais dos
documentos arquivísticos, além de ser capaz de se relacionar com
outros tipos de metadados que possam existir em outros objetos
digitais e que estarão disponíveis neste mesmo ambiente digital.
Um requisito importante para a criar o relacionamento
entre um objeto informacional e outro é o tagueamento destes, ou
seja, além dos metadados descritivos o sistema deverá suportar
rótulos criados a partir de taxonomias e de linguagens
documentários desenvolvidas. O vocabulário controlado deverá
ser aplicado por meio de indexação manual ou por meio de
inteligência artificial (machine learning).
Esse ambiente de difusão (portal, site, blog) , portanto,
dará acesso ao conteúdo gerado a partir do repositório. É
importante destacar que haverão perfis diferentes para acesso ao
ambiente de difusão (portal, site, blog). Portanto, será necessária
a criação de uma área para cadastro de usuários, já aderente a
LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
CHARLLEY LUZ
66
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Ainda destaca-se como requisito importante a navegação
multinível. Esse tipo de navegação possibilita a visualização da
estrutura do acervo, isto é os usuários poderão acessar diferentes
níveis de estrutura informacional, partindo da coleção ou fundo,
chegando ao item documental, passando por agrupamentos
lógicos desses conteúdos, como por exemplo as séries
documentais. Assim, será possível visualizar o contexto onde o
documento se encaixa.
O ambiente de difusão (portal, site, blog) , será então
uma plataforma de acesso onde haverá publicidade e acesso aos
documentos e informações, com espaço onde será publicada, via
curadoria de conteúdo, matérias e conteúdos específicos.
Logo, esse ambiente de difusão (portal, site, blog)
possibilitará a universalização do acesso à informação,
fortalecendo a cultura de acesso e o fluxo de informações
mostrando o processo de gestão informacional e aproximando o
indivíduo do serviço público.
Requisitos tecnológicos para a plataforma do Ambiente
de difusão (portal, site, blog):
Navegação Multinível (camadas diferentes de navegação, ou
navegação facetada, onde as facetas representam os
CHARLLEY LUZ
67
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
diferentes níveis informacionais (do fundo ao item,
passando por Série, subsérie, etc);
Manutenção da relação orgânica (qual fundo ou coleção,
série, subsérie pertence);
Suportar Metadados Arquivísticos: NOBRADE;
Aplicação de Vocabulário Controlado (Taxonomia);
Aceitar encapsulamento e exibir os itens dos Pacotes OAIS
DIP;
Permitir re-população de seus Documentos Arquivísticos e
Metadados (Objetos Digitais e Metadados) em caso de uma
invasão;
Ser compatível com outros metadados que sirvam de
interoperabilidade para Modelos Conceituais como o
Dublin Core, MODS, MADS, MARC, etc.;
Autenticação referenciada ao Repositório Arquivístico Digital
Confiável - RDC-Arq (Res.43 do Conarq);
O processo de implantação do sistema de difusão de
acervo permanente deve compreender as atividades de
descrição e difusão do acervo a ser custodiado no Repositório
(RDC-Arq). O sistema de difusão de acervo permanente será o
CHARLLEY LUZ
68
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
instrumento de acesso ao acervo digital permanente e,
portanto, deve ser implantado após a instalação do RDC-Arq.
CHARLLEY LUZ
69
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
12 ARQUITETURA DOS
ESCRITÓRIOS (DISTRIBUIÇÃO
DOS ESPAÇOS)
Ao definir a arquitetura dos escritórios, define-se a sala
de pesquisa, protocolo, estúdio fotográfico, cópias, depósito de
processos e laboratório de restauração. Para trazer ao digital,
podemos pensar em Serviços online, aplicativos, tomada de
decisão. Tudo definido pela Arquitetura de Informação.
A Arquitetura da Informação (AI) é um campo
disciplinar que se preocupa em organizar, estruturar e categorizar
a informação, possibilitando assim, seu controle e localização.
Conforme os autores Rosenfeld e Morville, assim que se começa a
trabalhar dentro da desordenada realidade do planejamento e
construção do site, você encontra áreas cinzentas entre
disciplinas. (Rosenfeld; Morville, 2002). Logo, os Arquitetos de
Informação não são designers gráficos, nem desenvolvedores de
software ou engenheiros de usabilidade.
Segundo Batley (2007) a arquitetura da informação pode
ser descrita como uma disciplina, não chega a ser uma ciência
com fronteiras claramente definidas. Para a autora, ao ler a
literatura que usa o termo em seu título ou texto, é possível
CHARLLEY LUZ
70
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
identificar toda uma série de tópicos que estão claramente
interrelacionados, alguns aparentemente dispares, que
contribuem para a área de assunto.
No início da Arquitetura da Informação para a World
Wide Web, os autores tentam simplificar os conceitos para
facilitar a comunicação. Eles oferecem quatro pontos na tentativa
de "tornar o complexo claro” (Wurman, 1999).
Assim, até hoje os textos trazem estes clássicos
conceitos:
1. A combinação de organização, rotulagem e esquemas
de navegação dentro de um sistema de informação.
2. O desenho estrutural de um espaço de informação
para facilitar a conclusão da tarefa e o acesso intuitivo ao
conteúdo.
3. A arte e a ciência de estruturar e classificar sites e
intranets para ajudar as pessoas a encontrar e gerenciar
informações.
4. Uma disciplina e uma comunidade de prática
emergentes focadas em trazer princípios de design e arquitetura
para o cenário digital. "(Rosenfeld & Morville, 2002)
CHARLLEY LUZ
71
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Porém os próprios autores Rosenfeld e Morville
acreditam que o termo "arquitetura da informação" é distinto.
"Usamos o termo informação para distinguir arquitetura de
informação de gerenciamento de dados e conhecimento". Para
eles, alguns autores argumentariam que a arquitetura da
informação é sinônimo de taxonomia, porém a taxonomia é
apenas uma parte do ambiente de informação. Inclusive muitas
vezes os sistemas de gerenciamento de conteúdo (CMS) são
tratados como sinônimo de arquitetura de informações na
literatura. Há também um crescente corpo de literatura em torno
de arquitetura de conhecimento, ou arquitetura de participação,
que parece ser exatamente a mesma arquitetura de informação,
mas com ênfase no compartilhamento de conhecimento para
aumentar o apelo à comunidade corporativa. (Batley, 2007).
Para o Instituto de Arquitetura da Informação (2007) à
medida que a informação prolifera exponencialmente, a
usabilidade se torna o fator de sucesso crítico para sites e
aplicativos. Assim a AI estabelece as bases necessárias para um
sistema de informação que faz sentido para os usuários e satisfaça
sua necessidade.
CHARLLEY LUZ
72
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Para Wodtke e Govella (2011) é possível listar alguns
conjuntos de habilidades prescritas para o Arquiteto de
Informação em postagens de empregos e descrições de cargos
para Arquitetos de Informação, como:
Necessidades humanas (incluindo interação humana,
usabilidade, compreensão, fluxo intuitivo);
• Estruturação (incluindo mapas, ferramentas e guias);
• Organização (incluindo clareza);
• Rotulagem (incluindo classificação e taxonomia);
• Encontrar (e acessibilidade ou capacidade de
conversão);
• Gerenciamento (manutenção, segurança,
arquivamento, inteligência de construção);
• Arte e Ciência (especialmente aplicado à organização
da informação e apresentação no cenário digital).
Considerando então que ambientes digitais se
mantenham em constante evolução e a AI está presente nesse
cenário, o estudo da AI se faz necessário principalmente, por
buscar manter o resultado da conjunção entre o conteúdo
oferecido, o contexto de uso e os desejos dos usuários.
CHARLLEY LUZ
73
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Imagem 2: Modelo de Arquitetura da Informação
Fonte: ROSENFELD; MORVILLE, 2002
O termo Arquitetura da Informação - AI foi cunhado por
um arquiteto chamado Richard Saul Wurman em meados da
década de 1960 em uma conferência denominada National
conference of the American Institute of Architects (AIA), cujo
tema era The Information Architecture, e nessa conferência ele
disserta principalmente sobre os processos de estruturação e
desenho de informações.
Wurman, fazia uma analogia com sua área de formação,
e afirmava que mapear e estruturar um site era semelhante aos
projetos de arquitetura, pois era preciso refletir acerca da
organização da informação por meio de mapas e estruturas.
CHARLLEY LUZ
74
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Imagem 3: Planta baixa de uma casa e um wireframe
Fonte: Google Images.
Porém a AI se torna mais conhecida com o advento dos
sistemas de informação digitais, e para Camargo e Vidotti (2011)
existiram diversos fatores que podem ser considerados referências
na desenvolvimento da AI, sendo que além de marcos que se
referem propriamente a AI, existem também o envolvimento
interdisciplinar de áreas como o design, a ergonomia e a
usabilidade.
Para as autoras, cabe ressaltar também que a arquitetura
tradicional empresta alguns de seus princípios a AI tais como a
estética e a funcionalidade, ou seja, preocupa-se com a aparência
externa do ambiente em questão e suas funções.
CHARLLEY LUZ
75
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
É possível perceber que a arquitetura da informação é
uma área que que utiliza métodos e ideias já muitas vezes
difundidos, se apropria dessas ideias e as adapta para o contexto
no qual se aplica, analisando o uso no ambiente digital, suas
necessidades informacionais e as exigências dos usuários que o
utilizam, tornando-se nesse sentido uma metodologia de trabalho
integrada, como pode ser percebido também na análise a seguir:
A arquitetura da informação é uma área do
conhecimento que oferece uma base teórica para tratar aspectos
informacionais, estruturais, navegacionais, funcionais e visuais de
ambientes informacionais digitais por meio de um conjunto de
procedimentos metodológicos a fim de auxiliar no
desenvolvimento e no aumento da usabilidade de tais ambientes e
de seus conteúdos. (CAMARGO e VIDOTTI, 2011). Podemos,
também, relacionar a gênese do conceito de AI com o surgimento
do conceito primitivo de Biblioteca Digital.
A máquina chamada Memex, tinha uma funcionalidade
de armazenar e recuperar informações através de índices
associados, e segundo seu criador Vannevar Bush, a máquina foi
idealizada com a ideia de ser uma extensão da mente humana,
suprindo de forma mecânica falhas que a mente apresentava, no
CHARLLEY LUZ
76
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
caso, a memória foi seu foco. Esta máquina é considerada uma
precursora do conceito de hipertexto. E seus conceitos trazem a
ideia de um dispositivo em que o indivíduo armazenará seus
livros, seus periódicos e registros, suas anotações, suas
comunicações, que será "
mecanizado de modo a poder ser
consultado com extrema velocidade e flexibilidade.
Imagem 4: A Memex
Fonte: Defesa Norteamericana
1
https://www.defense.gov/observe/photo-gallery/igphoto/2001104527/
1
CHARLLEY LUZ
77
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
13 FUNDAMENTOS DE
ARQUITETURA DE
INFORMAÇÃO
Para planejar ambientes digitais utiliza-se a arquitetura
de informação, e o resultado são suas taxonomias, que
determinam as interfaces e como estas devem utilizar e exibir
conteúdos, o registro e uso do conhecimento. O foco no usuário é
aplicado por meio de tratamento técnico e classificação das
informações, além da definição da estratégia aplicada no
planejamento.
A função básica da arquitetura da informação é organizar
os conteúdos e informações em diferentes suporte e que serão
disponibilizados num ambiente digital (que podem ser websites,
intranets, softwares, lojas eletrônicas, entre outros). São criadas,
para tanto, estruturas informacionais em camadas e planeja os
caminhos de navegação dentro destes ambientes. Para!Rosenfeld e
Morville (1998) são sete as funções principais de todo o trabalho
do arquiteto da informação: organizar, navegar, nomear, buscar,
pesquisar, desenhar e mapear informações de e para ambientes
digitais.!
CHARLLEY LUZ
78
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Sistemas de Organização da Informação: Esquemas e
Estruturas de Organização
Os três componentes de uma base eficaz para
desenvolvimento de Arquitetura de Informação de um ambiente
digital são: Usuários, conteúdo e contexto (ROSENFELD;
MORVILLE, 1998). Para esses autores, estes três componentes se
completam em camadas informacionais, estruturadas por quatro
sistemas interdependentes, que são compostos de regras e
aplicações próprias, são eles:
Sistemas de Organização;
Sistema de Navegação;
Sistema de Rotulação;
Sistema de Busca.
Estes sistemas relacionados em camadas fornecem uma
padronização para que as informações disponíveis permaneçam
acessíveis e visíveis. Os autores estabelecem os Esquemas e
Estruturas de Organização como regras que representam os itens
específicos em um website, permitindo ao usuário identificar
facilmente como estão organizadas as informações.
CHARLLEY LUZ
79
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Para os autores, os Sistemas de Organização fornecem
uma padronização para que as informações disponíveis
permaneçam acessíveis e visíveis. Por meio da Organização, se
definem as camadas que serão combinadas na navegação,
rotulagem e busca.
O Sistema de Navegação é a forma de interação do
usuário com o ambiente e com o conteúdo informacional
disponível, ou seja, é a aplicação do sistema de organização
definido anteriormente. Um sistema de navegação bem definido e
organizado, permite ir de um ponto ao outro pelo caminho
desejado ou pelo menor caminho possível, possibilitando um
melhor aproveitamento do tempo de uso ou de acesso. Pode ser
dividido em: navegação embutida, navegação auxiliar e navegação
suplementar.
Já o Sistema de Rotulação serve para comunicar o
significado sem ocupar muito espaço na página e sem demandar
muito esforço cognitivo do usuário para sua compreensão. A
Rotulação é, assim, a representação ou identificação de um
determinado conteúdo, com o objetivo de promover um acesso
rápido e eficiente. Os rótulos são geralmente encontrados nos
menus, barras de navegação, botões e textos de instrução que
CHARLLEY LUZ
80
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
precisam ser clicados. Um sistema de rotulação eficiente é criado
a partir do contexto em que aquelas informações serão úteis, e o
público a quem se destinam.
Rosenfeld e Morville (1998) ainda falam do Sistema de
Busca, que permite a localização e o acesso direto às informações
armazenadas no ambiente, sem a necessidade de usar links para
navegação. Os links são a resposta para a pergunta realizada pelo
usuário ao sistema. Para tanto, este processo de recuperação só é
possível com a representação descritiva e temática adequada dos
conteúdos.
Deve-se, também, observar a forma como os usuários
potenciais desse ambiente realizam essas buscas, de maneira
direta ou avançada, e seus diferentes tipos de necessidades
informacionais, identificando, discriminando e visando a suprir
essas possíveis variantes. São as relações usuário-necessidade-
sistema que ditam o desenvolvimento de um sistema de busca
simplificado ou avançado.
Por isso, para definir estes sistemas num planejamento,
algumas etapas do processo de definição de AI incluem a pesquisa
e mapeamento para entendimento do problema (por meio de
técnicas de observação direta, briefing, entrevistas, mapeamento
CHARLLEY LUZ
81
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
de conteúdo). A partir disso, se desenvolve a estratégia e o
conceito de AI que já incorpora fundamentos de uX.
Consequentemente se cria o projeto de AI com a definição do
conceito e da estratégia através dos produtos da AI, tais como
mapas, perfis de metadados, wireframes e protótipos navegáveis.
CHARLLEY LUZ
82
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
14 A AI E A EXPERIÊNCIA DO
USUÁRIO (UX)
Nilsen (1999) criou a chamada “Lei da Experiência dos
Usuários na Web”, onde são definidas as regras básicas de
funcionalidades vistas com repetição em sites eficientes. Muitas
destas funcionalidades e estruturas (mensuradas pelas heurísticas
de Nielsen) devem ser levadas em consideração no processo de
arquitetura e de organização das informações, e no
desenvolvimento dos conteúdos e das interfaces dos ambientes
digitais.
Não se pode projetar a experiência do usuário, mas é
possível visualizar como ela pode acontecer. Por exemplo,!se o
consumidor não encontrar o livro que procura, ele não pode obter
a publicação. Geralmente quando usuários não encontram algo
que querem em um site, eles acreditam que esta biblioteca não
tem a publicação desejada. Portanto esta não pode ser uma boa
experiência. Torna-se, portanto, um desafio melhorar a
encontrabilidade por meio da padronização de recursos que
possibilitam a experiência do usuário e também por meio das
técnicas de taxonomia.
CHARLLEY LUZ
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
A avaliação ou testes com usuário é uma tônica da uX e,
para a arquitetura da informação, pode-se aplicar uma avaliação
de interface, colocando-se no papel do consumidor e testando a
usabilidade, o desejo e a utilidade. Uma mentalidade centrada no
usuário é necessária para o sucesso de qualquer sistema
interativo.
Para produzir efeitos coesos, previsíveis e desejáveis a
uX testa interfaces e tarefas em pessoa específica, ou cria
personas digitais, ou seja, arquétipos compostos de hábitos do
público-alvo e suas características. Tal esforço busca atender as
próprias metas além de garantir a satisfação do usuário, bem
como adequar os objetivos da organização no ambiente digital.
A Arquitetura de Informação de ambientes digitais para
a World Wide Web é um sistema baseado em navegação por
âncoras, onde milhares de hyperlinks guiam os usuários em busca
da informação. Essas âncoras (ou zonas de salto) é a função mais
básica da Internet e um de seus princípios. Configura-se que o
acesso as informações não é linear, mas sim interativo. Esses links
são combinados de formas diferentes nos sistemas de organização
e nos Esquemas e Estruturas de Organização.
CHARLLEY LUZ
84
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
A Arquitetura da Informação projetada de forma
eficiente agiliza a conclusão de tarefas executadas pelos usuários
na busca pelo conteúdo, levando em conta a navegação do
usuário. Como afirma Nielsen (2000, p.15), o objetivo da AI deve
ser estruturar o site “para espelhar as tarefas dos usuários e suas
visões do espaço de informação”.
Para o profissional da informação, ao se planejar a
arquitetura de informação de um ambiente digital são definidos,
também, os itens como a estrutura informacional e o ciclo de vida
de objetos digitais, aplicado a cada núcleo ou fonte informacional.
Outras funcionalidades surgem no processo de roteirização
(processo após a arquitetura, onde se desenvolve o conteúdo
inicial do portal) e dependem da tecnologia em que está montada
(linguagem, conteúdo dinâmico, banco de dados, html, etc.) e o
nível de parametrização dos dados.
É necessário garantir a usabilidade e a encontrabilidade
das informações. Além disso, a participação do usuário na
organização da informação e na classificação é cada vez mais uma
realidade para projetos de arquivos digitais. Para a
encontrabilidade, um bom mecanismo de busca com a
CHARLLEY LUZ
85
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
padronização de metadados e a política editorial que definem os
metadados do objeto informacional é outro foco de atenção.
Para o profissional da informação, ao se planejar a
arquitetura de informação de um ambiente digital são definidos,
também, os itens como a estrutura informacional e o ciclo de vida
de objetos digitais, aplicado a cada núcleo ou fonte informacional.
Outras funcionalidades surgem no processo de roteirização
(processo após a arquitetura, onde se desenvolve o conteúdo
inicial do portal) e dependem da tecnologia em que está montada
(linguagem, conteúdo dinâmico, banco de dados, html, etc.) e o
nível de parametrização dos dados.
CHARLLEY LUZ
86
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
15 ENTORNO DIGITAL DO
ARQUIVO: SISTEMAS
INTEGRADOS
Para Luz (2018) na preservação digital as ações de
preservação numa linha de tempo de um documento ou objeto
digital, sendo aplicadas ações de preservação para registrar
determinadas situações e variações contextuais a cada etapa.
Logo, a preservação é um esforço contínuo e sem folga em seu
monitoramento e ação.
Imagem 5: Fluxo da preservação digital
Fonte: LUZ (2018).
Assim, o pensamento integrado é necessário para a
garantia da confiabilidade da informação, de sua concepção até o
seu destino final, seja a eliminação após cumprir seu prazo de
retenção ou sua custódia definitiva.
CHARLLEY LUZ
87
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
As ações de preservação iniciam após a criação do
registro documental, são registradas no uso, na aplicação de seu
prazo de guarda temporária para garantir acesso a longo prazo.
Essa visão de linha de tempo é compartilhada com a curadoria
digital.
Para a curadoria, esta atividade visa manter e agregar
valor a um conjunto confiável de informação digital, tanto para o
uso presente quanto para o futuro. É a gestão ativa, com avaliação
da informação digital ao longo de todo o seu ciclo de vida.
Assim, como conjunto confiável de informação digital, se
entende de que se trata de um acervo definido, intencionalmente
estruturado, destacando ainda o papel da confiança e, por
consequência, da autenticidade. Este é um fator que aproxima ao
trabalho do arquivista, responsável por garantir a autenticidade de
documentos arquivísticos e registros orgânicos com a curadoria
digital, da criação até a destinação final.
Para entre este trabalho de curadoria que será
desenvolvido pelos profissionais de arquivos digitais, é necessário
ter a visão da estrutura dos ambientes digitais, assim listados:
CHARLLEY LUZ
88
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
1 - Ambientes digitais de negócio: sistemas de base de
dados, de consolidação de informações, sites, intranetes,
processos digitais (no SEI ou sistema de workflow) e todo tipo de
documentos digitais que compõem os File System (rede
corporativa de computadores);
2 - SIGAD: Sistema Informatizado de Gestão
Arquivística de Documentos, que trata do processo de captura e
de fixidez das informações dos ambientes de negócio. Se
destacam suas principais operações:
1 - Organização dos documentos arquivísticos: plano de
classificação e manutenção dos documentos;
2 - Tramitação e fluxo de trabalho;
3 - Captura;
4 - Avaliação e Destinação;
5 - Pesquisa, localização e apresentação dos documentos;
6 - Segurança;
7 - Armazenamento e
8 - Preservação;
CHARLLEY LUZ
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ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
3 - RDC-ARQ: Repositório Digital Confiável e
Arquivístico, conforme a definição da Política de Preservação
Digital com a criação de estratégias e parâmetros para a Gestão
Arquivística de Documentos Digitais e o Tratamento de Acervo
Técnico Informacional em ambiente digital de guarda e difusão.
4 - Sistema de Difusão Arquivística: o sistema de
difusão apresenta aos usuários finais os documentos e
informações disponíveis na base de conhecimento (repositório,
seu RDC-Arq), estruturados com base na descrição arquivística e
configurando divulgação proativa de informações de interesse
coletivo e geral.
CHARLLEY LUZ
90
Entorno digital de um serviço de arquivo digital!
Captura!
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
A imagem anterior configura o Entorno Digital de um
2
Serviço de Arquivo (Luz, 2018) e mostra um modelo
arquivoconômico, a ser aplicado no serviço de arquivo digital, por
meio da criação de uma cadeia de custódia, que transfere
confiança e garantias de confiança e de preservação, que dá
atenção aos procedimentos de preservação desde o princípio da
criação dos documentos até sua guarda ou eliminação. Uma visão
de arquivoconomia aplicada, considerando a aplicação de
requisitos de segurança e de acesso aos ambientes digitais desde
o que se chama “gênese documental”, ou seja, os sistemas de
negócio.
Nestes sistemas de negócio, apesar de ser pouco
abordado na literatura arquivística, existe muito o que se fazer
quando se pensa num arquivista digital: pensar nos metadados
necessários para a gestão e para o uso por parte do usuário,
acompanhar a criação de formulário visando a padronização,
desenhar fluxos de decisões (design de interação) e aplicar em
fluxos de trabalho (workflows), fornecer conhecimento de lições
aprendidas e produtos de projetos para novos projetos não
começarem do zero, entre outras funções. Nos demais ambientes
A imagem utiliza originalmente os nomes traduzidos dos pacotes SIP, AIP e DIP.
2
CHARLLEY LUZ
91
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
digitais há mais acúmulo na área arquivística e informacional,
mas cabe destacar o papel de definidor de requisitos. Quando se
trata de tecnologia, e pensamos por meio da arquivoconomia
digital, conseguimos desempenhar melhor nosso papel de
fornecedor de necessidades para sistemas.
Dessa forma, além dos papéis tecnológicos já
previamente estabelecidos na indústria do desenvolvimento de
softwares, o produto da arquivoconomia digital tornam os
profissionais da informação (aqueles que trabalham nos arquivos
e nas bibliotecas) definidores de requisitos funcionais e de
negócio. Afinal, como aborda Luz (2010, p. 26)
“a tecnologia da informação sempre será um conjunto de
requisitos que são atendidos de formas diversas por uma
interface de sistema, sendo assim um mecanismo de
interação do humano com o computador”.
Com isso, o papel de definidor de requisitos para o
profissional da informação está cada vez mais claro, pois ele:
[...] não precisa programar um sistema, mas deve ter claros
os requisitos de seu “negócio” (esta é a linguagem utilizada),
e também deve saber o que é arquitetura tecnológica,
arquitetura de informação e arquitetura de software, por
exemplo. Como um cliente assíduo das áreas de TI
(Tecnologia da Informação), ele deverá ser capaz de saber
solicitar requisitos, de validar documentações como
especificações funcionais e até acompanhar o gerenciamento
de projetos. (LUZ, 2010, p. 26).
CHARLLEY LUZ
92
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Para o caso específico da Arquivística, muitas vezes os
requisitos indicam os caminhos, mas não são fórmulas de
aplicação. O ponto de partida é o alinhamento estratégico das
necessidades de negócio com a estrutura dos ambientes digitais,
deixando-os aderentes as definições gerenciais. Após esse
alinhamento, será necessário desdobrar as estratégias até chegar
às funcionalidades dos ambientes, criando políticas e implantando
inovações.
CHARLLEY LUZ
93
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
16 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Revisitar a Arquivoconomia como técnica de definição e
construção de arquivos e verificamos a possibilidade desta
disciplina ser aplicada para o desenho de ambientes de gestão de
arquivos digitais foi a motivação para este livro. Assim, revisamos
o método de Casanova e os pontos de definição utilizados pelo
autor na criação de um novo arquivo e avaliamos a sua estrutura
como Arquivoconomia para ser aplicado no digital.
Tratou-se, principalmente, de um exercício
intradisciplinar (LUZ; FRANCELIN, 2016), de diálogo em busca
de definições dentro da própria Ciência Arquivística, onde
considerou-se, para trazer à luz da contemporaneidade os
fundamentos identificados, a narrativa construída por Casanova
em sua obra ainda no início do século XX.
Aplicar a intradisciplinaridade é uma forma de resolução
de problemas utilizando soluções já existentes, conforme dizem
Veja-Almeida, Fernández-Molina e Linares Colimbié (2009, p. 1),
onde “
[...] o uso de propostas teóricos-metodológicas extra e
intradisciplinares para o estudo das transformações
que se manifestam em uma área do conhecimento
constitui um aspecto essencial para uma melhor
interpretação de suas peculiaridades”.
CHARLLEY LUZ
94
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Logo, se a Arquivoconomia for usada para o desenho
completo de um arquivo digital, é possível controlar as variáveis
de definição de requisitos destas plataformas, fornecendo um
Serviço de Informação completo. Desde os metadados estruturais
até a usabilidade das interfaces de usuários.
O Sistema de Arquivo, assim como o arquivo desejado
por Casanova, possui um sistema de Gestão, de Custódia e
Preservação e de difusão. O autor reforça que o uso de
documentos arquivísticos, reforçando a confiabilidade na cadeia
de custódia e registrando a história que é escrita hoje é o motivo
da existência dos arquivos.
O presente estudo merece ser aprofundado nesse
sentido, com a pesquisa de mais autores e pesquisadores,
trazendo à tona, por meio da Arquivoconomia, suas visões acerca
da prestação de serviços digitais de arquivo, de planejamento de
preservação para arquivos considerando sua necessidade de
autenticidade e confiança, além da garantir a futura pesquisa
histórica.
A Arquivoconomia Digital, aplicada como uma visão
global de definição tecnológica e de requisitos, uma metodologia
de planejamento de ambientes digitais de arquivos, pode
condicionar a geração de conhecimento técnico, pois a
Arquivoconomia também já foi chamada, em outros tempos, de
Tecnologia Arquivística (PEREIRA, 1978).
CHARLLEY LUZ
95
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
A Arquivoconomia Digital pode organizar a produção
teórica e metodológica da área objetivando a criação do Arquivo
Digital Histórico, algo que ainda parece intangível mas que já
encontra amparo em normas como a que apresenta o RDC-Arq
(Repositório Digital Confiável - Arquivístico), porém agora sendo
planejado as Plataformas Arquivísticas Digitais de gestão,
preservação e acesso.
CHARLLEY LUZ
96
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Posfácio
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL:
UM NOVO USO PARA UMA
ANTIGA DISCIPLINA
Por que Arquivoconom ia? Na literatura
Arquivística esse termo é tão pouco usado que é
impossível não questionar por que tentar ressuscitá-lo
do além túmulo. Li este termo pela primeira vez,
quando das pesquisas realizadas no escopo de minha
tese de doutorado e seu entendimento não era algo
pacicado, como grande parte da terminologia
arquivística. Isso fica claro, ainda hoje, quando a
Université Catholique de Louvain, da Bélgica, oferece essa
disciplina (Archivéconomie / Archivoeconomy), na
Faculty of Arts and Letters, apresentando-a como sinônimo
de Archivistics, qual seja, a disciplina científica dedicada
à teoria e às práticas relativas à organização e gestão de
arquivos. Em outras palavras, a nossa Arquivologia.
Pouco usado ou não, o termo está presente na
Arquivologia atual brasileira. Por exemplo, no site do
curso de Graduação em Arquivologia, da Universidade
Federal do Espírito Santo, aparece Arquivoconomia
CHARLLEY LUZ
97
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
como termo relativo ao “cálculo estrutural de arquivos,
dimensionamento do acervo e demais operações
referentes aos arquivos”, o que inclui guarda, cálculos e
metrologia de arquivos, apoio na infologística pelo
mapeamento topográfico, controles semiautomáticos,
suporte em transformação digital e gestão da
Informação. É nesse sentido que vão os estudos
apresentados neste livro por Charlley Luz.
Faço esse preâmbulo para deixar claro que houve
uma estranheza inicial, como imagino que ocorrerá com
muitos leitores, mas foi a descoberta de um caminho de
análises técnicas ainda não trilhado, repleto de
inspiração profissional, informações pertinentes e
propostas desafiadoras constantes deste livro que me
fizeram aceitar o convite para prefaciá-lo. Então, mãos à
obra (ou dedos ao teclado)!
De início, sob o título “Arquivoconomia Digital”, e
na forma de um resumo da obra, Arquivoconomia é
definida como uma especialidade da Arquivologia que
estuda as técnicas para a definição e construção de
arquivos e é esclarecido que o objetivo da obra é aplicar
esses conceitos no desenho de ambientes de gestão de
arquivos digitais. O autor conclui que é possível aplicar
os princípios da Arquivoconomia para gerar “ambientes
CHARLLEY LUZ
98
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
de gestão de arquivos planejados e acessíveis”. Surge
uma primeira dúvida ao leitor, o texto aborda os
arquivos digitais ou os documentos digitais?
Esta nova obra compõe-se de 15 capítulos e de
uma introdução. Nos primeiros três (capítulos 2 a 4) o
autor dedica-se a destrinchar o que é e do que se
compõe a Arquivoconomia, trazendo a lume, como
exemplo, os conceitos de Eugenio Casanova para o
termo “arquivo”. Casanova é referenciado em diversos
trechos do livro, uma vez que é em sua obra de 1928,
Archivistica, que Luz busca as principais referências para
definição e uso da Arquivoconomia.
No primeiro bloco, composto por “Introdução” e
Arquivo para Casanova”, o autor busca justificar seu
interesse pelo tema. Dentre as questões elencadas estão
a transformação digital e a necessária mudança do papel
dos arquivos institucionais de passivos recebedores de
documentos para atuantes definidores de regras de
registro do conhecimento institucional e facilitadores de
acesso à informação produzida, incluindo aquelas que
que se encontram em sistemas corporativos de negócio.
Ressalta, ainda, exemplificando Luciana Duranti que, ao
renovar o uso da Diplomática (Diplomatics: new uses for an
old science, 1998), trouxe novas formas para analisar a
CHARLLEY LUZ
99
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
autenticidade dos documentos arquivísticos digitais, que
a estrutura teórica de Arquivoconomia oferece
referencial semelhante no que tange as estruturas dos
arquivos institucionais e sua aplicação na realidade
digital. Destaco aqui a afirmação do autor de que é
preciso gerenciar a informação e o conteúdo, além do
próprio documento arquivístico, como um todo. É uma
visão que compartilho de há muito, pois entendo que há
muito mais no contexto de produção e uso dos
documentos arquivísticos do que o documento de per si
e que o arquivista precisa inserir-se nesse contexto mais
geral de gestão e disponibilidade da informação.
O autor oferece um amplo balanço, desde a
proposta de José Moron, em 1879, aos anos mais
recentes, do uso do termo Arquivoconomia,
considerando que o conceito do termo foi aprimorado e
mais bem estruturado nos estudos do italiano Eugenio
Casanova, em seu Archivistica, de 1928. Nesta obra, é
proposto o entendimento da Arquivoconomia como uma
das três divisões da Arquivística, responsável pela
“administração externa do arquivo geral”. Após passar
por diversos outros autores de destaque como
Albuquerque (1972), Prado (1965), Heredia Herrera
(1987), Pereira (1978) e Aldabalde (2015), Luz conclui
que Arquivoconomia, também, chamada de
CHARLLEY LUZ
100
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Arquivintendência ou Tecnologia Arquivística na
literatura da área, é “a técnica e os métodos adequados a
serem empregados na estruturação de serviços de
arquivo, sejam eles físicos ou digitais”.
Para iniciar suas analogias entre as novas
tecnologias e as perspectivas da Arquivoconomia, Luz
retorna a Casanova e seu entendimento, hoje já
arraigado na área, de que um arquivo institucional é
formado de uma rede de arquivos relativos a cada uma
das instituições (escritórios) que fazem parte do sistema
de arquivos. Pode-se traduzir esses arquivos
institucionais como sistemas de informação de negócio
e redes institucionais de computadores com seus
respectivos repositórios digitais. Esses repositórios
digitais e os documentos lá armazenados não seriam
arquivísticos a priori, por não atenderem aos requisitos
de produção e manutenção de autenticidade. No
entanto, nesta primeira fase, por se tratar da
competência do produtor, sua manutenção e estar sob
sua proteção, segundo Casanova, “adquire caráter de
autenticidade, que é essencial para que o documento
gerado na ação tenha a fé de terceiro e garantir direitos à
posteridade”.
CHARLLEY LUZ
101
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Ademais, Casanova é citado, sem novidades,
quanto à necessidade de serem preservados os
documentos e registros históricos como referência de
modus faciendi de determinadas atribuições institucionais.
Todavia, há que se salientar a necessidade de tal registro
ratificando a existência de critérios de seleção quando,
não raramente, ouve-se falar em guardar tudo “por ser
digital e não ocupar espaço”, esquecendo-se que o
conceito de arquivo implica, necessariamente, na ideia
de gestão e avaliação documental.
No segundo bloco, que vai de “Estrutura da
Arquivoconomia” até “Higiene e Manutenção das
Instalações (conservação e restauração)”, Luz explora a
estrutura e as partes da Arquivoconomia, segundo
Casanova, quais sejam: a) construção de arquivo; b)
mobiliário; c) distribuição de espaços; e d) higiene e
manutenção das instalações e restauração. Para Luz, na
prática atual, essas ideias estariam contempladas pela
função preservação, proposta por Rousseau e Couture
(1998, e esmiuçada em Les fonctions de l´Archivistique
contemporaine, de 2000, de Couture et collaborateurs),
pondera, todavia, que na visão de Casanova havia uma
preocupação adicional com a eficiência na realização das
atividades.
CHARLLEY LUZ
102
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
A Construção do Arquivo Digital é abordada em
termos do uso das plataformas digitais de gestão,
preservação e acesso da informação e documentos
arquivísticos. Para Casanova, citado por Luz, enquanto
os escritórios da administração deveriam ficar mais
próximos dos centros urbanos, os arquivos, separados
da administração, seriam instalados nos arredores da
cidade, todavia, próximo aos modernos meios de
comunicação e transporte, oferecendo ampla
oportunidade de acesso ao público. No escopo digital,
essa distância não mais existe quando é possível manter
o acesso aos documentos, independentemente do lugar
onde os originais foram produzidos ou encontram-se
armazenados. Mas é preciso pensar e organizar
conscientemente esses sistemas arquivísticos apoiados
em tecnologia, visto que, como qualquer outro sistema
de informação, envolve, também, normas, padrões
(visando independência tecnológica e
interoperabilidade), pessoas e cultura organizacional,
além de recursos financeiros.
Para Luz, citando Quisbert (2006), os sistemas de
informação de arquivo têm como atribuições precípuas
permitir a preservação e tornar acessível a informação
arquivística a uma determinada comunidade ao longo do
tempo e, simultaneamente, manter a autenticidade da
CHARLLEY LUZ
103
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
informação gerenciada. Luz observa que esses sistemas,
cujas estruturas de gestão e preservação devem ser
diferentes, mas contínuas, precisam se apoiar no modelo
de implantação de repositórios arquivísticos digitais
confiáveis (RDC-Arq). Em outras palavras, o sistema
informatizado de gestão arquivística de documentos
(SIGAD), cuja implementação demanda a existência de
uma política arquivística e instrumentos de gestão
aprovados e adotados pela instituição, precisa se
comunicar de forma efetiva com o repositório digital
confiável.
Em resumo, Charlley Luz considera que construir
o Arquivo Digital pode ser entendido como o
planejamento e implementação de um SIGAD, que se
comunique com outros sistemas de negócio, e que esteja
conectado com um RDC-Arq, observadas as mais
diversas formas de conexão por meio de diferentes
formas de acesso e difusão. Aqui uma extrapolação
das propostas de Casanova, visto que trás suas análises
para o contexto de sistema de arquivos no âmbito
institucional, embora seja igualmente aplicável no
contexto de uma comunidade, entendida em termos de
município, estado ou mesmo país.
CHARLLEY LUZ
104
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
No viés da arquitetura de interiores, no que
respeita aos requisitos de equipamentos para os acervos
de guarda permanente, são contemplados os aspectos de
segurança, acesso e arquivamento no contexto da
implantação de repositórios digitais arquivísticos
confiáveis (RDC-Arq), uma vez que é nesses que serão
preservados os documentos arquivísticos digitais
permanentes. Nesse contexto de preservação,
acrescentaria, também, os documentos de guarda
intermediária de longo prazo, como, por exemplo, os
dossiês funcionais. A analogia proposta é bastante
adequada porque, pressupõem-se, são esses repositórios
que substituirão as estruturas físicas de arquivo quando
da preservação de documentos arquivísticos digitais.
A seguir, a distribuição dos espaços, viés da
arquitetura de escritório, contempla a identificação das
diversas áreas comumente identificadas como necessária
a estrutura de uma instituição ou serviço de arquivo,
quais sejam, protocolo, sala de pesquisa, de reprodução,
de exposições, de restauro etc. Observa-se que toda essa
estrutura tem o claro objetivo de permitir o acesso
perene dos documentos aos interessados. Assim, Luz
observa que o foco passa a ser no tratamento dos
documentos e informações de forma a permitir sua
recuperação pelos sistemas de informação online e
CHARLLEY LUZ
105
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
permitir que o próprio usuário seja o ator da mediação
entre seu interesse e o documento ou informação que
atenda à sua demanda.
Aqui torna-se essencial o conhecimento e a adoção
de padrões de descrição dos documentos, dos fundos ou
instituições originadoras e da instituição custodiadora e
a adoção de uma visão institucional não apenas de
concessão de acesso, mas de difusão e, até. de oferta de
informações. O arquivo deixa de ser uma área que
apenas recebe demandas, mas gera produtos antes
dessas demandas aparecerem. Aqui destaca-se nova
analogia dos arquivos correntes com os diversos
ambientes digitais e plataformas utilizadas nas
instituições. Finalmente, considerando ser o usuário o
principal objeto de estudo quanto as formas de
oferecimentos dos serviços do arquivo, Luz observa que
a arquitetura da informação oferece ferramentas para a
definição de interfaces de relacionamento com esses
clientes. Mais adiante, ele voltará a abordar esse
assunto.
A higiene e manutenção das instalações visando a
conservação dos acervos e as técnicas de restauração
visando recuperar aquilo que não foi devidamente
protegido é facilmente relacionado com aspectos de
CHARLLEY LUZ
106
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
segurança da informação. Os serviços de restauração
comumente criam dossiês para registrar as ações
reparadoras nos documentos, de forma que qualquer um
saiba que intervenção foi realizada, o que a motivou,
como foi feita, por quem e quando. O que seria isso no
mundo digital senão os registros em metadados de
quaisquer intervenções nos documentos digitais, sejam
comuns, como verificação de hash e assinaturas digitais,
seja a migração de formatos e suportes?
No encerramento desta parte de texto, Luz nos
lembra que o acesso à informação é um requisito legal e
que sem ações de preservação digital, não se pode
garantir o acesso aos acervos arquivísticos
contemporâneos.
No terceiro bloco, que vai de “Partes da
Arquivoconomia e comparação com Planejamento
Digital” até Arquitetura dos Escritórios (distribuição
dos espaços)”, Luz se aprofunda um pouco mais no
tema e chega ao cerne desse novo trabalho exploratório:
a aplicação dos conceitos de Arquivoconomia no
contexto dos arquivos digitais.
um quadro resumo deste terceiro bloco logo
em seu início, comparando as partes da Arquivoconomia
CHARLLEY LUZ
107
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
e o planejamento digital. Em seguida, Luz destrincha
cada comparação feita no quadro, ampliando a
abordagem feita no segundo bloco. Assim, temos:
Construção de arquivo: definição do sistema
informatizado de gestão arquivística de documentos
(SIGAD);
Arq u i t e t ur a d e in t e r i or es ( a rq ui vo
permanente): equivalente as demandas para
implantação e gestão dos repositórios arquivísticos
digitais (RDC-Arq);
Arquitetura dos escritórios (distribuição dos
espaços): serviços online, aplicativos, tomada de
decisão, usabilidade, em outras palavras, a
organização da informação no viés da arquitetura da
informação.
O destaque dessa parte é a abordagem e discussão
sobre novos conhecimentos tecnológicos e as “novas
disciplinas”, quando mencionados no contexto da
formação dos arquivistas. Primeiro naquilo que é mais
próximo aos profissionais, esmiúça os requisitos e
procedimentos para a implantação e as funcionalidades
principais de um SIGAD e apresenta os requisitos dos
CHARLLEY LUZ
108
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
repositórios digitais confiáveis, observadas as diretrizes
para avaliar e certificar esses repositórios.
Menciona a existência e disponibilidade do
software Archivematica, gratuito e de código aberto, que
atende aos requisitos OAIS, além de ser indicado pelo
C o n s e l h o In t e r n a c i o n a l de A r q u i v o s p a r a
implementação de RDC-Arq, explicando seu
funcionamento e estrutura, como as espaços de
armazenamento, os pacotes de informação (AIP e DIP) e
instalações complementares, como o software AtoM,
utilizado para descrição e disponibilidade, e o Swift, API
para armazenamento e recuperação em nuvem para
funcionamento em escala. Todavia, não menciona o SIP
que, analogicamente, pode ser interpretado como
documentos que chegam por transferência ou
recolhimento e que precisam passar por triagem antes
de serem aceitos no depósito de arquivo.
Ao aprofundar as discussões sobre a difusão
arquivística, é mencionado o papel o RDC-Arq como
portal de saída por meio dos DIPs, ao mesmo tempo que
ratifica a necessidade da comunicação desse sistema de
preservação digital com o SIGAD. Aqui cabe um
destaque. Meio sem alarde, Charlley Luz propõe o
entendimento de que o SIGAD seja um sistema de
CHARLLEY LUZ
109
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
gestão de informação arquivística digital que contemple,
o patrimônio documental acumulado, mas também, o
conteúdo e o conhecimento gerado nos sistemas e nas
tomadas de decisão da instituição. Em que pese uma
possível discussão de que, para ser capturada pelo
SIGAD, as informações precisariam ser manifestadas na
forma de documentos (fixidez), é uma proposta que, na
verdade, ratifica um discurso alardeado em muitas
discussões arquivísticas, sem reflexo na realidade
institucional, qual seja, o Sigad não tem sido utilizado
para registrar todos os documentos arquisticos
institucionais, mas somente aqueles que são tramitados.
O DIP gerado pelo RDC-Arq ficaria acessível por
meio do ambiente de difusão (portal, site, blog) que se
utilizaria de processo descritivo baseados na Nobrade
bem como metadados estruturais de disponibilidade, ou
seja, suportar os metadados originais dos documentos
arquivísticos e ser capaz de relacionar com outros tipos
de metadados que estao disponível no mesmo
ambiente digital. Deve ser contemplado, inclusive, o
tagueamento, ou seja, a criação de rótulos a partir de
taxonomias e linguagem documentárias existentes.
Nesse novo ambiente, com estrutura de navegação em
multinível, e que exigirá cadastros de usuários, é preciso
observar os requisitos da lei geral de proteção de dados.
CHARLLEY LUZ
110
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
Ao abordar os aspectos relativos à arquitetura dos
escritórios, ou seja, a distribuição dos espaços, Luz
propõe que a análise e definição dessa estrutura seja
pensada por meio da arquitetura de informação,
observando que esta é muito mais que taxonomia, uma
vez que abrange todo o ambiente de informação.
Charlley, a seguir, passar e explicar, de uma forma geral,
os conceitos e entendimentos mais difundidos quanto à
arquitetura da informação, destacando seu papel nos
estudos da usabilidade de sites e aplicativos de software.
Assim, o es t u d o da AI se faz ne c e s sário,
principalmente, por buscar manter o resultado da
conjunção entre o conteúdo oferecido, o contexto de uso
e os desejos dos usuários”.
Essa importância da AI para os arquivos pode ser
melhor entendida quando, na proposta de que os
arquivos estarão acessíveis por meio de portais web, é
preciso melhorar a experiência do usuário e pensar em
questões como design, ergonomia e usabilidade das
áreas de acesso.
No quarto bloco, de “Fundamentos da Arquitetura
de Informação” até “Entorno digital do arquivo:
sistemas integrados”, Luz se aprofunda em sua
abordagem sobre o papel da AI nos novos arquivos
CHARLLEY LUZ
111
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
digitais. Fica clara a defesa de Luz de que a
Arquivoconomia se adapta a uma analogia corrente com
os arquivos em ambientes digitais, mas essa abordagem
demanda um sério investimento na arquitetura da
informação em complemento aos conceitos arquivístico.
Para o autor, não é suficiente o tratamento arquivístico
tradicional, é preciso organizar os conteúdos que serão
disponibilizados em ambiente digital (website, intranet,
softwares), considerando isso uma função básica da
arquitetura da informação. Afinal, as sete funções
principais do arquiteto da informação são: “organizar,
navegar, nomear, buscar, pesquisar, desenhar e mapear
informações de e para ambientes digitais”. Esses
profissionais trabalham sob o viés de quatro sistemas
interdependentes, quais sejam: de organização, de
navegação, de rotulação e de busca.
Um dos destaques para os estudos da AI referem-
se aos sistemas de busca e seus estudos sobre a forma
como os usuários potenciais realizam suas buscas e seus
tipos de necessidades informacionais, identificando,
discriminando e visando a suprir essas possíveis
variantes. Essa abordagem, qual seja, estudo dos
usuários, é uma das disciplinas pouco exploradas pela
Arquivologia e arquivistas. Essa visão voltada para
melhorar a forma de atender às necessidades dos
CHARLLEY LUZ
112
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
pesquisadores incorpora elementos de uX, apresentado
a seguir.
Luz observa que a experiência de um usuário na
busca de uma informação pode resultar na descrença de
que aquela instituição pode oferecer aquela ou outras
informações para ele no futuro. É preciso, conclui, para
o sucesso de qualquer sistema interativo, uma
mentalidade de organização da informação centrada no
usuário. Essa organização não será linear, mas,
interativa, uma vez que é baseada em navegação por
âncoras (links).
Por meio da AI é possível estruturar o site para
espelhar as tarefas dos usuários e suas visões do espaço
de informação. A aplicação dessa abordagem pode ser
exemplificada pelo AtoM que atende ao requisito de
descrição multinível, para usuário nas especialistas, a
usabilidade e a encontrabilidade da informação são
pobres. Além disso, também, não oferece condições de
participação do usuário no processo da organização e na
classificação da informação.
No entorno digital do arquivo, Charlley começa
observando que a preservação digital é um esforço que
exige monitoramento e ação contínuos que se inicia
CHARLLEY LUZ
113
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
após a criação do registro documental. Ressalto,
adicionalmente, que previamente ao início de tal ações,
encontra-se a definição de requisitos, como a adoção de
formatos padronizados e abertos, que terão grande
influência na preservação propriamente dita.
A seguir nos traz o conceito de curadoria digital,
observando que, de forma similar às ações de
preservação, também possui uma visão de linha de
tempo, mas que diferencia-se daquela por visar manter e
agregar valor a um conjunto confiável de informação
digital. Ressalta, ainda, que o que aproxima o arquivista
do curador digital é a preocupação em garantir a
autenticidade dos documentos arquivísticos e registros
orgânico. Neste momento, deixa mais evidente, no
escopo abrangido pelo livro, sua preocupação com a
informação arquivística (registros orgânicos) e não com
qualquer informação, em qualquer sistema.
No âmbito do trabalho de curadoria a ser realizado
pelos arquivistas (profissionais de arquivos digitais ou
arquivistas digitais?), volta a mencionar que a gestão de
documentos digitais é mais ampla do que aquela
abrangidas pelos SIGADs e os documentos por ele
gerenciados. É necessária contemplar os sistemas de
negócios e os demais documentos digitais gravados nas
CHARLLEY LUZ
114
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
redes corporativas, muitas vezes sem quaisquer
requisitos de produção. Jamais esquecendo-se da
vinculação desses sistemas com os sistemas de
preservação digital (RDC-Arq) e de difusão e acesso
(sites, portais etc.). Luz denomina esse conjunto de
fatores de entorno digital de um serviço de arquivo
digital.
Luz observa que a participação dos arquivistas
nesse entorno digital, para além de sua já consagrada
abordagem arquivística e informacional, será
conquistada com sua inserção na definição de requisitos
funcionais e de negócios, de metadados, criação e
padronização de formulários, mapeamentos de fluxos
decisões e aplicação em workflows etc. Observando que,
embora a área já conte com modelos de requisitos para
seguir, eles apenas indicam caminhos, não são fórmulas
de aplicação. Assim, essa inserção nas discussões
permite um melhor “alinhamento estratégico das
necessidades do negócio com a estrutura dos ambientes
digitais”.
Finalmente, em suas considerações finais, Charlley
Luz ressalta que este é um estudo introdutório,
observando que sua interpretação merece estudos mais
aprofundados, seja para ratificar, seja para oferecer
CHARLLEY LUZ
115
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
novas interpretações ao uso da Arquivoconomia como
analogia com a criação dos Arquivos Digitais Históricos.
Como um possível contraponto, é importante
destacar que, em 1928, quando da produção do livro
Archivistica, de Eugenio Casanova, a ideia de arquivo
era centrada no aspecto de memória e, portanto, nas
instituições arquivísticas, ignorando quase que
totalmente, os arquivos correntes e intermediários.
Apesar disso, a analogia proposta por Charlley Luz
contempla todo o ciclo de vida dos documentos, uma
vez que aborda desde sua produção até sua preservação
em fase permanente, sem ignorar a função primordial
dos arquivos de organizar e permitir o acesso facilitado
às informações custodiadas.
A resposta àquela pergunta inicial sobre se o livro
se refere aos arquivos ou aos documentos digitais fica
clara ao final da leitura. O autor pensa tanto nos
arquivos institucionais e sua manifestação e
disponibilidade de serviços nos portais de internet
quanto no tratamento dos documentos arquivísticos
digitais a serem disponibilizados, ou não, por meio
desses portais. Não se furtando a fazer propostas,
sempre bem fundamentas, para enfrentamento de
CHARLLEY LUZ
116
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
questões muitas vezes inóspitas aos arquivistas
contemporâneos.
Como ocorre comumente em seus textos, Charlley
leva o leitor a fazer vários questionamentos sobre a
abordagem digital dos arquivos e recupera uma
abordagem quase esquecida, mas aplicável, do que se
chama Arquivoconomia. Após a leitura crítica realizada,
considero um sucesso essa pesquisa exploratória. Além
de concluir sua proposta inicial, o autor, ao se utilizar de
textos rápidos e concisos quase blogueiro, estilo já
característico, transforma uma leitura potencialmente
cansativa em algo leve e de fácil compreensão.
Nesses termos, ao agradecer a Charlley Luz por
mais uma oportunidade de colaborar e conhecer seus
textos em primeira mão, convido os arquivistas e demais
interessados nos temas vinculados à gestão de
documentos e informação para discutir o escopo de suas
ações profissionais, desta feita sob uma proposta de
reinterpretar a Arquivoconomia, agora adjetivada de
Digital.
Vanderlei Batista dos Santos
Junho/2020
CHARLLEY LUZ
117
ARQUIVOCONOMIA DIGITAL
REFERÊNCIAS
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FLORES, Daniel. Documentos Arquivísticos Digitais: autenticidade, acesso a longo prazo e manutenção da cadeia de custódia Palestra. Brasília - DF. 41 slides, color, Padrão Slides Google Drive/Docs 4x3. Material elaborado para a palestra na VII Bibliocontas, no Tribunal de Contas do Distrito Federal em 29 de setembro de 2016. Disponível em: <http://documentosdigitais.blogspot.com>. Acesso em: 29 de setembro de 2016.
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Arquivologia 2.0: a informação humana digital é o resultado da observação e aplicação dos princípios arquivísticos no universo da informação digital. Através da arquitetura de informação, planejamento de portais corporativos e ambientes digitais, o autor, que é consultor e professor,traça os caminhos possíveis para uma abordagem 2.0 no universo das informações arquivísticas, aquelas que são resultado da interação entre pessoas e sistemas nos ambientes corporativos. A gestão do conhecimento e a tecnologia de informação também fazem parte da abordagem, seja através do desenho de interfaces ou da estruturação dos metadados. É uma visão importante acerca do impacto das novas tecnologias e comportamentos no ambiente corporativo, realizados através de ambientes digitais.
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Introducción. Este trabajo pretende analizar y establecer las coordenadas históricas y epistemológicas de la Ciencia de la Información, que, en la bésqueda de una solución definitiva a los problemas que la singularizan, ha evolucionado desde la explícita validación de la objetividad del conocimiento, en una primera etapa, a la aceptación del sujeto como ente social que construye el conocimiento en estrecha relación con su contexto y a través de procesos de reflexión e interpretación. Metodología y Análisis. Se utilizó como punto de partida una división cronológica en tres etapas, dominadas sucesivamente por los paradigmas físico, cognitivo y social, y cada una de ellas fue analizada a través de una serie de variables cualitativas. El análisis se llevó a cabo mediante una revisión bibliográfica. Resultados. El acercamiento desde perspectivas históricas y epistemológicas permitió precisar las sustanciales diferencias que indican una reconstrucción cíclica de los pilares teóricos-conceptuales disciplinarios. Estas diferencias permitieron identificar aquellos aspectos distintivos centrados en la relación sujeto-objeto-contexto, y vinculados con el paradigma social y su emergencia. Conclusiones. Si el paradigma físico es el principal responsable de la configuración de la Ciencia de la Información como disciplina, al establecer los cimientos teórico-metodológicos fundacionales, el paradigma cognitivo, al centrarse en el sujeto como ente individual, es reflejo de un cambio social e intelectual más radical. Por su parte, el paradigma social trasciende el estrecho marco utilitario y metodológico que sustentó el paradigma cognitivo, al hacer énfasis en la historicidad de todos los fenómenos sociales, y en el cuestionamiento persistente de todos los elementos subjetivos presentes en los modelos teóricos.
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This book covers the key aspects of information architecture: core elements of information management, indexing, cataloguing and classification - organising and recording information in the digital environment. Information Architecture for Information Professionals also focuses on design, specifically user-centred design: designing information systems that support the needs of users, by providing attractive, intuitive interfaces that support a range of information tasks and accommodate a range of individual resources.
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Introducao: A escassez de literatura e de politicas que versam sobre as praticas arquivisticas, bem como os multiplos empregos do termo “Sistema de Arquivos” levantam questionamentos entre os pesquisadores, academicos e cientistas da area Arquivistica acerca da competencia e finalidade dos Sistemas de Arquivos no Brasil. Objetivo: Apresentar o regime de informacao dos Sistemas de Arquivos das Universidades publicas do Brasil a partir da identificacao dos elementos que os integram. Metodologia: Para tanto, reuniu-se literatura conceitual acerca de Regime de Informacao e de Sistema de Arquivos a fim de que compusessem o aporte teorico do relatorio e que promovessem a analise dos resultados obtidos na aplicacao do formulario de pesquisa. Resultados: Evidenciam que de modo geral o Regime de Informacao dos Sistemas de Arquivos pesquisados envolve Recursos, Canais, Atores e Mensagens, mas na expectativa dos respondentes este regime deveria acontecer de forma a se valorizar uma determinada categoria de elemento em detrimento de outra. Conclusoes: O Regime de Informacao ideal seria evidenciado com o fomento da discussao entre pares (Sistemas de Arquivos, comunidade Arquivistica em geral) visando a disseminacao do saber e do fazer, a partir dos conhecimentos adquiridos e das experiencias vivenciadas por aqueles que atuam na area, com a organizacao de encontros e reunioes periodicas e sistematizadas.