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doi: 10.33447/paubrasilia.2023.e0105 2023;6e0105
Paubrasilia
Argo Original
Lamiaceae Martinov no município de
Alagoinhas, Bahia, Brasil
La miace ae Marn ov i n the municipal ity of A lago inhas, B ahia, Br azil
1. Universidade do Estado da Bahia -
Campus II, Departamento de Ciências
Exatas e da Terra, Alagoinhas, Bahia,
Brasil
2. Instituto Federal de Educação, Ciên-
cia e Tecnologia Baiano - Campus
Alagoinhas, Bahia, Brasil
Palavras-chave:
Lamiales. Mata Atlântica. Ocimeae.
Keywords
:
Atlantic forest. Lamiales. Ocimeae.
Recebido em: 02/09/2022
Aceite: 12/12/2022
Editor responsável: Jorge Antonio
S. Costa (UFSB)
eISSN: 2595-6752
Resumo
Lamiaceae Martinov é a sexta maior família das Angiospermas, contendo cerca de 240
gêneros e 7.200 espécies. No Brasil, também apresenta alta riqueza, representada por
70 gêneros e aproximadamente 590 espécies. Apesar disso, é uma família relativamente
pouco representada em estudos florísticos regionais. O objetivo deste trabalho foi
realizar a florística e taxonomia das espécies de Lamiaceae ocorrentes no município de
Alagoinhas, Bahia, Brasil. O levantamento foi realizado tanto por coletas do material
botânico, quanto por consulta em materiais depositados em acervos de herbários da
região como o HUNEB e o HUEFS. A família está representada no município por 16
espécies distribuídas em 13 gêneros e 4 tribos. Dentre essas espécies, se destaca Mesos-
phaerum caatingense, que teve seu primeiro registro para o estado da Bahia e para a Mata
Atlântica realizado neste trabalho. São apresentadas descrições, fotografias de campo,
comentários sobre as espécies e uma chave de identificação.
Abstract
Lamiaceae Martinov is the sixth largest family of Angiosperms, containing about 240 genera and
7,200 species. In Brazil, it also presents high richness, represented by 70 genera and approximately
590 species. Despite this, it is a relatively underrepresented family in regional floristic studies. The
objective of this work was to carry out the floristics and taxonomy of the Lamiaceae species occurring
in the municipality of Alagoinhas, Bahia, Brazil. The survey was carried out both by collecting botan-
ical material and by consulting materials deposited in herbarium collections in the region, such as
HUNEB and HUEFS. The family is represented in the municipality by 16 species distributed in
13 genera and 4 tribes. Among these species, Mesosphaerum caatingense stands out, which had its
first record for the state of Bahia and for the Atlantic Forest carried out in this work. Descriptions,
field photographs, comments on the species and an identification key are provided.
Introdução
Lamiaceae Martinov é a sexta maior família das Angiospermas contendo cerca de
240 gêneros e 7.200 espécies, ocorrendo em áreas tropicais a temperadas em todo o
mundo, com a exceção da Antártica (Harley, 2012; Li et al., 2016). Segundo Harley et
al. (2004), baseado no trabalho de Hedge (1992), são reconhecidas sete regiões de alta
diversidade da família, sendo que o Brasil se encontra na quinta, a América do Sul. Os
planaltos da Guiana e do Brasil, incluindo a Amazônia e o leste do América Sul tem
uma flora da família diferenciada, dominada pela subfamília Nepetoideae (Dumortier),
tribo Ocimeae Dumort. e subtribo Hyptidinae Endl., principalmente pelo gênero
David dos Santos Alves 1, Gracineide Selma Santos de Almeida 1 & Itajilanda do Nascimento Santana 2
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 2 de 13
Hyptis Jacq. (Harley et al., 2004). No Brasil a família está representa-
da por 70 gêneros e aproximadamente 590 espécies, apresentando
arbustos, subarbustos, árvores, ervas e lianas, possuindo o maior
número de espécies nos domínios fitogeográficos do Cerrado, Mata
Atlântica e Caatinga (Antar et al., 2022).
O município de Alagoinhas está localizado no Litoral Norte
Baiano e possui importantes remanescentes de Mata Atlântica que
representam um de seus principais domínios fitogeográficos. De
acordo com Jesus et al. (2017), a Floresta Ombrófila Densa dessa
região é formada por um tipo de cobertura vegetal densa, sempre
verde, com árvores frondosas de folhas largas, constituídas de es-
tratos bem definidos e no dossel superior é possível encontrar ár-
vores em média com 20 a 30 m de altura. No sub-bosque encon-
tram-se trepadeiras e pequenos arbustos. São escassos os estudos
florísticos específicos para os remanescentes de Mata Atlântica, o
que acaba não refletindo a real diversidade florística deste domínio
fitogeográfico no estado da Bahia.
São escassos os trabalhos da família para a Bahia, principalmen-
te para o Litoral Norte do estado, sendo os trabalhos com maior
contribuição os de Harley (1996), Harley e Simmons (1986), Harley e
Walsingham (2014) e de Zappi et al. (2003), sendo que, neste último
trabalho, Lamiaceae foi representada por 41 espécies distribuídas em
cinco gêneros para Catolés, na Chapada Diamantina. O gênero Vitex
Tour. ex L. também foi levantado para a Bahia por Lima e França
(2009), onde foram identificadas quinze espécies para o gênero.
A Mata Atlântica é um dos principais hotspots mundiais de
biodiversidade, que há muito tempo sofre com a perda de habitat
(tendo como grande motivo de preocupação a expansão de grandes
monoculturas, especialmente de Eucalyptus L'Hér.), e apesar do
estado insatisfatório de conservação atual, abriga uma extraordiná-
ria biodiversidade e elevados níveis de endemismo, devendo ser um
alvo global para a conservação (Ribeiro et al., 2011). Funk e Ri-
chardson (2002) afirmam que compreender os padrões de biodiver-
sidade pode ser a chave para conservar o restante das espécies exis-
tentes, especialmente em áreas tropicais.
Proteger os remanescentes da Mata Atlântica é um grande
desafio, requerendo medidas legislativas e fiscalizatórias mais rígi-
das e também ações de caráter científico, pois sem o conhecimento
do funcionamento dos ecossistemas torna-se difícil executar práti-
cas conservacionistas e estimular o uso sustentável (Sanquetta,
2008). Buscando contribuir para o conhecimento e manutenção das
florestas nativas, o presente trabalho teve como objetivo realizar o
levantamento florístico e taxonômico das espécies de Lamiaceae
que ocorrem no município de Alagoinhas, Bahia, Brasil.
Material e Métodos
Área de estudo
O município de Alagoinhas está localizado na mesorregião
geográfica do Nordeste Baiano e no território de identidade do
Litoral Norte e Agreste Baiano, apresentando uma extensão de
752,4 km², sob os pontos médios de coordenadas geográficas 12°
08’08” S e 38°25’09” W, a uma altitude de 132 m (SEI, 2013). Limi-
ta-se ao Norte com o município de Inhambupe, ao Sul com o mu-
nicípio de Catu, a Leste com o município de Araçás, a Oeste com o
município de Aramari (Figura 1).
O bioma do município é a Mata Atlântica (IBGE, 2019), cons-
tituindo-se de vários fragmentos e remanescentes que vem apresen-
tando altos índices de antropização como o corte ilegal da madeira
e o avanço da silvicultura. O clima do município é de úmido a su-
búmido, com temperatura média anual de 23,9 ºC, o período chu-
voso é geralmente no período de março a julho e a pluviosidade
anual é de 1.234,1mm (SEI, 2013).
Coleta e herborização
O levantamento florístico e taxonômico da família foi realiza-
do tanto por coletas do material botânico em expedições a campo,
quanto por consulta em acervos do Herbário da Universidade do
Estado da Bahia (HUNEB) e do Herbário da Universidade Estadu-
al de Feira de Santana (HUEFS). As coletas realizadas de forma
quinzenal ou mensal nos remanescentes de Mata Atlântica do mu-
nicípio em melhor estado de conservação (Complexo UNEB/
EBDA, Riacho do Mel, Patioba e Rio Branco), dentro do período
de 5/2019 a 3/2020 e retomadas após o período pandêmico em
2022. Tiveram como foco a coleta de espécimes nativos, porém
também se considerou no check-list espécimes cultivados e naturali-
zados que já se encontravam depositados em acervos.
As expedições foram realizadas de acordo com o método de
caminhamento, que consiste na coleta de indivíduos em estágio
reprodutivo das espécies encontradas ao longo da trilha e ao alcan-
ce da visão do coletor (Filgueiras et al., 1994). O material foi coleta-
do e herborizado conforme padrões usuais em botânica (Fidalgo;
Bononi, 1984; Mori et al., 1989). Sendo coletados cerca de três
exemplares de cada espécie encontrada. Além disso, partes férteis
dos indivíduos como inflorescências e frutos foram acondicionados
em recipientes com álcool 70%, devidamente etiquetados, com data
e número da coleta, utilizados para posteriores estudos morfológi-
cos. Os materiais coletados e identificados foram devidamente
incorporados ao acervo do HUNEB.
Identificação e descrição taxonômica
A identificação foi realizada através de bibliografia específica
da família (Antar et al., 2022; Hashimoto; Ferreira, 2020; Harley;
Pastore, 2012; Harley, 2012; Silva-Luz et al., 2012; Mota et al., 2017;
Monteiro et al., 2018) e comparação com a coleções botânicas do
HUNEB e HUEFS, além de consultas aos acervos virtuais da base
de dados do Specieslink (https://specieslink.net/).Quando necessá-
rio se consultou especialistas da família.
O sistema de classificação adotado foi APG IV (2016), sendo
que para classificações de tribos e subtribos se utilizou a classifica-
ção mais recente e atualizada por Zhao et al. (2021). Para siglas dos
herbários se utilizou Thiers Index Herbariorum (http://
sweetgum.nybg.org/science/), que é continuadamente atualizado.
A distribuição geográfica, sinonímias e domínios fitogeográfi-
cos das espécies foram estabelecidos a partir de dados fornecidos
pelo site da Flora e Funga do Brasil (http://
floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/).
A descrição das espécies foi realizada através da análise mor-
fológica dos caracteres vegetativos e reprodutivos do material exa-
minado em laboratório com base em exsicatas, material reidratado e
material acondicionado em álcool 70%), com o auxílio do estereo-
microscópio, régua e papel milimetrado. A terminologia utilizada
dos caracteres foi baseada em Gonçalves e Lorenzi (2016).
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 3 de 13
Resultados e Discussão
Lamiaceae está representada no município de Alagoinhas por 16
espécies distribuídas em 13 gêneros e 4 tribos (Tabela 1). A tribo com
maior representatividade foi Ocimeae pertencente a subfamília Nepe-
toideae., sendo grande parte dos gêneros representantes da subtribo
Hyptidinae, caracterizada principalmente pelo seu mecanismo de poli-
nização explosiva (Harley, 1971). A grande representatividade da sub-
tribo na área de estudo já era esperada pelo fato de ser considerada
quase exclusivamente neotropical, ocorrendo em toda a América tropi-
cal e subtropical (Harley et al., 2004).
Através das expedições se realizou o importante registro da espécie
Mesosphaerum caatingense, recentemente descrita e até então considerada
endêmica da caatinga (Harley et al., 2019), sendo tanto um primeiro
registro para o estado da Bahia (ampliando os dados acerca da distribui-
ção da espécie) quanto para o domínio da Mata Atlântica. O que reforça
a importância da conservação e conhecimento da composição florística
destes remanescentes do município, que podem estar abrigando outros
importantes registros como este.
Também se teve a presença dos gêneros Eplingiella e Rhaphiodon
que são endêmicos do país (embora o segundo ser monoespecífico),
onde apesar da grande representatividade em Ocimeae, o gênero que
apresentou um maior número de espécies (3 spp.) foi Aegiphila da tribo
Clerodendreae.
Grande parte dos registros das espécies para a família se concen-
tram na área do Complexo Vegetacional UNEB/EBDA, que pode ser
explicado pela proximidade da área com a universidade que acaba ser-
vindo de campo para os mais diversos estudos botânicos, o que de-
monstra a relevância biológica deste remanescente de Mata Atlântica e
a necessidade de conservação desta área.
Haviam registros do gênero Eriope Bonpl. ex Benth. nas bases de
dados (HUNEB 3469, Jesus 420; HUNEB 10334, Jesus 2291; HUNEB
11380, Jesus 2318; HUNEB 12259, Silva 56), mas ao verificar o acervo
não se encontrou os espécimes e as espécies não foram reencontradas
nas coletas. Dessa forma não foi possível realizar as análises e confir-
mar as ocorrências.
Figura 1. Mapa da Área de Estudo. Em destaque o Município de Alagoinhas.
Subfamília Tribo Espécie
Ajugoideae
Kostel. Clerodendreae Briq. Aegiphila integrifolia (Jacq.) B.D.Jacks.
Aegiphila pernambucensis Moldenke
Aegiphila verticillata Vell.
Lamioideae
Harley Leucadeae Scheen &
Ryding Leonotis nepetifolia (L.) R.Br.
Mentheae Dumort. Mentha piperita L. Nepetoideae
(Dumort.)
Luerss. Ocimeae Dumort. Ae ollanthus suaveolens Mart. ex Spreng.
Coleus barbatus (Andrews) Benth. ex G.Don
Eplingiella fruticosa (Salzm. ex Benth.) Harley &
J.F.B.Pastore
Gymneia platanifolia (Mart. ex Benth.) Harley &
J.F.B.Pastore
Hypenia salzmannii (Benth.) Harley
Hyptis atrorubens Poit.
Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze
Mesosphaerum caatingense Harley & J.F.B.Pastore
Mesosphaerum pectinatum (L.) Kuntze
Ocimum gratissimum L.
Rhaphiodon echinus Schauer
Tabela 1. Check-list da família Lamiaceae para o município de Alagoinhas.
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 4 de 13
Chave para identificação das espécies de Lamiaceae no município de Alagoinhas, Bahia, Brasil
1. Estilete terminal; fruto drupáceo..............................................................................................................................................................................................2
Estilete ginobásico; fruto esquizocárpico................................................................................................................................................................................4
2. Folhas ovadas a largo-elípticas; cimas sésseis, brácteas ausentes..........................................................................................................Aegiphila integrifolia
Folhas oblongas ou elípticas; cimas pedunculadas, brácteas presentes.............................................................................................................................3
3. Lâmina velutina em ambas as faces; frutos sempre oblongos, 9–10×5–7 mm...................................................................................Aegiphila verticillata
Lâmina velutina em apenas uma face; frutos geralmente globosos, 5–7×4–5 mm....................................................................Aegiphila pernambucensis
4. Caule cilíndrico, entrenós inflados e fistulosos.........................................................................................................................................Hypenia salzmannii
Caule quadrangular, sem o conjunto de caracteres............................................................................................................................................................5
5. Margem foliar inteira; inflorescência espiciforme.................................................................................................................................Aeollanthus suaveolens
Margem foliar crenada, dentada ou serreada; inflorescência não espiciforme..............................................................................................................6
6. Folhas cordiformes.....................................................................................................................................................................................................................7
Folhas ovadas ou elípticas.........................................................................................................................................................................................................8
7. Cálice com lobos espinescentes; corola infundibuliforme, roxa.............................................................................................................Rhaphiodon echinus
Cálice com lobos filiformes; corola hipocrateriforme, branca com um arco roxo no lábio superior.....................................Mesosphaerum caatingense
8. Folhas dispostas em braquiblastos..............................................................................................................................................................Eplingiella fruticosa
Folhas não dispostas em braquiblastos...................................................................................................................................................................................9
9. Inflorescência em verticilastros ou tirsóides compostas por cimeiras sésseis.................................................................................................................10
Inflorescências não formando verticilastros........................................................................................................................................................................13
10. Verticilastros globosos...........................................................................................................................................................................................................11
Verticilastros não globosos...................................................................................................................................................................................................12
11. Cálice 6–lobado; corola tubulosa laranja..................................................................................................................................................Leonotis nepetifolia
Cálice 5–lobado; corola hipocrateriforme ou infundibuliforme branca com pontuações púrpuras............................................Gymneia platanifolia
12. Par de brácteas simétricas; corola roxa, lábio superior e inferior unilobado............................................................................................Coleus barbatus
Par de brácteas assimétricas; corola branca, lábio superior 4–lobado, lábio inferior unilobado..................................................Ocimum gratissimum
13. Inflorescências capituliformes, brácteas da base não semelhantes as folhas................................................................................................................14
Inflorescências não capituliformes, brácteas da base semelhantes as folhas................................................................................................................15
14. Inflorescência em capítulos hemisféricos, brácteas elípticas....................................................................................................................Hyptis atrorubens
Inflorescência em glomérulos capituliformes, brácteas lanceoladas..........................................................................................Marsypianthes chamaedrys
15. Inflorescência tirsóide composta por cimeiras pediceladas.........................................................................................................................Mentha piperita
Inflorescência em dicásios cincinados compactos........................................................................................................................Mesosphaerum pectinatum
1. Aegiphila integrifolia (Jacq.) B.D.Jacks., Index Kew. 1(1): 46 (1893).
Arbusto ou árvore, ramos quadrangulares, pubescentes a velutinos. Folhas opostas cruzadas, ovadas a largo-elípticas; pecíolo inconspí-
cuo a 4 mm compr., pubescente; lâmina 40–85 × 25–55 mm, ápice atenuado, base atenuada, margem inteira, face adaxial com tricomas glandu-
lares, face abaxial velutina, discolores. Inflorescência em cimas axilares, sésseis, multifloras, brácteas ausentes. Flores sésseis; cálice longamen-
te tubuloso, ca. 3 mm compr., pubescente a velutino, lobos atenuados; corola tubulosa, branca ou creme, tubo não totalmente incluso no cálice,
ca. 1 mm de compr., 4–lobada, pubescente; androceu não observado; gineceu com ovário súpero, estilete terminal, estigma bífido. Fruto dru-
páceo, oblongo, verdes, 6–8 × 3–4 mm; cálice persistente, glabro.
Fenologia: Registro da espécie em floração e frutificação em janeiro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, 7km N of limit of town, BR-101, 27/I/1993, Kallunki 387 (HUEFS).
Distribuição: Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (França, 2022).
Aegiphila integrifolia é nativa do Brasil (França, 2022). O único registro da espécie na área de estudo é de 1993, que estava identificado como Ae-
giphila parviflora Moldenke, porém a espécie foi sinonimizada para A. integrifolia. Diferencia-se das demais espécies do gênero na área de estudo pelas
suas folhas ovadas a largo-elípticas e cimas sésseis.
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 5 de 13
2. Aegiphila pernambucensis Moldenke, Phytologia 1: 257 (1937).
(Figuras 3a, 5a)
Árvore ou arvoreta com ramos quadrangulares, entrenós
glabros a incanos (geralmente nos ramos inferiores) ou pubescen-
tes, nós velutinos. Folhas opostas cruzadas, oblongas a elípticas;
pecíolo 1–5 mm compr., velutino; lâmina 20–70 × 10–40 mm,
ápice atenuado (geralmente arredondado nas folhas jovens), base
atenuada, margem inteira, face adaxial pubescente, face abaxial
velutina, discolores. Inflorescência em cimas axilares, multifloras;
pedúnculo 3–5 mm compr., velutino; brácteas lineares, velutinas.
Flores sésseis; cálice infundibuliforme, 2–5 × 2–3 mm, externa-
mente velutino, internamente glabro, lobos atenuados a sinuoso;
corola hipocrateriforme, 2–4 × 9 mm, branca, 4–lobada; androceu
com 4–5 estames alvos, exsertos, isodínamos; gineceu apresentando
ovário súpero, estilete terminal, estigma bífido, exserto. Fruto dru-
páceo, alaranjado, geralmente globosos, raramente oblongos, 5–7 ×
4–5 mm; cálice persistente, glabro, lobos inteiros a sinuosos.
Fenologia: Registros da espécie em floração e frutificação
nos meses de março e dezembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, UNEB,
Campus II, 2/III/1999, Jesus 177 (HUEFS, HUNEB); loc. cit., 19/
XII/2000, Figueroa 112 (HUNEB).
Distribuição: Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambu-
co) (França, 2022).
Aegiphila pernambucensis é nativa do Brasil e endêmica para
região Nordeste (França, 2022). Se diferencia das outras espécies do
gênero na área de estudo pelos seus frutos geralmente globosos e
sua lâmina foliar velutina apenas na face abaxial.
3. Aegiphila verticillata Vell., Fl. Flumin. 37 (1829). (Figuras 2a, 3b)
Arbusto ou arvoreta, ramos quadrangulares, pubescentes na
base e velutina conforme chega ao ápice. Folhas opostas cruzadas,
elípticas; pecíolo 2–6 mm, velutino a pubescente; lâmina 30–70 × 17–
30 mm, ápice arredondado a atenuado, base atenuada, margem inteira,
velutinas em ambas as faces, discolores. Inflorescência em cimas
axilares; pedúnculo velutino; brácteas lineares, velutinas. Flores pedice-
ladas; pedicelo 1–4 mm, velutino; cálice piriforme, infundibuliforme ou
obcônico, 3–5 × 2–3 mm, 4–5 lobado, externamente velutino, interna-
mente glabro; corola alva, 4–lobada; androceu com 4 estames, exsertos,
isodínamos; gineceu com ovário súpero, estilete terminal exserto, estig-
ma bífido. Fruto drupáceo, oblongo, verde a alaranjado, 9–10 × 5–7
mm; cálice persistente, glabro.
Fenologia: Registros da espécie em floração e frutificação
nos meses de dezembro a abril.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, UNEB,
Campus II, 14/I/1998, Jesus 42 (HUNEB, HUEFS); loc. cit., 19/
XII/2000, Figueroa 110 (HUNEB); loc. cit., 10/III/2001, Silva, Melo
& Resende 139 (HUEFS); loc. cit., 27/II/2002, Melo 3522(HUEFS);
loc. cit., 24/II/2004, França 4928 (HUEFS).
Distribuição: Norte (Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Tocan-
tins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina) (França, 2022).
Aegiphila verticillata é nativa do país (França, 2022). Existe um
considerável número de espécies do gênero que possui como sino-
nímia A. verticillata, evidenciando sua morfologia bastante variável.
Foram encontrados espécimes em acervo com as nomenclaturas
antigas, identificados como A. lhotskiana Cham. e A. paraguariensis
Briq. Dentre as espécies do gênero na área de estudo, assemelha a
A. pernambucensis por possuir cimeiras pediceladas, porém, podem
ser diferenciadas principalmente por A. verticillata apresentar as duas
faces da lâmina foliar velutinas e seus frutos serem oblongos. No
Remanescente de Mata Atlântica do Complexo Vegetacional UNE-
B/EBDA, a espécie foi encontrada nas bordas das trilhas.
4. Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng., Syst. Veg., ed. 16
[Sprengel] 2: 750 (1825). (Figuras 3c, 4a, 5b)
Erva a subarbusto decumbente, caule quadrangular, suculen-
to, glabro e mais raramente incano. Folhas opostas cruzadas, elípti-
cas, sésseis; lâmina 30–65 × 10–20 mm, base decorrente, margem
inteira, ápice arredondado, ambas as faces glabras. Inflorescências
terminais, espiciformes, composta de cimas unifloras, congestas;
pedúnculo pubescente; um par de brácteas na base de cada flor,
semelhantes a folhas, elípticas, ca. 2–3 mm compr. Flores sésseis;
cálice tubuloso, arredondado, truncado, ca. 1 mm compr., externa-
mente pubescente, internamente glabro; corola tubulosa, bilabiada,
externamente próxima a base glabra, próxima aos lábios pubescen-
tes, internamente glabra; androceu com 4 estames inclusos; gineceu
apresentando ovário súpero, 4–lobado, estilete ginobásico, estigma
bífido. Fruto esquizocárpico; cálice acrescente, ca. 3 mm de
compr., turbinado, inflado, externamente pubescente; Sementes em
4 núculas, arredondadas, levemente piramidais, ca. 1 × 1 mm.
Fenologia: Registros da espécie em floração e frutificação no
mês de outubro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, C.A.A.,
3/X/2008, Silva 46 (HUNEB).
Aeollanthus suaveolens é uma espécie cultivada no Brasil, o gêne-
ro originalmente é nativo da região da África do Sul (Van; Van,
2005). A espécie difere das demais na área de estudo pela sua inflo-
rescência terminal espiciforme composta por cimas unifloras. Con-
siderada como não ocorrente no país (Antar et al., 2022), porém se
trata de uma planta comercializada possivelmente para fins orna-
mentais (por ser considerada uma planta suculenta) ou terapêuticos.
5. Coleus barbatus (Andrews) Benth., Pl. Asiat. Rar. (Wallich). 2: 15
(1830). (Figuras 2b, 3d)
Subarbusto, ramos quadrangulares, velutinos a tometosos.
Folhas opostas cruzadas, membranáceas, ovadas a elípticas; pecío-
lo 5–20 mm compr., tomentoso; lâmina de 35–85 × 15–43 mm,
ápice atenuado, base atenuada, margem crenada a serreada, ambas
faces velutinas. Inflorescência terminal em tirso de cimeiras
sésseis formando verticilastros, pedúnculo pubescente glandular;
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 6 de 13
par de brácteas simétricas na base do tirso semelhante a folhas.
Flores vistosas pediceladas; cálice 5 lobado com um dos lobos
maior, recurvado e elíptico, externamente pubescente, internamente
hirsuto, 4–6 × 1–2 mm; corola bilabiada, roxa, 12–23 mm compr.,
tubulosa, lábios unilobados, lábio superior curto e recurvado, lábio
inferior longo, cimbiforme guarnecendo as estruturas reprodutivas;
androceu com 4 estames didínamos; gineceu com ovário súpero 4–
lobado, estilete ginobásico, estigma bífido. Fruto não observado.
Fenologia: Registro de floração nos meses de abril e novembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, Fazenda
Espinho, 12/XI/2008, Silva 55 (HUNEB).
Distribuição: Norte (Pará), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Cen-
tro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (Flora e
Funga do Brasil, 2022).
Ainda considerada como Plectranthus barbatus na Flora e Funga
do Brasil (Antar, 2022), atualmente tratada como C. barbatus ( se-
gundo Paton et al., 2019), é uma espécie amplamente cultivada pelo
Brasil. Se diferenciando das demais principalmente pela sua mor-
fologia dos lábios da corola, ambos unilobados, onde o superior é
curto e recurvado e o inferior é longo e cimbiforme.
6. Eplingiella fruticosa (Salzm. ex Benth.) Harley & J.F.B.Pastore,
Phytotaxa 58: 22 (2012). (Figuras 2c, 3e, 4b, 5c)
Arbusto, ramos quadrangulares, incanos. Folhas opostas cru-
zadas, dispostas em braquiblastos, cartáceas, ovadas; pecíolo com 3–
7 mm de compr., incano; lâmina 7–14 × 4–8 mm, ápice de arredon-
dado a atenuado, base atenuada, margem crenada, face adaxial pilosa,
face abaxial velutina e discolores. Inflorescência em umbelas, axi-
lares ou terminais, 10–13 × 15–18 mm; pedúnculos ca. 16 mm
compr., pubescentes; brácteas ca. 5 mm, verdes, filiformes. Flores
subsésseis, ressupinadas, pedicelo pubescente; cálice tubuloso, 4–7 ×
1–2 mm, enegrecido, apresentando 5 lacínios, externamente pubes-
cente com a presença de poucos tricomas glandulares, internamente
glabro com a presença de tricomas hirsutos no ápice; corola hipocra-
teriforme, bilabiada, 7–10 × 2 mm, lilás, face externa pubescente,
internamente glabra; androceu com 4 estames. didínamos, epipétalos,
filetes 2 mm compr., lilás, piloso, anteras roxas; gineceu com ovário
súpero 4–lobado, glabro, estilete ginobásico, lilás, glabrescente, estig-
ma bífido. Fruto esquizocárpico, 5–8 × 2 mm; cálice acrescente,
fortemente curvado, apresenta a abertura tomentosa, em formato
estrelar, externamente piloso, internamente glabro; núculas oblongas,
2 × 1 mm, marrons, glabras.
Fenologia: Registros da espécie em floração e frutificação
nos meses de fevereiro, abril, setembro, outubro e novembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, Fazenda
Iraci Gama, 30/IX/1998, Jesus 152 (HUEFS); Fazenda Limeira, ca.
8km da cidade, 26/II/2010, Carvalho-Sobrinho 2641 (HUEFS); área
do município, 24/IV/2010, Melo 7996 (HUEFS); próximo a in-
dústria Braspel, 24/IV/2010, Melo 8046 (HUEFS); remanescente de
Mata Atlântica, Riacho do Mel, 19/XII/2019, Alves 19 (HUNEB).
Distribuição: Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambu-
co, Rio Grande do Norte, Sergipe) (Harley, 2022).
Eplingiella fruticosa é nativa do Brasil e endêmica da região
Nordeste, com possíveis ocorrências em Minas Gerais (Harley,
2022). Se difere das outras espécies pelas suas folhas nascidas em
braquiblastos, pequenas e xeromórficas. Alguns espécimes ainda
estavam registrados como Hyptis fruticosa Salzm. ex Benth., quando
a mesma ainda fazia parte de uma das seções do gênero Hyptis.
Além disso a espécie apresenta uma característica marcante ao
gênero que é o dimorfismo floral (flores não ressupinadas e flores
ressupinadas), que funciona como uma estratégia de polinização
cruzada (Harley et al., 2017). A espécie foi encontrada nas bordas
das trilhas e também no interior da mata.
7. Gymneia platanifolia (Mart. ex Benth.) Harley & J.F.B.Pastore,
Phytotaxa 58: 23 (2012). (Figuras 2d, 3f, 4c, 5d)
Erva prostrada, caule quadrangular, glabro a incano. Folhas
opostas cruzadas, cartáceas, ovadas; pecíolo 3–11 mm compr.,
tomentoso; lâmina 20–50 × 10–22 mm, ápice atenuado, base atenu-
ada, margem denteada, face adaxial pubescente, face abaxial tomen-
tosa, discolores. Inflorescência em verticilastros globosos, 13–17
× 12–20 mm, séssil, terminais; brácteas marrons, filiformes, 6–7 ×
1 mm. Flores subsésseis, pedicelo pubescente; cálice tubuloso, 8–9
× 1 mm, verde, apresentando 5 lobos lateralmente pilosos com os
ápices púrpuros, face externa pubescente, face interna glabra; coro-
la de hipocrateriforme a infundibuliforme, bilabiada, 4–5 × 3 mm,
branca, apresentando pontuações púrpuras na região interna do
lábio superior, face externa glabra, face interna glabra; androceu
com 4 estames, didínamos, epipétalos, filetes brancos, pubescentes;
gineceu com ovário súpero, 4–lobado, glabro, estilete ginobásico,
branco, estima bífido. Fruto esquizocárpico, 8–10 × 2 mm; cálice
acrescente, giboso, ápice curvado, marrom, de pubescente a piloso;
núculas oblongas, de coloração marrom, glabras as vezes apresen-
tando pubescência no ápice.
Fenologia: Registros da espécie em floração e frutificação
nos meses de abril, junho, agosto e novembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, UNEB,
Campus II, 26/XI/2001, Jesus 540 (HUNEB); loc. cit., 16/XI/2019,
Santos 60 (HUNEB); remanescente de Mata Atlântica, Riacho do
Mel, 19/XIII/2019, Alves 3 (HUNEB).
Distribuição: Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambu-
co, Piauí) (Soares, 2022).
Gymneia platanifolia é nativa do Brasil, não é endêmica, porém
sua distribuição no Brasil é restrita a região Nordeste (Soares,
2022). Facilmente caracterizada pelo seu hábito prostado e suas
inflorescências em verticilastros globosos com flores brancas.
Frequentemente encontrada associada com a espécie Rhaphiodon
echinus Schauer.
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 7 de 13
8. Hypenia salzmannii (Benth.) Harley, Bot. J. Linn. Soc. 98: 91
(1988). (Figuras 3g, 4d, 5e)
Subarbusto, caule cilíndrico, entrenós inflados e fistulosos,
hirsuto na base e após os entrenós inflados geralmente glabros e
cerosos. Folhas opostas cruzadas, membranáceas, elípticas a lance-
oladas; pecíolo 1–7 mm compr., hirsuto-glandular; lâmina 10–20 ×
3–10 mm, ápice atenuado, base atenuada, margem crenada, adaxial
pubescente, adaxial velutina, ambas apresentando tricomas glandu-
lares, discolores. Inflorescência terminal em tirso, cimeiras laxas
apresentando de 1–3 flores e um par de brácteas ovadas na base.
Flores pediceladas, apresentando uma bráctea linear na base do
cálice; pedicelo 8–13 mm, glabro; cálice campanulado, 1–2 mm
compr., 5–lobado, lobos atenuados, pubescentes; corola infundibu-
liforme, bilabiada, com 4 lobos maiores e um reduzido, externa-
mente pubescente, 4–5 mm compr., de cor lilás-azulada; androceu
com 4 estames; gineceu apresenta ovário súpero 4–lobado, estilete
ginobásico. Fruto esquizocárpico; cálice acrescente, campanulado,
inflado de 5 × 3 mm, garganta pubescente, externamente de incano
a glabro; 4 núculas piramidais, 2–3 mm compr.
Fenologia: Registro do material florido e frutificado nos
meses de julho e setembro.
Figura 2. Inflorescências. Aegiphila verticillata (a); Coleus barbatus (b); Eplingiella fruticosa (c); Gymneia platanifolia (d); Leonotis nepetifolia (e); Marsypianthes chamaedrys (f);
Mesosphaerum caatingense (g); Ocimum gratissimum (h);Rhaphiodon echinus (i).
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 8 de 13
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, área do
município, 17/VII/1980, Coradin 3023 (HUEFS); Rio Branco,
Fazenda Iraci Gama, 30/IX/1998, Jesus PC146 (HUEFS); UNEB,
Campus II, 30/IX/1998, Jesus 146 (HUNEB); loc. cit., 19/IX/2000,
Figueroa 65 (HUNEB).
Distribuição: Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Per-
nambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe) e Sudeste (Minas
Gerais) (Faria, 2022).
Hypenia salzmannii é nativa do Brasil (Faria, 2022). Se diferencia
das demais espécies na área de estudo pelo seu caule cilíndrico
apresentando entrenós inflados e fistulosos (ocos).
9. Hyptis atrorubens Poit., Ann. Mus. Natl. Hist. Nat. vii. (1806) 466.
t. 27. f. 3.
Erva decumbente, ramos quadrangulares de pubescentes a
pilosos. Folhas opostas cruzadas, , ovadas; pecíolo 5–10 mm
compr., pubescente; lâmina 7–20 × 5–10 mm, ápice atenuado a
agudo, base atenuada, margem crenada a serreada, discolores. Inflo-
rescência em capítulos hemisféricos, axilares, 10–17 × 10–15 mm,
pedúnculo 15–25 mm compr; brácteas involucrais elípticas, foliáceas,
apresentando tricomas glandulares. Flores sésseis; cálice tubuloso, 5
–lobado, 4 × 1 mm, lobos simétricos e subulados; corola alva ca. 5
mm compr.; androceu com 4 estames didínamos; gineceu com
ovário súpero 4–lobado, estilete ginobásico, estigma bífido. Fruto
esquizocárpico; brácteas persistentes; cálice acrescente 5–7 mm
compr., tubuloso, lobos espinescentes; núculas não observadas.
Fenologia: Registro do material florido no mês de setembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, Fazenda
Pimentel, Lagoa de Dona Maria, 4/IX/2007, Jesus 2291 (HUEFS).
Distribuição: Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondô-
nia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Mara-
nhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe), Centro-Oeste (Goiás,
Mato Grosso) e Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo) (Harley; Antar, 2022).
Hyptis atrorubens é nativa do Brasil (Harley; Antar, 2022). Existe
apenas um único registro da espécie, facilmente reconhecida pelos
seus capítulos involucrais hemisféricos.
10. Leonotis nepetifolia (L.) R.Br., Hort. Kew., ed. 2 [W.T. Aiton] 3:
409 (1811). (Figuras 2e, 5f)
Subarbusto, ramos quadrangulares, pilosos a velutinos.
Folhas opostas cruzadas, ovadas, membranáceas; pecíolo 5–25 mm
compr., velutino; lâmina 20–60 × 10–45 mm, ápice atenuado, base
atenuada, margem crenada, face adaxial glabra com tricomas glan-
dulares sésseis, face abaxial pubescente a velutina com tricomas
glandulares. Inflorescência em verticilastros globosos, axilares e
terminais; brácteas lineares a lanceoladas na base ca. 19 mm compr.
Flores vistosas, pedicelo inconspícuo; cálice tubuloso, velutino,
curvado para baixo, 8–12 mm compr., 6 lobos atenuados, lobo
superior maior que os inferiores; corola tubulosa, alaranjada, ca. 10
mm compr., bilabiada, hirsuta com tricomas alaranjados; androceu
com 4 estames; gineceu com ovário súpero 4–lobado, estilete
ginobásico. Fruto esquizocárpico; cálice acrescente ca. 15 mm
compr.; núculas oblongas, piramidais de 3 mm compr.
Figura 3. Flores. Aegiphila pernambucensis (a); Aegiphila verticillata (b); Aeollanthus suaveolens (c); Coleus barbatus (d); Eplingiella fruticosa (e); Gymneia platanifolia (f); Hypenia
salzmannii (g); Marsypianthes chamaedrys (h); Mesosphaerum caatingense (i);Rhaphiodon echinus (j). Escala de 1 milímetro.
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 9 de 13
Fenologia: Registros da espécie em floração e frutificação
nos meses de maio, julho e novembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, Lagoa
Seca, 12/VII/2001, Figueroa 132 (HUNEB); UNEB, Campus II, 19/
XI/2003, Jesus PC640 (HUNEB); Boa União, Fazenda Cangula.
11/XII/2011, Dias 56 (HUNEB).
Distribuição: Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondô-
nia, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraí-
ba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-
Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso),
Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e
Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (Antar, 2022).
Leonotis nepetifolia é considerada naturalizada do Brasil (Antar,
2022). Espécie facilmente caracterizada pelo seu porte subarbustivo
com inflorescências em verticilastros globosos apresentando flores
tubulares de cor laranja.
11. Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 524
(1891). (Figuras 2f, 3h, 4e, 5g)
Subarbusto, ramos quadrangulares, pilosos. Folhas opostas
cruzadas, membranáceas, ovadas; pecíolo 3–5 mm compr., piloso;
lâmina 10–18 × 8–12 mm, base atenuada, margem serreada, ápice
atenuado, face adaxial e abaxial hirsutas, discolores. Inflorescência
em glomérulos capituliformes, 10 × 10–15 mm, axilares, apresentan-
do de 9–12 flores cada; pedúnculo 15–20 mm compr., pubescente;
brácteas involucrais, lanceoladas, 6–7 × 1 mm, verdes, lateralmente
hirsutas. Flores pediceladas; pedicelo de 1–2 mm de compr., pubes-
cente; cálice campanulado, 5 lobado, 5–7 × 3–5 mm, verde, externa-
mente hirsuto com a presença de tricomas glandulares, internamente
glabro; corola hipocrateriforme, bilabiada, 7–8 × 1–2 mm, lilás, ex-
ternamente glabra com apenas os lobos da corola pubescentes; an-
droceu com 4 estames, didínamos, epipétalos, filetes de cor lilás, com
a região inferior glabra e mais próximo da antera se apresenta piloso,
anteras marrons; gineceu com ovário súpero, 4–lobado, glabro, esti-
lete inteiro, ginobásico, lilás, glabrescente, estigma bífido. Fruto
esquizocárpico; cálice acrescente, 4–5 × 3 mm, marrom, campanu-
lado, hirsuto, 5-lobado, lobos deltoides curvados para fora ; núculas
ovais, escavadas ventralmente, marrons.
Fenologia: Registro do material florido e frutificado nos
meses de janeiro, agosto, novembro e dezembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, UNEB,
Campus II, 19/XII/2000, Figueroa 107 (HUNEB); Trilha do
Meliponário, 16/XI/2015, Santos 61 (HUNEB); remanescente de
Mata Atlântica, Riacho do Mel, 19/VIII/2019, Alves 6 (HUNEB);
povoado do Rio Branco, 23/I/2020, Alves 23 (HUNEB).
Distribuição: Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-
Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso),
Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul
(Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (Antar; Soares, 2022).
Marsypianthes chamaedrys é considerada nativa do Brasil (Antar;
Soares, 2022). Se diferencia das demais espécies na área de estudo
pelas suas núculas ventralmente escavadas, geralmente presente em
áreas abertas e/ou bastantes antropizadas.
12. Mentha × piperita L., Sp. Pl. 2: 576 (1753).
Subarbusto, ramos quadrangulares, glabros com tricomas
glandulares sésseis de forma esparsa. Folhas opostas cruzadas,
ovadas; pecíolo 3–10 mm compr., incano a glabro glandular; lâmina
20–40 × 10–22 mm, ápice atenuado, base atenuada, margem serrea-
da, lâmina com ambas faces glabras amplamente pontuada com
tricomas glandulares sésseis. Inflorescência tirsóide terminal com-
posta de cimeiras pediceladas, pedicelo incano, par de brácteas
ovadas semelhantes as folhas na base do tirso, cimas multifloras,
apresentando um par de brácteas de lanceoladas a ovadas de ápice
acuminado e as restantes filiformes de 2–3 mm compr. Flores
pediceladas; pedicelo ca. 2 mm compr., incano; cálice tubuloso,
estriado, 3 mm compr., glabro com tricomas glandulares sésseis, 5
lobos agudos; corola bilabiada, 4–lobada, de cor branca ou rosada,
2–4 mm compr., glabra glandular; androceu com 4 estames
didínamos; gineceu com ovário 4–lobado, estilete ginobásico. Fru-
to esquizocárpico; núculas não observadas.
Fenologia: Material registrado florido e frutificado no mês de
fevereiro.
Figura 4. Cálice acrescente. Aeollanthus suaveolens (a); Eplingiella fruticosa (b); Gymneia platanifolia (c); Hypenia salzmannii (d); Marsypianthes chamaedrys (e); Mesosphaerum
caatingense (f). Escala de 1 milímetro.
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 10 de 13
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, Boa
União, Fazenda Cangula, 12/II/2012, Dias 100 (HUNEB).
Mentha piperita é uma planta híbrida (entre Mentha spicata L. e
Mentha aquatica L.), de origem cultivada (Flora e Funga do Brasil,
2022). O espécime estava identificado como Ocimum basilicum L.,
porém se diferencia principalmente pela inflorescência (cimas pedi-
celadas em Mentha versus sésseis em Ocimum) e pela corola (4-
lobada versus 5-lobada).
13. Mesosphaerum caatingense Harley & J.F.B.Pastore, Kew Bull. 74(1)-
12: 2 (2019). (Figuras 2g, 3i, 4f, 5h)
Subarbusto, caule quadrangular, lanuginoso. Folhas opostas
cruzadas, membranáceas, cordiformes; pecíolo 9–27 mm compr.,
pubescente; lâmina 19–28 × 10–20 mm, ápice atenuado, base
cordada, margem serreada, face adaxial hirsuta, face abaxial pubes-
cente com tricomas glandulares sésseis, discolores. Inflorescência
em cimeiras pedunculadas, apresentando as flores laxas, 15–20 × 9
–19 mm, axilares (2–5 por axila foliar), de 4–7 flores cada;
pedúnculo 17–23 mm de compr., hirsuto; brácteas diminutas na
base do pedicelo. Flores com pedicelo ca. 1 mm de compr., pubes-
cente; cálice campanulado, 2 × 1 mm, 5 lobos filiformes, verde,
externamente hirsuto, internamente glabro; corola hipocrateri-
forme, bilabiada, 3–4 × 2–3 mm, branca com um arco roxo no
lábio superior e pequenas manchas roxas no lábio inferior, externa-
mente glabra sendo pubescente apenas nos lobos, internamente
glabra; androceu com 4 estames, didínamos, epipétalos, filete bran-
co, piloso; gineceu com ovário súpero, 4–lobado, estilete inteiro,
branco, glabro, estigma bífido. Fruto esquizocárpico, 5 × 2 mm,
campanulado, verde, cálice acrescente; núculas ovadas, 1,5 × 1 mm,
azuis enegrecidas.
Fenologia: Material encontrado florido e frutificado nos
meses de janeiro e outubro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, remanes-
cente de Mata Atlântica, Riacho do Mel, 10/X/2019, Alves 14
(HUNEB); povoado do Rio Branco, 23/I/2020, Alves 22 (HUNEB).
Distribuição: Nordeste (Paraíba, Pernambuco, Rio Grande
do Norte) (Antar, 2022). Incluindo agora também a Bahia.
Foi o primeiro registro da espécie para a Bahia e para o domí-
nio da Mata Atlântica, encontrada principalmente no remanescente
do Riacho do Mel (Floresta Ombrófila Densa), área que não apre-
sentava nenhum registro da família antes dos realizados pelo primei-
ro autor, devido a área está protegida pela 2a Companhia de Supri-
mento do Exército Brasileiro. Foram encontrados poucos indivíduos
em uma área de interior da mata próxima a uma região de brejo. A
espécie que é nativa e endêmica do nordeste brasileiro (Antar, 2022),
Mesosphaerum caatingense se diferencia das demais na área de estudo
principalmente pelas flores de cálice campanulado com lobos filifor-
mes e corola branca com um arco roxo no lábio superior.
14. Mesosphaerum pectinatum Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 516, 525 (1891).
Subarbusto, ramos pubescentes. Folhas opostas, cartáceas,
de ovadas a elípticas; pecíolo 6–11 mm compr., pubescente; lâmina
12–29 × 7–17 mm, ápice agudo, base arredondada a atenuada,
margem serreada, face adaxial pilosa, face abaxial tomentosa, dis-
Figura 5. Frutos. Drupa de Aegiphila pernambucensis (a); núcula de Aeollanthus suaveolens (b); núcula de Eplingiella fruticosa (c); núcula de Gymneia platanifolia (d); núcula
de Hypenia salzmannii (e); núculas de Leonotis nepetifolia (f); núculas unidas de Marsypianthes chamaedrys (g); núcula de Mesosphaerum caatingense. Escala de 1 milímetro.
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 11 de 13
color. Inflorescência tirso com flores em dicásio cincinados com-
pactos, 60–120 mm compr.; pedúnculo ca. 1 mm compr., brácteas
da base do tirso semelhante as folhas, 4–5 × 3–6 mm, de ovadas a
elípticas. Flores corola (não visualizada no material examinado.
Fruto esquizocárpico; núculas obovadas, castanho-escuras, 1 × ca.
0,5 mm, glabrescentes, quando molhadas, envoltas por mucilagem
translúcida.
Fenologia: Material registrado frutificado no mês de novembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, rema-
nescente de Mata Atlântica, UNEB, 19/XI/2003, Jesus 1881
(HUNEB).
Distribuição: Norte (Pará), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Cen-
tro-Oeste (Distrito Federal, Goiás), Sudeste (Espírito Santo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina)
(Antar, 2022).
Mesosphaerum pectinatum é considerada nativa do Brasil (Antar,
2022). Se diferencia das demais espécies na área de estudo pela sua
inflorescência em dicásios cincinados e compactos.
15. Ocimum gratissimum L., Sp. Pl. 2: 1197 (1753). (Figura 2h)
Subarbusto, ramos quadrangulares, pubescentes, hirsutos ou
velutinos. Folhas opostas cruzadas, elípticas; pecíolo 5–25 mm
compr., velutino; lâmina 40–90 × 17–42 mm, ápice de atenuado a
agudo, base atenuada, margem serreada, face adaxial pubescente
com tricomas glandulares sésseis esparsos, abaxial velutina toda
pontuada de tricomas glandulares sésseis, ou ambas faces glabras
com tricomas glandulares sésseis. Inflorescência em tirso com
cimeiras sésseis laxas ou congestas, formando verticilastros,
pedúnculo velutino glandular, par de brácteas semelhantes as
folhas, assimétricas, lanceoladas de 25–50 mm compr., surgindo 3
tirsos do mesmo ponto e na base de cada um com brácteas de até
17 mm compr. Flores pediceladas, pedicelo velutino de 1–2 mm
compr., cálice tubuloso, 5 lobos, um deles maior, lanceolado de
ápice atenuado e recurvado, 2–3 mm compr., velutino glandular,
internamente glabro; corola bilabiada, lábio inferior unilobado,
lábio superior 4–lobado, branca, 1–2 mm; androceu com 4 estames
didínamos; gineceu com ovário súpero, 4–lobado, estigma bífido,.
Fruto esquizocárpico com cálice acrescente ca. 5 mm, marrom,
pubescente, cálice inclinado para baixo com lobo superior deltoide
voltado para cima; núculas ovoides rugosas de 1 mm compr.
Fenologia: Registro do material florido e frutificado nos
meses de setembro e dezembro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, região
central de Alagoinhas, 25/IX/2008, Silva 32 (HUNEB); Boa União,
Fazenda Cangula, 4/XII/2011, Dias 44 (HUNEB).
Distribuição: Norte (Acre, Amazonas, Roraima), Nordeste (Bahia,
Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal,
Goiás, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janei-
ro, São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina) (Antar, 2022).
Ocimum gratissimum é uma planta amplamente cultivada pelo
Brasil, porém já considerada naturalizada do país (Antar, 2022). Um
dos espécimes estava registrado como Ocimum campechianum Mill.,
mas ao realizar a análise foi constatado que realmente se tratava de
O. gratissimum, O. campechianum possui o lobo superior do cálice
arredondado, enquanto que O. gratissimum possui o lobo do cálice
superior atenuado. Se diferencia das demais espécies na área de
estudo pela sua corola branca com o lábio superior 4-lobado e o
inferior unilobado, bastante aromática.
16. Rhaphiodon echinus (Nees & Mart.) Schauer, Flora 27(1): 345
(1844). (Figuras 2i, 3j)
Erva prostada, ramos quadrangulares hirsutos. Folhas opostas,
cartáceas, cordiformes; pecíolo 13–20 mm compr., hirsuto; lâmina 20
–27 × 15–19 mm, ápice atenuado, base arredondada a cordada,
margem dentada, face adaxial e abaxial hirsutas, discolores. Inflo-
rescência em glomérulos, 18–20 × 13–26 mm, axilares, apresentan-
do 15–30 flores; pedúnculo de 80–95 mm compr., hirsuto; brácteas
filiformes, 3×1 mm, espinescentes. Flores subsésseis, de pedicelo
glabro; cálice de tubo curto ca. 1mm, , apresentando de 5–15 lobos
espinescentes 4–6 × 2–3 mm, externamente hirsuto, internamente
glabro; corola infundibuliforme, bilabiada, 13–14 × 2–3 mm, roxa,
externamente pubescente com o ápice dos lobos barbados, interna-
mente pubescente; androceu com 4 estames, didínamos, epipétalos,
filete 3–4 mm compr., lilás, piloso; gineceu apresenta ovário súpero 4
–lobado, glabro, estilete ginobásico, 13 mm compr., lilás, piloso, estig-
ma capitado. Fruto esquizocárpico; cálice acrescente espinescente se
torna mais rígido na frutificação.
Fenologia: Registros do material florido nos meses de julho a outubro.
Material examinado: BRASIL, Bahia: Alagoinhas, UNEB,
Campus II,4/X/2000, Jesus 419 (HUNEB); trilha da casa do mel,
16/IX/2018, Santos 46 (HUNEB); remanescente de Mata Atlântica,
Riacho do Mel, 19/VIII/2019, Alves 7 (HUNEB).
Distribuição: Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernam-
buco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Goiás) e
Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais) (Mota; Pastore, 2022).
Rhaphiodon echinus é a única espécie registrada para o gênero,
nativa e endêmica do Brasil (Mota; Pastore, 2022). Facilmente iden-
tificada por ser uma erva prostada, apresentando glomérulos com
vistosas flores roxas com cálice de lobos espinescentes. O capítulo
frutificado cai e é dispersado como uma unidade.
Conclusão
Foram reconhecidos para o município de Alagoinhas, Bahia,
13 gêneros e 16 espécies da família Lamiaceae, com a tribo Oci-
meae apresentando o maior número de espécies. Sendo o Comple-
xo Vegetacional UNEB/EBDA o local com foco maior de regis-
tros. Algumas espécies nativas apresentaram poucos registros de
coleta como por exemplo Aegiphila integrifolia, Aegiphila pernambucen-
sis e Hyptis atrorubens. Outras encontram-se com um longo período
sem novos registros, o que precisa ser investigado, podendo indicar
uma diminuição da população ou extinção para área em estudo.
Sendo um alerta para necessidade de conservação dos remanescen-
tes do município que vem sofrendo com ações antrópicas.
Alves et al. Paubrasilia 2023;6:e0105 12 de 13
A partir do levantamento realizou-se o importante registro de
Mesosphaerum caatingense, que é considerada endêmica do nordeste
brasileiro, sendo a primeira documentação da espécie para o estado
da Bahia e para o domínio da Mata Atlântica.
Agradecimentos
Os autores agradecem à prof.ª Dra. Luciene Cristina Lima e
Lima pelas sugestões no manuscrito.
Financiamento
Financiado pelas bolsas de iniciação científica da UNEB (PICIN) e da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), concedidas ao primeiro autor
(BOL 1726/2020 e BOL 1239/2021).
Contribuições de Autoria
Conceitualização: DSA. Curadoria de dados: DAS, INS. Análise formal: GSSA,
INS. Aquisição de financiamento: GSSA. Investigação: DAS, INS. Metodologia: DSA,
GSSA. Administração do projeto: GSSA. Recursos: GSSA. Programas: DSA, GSSA.
Supervisão: GSSA. Validação: GSSA. Visualização: DSA. Redação - rascunho original:
DSA. Redação - revisão e edição: DSA, GSSA, INS.
Conflito de Interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse a informar.
Disponibilidade dos Dados
Os dados integrais analisados durante o estudo atual estão apresentados no
corpo do manuscrito.
Conformidade ética
Não se aplica.
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Como citar este artigo
How to cite this article
(ABNT)
ALVES, D. S.; ALMEIDA, G. S. S.; SANTANA, I. N. Lamiaceae
Martinov no município de Alagoinhas, Bahia, Brasil. Paubrasilia,
Porto Seguro, v. 6, e0105, 2023. DOI 10.33447/
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