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A educação filosófica-tradicional de Jigoro Kano: concepções e reflexos do judô na educação contemporânea

Authors:

Abstract

Jigoro Kano, japonês nascido em Mikage em 28 de outubro de 1860, destacou-se na Era Meiji como um educador inclusivista que manteve características culturais de suas raízes samuraicas e se aprofundou em saberes disciplinares da educação ocidental. Kano era possuidor de um elevado senso crítico socioeducacional, o qual se desenvolveu desde sua infância, por haver frequentado escolas de qualidade em virtude de sua linhagem kamon. Por haver sofrido bulling em sua vida acadêmica, Kano aprendeu jujutsu e modificou os impactos físicos por movimentos de quedas e domínio de solo, ao que desenvolveu um novo sistema de treinamento físico e mental, o qual denominou de Judô. Este estudo objetiva correlacionar a educação filosófica-tradicional de Jigoro Kano com a influência do Judô na educação contemporânea, por meio de uma metodologia de caráter qualitativo, por tipologia explicativa segundo seus objetivos, com pesquisa bibliográfica e produções teórico-científicas disciplinares como fontes de informação, e estes procedimentos metodológicos estão associados pela Teoria Fundamentada. A discussão teórica referencia cada objetivo específico em um subcapítulo, pela descrição da historicidade educacional de Jigoro Kano, caracterização da nova educação filosófica-tradicional japonesa na Era Meiji, e, análise da influência do Judô na educação contemporânea ocidental. Ao final deste estudo se conclui que o resultado foi de caráter total, uma vez que o objetivo delimitado foi alcançado em sua plenitude.
Educationis
Set 2021 a Fev 2022 - v.10 - n.1
ISSN: 2318-3047
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A educação filosófica-tradicional de Jigoro Kano: concepções e
reflexos do judô na educação contemporânea
Jigoro Kano, japonês nascido em Mikage em 28 de outubro de 1860, destacou-se na Era Meiji como um educador inclusivista que manteve características culturais
de suas raízes samuraicas e se aprofundou em saberes disciplinares da educação ocidental. Kano era possuidor de um elevado sens o crítico socioeducacional, o
qual se desenvolveu desde sua infância, por haver frequentado escolas de qualidade em virtude de sua linhagem kamon. Por haver sofrido bulling em sua vida
acadêmica, Kano aprendeu jujutsu e modificou os impactos físicos por movimentos de quedas e domínio de solo, ao q ue desenvolveu um novo sistema de
treinamento físico e mental, o qual denominou de Judô. Este estudo objetiva correlacionar a educação filosófica-tradicional de Jigoro Kano com a influência do
Judô na educação contemporânea, por meio de uma metodologia de caráter qualitativo, por tipologia explicativa segundo seus objetivos, com pesquisa
bibliográfica e produções teórico-científicas disciplinares como fontes de informação, e estes procedimentos metodológicos estão associados pela Teoria
Fundamentada. A discussão teórica referência cada objetivo específico em um subcapítulo, pela descrição da historicidade educ acional de Jigoro Kano,
caracterização da nova educação filosófica-tradicional japonesa na Era Meiji, e, análise da influência do Judô na educação contemporânea ocidental. Ao final deste
estudo se conclui que o resultado foi de caráter total, uma vez que o objetivo delimitado foi alcançado em sua plenitude.
Palavras-chave: Jigoro Kano; Educação; Judô; Meiji.
The Jigoro Kano’s philosophical-traditional education: conceptions
and reflections of judo in contemporary education
Jigoro Kano, Japanese born in Mikage on October 28, 1860, stood out in Meiji Era as a n inclusive educator that maintained cultural characteristics of its samuraic
roots and deeped disciplinary knowledge of western education. Kano had a high socioeducational critical sense, which developed from his childhood, for having
attended quality schools due to his kamon lineage. For having been bulling in his aca demic life, Kano learned jujutsu and modified the physical impacts by falling
movements and ground control to which he developed a new system of physical and mental training, which he called Judo. This study aims to correlate Jigoro
Kano’s traditional-philosophical education, through a qualitative metho dology character, by explicative typology according to its objectives, with bibliographical
research and disciplinary theoretical-scientific productions as sources of information, and these methodological procedures are associated by Reasoned Theory.
The theoretical discussion references each specific objective in a subchapter, description of the Jigoro Kano’s educational historicity, characterization of the new
Japanese traditional-philosophical education in the Meiji Era, and, analysis of the influence of Judo in western contemporary education. At end of this s tudy
concludes that the result was total character, cause the delimited objetcive was reached in its fullness.
Keywords: Jigoro Kano; Education; Judo; Meiji.
Topic:
Educacionais
Reviewed anonymously in the process of blind peer.
Received:
15
/
0
9
/2021
Approved: 21/02/2022
Cléber José Borges Sobrinho
Universidade Federal do Tocantins, Brasil
http://lattes.cnpq.br/2925929082473530
http://orcid.org/0000-0001-7356-9116
cleberborgess@yahoo.com.br
Celso Galdino de Araújo
Centro Universitário Luterano de Palmas, Brasil
http://lattes.cnpq.br/9282048678920133
http://orcid.org/0000-0002-6107-7648
judonipo@gmail.com
DOI: 10.6008/CBPC2318-3047.2022.001.0001
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tradicional de Jigoro Kano: concepções e reflexos do judô na educação
contemporânea. Educationis, v.10, n.1, p.1-13, 2022. DOI:
http://doi.org/10.6008/CBPC2318-3047.2022.001.0001
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INTRODUÇÃO
Jigoro Kano, fundador do esporte olímpico Judô, nasceu em 28 de outubro de 1860 em Mikage,
distrito regional japonês de Hyogo, e se tornou conhecido em seu país como um educador visionário pelos
vínculos que estabeleceu com o Ocidente e pela defesa do regime imperial Meiji, em ratificação à
modernização japonesa em comparativo ao final do regime militar Tokugawa (SANTOS, 2012; ARAÚJO,
2015).
O início da influência ocidental na cosmovisão de Kano aconteceu em 1873 com aprendizado do
idioma inglês na Escola Seitatsusho Juku, local onde ainda desenvolveu os saberes disciplinares sobre leitura,
escrita, caligrafia, filosofia confuciana, clássicos da arte chinesa, clássicos da literatura japonesa e política
(STEVENS, 2007; SANTOS, 2012).
Em evolução a seu próprio academicismo, aos dezessete anos Kano ingressa na Universidade Imperial
Toyo Teikoku, a qual se tornaria no futuro a Universidade de quio, e se gradua no Curso de Ciências
Políticas, Filosofia e Literatura. Esta formação acadêmica exerceu influência ocidental e contribuiu para que
Kano promovesse uma integração entre as tradições da cultura oriental com os novos saberes da cultura
ocidental (SANTOS, 2012; BEZERRA NETO, 2018).
Destaca-se ainda que mesmo com o estudo da linguagem e do comportamento ocidentais, Kano
valorizava as tradições japonesas de tal forma que quando da fundação do Judô honrou princípios filosóficos
samurais de respeito, rotina e hierarquia, ao que enfatizava que as artes japonesas eram o verdadeiro
patrimônio cultural a ser preservado diante da modernização (SANTOS, 2012; FERREIRA, 2020).
Kano se fundamentou na educação tradicional japonesa, na qual o docente se portava com
autoridade, se comportava como detentor do conhecimento e conduzia seus discentes pela repetição, ainda
assim, seu comportamento educacional era diferente dos demais mestres e senseis de seu convívio, uma vez
que contestava a prática das artes marciais tradicionais como ferramenta de individualismo e
competitividade (FURLANI, 2001; DUNNING, 2003).
Outro ponto de contestação de Kano se baseava em sua inferioridade física, já que possuía cerca de
1,50 metro de altura e pesava menos de 50 quilogramas, e por este motivo iniciou sua prática marcial em
Jujutsu, que significa a arte da maleabilidade, na qual os usuários usavam a flexibilidade corporal e a força
física para vencer seus oponentes, contudo as lesões e traumas eram frequentes nos praticantes (SANTOS,
2012; ARAÚJO, 2015).
Kano concluiu que as artes marciais de sua época eram remanescentes de um período em que o
Japão vivia em constate guerra, e subsidiado por seus estudos históricos e filosóficos, adaptou o Jujutsu em
uma nova arte marcial, na qual haveria treinamentos físico e mental, valorização das filosofias práticas,
defesas e quedas adequadas (ARAÚJO, 2015).
A esta nova arte marcial, que no futuro se tornaria um esporte olímpico, Kano a denominou Judô,
que significa caminho suave ou arte da não-resistência, a qual ficou conhecida em nível físico por possuir
praticantes capazes de derrubar e imobilizar oponentes maiores e mais fortes, e em nível filosófico como
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uma prática educadora e disciplinadora (ARAÚJO, 2015; BEZERRA NETO, 2018).
Portanto, Jigoro Kano formou-se em uma educação tradicional oriental e graduou-se sob influência
acadêmica ocidental, o que contribuiu para questionar as metodologias físicas do Jujutsu e fundar o Judô,
como uma arte marcial de princípios filosóficos, históricos e educacionais.
Nesta perspectiva, este estudo objetiva correlacionar a educação filosófica-tradicional de Jigoro Kano
com a influência do Judô na educação contemporânea, por meio das seguintes abordagens específicas:
descrever a historicidade educacional de Jigoro Kano, caracterizar a nova educação filosófica-tradicional
japonesa na Era Meiji, e, analisar a influência do Judô na educação contemporânea ocidental.
METODOLOGIA
Esta pesquisa está subsidiada por bibliografias temáticas correspondentes e produções científicas
disciplinares que referenciem a discussão qualitativa, em níveis educacionais e históricos, com o objetivo de
correlacionar a educação filosófica-tradicional de Jigoro Kano e a influência do Judô na educação
contemporânea. A pesquisa qualitativa apresenta diferentes significados nas Ciências Sociais por ser
composta de diferentes técnicas interpretativas as quais objetivam alcançar a tradução e a expressão dos
fenômenos sociais em estudo por meio da valorização teórica e da densidade de estudos associados à
temática definida (MAANEN, 1979).
Logo, o estudo em epígrafe se configura como caráter qualitativo em nível de discussão teórico-
metodológica estruturada em três tópicos discursivos, a fim de que cada um destes referencie um objetivo
específico proposto por meio de um processo investigado de compreensão inter-relacionada (DIEHL et al.,
2004; OLIVEIRA, 2007; CRESWELL, 2010). Quantos aos objetivos e à justificativa, esta é uma pesquisa
explicativa por ser
[...] um tipo de pesquisa mais complexa, pois além de registrar, analisar, classificar e
interpretar os fenômenos estudados, procura identificar seus fatores determinantes. A
pesquisa explicativa tem por objetivo aprofundar o conhecimento da realidade, procurando
a razão, o porquê das coisas. (ANDRADE, 2002)
Portanto, trata-se de uma pesquisa explicativa em virtude da correlação entre a educação filosófica-
tradicional de Jigoro Kano, a qual ocorreu em virtude de uma transição paradigmática da Era Edo para a Era
Meiji no Japão, e a influência do Judô, esporte olímpico criado por Kano, na educação contemporânea
(ANDRADE, 1997; CRESWELL, 2010; ARAÚJO, 2015; BEZERRA NETO, 2018).
Em análise às fontes de informação, esta pesquisa subsidia a investigação qualitativa por apresentar
os referenciais bibliográficos e produções teórico-científicas as quais fundamentam a discussão teórica na
historicidade educacional de Jigoro Kano, caracterização da nova educação filosófica-tradicional japonesa na
Era Meiji, e, análise da influência do Judô na educação contemporânea ocidental (TRIVIÑOS, 1992; OLIVEIRA,
2007; CRESWELL, 2014).
Não obstante, estes elementos necessitam estar associados entre si, e tal princípio de ligação da
avaliação qualitativa será a Teoria Fundamentada, que envolve uma pesquisa teórica unificada na qual o
pesquisador apresenta ao final uma teoria correspondente ao objetivo geral da pesquisa por meio de
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abordagens sistemáticas, graduais e estruturadas (CORBIN et al., 2007; CRESWELL, 2014).
Neste contexto, esta pesquisa possui como procedimentos metodológicos um caráter qualitativo, de
tipologia explicativa segundo seus objetivos, com pesquisa bibliográfica e produções teórico-científicas
disciplinares como fontes de informação, e estes procedimentos estão associados pela Teoria
Fundamentada.
DISCUSSÃO TEÓRICA
A historicidade do educador Jigoro kano
Jigoro Kano nasceu ao término do regime militar japonês, denominada como Era Edo e conhecida
popularmente como a era dos feudos e shoguns, e aos seus oito anos de idade vivenciou o início da Era Meiji,
a qual durou de 1868 a 1912, e este período representa o início do Império no Japão (BEZERRA NETO, 2018;
FERREIRA, 2020).
Kano possuía linhagem kamon, por ser filho de uma família da aristocracia japonesa, pois seu pai era
de descendência samuraica com exercício profissional de alto posto na marinha imperial japonesa, e sua mãe
era descendente de uma tradicional família política e herdeira da mais famosa marca de sakê do país; e esta
filiação lhe proporcionou frequência em escolas elitizadas e acesso a linguagens ocidentais (WATSON, 2012;
FERREIRA, 2020).
Imagem 1: Kamon Família Kano1.
No ano de 1973 Kano ingressa na Ikuei Gijuku, uma escola particular em Tókyo, e recebe de docentes
nativos aulas de inglês e alemão, além de conhecimentos da cultura europeia e americana; e em 1974 é
matriculado na Tókyo School of Foreign Languagens a fim de aprofundar seu aprendizado em idiomas
ocidentais (ARAÚJO, 2015).
Observa-se ainda que por haver crescido em uma transição paradigmática, Kano obteve contato com
diferentes culturas educacionais, administrativas e políticas em um curto espaço de tempo, pois a Era Edo
fechava o Japão às influências mundiais enquanto na Era Meiji houve a abertura dos portos e o início do
processo de ocidentalização socioeducacional no país (SANTOS, 2012; ARAÚJO, 2015; SANTOS, 2017).
1 https://www.seidoshop.com/products/eng-kamon-kashiwa
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Em 1977 Kano inicia sua graduação na Universidade Imperial Toyo Teikoku, e recebe influências
educacionais ocidentais de prática cotidiana, uma vez que 27 dos 39 docentes eram ocidentais, dentre os
quais se destacou pela influência exercida o Professor Doutor Ernest Fenollosa, docente de ciência política,
filosofia e economia, e, conhecido pela afirmativa que as artes japonesas tradicionais eram um patrimônio
cultural a ser preservado (SANTOS, 2012; ARAÚJO, 2015).
Em sua vida acadêmica Kano se destacou pela rápida fluência do idioma inglês e pelos profundos
estudos e discussões nas áreas de educação e política, de tal forma que se tornou um dos precursores da
educação nipônica por meio da defesa da qualidade educacional e da reestruturação de novos currículos
para educação de crianças e jovens (SANTOS, 2012; BEZERRA NETO, 2018).
A qualidade da educação e do ensino tem muito a ver com o tipo de cultura que nela se
desenvolve, que obviamente ganha significado educativo através das práticas e dos códigos
que a traduzem em processos de aprendizagem para os alunos. Não tem sentido
renovações de conteúdos sem mudanças de procedimentos e tampouco uma fixação em
processos educativos sem conteúdo de cultura. (SACRISTÁN, 2000)
Vale destacar que o currículo implica conteúdos e formas de desenvolvê-los na condição de base
centralizadora na melhora da qualidade do ensino, e esta compreensão possibilita considerações
epistemológicas e socioculturais em níveis que aprofundam a participação de novos sujeitos sob a práxis para
o desenvolvimento de novos saberes para uma integração social (SACRISTÁN, 2000; BORGES SOBRINHO,
2014).
No ano de 1881 Kano se gradua no Curso de Ciências Políticas, Filosofia e Literatura da Universidade
Imperial de Tókyo, e fortalece seus vínculos de correlação entre as tradições da cultura oriental com os novos
saberes da cultura ocidental, ao que em 1882 alcança o título de conferencista na Escola Gakushuin, e, em
maio deste ano funda o Instituto Kodokan (ARAÚJO, 2015; BEZERRA NETO, 2018).
Imagem 2: Instituto Kodokan - 1882.2
Referencia-se que o Instituto Kodokan é o berço mundial do Judô, conhecido como o “instituto do
caminho da fraternidade”, e neste local Kano ensinou Ju de forma gratuita uma vez que ele próprio
2 http://www.martialnet.it/judo/jigoro-kano/
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custeou todas as despesas, e dezenove anos após sua fundação este instituto contava com mais de seis mil
praticantes (ARAÚJO, 2015).
Kano ainda se tornou vice-diretor da Escola Gakushuin em 1886 e deixou esta escola em 1889 para
aceitar um cargo educacional na Casa Imperial, e por meio das autorizações e financiamentos do Imperador
realizava contínuas viagens à diversas instituições educacionais no Ocidente, a fim de aprofundar seus
saberes educacionais e exercer a docência do Judô (ARAÚJO, 2015; BEZERRA NETO, 2018).
Em sua profissionalização educacional, Kano ainda se tornou conselheiro do Ministério da Educação
em 1891, diretor da Primeira Escola Superior em Tóquio em 1893, chefe do Departamento Geral de Assuntos
Escolares do Ministério da Educação em 1898, instituiu o Judô como disciplina eletiva no Japão em 1901, não
obstante, em 1908 obteve aprovação unânime de seu projeto de lei, o qual exigia que todos os colégios de
Ensino Médio no Japão oferecerem aulas de Judô e de esgrima Gekiken, em 1909 foi o primeiro japonês a se
tornar membro do Comitê Olímpico Internacional, e, em 1923 criou o primeiro time feminino do Instituto
Kodokan, sob a cosmovisão da necessária inclusão socioeducacional da mulher (ARAÚJO, 2015).
Imagem 3: Jigoro Kano ministrando um treino feminino. Fonte: Araújo (2015).
Jigoro Kano encerrou suas atividades educacionais em dezembro de 1924, aos 64 anos, quando foi
nomeado Professor Honorário da Escola Normal Superior de Tóquio; tal nomeação, no Japão, corresponde a
uma declaração do próprio Imperador que intitula o Sensei como um professor aposentado, em
reconhecimento àquele que dedicou sua vida à educação de outros indivíduos (NINOMIYA et al., 1999;
ARAÚJO, 2015).
Em 04 de maio de 1938, Kano faleceu de pneumonia a bordo do navio SS Hikawa Maru, ao retornar
de uma Assembleia Geral do Comitê Olímpico Internacional, a qual ocorreu na cidade do Cairo – Egito, após
haver conseguido aprovação da inclusão do Judô para os XII Jogos Olímpicos em Tókyo, os quais aconteceram
em 1964 (ARAÚJO, 2015; BEZERRA NETO, 2018).
Diante do exposto, descreveu-se a historicidade educacional de Jigoro Kano, o qual desde sua
infância frequentou escolas japonesas elitizadas e centros de idiomas em virtude de pertencer a uma
linhagem Kamon, bem como respeitou as tradições histórico-filosóficas dos samurais e possibilitou as
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aprendizagens provenientes do processo de ocidentalização socioeducacional da Era Meiji. de tal forma que
exerceu inúmeras funções educacionais até ser declarado pelo Imperador do Japão como Professor
Honorário.
A nova educação filosófica-tradicional japonesa na Era Meiji
Durante o Shogunato Tokugawa, na Era Edo, a educação em sua quase totalidade era um privilégio
das linhagens Kamon, e a população comum quando conseguia acesso à alfabetização era nas escolas dos
templos budistas, que atendiam somente crianças, as quais aprendiam letras básicas sino-japonesas e
recitação de textos religiosos (SETTE, 1991; RIBEIRO, 2017).
Em 1867, o almirante estadunidense Matthew Perry entrega pessoalmente uma carta do Presidente
Millard Fillmore ao último shogun do Japão, Tokugawa Ishinobu, e este por sua vez renuncia seu Shogunato,
e em consequência, o Imperador Meiji Mutsuhito assume e estabelece a Era Meiji, de 1868 até sua morte
em 1912 (SETTE, 1991; BEZERRA NETO, 2018).
Com o estabelecimento da Era Meiji houve a abertura dos portos de Shimoda e Hakodate e com isso
as relações comerciais foram inauguradas em um novo Japão, que após cerca de 200 anos de isolamento
internacional passou a permitir a entrada de imigrantes ocidentais, produtos, tecnologia, e alimentos, o que
resultou em novas culturas e saberes econômicos, políticos e educacionais (SETTE, 1991; SILVA, 2009). Por
meio da Era Meiji,
O Japão se abria ao ocidente, mas para manter a sua independência e sustentar um governo
forte era necessário [...] que o país implantasse diversas reformas e iniciasse uma
modernização. Nessa rápida transformação social, a ciência, as instituições e as políticas
sociais do ocidente foram estudadas, adaptadas e implementadas de maneira simultânea
em toda a sociedade. Reformas econômica, política, militar e educacional foram
implantadas e a capital do país foi transferida de Kyoto para Edo, o mais importante porto
japonês, que passou a se chamar Tóquio, capital do Leste. (SILVA, 2009).
Com as novas relações internacionais houve o estabelecimento do movimento intelectual Genbun
Icchi, com o ideal de permitir o acesso à Educação por toda população japonesa, e não somente às famílias
kamon, além de unificar a escrita; ao que foram tomadas as ações educacionais da abolição dos caracteres
chineses do alfabeto japonês em 1866, a criação do Ministério da Educação em 1871, a criação da
Universidade de Tóquio em 1877, publicação do Edito de Educação em 1890, e a criação do Conselho de
Pesquisa da Língua Japonesa em 1902 (SILVA, 2009; RIBEIRO, 2017; BEZERRA NETO, 2018).
O resultado a longo prazo deste movimento intelectual permitiu um sistema educacional
padronizado e de acesso público, de tal forma que ao final do séc. XIX a alfabetização atingia quase 50% da
população masculina e mais de 15% da feminina, ao que à época era uma das mais elevadas em todo mundo
(SILVA, 2009).
A educação na Era Meiji reformulou por completo as metodologias educacionais e os currículos da
educação nipônica, e estabeleceu uma forte fiscalização para que as novas concepções educacionais fossem
padronizadas e obedecidas, de tal forma que a influência que os shoguns exerciam sobre a formação e
educação de jovens e crianças que residiam em seus shogunatos se tornou quase nula (SILVA, 2009; BEZERRA
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NETO, 2018).
Imagem 4: Estudantes japonesas em alfabetização ao final da Era Meiji3.
Neste período o Japão passou a adotar uma educação de modelagem europeia, com ensino
obrigatório da Educação Básica e a criação de universidades, e o corolário foi a integração das diferentes
culturas espalhadas pelo arquipélago, o que encerrou com o ostracismo promovido pela Era Edo (BEZERRA
NETO, 2018).
A educação japonesa na Era Meiji alcançou uma expansão nos níveis territorial e cultural por meio
da unificação da escrita e da fala, com a padronização da escrita nos livros didáticos da Educação Básica, com
a presença de expressões de orgulho pela nova dialética japonesa e valorização do Estado na condição
semelhante à própria família (SILVA, 2009; ROCHA, 2016).
A Era Meiji ainda tem por destaque a publicação do Edito da Educação, documento este que deveria
ser decorado por todos estudantes e integrou elementos religiosos xintoístas, expressões da ética
confucionista e afirmações modernas de respeito e subserviência do povo ao Estado, por meio de uma escrita
ideológica e metafórica, a qual orientou o sistema educacional japonês ao ufanismo e conservadorismo
(ORTIZ, 2000; RIBEIRO, 2017).
A educação japonesa na Era Meiji proporcionou inúmeros saberes disciplinares à população ao
mesmo tempo em que operacionalizou uma conscientização em massa da nova ideologia imperial para
unificação nacional, modernização do Estado e o culto ao Imperador (SILVA, 2009; ROCHA, 2016; RIBEIRO,
2017; BEZERRA NETO, 2018).
Diante do exposto, caracterizou-se a nova educação filosófica-tradicional japonesa na Era Meiji como
uma ferramenta de evolução social por meio de um sistema educacional público e padronizado, o qual
possibilitou a unificação da escrita e da fala nas diferentes culturas do arquipélago, além do desenvolvimento
do ufanismo e da lealdade à casa imperial.
A influência do Judô na Educação Contemporânea ocidental
Ao início da Era Meiji a Educação foi a estratégia política escolhida para integrar as diferentes culturas
3 https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/09/26/A-revista-feminista-japonesa-que-desafiou-o-conservadorismo-do-Imp%C3%A9rio
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do arquipélago, demonstrar a superioridade imperial ao regime militar da Era Edo, desenvolver os
sentimentos de orgulho e ufanismo e exibir a abertura do Japão ao mundo ocidental e às novas tecnologias
(BEZERRA NETO, 2018).
Era necessário que educadores japoneses, que haviam sido qualificados desde a infância para
serem novos líderes da transição paradigmática, se destacassem em diferentes áreas para gerarem a
valorização do indivíduo japonês diante dos povos ocidentais que adentravam ao território do Japão
(ARAÚJO, 2015; SANTOS, 2017; BEZERRA NETO, 2018).
Dentre estes selecionados educadores, Jigoro Kano foi indicado por sua família a uma carreira
político-diplomática, mas ele optou pelo exercício da docência para expandir a educação no território
japonês e aprofundar seus saberes disciplinares por meio de viagens ao ocidente e aplicabilidade de sua
fluência em inglês (MARTINELI, 2017; BEZERRA NETO, 2018).
Com os conhecimentos teórico-educacionais recebidos ao longo de sua infância e adolescência,
somados à prática do jujutsu como uma fuga do bulling escolar, Kano utilizou de seu senso crítico para
modificar os impactos físicos por movimentos de quedas e domínio de solo, e com isso desenvolveu um novo
sistema de treinamento físico e mental, o qual denominou de Judô, que significa “Caminho da Suavidade”
(ARAÚJO, 2015; RIBEIRO, 2017).
Em maio de 1882 Kano fundou o Instituto Kodokan, local onde multiplicou a seus alunos
conhecimentos das artes marciais e dos saberes educacionais; tais aprendizados eram provenientes de seus
saberes experienciais da formação japonesa que oscilou entre a educação tradicional da Era Edo e a educação
contemporânea da Era Meiji (TARDIF, 2002; ARAÚJO, 2015).
Os saberes docentes de Kano eram transmitidos como o resultado de um saber plural, o qual se
transfigurava como um corolário da somatória de sua formação profissional, com seus saberes disciplinares,
curriculares e experienciais; os resultados eram práticas educativas que se iniciavam no individual e
alcançavam o coletivo (TARDIF, 2002; SANTOS, 2012; BORGES SOBRINHO, 2014; ARAÚJO, 2015).
Jigoro Kano estabeleceu fortes traços de interação oriente-ocidente no desenvolvimento
do Judô Kodokan e, mais do que isso, seguiu um modelo de pensamento sistémico de leitura
da realidade que pode servir de referência para o desenvolvimento de perspectivas
educativas para judô contemporâneo, levando-nos à análise e interpretação dos modelos
educativos emergentes e uma nova releitura da ligação oriente-ocidente na perspectiva do
mundo globalizado. (SANTOS, 2012)
Por meio de seu currículo profissional e pessoal, Kano se tornou um educador cada vez mais
requisitado aos serviços do Império do Japão, e em suas constantes viagens ao ocidente além de visitas
técnicas e inspetorias educacionais ele difundiu o Judô como o primeiro movimento inclusivo das artes
marciais japonesas (ARAÚJO, 2015; BEZERRA NETO, 2018).
O Judô possuía uma apresentação educacional diferenciada, ao apresentar três fundamentos
comportamentais: Ju, que simboliza a suavidade para referenciar a não-resistência do novo caminho marcial;
Jita-Kyoei, que significa amizade e prosperidade mútuos, pois o Judô destaca a união e respeito ao indivíduo;
e Senryouku-Zen-Yo, que se traduz como mínimo esforço e máximo resultado, ao referenciar o uso racional
da energia do corpo e do espírito (ARAÚJO, 2015; RIBEIRO, 2017; BEZERRA NETO, 2018).
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Imagem 5: Retrato de Jigoro Kano usando seu kimono com o kumon de sua família, com os idogramas dos
fundamentos Senryouku-zen-yo à esquerda, Jita-kyoei à direita, e Ju ao centro4.
Os aspectos da Educação Contemporânea presentes no Judô de inclusão, valorização do indivíduo e
convívio coletivo estão presentes desde o fundamento desta arte marcial, a qual em 1964 estreou nos Jogos
Olímpicos de Tókyo como demonstração, e, em 1972 em Munique como esporte olímpico oficial (ARAÚJO,
2015).
Em referência à herança de características samuraicas como a disciplina, respeito e hierarquia, o Judô
foi criado para aceitação individual e convívio coletivo, em enfrentamento às “brincadeiras” que colegas mais
altos e mais fortes faziam à Kano em virtude de sua pequena estatura e baixo peso, o que nos remete à
inclusão dos caráteres intelectual e espiritual em uma arte marcial (ARAÚJO, 2015).
De posse destas virtudes, os imigrantes japoneses da Era Meiji eram praticantes de artes marciais
como o Judô, e viajaram pela Europa e América no início do séc. XX a fim de ampliar suas ofertas trabalhistas,
com destaque para agricultura e comércio, além de se tornarem conhecidos pela cultura e educação
(ARAÚJO, 2015; RIBEIRO, 2017; BEZERRA NETO, 2018).
Pela fama mundial em lutas, muitos ocidentais procuravam os imigrantes orientais Senseis de Judô
para instruírem seus filhos em um caminho que valorizasse a educação, ensinasse disciplina, domínio do
corpo e do espírito, além de evitar as recorrentes lesões, as quais eram comuns em muitas artes marciais
(ARAÚJO, 2015).
Diante do exposto, analisou-se a influência do Judô na educação contemporânea ocidental, a qual se
deu por meio dos fundamentos Ju, Jita-Kyoei e Senryoku-Zen-Yo, os quais referenciavam os preceitos de
inclusão, valorização do indivíduo e convívio coletivo, advindos de uma interação oriente-ocidente nas
perspectivas educacionais dos imigrantes japoneses que chegaram à Europa e América no início do séc. XX.
4 http://judo220.blogspot.com/2015/04/os-principios-que-inspiraram-shihan.html
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CONCLUSÕES
Jigoro Kano nasceu na transição paradigmática do regime militar japonês da Era Edo para o início da
Era Meiji, e utilizou sua privilegiada linhagem kamon, a qual o conduziu a estudos progressivos por meio do
domínio de idiomas ocidentais e valorização das culturas educacionais, administrativas e políticas do Japão.
Kano presenciou e participou do processo de ocidentalização socioeducacional japonês e por meio
de estudos e discussões nas áreas de educação e política se tornou um dos precursores da educação nipônica
por meio da defesa da qualidade educacional e da alfabetização gratuita e acessível a crianças e jovens.
Por meio de sua graduação, Kano fortaleceu seus vínculos oriente-ocidente, quando correlacionou
as tradições da cultura oriental com os novos saberes da cultura ocidental, o que o tornou um promotor da
educação inclusiva, ao que em maio de 1882 fundou Instituto Kodokan, berço mundial do Judô.
Seus ensinamentos eram custeados por si próprio, uma vez que os oferecia de forma gratuita e
inclusivista, de tal forma que Kano inseriu a mulher em sua cosmovisão socioeducacional, pois até aquele
momento as mulheres japonesas não estudavam e nem praticavam artes marciais, o que foi possível devido
à reformulação dos currículos e das metodologias educacionais da educação nipônica da Era Meiji.
Ao defender a educação ocidental em modelagem europeia para o novo Japão, Kano atuou para que
o ensino da Educação Básica se tornasse obrigatório a jovens, crianças e mulheres, e, incentivou a criação de
universidades, de tal forma que esta nova educação filosófica-tradicional japonesa se tornou uma ferramenta
de evolução social por meio de um sistema educacional público e padronizado.
Além de atuar para o engrandecimento da Educação no Japão, Kano utilizou de seus saberes
experienciais e teórico-educacionais para adaptar o jujutsu em uma nova modalidade marcial, a qual
valorizasse os movimentos de quedas e o domínio de solo por meio de um novo treinamento que aplicava
prática física e mental, o qual denominou de Judô.
Esta nova arte marcial era fruto do saber plural de Kano, a qual se tornou o primeiro movimento
inclusivo das artes marciais japonesas, a qual se fundamenta pelos comportamentos de Ju, Jita-Kyoei, e
Senryouku-Zen-Yo, as quais referenciavam os aspectos da Educação Contemporânea de inclusão, valorização
do indivíduo e convívio coletivo.
Tais adjetivos eram culturais nas famílias japonesas praticantes de Judô, que quando se tornaram
imigrantes para Europa e América no início do séc. XX, difundiram tal arte marcial e seus fundamentos, por
meio do histórico da interação oriente-ocidente e da educação filosófica-tradicional com a educação
contemporânea.
Diante do exposto, correlacionou-se a educação filosófica-tradicional de Jigoro Kano com a influência
do Judô na educação contemporânea, por meio de uma metodologia de caráter qualitativo com tipologia
explicativa, fontes por pesquisa bibliográfica e produções teórico-científicas, todos estes procedimentos
associados pela Teoria Fundamentada.
Ao final, conclui-se que esta pesquisa é de caráter total, uma vez que todos os objetivos específicos
propostos foram alcançados em sua plenitude e, a partir deste momento, este estudo possibilita novas
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revisões e metodologias para discussões temáticas sobre Jigoro Kano, educação tradicional, educação
contemporânea e o Judô.
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... In the literature-based step, we first sought a clear understanding of Judo's essential goals, as outlined in Professor Jigoro Kano writings [31][32][33][34]. Then, we searched for studies discussing the aims of Judo, as well as the judokas' unfolding during the formative years [23,[35][36][37][38]. ...
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Full-text available
Judo is currently the most practiced combat sport in the world. There is no doubt of its importance for children, adolescents, adults, and seniors. However, due to its inherent complexity, coaches tend to place greater or lesser emphasis only on one of its multiple domains during the judoka formative years. The present study presents a novel developmental approach signaling Judo as an excellent way for physical, motor, educational, and health development across the lifespan. In this study, we consulted 23 Judo coaches, aiming to clarify the relevance and adequacy of the domains (Competitive, Health, Technical-Tactical, and Philosophical-Educational) and phases of the proposed model. Our findings showed that the model contents—physical, motor, educational, and health—are entwined with its four domains, which were considered of utmost importance by experts in the development of judokas. We, therefore, contend that our model is essential to better understand the growth and development of young judokas. Also, it may be a useful tool for Motor Development experts.
Article
Este artigo fundamentado em pesquisa e relatos publicados em trabalhos bibliográficos dá uma amostragem sobre a importância dos estudos históricos e filosóficos do judô, enquanto prática esportiva, servindo como fundamento na aquisição dos conhecimentos prático e teórico. Elaborado na perspectiva de contribuir, também, como instrumento motivador para os estudos da prevalência na integração Oriente e Ocidente de uma forma harmônica nas ações pedagógicas para o ensino do Judô. Assim, este artigo tem como objetivo geral difundir com os professores de judô a importância de aprofundarmos nossas pesquisas para inteirarmos sobre a relevância dos dados históricos, filosóficos e pedagógicos da criação do judô. Natureza da pesquisa: uma pesquisa teórica, do tipo bibliográfica, com abordagem qualitativa. Delimitação do estudo: leitura de 35 obras, sendo 28 livros,5 artigos e 2dissertações de mestrado, as quais referentes à educação, filosofia e judô. Método:buscou realizar um diálogo entre as exposições de ideias dos autores em suas obras aqui pesquisadas. Resultados: há a prevalência de ensinamentos voltados à formação dos indivíduos fundamentados nos valores (morais, sociais e espirituais) e que as práticas corporais, aqui representadas pelos esportes, devem ser caracterizadas por uma educação integral (dimensão física, moral e intelectual). Conclusão: existe uma necessidade de nós professores de Judô aprofundarmos sobre as questões históricas da criação do Judô para não cairmos no erro de impor mudanças na nossa cultura com práticas advindas de outras culturas étnicas, mas sim, agregarmos valores e harmonizarmos as sabedorias de diferentes povos.
Article
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Article
Primero de cuatro tomos de esta obra centrada en tres grandes campos analíticos -la ciencia, el derecho y el poder- y cuyo objetivo es desarrollar epistemologías y teorías sociales que obstaculicen la proliferación de la razón cínica, alimenten el inconformismo contra la injusticia y la opresión y permitan reinventar las vías de la emancipación social. En la primera entrega son definidos los parámetros de una transición paradigmática: a partir de una crítica al paradigma de la modernidad occidental, se propone un cuadro epistemológico que torne posible la definición de paradigmas emergentes, tanto en sus posibilidades empancipatorias como en relación a las subjetividades individuales y colectivas con capacidad y voluntad para explorar dichas posibilidades.
Introdução à metodologia do trabalho científico. 2 ed. São Paulo: Atlas
  • M M Andrade
ANDRADE, M. M.. Introdução à metodologia do trabalho científico. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 5 ed. São Paulo: Atlas
  • M M Andrade
ANDRADE, M. M.. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Excitação e disciplina: a crise de identidade e as transformações culturais do Judô contemporâneo
  • Bezerra
  • M G Neto
BEZERRA NETO, M. G.. Excitação e disciplina: a crise de identidade e as transformações culturais do Judô contemporâneo. Dissertação (Mestrado em Educação) -Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2018.
Dispositivos curriculares docentes de profissionalização: da competência individual à competência coletiva dos profissionais do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins
  • Borges
  • C J Sobrinho
BORGES SOBRINHO, C. J.. Dispositivos curriculares docentes de profissionalização: da competência individual à competência coletiva dos profissionais do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Educação) -Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2014.
Projeto de Pesquisa: método qualitativo
  • J W Creswell
CRESWELL, J. W.. Projeto de Pesquisa: método qualitativo, quantitativo e misto. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: escolhendo entre cinco abordagens. 3 ed. Porto Alegre: Penso
  • J W Creswell
CRESWELL, J. W.. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: escolhendo entre cinco abordagens. 3 ed. Porto Alegre: Penso, 2014.