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Alguns aspectos do mercado externo açucareiro e a inserção brasileira neste mercado

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Abstract

Discute os principais aspectos do mercado externo açucareiro e da posição brasileira nesse mercado. Ênfase especial é dada à análise das transformações que têm caracterizado o mercado externo açucareiro nos últimos anos. Como conclusão deste conclui que o comércio externo, para o açúcar calórico (sacarose), dificilmente apresentará boas perspectivas — salvo breves períodos de "bolhas de euforia". Isto devido, basicamente, ao fenômeno de concorrência e de complementariedade impostas pelos sucedâneos do açúcar e à disponibilidade deste produto no mercado externo. O açúcar não-calórico, ainda em fase de pesquisas, poderá revolucionar o comércio açucareiro, com possível recuperação de mercados.
! Documentos Técnico-Científicos
372 Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 372-385, jul-set. 1999
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Pery Francisco Assis Shikida
Professor Adjunto da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (UNIOESTE) - Campus de Toledo
Carlos José Caetano Bacha
Professor Associado da Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ/USP
Resumo:
Discute os principais aspectos do mercado
externo açucareiro e da posição brasileira nesse
mercado. Ênfase especial é dada à análise das
transformações que têm caracterizado o mercado
externo açucareiro nos últimos anos. Como con-
clusão deste conclui que o comércio externo, para
o açúcar calórico (sacarose), dificilmente apresen-
tará boas perspectivas — salvo breves períodos de
"bolhas de euforia". Isto devido, basicamente, ao
fenômeno de concorrência e de complementarie-
dade impostas pelos sucedâneos do açúcar e à
disponibilidade deste produto no mercado exter-
no. O açúcar não-calórico, ainda em fase de pes-
quisas, poderá revolucionar o comércio açucarei-
ro, com possível recuperação de mercados.
Palavras-Chave:
Açúcar; Comércio Internacional; Exportação;
Concorrência; Brasil-Nordeste.
Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 372-385, jul-set. 1999 373
1 - INTRODUÇÃO
O açúcar comum (também denominado saca-
rose) é um produto muito utilizado tanto para
consumo final como em forma de insumo inter-
mediário na indústria de alimentos e bebidas. Este
produto tem sido extraído, basicamente, da cana-
de-açúcar (uma cultura tipicamente tropical) e da
beterraba açucareira (uma cultura tipicamente de
clima temperado).
No que se refere ao mercado internacional, o
açúcar é considerado um produto de relativa difi-
culdade para a comercialização, haja vista ser
produzido em quase todos os países do mundo.
Além disso, a regulamentação e a intervenção
nesse mercado têm sido expedientes muito utili-
zados neste século, seja pelos próprios governos
locais e/ou mediante acordos especiais e de mer-
cados preferenciais.
O Brasil tem figurado entre os cinco maiores
exportadores e produtores de açúcar do mundo;
atualmente o País detém cerca de 12,44% da pro-
dução mundial e 17,83% das exportações — da-
dos para a safra 97/98 (BURNQUIST &
BRACALE, 1998). Não obstante, o Brasil não
assume, isoladamente, posição de liderança neste
mercado, de modo que este País é um "tomador
de preço" no mercado externo açucareiro — isto
pelo fato de o volume comercializado de açúcar
ser bastante inferior ao da produção mundial e por
tratar-se de um bem produzido em praticamente
todos os países (BURNQUIST & BRACALE,
1998).
Uma particularidade do caso brasileiro é que
muitas unidades produtivas de açúcar também
produzem álcool. Trata-se, pois, de unidades mul-
tiprodutoras onde o açúcar e o álcool competem
pelos fatores de produção.
Nos últimos anos, as diferenças entre quanti-
dades produzidas e consumidas de açúcar no
mundo afetaram consideravelmente esse mercado,
propiciando sérias instabilidades de preços e vari-
ações de estoques. Uma das causas disto é a ten-
dência secular de aumento do grau de auto-
suficiência em açúcar para diversos países. Ade-
mais, a concorrência entre o açúcar e os adoçantes
não-calóricos contribui para recrudescer ainda
mais o comércio externo deste produto (JANK,
1989). O panorama atual é, portanto, de excesso
de oferta.
Os aspectos citados nos parágrafos anteriores
já foram “parcial e separadamente” analisados por
MENDES (1985), CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DA INDÚSTRIA (1985), JANK
(1989), SZMRECSÁNYI (1989), entre outros.
Contudo, é necessária uma análiseglobal” des-
ses aspectos e como eles afetam o Brasil.
Assim, o objetivo deste trabalho é discutir,
de maneira sucinta, os principais aspectos do mer-
cado externo açucareiro e a posição brasileira
neste mercado. Nossa preocupação central é sa-
ber, na atual conjuntura, quais as perspectivas do
comércio externo do açúcar para o Brasil.
Afora esta introdução, este estudo subdivide-
se em mais três partes. A segunda parte, de caráter
preambular, aborda os principais aspectos do
mercado externo açucareiro. A parte seguinte
insere o Brasil neste cenário. Discute-se, na quarta
parte, os limites e as potencialidades do comércio
externo do açúcar para o País, sintetizando, em
seguida, algumas considerações finais acerca des-
te trabalho.
2 - PRINCIPAIS ASPECTOS DO
MERCADO EXTERNO DO
AÇÚCAR
Em relação ao mercado externo do açúcar, o
Brasil, tradicionalmente, tem-se apresentado co-
mo um dos maiores produtores mundiais. Neste
panorama, destacam-se, além do próprio Brasil, a
União Européia-UE, a Índia, a Comunidade dos
Estados Independentes-CEI, ex-União Soviética,
Cuba, China e Estados Unidos (RICO, 1992a).
O Brasil e a Índia dedicam grande parte de
suas produções à demanda interna. A UE está se
tornando grande exportadora, porém, ainda dire-
ciona boa parte de sua produção ao consumo in-
terno. A CEI, a China e os Estados Unidos preci-
sam importar açúcar de outros países para atende-
rem às suas necessidades internas de consumo,
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374
mesmo sendo grandes produtores.1 Cuba, que
direciona grande parte de sua produção para o
mercado externo, vem atravessando, nos anos 90,
uma grave crise econômica com o fim da "ajuda"
soviética, e com a manutenção do bloqueio
comercial norte-americano imposto à essa ilha.
Salienta-se, ainda, que nem todos os produto-
res de açúcar obtêm-no exclusivamente a partir da
cana-de-açúcar. A CEI e a UE, por exemplo, pro-
duzem açúcar de beterraba. Do total produzido de
açúcar no mundo, entre 1972 e 1986, cerca de
61,3% foram advindos da cana-de-açúcar; en-
quanto o açúcar de beterraba participou com
38,7% (ABBOTT, 1990). Dados mais recentes,
para a safra 1995/96, apontam o açúcar produzido
a partir da cana como responsável por cerca de
70% da produção total, sendo os 30% restantes
correspondente ao açúcar de beterraba
(BURNQUIST, 1996).
1 No cenário mundial, dentre os principais importado-
res de açúcar destacaram-se: a CEI (com uma média de
5.557 mil toneladas importadas durante o período
1980/86), os Estados Unidos (com 2.943 mil toneladas
nesse mesmo período), Japão (com 1.967 mil tonela-
das), China (com 1.590 mil toneladas), UE (com 1.497
mil toneladas) e Canadá (com 1.031 mil toneladas)
(ABBOTT, 1990). Para o período 1986/87 a 1993/94,
os principais países importadores de açúcar foram: a
CEI (com uma média de 5.669 mil toneladas importa-
das de açúcar), os Estados Unidos (com 1.834 mil
toneladas nesse mesmo período), Japão (com 1.802 mil
toneladas), China (com 1.543 mil toneladas), Reino
Unido (com 1.332 mil toneladas), Coréia (com 1.085
mil toneladas) e Canadá (com 954 mil toneladas) —
AGRIANUAL 96 (1996). Essa última publicação não
agregou a UE, mas destacou, separadamente, além do
Reino Unido, a França (375 mil toneladas) e a Alema-
nha (272 mil toneladas).
Conforme pode ser observado na TABELA
1, dentre os maiores exportadores mundiais de
açúcar figuram a UE, Brasil, Austrália, Tailândia
e Cuba.
Uma das fortes características do mercado
externo do açúcar, nos últimos anos, refere-se às
diferenças entre quantidades produzidas e consu-
midas, o que tem provocado instabilidades nos
estoques e nos preços. Entre os anos-safras de
1974/75 até 1994/95, a produção mundial de açú-
car superou o consumo mundial em cerca de treze
anos-safras, num total de 21 anos-safras
(AGRIANUAL 96, 1996, BURNQUIST, 1996).
Neste contexto, os baixos preços internacionais do
açúcar, exceção feita a três momentos de alta de
preços, refletiram esse excesso de oferta. Houve,
portanto, a ocorrência de elevados estoques pari
passu a fase de preços baixos, e vice-versa
(GRÁFICO 1).
TABELA 1
REGIÕES E PAÍSES MAIORES EXPORTADORES DE AÇÚCAR, SUBPERÍODOS SELECIONADOS
(VALORES EM 1.000 T)
Exportadores 72/76 77/81 82/86 87/88-91/92 92/93-93/94 94/95-95/96 97/98
Cuba 5.187 6.800 7.091 6.707 3.725 2.900 2.300
UE 1.512 3.925 4.695 5.077 5.370 5.468 6.402
Austrália 2.173 2.473 2.576 2.750 3.223 4.050 4.687
Tailândia 615 1.106 1.746 2.810 2.750 3.900 3.100
Brasil 2.180 2.337 2.758 1.576 2.363 4.750 6.700
Mundo 21.943 27.005 28.886 ... ... 30.189 35.613
FONTE: ABBOTT (1990), AGRIANUAL 96 (1996), BURNQUIST (1996) e BURNQUIST & BRACALE (1998).
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GRÁFICO 1
RELAÇÃO ESTOQUES/PREÇOS DO AÇÚCAR NO
MERCADO INTERNACIONAL
(SAFRAS 1981/82 A 1995/96)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
81/82
83/84
85/86
87/88
89/90
91/92
93/94
95/96
Ano-safra
%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
US$
Estoque(% do
consumo)
Preço (US$)
Deflacionado
FONTE: USDA apud AGRIANUAL 97 (1997).
Cumpre salientar que os preços mundiais de
açúcar no mercado livre se formam mediante
condições de mercado, respondendo, basicamente,
às situações de oferta e demanda em cada momen-
to. Os preços de açúcar dentro de acordos especi-
ais e/ou em mercados preferenciais se formam a
partir de considerações de política econômica e de
outros fatores distintos da situação mundial de
oferta e procura (RICO, 1992b). Nos Estados
Unidos, por exemplo, um dos instrumentos políti-
cos utilizados para incentivar a produção de açú-
car tem sido manter os preços no mercado domés-
tico elevados com relação aos do mercado inter-
nacional (BURNQUIST & BACCHI, 1996), posi-
ção esta semelhante à política protecionista da
UE.
O mercado mundial do açúcar vem passando
por dificuldades crescentes devido, sobretudo, a
fatores como: a manutenção dos estoques em ní-
veis elevados; as boas safras de alguns países
componentes da UE, inicialmente importadores e
agora prósperos exportadores; e a busca crescente
de auto-suficiência por parte de vários países im-
portadores. Além disso, não se pode subestimar os
efeitos do processo de concorrência e complemen-
tariedade impostos pelos sucedâneos do açúcar,
por exemplo: o xarope de milho (High Fructose
Corn Syrup-HFCS), stévia, sacarina, ciclamato,
aspartame, acesulfame de potássio, talina, anidri-
dos de frutose, esteviosídio.
Nesse processo de concorrência e comple-
mentariedade, ocorre que o açúcar comum se
transformou de um gênero alimentício de consu-
mo direto em matéria-prima industrial, tornando-
se plenamente substituível por outras matérias-
primas (SZMRECSÁNYI, 1989). Ademais, "os
avanços da biotecnologia permitiram colocar no
mercado uma variedade extensa de produtos que
asseguram ao consumidor uma dolce vita — em
calorias" (TECNOLOGIA..., 1993).
O aumento na demanda por outros sucedâ-
neos do açúcar relaciona-se, basicamente, com a
alimentação de pessoas diabéticas e/ou interessa-
das em dietas menos calóricas, que visam, assim,
evitar o dissabor que o açúcar comum provoca no
metabolismo humano (quais sejam: acúmulo de
glicose no sangue, favorecimento em termos de
elevação do peso corporal e formação de cáries).
Contudo, essa opção, atualmente voltada pa-
ra o consumo de adoçantes artificiais, tem dois
importantes "contratempos": primeiro, existe re-
comendação médica no sentido de controlar o
consumo diário de adoçantes artificiais, posto não
serem estes produtos totalmente metabolizados
pelo organismo, o que pode, inclusive, favorecer o
desenvolvimento de tumores; segundo, quanto
maior o poder adoçante, mais amargo é o seu
sabor (TECNOLOGIA..., 1993).
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Independente destas restrições supracitadas,
dados estatísticos apresentados por CARVALHO
et al. (1988) apontaram, num período de 12 anos
(1975 a 1987), um decréscimo de 1,7 milhão de
toneladas no consumo anual de açúcar nos Esta-
dos Unidos; enquanto a utilização de adoçantes,
incluindo os derivados do milho, aumentou em
cerca de 3,4 milhões de toneladas. De acordo com
BURNQUIST & BACCHI (1996), a produção de
HFCS, nos Estados Unidos, é bastante representa-
tiva, haja vista englobar um volume quase equiva-
lente ao total de açúcar extraído a partir de duas
matérias-primas consideradas tradicionais, a be-
terraba açucareira e a cana-de-açúcar.
Vale citar que a concorrência dos adoçantes
com o açúcar não se limita apenas à substituição
simples deste último produto pelo primeiro, mas
também à sua substituição nas indústrias de bebi-
das (especialmente de refrigerantes dietéticos) e
alimentos (especialmente balas, chocolates, entre
outros).
3 - O AÇÚCAR BRASILEIRO NO
CONTEXTO DO MERCADO
EXTERNO
Não obstante a relativa participação brasilei-
ra no contexto internacional do açúcar, pode-se
aferir que o Brasil é, atualmente, um País "toma-
dor de preço". Ou seja, suas exportações não são
capazes de determinar os preços do açúcar no
mercado internacional. As razões que consubstan-
ciam esta posição de País "tomador de preço" são
basicamente três:
1ª) pelo fato de a produção açucareira mun-
dial ser atomizada, sendo advinda tanto de uma
planta de cultura tropical (cana-de-açúcar) como
de uma cultura temperada (beterraba açucareira),
de modo que a força dos maiores exportadores do
produto é, em termos, arrefecida no mercado ex-
terno. Acresce a isto, a tendência gradual de au-
mento do grau de auto-suficiência em açúcar em
diversos países — “não é por acaso que a produ-
ção mundial de açúcar (em torno de 124 milhões
de toneladas ao ano) gera um comércio de apenas
30 milhões de toneladas” (FIGUEREIDO, 1998);
2ª) devido às intervenções governamentais
que costumeiramente ocorrem em várias regiões
produtoras de açúcar. Além disso, mecanismos de
regulação do comércio externo entre países (A-
cordo de Lomé, Acordo de Cuba com países do
antigo bloco comunista, etc.) dão características
protecionistas ao mercado internacional2; e,
3ª) em decorrência dos fenômenos de concor-
rência e substituição que atingem o mercado de
açúcar, mediante a utilização de sucedâneos, den-
tre os quais, HFCS, sacarina, aspartame, ciclama-
to, entre outros. Essa razão vem ganhando força
sobretudo nos países desenvolvidos.
"Recentemente a frutose de milho vem apre-
sentando a maior ameaça aos (...) açúcares (...). É
justamente o protecionismo e o subsídio dos paí-
ses industrializados que têm permitido a ‘criação’
dos concorrentes como a frutose de milho”
(SILVA & RAMOS, 1998).
Outro aspecto que colabora para agravar a si-
tuação do açúcar vis-à-vis os adoçantes sintéticos
pode ser visto através da evolução dos preços
internacionais do açúcar (demerara) e dos adoçan-
tes, na qual constata-se o baixo preço para estes
últimos (TABELA 2).
2 Ademais, “os EUA, como se sabe, impõem barreira
alfandegária na importação do açúcar, reservando mer-
cado especialmente para a frutose do milho. (...) No
Mercosul, a Argentina, por considerar o açúcar brasi-
leiro um produto subsidiado, tem resistido fortemente a
retirá-lo da sua lista de exceções” (SILVA & RAMOS,
1998).
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TABELA 2
MERCADO MUNDIAL - ÍNDICE DE PREÇOS MÉDIOS (US$/T.)
AÇÚCAR E ADOÇANTES (1987=100)
Tipos 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Demerara 130.3 131.6 146.8 176.1 192.7 169.9
Sacarina 108.9 99.7 106.4 96.5 98.7 106.4
Ciclamato 90.3 87.3 83.5 91.6 84.6 95.5
Aspartame 53.1 51.1 56.6 59.9 63.4 63.4
FONTE: CARVALHO apud SILVA & RAMOS (1998).
Afora a característica de "tomador de preço",
nota-se, pelo menos, três aspectos importantes
quanto ao comércio externo brasileiro de açúcar, a
saber: as exportações cresceram menos do que o
consumo interno; há uma mudança no tipo de
açúcar exportado; e, ocorreram mudanças nos
canais de comercialização.
Analisando a TABELA 3, constata-se que,
no período de 1974 a 1996, a produção de açúcar
cresceu a uma taxa de 2,3% ao ano, enquanto o
consumo interno cresceu a 2,5% a.a. e as exporta-
ções cresceram a 2,2% a.a.. Em percentagens, o
Brasil consumiu, em média, 72,7% do açúcar
produzido internamente, enquanto as exportações
corresponderam, em média, a 27,3% da produção.
Verifica-se, também, que a taxa de crescimento
do consumo de açúcar foi superior à taxa de cres-
cimento da produção nacional.
TABELA 3
PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE AÇÚCAR DO BRASIL, 1974/96.
RELAÇÃO CONSUMO/PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO/PRODUÇÃO.
ESTIMATIVAS DE TAXA DE CRESCIMENTO PELO MÉTODO
DOS MÍNIMOS QUADRADOS E TESTE “T”.
Ano Produção
(em 1.000 t) Consumo
(em 1.000 t) Consumo/
Produção Exportação
(em 1.000 t) Exportação/
Produção
1974 6.931 4.576 0,66 2.303 0,33
1975 6.299 4.990 0,79 1.730 0,27
1976 7.236 5.091 0,70 1.253 0,17
1977 8.759 5.060 0,58 2.487 0,28
1978 7.913 5.289 0,67 1.925 0,24
1979 7.362 6.009 0,82 1.942 0,26
1980 8.270 6.264 0,76 2.662 0,32
1981 8.726 5.872 0,67 2.670 0,31
1982 8.941 6.097 0,68 2.780 0,31
1983 9.555 5.909 0,62 2.801 0,29
1984 9.259 6.201 0,67 3.039 0,33
1985 8.455 6.080 0,72 2.609 0,31
1986 7.999 6.589 0,82 2.554 0,32
1987 9.265 7.126 0,77 2.196 0,24
1988 8.900 6.582 0,74 1.765 0,20
1989 7.448 6.799 0,91 1.053 0,14
1990 7.949 7.281 0,92 1.502 0,19
1991 8.864 6.965 0,79 1.484 0,17
1992 9.500 7.500 0,79 2.200 0,23
continua
Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 372-385, jul-set. 1999
378
TABELA 3
PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE AÇÚCAR DO BRASIL, 1974/96.
RELAÇÃO CONSUMO/PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO/PRODUÇÃO.
ESTIMATIVAS DE TAXA DE CRESCIMENTO PELO MÉTODO
DOS MÍNIMOS QUADRADOS E TESTE “T”. conclusão
Ano Produção
(em 1.000 t) Consumo
(em 1.000 t) Consumo/
Produção Exportação
(em 1.000 t) Exportação/
Produção
1993* 11.100 7.500 0,68 3.000 0,27
1994* 10.500 7.900 0,75 3.400 0,32
1995** 13.594 7.676 0,56 5.918 0,44
1996** 14.850 9.860 0,66 4.990 0,34
Taxa de
crescimento
2,3% a.a.
2,5% a.a.
...
2,2% a.a.
...
t-statistic 5,43 13,64 1,82
FONTE: Compilado de ABBOTT (1990), FAO (1996) e BACEN (1992, 1993, 1994, 1996 e 1997).
Obs.: * = valores aproximados; ** = cálculo do consumo por resíduo (produção - exportação).
Os fatores responsáveis pelo crescimento do
consumo interno são o aumento da população, o
aumento relativo da participação das indústrias na
demanda doméstica por açúcar, e a relativa queda
dos preços internos do açúcar refinado — com o
advento do Plano Real esses preços caíram de
R$0,70/kg para R$0,50/kg (PARANÁ, 1998).
Contudo, o fato de o álcool ser um bem al-
ternativo ao açúcar no processo produtivo, e por
causa da maior importância do PROÁLCOOL de
1975 a 1985, houve um menor crescimento da
produção de açúcar neste período.
O descompasso entre o ritmo de expansão da
produção e do consumo interno de açúcar afeta-
ram o ritmo das exportações desse produto. Estas
não se caracterizaram como primordiais, dada a
situação de preços não-favoráveis no mercado
externo. Na opinião da CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DAS INDÚSTRIAS (1985), "a ex-
pressividade do mercado interno tem-se constituí-
do e ainda se constitui um grande estímulo ao
desenvolvimento da agroindústria açucareira no
Brasil".
Não obstante as exportações de açúcar brasi-
leiras não se caracterizarem como a principal for-
ça motora do crescimento da produção brasileira
de açúcar, o Brasil se destaca como um dos prin-
cipais exportadores desse produto (conforme pôde
ser visto na TABELA 1).
A TABELA 4 evidencia a participação rela-
tiva da exportação de açúcar no total das exporta-
ções brasileiras. As exportações de açúcar signifi-
caram, em média, 4,6% da receita total das expor-
tações brasileiras durante o período 1965/67-
1996. Os dois períodos nitidamente prósperos
para elas brasileiras de açúcar ocorreram em mea-
dos da década de 1970 e no biênio 1980/81, quan-
do a considerável alta das cotações internacionais
propiciou ganhos substanciais para a atividade
açucareira. Essas "bolhas de euforia", períodos de
efêmera alta de preços do açúcar, são na maioria
das vezes decorrentes de fatores conjunturais atí-
picos e/ou imprevistos. "Os preços do açúcar no
mercado mundial apresentam característica ciclo-
tímica, tendo piques de alta em determinadas épo-
cas (...), em função da escassez de oferta provoca-
da pela queda de produção em países tradicional-
mente exportadores” (VILLANOVA, 1995).
Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 372-385, jul.-set. 1999 379
TABELA 4
VALOR DA EXPORTAÇÃO DE AÇÚCAR DO BRASIL E PARTICIPAÇÃO DESSA
EXPORTAÇÃO NO TOTAL DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS — 1965/67 A 1996.
Período
Valor a bordo
no Brasil (em
milhares de
US$)
% do açúcar
no total das
exportações
Período Valor a bordo no
Brasil (em milha-
res US$)
% do açúcar
no total das
exportações
1965/67 72.563 4,4 1981 1.061.732 4,6
1968/70 114.418 5,0 1982 580.007 2,9
1971 152.951 5,3 1983 526.803 2,4
1972 403.548 10,1 1984 586.293 2,2
1973 558.686 9,0 1985/87 357.992 1,4
1974 1.321.932 16,6 1988/90 606.413 1,9
1975 1.099.773 12,7 1991 490.000 1,5
1976 306.537 3,0 1992 541.000 1,5
1977 462.704 3,8 1993 773.000 2,0
1978 350.064 2,8 1994 983.000 2,3
1979 363.809 2,4 1995 1.816.871 3,9
1980 1.288.253 6,4 1996 1.490.812 3,2
FONTE: Compilado de FIBGE (1990), FAO (1992), BACEN (1989, 1991 e 1997) e ASSOCIAÇÃO PROMOTORA
DE ESTUDOS DA ECONOMIA (1995).
Após o biênio 1980/81, a participação brasi-
leira no mercado externo de açúcar diminuiu sen-
sivelmente, muito embora tenha apresentado me-
lhora relativa nos últimos anos (1995 e 1996). No
entanto, esta melhoria recente pode ser creditada à
instabilidade das ofertas de açúcar de países como
a Índia, Tailândia e Cuba, aos níveis favoráveis
dos preços internacionais do açúcar e à crise do
PROÁLCOOL. Ademais, inserido em um gradual
processo de desregulamentação do setor sucroal-
cooleiro, o Plano de Safra 1995/96 estabeleceu
um limite dentro do qual as exportações brasilei-
ras de açúcar estariam isentas de imposto, fato
este que contribuiu para o crescimento recente
dessas exportações (BASTOS FILHO, 1995).
Nota-se, portanto, um caráter "coringa" desse
mercado externo para o Brasil. Obviamente, à
medida que os preços internacionais do açúcar
sobem, estão altos, as exportações desse produto
aumentam; ao revés, à medida que esses preços
baixam, estão baixos, as exportações de açúcar
diminuem. Contudo, outros fatores como a maior
abertura de mercados e a implementação de arran-
jos institucionais que favoreçam as vendas exter-
nas, também são condicionantes do desempenho
das exportações brasileiras de açúcar.
As razões para a diminuição do interesse pe-
lo mercado externo do açúcar concentraram-se,
basicamente, na instabilidade dos preços interna-
cionais e no direcionamento de boa parte da pro-
dução canavieira para o atendimento da demanda
doméstica por álcool combustível, principalmente
na segunda fase do PROÁLCOOL, período de
1975 a 1985. Nesse período, a produção de cana-
de-açúcar praticamente cresceu a reboque do
PROÁLCOOL, face às baixas cotações do açúcar
no mercado internacional e contando, sobremanei-
ra, com vultosos subsídios governamentais dados
ao PROÁLCOOL. Vale mencionar que esse Pro-
grama criou um novo mercado, o do álcool com-
bustível, capaz não só de atuar como uma "válvu-
la de escape" para as crises advindas do mercado
externo açucareiro, como para alterar substanci-
almente o próprio perfil da agroindústria canaviei-
ra do Brasil, focado no açúcar e álcool.
Após 1985, a "exaustão" do PROÁLCOOL
ficou evidente. A queda de preços do petróleo no
mercado internacional e as dificuldades fiscais e
financeiras da União não justificavam a continui-
dade da concessão de crescentes subsídios credití-
cios direcionados aos investimentos industriais
nesse programa. A rotulada "válvula de escape"
começava a dar aparentes sinais de instabilidade.
Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 p. 372-385, jul-set. 1999
380
Dado os relativamente mais baixos preços de
petróleo no mercado internacional — que colo-
cam "em xeque" o mercado do álcool combustível
— e do preço do açúcar acima da faixa de 12,00
centavos de dólar/libra-peso no mercado mundial,
o governo brasileiro preferiu, na primeira metade
da década de 90, estimular a produção de açúcar e
incrementar as importações de petróleo do que
estimular a produção de álcool combustível no
mesmo ritmo que o observado durante a segunda
fase do PROÁLCOOL (1980 a 1985). As expor-
tações brasileiras de açúcar dependem mais de
uma força relativa entre os preços do petróleo e
do açúcar do que do seu nível doméstico de pro-
dução (WORLD..., 1994).
O segundo aspecto a se ressaltar no comércio
externo brasileiro de açúcar é a ocorrência de
mudança significativa no tipo de açúcar exporta-
do. Até a década de 1980, o açúcar demerara foi,
em termos de valor e volume, o tipo que mais
benefícios trouxe à Balança Comercial do Brasil.
Contudo, na década de 1990, vem sendo substitu-
ído pelo açúcar cristal em nossas exportações.
As exportações de açúcar demerara no perío-
do 1977/87 corresponderam, em média, a 1.370
mil toneladas por ano, equivalendo a 55% do total
exportado. Os açúcares refinado e cristal, por sua
vez, representaram, respectivamente, 33% e 11%
do total exportado (SHIKIDA, 1990). Contudo,
dados mais recentes, 1991-1996, revelaram que a
participação percentual das exportações brasilei-
ras de açúcar cristal apresentaram tendência cres-
cente até 1994, oscilou negativamente em 1995 e
voltou a crescer em 1996; ao contrário do verifi-
cado para os açúcares demerara e refinado, que
apresentaram oscilações negativas, exceção feita
ao demerara quando da passagem de 1994 para
1995 (TABELA 5). Este crescimento das exporta-
ções de açúcar cristal é devido, basicamente, aos
preços mais atrativos para este tipo — que teve,
em alguns anos, isenção do Imposto sobre Circu-
lação de Mercadorias e Serviços-ICMS (BACEN,
1991) —, e ao crescente consumo por parte dos
países em desenvolvimento.
TABELA 5
PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
DE AÇÚCAR DEMERARA, CRISTAL E REFINADO - FOB, 1991/1996.
Ano Demerara Cristal Refinado Total
1991 54,1 11,8 34,1 100,0
1992 31,5 30,6 37,9 100,0
1993 24,4 46,2 29,4 100,0
1994 18,4 62,2 19,4 100,0
1995 23,0 58,1 18,9 100,0
1996 16,6 65,4 18,0 100,0
FONTE: BACEN (1995, 1996 e 1997).
Apesar de o açúcar branco (cristal e refinado)
ter assumido importância crescente nos últimos
anos, o demerara continua tendo certa parcela na
pauta de exportações do Brasil. Isto ocorre porque
alguns países consumidores preferem refinar e
preparar o açúcar bruto importado em seu próprio
território, favorecendo, dessa forma, suas indús-
trias refinadoras (OLALDE, 1993) e atendendo ao
seu "exigente" público consumidor, muito cético
quanto à qualidade do processo de clareamento do
demerara feito por países do chamado "Terceiro
Mundo". É o caso, principalmente, de países co-
mo os EUA, o Japão e da UE, onde os critérios
técnicos de pureza e de qualidade do açúcar con-
sumido são fundamentais para sua boa aceitação.
O terceiro aspecto que se destaca no comér-
cio externo brasileiro de açúcar é a liberalização
do mesmo. O Estado, via Instituto do Açúcar e do
Álcool-IAA, centralizava as atividades exportado-
ras, que foram transferidas à iniciativa privada a
partir da extinção desse órgão (em 1990). Com
isto, espera-se uma maior adequação desse setor
exportador ao mercado desregulamentado, o que
pode significar maior dinamismo nessas exporta-
ções. Isto porque, segundo GOLDIN &
REZENDE (1993), os produtores brasileiros de
açúcar não estavam plenamente expostos ao mer-
cado mundial, posto o fato de não serem transmi-
tidos totalmente os sinais dos preços internacio-
nais aos produtores locais. Segundo
Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 372-385, jul.-set. 1999 381
BURNQUIST & BACCHI (1996) "(...) era co-
mum atribuir a lentidão com que as respostas a
oportunidades no mercado externo (do açúcar)
eram processadas à complexidade da burocracia
governamental".
4 - LIMITES E POTENCIALIDADES
DO COMÉRCIO EXTERNO DO
AÇÚCAR PARA O BRASIL
Os mercados consumidores do açúcar brasi-
leiro, seja do tipo demerara, cristal ou refinado,
têm apresentado comportamentos distintos
(MENDES, 1985). Nos países ricos, particular-
mente nos EUA, Japão e nos países integrantes da
UE, o consumo do açúcar encontra-se numa ten-
dência declinante. Esta ocorrência pode ser credi-
tada ao já comentado rápido crescimento do con-
sumo de sucedâneos do açúcar, decorrente, por
sua vez, dos novos hábitos de vida experimenta-
dos por essas sociedades (estilo light ou diet). No
entanto, nos países em desenvolvimento têm ocor-
rido tendências crescentes para o consumo de
açúcar, principalmente do demerara, do cristal
e/ou do refinado. Isto porque os países em desen-
volvimento estão tendo aumentos populacionais,
acompanhados, em alguns casos, de elevação do
nível de renda. Entrementes, na maior parte dos
países em desenvolvimento a produção interna
também vem crescendo 3.
Segundo SZMRECSÁNYI (1989), o fato é
que a consolidação e difusão de novos estilos de
vida, cuja alimentação se baseia cada vez mais em
comidas e bebidas preparadas fora do domicílio,
3 Faz-se necessário considerar, conforme OLALDE
(1993), que a auto-suficiência na produção de açúcar,
pretendida pela maioria dos países em desenvolvimen-
to, demanda a realização de todo um conjunto de
investimentos agroindustriais, que no curto e médio-
prazo não irão proporcionar a auto-suficiência integral.
No entanto, segundo SILVA & RAMOS (1998), os
países ricos continuam protegendo a produção de açú-
car de beterraba; a produção da frutose de milho vem
sendo expandida sobretudo nos EUA; e o mercado
asiático já parece ter crescido significativamente.
Quanto a este último ponto, BURNQUIST &
BRACALE (1998) salientam que, no atual contexto,
uma preocupação crescente que se apresenta ao setor
tem sido a possibilidade de redução na capacidade das
exportações brasileiras em decorrência da crise finan-
ceira que vem atingindo os países do sudeste asiático.
com alta profusão de alimentos industrializados,
tende a desfavorecer o consumo do açúcar in na-
tura.
Se por um lado as exportações brasileiras de
açúcar passaram a contar com estímulos adicio-
nais, como o avanço promovido pelo governo no
processo de desregulamentação do setor sucroal-
cooleiro (safra 1995/96); por outro verifica-se
amiúde o balanço positivo de oferta em relação à
demanda de açúcar. Nesse contexto de desfavore-
cimento do consumo de açúcar in natura, adicio-
nado ao de excesso de oferta, pode-se dizer que as
perspectivas de maior mercado externo para o
açúcar brasileiro, apesar de "bolhas de euforia"
observadas em algumas safras, não são muito
satisfatórias. Segundo BURNQUIST (1996):
"De modo geral, as previsões de oferta e de-
manda para a safra 1996/97 apresentadas pelas
principais fontes de informação do mercado mun-
dial de açúcar têm sinalizado que o superávit no
balanço entre a produção e o consumo mundial
deverá ser mantido. Essa evolução sugere a ocor-
rência de uma escassez relativa de demanda e uma
expectativa de boa disponibilidade do produto."
No que diz respeito à competitividade inter-
nacional do açúcar brasileiro, pode-se dizer que é
considerável, visto que os custos de produção são
relativamente baixos vis-à-vis os custos de produ-
ção dos maiores exportadores (TABELA 6).
382 Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 372-385, jul-set. 1999
TABELA 6
ESTIMATIVAS RECENTES (ANOS 90) DE CUSTO DE PRODUÇÃO
DO AÇÚCAR EM ALGUNS PAÍSES (BRANCO E DEMERARA)
País Branco (US$/tonelada) País Demerara (US$/tonelada)
Brasil 240 Brasil 200-300
União Européia 480-490 África do Sul 225-250
Estados Unidos 430-525 Austrália 242-270
China 792 Tailândia 308-360
FONTE: dados compilados de COPERSUCAR e DATAGRO.
Vale ressaltar que o Brasil apresenta duas
macrorregiões de produção açucareira distintas, o
Centro-Sul e o Norte-Nordeste, sendo a primeira
(no agregado) mais competitiva que a segunda
(com custo de produção cerca de 30% menor para
o Centro-Sul), apesar de o Norte-Nordeste se a-
presentar tradicionalmente como maior exporta-
dor de açúcar dentre essas macrorregiões. Entre-
tanto, tal perfil começa gradativamente a se alte-
rar. Nas safras 1993/94 e 1994/95, houve uma
reversão nas exportações brasileiras de açúcar,
com o Centro-Sul superando o Norte/Nordeste
nesta atividade. A queda da participação das ex-
portações de açúcar do Norte/Nordeste é verifica-
da desde a safra 1989/90, quando essa macrorre-
gião foi responsável por 100% das exportações
brasileiras de açúcar. A partir daí, sua participa-
ção foi de 93,2%, 75,7%, 57,6%, 31,7% e 34,3%,
respectivamente para as safras 1990/91, 1991/92,
1992/93, 1993/94 e 1994/95 — esta última trata-
se de uma estimativa — (VILLANOVA, 1995).
Contudo, em resposta ao citado fenômeno da
concorrência e substitutibilidade que vem atingin-
do o mercado açucareiro desde a década de 1970,
a agroindústria canavieira nacional já prepara uma
"inovação" para o setor. Trata-se de um açúcar
semelhante ao comum, originário da própria cana-
de-açúcar, que permanece com a capacidade de
adoçar comidas e bebidas, mas que não é metabo-
lizado pelo estômago, não produzindo calorias,
não sendo cariogênico e nem provocando o acú-
mulo de glicose no sangue (NOVO..., 1997).
Pesquisadores de diversos países desenvolvi-
dos já haviam empenhado esforços objetivando a
conquista de resultados semelhantes ao do novo
açúcar não-calórico (AÇÚCAR..., 1991). No en-
tanto, este açúcar foi criado por dois pesquisado-
res do Departamento de Ciências dos Alimentos
da Universidade Estadual de Campinas-
UNICAMP -Yong K. Park e Gláucia Maria Pasto-
re- cuja tecnologia de produção baseia-se funda-
mentalmente na produção da enzima frutosiltrans-
ferase, a partir de um fungo denominado Asper-
gillus niger, encontrado no próprio solo dos
canaviais.
Essa novidade para os mercados interno e ex-
terno do açúcar, a ser comercialmente testada a
partir de 1998, está em fase de produção piloto a
cargo da Usina da Barra (SP), considerada uma
das mais modernas do País (NOVO..., 1997).
Segundo literatura mais recente, o
desenvolvimento deste derivado do açúcar poderá
levar “tal usina a concorrer com os adoçantes
artificiais com vantagens de custo e com grande
apelo de marketing por não fazer mal à saúde”
(BELIK, RAMOS & VIAN, 1998).
Outra inovação diz respeito ao sucareto light,
baseada na mistura de açúcar refinado com ado-
çante artificial, e que se trata fundamentalmente
de uma diferenciação de produto com vistas a
estratégias de concorrências. O sucareto é desti-
nado ao consumidor individual, restaurantes, lan-
chonetes e cafés (BELIK, RAMOS & VIAN,
1998).
5 - CONCLUSÕES
Este trabalho analisou os principais aspectos
do mercado externo açucareiro e a posição brasi-
leira neste mercado. Sua preocupação central con-
sistiu em saber, na atual conjuntura, quais as pers-
pectivas do comércio externo do açúcar para o
Brasil.
O mercado internacional de açúcar se carac-
teriza por um excesso de oferta do produto e por
forte concorrência e substituição entre açúcar e
seus substitutos.
Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 3 372-385, jul.-set. 1999 383
Não obstante a relativa participação brasilei-
ra no contexto internacional do açúcar, pode-se
aferir que o Brasil é, atualmente, um País "toma-
dor de preço". Ou seja, suas exportações não são
capazes de determinar os preços do açúcar no
mercado externo.
Apesar de o Brasil se destacar entre os expor-
tadores de açúcar, o mercado externo não se cons-
titui no principal mercado para o produto nacio-
nal. O fato de haver grande e crescente mercado
interno para o açúcar (devido a nosso crescimento
demográfico e pelo fato desse produto ser fonte
calórica importante na nutrição humana) e a pos-
sibilidade de alocar os fatores de produção para
elaboração de açúcar e/ou álcool, fazem com que
as exportações de açúcar sejam bastante oscilan-
tes, ganhando importância quando os preços do
produto se elevam no mercado externo.
Com a privatização das exportações de açú-
car, após a extinção do IAA em 1990, tem-se
formado expectativas de maior adequação e efici-
ência desse setor exportador ao mercado desregu-
lamentado. Como exemplo, verifica-se, neste tipo
de atividade, a participação crescente das exporta-
ções do Centro-Sul (mais competitivas) face às
exportações do Norte/Nordeste (menos competiti-
vas).
O açúcar não-calórico — com estrutura quí-
mica modificada, que não somente conserva sua
propriedade natural de adoçante alimentar, como
perde a maior parte do potencial que tem de ele-
var o peso corporal e de contribuir para a forma-
ção de cáries — poderá revolucionar o comércio
açucareiro, com possível recuperação de merca-
dos perdidos para os adoçantes sintéticos.
É importante frisar que não se espera que o
açúcar não-calórico substitua o açúcar calórico
nos mercados tradicionais ocupados atualmente
por este último. O açúcar calórico continua tendo
a sua importância no contexto alimentar (sobretu-
do nas camadas da população com baixa renda) e
o açúcar não-calórico competirá com os sucedâ-
neos sintéticos do açúcar calórico.
Contudo, não há informações disponíveis que
nos permita inferir algum comentário sobre possí-
veis transformações que possam ocorrer nos seg-
mentos agrícola e industrial da agroindústria açu-
careira devido ao surgimento e possível expansão
do açúcar não-calórico. Este tipo de análise fica
como sugestão para novas pesquisas.
Abstract:
This paper discusses the main characteristics of
the sugar international market and the Brazilian
participation in this market. Special emphasis is
given to the dynamic transformations that have
characterized sugar international market in the last
few years. We conclude that caloric sugar
(sacarose) will hardly present good opportunities
in foreign trade in the long term. However, we
can have short periods of "optimistic bubbles".
This is so because of the competitiveness and
complementary of sugar substitutes, and because
the supply of sugar is large in the market.
However, the non caloric sugar, still being
developed, could cause a revolution in sugar
trade, with the possibility of market recuperation.
Key-Words:
Sugar; Foreign Trade; Competition; Exportation;
Brazil-Northeast.
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_______________
Recebido para publicação em 29.DEZ.1997.
... O açúcar é uma commodity agrícola consumida e comercializada tanto no mercado interno como no mercado externo. Embora o Brasil consuma, em média, aproximadamente 73% do açúcar produzido internamente, enquanto as exportações correspondem, em média, a aproximadamente 27% da produção nacional, o País tem se posicionado entre os maiores produtores e exportadores de açúcar no mundo (SHIKIDA; BACHA, 1999). O açúcar comumente não oferece grandes oportunidades de exploração de marcas. ...
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Analisa a competitividade brasileira no comércio internacional de produtos extrativos vegetais, de 1990 a 2010. Utiliza os índices vantagem comparativa revelada, taxa de cobertura, comércio intraindústria, índice de abertura do comércio e de contribuição ao saldo comercial. Os resultados obtidos revelam que o Palmito, Castanha de Caju, Castanha-do-pará e Óleo Essencial de Eucalipto foram competitivos no comércio internacional; houve predomínio do comércio interindústria para o Palmito, Castanha de Caju e Castanha-do-pará e do comércio intraindústria para o Tanino e Óleo Essencial de Eucalipto; observa baixo grau de abertura de comércio para os produtos extrativos vegetais brasileiros; e que Palmito, Castanha de Caju e Castanha-do-pará destacam-se na contribuição para o saldo comercial do setor no país.
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WILLERS, E. M.; BIRCK, L. G.; SHIKIDA, P. F. A. O açúcar paranaense e as barreiras protecionistas do mercado internacional. Tempo da Ciência - Revista de Ciências Sociais e Humanas, Cascavel (PR), v.11, n.21, p.37-52, 1º sem 2004. RESUMO: Este estudo objetivou identificar quais são as principais barreiras protecionistas existentes no mercado internacional de açúcar e o quanto estas barreiras estão interferindo no total do volume exportado da commodity no Estado do Paraná. Para tanto foi feita uma breve contextualização do mercado internacional de açúcar, das principais políticas protecionistas adotadas pelos países importadores e da posição do açúcar brasileiro e paranaense neste mercado. Isto posto, os autores buscaram, junto ao órgão associativo das usinas de açúcar do estado, levantar o grau de influência destas políticas junto às exportações desta commodity no Estado do Paraná. Apesar de o Brasil ser detentor do menor custo de produção por tonelada de açúcar no mundo, a ampliação de sua margem exportadora esta sendo prejudicada pelas políticas protecionistas adotadas por alguns blocos econômicos, os quais estão restringindo e reduzindo o volume de exportação do açúcar brasileiro e paranaense. PALAVRAS-CHAVE: Açúcar paranaense, exportações, barreiras protecionistas. 1. INTRODUÇÃO O setor sucroalcooleiro brasileiro movimenta cerca de 3,5% do PIB do país ao ano. Especificamente para o açúcar, o Brasil é o maior produtor e exportador mundial, sendo que na safra 2002/2003, das 317 milhões de toneladas de cana-de-açúcar produzidas, 22 milhões foram destinados à produção de açúcar (UNIÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DO ESTADO DE SÃO PAULO-UNICA, 2003). Se comparada à produção mundial, o país foi responsável por 16% do total produzido naquele ano, respondendo por 30% das exportações mundiais do produto (SILVEIRA e BURNQUIST, 2004).
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O Brasil, produtor de açúcar de cana-de-açúcar, utiliza na clarificação do caldo a sulfitação tendo o dióxido de enxofre, como agente sulfitante. União Europeia e América do Norte utilizam o açúcar de beterraba, o qual é isento de dióxido de enxofre na clarificação. O uso de dióxido de enxofre, embora regulamentado, como aditivo alimentar, é observado com cautela pelos países importadores de açúcar, em consequência de possível efeito alergênico associado, diminuindo as exportações de açúcar refinado brasileiro, por meio de adoção de barreira técnica, respaldados pela legitimidade da segurança alimentar, embora se considere apossibilidade de barreira comercial disfarçada.
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Este trabalho objetivou, por meio de um conjunto de indicadores, avaliar acompetitividade do açúcar brasileiro no comércio internacional. O indicador marketshareevidenciou sua significativa importância, considerando que o Brasil foi responsávelpor 40,61% do açúcar comercializado no mercado internacional em 2005. Em setratando de competitividade frente a outros países e outros produtos, o indicadorvantagem relativa na exportação também revela a vantagem competitiva do açúcar brasileiro.No que se refere à participação do açúcar no total das exportações brasileiras, ocrescimento também é substancial, tendo aumentado sua representatividade em 95% noperíodo analisado. A participação do saldo comercial do açúcar no PIB agrícola brasileirotambém foi crescente no período analisado, considerando que em 1994 o açúcarrepresentava menos de 1% do PIB agrícola e chegou a representar 3,53% em 2002.Esses dados ratificam a importância do açúcar brasileiro na geração de divisas e destacamsua crescente vantagem competitiva perante os demais países produtores e exportadores.
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Mudanças ocorridas na economia mundial, como liberalização de mercados e formação de blocos, têm exigido que países em desenvolvimento, como no caso do Brasil, acompanhem tais transformações principalmente no que se refere à busca por produtos diferenciados e de maior qualidade. Diante disso, o setor açúcar iniciou um processo de reestruturação produtiva, visando estimular a modernização e, com isso, ampliar sua competitividade no comércio internacional. Considerando a importância desse setor para a economia brasileira, no que se refere à participação no PIB e na geração de divisas, objetivou-se neste trabalho avaliar a competitividade das exportações brasileiras de açúcar, no período de 1990 a 2004. O modelo teórico utilizado esta fundamentado na Teoria da competitividade e do Comércio Internacional. O procedimento de análise baseou-se nos indicadores de desempenho, eficiência e capacitação. Os dados usados foram obtidos em diversas instituições, tais como a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), da Fundação Getúlio Vargas, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO), a FNP Consultoria e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Os indicadores de competitividade apresentados indicaram que o açúcar brasileiro é altamente competitivo no comércio internacional, visto que as exportações foram crescentes e as importações decrescentes, chegando, em alguns períodos, a zero. Constatou-se, também, a representatividade do açúcar no PIB agrícola e na geração de divisas para o país. Os indicadores de eficiência e capacitação mostraram que o Brasil vem aumentando a sua competitividade por meio de maiores rendimentos com o produto e maiores gastos em ciência e tecnologia, respectivamente. Conclui-se que o setor de açúcar tem ampliado a sua competitividade com relação aos principais países produtores.----------------------------------------------Changes happened in the world economy, such as liberalization of markets and formation of blocks any they have been demanding that developing countries, Brazil’s case, accompany such transformations mainly in what refers to the search for differentiated products of larger quality. Before that, the sugar sector began a process of productive restructuring, seeking to stimulate the modernization and, with that, to enlarge competitiveness in international trade. Considering the importance of that sector for Brazilian economy, regaling the participation in GDP and in generation dollar, the objective of this paper is evaluate the competitiveness of Brazilian sugar exports, in the period from 1990 to 2004. The theoretical model was Theory of the competitiveness and of the International Trade. The analysis was based on the acting indicators, efficiency and capacity. Data were obtained in several institutions; such as the Ministry of the development of agriculture and trade (SECEX), of the Fundação Getúlio Vargas, the Organization of the United Nations for the Agriculture (FAO), FNP Consultoria and the Ministry of the Science and Technology (MCT). The indicators of competitiveness indicated that Brazilian sugar is highly competitive in international scene, because exports were growing and decreasing imports, arriving, in some periods, to zero. It was verified, also, the representativeness of sugar in agricultural GDP and in the generation of dollar to the country. Efficiency indicators and capacity showed that Brazil is increasing competitiveness through larger incomes and larger expenses in science and technology, respectively. Therefore the sugar sector has been enlarging competitiveness company the main producing countries.
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The objective of this article is to analyze the rel ation between the mark, price and, consumption of sugar in Cascavel/PR. The study is b ased on a research in which the ranking of the best known marks is obtained, as well the pr ice and consumption of each one of them. The methodology used to analyze this relation is a not-parametric test through the correlation of Kendall and Spearman. The results allow identifying the main factors that influence the consumer's purchasing behavior. It is possible to a ffirm that there isn't a relation between the variables and that the fidelity to the mark is very small, besides showing that the majority of the consumption privileges the lesser price. Thus, the companies responsible for offering the sugar in the retail market look for new alternative s to grow or to remain in the market.
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Resumo: Esta pesquisa objetivou verificar o desempenho do setor externo sucroalcooleiro brasileiro, de 1999 a 2007. Foram utilizados dois indicadores de comércio internacional, quais sejam, o Índice de Abertura de Comércio (Oi) e o Índice de Desenvolvimento do Setor Externo (SXi). Como corolário, foi constatado que o grau de abertura do comércio, no período, obteve níveis intermediários. O setor sucroalcooleiro apresentou, em vários anos, alta vulnerabilidade, no entanto, a análise demonstrou que o setor está procurando maior inserção no comércio internacional, porquanto apresentou tendência crescente no volume de comércio.
Mudanças institucionais e seus impactos nas estratégias dos capitais do complexo agroindustrial canavieiro no Centro-Sul do Brasil
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Açúcar e álcool: safra 1996/97. Preços Agrícolas, n. 117
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O açúcar na política agrícola dos EUA e o "Farm Act de
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Perda de mercado para o Brasil: a substituição de açúcar por frutose de milho nos Estados Unidos
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O desafio do livre comércio no mercado sucroalcooleiro
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Estatísticas históricas do Brasil: séries econômicas
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A agricultura brasileira na década de 80: crescimento numa economia em crise
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A revolução tecnológica e o papel da UE no mercado de açúcar. Revista Brasileira de Comércio Exterior
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