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Internationalization of Education by Higher Education Institutions

Authors:

Abstract

This study presents an overview of the higher education internationalization process in Brazil, analyzing the contribution of high education institutions (HEI) through student academic mobility for human capital development. Understanding the relevance of the higher education internationalization and the need to insert the Brazilian northeast in this context, particularly the city of Salvador - Bahia, it unveils the process of internationalization of higher education in 46 HEIs in the city of Salvador, active until January 2019, identifying how their actions are structured promote education internationalization. Based on the analyzes proposed by the study, it is concluded that a significant majority of the private HEIs in Salvador are not working on the internationalization of teaching as an inherent part of the training of their students, and, if they do, they are not exploring the tool for presenting students this content, through its institutional websites.
http://dx.doi.org/10.36810/rde.v1i45.6724
Revista de Desenvolvimento Econômico RDE - Ano XXII V. 1 - N. 45 - Abril de 2020 - Salvador,
BA p. 365 393.
INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO POR
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Manoel Joaquim Fernandes de Barros
1
Diana Fernandes dos Santos Faraon
2
Carolina Andrade Spinola
3
Luciane Stallivieri
4
RESUMO
Esse estudo apresenta um panorama do processo de internacionalização do ensino superior
no Brasil, com o objetivo de analisar a contribuição das instituições de educação superior
(IES) por meio da mobilidade acadêmica estudantil para a formação de capital humano e
desenvolvimento. Entendendo a relevância da internacionalização do ensino superior e a
necessidade de inserir o nordeste brasileiro nesse contexto, particularmente a cidade de
Salvador Bahia, desvela o processo de internacionalização do ensino superior nas 46 IES
da cidade de Salvador em atividade até Janeiro de 2019, através da identificação de como
estão estruturadas as suas ações para a promoção da internacionalização no campo do
ensino. A partir das análises propostas pelo estudo, conclui-se que a maioria significativa
das IES privadas de Salvador não está trabalhando a internacionalização de ensino como
parte inerente à formação de seus estudantes, e, se o fazem, não estão explorando a
ferramenta de apresentação de conteúdo que a internet propicia por meio dos seus sites
institucionais.
Palavras-chave: Capital Humano; Educação Internacional; Mobilidade Acadêmica.
EDUCATION INTERNATIONALIZATION BY HIGHER EDUCATION INSTITUTIONS
ABSTRACT
This study presents an overview of the higher education internationalization process in
Brazil, analyzing the contribution of high education institutions (HEI) through student
academic mobility for human capital development. Understanding the relevance of the higher
education internationalization and the need to insert the Brazilian northeast in this context,
particularly the city of Salvador - Bahia, it unveils the process of internationalization of higher
education in 46 HEIs in the city of Salvador, active until January 2019, identifying how their
actions are structured promote education internationalization. Based on the analyzes
proposed by the study, it is concluded that a significant majority of the private HEIs in
Salvador are not working on the internationalization of teaching as an inherent part of the
1
Professor Titular da Universidade Salvador (Brasil). Doutor em Educação pela Universidade Federal
da Bahia. E-mail: different425@gmail.com
2
Mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador UNIFACS.
Coordenadora Nacional de Internacionalização na Laureate International Universities Brasil e
Coordenadora do Escritório internacional da Universidade Salvador - UNIFACS. E-mail:
vanna_ssa@yahoo.com.br
3
Doutorado em Geografia pela Universidade de Barcelona. Coordenação de Cursos Stricto Sensu e
a Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano, onde
também atua como Professora Titular. E-mail: carolina.spinola@unifacs.br
4
Doutora em Línguas Modernas pela Universidad del Salvador - USal, Buenos Aires. Foi Professora
do Centro de Ciências Humanas da Universidade de Caxias do Sul e Assessora de Relações
Internacionais na mesma Universidade. Professora do Programa de Pós-graduação - Mestrado em
Administração Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC. E-mail:
lustalliv@gmail.com
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training of their students, and, if they do, they are not exploring the tool for presenting
students this content, through its institutional websites.
Keywords: Human Capital; International Education; Academic Mobility.
JEL: I2; I25
1 INTRODUÇÃO
Esse estudo apresenta um panorama do processo de internacionalização do
ensino superior no Brasil, com o objetivo de analisar a contribuição das IES por meio
da mobilidade acadêmica estudantil para a formação de capital humano e
desenvolvimento. Entendendo a relevância da internacionalização do ensino
superior e a necessidade de inserir o nordeste brasileiro nesse contexto,
particularmente a cidade de Salvador Bahia, desvela, pela perspectiva dos
estudantes e egressos, o processo de internacionalização do ensino superior nas 46
Instituições de Ensino Superior (IES) da cidade de Salvador em atividade até Janeiro
de 2019, através da identificação de como estão estruturadas as suas ações para a
promoção da internacionalização no campo do ensino.
A mobilidade acadêmica vem sofrendo diferentes interpretações ao longo dos
anos, porém, para fins dessa investigação, as análises serão baseadas no conceito
da Unesco (1998), que utiliza a seguinte definição:
Mobilidade Acadêmica compreende um período de estudo, ensino e/ou
pesquisa em um país que não seja o país de residência de um estudante ou
funcionário acadêmico (o país de origem). Este período é de duração
limitada e está previsto que o estudante ou funcionário acadêmico retorne
ao seu país de origem após a conclusão do período designado. O termo
'mobilidade acadêmica' não se destina a cobrir a migração de um país para
outro. A mobilidade acadêmica pode ser realizada dentro dos programas de
intercâmbio criados para esse fim ou individualmente (free movers
5
). A
mobilidade acadêmica também compreende mobilidade virtual (tradução
nossa)
6
.
5
Estudantes que realizam mobilidade acadêmica por iniciativa própria sem assessoria dos
departamentos de internacionalização das instituições ou programas nacionais ou internacionais
(Erasmus, Fulbright, Capes etc.)
6
Academic Mobility' implies a period of study, teaching and/or research in a country other than a
student's or academic staff member's country of residence ('the home country'). This period is of
limited duration, and it is envisaged that the student or staff member return to his or her home
country upon completion of the designated period. The term 'academic mobility' is not intended to
cover migration from one country to another. Academic mobility may be achieved within exchange
programs set up for this purpose, or individually ('free movers'). Academic mobility also implies
virtual mobility.
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A internacionalização do ensino superior é um processo complexo e dinâmico,
que envolve não apenas alunos e docentes, mas os diversos agentes do processo
educacional, tais como reitores, pró-reitores, gestores administrativos, equipes
operacionais e tantos outros. Assumindo um papel de evidência, pautada nas
premissas da universalização do saber e da necessidade de formação de um
cidadão global, apto a atuar de forma holística em uma sociedade globalizada e
cada vez mais interligada, muitas instituições de ensino superior vêm encontrando,
na possibilidade de oferta de experiências internacionais aos seus estudantes, a
oportunidade de formação de um profissional diferenciado e com competências
necessárias para o novo perfil requerido pelas demandas do mercado presente.
O contexto atual revela a necessidade de um profissional que consiga
responder às demandas de sua localidade, do seu território, mas que, ao mesmo
tempo, busque estar com os olhos abertos e atentos às questões globais,
compreendendo os efeitos que os eventos externos geram em sua realidade, e
percebendo que habilidades e competências serão necessárias para atuar nesse
mercado dinâmico e de intensas variações. Uma das ferramentas que potencializam
o destaque dos profissionais é a educação e aqui é importante salientar o papel das
instituições de ensino superior na formação de cidadãos globais e profissionais mais
bem qualificados e mais aptos para interferir positivamente no destino de suas
regiões, destacando-se a sua importância como mola propulsora do crescimento e
desenvolvimento das nações.
A educação apropriada pelo sujeito amplia o capital humano das empresas,
legando ao mesmo um potencial indelével capaz de diferenciá-lo entre os demais.
Tal conceito fundamenta-se na Teoria do Capital Humano desenvolvida pelo
economista Theodore William Schultz:
A característica distintiva do capital humano é a de que é ele parte do
homem. É humano porquanto se acha configurado no homem, e é capital
porque é uma fonte de satisfações futuras, ou de futuros rendimentos, ou
ambas a coisas. Onde os homens sejam pessoas livres, o capital humano
não é um ativo negociável, no sentido de que possa ser vendido. Pode, sem
dúvida, ser adquirido, não como elemento de ativo, que se adquire no
mercado, mas por intermédio de um investimento no próprio indivíduo.
Segue-se que nenhuma pessoa pode separar-se a si mesma do capital
humano que possui. Tem de acompanhar, sempre, o seu capital humano,
quer o sirva na produção ou no consumo. Desses atributos básicos do
capital humano, surgem muitas diferenças sutis entre o capital humano e
não-humano, que explicam o comportamento vinculado à formação e à
utilização dessas duas classes de capital (SCHULTZ, 1973, p. 53).
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Considerando que as instituições de ensino superior têm um importante papel
na capacitação profissional de seus estudantes, por ser o elo entre eles e as
oportunidades e desafios demandados pela sociedade, essas instituições também
são afetadas pelo processo de globalização e precisam pensar em políticas e ações
que promovam, de fato, a internacionalização do seu ensino dentro e fora do
campus, permitindo que seus discentes tenham a capacidade de compreender e
experimentar vivências que lhes proporcionem o preparo e o protagonismo frente à
interação social, política, econômica, cultural, que vem sendo exigida nas relações
de trabalho, com vistas a promover o desenvolvimento e o crescimento da região
onde ele atua.
De acordo com De Wit (2013, p.21):
A economia global do conhecimento, no entanto, forçará mais atenção para
o enfoque na internacionalização do currículo, uma vez que o conhecimento
e habilidades de todos os nossos graduados têm que refletir que eles são
capazes de operar em um mundo mais conectado (tradução nossa)
7
.
O papel que as instituições de ensino superior, notadamente as
universidades, desenvolvem na perspectiva do ensino, pesquisa e extensão podem
contribuir de forma assertiva na formação profissional de seus educandos. Desta
forma, preparar os estudantes para o exercício da profissão com ênfase no
protagonismo que leve a impactos e transformações inovadoras na sociedade e nas
organizações torna-se ferramenta indispensável às instituições de ensino e
converte-se como importante fator de desenvolvimento na sociedade do
conhecimento.
Almeida Filho e Santos (2012, p.57) ultrapassam as dimensões
supramencionadas e definem aquela que seria a quarta missão da universidade
contemporânea: a Internacionalização.
Esta inevitabilidade histórica com a qual as universidades estão hoje
confrontadas a de, sejam quais forem os caminhos ou os estímulos a que
respondem, ou qualquer outra possível consideração de natureza política ou
ideológica, de origem ou de antiguidade, de localização geográfica ou de
opção estratégica, elas se abrem à cooperação e colaboração
7
The global knowledge economy, though, will force more attention to be focused on the
internationalization of the curriculum, as the knowledge and skills of all our graduates have to reflect
that they are able to operate in a more connected world.
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internacionais como quem marca encontro com o destino, para o qual, aliás,
vem sendo preparadas ao longo dos séculos, reforça no século XXI uma
característica universitária, que vem desde a Idade Média afirmando a
internacionalização como a invariância do sistema e confirmando-a como
uma evolução especifica que está a ponto de se transformar, quase mil
anos após a fundação de suas pioneiras e veneradas concretizações, na
quarta missão da universidade.
A internacionalização do ensino, pesquisa e extensão é ferramenta importante
para o desenvolvimento regional, uma vez que instrumentaliza e prepara os
profissionais para exercerem um papel atuante na sociedade. A partir de uma
perspectiva global, em cooperação com os diversos atores do desenvolvimento
como organizações governamentais, empresas e sociedade civil, a
internacionalização presente na educação atua em prol do desenvolvimento de
políticas ou ações que gerem impacto de nível local ao internacional.
Partindo do princípio que a internacionalização do ensino superior vem
tornando-se um tema de relevância para a reflexão das instituições, é irrefutável que
as IES articulem intencionalmente ações que as conduzam ao desenvolvimento de
políticas e estratégias para tornar a internacionalização presente em sua rotina
acadêmica, e essencialmente como um componente da formação de seus
estudantes.
2 OS DESAFIOS DA SOCIEDADE E O PAPEL DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
INTERNACIONAL NA CONTEMPORANEIDADE PARA A FORMAÇÃO DA
CIDADANIA GLOBAL
A sociedade vive uma era de conectividade, interatividade e aproximação dos
territórios jamais experimentadas na história, efeitos esse proporcionados pelos
impulsos da globalização. Resguardadas as particularidades de cada povo e nação,
é notória a amplitude e velocidade com a qual as informações circulam, os
conhecimentos se disseminam e os muros se rompem, proporcionando uma
avalanche de mudanças, reorganizações e tendências nas mais diversas temáticas
do mundo atual. Zicman (2007, p. 9) ensina que:
Vivemos um intenso processo de internacionalização das práticas sociais.
Globalização, parceria, intercâmbio e rede incorporam-se ao vocabulário
atual, especialmente com as novas tecnologias de comunicação e
informação. O fortalecimento dessa cultura mundial coloca novas exigências
e desafios ao ensino superior, que passa, cada vez mais, a se desenvolver
num contexto mundializado de conhecimentos, ciências e tecnologias.
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necessidade de superação do isolacionismo das ações individuais, de
desenvolvimento de práticas mais coletivas, de maior abertura dos
conteúdos curriculares e de participação em programas no exterior. As
transformações no mercado de trabalho, as inovações nas áreas de
informática e comunicação, a revolução tecnológica, a crescente
importância do conhecimento, as permanentes inovações e os processos de
internacionalização colocam a necessidade de se repensar e redefinir o
papel e a função do ensino superior.
Para Lastres e Ferraz (1999), essas mudanças tem provocado efeitos que
perpassam por impulsionamento da inovação de todos os tipos, criação de novos
produtos e insumos, novos espaços regionais que se abrem para o exterior,
organização da produção em rede, redefinição de sistemas de regulação pública
nacional existentes, oportunidades e ameaças postas para indivíduos e instituições.
Segundo Santos (2001), a globalização representa o ápice do processo de
internacionalização do mundo capitalista, o percursor do desencadeamento da
evolução econômica na sociedade atual que, pela sua idiossincrasia, tem aguçado
as desigualdades em diversos níveis.
A necessidade constante de sair do lugar comum, de desbravar o novo, de
cruzar as fronteiras, ainda que no limite das teclas de um computador ou de um
smartphone, tem levado as pessoas a lugares inimagináveis, proporcionado um
maior entendimento do senso de universalidade, embora muitas vezes estejam
diante de intensas avalanches de informação, submetidos a uma consistência dos
seus conhecimentos de forma fugaz. Essa relação tão efêmera com o teórico, com a
tradição, em contraposição ao fenômeno do hedonismo, das sensações, das
relações, tem moldado novas formas de perceber a identidade, intitulado as imagens
pelas tendências, deslocado as referências, atribuído novos princípios e valores,
miscigenado as culturas, aproximado os mundos nas esferas pessoais, profissionais
e acadêmicas.
Nessas circunstâncias, repensar a atuação do profissional frente ao contexto
social iminente se faz crítico e necessário. A internacionalização do profissional
encontra respaldo no fenômeno da globalização em seus diversos níveis; dentre
eles, a pungente exigência da formação de competência de cidadão global, mais
preparado para lidar com os fenômenos sociais do século XXI, mais criativo e
inovador para identificar novas possibilidades de ação profissional e social, mais
consciente do impacto de sua formação para a transformação do seu contexto local
ou ainda internacional.
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A atuação das instituições de ensino, no bojo dessa conjuntura, deve ser
intencional e ativa, com o firme propósito de formar agentes de mudanças oriundos
da sua comunidade acadêmica, que podem protagonizar interferências benéficas e
significativas à sociedade. É tornar-se parte inerente do processo de transformação
social como multiplicadora de conhecimento, aberta a contribuir e servir à sociedade
em seu processo de desenvolvimento e crescimento. Segundo Wolff (1993), a
sociedade tem uma necessidade insaciável de conhecimento e aconselhamento
especializado, e as universidades são o grande repositório dessa sabedoria.
A velocidade das mudanças impele no indivíduo a necessidade latente de
aquisição de conhecimentos fundamentais à sua formação humana e social, e saber
desfrutar estrategicamente de todo o conhecimento adquirido ao longo da vida pode
ser um grande diferencial. O profissional, que conseguir maximizar de forma criativa
e orientada o conhecimento acumulado ao longo de sua existência, será conduzido
a um nível de expertise e potencial diferenciado, tendo destaque frente à sua
performance no mercado de trabalho. Oferecer uma educação baseada na
preparação de profissionais para atuarem como protagonista no âmbito das
organizações e na sociedade é um importante ingrediente na formação pessoal e
profissional que as instituições de ensino superior podem proporcionar aos seus
estudantes.
Deardorff (2006, 2009) amplia o bojo das capacidades a serem desenvolvidas
pelo estudante, quando define o modelo de competências interculturais como parte
inerente da educação internacional. Não é apenas sobre conhecer a cultura do
outro, mas também a sua própria, para desenvolver habilidades de relacionar-se de
forma respeitosa e assertiva com os demais.
A partir da compreensão da existência das metamorfoses sociais e como elas
implicam em uma rápida adaptação dos atores, que interagem na sociedade e
podem contribuir para mitigar os efeitos negativos causados pelo despreparo diante
dessas mudanças, é que podemos perceber o importante papel das instituições de
ensino na formação de seus discentes. As barreiras culturais, linguísticas ou
quaisquer outras que se apresentem devem servir de estímulo para proporcionar o
desejo de descobrir novas teorias e saberes, novas formas de entender a sociedade
e se relacionar com ela, visando o desenvolvimento e o crescimento do indivíduo e
do seu meio através da educação.
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Conhecimento altamente qualificado, domínio de novas tecnologias, domínio
de línguas estrangeiras compõem alguns dos pré-requisitos essenciais de um bom
currículo, no entanto, o desenvolvimento de competências globais para atuação em
mercados multiculturais representa um fator de relevância e valorização, requerendo
a atenção das instituições de educação superior para a formação de cidadãos
globais (STALLIVIERI, 2016). A sala de aula contemporânea conduz o saber ao
confronto com as transformações sociais e requer expertise do docente ao
apresentar conteúdos e teorias frente à materialização desses saberes ao real papel
do profissional dos dias atuais. Torna-se inconcebível o compartilhar de saberes
estanques que em nada conversam com os clamores da sociedade atual. Urge, no
entanto, a necessidade de atuação de um professor antenado, hiperconectado e
hiperinformado, que tenha capacidade de aliar conteúdo à prática e ampliar a
extensão do conhecimento para o nível local e global.
Integrar as estratégias de internacionalização, que contemplem a dinâmica da
gestão institucional, a formação diferenciada dos professores, o perfil e a
diversidade imbuídos no perfil discente e as demandas emergentes da sociedade
em uma perspectiva global, é um dos grandes desafios das IES na
contemporaneidade. De acordo com Knight (2004), a internacionalização é o
processo de integração das dimensões internacional, intercultural e global aos
propósitos, às funções primárias (ensino, pesquisa, extensão) e aos níveis
institucional e nacional da educação superior. O que significa dizer, no entanto, que
a promoção da internacionalização, desenvolvida em todas as esferas acadêmicas,
deve ser uma missão de toda a universidade e não apenas uma meta do setor
responsável pela internacionalização, ou ainda de diretores e coordenadores. Deve
ser perseguida por todos.
A busca pela adaptação às tendências do novo mundo vem sendo
realizada por muitos estudantes. Um número expressivo destes tem cruzado as
fronteiras para realizar estudos em outros países, sejam para aprendizado de
idiomas, cursos de curta duração, Semester Abroad (i.e., mobilidade acadêmica de
estudos no exterior), especializações, mestrados e doutorados, ou até mesmo para
toda a formação no exterior. Esse interesse talvez se deva ao fato de ser, o
Semester Abroad, um dos tipos de mobilidade acadêmica internacional mais
complexos, evidenciado pelas suas características relacionadas ao tempo de
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duração, imersão acadêmico-cultural, que proporciona aprofundamento da
proficiência em um idioma estrangeiro, desenvolvimento de habilidades
interpessoais, dentre outras.
No que tange ao Brasil, uma pesquisa, realizada pela Brazilian Educational &
Language Travel Association (BELTA, 2018), associação que reúne 450 agências de
intercâmbio brasileiras (cerca de 80% do mercado), aponta que o Brasil teve um
crescimento de 23% no número de estudantes em estudos no exterior no ano de
2017. Os estudantes brasileiros movimentaram cifras próximas do 3 bilhões de
dólares em programas educacionais. Cursos de idiomas e ensino com trabalho
temporário foram os programas mais realizados, com destaque para programas de
mestrado e doutorado, que apareceram pela primeira vez entre os 10 mais
procurados. A pesquisa revela que o Canadá (1º), EUA (2º), Reino Unido (3º), Nova
Zelândia (4º) e Irlanda (5º) destacam-se como os principais destinos de interesse
dos estudantes brasileiros frente aos 39 países mais procurados.
Os anos anteriores foram marcados por uma série de crises, como a recessão
econômica que levou à queda do PIB em 2014, crise política que levou a protestos
contra o governo e impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, ao auge
das taxas de desemprego em 2017, a um grande aumento do câmbio de moedas
estrangeiras como dólar, euro e libra esterlina, dentre outros fatores, resultando na
redução de apoio governamental e empresarial nesta atividade e consequente
declínio do número de Outbound (i.e., saída de estudantes para ingresso em
programas de estudos no exterior para programas internacionais). Porém, a
pesquisa da BELTA (2018) também revela que ainda permanece significativo o
interesse de estudantes, pesquisadores e profissionais por experiências acadêmicas
internacionais.
O crescimento do interesse de brasileiros por estudos no exterior tem
promovido a visibilidade internacional do Brasil, proporcionando o intercâmbio
acadêmico e profissional de estudantes e docentes também no território nacional,
além de uma singular contribuição para o desenvolvimento regional, por meio de
projetos conjuntos entre instituições nacionais e internacionais, oriundas de
pesquisas em colaboração nas áreas de ciência e tecnologia, por exemplo. Essas
relações têm motivado os estudantes a desenvolverem um perfil propício para a
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empregabilidade global pelo acesso ao conhecimento universalizado ainda na sua
formação acadêmica.
Ao cruzar as fronteiras de seus países, nesse intenso trânsito de cérebros,
divididos entre o limiar da expectativa e da realidade, do temor do novo e da ousadia
em sair da zona de conforto para desconstruir os alicerces dos conceitos
previamente adquiridos e assim tecer, remodelar e reconstruir novos ideais e
concepções, os conhecimentos intercambiados são os mais variados possíveis. Não
somente aqueles relacionados ao ensino e a aprendizagem, mas essencialmente
aqueles que dizem respeito à vida e as relações humanas comportamentos,
identidades culturais, idiomas, histórias, experiências, princípios, valores e toda a
estrutura das relações humanas com seus ônus e bônus. O sujeito descobre que é
possível compreender e até se adaptar à realidade do outro, e, a partir desse
encontro com a condição alheia, que essencialmente não é possível comparar como
melhor ou pior que a sua, principalmente com realiza interações, enxerga pontos de
similitudes, e pode até mesmo compreender melhor a sua própria realidade.
Se os seres humanos aceitam e apreciam outros seres humanos e se
empenham no diálogo, logo veremos que as diferenças culturais deixarão
de ser um casus belli. É possível ser diferente e viver junto. Pode-se
aprender a arte de viver com a diferença, respeitando-a, salvaguardando a
diversidade de um e aceitando a diversidade do outro. É possível fazer isso
cotidianamente, de modo imperceptível, na cidade [...] (BAUMAN, 2009,
p.89).
À luz das reflexões até aqui pontuadas, é importante considerar que a
educação está em movimento, assim como o mundo e suas transformações.
Compreender essa dinâmica trará benefícios para a sociedade, que terá condições
de refletir sobre ela e produzir os novos modelos de educação com vistas a torná-la
mais acessível, mais inclusiva, mais próxima daqueles que dela podem vir a fazer
uso. Levar o indivíduo a pensar além das fronteiras com pleno conhecimento de
suas origens e suas raízes, porém com o olhar escancarado para o novo, para as
constatações construídas na diversidade dos saberes, e ser capaz de trilhar com
seus próprios passos os infinitos caminhos que as descobertas são capazes de lhe
proporcionar; talvez esta seja a grande contribuição da internacionalização da
educação superior para a transformação da sociedade.
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Na sociedade das escolhas, o ensino não se refuta a ser comparado e
referenciado. Em tempos de alta competitividade no setor da educação, seja ela
pública e especialmente privada, oferecer uma educação que atribui uma formação
diferenciada tem sido a busca de muitas instituições de ensino superior. E a
internacionalização é, sem dúvida, um dos diferenciados predicados, que tem levado
o estudante a tomar a decisão de escolha por uma instituição. De acordo com
Stallivieri, a internacionalização do ensino superior é questão de estratégia e
sobrevivência:
Esteja ela ocorrendo das mais diferentes formas, a internacionalização
chega como redefinição de posicionamento das instituições no cenário da
educação superior e quase como forma de sobrevivência para toda e
qualquer instituição que tenha clareza da relevância de seus objetivos
institucionais, que trate da educação e da formação de cidadãos, e que
queira competir em nível de igualdade com as melhores instituições do
mundo no novo cenário globalizado (STALLIVIERI, 2017, p.28).
Esse fenômeno impetra às instituições de ensino superior um dever
compulsório de compreensão dos movimentos da sociedade e da direção
estratégica e acadêmica que fundamente a sua prática, de modo a buscar a
internacionalização em seus diversos níveis, das políticas às práticas, com o objetivo
de contribuir de forma real para um projeto que constitua, em sua essência, justiça
social, equidade, qualidade e relevância das demandas prioritárias deste século. Ao
perceber que a busca por novas descobertas e o desejo de desbravar novos
conhecimentos é inerente ao estudante contemporâneo, fica evidente a
necessidade das instituições de ensino superior universalizarem o seu saber e
atuarem de forma mais intencional na formação acadêmica internacionalizada de
sua comunidade, para que esse movimento, até então autônomo por parte dos
estudantes, possa estar aliado de fato às suas práticas pedagógicas, dando sentido
à formação do estudante na essência.
2.1 A experiência europeia na internacionalização da educação superior e o
contexto brasileiro
A internacionalização do ensino tem seu percurso estabelecido desde o
princípio da história dos países Europeus. A educação tem acompanhado o
desenvolvimento e o crescimento das civilizações; alguns países notadamente têm
investido os seus esforços em ampliar as fronteiras do conhecimento e aberto os
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seus celeiros acadêmicos para a cooperação internacional e atração de estudantes
de diversas partes do mundo.
A troca de experiências promovida pela interculturalidade e
multidisciplinaridade, decorrida das experiências acadêmicas internacionais, tem
demonstrado a riqueza concebida pela cooperação entre países através da
educação e despertado a fundamental importância da educação internacional, não
para as instituições de ensino, mas para as organizações e os governos dos
países. Investir no capital humano, aproximar a academia das tendências do
mercado, propiciar a interlocução dos países em prol de interesses comuns,
favorecer o desenvolvimento das ciências e das tecnologias têm sido algumas das
premissas que tem movido o interesse desses atores rumo à formação multicultural
de seus cidadãos. Em um mundo em que as fronteiras se avizinham, que as
diversas línguas se comunicam, que as distâncias não prevalecem, que a educação
é livre, dinâmica, mobile, se faz necessário voltar os olhos para essa realidade e
compreender como as instituições vêm trabalhando para encarar essa diligência do
ensino no mundo globalizado.
Nas três últimas décadas na Europa, um movimento em prol da educação
internacional e da cooperação entre países, chamado Programa Erasmus (European
Region Action Scheme for the Mobility of University Students), vem aproximando
países da comunidade europeia com propostas de ensino universalizado, matrizes
curriculares comuns, desenvolvimento de políticas educacionais com foco no
fomento das relações entre os países envolvidos no programa e uma promoção
intensa da mobilidade docente e discente. O Erasmus ganhou projeções
intercontinentais e tem proporcionado oportunidades de experiência internacional a
milhares de estudantes e docentes não apenas da comunidade europeia, mas
também de diversas outras partes do mundo.
Estima-se que, também entre 2014-2020, dentro da área de estudo e
aprendizado no exterior, participem 2 milhões de estudantes do ensino superior;
500.000 jovens participarão de intercâmbios de voluntariado em outros países;
650.000 programas de treinamento vocacional serão desenvolvidos; serão
disponibilizados 200.000 programas de Mestrado com regime de financiamento e 25
mil bolsas para mestrados conjuntos; e 800.000 professores e jovens profissionais
conhecerão novas metodologias de ensino e aprendizado no exterior. O programa
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pretende ainda desenvolver 150 alianças estratégicas com 1.500 com instituições de
ensino e empresas para o fomento de alianças do conhecimento, 150 alianças no
setor de habilidades setoriais serão firmadas, 2.000 provedores de educação serão
constituídos. No campo das parcerias estratégias educacionais, é esperada a
construção de 25.000 ações com 125.000 instituições (ERASMUS, 2016).
Esse modelo de internacionalização do ensino superior na Europa transmite,
para países de outros continentes e regiões, que vem trabalhando a sua militância
no contexto do ensino superior, boas práticas sobre os sucessos e percalços dessa
experiência. O compromisso de internacionalizar o ensino está além das vontades
individuais de uma única instituição, mas é fruto de uma aliança entre instituições e
especialmente Estados, que compreendem a importância indissociável da
experiência internacional na formação de seu povo e estrategicamente vislumbram
utilizar esse capital humano para o crescimento de suas regiões, proporcionando às
pessoas desenvolvimento e melhor qualidade de vida. A experiência europeia
aponta para um caminho que indica que a internacionalização do ensino superior é
possível. E o percurso dessa caminhada se constrói e se consolida por meio da
cooperação e alianças rumo ao alcance de ideais comuns.
A globalização tem aproximado cada vez mais os países e os continentes, e
proporcionado pontos de convergência entre o norte e o sul. Já não é apenas a
tecnologia, a acessibilidade, o comportamento e o consumo que colocam indivíduos
de regiões tão distintas em condições equitativas, a despeito de toda a diferença em
inumeráveis níveis, que ainda separam os países. Contudo, até mesmo os
problemas, os conflitos, as dificuldades e os desafios cada vez mais são
globalizados, o que implica reconhecer que tem sido compulsório desenvolver nos
indivíduos uma cidadania global, que possa a abarcar o entendimento dos cenários
e dos desafios globais atuais e vindouros, preparando cidadãos Made in Worldland!
Do mundo e para o mundo, não afeitos apenas às questões do seu local de
origem, mas que pensam globalmente.
O ensino superior abre um leque de possibilidades para a formação
internacionalizada, mas o compromisso na formação de cidadãos abertos e prontos
para experimentar e vivenciar as multifaces da sociedade mundializada precisa ser
desenvolvido desde a formação básica dos estudantes, motivando-os a interpretar
como ações globais refletem em sua perspectiva local e como atuar de forma
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proativa frente a situações que não são emergentes do seu lugar, mas estão
constantemente presentes no seu dia-a-dia. Nos países em desenvolvimento, como
o Brasil, essa deve ser de fato uma obstinação. O tecido que forjou a construção
social do Brasil foi concebido em regime de exploração e os impactos desse
aspecto, que perdurou no país por mais de 300 anos em forma de escravidão, é
perceptível ainda hoje. A economia global tem ditado o ritmo do desenvolvimento
mundial e países em desenvolvimento necessitam dar passos ainda mais largos
para se posicionar destemidamente diante de seus problemas conjunturais, para
acompanhar e articular de forma estratégica o diálogo mundo afora.
A educação deve residir na centralidade de todo o desenvolvimento social de
uma região. O empoderamento dos indivíduos através da educação é o principal
legado que uma nação pode conferir aos seus cidadãos e a si mesma, pois converte
as gerações presentes em agentes de transformação de hoje e orientam os trilhos
do progresso das gerações que estão por vir. A internacionalização do ensino
superior é uma demanda mundial. Sendo assim, o Brasil, considerado um
importante país da América Latina, não pode ficar de fora dessa agenda.
A internacionalização do ensino superior, organizada estrategicamente, ainda
é um evento recente nas instituições de ensino brasileiras. Porém, a
internacionalização da educação está presente em solo brasileiro desde o período
colonial, em um momento que, em sua fase inicial, não havia instituição de ensino
superior no Brasil, porém, o País realizava a mobilidade emissiva dos filhos dos
colonos abastados para universidades em Portugal e em outros países para a
realização de estudos. Daquele período até os dias atuais, a educação brasileira tem
passado por diversas adaptações aos períodos históricos e de desenvolvimento do
país, o que tem levado o tema da internacionalização do ensino superior a fazer
parte indissociável da formação que compõe as competências necessárias aos
estudantes, que emergem das instituições de ensino no século XXI.
Tal compreensão é definida por Rudzki (2011, p.24):
A cultura motriz para a Internacionalização Abrangente é o produto de uma
visão institucional que define suas missões, valores e serviço não apenas
em termos locais ou nacionais, mas também em termos globais, e vê todos
os três níveis interligados. Encoraja o envolvimento de todos, não apenas
de alguns, e envolve todas as missões institucionais (ensino, pesquisa e
extensão). Uma cultura eficaz para Internacionalização Abrangente é
institucionalmente penetrante e resulta em um visão amplamente
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compartilhada, para cima e para baixo e por toda parte, sobre a
necessidade de internacionalização.
Iniciativas isoladas de cooperação internacional sempre estiveram presentes
na história das IES públicas e privadas, muitas destas colaborações até mesmo
provenientes do incentivo do próprio Estado; o programa mais arrojado do governo
para atender a essa temática foi o efêmero Programa Ciências sem Fronteiras - CsF,
que impulsionou a mobilidade estudantil e docente de 2012 a 2015 nos níveis de
graduação e pós-graduação. Anterior ao CsF, na Pós-Graduação, existia o
Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior - PDSE, instituído em 2011, em
substituição ao Doutorado Sanduíche Balcão e ao Programa de Doutorado no País
com Estágio no Exterior (PDEE). A alteração visou ampliar o número de cotas
concedidas às Instituições de Ensino Superior (IES) e dar maior agilidade no
processo de implementação das bolsas de estágio de doutorando no exterior
(CAPES/MEC). Porém, este programa era voltado apenas para pesquisadores.
O CsF remodelou a percepção do estudante brasileiro no exterior e apontou o
Brasil como um dos maiores polos emissores de estudantes internacionais do sul do
globo, o que proporcionou uma cruzada do ouro de muitas instituições estrangeiras
em busca de prospect students (i.e., estudantes potenciais) no país. O número
crescente da presença das instituições estrangeiras no país pode ser observado a
partir da participação dessas instituições nas Conferências Anuais da Associação
Brasileira de Educação Internacional FAUBAI (2019), que saltou de 400 na sua
edição na cidade de Joinville SC, em 2014, para mais de 500, representando 29
países, no evento realizado na cidade de Belém do Pará, em 2019.
Intencionalmente, o programa abriu um espaço em nível nacional para a
discussão da importância da mobilidade acadêmica para a formação do estudante e
colocou as IES brasileiras na vitrine das principais IES da América Latina, momento
oportuno para que as instituições de ensino superior brasileiras pudessem
evidenciar seu potencial e desenvolver suas estratégias de promoção, tendo como
objetivo não mais apenas o envio de estudantes ao exterior, mas também a atração
de estudantes internacionais em seus campi. Em abril de 2017, o Ministério da
Educação anunciou o fim do programa CsF e divulgou alguns dos seus números. De
2011 a 2016, quase 104 mil bolsas, sendo 78,9 mil delas destinadas a estudantes de
graduação para programa de mobilidade no exterior, foram concedidas aos seus
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beneficiários. Foram investidos mais R$ 13,2 bilhões entre os anos de 2011 e 2017
para subsidiar os custos das faturas pagas às universidades parceiras no exterior,
investimento em cursos de idiomas e custo de manutenção dos bolsistas.
Meses mais tarde, em novembro de 2017, a CAPES lançou o Programa
Institucional de Internacionalização Capes-PrInt. O Capes-PrInt sinalizou o
direcionamento das estratégias da CAPES para o fomento de ações inerentes às
políticas de internacionalização do ensino das IES brasileiras por meio do stricto
sensu, priorizando desta forma esse segmento do ensino e não mais diretamente os
programas de graduação, como o extinto Ciência sem Fronteiras. As instituições
públicas de prestígio internacional e que figuram nos rankings mais importantes do
mundo, como o QS Stars, Times Higher Education (THE), e outros do segmento,
como a USP, UNICAMP, UNESP (em um total de 31 universidades, sendo, inclusive,
seis da região nordeste e uma na cidade de Salvador), e as confessionais PUC-RJ e
PUC-RS (num total de quatro confessionais), além da privada FGV, obtiveram êxito
na aprovação de suas propostas, garantindo a continuidade da implementação de
suas ações e estratégias internacionais para a expansão de seus programas de
stricto sensu, face ao contexto global (CAPES, 2018).
O modelo de designação do investimento do governo federal em projetos de
internacionalização do ensino superior, proposto pelo Capes-PrInt, acentua as
desigualdades regionais, uma vez que privilegia instituições localizadas
essencialmente nos eixos sudeste e sul do país, com experiência no
desenvolvimento de ações voltadas para a internacionalização do ensino e
essencialmente públicas. É latente a necessidade de implementar a
internacionalização no cerne da formação do ensino superior, como parte inerente
da formação acadêmica e cidadã do povo brasileiro, para que seja possível alcançar
com eficiência o princípio indicado na Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988, em seu Artigo 1°, inciso IX: cooperação entre os povos para o progresso
da humanidade;”. Enquanto tal feito não é ainda consolidado por meio de uma
iniciativa nacional, esse deve ser o caminho a ser perseguido pelas instituições de
ensino superior, haja vista a comprovada contribuição da experiência internacional
para a formação pessoal, acadêmica e profissional dos indivíduos e as fortes
alianças que pode gerar entre as nações.
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3 OPÇÕES METODOLÓGICAS
A partir da década de 60, o ensino superior privado começa a viver seu
período de expansão e diversificação no Brasil, aumentando não só em número de
instituições, mas também na quantidade de alunos e diversificação do perfil do
estudante. Contudo, a ampliação da presença das instituições privadas de ensino
superior se dá um pouco mais tarde com a criação do Plano Nacional de Educação
em 1998 pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, onde foi estabelecido o
compromisso de atingir uma taxa de escolarização da população de 19 a 24 anos
superior a 30%, o que implicaria o incremento de matriculas em 172% em uma
década; além das iniciativas do governo Lula, propiciando o acesso por meio de
programas como o Programa Universidade para Todos (PROUNI) e o Fundo de
Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), anos mais tarde.
Instituições privadas, das mais jovens às mais conceituadas, começam a
receber em suas salas de aula uma maior diversidade de gênero, raça e classe
social, desta forma, proporcionando o ingresso no ensino superior àqueles que não
tinham acesso ao ensino público e muitas vezes sendo a primeira escolha entre o
público-privado. De acordo com dados do Censo da Educação Superior 2017 (INEP,
2018), o número de matrículas em Cursos de Graduação Presenciais, por
Organização Acadêmica e Localização (Capital e Interior), segundo a Unidade da
Federação e a Categoria Administrativa das IES 2017, no estado da Bahia, é
representado conforme segue:
Tabela 1 - Matrículas em Cursos de Graduação Presenciais na Bahia em 2017
Total
Capital
Interior
Federal
59.652
35.754
23.898
Estadual
44.897
5.309
39.588
Privada
226.680
115.081
111.599
Total
331.229
156.144
175.085
Fonte: INEP (2018).
É perceptível o protagonismo das instituições privadas de ensino superior no
estado da Bahia e, em Salvador, na formação dos profissionais que ingressam no
mercado de trabalho e contribuem com seus conhecimentos para o crescimento das
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organizações e o desenvolvimento regional. Contudo, o número de matrículas no
ensino superior ainda é bastante incipiente em todo o estado. A Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2017), no módulo Educação, com dados de 2016 e
2017, constatou que 14,5% da população de 25 anos ou mais de idade na Bahia
(1,358 milhão de pessoas, em números absolutos) não possuíam instrução, ou seja,
não haviam cursado sequer um ano do ensino formal; 33,8% possuíam o ensino
médio incompleto; 8,5%, o ensino médio incompleto; 26,8%, o ensino médio
completo; 3,6%, o ensino superior completo; e 15,7%, o ensino superior incompleto,
ou seja, um em cada dez baianos apenas tinha nível superior quarto menor
percentual do país.
Segundo dados do e-MEC (2019), existiam 46 instituições de ensino superior
privadas ativas somente na cidade de Salvador. A grande maioria (32) possui fins
lucrativos, de acordo com a sua natureza jurídica, estando organizadas em grupos
educacionais locais (Grupo Caélis Educacional, UNIDOM), nacionais (Estácio
Participações, Grupo Objetivo de Ensino, Rede FTC, Ser Educacional, Króton
Educacional) ou internacionais (Grupo Lusófona, Laureate International Universities,
Rede Ilumno, Wyden Internacional); outras 14 não possuem fins lucrativos. Os
dados do e-Mec (2019) revelam também a proeminência das Faculdades (35) como
forma de organização acadêmica das instituições de ensino superior da capital
soteropolitana, que concentram, por sua vez, boa parte do contingente de
estudantes matriculados no ensino superior; as outras naturezas são representadas
por 9 centros universitários e 2 universidades.
As instituições privadas de ensino superior têm tido um papel fundamental na
formação de estudantes no Brasil e, em Salvador, essa tendência também é
evidente. A efusão da discussão sobre o tema da internacionalização e a presença
marcante de instituições superior em Salvador comandadas por grupos
internacionais motivaram a realização desse estudo, com o objetivo de identificar em
que nível a internacionalização do ensino é uma realidade acessível aos
estudantes e egressos do ensino superior na capital baiana; como as instituições de
ensino tem atuado para atender essa demanda; e que considerações em relação a
melhorias podem ser sugeridas a partir da análise realizada. Diante, também, da
relevância da internacionalização do ensino superior e da necessidade de inserir o
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nordeste brasileiro nesse contexto, particularmente a cidade de Salvador Bahia, o
presente estudo se propôs, nestes termos, a responder à seguinte indagação: De
que maneira as instituições de ensino superior privadas soteropolitanas
implementam programas de mobilidade acadêmica estudantil, contribuindo para a
internacionalização da educação e para a formação de capital humano?
Quanto ao método de investigação, optou-se pelo estudo de ltiplos casos
(YIN, 2005), compreendendo na análise 46 IES de Salvador. No que tange à coleta
de dados, realizou-se uma consulta às páginas web de instituições de ensino
superior cadastradas como ativas no Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de
Educação Superior e-MEC: nas categorias administrativas Privadas com fins de
lucro e Privadas sem fins de lucro, com o objetivo de buscar evidências sobre o
posicionamento das IES frente à internacionalização do ensino.
Complementarmente, utilizou-se de pesquisa caracterizada pelo método Survey de
caráter descritivo, através da aplicação de um questionário eletrônico com os
estudantes e egressos que participaram ou desejavam participar de programas
internacionais, para compreensão de sua percepção em relação à
internacionalização do ensino, a partir da sua experiência em uma instituição
privada.
Para perceber como as IES abordavam a perspectiva da internacionalização
em seu canal de comunicação principal (página da internet), foi realizada uma
pesquisa nos sites das IES lócus do estudo. Sendo a página das instituições de
ensino um dos principais canais de comunicação e acesso à informação dos
estudantes locais e internacionais, a investigação possuía como finalidade apurar:
(a) apresentação e clareza em relação às informações sobre principais programas e
ações internacionais que a instituição possui; (b) língua de comunicação: português
e inglês e/ou outras; (c) rede de colaboração internacional; (d) fotos, vídeos e
depoimentos de estudantes locais e internacionais com relatos de suas
experiências.
Vale a pena destacar que o lócus de análise (o site) escolhido para a
investigação das evidências da internacionalização da educação, que as IES se
propõem realizar, é um dos recursos que as instituições possuem para divulgar suas
estratégias para atrair alunos internacionais e promover as oportunidades para a sua
comunidade acadêmica. É possível que nem tudo o que é ofertado pela IES esteja
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elucidado em seu site, o que não desconfigura os seus esforços na promoção da
internacionalização da educação. Porém, considerando a sua capacidade de
comunicação em massa e por servir como um portal para as informações essenciais
das instituições, além da capacidade de evidenciar as ações de internacionalização
para estudantes locais e internacionais, foi esse o instrumento para análise que foi
escolhido.
4 A INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SOB A ÓTICA DAS IES
PRIVADAS DE SALVADOR
À luz da pesquisa feita no site das instituições, apenas sete sinalizam ações
de internacionalização, com destaque para cinco, que apresentam inclusive
informações em inglês nos seus sites para buscar a atração de alunos
internacionais. Cinco instituições sinalizam a existência de cursos de idiomas ou
ainda parcerias com alguma instituição internacional, porém as informações não
estão atualizadas e não indicam uma organização estruturada da
internacionalização como pilar institucional. As demais não fazem qualquer menção
ou referência a programas e atividades internacionais.
Instituir a internacionalização de forma estruturada em uma instituição de
ensino demanda conhecimento, assertividade na busca de profissionais qualificados
para atuarem no setor, proficiência de idiomas e expertise em relações
internacionais e transculturais, além de uma aspiração institucional em prover as
estruturas e esforços necessários para legitimar a internacionalização como parte
inerente de seu projeto político pedagógico e institucional. A despeito de todo o
fenômeno da internacionalização do ensino superior em diversas partes do mundo e
em diversas instituições do Brasil, muitas IES soteropolitanas não conseguem
ainda considerar as experiências internacionais como parte integrante da
composição curricular da formação de seus estudantes.
Dentre as instituições investigadas, a pesquisa concluiu que apenas 28%
delas possuem atividades ou programas internacionais, percebidos a partir da
análise de aspectos como: infraestrutura, oferta de programas e atividades,
indicação dos países com os quais colabora, oferta de cursos de idiomas na
instituição, canais de comunicação com o aluno ou galeria de fotos e vídeos. Os
dados informam que apenas 13% das instituições possuem um escritório
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internacional ou setor que congrega as orientações sobre os programas
internacionais que a IES oferece; 15% possuem um link dedicado no site para
promover as ações de internacionalização. Quanto a programas oferecidos, apenas
15% das instituições expõem suas atividades. Dentre as mais comuns, estão
Semester Abroad, Cursos Especializados de Curta Duração e Idiomas no Exterior,
com destaque para a Universidade Salvador (UNIFACS), que apresenta a maior
quantidade de idiomas e atividades.
Há instituições que apresentam 01 (um) ou dois programas, porém alguns dos
links são estáticos, o que remete à percepção de que os programas não estão mais
ativos, como é o caso, por exemplo, da Faculdade Hélio Rocha, com o programa de
estágios no exterior; da UNIVERSO, com a parceria internacional com a AULP
Associação das Universidades de Língua Portuguesa, ou mesmo a UNIRB, com as
Visitas Culturais de Aprendizado com a Via University Dinamarca. Em relação a
parcerias internacionais, 19% mostram os países com os quais colaboram. Nesse
aspecto, destacam-se, pela quantidade de países com os quais possuem
cooperação, cinco instituições, tendo, como parceiros internacionais, os países da
América Latina, América do Norte e Europa. Em alguns desses países, inclusive, as
IES possuem outras unidades da mesma rede.
Em relação a programas de internacionalização em casa, destaca-se a oferta
de cursos de idiomas. Porém, apenas 6% das instituições possuem Centro de
Idiomas, com destaque para a UNIJORGE, que, além dos idiomas alemão, francês,
espanhol e inglês, oferta também árabe, italiano e mandarim. Duas instituições
ofertam cursos de idiomas apenas na modalidade online. Os canais de comunicação
comuns das instituições, que possuem mais detalhamentos das oportunidades
internacionais oferecidas, são: formulário de interesse e contato de telefone e e-mail
do Escritório Internacional. Apenas duas IES possuem áreas de feedback dos
intercambistas egressos, ilustrada por meio de depoimentos escritos, vídeos ou
fotos.
A comunicação com estudantes internacionais é vital para as IES que
desejam atrair estudantes de instituições parceiras para viverem uma experiência
acadêmica em seus campi. Apesar de elucidarem os seus atributos relacionados
aos aspectos de infraestrutura, qualidade acadêmica, posição geográfica etc., as
instituições, que não dispõem de informações claras para estudantes de outros
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países, possuem dificuldade de despertar a atenção de alunos internacionais para
si, especialmente se as informações, pelo menos da área internacional, não estão
dispostas em inglês.
É importante que as informações, relativas à forma de ingresso, acomodação
e processos operacionais para a acolhida sejam também especificadas para os
estudantes internacionais. A partir dessa premissa, apenas 9% das instituições
apresentaram informações em seus sites que servem de apoio e orientação a
estudantes internacionais, com destaque para a UNIJORGE, que indica um
arcabouço mais completo e detalhado para que o estudante estrangeiro passe pelas
etapas principais do processo de intercâmbio acadêmico: forma de ingresso, acordo
de estudos, acomodação e acolhida (programa Buddy quando o aluno egresso de
um programa internacional ou que tem interesse em atividades internacionais acolhe
o estudante estrangeiro). O Escritório Internacional tem um papel fundamental nesse
processo, pois serve como o elo entre a instituição estrangeira e o estudante, para
guiá-lo em todo o processo da experiência internacional, desde a nominação da
instituição de origem até a acolhida e conclusão do programa escolhido na
instituição de destino.
As informações concebidas a partir da análise dos sites das instituições de
ensino superior privadas de Salvador remetem às seguintes reflexões: (a) as
instituições focam a sua comunicação basicamente nos seus atributos de oferta, ou
seja, cursos e serviços que oferecem, sendo que poucas usam as experiências
internacionais como elemento diferenciado; (b) pertencer a uma rede de ensino
internacional para algumas das instituições é o traço que define a sua
internacionalização, não necessariamente ter programas e ações institucionalizadas
com enfoque nas experiências internacionais; (c) a internacionalização vista com um
caráter institucional, estruturada e com lideranças para dar conta das iniciativas
inerentes a um escritório internacional ou departamento semelhante é percebida na
minoria das instituições, o que revela o baixo interesse ou percepção das IES sobre
a importância dessa área como um pilar estratégico das instituições; (d) as
instituições não enfocam na sua relação com estudantes, docentes ou parceiros
internacionais. Os sites não estão preparados para comunicar em outra língua que
não seja o português. As poucas instituições, que apresentam algum conteúdo em
inglês, geralmente apresentam informações relativas à instituição, cursos e formas
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de ingresso. Porém, de forma pouco atrativa e completa; (e) entre as instituições que
oferecem alguma atividade ou programa internacional, percebe-se um grande
enfoque na emissão de estudantes para programas no exterior e poucas iniciativas
para atração de estudantes e professores internacionais; (f) dos programas
oferecidos, semester abroad e cursos de idiomas ou especializações no exterior são
os que mais se destacam. Porém, são incipientes as iniciativas relacionadas a
programas conjuntos ou de dupla titulação; (g) não foi possível perceber expressivas
iniciativas de internacionalização em casa, a não ser algumas ações como: oferta de
idiomas presencial e online, eventos e palestras internacionais, oferta de disciplinas
acadêmicas em inglês em algumas das instituições; e (h) a pesquisa também não
constata ações voltadas para estudantes de pós-graduação lato e stricto sensu.
uma ênfase em programas voltados para alunos de graduação.
A partir desse estudo, conclui-se que a maioria significativa das IES privadas
de Salvador não está trabalhando a internacionalização de ensino como parte
inerente à formação de seus estudantes e, se o fazem, não estão explorando a
ferramenta de apresentação de conteúdo que a internet propicia por meio dos seus
sites institucionais.
5 CONCLUSÃO
Nos achados apresentados no trabalho, foi possível perceber que, apesar de
alguns avanços, as IES brasileiras têm um longo caminho a percorrer para se
adequarem às demandas globais na seara da educação, com o objetivo de oferecer
uma educação internacionalizada em seus campi, a exemplo do que já acontece nos
países europeus e norte-americanos. E, nesse contexto, o desafio das instituições
de ensino superior privadas é ainda maior. Cerceadas de participar de muitas fontes
de recursos públicos, agregadoras das múltiplas diversidades de alunos, do ponto
de vista social e educacional, em meio às pressões da concorrência e do cenário
econômico das regiões onde estão inseridas, as IES privadas são demandadas por
esforços muitas vezes hercúleos, para perseguirem o propósito de internacionalizar
a sua práxis, oferecendo aos seus estudantes programas e oportunidades
internacionais ao longo de sua formação acadêmica
Foi possível analisar que, em geral, as ações realizadas pelas instituições
soteropolitanas são direcionadas para programas de mobilidade acadêmica
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internacional, ou seja, a emissão de estudantes das IES de origem para o exterior.
Poucas possuem programas para atração de estudantes internacionais. Ações de
internacionalização em casa foram pouco encontradas. À exceção de ações de
oferta de cursos de idiomas na instituição, palestras e eventos internacionais no
campus, por exemplo, foram identificadas em um número restrito de instituições. A
internacionalização do currículo, como a oferta de duplos diplomas, disciplinas
acadêmicas em inglês, Mirror Classes
8
e Colaborative Online International Learning
(COIL), também é incipiente e pouco estimulada. Poucas instituições possuem uma
organização estruturada para a internacionalização com a presença de escritórios
internacionais ou departamentos responsáveis pela internacionalização institucional.
Não fica claro como se dá o modelo de gestão da internacionalização e os canais de
comunicação com os responsáveis.
Um outro aspecto importante da análise é que não necessariamente, pelo fato
de pertencer a uma rede de ensino internacional, as instituições desse perfil
preconizam ações de internacionalização do ensino ou tem como premissa
processos de internacionalização estruturados. Percebe-se que a
internacionalização a que se propõem as instituições de rede estão muito mais
presentes na gestão administrativa e operacional das unidades, do que
objetivamente em ações concretas que remetam a programas e atividades
internacionais, quer sejam relacionadas à mobilidade ou de outras características.
As ações de internacionalização encontradas nessas instituições são pontuais,
porém, não foi possível percebê-las como parte de uma estratégia da rede a qual
pertencem por meio do canal consultado, o site.
Nota-se, a partir dessa análise, que os pilares da internacionalização do
ensino são minimamente trabalhados pelas IES soteropolitanas e que o
desenvolvimento integral da experiência internacional, proposto por Hudzik (2011),
carece de conhecimento aprofundado, por parte das IES, para uma melhor
implementação. Evidentemente, as ações voltadas para a mobilidade são as que
mais enfaticamente foram identificadas.
8
Atividade realizada por professores de instituições localizadas em países distintos, em conjunto,
durante o semestre letivo. Os professores planejam e executam a disciplina simultaneamente com
os alunos de suas instituições. Há encontros virtuais periódicos, interação entre os alunos de ambas
as instituições, avaliações conjuntas valendo nota no conjunto de verificações de aprendizagem do
semestre.
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O protagonismo das IES privadas de Salvador tem legado uma contribuição
inolvidável para o desenvolvimento regional e do país. O investimento na
internacionalização do ensino marcará de forma mais expressiva esse esforço,
possibilitando a formação de um profissional muito mais hábil e munido da bagagem
de conhecimento e competências necessárias para enfrentar os desafios atuais. As
políticas públicas, voltadas para a educação superior, precisam contemplar a
perspectiva da internacionalização e unir os recursos necessários para implementar
as ações a partir de parcerias e cooperação internacional, alianças entre governos,
acordos com a inciativa privada, desenvolvimento de estratégias e trabalhos
conjuntos com empresas e organizações da sociedade civil.
A cidade de Salvador é um terreno fértil para o nascedouro de iniciativas
voltadas para o desenvolvimento com vista ao bem estar social, à qualidade de vida
das pessoas, ao estímulo à pesquisa e fomento de novas tecnologias, que podem
ser profícuas para o crescimento não apenas de toda a cidade e estado, mas
também de todo o país e diversas partes do mundo. E, nesse ensejo, as instituições
de ensino superior privadas são fundamentais parceiras para o progresso de
iniciativas e projetos que visem, além de contribuir para a formação de profissionais
e cidadãos, causar impacto e transformar a vida das pessoas e das nações. A partir
das ponderações observadas ao longo dessa investigação, as IES privadas de
Salvador precisam notadamente adotar algumas mudanças acadêmicas e
estruturais para responder às demandas da sociedade atual e desenvolver de forma
mais axiomática as habilidades e competências dos seus educandos, para enfrentar
um mundo em constantes mudanças.
Como contribuição, recomenda-se que as instituições observem e pensem em
alternativas para fomentar a internacionalização, avançando da perspectiva da
mobilidade para ações ampliadas de internacionalização, que respondam aos seus
anseios e estratégias demandadas pela sociedade globalizada. Dentre as questões
a serem observadas, aponta-se a necessidade de construção de uma abordagem
global do conhecimento, respeitando as complexidades de sua aplicação, porém
cônscia de que o impacto da educação pode alcançar uma escalabilidade além das
fronteiras do aprendizado. Internacionalização passa a ser parte inerente da
formação acadêmica e diversos programas e ações de mobilidade e on campus (i.e.,
atividades e programas internacionais que ocorrem na própria instituição ou
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promovida por elas em outros locais, porém dentro do país) passam a ser ofertadas
para os estudantes.
Dinamizando o ensino, por meio da introdução de metodologias e recursos
digitais nas aulas com interação internacional, como oferta de compartilhamento de
conteúdo e conceitos na linguagem das novas gerações por meio do uso das
tecnologias de comunicação, a internacionalização e a colaboração virtual são um
forte propulsor da internacionalização em casa. É salutar também a promoção do
diálogo mais próximo com empresas e organizações para conhecer o perfil
profissional desejado por esses atores, bem como um olhar mais atento às
profissões emergentes para promover uma educação internacional diferenciada, em
articulação, inclusive, com instituições acadêmicas internacionais. A necessidade
eminente de mudança do discurso teórico para a prática é essencialmente
necessária. Mais contato hands on (i.e., treinamento em contexto real) com o
conhecimento, buscando aproximar a teoria da prática. A pesquisa em colaboração
internacional e a vivência em outros mercados de atuação podem incitar o
desenvolvimento destes aspectos.
A compreensão e disseminação da valorização da diversidade, como aspecto
importante para as relações sociais da vida acadêmica, refletindo as expectativas de
resposta a ela no contexto da sociedade são outros importantes aspectos. Além
disso, promover a abertura para a criação de um ambiente acadêmico mais inclusivo
e plural, consciente da necessidade de adaptação constante, para acolher os
sujeitos de diferentes realidades sociais e econômicas, com diversas aspirações,
respeitando as culturas diversas e as histórias de cada estudante, transforma
pessoas. O desenvolvimento de competência interculturais, como importante
instrumental para esse fim, pode guarnecer o sujeito para uma atuação mais
respeitosa e mais inclusiva na sociedade e em todos os aspectos da vida, abrindo
espaço para o diálogo e consequentemente para o crescimento mútuo.
Inquestionavelmente, a internacionalização do ensino superior, sob a ótica da
mobilidade acadêmica internacional, é um importante indicativo de que a formação
do capital humano, a partir da experiência internacional, amplia a perspectiva de
cidadania global dos estudantes e estes, mais capacitados e em conexão com sua
realidade, podem contribuir para o desenvolvimento das sociedades.
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Article
Full-text available
This paper draws on extensive research and documentary analysis of the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) [Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel] Boletins Informativos da Capes (InfoCAPES) [Informative Bulletins] from 1994 to 2002, and of the Planos Nacionais de Pós-Graduação (PNPG) [Brazilian National Graduate Plans] from 1975 to 2011, to discuss the internationalization process of the Brazilian Graduate Programs. The analysis showed that “internationalization” was a gradual process that appeared initially under the general topic of “international insertion”, one of the evaluation items of the higher-ranked programs (graded 6 and 7 in Capes hierarchy). Over the years it started to change into more assertive and well-defined procedures and developed into public policy in the PNPG 2011-2020. The research also demonstrates that some of the issues that have been discussed since the 1990’s remain in the Capes agenda regarding the system of evaluation and internationalization. Keywords: Internationalization; Higher Education; Graduate Programs; Capes; Public Policy
Article
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Purpose This paper aims to stress the importance of international and intercultural opportunities in serving as essential components in educating and training library and information professionals. More specifically, it provides an overview of issues and trends in internationalization of higher education (HE) in general and illustrates how the concept of and approaches to internationalization have affected library and information science (LIS) educational settings and programs primarily in Europe and the USA. Design/methodology/approach Based on a literature review, the paper discusses the meaning and definition of the concept of internationalization. Using a framework that draws on theoretical work on internationalisation of HE programs/contexts an analysis is then presented of the changing nature of internationalization in HE environments. The theoretical analysis is coupled with illustrations of current internationalisation practices, projects, strategies and players within LIS education communities in Europe and the USA. Finally, a discussion of the principal issues of internationalization of the LIS curriculum is presented Findings A synthesis is provided of the body of knowledge on the topics of internationalisation in general and within the HE sector in particular. Also presented is an overview of the multifaceted internationalisation activities taking place within LIS education. A range of thoughts and suggestions are given on how LIS schools can respond to the challenges of an increasing global world and, more specifically, how they can develop LIS programs and create classroom settings that are truly international in orientation and scope. Research limitations/implications The geographical scope is limited to Europe and North America and the focus of the study is particularly on issues and challenges within the LIS education community. Practical implications Exposure to international educational environments and acquisition and absorption of intercultural values and skills serves to enhance and enrich the academic background of LIS students/graduates and add to the employability and career development of the coming LIS professionals. International outlook, networking and intercultural communication skills are essential for practitioners, policy makers, leaders, decision makers, researchers and educators in the LIS field. Originality/value No comprehensive study of the internationalization of LIS programs in the context of HE sector‐specific internationalization theory has previously been published. The paper makes a difference in the way it reflects on LIS internationalization issues and tasks from the perspective of the published literature on internationalization of HE.
Chapter
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Internacionalização do currículo: contextualização Apesar de já estar sendo estudado em vários países do Hemisfério Norte (Inglaterra, Estados Unidos e Canadá) e também no Hemisfério Sul (especialmente na Austrália) o estudo sobre o tema da Internacionalização do Currículo-IoC-ainda é muito recente no Brasil. Ao mesmo tempo, sabe-se que a Internacionalização da educação superior não é um conceito novo e tem sido muito debatido, especialmente por ser diferentemente compreendido e interpretado em função da sua multiplicidade de abordagens. No entanto. de acordo com Leask & Bridge, "os estudos do currículo do ensino superior ainda são escassos, e os estudos de internacionalização do currículo em educação superior são ainda mais raros e, com poucas exceções, estão focados em um única instituição ou em uma única disciplina". O capítulo discutirá a Internacionalização do currículo, baseado em práticas pedagógicas atuais.
Article
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The world of higher education is changing and the world in which higher education plays a significant role is changing. The international dimension of higher education is becoming increasingly important, complex, and confusing. It is therefore timely to reexamine and update the conceptual frameworks underpinning the notion of inter-nationalization in light of today’s changes and challenges. The purpose of this article is to study internationalization at both the institutional and national/sector level. Both levels are important. The national/sector level has an important influence on the international dimension through policy, funding, programs, and regulatory frameworks. Yet it is usually at the institutional level that the real process of internationalization is taking place. This article analyses the meaning, definition, rationales, and approaches of internationalization using a bottom-up (institutional) approach and a top-down (national/sector) approach and examines the dynamic relationship between these two levels. Key policy issues and questions for the future direction of internationalization are identified.
Article
This study seeks to determine a definition and appropriate assessment methods of inter-cultural competence as agreed on by a panel of internationally known intercultural scholars. This information is validated by a sample of higher education administrators and can be used by administrators in identifying and assessing intercultural competence as a student outcome of internationalization efforts. Conclusions made from this study include identified elements of intercultural competence and assessment methods on which both the intercultural scholars and administrators agreed, resulting in the first study to document consensus on intercultural competence. Both groups agree that it is possible to assess degrees of intercultural competence and in so doing, that it is best to use a mix of quantitative and qualitative methods to assess intercultural competence, including interviews, observation, and judgment by self and others. Two models of inter-cultural competence are presented based on the findings of the study.
Confiança e medo na cidade
  • Zygmunt Bauman
BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
Brasil ultrapassa 302 mil estudantes no exterior, revela pesquisa da Belta
  • Belta
  • Pela
  • Vez
BELTA. Pela primeira vez, Brasil ultrapassa 302 mil estudantes no exterior, revela pesquisa da Belta, 2018. Disponível em: http://www.belta.org.br/destinospreferidos-pelos-brasileiros/. Acesso em: 25 jan.2019.
An introduction to higher education internationalization. Milan: Vita e Pensiero
  • H De Wit
DE WIT, H. An introduction to higher education internationalization. Milan: Vita e Pensiero, 2013.
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
  • Ibge -Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística
IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2017. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9127-pesquisa-nacional-poramostra-de-domicilios.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 04 abr. 2020.
Informação e globalização na era do conhecimento
  • Sarita Albagli
ALBAGLI, Sarita (Organizadoras). Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 27-57.
The strategic management of internationalization: towards a model of theory and practice
  • Romuald E J Rudzki
RUDZKI, Romuald E. J. The strategic management of internationalization: towards a model of theory and practice. 33 f.. 1998. Tese (Doutorado) -School of Education, University of Newcastle upon Tyne, United Kingdom, 1998.