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EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS GLOBAIS DO CAMPO DE ESTUDOS EM GESTÃO DA INOVAÇÃO

Authors:
  • FDC Busines School
  • Universidade Federal Fluminense, Brazil, Volta Redonda
RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV EAESP
293 © RAE | São Paulo | V. 5 9 | n. 4 | jul-ago 2019 | 293-307 ISSN 0034-7590; eISSN 2178-938X
BIBIANA VOLKMER MARTINS
bibivolkmer@hotmail.com
ORCID: 0000-0003-4259-1366
KADÍGIA FACCIN
kadigiaf@unisinos.br
ORCID: 0000-0003-2804-2328
GUSTAVO DA SILVA MOTTA
gustavosmotta@gmail.com
ORCID: 0000-0003-1393-143X
ROBERTO BERNARDES
bernardes@fei.edu.br
ORCID: 0000-0002-2065-3223
ALSONES BALESTRIN
abalestrin@unisinos.br
ORCID: 0000-0001-6397-1582
¹Universidade do Vale do Rio
dos Sinos, Escola de Gestão
e Negócios, Porto Alegre, RS,
Brasil
²Universidade Federal
Fluminense, Volta Redonda, RJ,
Brasil
³Centro Universitário da
Fundação Educacional Inaciana
Padre Sabóia de Medeiros, São
Paulo, SP, Brasil
PERSPECTIVAS
Artigo convidado
Versão original
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020190407
EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DA AGENDA DE
PESQUISA INTERNACIONAL EM INOVAÇÃO
INTRODUÇÃO
A área de estudos em Gestão Estratégica Organizacional foi marcada, especialmente nos últimos
10 anos, por um aumento substancial da produção científica e tecnológica no campo de pesquisa
em inovação. Tal crescimento pode ser agrupado, ao menos, em cinco eixos temáticos, quais
sejam: a) a inovação como elemento de tração da competitividade de organizações, de redes,
das atividades setoriais e cadeias de valor globais (Crossan & Apaydin, 2010; Marchi, Giuliani, &
Rabellotti, 2018); b) a inovação como força motriz do desenvolvimento econômico, tecnológico, social
e sustentável das regiões e nações (Cirera & Maloney, 2017); c) a inovação como processo de gestão
estratégica para a transformação de recursos e capacidades em novos produtos, serviços e modelos
de negócios (Adams, Bessant, & Phelps, 2006); d) a arquitetura de ecossistemas institucionais
e atores (universidade/empresa/governo/sociedade) orientados para capturar valor e acelerar
a inovação (Carayannis, Grigoroudis, Campbell, Meissner, & Stamati, 2018; Etzkowitze & Zhou,
2017); e) as novas metodologias, métricas e ferramentas tecnológicas avançadas para a pesquisa
em inovação (Keupp, Palmié, & Gassmann, 2012).
Desde a origem, nos trabalhos seminais de Schumpeter (1931 – teoria do desenvolvimento
econômico), passando pela formação de uma base clássica científica e pelas contribuições mais
contemporâneas, o universo de interesses de estudos em inovação tem se revelado em constante
expansão, se internacionalizando e incorporando novas temáticas e fronteiras científicas – nem
sempre bem demarcadas (Rosseto, Bernardes, Borini, & Gattaz, 2018). Especialmente para os
pesquisadores menos experimentados na área, e mesmo para aqueles mais experientes e que
buscam uma visão ampla do campo de estudos, muitas questões surgem, como: Quais os principais
journals da área de gestão da inovação, qual o seu foco de interesse e o que têm publicado? Quais
as metodologias e técnicas mais utilizadas? Quais os autores mais recorrentes? Quais os locais
mais pesquisados e quem são os órgãos financiadores das pesquisas? Quais os temas de maior
interesse atualmente? Quais são temas emergentes e que sinalizam a agenda futura de pesquisa
para a produção científica?
Para responder a essas indagações, nos propusemos a realizar a análise de artigos publicados
na base Web of Science (WoS) no período de 2000 a 2017, bem como dados de estudos bibliométricos
anteriores para aprofundar alguns achados, com o intuito de entender a trajetória evolutiva de temas
de interesse. Ademais, realizamos uma investigação nos sites dos que foram identificados como
principais journals da área, analisando o escopo de cada um e as principais chamadas de edições
especiais de revistas (de 2016 a 2019) para entender a situação atual do tema e o que tem emergido,
indicando caminhos futuros. Por fim, buscamos analisar as chamadas para os principais eventos
acadêmicos que tratam do tema para entender as perspectivas futuras de interesse no campo de
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estudos, oferecendo, assim, um panorama aos acadêmicos que
se dedicam ao estudo de gestão da inovação.
De modo geral, o artigo almeja contribuir com um
mapeamento do campo para pesquisadores que desejam iniciar
ou conduzir pesquisas nessa área, bem como pode oferecer
insights para políticas públicas e instituições financiadoras de
projetos de pesquisa. Ainda, oferece um guia de oportunidades
de publicações para o público com interesse geral nos estudos
em inovação.
QUAIS OS PRINCIPAIS JOURNALS DA
ÁREA DE GESTÃO DA INOVAÇÃO?
Em um primeiro momento, nos pareceu primordial identificar os
principais journals em âmbito mundial que tratam de inovação nas
áreas ligadas à gestão. Apesar de alguns nomes como Research
Policy, Technovation, R&D Management virem à mente quando
pensamos em periódicos relevantes para o campo de pesquisa,
precisávamos de uma lista mais robusta de opções de journals
para nossas publicações, e, por que não?, uma lista dos “top 10”,
por exemplo. Partimos, então, para uma busca na WoS com o
objetivo de encontrar os periódicos que representam o estado da
arte na área de inovação. A escolha da WoS deu-se por ser esta a
principal base científica global (Motta, Garcia, & Quintella, 2015).
Assim, identificamos os 25 journals que publicaram a maior
quantidade de artigos com o termo “innovation” (no título ou
resumo ou palavras-chave) e que continham pelo menos um terço
de suas publicações com a palavra, já que estávamos buscando
periódicos especializados na área de Inovação. Contudo, além de
ser considerado um periódico especializado em inovação, com
vistas a primar pela qualidade das publicações, este deveria
apresentar um elevado impacto, considerado pelo fator de
impacto, conhecido pela sigla JCR (Journal Citation Reports).
A Tabela 1 apresenta tais dados. Os 11 primeiros journals são
aqueles que atendem aos critérios para serem classificados como
especializados em inovação (>33% de innovation) e que têm alto
impacto (JCR>1).
Tabela 1. Journals especializados em inovação
Fonte Registros com o
termo innovation JCR Total de registros
(somente artigo)
% de innovation
do journal
Research Policy
1741
4,495
2697
65%
Journal of Product Innovation Management
772
3,759
1197
64%
Technovation 953 3,265 1781 54%
Journal of Technology Transfer
314
2,631
480
65%
Technological Forecasting and Social Change
1177
2,625
3550
33%
R & D Management 572 2,444 1258 45%
Research-Technology Management 354 2,429 1046 34%
Journal of Engineering And Technology Management
260
2,419
402
65%
Industrial And Corporate Change
345
1,777
696
50%
Technology Analysis & Strategic Management 682 1,273 1027 66%
International Journal of Technology Management 902 1,036 1883 48%
Strategic Management Journal
441
4,461
2174
20%
Journal of Business Research
629
3,354
5046
12%
Harvard Business Review 250 3,227 5218 5%
Industrial Marketing Management 444 3,166 2685 17%
Management Science
367
2,822
5726
6%
Regional Studies
422
2,78
2739
15%
Organization Science 352 2,691 1403 25%
Small Business Economics
378
2,421
1488
25%
Management Decision
266
1,396
1223
22%
Transactions on Engineering Management
332
1,188
1609
21%
Service Industries Journal 258 1,172 1529 17%
Innovation-Management Policy & Practice
261
0,95
295
88%
Journal of Evolutionary Economics
272
0,862
644
42%
Industry and Innovation 269 0,791 309 87%
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Após chegarmos à lista com os Top 11, partimos para a busca de dados que nos auxiliassem a responder às indagações
postas na introdução. Para tanto, percorremos os sites dos 11 periódicos e também extraímos os artigos correspondentes a eles
da base da WoS (de 2000 a 2017). De maneira bruta, foram extraídos 10.990 registros, em formato de arquivo texto (.txt), com
o conteúdo do registro completo e referências citadas. Esses dados passaram por um processo de limpeza e padronização, no
software VantagePoint, versão 9.0.
Qual o foco de interesse dos top journals?
Verificamos o escopo da linha editorial de cada uma das
revistas, para identificar em quais tópicos elas declaram
possuir interesse. Percebemos a existência desde journals
que abrangem uma variedade de áreas e tópicos, aqueles
ditos mais generalistas, até aqueles mais específicos, que
restringem seu interesse à área da Gestão e a três ou quatro
tópicos ou mesmo interessados em setores específicos. Os
journals identificados no Quadro 1 como 1, 3 e 9 declaram-se
interdisciplinares e trazem tópicos bem amplos para trabalhar
a inovação, não somente no âmbito organizacional, mas
também social, de políticas nacionais ou de transferência de
conhecimento entre países, como é o caso do Technovation.
Desses três, o Industrial and Corporate Change é o único
que menciona, especificamente, de quais outras áreas, além
da Gestão, gostaria de receber artigos: Economia, História,
Ciência Política e Sociologia.
Quadro 1. Principais áreas de interesse de cada journal, conforme escopo
Journal Principais interesses
1Research Policy Inovação, mudança tecnológica, P&D, ciência e gerenciamento de pesquisa e conhecimento.
2Journal of Product Innovation
Management
Gestão da inovação e desenvolvimento de produtos, foco em organizações de todos os portes,
consumidor, business-to-business e policy.
3Technovation
Inovação considerada a partir de perspectivas de processo e produto. Trata de inovação tecnológica
em sistemas empresariais, políticos e econômicos; inovações sociais (regulação e política, bem
como criação de benefício não econômico); transferência de tecnologia de e entre os países em
desenvolvimento.
4Journal of Technology Transfer Enfatiza a pesquisa sobre práticas de gestão e estratégias para transferência de tecnologia, além de
explorar o ambiente externo que afeta tais práticas.
5Technological Forecasting and
Social Change
Busca lidar diretamente com metodologia e prática de previsão tecnológica e estudos futuros
como ferramentas de planejamento, uma vez que inter-relacionam fatores sociais, ambientais e
tecnológicos.
6R & D Management
Abrange toda a gama de tópicos em pesquisa, desenvolvimento, design e inovação, e questões
estratégicas relacionadas a recursos humanos (da ciência exploratória à exploração comercial).
Aceita artigos que também examinam as implicações sociais, econômicas e ambientais. Além disso,
a revista publica notas e comentários e revisões de novas publicações no campo.
7Research-Technology
Management
Possui foco na prática da inovação. Ampla gama de tópicos em inovação e gerenciamento de
tecnologia.
8Journal of Engineering and
Technology Management
Vincula disciplinas de Engenharia, Ciência e Administração. Questões envolvidas no planejamento,
desenvolvimento e implementação de recursos tecnológicos para moldar e realizar os objetivos
estratégicos e operacionais de uma organização; os mais diversos aspectos da tecnologia, inovação
e gerenciamento de engenharia.
9Industrial and Corporate
Change
Foco em apresentar e interpretar organizações e mudanças corporativas, inovação, estruturas
industriais e dinâmicas, a partir de uma variedade de disciplinas, incluindo Economia, Gestão,
História, Ciência Política e Sociologia.
10 Technology Analysis &
Strategic Management
O foco é ligar a análise da ciência, tecnologia e inovação com as necessidades estratégicas dos
formuladores de políticas e gestão. Se estende desde a inovação e as questões tecnológicas no
nível corporativo e organizacional, até as capacidades estaduais, nacionais e internacionais, no que
diz respeito às questões da política global relacionada à tecnologia.
11 International Journal of
Technology Management
Vincula o campo de Gestão de Tecnologia com gerenciamento de engenharia, ciência e tecnologia.
Procura estabelecer canais de comunicação entre departamentos governamentais, executivos de
tecnologia na indústria, comércio e negócios relacionados e especialistas acadêmicos na área.
Possui uma grande variedade de tópicos na área de Inovação.
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Os journals 6 e 10 são bastante amplos nos seus tópicos
de interesse, abrangendo questões ligadas à inovação nas
organizações, mas também às implicações sociais, econômicas e
ambientais da inovação, a exemplo do R&D. O Technology Analysis
& Strategic, além da abrangência, ainda possui a peculiaridade de
se interessar por artigos que vinculam as teorias com as práticas
dos formuladores de políticas e gestão, os artigos classificados
como de contribuição aplicada (applied research) direcionados
à prática ou à produção tecnológica.
Já os journals 4, 5 e 7 são bem específicos no seu interesse
por artigos que enfatizam práticas de gestão no âmbito da
inovação. A revista Technological Forecasting and Social
Change se interessa, além das práticas, especificamente, por
metodologias preditivas no âmbito da inovação. Por fim, um
último grupo, formado pelos journals 8 e 11, está mais atrelado
à área da Engenharia e busca vincular questões de gestão da
inovação com o gerenciamento na engenharia, se preocupando
tanto com aspectos operacionais quanto com os mais estratégicos.
Apesar de declararem um escopo geral, existem temáticas
que se destacam no escopo desses journals, que apresentaremos
na próxima seção.
Quais os temas de pesquisa mais publicados
nos journals?
Encerrada a etapa de análise dos interesses desse universo de
periódicos, fomos verificar se, de fato, eles publicam artigos que
tratam do que definem em seu escopo. A Tabela 2 apresenta
a quantidade de artigos analisada em cada revista, as cinco
palavras-chave mais recorrentes e em quantos artigos elas
aparecem.
Tabela 2. Palavras-chave mais recorrentes por journal
Journal N° de artigos
analisados Palavras-chave N° de artigos em
que aparece
Research Policy 1.938
R&D 336
Innovation 320
Patent 268
Technology 255
Entrepreneurship 123
Journal of Product Innovation Management 821 Não usa palavras-chave
Technovation 1.158
Technology 180
Innovation 177
R&D 115
Entrepreneurship 77
Patent 62
Journal of Technology Transfer 475
Technology transfer 130
Entrepreneurship 106
Innovation 68
Patent 67
R&D 64
(continua)
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Journal N° de artigos
analisados Palavras-chave N° de artigos em
que aparece
Technological Forecasting And Social Change 2.196
Technology 307
Innovation 146
Patent 142
R&D 102
Foresight 79
R & D Management 647 Não usa palavras-chave
Research-Technology Management 547
R&D 51
Open innovation 33
Technology 28
Innovation 21
New product development 20
Journal of Engineering and Technology
Management 325
Technology 52
Innovation 39
R&D 28
New product development 20
Patent 14
Industrial and Corporate Change 705
Innovation process 21
Technological change 21
Technological innovation management 21
Performance 20
Innovation 14
Technology Analysis & Strategic Management 863
Technology 115
Innovation 72
R&D 47
Patent 47
Biotechnology 27
International Journal of Technology
Management 1.305
Technology 226
Innovation 187
R&D 136
Knowledge management 83
China 57
Tabela 2. Palavras-chave mais recorrentes por journal (continuação)
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Além disso, realizamos uma busca em todos os artigos extraídos, para verificar, de modo geral, quais as palavras-chave mais
recorrentes. As palavras-chave apresentadas na Figura 1 foram as que apareceram em pelo menos 10 artigos, de modo que as 10
mais recorrentes foram Technology (1714), Innovation (1050), R&D (887), Knowledge management (850), Patent (663), Policy (435),
Technology transfer (431), Entrepreneurship (429), Strategy (345) e Innovation system (298).
Figura 1. Palavras-chave com maior ocorrência em todos os journals
Essas palavras apontam alguns tópicos que mais têm
sido publicados no âmbito dos journals. Algumas delas, tais
como transferência de tecnologia, estratégia, política, gestão
do conhecimento e sistemas de inovação, reforçam o que
encontramos no escopo das revistas, demonstrando que são
tópicos importantes para os estudos de Gestão da Inovação.
Após, contamos com apoio do software VosViewer para
gerar a rede de coocorrência das palavras-chave. Assim, a Figura
1 apresenta também a rede das palavras emergentes no período
pesquisado e suas inter-relações. E, para facilitar a visualização
das principais temáticas de interesse dos top journals, separamos
os sete clusters emergentes (representados pelas cores) em
três grupos de acordo com os links encontrados nas redes de
palavras emergentes. Os três grandes tópicos de interesse dessas
revistas estão assentados nos estudos de Tecnologia & Foresight,
Empreendedorismo, Colaboração & Território e Estratégia &
Desenvolvimento de Novos Produtos, conforme destacado no
Quadro 2.
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Quadro 2. Grandes áreas de interesse relacionadas aos top journals
Tema Foco Exemplos de palavras-chave associadas
1 Tecnologia
& Foresight
Concentra-se no cluster vermelho e verde-militar.
Está associado com a visão de futuro – prospectiva estratégica,
desenvolvimento de novas tecnologias e ao gerenciamento de riscos
e incertezas associados a esse processo.
Tecnologia; Foresight; Incerteza; Futuro;
Tomada de decisão; Gestão de risco;
Mudança institucional; Data mining;
Text mining; Modularidade; Agricultura;
Biocombustíveis; Energia eólica
2 Empreendedorismo,
Colaboração & Território
Concentra-se no cluster azul-marinho e azul-claro.
Está associado às ações empreendedoras desenvolvidas pelos
diferentes atores do sistema de inovação e sua interdependência
para a promoção de inovação.
Tríplice hélice; Patentes;
Empreendedorismo; Pesquisa
colaborativa; Ciclo de vida do produto;
Regiões inovadoras; Transferência de
tecnologia; Política pública
3 Estratégia & NDP
Concentra-se no cluster verde-claro, rosa e amarelo.
Está associado à estratégia para o desenvolvimento de novos
produtos e à mobilização de recursos e ferramentas necessárias
para esse processo.
Estratégia, desenvolvimento de novos
produtos; Ambidestria; Exploration;
Criação de valor, aprendizagem
organizacional; Inovação incremental e
descontínua; Capacidades dinâmicas;
Open innovation; R&D; Knowledge
management; Forecast; Difusão; Venture
capital, análise de cenários, business
cycle, start-up, capital humano.
Desvendados os principais journals e temas, ficamos nos questionando quais seriam os autores mais recorrentes. O tópico
seguinte traz a resposta a essa questão.
Quais os autores mais recorrentes?
A análise feita por periódico relevou que os autores mais citados são, de modo geral, os também mais citados quando se analisa o
conjunto de artigos. A Tabela 3 traz a análise de autores por journal, apontando o número de artigos analisados em cada um, bem
como o número de artigos em que cada autor aparece, e a Tabela 4 apresenta os 10 autores mais citados em todos os artigos e os
conceitos e teorias que costumam trabalhar.
Tabela 3. Autores mais recorrentes por journal
Journal N° de artigos analisados Autores N° de artigos em que aparece
Research Policy 1.938
Nelson Richard 655
Cohen Wesley M. 650
Oecd 428
Teece David J. 377
Hall Bronwyn H. 363
Journal of Product Innovation Management 821
Cooper Robert G. 318
Grin A. 279
Eisenhardt K. M. 178
Fornell C. 157
Podsako P. M. 154
(continua)
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Journal N° de artigos analisados Autores N° de artigos em que aparece
Technovation 1.158
Cohen Wesley M.
233
Teece David J.
193
Nelson Richard
187
Porter Michael E.
178
Eisenhardt K. M.
163
Journal of Technology Transfer 475
Cohen Wesley M.
144
Audretsch David B.
120
Link Albert N.
114
Shane S.
105
Siegel D. S.
104
Technological Forecasting and Social Change 2.196
Oecd
247
Nelson Richard
242
Porter Michael E.
201
Linstone H. A.
168
R & D Management 647
Cohen Wesley M.
147
Teece David J.
142
Eisenhardt K. M.
135
Cooper Robert G.
111
Yin Robert K.
111
Research-Technology Management 547
Cooper Robert G.
81
Christensen Clayton
42
Chesbrough H. W.
36
Chesbrough Henry
35
Hippel Eric Von
25
Journal of Engineering and Technology Management 325
Eisenhardt K. M.
81
Teece David J.
80
Cohen Wesley M.
74
Tushman Michael L.
57
Yin Robert K.
50
Industrial and Corporate Change 705
Nelson Richard
266
Dosi Giovanni
188
Teece David J.
187
Cohen Wesley M.
162
Hall Bronwyn H.
110
Technology Analysis & Strategic Management 863
Nelson Richard
151
Cohen Wesley M.
142
Teece David J.
133
Porter Michael E.
109
Oecd
96
International Journal of Technology Management 1.305
Teece David J.
214
Porter Michael E.
210
Nonaka Ikujiro
191
Cohen Wesley M.
189
Eisenhardt K. M.
161
Podemos notar, pelos autores mais citados, que teorias como a de capacidades dinâmicas, capacidade absortiva, gestão do
conhecimento e aprendizagem tendem a ser as mais citadas nos artigos. Entendemos que isso se deve à importância da compreensão
sobre as fontes de conhecimento para a criação de capacidades e recursos para a inovação e captura de valor. Além disso, as
abordagens sobre diferenciação e a competição, temas clássicos ao campo de Gestão Estratégica da Inovação, se mostraram como
conceitos de relevância para o campo.
Tabela 3. Autores mais recorrentes por journal (continuação)
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Tabela 4. Temas de interesse dos autores mais recorrentes
Autores mais citados Quantidade de artigos
nos quais é citado Conceitos/Teorias com as quais trabalha
Cohen, Wesley M. 1.741 Capacidade absortiva, Aprendizagem
Nelson, Richard 1.501 Sistemas de inovação
Teece, David J. 1.326 Capacidades dinâmicas, captura de valor da inovação, teoria da firma multiproduto
Eisenhardt, Kathlemm M. 718 Inovação em mercados hipercompetitivos, capacidades dinâmicas
Porter, Michael E. 698
Análise de indústrias em torno de cinco forças competitivas, e das três fontes
genéricas de vantagem competitiva: diferenciação, baixo custo e focalização em
mercados específicos
Cooper, Robert G. 510 Desenvolvimento de novos produtos
Hall, Bronwyn H. 473 Conhecimento, tecnologia verde
Grin, Abbie 279 Capacidade inovativa, B2B
Nonaka, Ikujiro 191 Gestão do conhecimento, criação de conhecimento
Dosi, Giovanni 188 Teoria da firma, economia da inovação
Somado a isso, podemos referir o artigo de Rossetto et al.
(2018), que apresentaram a estrutura e evolução da pesquisa
em inovação no período de 1956 a 2016, por meio da análise
de citações e cocitações em artigos. Segundo os autores, entre
os anos de 2000 e 2016, as teorias mais recorrentes foram:
aprendizagem organizacional, capacidade absortiva, criação e
transferência de conhecimento, capacidades dinâmicas, triple
helix, ambidextria e visão baseada em recursos.
Agora que as respostas às nossas inquietações começam
a se delinear, ficamos curiosos para entender quais são as
metodologias e técnicas mais recorrentes em estudos de inovação.
Quais as metodologias/técnicas mais utilizadas?
No que se refere às metodologias/técnicas mais utilizadas, foi
possível perceber que, apesar de estudos de caso terem ganhado
espaço no campo da Gestão da Inovação e representarem
o terceiro grupo de metodologias mais utilizadas, segundo
apontam Faccin, Silva, Volkmer Martins e Deus (2019), o campo
ainda é dominado por estudos quantitativos. Conforme se nota
na Tabela 5, das 10 metodologias/técnicas mais utilizadas,
somente duas estão vinculadas a abordagens qualitativas
(marcadas em cinza).
Tabela 5. Metodologias/técnicas mais recorrentes nos
artigos analisados
Metodologias mais citadas N° de artigos nos quais aparece
1. Social Network Analysis 158
2. Technology Roadmap 143
3. Case Study 126
4. Bibliometric 107
5. Delphi 82
6. Text Mining 58
7. Data Mining 33
8. Survey 27
9. Data Envelope Analysis 25
10. Cluster Analysis 23
A análise da Tabela 5 é reforçada por estudo feito por Faccin
et al. (2019) na base de dado Scopus. As autoras avaliaram cerca
de 18 mil artigos, de 51 periódicos, publicados entre 2006 e 2015.
Com auxílio do software VOSViewer, geraram quatro “clusters
metodológicos”, com 79 palavras-chave, que revelaram que o
campo é dominado por estudos que usam predominantemente
teorias de variância. Ademais, a análise de clusters, realizada
nesse paper, mostrou que nós, pesquisadores da área, estamos
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potencialmente avançando no uso de diferentes métodos, bem
como de unidades de análise, mas ainda temos uma lacuna em
termos de explicações da sequência de eventos que fornecem
os resultados. Por fim, as autoras concluem que há um espaço
importante para o uso de abordagens processuais em estudos
da área e, portanto, para a construção de teorias de dados de
processos.
A predominância de pesquisas quantitativas foi
identificada também por Keupp et al. (2012), que aprofundaram
a análise, listando os métodos analíticos mais adotados por
estudos quantitativos. Segundo os autores, os métodos que
se destacaram foram modelagem matemática (incluindo jogos
de modelagem teórica), regressão OLS simples, regressão de
painel (poisson, logit, probit etc.), análise fatorial confirmatória
e análise de tempo de sobrevivência (Keupp et al., 2012).
Percebe-se, portanto, uma tendência no campo em priorizar
análise de equação estrutural, patentometria, análise de redes,
smart data, analythica, aplicação de algoritmos, simulação digital
e inteligência artificial.
Se, por um lado, isso mostra que trabalhos com essas
metodologias são bem aceitos pelo campo, por outro, conforme
apontaram Faccin et al. (2019), demonstra que há espaço
para metodologias capazes de capturar a temporalidade dos
fenômenos, envolvendo detalhes ricos que são difíceis ou que não
podem ser capturados por pesquisas dominadas pelo paradigma
positivistas e pela construção de teoria baseadas em variância
(Langley & Abdallah, 2011). Nesse sentido, Faccin et al. (2019)
apontam que os dados e análises de processos são capazes de
explicar como e por que uma entidade organizacional muda e se
desenvolve, permitindo que os pesquisadores entendam melhor
a dinâmica e os processos que ocorrem dentro e em torno de
“atividades de inovação”.
Ademais, tendo em vista que a evolução de um campo de
estudos também ocorre por meio do uso de múltiplos métodos
de análise, percebemos a necessidade de ampliar as orientações
metodológicas nos estudos de Gestão da Inovação. Em âmbito
nacional, esse movimento pode ser percebido por meio da
inserção de um tema específico, no ano de 2019, sobre “Métodos
e novas técnicas de pesquisa e análise no campo da inovação”, no
principal congresso da área, o EnANPAD. Além disso, importantes
eventos internacionais na área de Gestão da Inovação, como o
ISPIM, organizado pela International Society for Professional
Innovation Management, que será realizado em Florença no
ano de 2019, possui um track específico para recebimentos
de papers sobre novos métodos de pesquisa para estudos em
Gestão da Inovação. Além de tracks em importantes eventos
da área, journals, como o R&D Management, o International
Journal of Forecasting, por exemplo, lançaram special issues para
debater essa demanda acadêmica. Após a análise metodológica,
começamos a nos questionar quais locais os pesquisadores estão
mais focados em entender e quem tem financiado as pesquisas.
Quais as regiões mais pesquisadas e quem
são os órgãos financiadores das pesquisas?
No que se refere aos locais mais pesquisados, com exceção da
África, que foi citada por 12 artigos, os outros nove locais mais
recorrentes, entre os 10 mais citados, foram países: China, Índia,
Alemanha, Brasil, Irã, Itália, França, Suécia e Tailândia. A Tabela
6 apresenta os 17 locais mais recorrentes.
Tabela 6. Lista de locais mais pesquisados
Locais N° de artigos que trazem o local
nas palavras-chave
1. China 209
2. Índia 47
3. Alemanha 23
4. Brasil 22
5. Irã 17
6. Itália 15
7. África 12
8. França 12
9. Suécia 12
10. Tailândia 12
11. Reino Unido 12
12. Ásia 11
13. Canadá 11
14. América Latina 11
15. Rússia 11
16. África do Sul 11
17. Coreia do Sul 11
É interessante notar que sete são países em
desenvolvimento (cinza-escuro) e três são continentes formados
por países em desenvolvimento (cinza-claro), o que demonstra
o interesse em publicar artigos sobre esses locais, bem como a
importância de estabelecer parcerias de pesquisa entre países
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em desenvolvimento para publicação. Nesse sentido, podemos
destacar, em âmbito nacional, a recente chamada, Nº 5/2019,
aberta pela CAPES para fortalecimento da cooperação sul-sul
e, em contexto internacional, os special issues sobre China e
países emergentes do Technological Forecasting and Social
Change e do Journal of Engineering and Technology Management,
respectivamente.
Quanto ao número de artigos publicados, 79,1% falam de
países em desenvolvimento em suas palavras-chave, no âmbito
dos 17 locais mais citados. Além disso, o Brasil é o quarto país
mais estudado, comprovando o interesse mundial acerca da área
de Gestão da Inovação no Brasil e, também, demonstrando que
é um campo frutífero de pesquisa para brasileiros. Apesar de
entendermos que temos um campo importante para a pesquisa,
pesquisadores devem se conscientizar sobre a necessidade de
explicar por que um estudo brasileiro é capaz de contribuir para
teorias e aprendizagens globais em um campo de estudo. Nossa
aposta repousa sobre a ideia de que muitos países emergentes
oferecem oportunidades para refutar teorias construídas com
base em países desenvolvidos e mesmo para oferecer respostas
substantivas para tal.
Por fim, a China desponta como o país que tem
despertado maior interesse para se estudar Gestão da Inovação
em âmbito mundial, perfazendo 45,5% dos artigos publicados
entre os locais mais pesquisados. Apesar de os locais mais
estudados serem países em desenvolvimento, com exceção
da China e de Taiwan, os órgãos financiadores não são de
nações em desenvolvimento, pelo contrário, a maioria é de
países desenvolvidos. Órgãos financiadores brasileiros nem
chegaram a entrar na Tabela 7, pois somente três ficaram entre
os 100 financiadores, ocupando as posições 32 (CNPq), 42
(FAPESP) e 69 (CAPES). Assim, apesar de sermos o quarto país
mais estudado no campo, estamos longe de ser o que mais
investe em estudos na área.
Tabela 7. Organizações financiadoras e países de origem
Organizações financiadoras País de origem N° de artigos nos quais ocorre
1 National Natural Science Foundation of China China 146
2 National Research Foundation of Korea (NRF) Coreia do Sul 83
3 National Science Foundation Estados Unidos 74
4 European Union União Europeia 49
5 UK Economic and Social Research Council Reino Unido 49
6 European Commission União Europeia 48
7 Ministry of Science and Technology, Taiwan Taiwan 35
8 National Science Foundation of China (NSFC) China 32
9 Social Sciences and Humanities Research Council of Canada Canadá 30
10 Spanish Ministry of Economy and Competitiveness Espanha 27
11 Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC) Reino Unido 25
12 National Science Council of Taiwan Taiwan 25
13 Youth Project of Ministry of Education, Humanities and Social Sciences
Planning Funding Singapura 25
14 Finnish Funding Agency for Technology and Innovation (Tekes) Finlândia 23
15 Fundamental Research Funds for the Central Universities 22
É importante, contudo, ressaltar a falta de costume de muitos pesquisadores brasileiros em citar as agências de fomentos
financiadoras quando da publicação de artigos e/ou apresentação de trabalhos em congressos. Essa é uma prática estabelecida em
âmbito internacional com a qual temos que ser mais rigorosos aqui no Brasil, até como forma de divulgar nossos órgãos financiadores
de pesquisa, o que é de extrema importância para parcerias internacionais, por exemplo.
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AGENDA PRESENTE E FUTURA DE
PESQUISA
Se, no passado, os grandes temas que fundamentavam o campo
de Inovação estavam ligados a estratégia, P&D, desenvolvimento
de novos produtos, tecnologia e empreendedorismo e com
recortes geográficos mais localizados regionalmente, para o
futuro, parece que a emergência de algumas novas temáticas
e a internacionalização destas se revelam mais candentes,
enquanto as áreas clássicas permanecem mais estáveis como
interesse acadêmico (Rossetto et al., 2018). Nossas conclusões
sobre emergência de novos temas estão baseadas na análise
algorítmica dos “termos quentes” nos artigos extraídos da
WoS (que aparecem em anos mais recentes; se mantêm sem
serem pontuais; envolvem um grupo de atores, evitando vieses
particulares; e que apresentam aumento do interesse ano a
ano) (Tabela 8), nos termos emergentes por ano (de 2013 a 2017)
(Quadro 3), no conteúdo encontrado em special issues dos 11
periódicos (Quadro 4) e nos temas apresentados em tracks dos
mais relevantes eventos mundiais.
Tabela 8. Temas emergentes
Temas emergentes
Quantidade
de artigos em
que aparece
Score de
emergência
1. Emerging Economy 31 3,226
2. Catch Up 30 4,487
3. Service Innovation 23 2,177
4. Value Chain 21 2,105
5. Iran 17 3,4
6. Industry Dynamics 13 1,866
7. Resilience 13 1,989
8. Internal Collaboration 12 1,856
9. Medical Innovation 12 2,194
10. Additive Manufacturing 9 2,895
11. Socio-Technical Transition 91,792
12. Public Subsidies 7 2,017
Verificamos que há uma ebulição de novos temas vinculados às atividades de empreendedorismo intensivo em conhecimento,
colaboração e territórios – emergindo temas como os de ecossistemas de inovação, economias criativas, business model em startups
digitais, tanto em tracks de eventos (R&D Management Conference, ISPIM Innovation Conference, EnANPAD, SciBiz Academy), em
special issues das revistas, conforme destacado nas Tabelas 8 e 9 e no Quadro 3.
Quadro 3. Temas emergentes por ano (de 2013 a 2017)
2013 2014 2015 2016 2017
Technology roadmap –
uncertainty
3D printing – additive
manufacturing
Entrepreneurship –
social enterprise
Big data – technology
roadmap
Knowledge management
– social media
TT – trird mission /
university Energy – sustainability Network – spin-o Business innovation –
value capture Quadruple helix – TT
Business model –
capbility/network/OI Climate - energy Autonomus vehicle –
technology Forecast – solar energy R&D – skill
Climate – energy
eciency Creative – crowdsouring Association rule – patent Medical innovation –
research translation
Biosimilars – innovation
system
Policy – solar energy Emerging Market –
reverse innovation Catch up – Iran SME – technology based
firms
Absorptive capacity –
individual level
Nanotechnoloy –
scenario analysis Geography - tecnhology GVC (global value chain) –
venture capital
Distributive intelligence –
global brains
Aquisition - SME Iran – S&T
Além disso, existem alguns temas, como Knowledge management, Patent, Policy, Entrepreneurship e Innovation system,
que apareceram ao longo do período analisado e seguem se destacando nos termos emergentes e em alguns special issues, o que
demonstra que são temáticas importantes para a área e ainda precisam de estudos.
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Quadro 4. Special issues por journal
Journal Special issues (amostra)
Research Policy
1. New Frontiers in Science, technology and Innovation research from SPIRU’s 50THAnniversary Conference
2. Academic Misconduct, Misrepresentation, and Gaming
3. Catch-up and changes in industrial leadership
4. Innovative start-ups and policy initiatives: heterogeneity, impact and implications
5. Hospitals and Innovation
6. Patent Use
7. Blade Runner Economics
8. Profiting from Innovation in the Digital Economy
9. The sciences are dierent and the dierences matter
Journal of Product
Innovation
Management
1. Design Thinking and Innovation Management Matches, Mismatches and Future Avenues
2. The Human Side of Innovation Management
3. Digital Transformation and Innovation Management: Opening Up the Black Box
Technovation
1. DNA of The Triple Helix
2. East-Asia automotive
3. Promoting Technology-Intensive Value Creation in Entrepreneurial Firms and Small Business through Intervention –
Policy, regulation and Support
4. Managing intrapreneurial capabilities
5. Surviving the Valley of Death
5. Technology Business Incubation
6. Innovation and Standardization
The Journal of
Technology Transfer
1. Economic technological and Societal Impact of entrepreneurial Ecosystems
2. Incubators and regions
3. Technology Transfer Dimensions of Agri-Science to Agri-Business
4. Macro, Meso and Microfundation Perspectives of Technological Transfer
5. International Perspective on Innovation
6. National Systems of Innovation
7. National Systems of Innovation
8. Academic Engagement and University-Industry Linkages
9. Technology Transfer and entrepreneurship: Cross-National analysis
Technological
Forecasting and
Social Change
1. Social and Economic Eect of Green technologies and Policies in the Transition Economies of Northeast Asia
2. Changing Organizations and Markets: Knowledge Co-Creation, Business Model Innovation, and Adaptive
Management for Sustainable Development
3. Public policy for open innovation: Frameworks, priorities and mechanisms
4. Incubators and Regions
5. Global shifts in technological Power
6. Global and innovative solutions to climate change and its eects on the economy and society
R&D Management
1. How customer involvement and external knowledge influence R&D performance
2. Industry and International Aspects on R&D Management
3. How IP, Knowledge and Patents crucially influence R&D management
4. How to handle R&D management in International Environments
5. Beyond Triple helix toward Quadruple Helix Models in Regional Innovation systems: Implication for Theory and Practice
6. Decision Making and measurement in R&D
7. Incubation, decision Making and Knowledge Interaction in Business Modeling
8. Eects of Individuals and teams on R&D Outcomes
9. Strategy and Policy Decisions in R&D management
10. Evaluation and Measurement in R&D
11. Management of External resources in R&D
12. Innovation Management Research Methods
13. Business Model and Innovation
14. Transferring Knowledge
15. Collaboration Inside and Across Industries
Journal of
Engineering
and Technology
Management
1. Disruptive Innovation and Entrepreneurship in emerging Economies
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Reforçando os resultados encontrados no tópico de
locais mais pesquisados, países em desenvolvimento, mais
especificamente para os fenômenos típicos de economias
emergentes (inovação frugal, shanzai innovation, inovação
reversa, inovação jugaad, entre outros), parecem ser um campo
empírico promissor (Zedtwitz, Corsi, Søberg, & Frega, 2014).
Contudo, sugerem, por outra perspectiva, um adensamento de
abordagens teóricas e um instrumental analítico orientado para
estratégias de internacionalização e processos de inovação global,
com um interesse particular pelas soluções locais que conquistam
os mercados mundiais.
No que se refere às novas dinâmicas setoriais, duas
dimensões adquirem relevância. A nova indústria digital 4.0 –
impressão 3D, manufatura aditiva – e a inovação em serviços
big data, inteligência artificial, smart analytics, cidades
inteligentes e digitais, entre outros – são temas potencialmente
atraentes como temáticas de pesquisa. No segmento de serviços,
a área de Gestão da Saúde e Medicina sobressai junto com os
temas de bio e nanotecnologias e com abordagens de inovação e
sustentabilidade, especialmente aquelas temáticas relacionadas
às alternativas de ecoinovação, energéticas sustentáveis,
mudança climática, mobilidade, veículos elétricos e energias
fotovoltaicas. Notamos ainda um florescimento da produção
científica nos temas da inovação social, inclusiva e responsável,
assim como das abordagens sobre economia digital e economia
circular, de modo que estudos acerca da adaptação das empresas
a esses modelos se tornam cada vez mais frequentes. Tais
temáticas estabelecem conexões perfeitas com as análises
de economia emergentes (Zedtwitz et al., 2014), assim como
as abordagens institucionais e evolutivas de aprendizagem
tecnológica – catch up – ou integração – upgrandig – em cadeias
globais (Fagerberg, Lundvall, & Srholec, 2018).
Ademais, lentes teóricas como Capacidades Dinâmicas,
Triplíce Hélice, Gestão do Conhecimento, que apareceram como
as mais citadas no tópico que destaca os principais autores,
seguem aparecendo nos termos emergentes e em alguns special
issues, apesar de não parecerem ser o foco maior das demandas
por artigos. Isso tende a indicar que tais teorias podem estar
chegando em um grau de maturidade que gera certo consenso
sobre elas. Contudo, isso não quer dizer que ainda não existam
avanços a serem feitos. Conforme Albort-Moranta, Leal-Rodríguez,
Fernández-Rodríguez e Ariza-Montes (2018), por exemplo, acerca
da temática de capacidades dinâmicas, após o crescimento
significativo no número de publicações até 2012, houve uma
queda no número, caracterizando a entrada do que chamaram
de “fase de maturidade”. No entanto, apesar dos avanços, ainda
existem algumas lacunas, entre as quais os autores apontam
a necessidade de abordagens baseadas em processos, em
consonância ao destacado por Faccin et al. (2019) acerca dos
estudos de Gestão da Inovação de modo geral.
As abordagens de análise e inteligência – forecast,
roadmap, delphi, redes sociais, simulação de cenários, smart
data, entre outros – com a aplicação de ferramentas tecnológicas
e softwares constituem uma agenda promissora para estudos
futuros no campo da Gestão da Inovação, tanto para elevar a
qualidade como a competividade dos artigos para a publicação
internacional. Quanto aos temas destacados no Quadro 2,
pode-se dizer que se mantêm e são ampliados com a inserção
de termos específicos como big data, 3D printing, nanotechnoloy,
no Tema 1; hélice quádrupla, ecossistemas de inovação e smart
cities no Tema 2; e distributive intelligence e global brains no
Tema 3. Por fim, o interesse pelas experiências baseadas em
análises comparativas internacionais e institucionais entre países,
regiões, setores e mercados tem sido cada vez mais um critério
de avaliação estimulado pelos editoriais dos top journals.
CONCLUSÕES: OS DESAFIOS DA
CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA
INTERNACIONALIZADA E CRÍTICA DE
PESQUISA
O grande desafio para a condução de novos projetos de pesquisa
e para a produção científica no campo de Inovação é definir o
conceito e escopo do problema de estudo segundo a relevância do
gap teórico ou a aplicação tecnológica, e qual o significado dessa
contribuição para a sociedade. Não importa se acadêmicas ou se
tecnológicas – applyed research –, as pesquisas devem sempre
primar pela excelência da sua construção teórica e metodológica e
estimando os potenciais impactos científicos, econômicos, sociais,
ambientais e de disseminação esperados. A regra é simples:
quanto maiores a relevância, o rigor e a qualidade metodológicos,
melhores suas chances reais de contribuição acadêmica e aplicada.
Se o tema ou o problema de pesquisa tem relevância
e aderência para a agenda de interesses da comunidade
internacional ou nacional, é outra questão importante na tomada
de decisão para conduzir a sua pesquisa e elevar a atratividade
e competitividade dela para a publicação em um top journals.
Os critérios para definir a qualidade dessas contribuições estão
associados também à capacidade de identificar os temas, seus
gaps – teóricos, aplicados, metodológicos – fundamentar e
desenvolvê-los com base em metodologias dinâmicas e bem-
estruturadas.
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Presenciamos, nos estudos quantitativos, uma transição
dos métodos de study case para a aplicação mais complexa de
amostras robustas com a utilização de modelos de equação
estrutural, técnicas e análises de inteligência – rodmapping,
forescast, smart datas e patentometrias, análise e simulação de
redes sociais. Ao combinar uma ou duas técnicas, análise bases
de informações robustas inter-temporais, ou incluir amostrar
comparativas internacionais ou regionais, temos um resultado
abrangente para a validação científica e mais atrativo para a
publicação da produção científica. Já nos estudos qualitativos,
abordagens processuais parecem ser um caminho promissor para
estudos longitudinais que buscam, por exemplo, analisar quais
são e como mudam ao longo do tempo determinadas práticas de
inovação. É uma abordagem que se apresenta como uma opção
aos tradicionais estudos positivistas da área.
Quanto aos temas de clássicos que fundamentaram e
formaram o campo de estudos teóricos de Inovação, notamos
a emergência de novas temáticas naturais do momento de
superposição entre os movimentos de transformação digital,
institucional, ambiental e de mercado global com a entrada
das economias emergentes e do sudeste asiático. Os temas de
aprendizagem e integração às redes e cadeias de valor globais,
indústria e serviços 4.0, sustentabilidade, economia digital
e de serviços, inovação aberta e colaborativa, ecossistemas
de inovação, startpus e empreendedorismo intensivo em
conhecimento, inovação e inclusão social são sensíveis e
refletem essas profundas mudanças nas dimensões macro, meso
e microssistêmica nos estudos da Inovação. Ademais, é possível
notar o retorno aos estudos de adoção e aceitação tecnológicos
e o interesse nascente sobre a experiência e o comportamento
do consumo inovativo digital, motivados pela disseminação
transversal da inteligência artificial..
Por fim, as abordagens teóricas sobre o campo da Gestão
da Inovação têm se referenciado pela combinação entre a visão
baseada em recursos, capacidades, ambidextria, uso de fontes
de conhecimento, aprendizagem e estratégias de catch up e as
abordagens que estudam as instituições e o desenvolvimento
das nações, setoriais, regiões e empresas – sistemas nacionais,
setoriais e ecossistemas de inovação.
A recomendação final é quanto à reflexão crítica que
deve ser confrontada na adoção e no uso indiscriminado das
abordagens teóricas do mainstream para o estudo do fenômeno da
inovação em seu local de origem. Estas devem necessariamente
ser aplicadas e pensadas nos limites e na dinâmica real do seu
contexto institucional e social, considerando as diferenças
societais, culturais e seu estágio de desenvolvimento econômico
e de desigualdade global.
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RESUMO A Hélice Tríplice tornou-se um modelo reconhecido internacionalmente, que está no âmago da disciplina emergente de estudos de inovação, e um guia de políticas e práticas nos âmbitos local, regional, nacional e multinacional. As interações universidade-indústria-governo, que formam uma “hélice tríplice” de inovação e empreendedorismo, são a chave para o crescimento econômico e o desenvolvimento social baseados no conhecimento. O artigo apresenta a origem do modelo, seu conceito, dinâmica, fontes e rotas alternativas.
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Purpose – This chapter presents four different approaches to doing and writing qualitative research in strategy and management based on different epistemological foundations. It describes two well-established “templates” for doing such work, and introduces two more recent “turns” that merit greater attention. Design/Methodology/Approach – The chapter draws on methodological texts and a detailed analysis of successful empirical exemplars from the strategy and organization literature to show how qualitative research on strategy processes can be effectively carried out and written up. Findings – The two “templates” are based on different logics and modes of writing. The first is based on a positivist epistemology and aims to develop nomothetic theoretical propositions, while the second is interpretive and more concerned to capture and gain insight from the meanings given to organizational phenomena. The two “turns” (the practice turn and the discursive turn) are not as well defined but are generating innovative contributions based on new ways of considering the social world. Originality/Value – The chapter should be helpful to researchers considering qualitative methods for the study of strategy processes. It contributes by comparing different approaches and by recognizing that part of the challenge of doing qualitative research lies in writing it up to communicate its insights in a credible way. Thus while describing the different methods, the chapter also draws attention to effective forms of writing. In addition, it introduces and assesses two more recent “turns” that offer promising routes to novel insight as well as having particular ontological and epistemological affinities with qualitative research methods.
Conference Paper
This article aim is to contribute to a more effective understanding of in-process research and its application in innovation management. The innovation management field is dominated by studies that use modeling, simulation and mathematical models, however, it is belived there is an important field for procedural approaches. This approach use of different temporal orientations, units of analysis, data sources and forms of validation of information, as well analysis strategies and unique conceptual products in order to generate recognized theoretical insights and useful knowledge from a practical point of view. We discover that the great change in qualitative research, using process data, and involving organizational processes, is not only linked to data collection and analysis, but is mainly to give meaning to the data collected in order to generate a theoretical contribution. We show the best research strategies adopted in order to guarantee significant results for studies related to innovation management.
Article
The field of innovation studies has grown considerably in the last four decades, which has led to the emergence of new approaches and theoretical aspects that need to be examined and considered. Therefore, this paper aims to understand what are the main theoretical pillars that support the structure of innovation theories and fields, how it evolved over the years and what are the directions that lead to future trends in innovation research. The procedure consists in a mix-methods using the citation and co-citation analysis associated with bibliometric methods, Social Network Analysis, and a systematic review of the literature. The results were validated by Delphi with academic specialists in innovation. Considering publications between 1956 and 2016 divided into four 15-years timespan, the longitudinal analysis results indicate the evolution of the main streams of thoughts that support the current innovation research fields and depict a research orientation for future works that can be developed to generate relevant contributions for the theoretical development of the area. This paper differentiates itself bringing results based on a large database, by the research methods employed, and by the perspective adopted provides solid contributions to the understanding of the past, present, and future of the scientific research in innovation to business administration field.
Article
The purpose of this study is to serve as orientation and guidance to academics that are starting or currently developing their research within the field of dynamic capabilities, in order to enhance their knowledge about which are the key scientific journals, authors and articles shaping this topic. This paper presents a bibliometric analysis on dynamic capabilities, making use of the Web of Science database to perform it. This analysis comprises fundamental issues such as (i) the number of studies published per year, (ii) the countries with the highest rate of productivity, (iii) the most prolific and influential authors, (iv) assessment of studies citing dynamic capabilities, and (v) the most productive journals on dynamic capabilities and recent studies on this topic. Results reveal an exponential growth in the number of publications on dynamic capabilities for the 2000–2012 period. Although, since 2012 this growth has decelerated, the number of publications on this topic remains noteworthy. This study brings useful information for those academics and practitioners attempting to analyze and deepen within this particular field of research, at the same time that provides some insights concerning the future development and progress of the dynamic capabilities topic in the management, business and economics academic literature.
Article
This paper consolidates the state of academic research on "innovation". Based on a systematic review of literature published over the past 27 years, we synthesize various research perspectives into a comprehensive multi-dimensional framework of organizational innovation - linking leadership, innovation as a process, and innovation as an outcome. We also suggest measures of determinants of organizational innovation and present implications for both research and managerial practice. Copyright (c) 2009 Blackwell Publishing Ltd and Society for the Advancement of Management Studies.
Innovation management measurement: A review
  • R Adams
  • J Bessant
  • R Phelps
Adams, R., Bessant, J., & Phelps, R. (2006). Innovation management measurement: A review. International Journal of Management Reviews, 8(1), 21-47. doi:10.1111/j.1468-2370.2006.00119.x
The ecosystem as helix: An exploratory theorybuilding study of regional co-opetitive entrepreneurial ecosystems as Quadruple/Quintuple Helix Innovation Models
  • E G Carayannis
  • E Grigoroudis
  • D F J Campbell
  • D Meissner
  • D Stamati
Carayannis, E. G., Grigoroudis, E., Campbell, D. F. J., Meissner, D., & Stamati, D. (2018). The ecosystem as helix: An exploratory theorybuilding study of regional co-opetitive entrepreneurial ecosystems as Quadruple/Quintuple Helix Innovation Models. R&D Management, 48(1), 148-162. doi:10.1111/radm.12300
Global value chains, national innovation systems and economic development
  • J Fagerberg
  • B Lundvall
  • M Srholec
Fagerberg, J., Lundvall, B., & Srholec, M. (2018). Global value chains, national innovation systems and economic development. The European Journal of Development Research, 30(3), 533-556. doi:10.1057/s41287-018-0147-2