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Fatores associados aos episódios de agressão familiar entre adolescentes, resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)

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Abstract

Resumo O estudo analisa fatores associados à agressão familiar contra adolescentes. Foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares 2015 e calculada a prevalência de sofrer agressão física por familiar, segundo quatro blocos de investigação. Procedeu-se a análise bivariada, calculando-se os Odds Ratios (ORs) não ajustados e, por fim, foi realizada a regressão multivariada. A agressão familiar foi referida por 14,5%. Variáveis associadas no modelo mutivariado no bloco sociodemográfico foram: sexo feminino, raça cor preta, amarela, parda, mães sem nível superior de escolaridade, adolescente que trabalham (OR 2,10 IC95% 1,78-2,47). No contexto familiar: a falta de compreensão dos pais (OR 1,71 IC95% 1,63 -1,80) e a intromissão na privacidade dos adolescentes (OR 1,80 IC95% 1,70 -1,91). Relato de faltar às aulas (OR 1,43 IC95% 1,36-1,50). Dentre os comportamentos: tabagismo (OR 1,23 IC95% 1,12-1,34), álcool (OR 1,49 IC95% 1,41-1,57), experiência com drogas (OR 1,24 IC95% 1,15-1,33), relação sexual precoce (OR 1,40 IC95% 1,33 -1,48), relato de solidão, insônia e bullying (ORa 2,14 IC95% 2,00-2,30). Conclui-se pela associação entre violência e gênero, maior vitimização das meninas e adolescentes mais jovens, que vivem em contextos sociais e familiares desfavoráveis.
ARTIGO ARTICLE
1287
Fatores associados aos episódios de agressão familiar
entre adolescentes, resultados da Pesquisa Nacional
de Saúde do Escolar (PeNSE)
Factors associated with family violence against adolescents
based on the results of the National School Health Survey (PeNSE)
Resumo O estudo analisa fatores associados à
agressão familiar contra adolescentes. Foram uti-
lizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde dos
Escolares 2015 e calculada a prevalência de sofrer
agressão física por familiar, segundo quatro blocos
de investigação. Procedeu-se a análise bivariada,
calculando-se os Odds Ratios (ORs) não ajustados
e, por fim, foi realizada a regressão multivariada.
A agressão familiar foi referida por 14,5%. Vari-
áveis associadas no modelo mutivariado no bloco
sociodemográfico foram: sexo feminino, raça cor
preta, amarela, parda, mães sem nível superior
de escolaridade, adolescente que trabalham (OR
2,10 IC95% 1,78-2,47). No contexto familiar: a
falta de compreensão dos pais (OR 1,71 IC95%
1,63 -1,80) e a intromissão na privacidade dos
adolescentes (OR 1,80 IC95% 1,70 -1,91). Rela-
to de faltar às aulas (OR 1,43 IC95% 1,36-1,50).
Dentre os comportamentos: tabagismo (OR 1,23
IC95% 1,12-1,34), álcool (OR 1,49 IC95% 1,41-
1,57), experiência com drogas (OR 1,24 IC95%
1,15-1,33), relação sexual precoce (OR 1,40
IC95% 1,33 -1,48), relato de solidão, insônia e
bullying (ORa 2,14 IC95% 2,00-2,30). Conclui-
se pela associação entre violência e gênero, maior
vitimização das meninas e adolescentes mais jo-
vens, que vivem em contextos sociais e familiares
desfavoráveis.
Palavras-chave Violência doméstica, Maus-tra-
tos, Adolescente, Tabaco, Inquérito
Abstract The study analyzes factors associated
with family aggression against adolescents. Data
from the National School Health Survey for 2015
were analyzed, and the prevalence of physical ag-
gression per family was calculated according to
four blocks. The bivariate analysis was performed,
calculating the unadjusted Odds Ratio (OR)
within each block and the multivariate regres-
sion. Familial aggression was reported by 14.5%.
The variables associated with the model were:
female, black, yellow, brown, mothers with no
higher educational level, adolescent workers (OR
2.10 CI 95% 1.78-2.47). In the family context,
they remained associated with aggression, lack of
parents “understanding” (OR 1.71 CI95% 1.63
-1.80) and their intrusion into adolescent’s priva-
cy (OR 1.80 CI95% 1.70 -1, 91). Report of miss-
ing school (OR1.43 CI95% 1.36-1.50). Among the
behaviors: smoking (OR 1.23 CI95% 1.12-1.34),
alcohol (OR 1.49 CI95% 1.41-1.57), drug expe-
rience (OR 1.24 CI95% 1, 15-1,33), early sexual
intercourse (OR 1.40 CI95% 1.33 -1.48), reports
of loneliness, insomnia and bullying (ORa 2.14
CI95% 2.00-2.30). It is concluded by the associa-
tion between violence and gender, greater victim-
ization of girls, living in unfavorable social and
family contexts.
Key words Domestic violence, Maltreatment,
Adolescent, Smoking, Survey
Deborah Carvalho Malta (https://orcid.org/0000-0002-8214-5734) 1
Juliana Teixeira Antunes (https://orcid.org/0000-0001-7996-0773) 2
Rogério Ruscitto do Prado (https://orcid.org/0000-0003-1038-7555) 3
Ada Ávila Assunção (https://orcid.org/0000-0003-2123-0422) 4
Maria Imaculada de Freitas (https://orcid.org/0000-0002-0273-9066) 1
DOI: 10.1590/1413-81232018244.15552017
1 Departamento de
Enfermagem Materno-
Infantil e Saúde Pública,
Escola de Enfermagem,
Universidade Federal
de Minas Gerais Gerais
(UFMG). Av. Alfredo Balena
190, Santa Efigênia. 30130-
100 Belo Horizonte MG
Brasil.
dcmalta@uol.com.br
2 Instituto Federal do Norte
de Minas Gerais. Januária
MG Brasil.
3 Universidade São Paulo.
São Paulo SP Brasil.
4 Departamento de
Medicina Preventiva
e Social, UFMG. Belo
Horizonte MG Brasil.
1288
Malta DC et al.
Introdução
Abusos e maus tratos no âmbito das interações
familiares estão presentes nos lares, mundial-
mente, explicando porquê a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) considera essas e outras
formas de violência doméstica como problema
de saúde pública1.
A agressão intrafamiliar é um tipo de violên-
cia doméstica e refere-se à privação, negligência,
atos agressivos de dominação, de ordem física,
psíquica ou sexual praticados por um membro da
família contra um outro
1,2
. Sabe-se que a violên-
cia doméstica não é incomum, ainda que silencio-
sa ou camuflada, atingindo predominantemente
mulheres, idosos, crianças e adolescentes
1,2
. Adul-
tos que foram agredidos fisicamente na infância
ou adolescência tiveram seis vezes mais chan-
ce de serem violentados sexualmente em algum
momento de suas vidas
3
.
Sintomas de sofrimento
psíquico foram identificados entre homens e mu-
lheres expostos a violência física durante a infân-
cia
4
. Por essas razões, a violência doméstica não
seria um assunto restrito ao âmbito privado, pois
constitui uma violação do direito
5
.
A Pesquisa Nacional de Saúde dos Adoles-
centes (PeNSE) incluiu o tema das agressões de
familiares contra adolescentes nas suas três edi-
ções, 2009, 2012 e 20156-8. Em 2012, a prevalência
de agressão por familiares foi de 10,6%, passan-
do para 14,5% no Brasil em 2015, com aumento
de 36% na edição da PeNSE 2015, justificando
a necessidade de aprofundar o conhecimento
sobre o tema. Sabe-se que o autoritarismo dos
pais, as punições, o castigo, físico ou psicológi-
co, e as agressões estão associados aos danos no
desenvolvimento de crianças e adolescentes5,9. A
literatura especializada registra ainda que estão
associados à violência contra o adolescente vários
tipos de problemas, como queixas psicossomá-
ticas, depressão, isolamento, pior desempenho
escolar, problemas de aprendizagem5,10,11, exposi-
ção a bullying11, e uso de substâncias10. Contudo,
ainda são pouco exploradas as relações entre vio-
lência e aspectos como o trabalho infantil, escola-
ridade dos pais, situação familiar, dentre outros.
A PeNSE 2015 elaborou perguntas relacionadas
à problemática dessa natureza visando obter ele-
mentos para apoiar programas de prevenção da
violência contra adolescentes8.
O estudo atual objetiva explorar fatores asso-
ciados à agressão física de familiares contra a po-
pulação de escolares brasileiros, segundo dados
da Pesquisa Nacional de Saúde dos Adolescentes
em 2015.
Metodologia
Trata-se de análise de dados secundários do in-
quérito transversal da Pesquisa Nacional de
Saúde dos Adolescentes, 2015 (PeNSE 2015)8. A
pesquisa foi realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com
o Ministério da Saúde. A amostra de escolares do
9º ano do Ensino Fundamental foi dimensiona-
da de modo a estimar parâmetros populacionais
(proporções ou prevalências) em diversos do-
mínios geográficos: cada uma as 26 unidades da
federação, das 26 capitais das unidades da federa-
ção e o Distrito Federal, as cinco grandes regiões
geográficas e o total do Brasil8.
Participaram do inquérito 102.301 alunos
matriculados no 9º ano, em 3.040 escolas e 4.159
turmas em todo o país. Considerando os esco-
lares matriculados e não respondentes, a perda
amostral foi de cerca de 8,5%. Todos alunos pre-
sentes no dia da coleta, nas turmas sorteadas, fo-
ram convidados a participar da pesquisa. Partici-
param da Amostra aqui analisada 48,7% de alu-
nos do sexo masculino, 51,2% do sexo feminino,
85,5% de escolas públicas e 14,5% de privadas,
escolares com idade menor de 13 anos foram
0,4%, 13 a 15 anos foram 88,6%, e com 16 anos
foram 11%. Mais detalhes da amostra podem ser
consultados em outras publicações8.
Considerou-se o modelo conceitual de que
fatores demográficos e sociais, fatores relaciona-
dos à saúde mental e sofrimento mental, situa-
ções envolvendo familiares e comportamentos
estão associados à violência praticada pelos fami-
liares contra os adolescentes. Alguns fatores são
considerados protetores e outros aumentam a
chance do evento10.
O desfecho investigado foi sofrer agressão
física praticada pelos familiares– segundo a per-
gunta: Nos últimos 30 dias, quantas vezes você foi
agredido(a) fisicamente por um adulto da sua fa-
mília: Opções de respostas - Não (nenhuma vez
nos últimos 30 dias) e Sim (1 vez, 2 ou 3, 4 ou
mais vezes nos últimos 30 dias).
As variáveis explicativas foram agrupadas em
quatro (4) blocos por afinidade e foram testadas
associações com variáveis inseridas nos mesmos:
I) Bloco de características sociodemográficas
- foram analisadas as seguintes variáveis inde-
pendentes: a) sexo (categorizada em: masculino e
feminino); b) idade (categorizada em: 13 anos,
13 anos, 14 anos, 15 anos, e 16 anos e mais); e
c) cor da pele (categorizada em: branca, preta,
parda, amarela, e indígena), Escolas (pública ou
privada), escolaridade da mãe (Sem escolarida-
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Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1287-1298, 2019
de, Primário incompleto/completo, Secundário
- incompleto/completo, Superior - incompleto/
completo, trabalha atualmente (sim, não), Re-
muneração pelo trabalho (sim, não).
II) No bloco contexto familiar foram analisa-
das as seguintes variáveis: a) Morar com mãe e/
ou pai - Categorizada como sim (escolares que
residem com pai e mãe, residem só com a mãe,
ou residem só com pai); ou não (residir sem pai e
mãe); b) Supervisão familiar - Categorizada em:
sim (na maior parte do tempo, sempre pais ou
responsáveis sabiam realmente o que o adoles-
cente estava fazendo); ou não (nunca, raramente,
às vezes); c) Faltar às aulas sem autorização - Ca-
tegorizada em não (nunca); ou sim (1 ou 2 ve-
zes; 3 ou mais vezes nos últimos 30 dias); d) Pais
entendem seus problemas em 2 categorias não
(Nunca, raramente, as vezes), sim (na maior par-
te e sempre), e) Pais mexem nas suas coisas em
2 categorias não (Nunca, raramente, as vezes),
sim (na maior parte e sempre), f) Faz refeição
com responsável em 4 categorias – não, 2 vezes
ou menos semanais, 3 a 4 vezes semanais, 5 ou
mais vezes semanais, g) Esteve com pessoas que
fumaram na sua presença (sim e não), h) Pais ou
responsáveis fumantes (sim e não).
III) No bloco de saúde mental e sofrer violên-
cia foram analisadas as variáveis independentes:
a) Sentir-se sozinho - agregada em não (nunca, às
vezes nos últimos 12 meses); sim (na maioria das
vezes, sempre nos últimos 12 meses); b) Insônia
- agregada em não (nunca, as vezes nos últimos
12 meses); ou sim (na maioria das vezes, sempre
nos últimos 12 meses); c) Amigos - categorizada
como não (nenhum); ou sim: (1, 2, 3, ou mais
amigos), d) sofrer Bullying nos últimos 30 dias
(não e sim).
IV) Bloco de comportamentos e hábitos de
vida - a) Uso do tabaco nos últimos 30 dias, ou
fumo regular (sim, não), b) Uso do Álcool re-
gular, ou uso nos últimos 30 dias (sim, não), c)
Drogas experimentação na vida (sim, não), d)
Ter tido Relação sexual (sim, não), e) Consumo
de frutas frequente (> 5 x semana), f) Atividade
física diária (sim e não).
Inicialmente, foi feita a descrição das variá-
veis que caracterizam o comportamento em rela-
ção a sofrer agressão física praticada pelos fami-
liares, calculando-se a prevalência segundo cada
variável dos quatro blocos de investigação: (ca-
racterísticas sociodemográficas, contexto fami-
liar, saúde mental, comportamentos e hábitos de
vida). Posteriormente, procedeu-se a regressão
logística bivariada, calculando-se os Odds Ratios
(ORs) não ajustados, dentro de cada bloco. As
variáveis que se apresentaram associadas ao nível
de p < 0,20 foram selecionadas para o modelo
multivariado. Posteriormente procedeu-se à re-
gressão logística múltipla inserindo os blocos de
forma sequencial, primeiro as características so-
ciodemográficas, seguidas pelo contexto familiar,
saúde mental e, por último, as comportamentais
e os hábitos de vida, de forma a que todos os blo-
cos fossem mutuamente ajustados. Após o ajus-
tamento, permaneceram no modelo final apenas
variáveis estatisticamente associadas com sofrer
agressão por familiar (p < 0,05).
Para todas as análises foram considerados a
estrutura amostral e os pesos para obtenção de
estimativas populacionais. Os dados foram ana-
lisados com auxílio do pacote estatístico SPSS,
versão 20.
Os estudantes foram informados sobre a
pesquisa, sua livre participação e que poderiam
interromper a mesma caso não se sentissem
à vontade para responder as perguntas. Caso
concordassem, responderam a um questionário
individual em smarthphone sob a supervisão de
pesquisadores do IBGE. A PeNSE está em acordo
com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos e foi
aprovada pela Comissão Nacional de Ética em
Pesquisas do Ministério da Saúde (CONEP/MS),
sob Certificado de Apresentação para Apreciação
Ética (CAAE) em 30/03/2015.
Resultados
O autorrelato de episódios de agressão física
praticada por familiar foi referido por 14,5%
(IC95% 14,3-14,7) dos estudantes, sendo mais
frequente no sexo feminino com 15,1% (IC95%
14,8-15,4), aos 15 anos com 16,2% (IC95% 15,3-
17,0) e 16 e mais anos com 17,4% (IC95% 16,7-
18,1). Comparado com a raça branca, episódios
de agressão foram relatados com mais frequência
no grupo que se autorreferiu de raça/cor: preta,
amarela, parda e indígena. O grupo matriculado
em escolas privadas relatou com menos frequên-
cia tais episódios, bem como os que relatam es-
colaridade mais elevada da mãe. Os alunos que
trabalham referiram mais episódios de agressão
com (20,8% IC95% 20,2-21,5), bem como os que
são remunerados pelo trabalho. (Tabela 1)
Quanto às características da família, relata-
ram episódios de agressão com mais frequência
aqueles que referiram faltar às aulas sem comu-
nicar o ato às suas famílias com (22,4% IC 95%
21,9-23,0), informaram intromissão não auto-
1290
Malta DC et al.
rizada dos pais em sua privacidade (mexer nas
suas coisas sem autorização) – com (24,6% IC
95% 23,8- 25,3), relataram contato com pessoas
que fumaram na sua presença, e hábito tabagista
dos pais ou dos responsáveis com (17,6 IC95%
17,2-18,1). No grupo que relatou com menos
frequência os episódios de agressão por familiar,
predominaram aqueles que informaram morar
com os pais, esses entendem seus problemas e su-
pervisionam a família, ou seja, participam das re-
feições semanais, sabem onde eles se encontram
e quem são seus amigos (Tabela 2).
No grupo de adolescentes com maior frequ-
ência de relato de episódios de agressão predo-
minaram aqueles com relato de comportamentos
de risco (uso de tabaco, álcool ou que experimen-
taram drogas), bem como em escolares que re-
latam ter tido relação sexual. Os comportamen-
tos saudáveis como consumir frutas frequente e
fazer atividade física diariamente não alteraram
a prevalência de informar episódios de agressão
física (Tabela 3). No grupo dos que relataram
solidão, insônia, não ter amigos e sofrer bullying,
foi maior a frequência de relato de episódios de
agressão física (Tabela 4).
Calculou-se OR Bruto em cada bloco (Tabe-
las 1,2,3,4) e posteriormente no modelo múlti-
plo, apresentado na Tabela 5, as variáveis que
permaneceram associadas aumentando a chan-
ce de relatar episódios de agressão física foram:
Tabela 1. Prevalência (%) de ser agredido por familiar e fatores sócio demográficos associados (OR bruta) em
escolares do Nono ano, Ensino Fundamental, Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, 2015.
Agredido por familiar
Variável %IC (95%) OR IC (95%) p
Inferior Superior Inferior Superior
Total 14,5 14,3 14,7
Idade
< 13 13,3 10,3 17,0 0,95 0,71 1,27 0,737
13 13,9 13,1 14,7 1,00
14 13,5 12,9 14,1 0,97 0,92 1,02 0,213
15 16,2 15,3 17,0 1,20 1,13 1,27 < 0,001
16 e mais 17,4 16,7 18,1 1,31 1,23 1,40 < 0,001
Sexo
Masculino 13,8 13,4 14,3 0,90 0,87 0,93 < 0,001
Feminino 15,1 14,8 15,4 1,00
Raça
Branca 13,1 12,0 14,2 1,00
Preta 16,8 15,4 18,3 1,35 1,28 1,42 < 0,001
Amarela 18,1 16,3 19,9 1,47 1,35 1,60 < 0,001
Parda 14,5 13,4 15,7 1,13 1,09 1,18 < 0,001
Indígena 16,1 14,9 17,4 1,28 1,16 1,41 < 0,001
Escola
Pública 14,8 14,1 15,4 1,00
Privada 13,0 12,4 13,6 0,86 0,82 0,91 < 0,001
Trabalha atualmente
Não 13,5 13,0 14,1 1,00
Sim 20,8 20,2 21,5 1,68 1,61 1,76 < 0,001
Remuneração pelo trabalho
Não 13,8 13,2 14,3 1,00
Sim 19,9 19,2 20,6 1,56 1,48 1,63 < 0,001
Escolaridade da mãe
Sem escolaridade 19,5 18,3 20,8 1,62 1,50 1,76 < 0,001
Primário 15,1 14,4 15,8 1,19 1,13 1,26 < 0,001
Secundário 14,6 13,9 15,4 1,15 1,09 1,22 < 0,001
Superior 13,0 12,5 13,5 1,00
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Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1287-1298, 2019
características sociodemográficas - ser do sexo
feminino (OR = 1 referência) e sexo masculino
com menor chance (ORa 0,94 IC95% 0,90-0,99),
mais jovem (13 anos – OR = 1 referência), e de-
mais idades com menor chance - 14 anos com
(ORa 0,82 IC95% 0,77-0,88), 15 anos com (ORa
0,80 IC95% 0,74-0,86), 16 anos com (ORa 0,73
IC95% 0,67-0,79), com maior chance em adoles-
centes da raça/cor preta com (ORa 1,12 IC95%
1,04-1,21), cor amarela com (ORa 1.21 IC95%
1,09-1,35), cor parda com (ORa 1,08 IC95%
1,02-1,13), estudar na escola privada com (ORa
1,13 IC95% 1,05-1,20), mães sem escolaridade
com (ORa 1,41 IC95% 1,29-1,55), mães com es-
colaridade até o primário com (ORa 1,13 IC95%
1,06-1,21), mães com escolaridade até secundá-
rio com (ORa 1,13 IC95% 1,06-1,20), adoles-
cente que trabalha atualmente com (ORa 2,10
IC95% 1,78-2,47). Nas relações familiares manti-
veram-se associados com maior chance de sofrer
agressão o relato de morar com os pais com (ORa
1,15 IC95% 1,04-1,27), pais que mexem nas suas
coisas com (ORa 1,80 IC95% 1,70 -1,91), fal-
ta de compreensão dos pais aos seus problemas
com (ORa 1,71 IC95% 1,63 -1,80), e faltar às au-
las sem conhecimento por parte da família com
(ORa 1,43 IC95% 1,36-1,50), pais tabagistas com
(ORa 1,09 IC95% 1,04 -1,15), presenciar pesso-
as fumando com (ORa 1,24 IC95% 1,18 -1,30) e
não fazer refeições diárias com os pais. Quanto
aos aspectos de saúde mental e sofrer violência,
mantiveram-se associados o relato de solidão
com (ORa 1,41 IC95% 1,33-1,49), insônia com
(ORa 1,49 IC95% 1,40-1,59), bullying com (ORa
2,14 IC95% 2,00-2,30). Dentre os comportamen-
tos de risco, maior chance de relatar episódios de
agressão foi associada com uso regular do tabaco
com (ORa 1,23 IC95% 1,12-1,34), uso regular do
álcool com (ORa 1,49 IC95% 1,41-1,57), experi-
mentação de drogas com (ORa 1,24 IC95% 1,15-
Tabela 2. Prevalência (%) de ser agredido por familiar e aspectos familiares associados (OR bruta) em escolares
do Nono ano, Ensino Fundamental, Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, 2015.
Agredido por familiar
Variável %IC (95%) OR IC (95%) p
Inferior Superior Inferior Superior
Mora com mão e ou pai
Não 17,2 16,2 18,2 1,00
Sim 14,3 14,1 14,5 0,81 0,75 0,86 < 0,001
Supervisão familiar
Não 21,2 20,6 21,8 1,00
Sim 11,1 10,9 11,3 0,47 0,45 0,48 < 0,001
Faltar às aulas
Não 12,1 11,7 12,5 1,00
Sim 22,4 21,9 23,0 2,10 2,02 2,18 < 0,001
Pais entendem seus problemas
Não (Nunca, raramente, as vezes) 18,5 18,0 19,1 2,22 2,14 2,31 < 0,001
Sim - (na maior parte e sempre) 9,3 9,0 9,6 1,00
Pais mexem nas suas coisas
Não (Nunca, raramente, as vezes) 13,0 12,5 13,5 1,00
Sim - (na maior parte e sempre) 24,6 23,8 25,3 2,17 2,08 2,27 < 0,001
Faz refeição com responsável
Não 24,2 23,0 25,4 2,20 2,06 2,35 < 0,001
2 vezes ou menos semanais 18,8 18,2 19,5 1,60 1,53 1,67 < 0,001
3 a 4 vezes semanais 17,5 16,3 18,8 1,46 1,34 1,60 < 0,001
5 ou mais vezes semanais 12,7 12,4 12,9 1,00
Esteve com pessoas que fumaram na sua presença
Não 11,2 10,8 11,5 1,00
Sim 17,7 17,4 18,1 1,72 1,66 1,78 < 0,001
Pais ou responsáveis fumantes
Não 13,0 12,5 13,4 1,00
Sim 17,6 17,2 18,1 1,44 1,38 1,49 < 0,001
1292
Malta DC et al.
1,33), relação sexual com (ORa 1,40 IC95% 1,33
-1,48) (Tabela 5).
Foram ainda identificados os seguintes fato-
res protetores contra os episódios de agressão fí-
sica, relatar supervisão familiar com (ORa = 0,65
IC 95% 0,62 – 0,68), receber remuneração pelo
trabalho com (ORa = 0,57 IC 95% 0,48-0,68)
(Tabela 5).
Tabela 3. Prevalência (%) de ser agredido por familiar e hábitos e costumes associados (OR bruta) em escolares
do Nono ano, Ensino Fundamental, Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, 2015.
Agredido por familiar
Variável %IC (95%) OR IC (95%) p
Inferior Superior Inferior Superior
Tabaco regular
Não 13,4 12,7 14,1 1,00
Sim 33,0 31,8 34,2 3,18 3,00 3,38 < 0,001
Álcool regular
Não 11,4 11,0 11,8 1,00
Sim 24,5 23,9 25,0 2,52 2,43 2,61 < 0,001
Drogas experimentação
Não 13,1 12,6 13,7 1,00
Sim 28,6 27,7 29,5 2,66 2,53 2,79 < 0,001
Relação sexual
Não 11,7 11,3 12,0 1,00
Sim 22,0 21,5 22,5 2,14 2,07 2,22 < 0,001
Consumo de frutas frequente (> 5 x semana)
Não 14,6 14,1 15,0 1,00
Sim 14,3 13,9 14,7 0,98 0,94 1,01 0,222
Atividade física diária
Não 14,4 13,9 14,9 1,00
Sim 14,9 14,5 15,4 1,05 1,00 1,09 0,045
Tabela 4. Prevalência (%) de ser agredido por familiar e indicadores da saúde mental e violência na escola
associados (OR bruta) em escolares do Nono ano, Ensino Fundamental, Pesquisa Nacional de Saúde Escolar,
2015.
Agredido por familiar
Variável %IC (95%) OR IC (95%) p
Inferior Superior Inferior Superior
Sentir-se solitário
Não 12,3 11,9 12,8 1,00
Sim 25,6 24,9 26,2 2,44 2,35 2,54 < 0,001
Insonia
Não 12,8 12,3 13,3 1,00
Sim 27,6 26,8 28,4 2,60 2,48 2,72 < 0,001
Amigos
1 ou mais 14,2 13,3 15,2 1,00
Não tenho 20,8 19,6 22,0 1,59 1,47 1,71 < 0,001
Sofrer Bullying
Não 13,2 12,6 13,9 1,00
Sim 30,1 29,1 31,1 2,82 2,68 2,98 < 0,001
1293
Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1287-1298, 2019
Tabela 5. Fatores associados de ser agredido por familiar e Analise multivariada, (OR ajustado) em escolares do
Nono ano, Ensino Fundamental, Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, 2015.
Variável OR IC (95%) p
Inferior Superior
Idade
< 13 1,04 0,74 1,47 0,811
13 1,00
14 0,82 0,77 0,88 < 0,001
15 0,80 0,74 0,86 < 0,001
16 e mais 0,73 0,67 0,79 < 0,001
Sexo
Masculino 0,94 0,90 0,99 0,011
Feminino 1,00
Raça
Branca 1,00
Preta 1,12 1,04 1,21 0,002
Amarela 1,21 1,09 1,35 < 0,001
Parda 1,08 1,02 1,13 0,005
Indígena 1,09 0,96 1,23 0,183
Escola
Pública 1,00
Privada 1,13 1,05 1,20 < 0,001
Escolaridade da mãe
Sem escolaridade 1,41 1,29 1,55 < 0,001
Primário 1,13 1,06 1,21 < 0,001
Secundário 1,13 1,06 1,20 < 0,001
Superior 1,00
Morar com mão e ou pai
Não 1,00
Sim 1,15 1,04 1,27 0,007
Trabalha atualmente
Não 1,00
Sim 2,10 1,78 2,47 < 0,001
Remuneração pelo trabalho
Não 1,00
Sim 0,57 0,48 0,68 < 0,001
Sentir-se solitário
Não 1,00
Sim 1,41 1,33 1,49 < 0,001
Insonia
Não 1,00
Sim 1,49 1,40 1,59 < 0,001
Supervisão familiar
Não 1,00
Sim 0,65 0,62 0,68 < 0,001
Faltar às aulas
Não 1,00
Sim 1,43 1,36 1,50 < 0,001
Tabaco regular
Não 1,00
Sim 1,23 1,12 1,34 < 0,001
continua
1294
Malta DC et al.
Discussão
Um em cada sete escolares refere ter sofrido
agressão física perpetrada por adultos da família.
Maior chance de relato de episódios de agressão
foi encontrada entre as meninas e aqueles com
13 anos; no grupo que se autorreferiu de raça/cor
preta, amarela, parda; entre aqueles matriculados
na escola privada; inseridos na força de trabalho
e filhos de mães com menor escolaridade. Fatores
relacionais tanto na vida intrafamiliar quanto na
escolar aumentaram a chance do evento.
Os resultados da PeNSE sobre agressão de
familiares reforçam as decisões das agências e
dos governos em considerar o tema como pro-
blema de saúde pública1. Por tratar-se de evento
de ocorrência no espaço privado dos lares, onde
se espera proteção e cuidado, confere maior vul-
nerabilidade às suas vítimas, as quais tem raro
poder de contestação e denúncia12,13.
Destaca-se a maior ocorrência de violência
contra meninas e adolescentes mais jovens, tam-
bém justificado por situações de autoritarismo,
dominação e opressão, replicando situações de
opressão em populações mais vulneráveis. Auto-
res têm atribuído aspectos culturais que reforçam
uma visão masculina da sociedade, aplicando
atitudes violentas de forma mais intensa contra
meninas e crianças mais jovens12-14. Violências e
agressões praticadas no âmbito familiar podem
Variável OR IC (95%) p
Inferior Superior
Álcool regular
Não 1,00
Sim 1,49 1,41 1,57 < 0,001
Drogas experimentação
Não 1,00
Sim 1,24 1,15 1,33 < 0,001
Relação sexual
Não 1,00
Sim 1,40 1,33 1,48 < 0,001
Pais entendem seus problemas
Não (Nunca, raramente, as vezes) 1,71 1,63 1,80 < 0,001
Sim - (na maior parte e sempre) 1,00
Pais mexem nas suas coisas
Não (Nunca, raramente, as vezes) 1,00
Sim - (na maior parte e sempre) 1,80 1,70 1,91 < 0,001
Esteve com pessoas que fumaram na sua
presença
Não 1,00
Sim 1,24 1,18 1,30 < 0,001
Pais ou responsáveis fumantes
Não 1,00
Sim 1,09 1,04 1,15 0,001
Sofrer Bullying
Não 1,00
Sim 2,14 2,00 2,30 < 0,001
Faz refeição com responsável
Não 1,29 1,18 1,41 < 0,001
2 vezes ou menos semanais 1,17 1,11 1,24 < 0,001
3 a 4 vezes semanais 1,25 1,13 1,39 < 0,001
5 ou mais vezes semanais 1,00
Tabela 5. Fatores associados de ser agredido por familiar e Analise multivariada, (OR ajustado) em escolares do
Nono ano, Ensino Fundamental, Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, 2015.
1295
Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1287-1298, 2019
prejudicar o bem estar, a integridade física ou
psicológica, a liberdade e o direito ao pleno de-
senvolvimento dessa população1,13.
A associação de “bullying” e práticas de agres-
são familiar têm sido descrita na literatura, con-
firmando os achados do estudo. Em geral pais
agressores têm histórico de exposição a maus tra-
tos na infância, com mais possibilidade de dese-
quilíbrio emocional e problemas na constituição
de vínculos afetivos15. Autores descrevem ainda
que diferentes tipos de experiência de maus tra-
tos durante a infância foram considerados fatores
de risco para a ocorrência de violência interpes-
soal na adolescência15,16.
Tanto a menor escolaridade da mãe quanto
o relato de trabalho precoce foram associados a
maior chance violência, sendo convergente com a
literatura17-19. Quanto ao último, está entrelaçado
às dinâmicas sociais. Segundo dados da PNAD,
quanto mais precocemente o indivíduo se inse-
re na força de trabalho menor será o salário na
fase adulta da vida, provavelmente, devido à di-
minuição dos anos de escolaridade “perdidos”,
por ter se inserido antes do tempo na força de
trabalho20. Indivíduos menos escolarizados estão
menos equipados para a elaboração de respostas
positivas de enfrentamento às tensões e adversi-
dades, com maior chance de exposição à escala-
da de episódios agressivos. Esperam-se padrões
inadaptados de interação afetiva na vida adulta
em resposta a situações de violência intrafamiliar.
De acordo com a teoria do vínculo afetivo, abu-
sos e agressões ocorridas no seio familiar ou no
seu entorno prejudicam o equilíbrio emocional,
bem como empalidecem a imagem de si mesmo,
e geram modelos de adaptação desajustados21.
Tem-se um ciclo geracional de baixa escolaridade
da mãe, baixa renda, parcos dispositivos emocio-
nais, situações de violência na família, fragilidade
na constituição dos vínculos afetivos, problemas
na escola e na sociedade e baixa escolaridade das
novas gerações. O que se torna consistente com
os achados do atual estudo.
A vulnerabilidade social talvez esteja expondo
os adolescentes a uma dinâmica em que o patri-
mônio cultural desvantajoso estaria na origem de
estratégias negativas de enfrentamento da situa-
ção de pobreza (os relatos foram associados à in-
serção dos adolescentes na força de trabalho, que
é uma manifestação de precariedade de renda)20.
Precárias condições de vida, geralmente atreladas
à privação emocional, aumentam as chances de
desequilíbrios na esfera das relações interpessoais
de maneira a potencializar a escalada de eventos
até culminar em atos de agressão física21. Contu-
do, não é possível aprofundar esse sistema de hi-
póteses, ainda que calcado na literatura, porque
a PeNSE é um estudo transversal. Ainda assim,
as evidências são fortes, pois indicam a dupla ex-
posição dos adolescentes às situações de violên-
cia: em casa e na escola (se considerada a maior
chance do evento no grupo que relatou sofrer
bullyng)22.
Dados não mostrados, identificaram inte-
ração negativa entre idade e trabalho, ou seja,
adolescentes trabalhadores com 13 anos e menos
sofreram agressão de familiares. Em idades de 14
anos e mais, a associação com agressão familiar
desapareceu, assim como receber remuneração
pelo trabalho, mostrou-se protetor. Como inter-
pretar o efeito protetor do exercício do trabalho
infanto-juvenil remunerado? É possível que ou-
tras garantias estejam atreladas à remuneração
das crianças e adolescentes quando trabalham. Se
for assim, apesar dos malefícios, o exercício do
trabalho precoce quando remunerado, talvez es-
teja contribuindo para a integração das crianças
e adolescentes na comunidade e família, o que já
foi identificado como fator de proteção contra
episódios violentos em grupos infanto-juvenis
expostos ao trabalho doméstico ou em situação
de rua23.
Estudar na escola privada esteve associado
com maior chance de sofrer violência. Esse resul-
tado merece aprofundamento em futuros estudos
porque, à primeira vista, são esperadas melhores
condições econômicas, potencialmente favore-
cedoras de vida intrafamiliar mais equilibrada,
entre aqueles que estudam na escola privada O
estudo destaca o papel da família e diversos in-
dicadores retrataram a existência de um panora-
ma de riscos para a agressão física intrafamiliar.
Nesse caso, a chance de o evento se manifestar é
plausível somente nos casos em que houver con-
vívio intrafamiliar, ou morar com os pais. A falta
às aulas sem o conhecimento desse ato pelos pais
aumentou a chance de relato de agressão física,
sendo convergente com a literatura16,17,19.
Relato de presenciar o ato tabagista (dos
pais ou outros) aumentou a chance do relato
do evento em tela. Além de expor as crianças e
adolescentes ao fumo passivo e doenças tabaco
relacionadas24, esse comportamento é indutor da
construção de crenças relacionadas a aceitação
do hábito tabagista e de outros comportamentos
nocivos, haja vista o peso da representação que
os filhos constroem baseando-se naquilo que foi
(re)produzido pelos pais25. O convívio durante
o período destinado às refeições seria proxy da
conduta de acompanhamento dos filhos pelos
1296
Malta DC et al.
pais17,19,25. implicando em menor chance de relato
de agressão.
Dois indicadores foram pela primeira vez
analisados com a nova composição do questioná-
rio da PeNSE 2015: intromissão dos pais na vida
privada dos adolescentes (mexer nos seus objetos)
e falta de compreensão dos pais diante dos seus
problemas8. O direito à intimidade das crianças
e adolescentes está assegurado pela Organização
das Nações Unidas26 e pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA)27, que menciona respeito
e privacidade, além da preservação dos espaços
e objetos pessoais, imagem, identidade, autono-
mia, valores e crenças28. Quanto à compreensão,
apoio e diálogo entre os membros da família é
considerado fator essencial para aumentar a co-
esão que é protetora contra eventos agressivos
intrafamiliares29. Contar com pais que acompa-
nham, monitoram as atividades escolares, dão
conta do seu paradeiro e respeitam o seu “mun-
do” interno e objetos concretos foram protetores
do relato de episódios agressivos intrafamiliares.
Esse comportamento protetor da família já foi
descrito como associado à redução de riscos de
uso de substâncias17,19,25 e também mostrou-se
protetor de agressão física, no presente estudo.
A agressão intrafamiliar aumenta a sensa-
ção de insegurança, que, ao gerar tensões inter-
nas30,31, explicaria a construção de estratégias de
enfrentamento negativas como maior consumo
de drogas e substâncias por parte dos adolescen-
tes10,30,32. Relato de episódios de agressão física foi
associado ao uso de substâncias pelos adolescen-
tes. Observam-se, em escala multidimensional,
os efeitos dessa rede intricada em que contexto
socioeconômico, por diferentes vias, influenciam
processos internos, que são a base da construção
de modelos adaptativos, que por sua vez influen-
ciam enfrentamentos negativos diante de carên-
cias e outros tipos de constrangimentos21.
Há evidências de maior prevalência de de-
pressão, uso de substâncias, sentimentos de soli-
dão, insônia e isolamento, nas vítimas da violên-
cia doméstica33, o que é convergente aos resulta-
dos que foram apresentados.
Para enfrentar a violência doméstica e pre-
venir seus diversos danos, além de encarar o
problema na esfera legal, está indicada uma
mudança de paradigma em direção ao estatuto
de cidadão a ser conferido aos indivíduos nessa
etapa do ciclo vital28. O Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) versa sobre o direito à prote-
ção contra a violência física no contexto familiar,
ordenando a proteção de crianças e adolescente
contra qualquer ato de negligência, exploração
ou violência. Dentre as medidas a serem adota-
das pelos serviços de proteção infanto-juvenil,
está o diálogo, o contato com a família e a bus-
ca pela reconstituição das relações familiares28,34.
A legislação e a normatização para proteção das
crianças e adolescentes contra toda forma de vio-
lência não é escassa, mas já foram identificadas
barreiras no fluxo intersetorial para atendimento
e acompanhamento dos casos, a fim de evitar se-
quelas psicossociais35. Os resultados apresentados
suscitam ações para fortalecer a cooperação dos
atores e das agências públicas implicadas na ga-
rantia das leis e na execução dos programas de
apoio aos grupos mais vulneráveis.
Além do trabalho com as famílias, é funda-
mental a criação de espaços para a participação
juvenil. Ouvir a opinião de adolescentes sobre
seus direitos e percepção que eles carreiam sobre
o próprio cotidiano pode ser incluída nas inter-
venções que buscam a promoção do protagonis-
mo juvenil, com repercussões positivas sobre a
prevenção de atos agressivos36.
A principal limitação do presente estudo de-
ve-se ao desenho de corte transversal, não po-
dendo ser estabelecida relação causal entre os
hábitos, os comportamentos e os problemas com
a violência parenteral. Alguns fatores podem ter
antecedido o evento, como consumo de álcool,
tabaco, drogas e relação sexual precoce. O dese-
nho do estudo atual mede simultaneamente a ex-
posição e os possíveis efeitos, de maneira que os
resultados devem ser interpretados com cautela.
Ainda assim, sugere-se encará-los como predi-
tores do evento e aprofundar a problemática em
futuros estudos. A pergunta utilizada no questio-
nário refere-se à agressão praticada por adulto da
família, não sendo possível afirmar sobre os per-
petradores12,13. Vale ainda mencionar a limitação
decorrente da característica da amostra que se
refere aos escolares, sem que tenham sido abor-
dados dessa feita aqueles que estão fora da escola.
Conclusão
O estudo analisou dados da pesquisa mais com-
pleta no país junto aos escolares, permitindo es-
tabelecer prevalências populacionais, monitorar
os eventos de interesse e, neste caso, concluir pelo
aumento da prevalência de agressão por fami-
liares em 36%. Conclui-se pela associação entre
violência e gênero, com maior vitimização das
meninas e também entre os adolescentes mais
jovens (13 anos). Contextos sociais desfavoráveis
aumentaram a violência, como escolares inseri-
1297
Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1287-1298, 2019
dos na força de trabalho e filhos de mães com
menor escolaridade. Sofrer agressão aumentou a
chance do consumo de substâncias, além de as-
pectos relacionados ao sofrimento mental, como
insônia e solidão. Fatores relacionais, tanto na
vida intrafamiliar quanto na escolar, aumenta-
ram a chance do evento.
A rede de relações estabelecidas na estrutu-
ra familiar é influenciada pelo contexto socioe-
conômico e pelas características de cada um dos
seus membros, bem como da estrutura que se
articula entre eles. A proteção afetiva por ela as-
segurada, por um lado, é a base para a construção
de laços emocionais e desenvolvimento do indi-
víduo. Contudo, tensões entre os seus membros,
influenciadas tanto por fatores externos quanto
internos aos indivíduos, podem se transformar
em fatores de risco para o desenvolvimento de
crianças e adolescentes.
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Colaboradores
DC Malta trabalhou na concepção do estudo, na
análise e interpretação dos dados, revisão de li-
teratura, trabalhou na sua revisão crítica e apro-
vou a versão a ser publicada. RR Prado, realizou
análise dos dados, interpretação dos dados, revi-
são final do texto. JT Antunes, AA Assunção, MI
Freitas, contribuíram com análise crítica, revisão
final do texto. Todos os autores aprovaram sua
versão final.
Agradecimento
Os autores agradecem ao Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde, pelo financia-
mento por meio de TED.
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Malta DC et al.
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Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons
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cias de adolescentes acerca dos direitos ao respeito e
privacidade e à proteção contra a violência física no
âmbito familiar. Revista Psicologia & Sociedade 2014;
26(2):397-409.
Artigo apresentado em 05/03/2017
Aprovado em 18/04/2017
Versão final apresentada em 10/07/2017
... Research on children's exposure to domestic violence confirms the negative impact of this experience on their overall adjustment , with signs and symptoms manifesting through emotional, cognitive, physiological, behavioral, and social problems of different severity, in the short, medium or long term (Almeida et al. 2022;Artz et al. 2014). Over time, it has been proven that victimization due to exposure to domestic violence is a risk factor for the development of internalizing and/or externalizing problems (Malta et al. 2019;Sani 2006), such as depressive symptoms (Lv and Li 2023;Sá et al. 2009;Ximenes et al. 2009), a lack of self-control, impulsive behaviors (Barboza and Dominguez 2017;Pesce 2009) or substance use (Maia and Barreto 2012;Malta et al. 2019). For example, internalizing problems can develop up to 10 years after experiencing violence (Vu et al. 2016). ...
... Research on children's exposure to domestic violence confirms the negative impact of this experience on their overall adjustment , with signs and symptoms manifesting through emotional, cognitive, physiological, behavioral, and social problems of different severity, in the short, medium or long term (Almeida et al. 2022;Artz et al. 2014). Over time, it has been proven that victimization due to exposure to domestic violence is a risk factor for the development of internalizing and/or externalizing problems (Malta et al. 2019;Sani 2006), such as depressive symptoms (Lv and Li 2023;Sá et al. 2009;Ximenes et al. 2009), a lack of self-control, impulsive behaviors (Barboza and Dominguez 2017;Pesce 2009) or substance use (Maia and Barreto 2012;Malta et al. 2019). For example, internalizing problems can develop up to 10 years after experiencing violence (Vu et al. 2016). ...
... A child exposed to situations of domestic violence experiences various concurrent forms of victimization (Shlonsky and Friend 2007) and their impacts are identifiable markers of their exposure . A child in the context of domestic violence is more likely to be exposed to, or be the direct target of, additional forms of victimization (Hanson et al. 2006;Malta et al. 2019;Sani et al. 2021). However, there is limited recognition of the impact of violence on children's well-being, with an urgent need to consider the impact of violence on children . ...
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Background: Risk assessment is the process of collecting information towards the goal of protecting the physical and psychological integrity of the victim, taking into account factors associated with violence to assess the severity of violence, protect victims, and prevent recidivism. This type of risk assessment is commonly used in situations of domestic violence and needs to be adjusted for the contexts of child and adolescent victimization. Objective: Resources and standardized criteria to guide a child-centered domestic violence victimization risk assessment are lacking. This systematic review aimed to evaluate the instruments, risk factors and outcomes identified in the literature for situations of domestic violence involving children. Methods: Following the PRISMA protocol, 313 articles from the EBSCO, Web of Science and PubMed databases were screened and 13 were identified for analysis. Results: An analysis of the characteristics of some instruments created to assess the impact of domestic violence involving children shows that caregivers' risk factors are strong predictors of child abuse, highlighting the interrelationship with other factors, as well as warning about the cumulative risk, including child homicide. Conclusions: The literature confirms the importance of family system factors regarding the risk of the mistreatment of children in situations of domestic violence. Risk assessment must cater to the needs and specificities of individual children.
... Os achados deste estudo sobre a experimentação do álcool pelos adolescentes no Brasil foram semelhantes aos encontrados em estudos nacionais de desenho transversal (7,8). Os resultados deste estudo sobre a experimentação do álcool foram maiores que os evidenciados em outros países, estudo Global School-Based Student Health Survey (GSHS), incluindo indivíduos jovens de 12 a 15 anos das regiões que integram a Organização Mundial de | Universitas Médica | V. 65 | Enero-Diciembre | 2024 | 7 Saúde (África, Américas, Europa, Mediterrâneo oriental, Pacífico ocidental e sudeste asiático), foi encontrada prevalência de uso de álcool nos últimos 30 dias de 15,7% (12,(3)(4)(5)(6)(7)(8)(9)(10)(11)(12)(13)(14)(15)(16)(17)(18)(19)5) (9). ...
... Os achados deste estudo sobre a experimentação do álcool pelos adolescentes no Brasil foram semelhantes aos encontrados em estudos nacionais de desenho transversal (7,8). Os resultados deste estudo sobre a experimentação do álcool foram maiores que os evidenciados em outros países, estudo Global School-Based Student Health Survey (GSHS), incluindo indivíduos jovens de 12 a 15 anos das regiões que integram a Organização Mundial de | Universitas Médica | V. 65 | Enero-Diciembre | 2024 | 7 Saúde (África, Américas, Europa, Mediterrâneo oriental, Pacífico ocidental e sudeste asiático), foi encontrada prevalência de uso de álcool nos últimos 30 dias de 15,7% (12,(3)(4)(5)(6)(7)(8)(9)(10)(11)(12)(13)(14)(15)(16)(17)(18)(19)5) (9). ...
... Relacionado aos atributos familiares, estudos mostram que aqueles adolescentes que referiram faltar às aulas sem comunicar o fato aos seus pais sofreram agressões físicas e psicológicas com mais frequência (12). Escolares que relataram solidão também experimentaram álcool com maior frequência. ...
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Introdução: A experimentação de bebida alcoólica pelos jovens brasileiros, além de prejudicar o desenvolvimento cerebral, também interfere nos aspectos psicológicos, interferindo na sua qualidade de vida e prejudicando seu desenvolvimento escolar. Objetivo: avaliar a experimentação do álcool e os fatores associados entre os adolescentes brasileiros. Método: Trata se de um estudo transversal, realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar em 2019, com uma amostra de 159.245 adolescentes brasileiros. Foram ajustadas razões de prevalências entre variável experimentação de álcool e fatores de risco, estimadas pelos modelos de regressão de Poisson múltipla hierarquizados em blocos com variância robusta, ponderadas pelos pesos amostrais. Resultados: A prevalência ajustada da experimentação do álcool ponderada e intervalo de confiança de 95% da experimentação do álcool foi de 63,45% (IC95%: 62,88-64,02). As razões de prevalência ajustadas com as variáveis sociodemográficas, familiares, saúde mental, comportamento e hábitos de vida, todas apresentaram associação com a experimentação do álcool. As variáveis comportamento e hábitos de vida apresentaram as maiores razões de prevalências para a experimentação de drogas ilícitas (1,25) e relação sexual (1,50) e permaneceram associadas no modelo final, a maioria dos fatores dos blocos considerados, com significância estatística (p < 0,001). Conclusões: A prevalência entre os adolescentes brasileiros evidenciou-se elevada e associada aos fatores de riscos do estudo. A ocorrência desse fenômeno, que interfere no desenvolvimento físico e mental dos adolescentes, requer novos direcionamentos em políticas públicas.
... Early exposure to work can be determining in maintaining socioeconomic vulnerability, as it reduces the opportunity to attend school and remain in it, consequently contributing to lower wages in adult life, in addition to reducing the ability to positively respond to problems and cope with adversities in adult life 13,14 . Furthermore, child labor places adolescents in an environment full of adults, exposing them to habits that are incompatible with their age group and which contributes to a phenomenon known as "child adultization", which can lead to early maturation and adoption of unhealthy habits 15,16 . ...
... The main limitation of this study is that PeNSE investigates only students regularly enrolled and attending public and private schools in Brazil, leaving out those who do not have this educational bond 13,37 , which, in general, are still more vulnerable and may be framed in child labor as well. Despite this, PeNSE remains representative of the school population in the country, being an important component for the health surveillance system for Brazilian adolescents 37 . ...
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Objective To analyze the sociodemographic profile of adolescents working in Brazil and the association of child labor with risk and protection factors for Chronic Noncommunicable Diseases. Methods Cross-sectional study with data from sample 2 of the 2015 National School Health Survey (PeNSE). The variables gender, age, ethnicity/skin color, administrative dependence on school and maternal education, eating habits, physical activity and drug use were analyzed by prevalence and respective 95% confidence intervals (95%CI) and calculation of crude and adjusted Odds Ratio. Results A total of 10,926 students participated in the survey, of which 16.9% (95%CI 15.1–18.9) were currently working/employed. Child labor was higher among male adolescents (ORa: 1.82; 95%CI 1.55–2.15); aged between 16 and 17 years (ORa: 2.96; 95%CI 2.37–3.69); enrolled in public schools (ORa: 1.69; 95%CI 1.14–2.52); whose mothers had incomplete high school (ORa: 1.54; 95%CI 1.11–2.13); living in the South region of the country (ORa: 2.17; 95%CI 1.60–2.94). Adolescents who worked were more likely to smoke (ORa: 1.94; 95%CI 1.52–2.48); use alcohol (ORa: 2.01; 95%CI 1.71–2.36) and drugs (ORa: 1.76; 95%CI 1.35–2.31); perform physical activity (ORa: 1.24; 95%CI 1.07–1.44); consume sweets (ORa: 1.30; 95%CI 1.13–1.49), fried snacks (ORa: 1.41; 95%CI 1.15–1.74), and soft drinks (ORa: 1.23; 95%CI 1.06–1.44); however, they were less likely to present sedentary behavior (ORa: 0.68; 95%CI 0.59–0.79). Conclusion Child labor in Brazil is related to sociodemographic differences. Those who worked were more likely to show risk behaviors for NCDs, but they were more physically active. Keywords: Child labor; Teenagers; Chronic non-communicable diseases; Risk factors; Protective factors
... Essa agressividade e rebeldia dos adolescentes pode ser resultado de um ambiente familiar violento, expressado como cópia ou mecanismo de defesa (Wang, 2019;Abdullaevna, 2021). Um estudo realizado no Brasil evidencia que adolescentes vítimas de violência física têm maior chance para comportamentos de risco como hábitos tabágicos, uso de drogas, e início precoce da actividade sexual, comparando com as adolescentes que vivenciaram esse tipo de maustratos (Antunes et al., 2019). ...
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Besides the relationship with each other, forms of abuse are risk factors for the use of alcoholic beverages, early initiation of sexual activity, and early pregnancy. There are still gaps in the literature regarding maltreatment events in specific groups. This study aims to identify the relationship between physical violence and other forms of mistreatment in Malanje municipality pregnant teenagers from August 2nd to October 5th, 2022. It is quantitative survey of 137 participants in a single-stage cluster. Descriptive statistics, Pearson's chi-square test or Fisher's exact test, and multivariate analysis by logistic regression were applied at a 0.05 significance level. As results, the study demonstrates that pregnant adolescents living in rural areas were 5.38 times more likely to suffer physical violence than those from urban/ peri-urban areas. The experience of physical violence by study participants was associated with corporal punishment (AOR= 4.35; 95% CI. 1.86-10.18) and severe physical violence (AOR= 4.95; 95% CI. 1.24-19.80). No significant association was found between physical violence and psychological aggression (AOR= 1.81; 95% CI. 0.55-5.96). In conclusion, pregnant teenagers who are victims of non-violent abuse are equally vulnerable to violent acts. A permanent dialogue with families to promote violence-free education is needed, especially in more disadvantaged areas. Future studies should further explore geographic issues to generate more assertive strategies.
... A valorização do desporto e das atividades físicas, que varia culturalmente, pode servir como potenciais barreiras ou facilitadores para esse indicador.(54) apenas as transformações biológicas, mas também as influências ambientais e sociais que moldam a experiência adolescente.(6,57) Ao abordar integralmente esses aspectos, é possível desenvolver estratégias mais eficazes para promover a saúde mental e o bem-estar durante essa fase crucial do desenvolvimento.(58) ...
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Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns elementos relacionados à Atividade Física e a Saúde Mental em Adolescentes, visto ser um tema que tem levantado ampla discussão nos anos pós-pandemia. A literatura visitada além de conceituar o problema da sintomatologia em Saúde Mental também reforça a importância da prática de atividades físicas no ambiente escolar, sobretudo por meio das aulas de Educação Física e atividades esportivas. Verifica-se que a prática de Atividade Física em adolescentes se apresenta como um dos elementos fundamentais para atenuar os efeitos da sintomatologia de ansiedade e depressão e demais problemas relacionados à saúde mental em adolescentes
... Dados de pesquisa apontam que episódios de agressão familiar apresentam associação com o uso de substâncias por adolescentes (22) . Outros pesquisadores alertam sobre a ocorrência da violência intrafamiliar, pois considera-se que os adolescentes se tornam ainda mais expostos a situações de vulnerabilidade (14,18) . ...
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Objetivo: investigar a associação entre relações familiares e o uso de substâncias psicoativas por estudantes do ensino fundamental. Metodologia: estudo transversal, com 271 estudantes de escolas públicas municipais. Para a coleta dos dados, utilizou-se o questionário Teen Addiction Severity Index, que contém informações sobre dados sociodemográficos, uso de substâncias psicoativas, situação de moradia, familiares com quem reside, incômodos familiares, conflitos familiares, agressão em família, confiança nos pais, atividades em família, sendo os dados analisados por meio dos testes de Quiquadrado, Qui-quadrado de Pearson bilateral, e estimativa de razão de chances comum de Mantel-Haenszel. Resultados: houve associação entre o uso de substâncias psicoativas por estudantes e a situação de moradia, satisfação relacionada à situação de moradia, agressão por familiares, e incômodos familiares. Conclusão: houve associação entre relações familiares e uso de substâncias psicoativas por estudantes do ensino fundamental, devendo-se levar em consideração tais relações no desenvolvimento de ações de prevenção e cuidado no que tange ao uso de substâncias psicoativas por esse grupo.
... Os 12 temas das sessões foram escolhidos com base nos tipos de agressão mais salientes na literatura e nas pesquisas de intervenção anteriores (Buss & Perry, 1992;Dutra et al., 2017;Malta et al., 2019). Esses temas foram: raiva, hostilidade, agressão verbal, agressão física, bullying, agressão intrafamiliar, agressão contra a mulher, agressão racista, agressão a idosos, agressão ao meio ambiente, agressão intergrupal e, no último encontro, uma revisão desses temas. ...
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Considering the high levels of aggression in the educational field, research with a quasi-experimental design was conducted, comparing the results of two intervention strategies to verify which is the most effective for reducing aggressive behavior in childhood. Thirty-six students from the 4th grade of the elementary school participated and were divided into three groups, two experimental ones (affective-discursive and informative-discursive groups) and a control one, evaluated at a pre-test, post-test, and follow-up moments, through the Buss and Perry Aggression Questionnaire and the Bryant Empathy Scale. Data were analyzed using non-parametric statistics. Overall, the results indicated that the two strategies evaluated are effective in reducing childhood aggressive behavior.
... al., 2017); Sofrer violência doméstica: vítima de bullying (Mello et al., 2016;Silva et. al., 2018;Malta et al., 2019b); Agressão familiar (Malta et al., 2019a), violência familiar (Rodríguez et al., 2018), violência doméstica (Foshee et. al., 2016), testemunhar violência entre pai e mãe (Wandera et. ...
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O envolvimento com o bullying escolar pode relacionar-se ao amplo contexto desenvolvimental do indivíduo, incluindo a família. Esta revisão sistemática objetivou identificar a produção científica nacional e internacional entre 2015 e 2019 sobre a relação entre bullying escolar e família. Os artigos foram coletados nas bases de dados LILACS, PubMed, PsycInfo e ERIC, a partir dos descritores “bullying AND família”, nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram analisados 48 artigos empíricos. Eles foram apresentados quanto à forma de relação entre família e bullying e situados como fatores de proteção ou risco aos escolares. Os resultados foram submetidos à análise temática, embasada na teoria sistêmica bioecológica. Identifi cou-se que o contexto familiar tem sido associado ao envolvimento em situações de bullying escolar, enquanto fator de proteção, mas principalmente de risco para a prática ou vitimização por bullying. Esta revisão auxilia na interpretação desta relação, indicando lacunas e possibilidades para pesquisas futuras.
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Objetivo: Verificar a associação entre violência familiar infantojuvenil e a zona em que os escolares estudam. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com escolares matriculados no 6º ano do Ensino Fundamental vinculados a escolas públicas da zona urbana e rural de Chaval – Ceará. A coleta de dados ocorreu de janeiro a fevereiro de 2019 por meio da aplicação da escala S.A.N.I. Resultados: A amostra foi composta por 117 escolares, sendo 52,1% do sexo masculino e a média de idade foi de 10,9 anos. Houve diferença significativa (p ≤ 0,05) na relação entre a pontuação na escala SANI e as zonas urbana e rural. Conclusão: Foi comprovada nesta pesquisa que as maiores percepções foram de escolares da zona urbana e em contraponto, todos os participantes selecionados por pontuar zero na escala SANI eram matriculados na zona rural.
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Estudos que abordam maus-tratos na infância e adolescência se tornaram relevantes durante os últimos anos dada as evidências das repercussões danosas na esfera psicológica de suas vítimas. O presente artigo tem por finalidade investigar os impactos da violência no desenvolvimento da inteligência de crianças e adolescentes expostos à situações de violência. A pesquisa consiste em uma revisão sistemática da literatura de abordagem qualitativa descritiva e exploratória, realizando um percurso investigando na literatura variáveis como aspectos sociodemográficos de crianças e adultos com e sem violência, seguido por traços da personalidade de crianças e adultos com e sem violência, assim como, a percepção das emoções faciais das crianças com e sem violência, e por fim, o desenvolvimento cognitivo de crianças com e sem violência. Para o levantamento de artigos na literatura, foram consultadas as seguintes bases de dados, Scielo, PePsic e Portal Regional da BVS. Os resultados encontrados afirmam que crianças que tem oportunidade de crescerem com educação de qualidade, junto de famílias emocionalmente equilibradas, tendem a ter menor incidência para comportamentos violentos, prejuízos cognitivos e de transtornos de personalidade. Conclui-se que a exposição a violência em crianças e adolescentes apresenta desregulação emocional na infância e estende-se até a idade adulta.
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Cada vez resulta más frecuente encontrar en la clínica trastornos psiquiátricos asociados al consumo de drogas. Además, la evolución de la realidad asistencial no deja lugar a dudas: lo que hace unos años era una prospección de futuro que a todos nos preocupaba hoy se ha convertido – y con todas las consecuencias – en el día a día. La comorbilidad psiquiátrica es más frecuente en adictos que en la población general. El consumo de alcohol por parte de los cocainómanos, y viceversa, es muy frecuente lo cual supone un riesgo aún mayor para la salud y un aumento de la comorbilidad psiquiátrica. De los datos epidemiológicos y toxicológicos, se ha sugerido que la combinación de alcohol y cocaína produce una toxicidad aumentada además de cambios conductuales. El presente trabajo consta de 2 bloques fundamentalmente, una referida a la clínica y psicopatología del consumo del alcohol y la cocaína, (Aunque son bastante bien conocidos los trastornos psíquicos asociados al alcoholismo puro, resultan menos conocidos los –por ejemplo- derivados de un alcoholismo secundario o sobreañadido al consumo de otras sustancias), y la otra a su abordaje terapéutico desde diversos frentes. ABSTRACT Every time it turns out to be more frequent to find in the clinic psychiatric disorders associated with the consumption of drugs. Besides, the evolution of the assistance reality does not give rise to doubts: whatever a few years ago was an exploration of future we all worried about, today it has turned - and with all its consequences - into an everyday matter. The psychiatric comorbidity is more frequent in addicts than in the general population.The consumption of alcohol on the part of cocaine addicts, and inversely, is very frequent, which supposes a still bigger health hazard and an increase on the psychiatric comorbidity. From the epidemiological and toxicological information, it has been suggested that the combination of alcohol and cocaine produces an increased toxicity, in addition to behavioural changes.The present discourse consists basically of 2 blocks, one referring to clinical and psychopathology of the consumption of alcohol and cocaine, (even though psychic disorders associated with pure alcoholism are very well-known, they turn out to be less known - for example – those derived from a secondary alcoholism or added to the consumption of other substances), and another one about the therapeutic approach from several fronts.
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O artigo apresenta o processo de construção do Índice de Enfrentamento de Violência Intrafamiliar (IEVI), cujo objetivo é avaliar estratégias da gestão municipal em face dessa violação de direitos infantojuvenis. Sua formulação envolveu análise preliminar de indicadores de estudos anteriores e técnica grupo nominal com especialistas. Foram selecionados quatro indicadores: existência de Plano Municipal de Enfrentamento das Violências contra Crianças e Adolescentes; existência de fluxo intersetorial para atendimento e acompanhamento de crianças e adolescentes em situação de violência intrafamiliar e suas famílias; taxa de Conselhos Tutelares por habitantes do município; e existência, nas redes municipais de educação, assistência social e saúde, de instrumentos padronizados para notificação/comunicação das situações de violência contra crianças e adolescentes. Com base em banco de dados de estudo anterior, foi realizado o exercício de aplicação em quatro capitais brasileiras. O IEVI constitui uma ferramenta para monitorar e mobilizar esforços para a implantação de ações de enfrentamento da violência.
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O objetivo deste estudo foi investigar a opinião e a vivência de adolescentes acerca dos direitos ao respeito e privacidade, e à proteção contra a violência física no âmbito familiar. Participaram 50 adolescentes de 12 a 18 anos (M=14,46, SD=1,38) da Região Metropolitana de Porto Alegre. Foram utilizados o Inventário de Autorrelato sobre a Situação dos Direitos e o Questionário sobre Conhecimento em Direitos. Do total, 32,7% relataram violação do direito ao respeito e privacidade, e 50% à proteção contra violência física. Não houve diferença significativa entre o grupo que sofreu muitas violações de direitos e o que sofreu poucas em relação à opinião sobre estes direitos específicos, entretanto, o grupo que sofreu tais violações apoiou mais a garantia destes direitos. Estes resultados indicam a importância de espaços de participação e discussão acerca das concepções de adolescentes sobre seus direitos.
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Children all over the world experience physical, emotional and sexual violence. Children leaving home for street or domestic work are especially vulnerable. Strategies for facilitating reintegration for these children are advocated, but enough is still not known about the outcome of such reintegration in terms of violence and abuse. The study aimed at examining the extent of violence against children who have left home in Kagera Region, Tanzania as well as in different stages of their trajectory of life, i.e. before leaving home, on the street, as domestic workers, and after reintegration. A cross-sectional study was conducted with 214 participants aged 13–24, who had earlier left their homes and had now been reintegrated into the local community for at least one year. The study also examined the residual violence still taking place after reintegration and its potential impact on their psychological quality of life. This study, first of its kind in the country measuring level of violence for children who have left home as well as after reintegration, offered a unique opportunity to compare level of violence with other nationally conducted studies on violence against children recruited from the home setting. The result showed a significantly higher overall prevalence of violence against the children who left home compared to the national average. After reintegration, the overall prevalence of violence had declined significantly (p-value < 0.001) and to the same level as the national average, showing that reintegration can be successful.
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Objective: To evaluate the association between the consumption of psychoactive substances (tobacco, alcohol and illicit drugs) and demographic variables, mental health and family context among school-aged children. Methods: The National Adolescent School-based Health Survey was held with a national sample of 109,104 students. Data regarding demographic variables, family background and mental health were collected. Logistic regression was used to evaluate the associations of interest. Results: Multivariate analyses showed that alcohol consumption was higher among girls, drug experimentation was more frequent among boys and that there was no difference between sexes for smoking. Being younger and mulatto were negatively associated with the use of tobacco, alcohol and illicit drugs. Also negatively associated with such risk behaviors were characteristics of the family context represented by: living with parents, having meals together and parental supervision (when parents know what the child does in their free time). Moreover, characteristics of mental health such as loneliness and insomnia were positively associated with use of tobacco, alcohol and illicit drugs. Not having friends was positively associated with use of tobacco and illicit drugs and negatively associated with alcohol use. Conclusions: The study shows the protective effect of family supervision in the use of tobacco, alcohol and drugs and, on the contrary, the increasing use of substances according to aspects of mental health, such as loneliness, insomnia and the fact of not having friends. The study's findings may support actions from health and education professionals, as well as from the government and families in order to prevent the use of these substances by adolescents.
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PurposeThe full text of this article is available on JAH Online at http://www.elsevier.com/locate/jahonline.To examine the association between employment status and substance use among students aged 12 to 17 years.Methods Secondary analysis of data from the 1995 and 1996 National Household Surveys on Drug Abuse was conducted. The survey is a primary source of data on licit and illicit drug use among noninstitutionalized Americans aged 12 years or older. Participants are interviewed at their places of residence. Multiple logistic regression procedures yielded estimated associations.ResultsAbout one in six adolescents reported both going to school and holding a job. Approximately one-fourth of students smoked cigarettes, and one-third consumed alcohol in the past year. An estimated 1.6% of students were current heavy cigarette smokers, and 2.6% were current heavy alcohol users. One-year prevalence estimates of any illicit drug use and heavy illicit drug use were 16.7% and 1.8%, respectively. Among students employed full time, prevalence estimates increased to 9.7% for heavy cigarette smoking, 13.1% for heavy alcohol use, 38.1% for any illicit drug use, and 5.0% for heavy illicit drug use. Logistic regression analyses supported relatively high rates of cigarette use, alcohol use, illicit drug use, and heavy substance use among working students. Mental health problems, especially externalizing behavioral syndromes, were found to coexist with the use and heavy use of substances. The observed associations varied somewhat by gender.Conclusions The workplace may be an appropriate venue for establishing substance use prevention and early intervention programs focused on younger workers, including adolescents who work part time.
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The purpose of this article is to review the theoretical and empirical literature regarding the normative development of the attachment system from infancy through adulthood, and then discuss deviations from the normal developmental pathways that occur in response to emotionally abusive parenting (e.g., strong rejection, intrusive or controlling, hostile, or frightening behavior). A theoretical model grounded in attachment theory is presented describing the development of maladaptive interaction patterns in adult romantic relationships. The model proposes that early emotional abuse engenders insecure attachment, which impairs emotional regulation, fosters negative views of self and others that support maladaptive coping responses, interferes with social functioning and the capacity for intimate adult attachments, contributes to poor mental health, and consequently shapes the quality of romantic relationships.
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Background The co-occurrence of child victimization experiences is not a rare phenomenon. However, few studies have explored the long-term consequences of such experiences. Empirical studies present important methodological limitations, namely the fact that few studies have documented more than two forms of victimization, that they rely on non representative samples and have not used multivariate analyses. The present study aims to evaluate the specific contribution of each form of child victimization (sexual, physical and psychological) on the outcomes in adulthood. Moreover, the study explores the role of co-occurrence on these symptoms.