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Biological Control of Gastrointestinal Parasites in Extensive Aviculture

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Abstract and Figures

Review Article related with the use of predatory fungi as a biological tool for the control of gastrointestinal parasites of free-range poultry. Article published in the Portuguese technical journal "Revista Albéitar - Publicações Ciência e Vida". The "take home message" of this article is that predatory fungi develop their ovicidal and larvicidal activity against the main poultry gastrointestinal parasites. Their use can be considered an accurate and sustainable tool for the control of avian gastrointestinal parasites. URL: https://vet.cienciaevida.pt/
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ticos e antiparasitários na Avicultura conduziu ao
aparecimento de multirresistências nos principais
organismos causadores de patologias nas aves,
traduzindo ‑se não só em quebras nos índices produ
tivos dos animais e perdas económicas para as explo
rações, como também em eventuais acumulações de
resíduos químicos no produto final (Permin & Han
sen, 1998).
Assim, nos últimos anos tem vindo a aumentar o
interesse e a procura por medidas de controlo para
sitário alternativas, entre as quais se destaca o uso de
fungos nematófagos (Mendoza de Gives & Valero
Coss, 2009; Veríssimo, 2008).
A sua distribuição mais habitual é a administração
por via oral sob a forma de esporos. Estes resistem à
passagem pelo aparelho digestivo, sendo eliminados
nas fezes, onde atuam sobre as diferentes formas
parasitárias com desenvolvimento no ambiente (oo
cistos, ovos, larvas). Em alternativa, os esporos destes
fungos também podem ser aplicados no ambiente,
nomeadamente no solo e nas pastagens (incorpora
dos por vezes em sementes de plantas), produzindo
também o efeito nematófago descrito anteriormente
(Aguilar ‑Marcelino et al., 2016; Cortinãs et al., 2015;
Madeira de Carvalho et al., 2007, 2012; Miguélez
Riádigos et al., 2014). Este tipo de controlo parasi
tário configura um dos exemplos de controlo bioló
gico mais conhecido de parasitas de animais domés
ticos e selvagens (Cruz, 2015; Evangelista, 2018).
Fungos Nematófagos
O nome atribuído a estes fungos deriva da sua apti
dão para infetarem nemátodes e utilizarem os mes
mos como fonte de alimentação e nutrição. De acor
do com o seu método de atuação, os fungos
nematófagos subdividem ‑se em três grupos: ovicidas
(atuam em ovos de tremátodes, cestodes e nemátodes
por intermédio da penetração da hifa nas respetivas
cápsulas), predadores (agem através da formação de
estruturas especializadas em capturar nemátodes) e
endoparasitas (atuam em diferentes fases larvares
através da ação de conídios adesivos ou por digestão
e ingestão do hospedeiro) (Barron, 1977; Suárez,
2017).
Introdução
Em Avicultura Extensiva, nomeadamente na produ
ção de frango ao ar livre (Frango do Campo), os
animais possuem acesso a espaços exteriores em mais
de 50% do seu tempo de vida, o qual totaliza em
média cerca de 3 meses, contrastando com as 5 se
manas com que um frango produzido em sistema
intensivo é abatido (Lozano & Mourato, 2016) (-
gura 1).
Esta particularidade implica uma maior atenção às
questões sanitárias dado que, ao contrário do que se
verifica no sistema industrial, os frangos encontram‑
‑se expostos a um grande número de parasitas, quer
de forma direta, pela ingestão a partir do ambiente,
quer indireta, através da ingestão de hospedeiros
intermediários (Baptista, 2010).
Em produção de Frango do Campo, as doenças
parasitárias continuam a ter um impacto negativo na
saúde e bem ‑estar animal, refletindo ‑se nos índices
produtivos, sendo que os agentes parasitários mais
prevalentes são protozoários pertencentes ao género
Eimeria spp. e helmintes como Ascaridia galli, Ca-
pillaria spp. e Heterakis gallinarum (figura 2). Asso
ciado a esta problemática, o uso massivo de antibió
Controlo Biológico de Parasitas
Gastrointestinais em Avicultura
Extensiva
O uso de fungos nematófagos para o controlo de parasitoses gastrointestinais em Avicultura Extensiva constitui uma solução
eficaz, sustentável e com futuro.
João Lozano1, Antonio
Palomero Salinero2, Adriana
Diaz3, Adolfo Paz ‑Silva4 e
Luís Madeira de Carvalho5
1Eng.º Zootécnico e Mestrando
Faculdade de Ciências,
Universidade de Lisboa
Correspondência: joao.
lozano@sapo.pt
2DVM e Doutorando
Faculdade de Veterinária de
Lugo, Universidade de
Santiago Compostela
3DVM e Mestranda
Universidade Pedagógica e
Tecnológica da Colômbia
4DVM, PhD e Professor Titular
Faculdade de Veterinária de
Lugo, Universidade de
Santiago Compostela
5DVM, PhD e Prof. Associado
c/ Agregação
Faculdade de Medicina
Veterinária, Universidade de
Lisboa
Figura 1. Frangos do Campo na fase de Engorda, numa exploração agropecuária localizada
no distrito de Lisboa.
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’6
géneros Arthrobotrys, Duddingtonia e Monacrospo-
rium. A sua principal característica consiste na for
mação de armadilhas, podendo as mesmas assumir
as seguintes estruturas: hifas adesivas não‑
‑diferenciadas; ramificação de hifas que sofreram
anastomose, formando redes adesivas tridimensio
nais; ramificações adesivas que, ao se fundirem, re
sultam em redes adesivas bidimensionais; nódulos
adesivos; anéis contráteis e não ‑contráteis (Braga &
Araújo, 2014).
Os fungos predadores constituem o grupo de fun
gos nematófagos mais estudado a nível mundial, pois
têm revelado uma elevada eficácia na redução de
nemátodes gastrointestinais tanto in vitro como in
vivo (Larsen, 1999).
O mecanismo de ação geral destes fungos consiste
na produção de uma rede de hifas cuja função assen
ta na captura de larvas infetantes (L3) de nemátodes
gastrointestinais, os quais possuem uma fase de de
senvolvimento exógeno no solo ou pastagem. Poste
riormente, a extensão das hifas permite a penetração
do fungo nas L3, seu crescimento e absorção do
conteúdo interno das larvas de vários parasitas gas
trointestinais de animais domésticos, promovendo
assim a sua imobilização e morte (Barron, 1977; Bird
& Herd, 1994).
Todo o micélio encontra ‑se coberto por uma ca
mada mucilaginosa, na qual ficam retidos os nemá
todes, sendo que a sua produção parece estar asso
ciada ao esforço de libertação desempenhado pelas
larvas. A forma de captura dos parasitas assume duas
componentes: mecânica (estruturas de captura) e
enzimática (libertação de enzimas hidrolíticas extra
celulares como proteases séricas, quitinases e colage
Fungos Ovicidas
Este grupo de fungos é considerado como sendo
bastante promissor no controlo biológico de helmin
tes gastrointestinais, dada a sua elevada eficácia na
redução da carga de parasitas que somente se trans
mitem por intermédio da ingestão de ovos com a fase
infetante no seu interior (Frassy et al., 2010; Mello
et al., 2013).
São fungos saprófitas, levando a que a sua sobre
vivência e crescimento no solo não seja dependente
exclusivamente da presença de ovos de helmintes,
bem como proporciona o seu cultivo in vitro (Braga
& Araújo, 2014).
Os fungos ovicidas mais frequentemente descritos
na literatura e detentores de uma boa aptidão nema
tófaga são Pochonia chlamydosporia, Paecilomyces
lilacinus, Dactyella ovoparasitica, Trichoderma spp.
e Mucor circinelloides (Braga & Araújo, 2014; Palo
mero Salinero, 2015; Cruz, 2015; Monteiro, 2015).
Segundo Monteiro (2015), este mecanismo de
ação sobre ovos de helmintes na matéria fecal e no
solo, pode ser subdividido em quatro etapas: Conta
to, Adesão, Penetração e Libertação.
Na primeira etapa, verifica ‑se que é a presença de
ovos de helmintes que estimula o desenvolvimento
de hifas a partir de alguns esporos. Na extremidade
das hifas laterais ocorre uma diferenciação, culmi
nando com a síntese de um órgão específico de ade
são denominado apressório. É esta estrutura que
promove o contato entre o fungo e os ovos de nema
todes (Lýsek & Sterba, 1991).
Uma vez iniciado o contato, o apressório adere à
cápsula do ovo e a penetração das hifas na cápsula
ocorre de forma mecânica e enzimática (Lopez‑
‑Llorca et al., 2007).
Após consumo de todas as membranas e
esgotando ‑se a totalidade de nutrientes, inicia ‑se a
última etapa do processo ovicida, consistindo no al
cance do meio externo por parte do fungo e migração
das hifas para outros ovos, ou seja, a sua libertação
(Lýsek & Sterba, 1991).
Segundo Lýsek et al. (1982), a atividade ovicida
desempenhada pelos fungos pode ser classificada em
três tipos, consoante as alterações morfológicas exi
bidas pelos ovos:
Tipo I – o fungo não penetra no ovo, causando
somente a interrupção do seu desenvolvimento ou o
surgimento de larvas aberrantes;
Tipo II – o fungo não penetra no ovo, mas tanto a
cápsula como o embrião revelam danos de origem
enzimática;
Tipo III – as hifas do fungo penetram na cápsula,
desenvolvendo ‑se em torno do embrião e destruindo ‑o.
Fungos Predadores
Este grupo inclui as principais espécies de fungos
nematófagos, nomeadamente as pertencentes aos
Figura 2. Oocisto (A) e ovos (B,C e D) dos mais prevalentes parasitas gastrointestinais em
avicultura, nomeadamente Eimeria sp. (A), Ascaridia sp. (B), Heterakis sp. (C) e Capillaria sp. (D).
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(Cruz, 2015). Em apenas um nematode infetado,
Dreschmeria coniospora pode sintetizar cerca de
10000 conídios que posteriormente aderem à região
cefálica das larvas de nematodes. O género Harpos-
porium contém fungos que produzem esporos com
uma conformação tal que, após a sua ingestão pelo
nemátode, ficam retidos no esófago do hospedeiro,
iniciando nesse local a atividade patogénica. Catena-
ria anguillulae infeta os nemátodes com os seus
zoósporos móveis os quais enquistam e aderem ao
hospedeiro. Já os esporos do género Haptoglossa
formam uma estrutura celular especial que injeta um
princípio infetante no interior do nematode
(Nordbring ‑Hertz et al., 2006).
Dado o espetro reduzido de hospedeiros, o seu
cultivo in vitro e posterior utilização, possuem limi
tações, resultando na sua comercialização em merca
dos mais restritos e em custos de produção elevados.
Para além deste aspeto, a sua incapacidade de cres
cimento no solo conduz ao impedimento da utiliza
ção destes fungos para controlo de nemátodes no
meio ambiente (Braga & Araújo, 2014).
Estudos de Controlo Biológico
em Avicultura Extensiva
Dentro desta temática, têm vindo a ser desenvolvidos
estudos sobretudo em frangos e galinhas poedeiras,
tanto in vitro como in vivo, bem como nos sistemas
intensivo e extensivo.
Palomero Salinero (2015) realizou um estudo com
galinhas poedeiras produzidas ao ar livre, no qual
utilizou fungos nematófagos ovicidas como Mucor
circinelloides, Trichoderma spp., Verticillium sp. e
Paecilomyces spp., bem como o fungo predador Du-
ddingtonia flagrans. O estudo envolveu o uso de
caixas de plástico, nas quais adicionou fezes de gali
nhas poedeiras e inóculo fúngico, tendo as mesmas
sido depositadas em explorações situadas em Sarago
ça, Salamanca e Lugo. Entre outros parâmetros, foi
medida a taxa de redução de ovos por grama de fezes
(OPG), a qual permitiu avaliar a eficácia de cada um
dos fungos. M. circinelloides e Verticillium sp. mani
festaram uma elevada atividade ovicida face a ovos de
ascarídeos e Capillaria spp., tendo obtido taxas de
redução médias entre 68 % e 71 % para os primeiros
agentes parasitários e 70 % a 71 % para os segundos.
Um outro estudo realizado por Thapa et al. (2018)
na Dinamarca com galinhas poedeiras, procurou
analisar a atividade ovicida levada a cabo por Pocho-
nia chlamydosporia em solos contaminados artificial
mente com ovos de Ascaridia galli e Heterakis galli-
narum, bem como pretendeu concluir sobre a
potencial redução no número de ovos por grama de
fezes desempenhada pelo fungo ovicida, após a ex
posição das galinhas a solos com estes parasitas. Os
resultados obtidos foram bastante satisfatórios, tendo
nases, as quais digerem consequentemente a cutícula
maioritariamente proteica das larvas). Aproximada
mente uma hora após a penetração, forma ‑se um
bolbo no interior do nemátode infetante e, em poucas
horas, ocupa por completo a cavidade corporal do
parasita. A digestão da larva por parte do fungo pre
dador pode demorar até uma semana, sendo que uma
vez concluída, inicia ‑se a formação de novas hifas e
de um novo crescimento saprófito, até que a presen
ça de novos hospedeiros desperte novamente a sua
atividade predatória (Sagüés et al., 2011).
No caso dos fungos predadores que recorrem a
hifas adesivas para aprisionarem os nemátodes, o
mecanismo de ação subdivide ‑se nas seguintes fa
ses: atração das larvas infetantes por intermédio de
compostos quimiotáticos segregados pelas hifas;
adesão das larvas ao micélio, por intermédio do
contato entre o parasita e o fungo; penetração das
hifas na cutícula do nemátode, por ação mecânica
e enzimática; digestão da larva e armazenamento de
nutrientes. No caso dos fungos que formam anéis
constritores, é a passagem dos nemátode pelo inte
rior do anel que estimula as três células que com
põem a estrutura. Ocorre a hipertrofia das células
do anel, por intermédio da entrada de água no seu
interior, culminando com o aprisionamento do ne
mátode e penetração das hifas na cutícula. Contra
riamente aos anéis constritores, os anéis não cons
tritores atuam de uma forma passiva
(Nordbring ‑Hertz et al., 2006).
Fungos Endoparasitas
Este grupo abrange maioritariamente fungos parasi
tas obrigatórios, levando a que o seu leque de hospe
deiros seja restrito. São identificados no solo sob a
forma de esporos ou clamidósporos, os quais são a
forma infetante e, após a desintegração completa do
nemátode, são libertados para o meio exterior. Con
trariamente aos fungos predadores, os fungos endo
parasitas não desenvolvem um extenso micélio no
solo. A produção de hifas somente se verifica no in
terior dos hospedeiros, a partir de esporos, conídios
e conidióforos ingeridos pelos mesmos (Braga &
Araújo, 2014).
A estratégia de destruição do agente parasitário é
variável, consoante o género de fungo endoparasita
Os fungos nematófagos
desenvolvem a sua atividade
ovicida e larvicida face
aos principais parasitas
gastrointestinais das aves.
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aliada à crescente problemática das multirresistências
a antibióticos e desparasitantes, estimulou a procura
de novas soluções para o controlo de parasitoses
avícolas, entre as quais se destaca a utilização de
fungos nematófagos.
Os diversos estudos descritos nesta temática per
mitem concluir que as ações larvicidas e ovicidas
desempenhadas por fungos nematófagos face aos
principais parasitas gastrointestinais de aves, suge
rem assim a sua possível integração nos programas
atuais de controlo parasitário em produção avícola
extensiva, complementando ou alternando com os
programas clássicos de desparasitação.
Futuros estudos deverão incidir sobre a testagem
direta da atividade ovicida e larvicida destes fungos
face à microbiota parasitária gastrointestinal de aves
produzidas ao ar livre, nomeadamente através da
realização de ensaios in vivo.
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solo esterilizado e contendo o inóculo de P.
chlamydosporia, comparativamente com o solo este
rilizado de controlo. No ensaio in vivo, as galinhas
expostas ao solo esterilizado e com inóculo fúngico
apresentaram, após necropsia, uma contagem média
de larvas de A. galli igual a 76, enquanto que os ou
tros grupos apresentaram contagens entre 355 e 453.
Este estudo concluiu que a atividade ovicida de P.
chlamydosporia foi bastante efetiva, tendo resultado
numa redução tanto nos ovos de A. galli nos solos
contaminados, como também na quantidade de lar
vas identificadas nas galinhas expostas.
Um trabalho efetuado por Eduardo da Silva et al.
(2017) teve como intuito avaliar a resistência dos fun
gos nematófagos D. flagrans e Monacrosporium thau-
masium ao trato gastrointestinal dos frangos, posterior
germinação em meio de cultura agar ‑água (2,0%) e
atividade predatória in vitro face a larvas do nematode
Panagrellus spp. Os autores identificaram não só co
nídios e clamidósporos das duas espécies de fungos
nas fezes dos frangos após administração, como tam
bém comprovaram a viabilidade dos mesmos por in
termédio da sua germinação e crescimento miceliar
em placa. Os autores identificaram atividade predató
ria in vitro sobre as larvas de Panagrellus spp., através
da observação de redes ou armadilhas, captura e des
truição das larvas do nematode referido. Assim, a
manutenção de viabilidade dos esporos de fungos
nematófagos após passagem pelo gastrointestinal dos
frangos, permitiu que os autores concluíssem uma vez
mais sobre a sua aplicabilidade no controlo de parasi
toses causadas por nematodes gastrointestinais.
Por fim, destaca ‑se o facto de a atividade ovicida
desempenhada por diversos taxa de fungos nema
tófagos e amplamente documentada a nível mun
dial, não incidir somente em ovos de nematodes.
Cruz (2015) desenvolveu no seu trabalho com
fungos nematófagos uma atividade pioneira, tendo
documentado pela primeira vez a atividade ovicida
de M. circinelloides sobre oocistos de Eimeria spp.
Parte do estudo que efetuou com material fecal de
javalis da Tapada Nacional de Mafra, revelou a ap
tidão de M. circinelloides na inviabilização e redu
ção da carga de oocistos em fezes contaminadas,
tanto no ensaio em caixas no solo, no qual simulou
em condições climatéricas reais a ação ovicida de
M. circinelloides sobre coccídeas, como também em
placas de Petri, onde promoveu in vitro o contato
entre o fungo ovicida e uma suspensão purificada
de oocistos (figura 3).
Conclusões
A exposição das aves a diversos agentes parasitários
com impacto sanitário e económico negativo nas
explorações, nomeadamente coccídeas e helmintes,
Figura 3. Dois oocistos de Eimeria sp., um viável e em esporulação (à esquerda), e outro com a
parede destruída (à direita) e rodeado por esporos de Mucor circinelloides.
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Background: The nematophagous fungus Pochonia chlamydosporia can degrade ascarid (e.g. Ascaridia galli) eggs in agar and soil in vitro. However, it has not been investigated how this translates to reduced infection levels in naturally exposed chickens. We thus tested the infectivity of soil artificially contaminated with A. galli (and a few Heterakis gallinarum) eggs and treated with P. chlamydosporia. Sterilised and non-sterilised soils were used to examine any influence of natural soil biota. Methods: Unembryonated eggs were mixed with sterilised (S)/non-sterilised (N) soil, either treated with the fungus (F) or left as untreated controls (C) and incubated (22 °C, 35 days) to allow eggs to embryonate and fungus to grow. Egg number in soil was estimated on days 0 and 35 post-incubation. Hens were exposed to the soil (SC/SF/ NC/NF) four times over 12 days by mixing soil into the feed. On day 42 post-first-exposure (p.f.e.), the hens were euthanized and parasites were recovered. Serum A. galli IgY level and ascarid eggs per gram of faeces (EPG) were examined on days -1 and 36 (IgY) or 40 p.f.e. (EPG). Results: Egg recovery in SF soil was substantially lower than in SC soil, but recovery was not significantly different between NF and NC soils. SF hens had a mean worm count of 76 whereas the other groups had means of 355– 453. Early mature/mature A. galli were recovered from SF hens whereas hens in the other groups harboured mainly immature A. galli. Heterakis gallinarum counts were low overall, especially in SF. The SF post-exposure IgY response was significantly lower while EPG was significantly higher compared to the other groups. Conclusions: Pochonia chlamydosporia was very effective in reducing ascarid egg numbers in sterilised soil and thus worm burdens in the exposed hens. However, reduced exposure of hens shifted A. galli populations toward a higher proportion of mature worms and resulted in a higher faecal egg excretion within the study period. This highlights a fundamental problem in ascarid control: if not all eggs in the farm environment are inactivated, the resulting low level infections may result in higher contamination levels with associated negative long-term consequences.
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Parasites are common in intensive or organics systems destined for chickens, which is more conducive to the emergence of gastrointestinal parasites, favored by direct contact with soil and other organisms. The growing demand for animal protein stimulates an expansion of production systems, increasing the stocking density. Outdoor poultry breeding systems (organic or not) that enable lower population density and higher animal welfare does not exclude these animals the presence of environmental pathogens. The control of gastrointestinal helminthosis in non-organic intensive and extensive systems is accomplished by administering anthelmintics with high cost and results unsatisfactory due to the misuse of drugs with consequent selection parasite strains resistant to chemical bases. This problem stimulate research into alternative control measures. Nematophagous fungi are used by its enzymatic action in controlled conditions and how environmental biocontrolers of larvae of gastrointestinal nematodes of livestock. This study evaluated the capacity of conidia/chlamydospores of nematophagous fungi as Duddingtonia flagrans (AC001 and CG722) and Monacrosporium thaumasium (NF34A) for cross the gastrointestinal tract of domestic chickens (Gallus gallus domesticus), and yours germination after traffic and predatory activity “in vitro” on larvae of Panagrellus spp. Fungi conidia/chlamydospores was identified in feces of chickens at times of 6, 12 and 24 hours after administration and spores viability was found after observing the germination, mycelial growth, followed by production of traps, capture and death of Panagrellus spp larvae in feces. Fungi Nematophagous are alternative control measures, efficient and innovative technology for the biological control of helminth parasites of chickens.
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Fungi are a wide group of organisms, being free-living or parasitic on both plants and animals. Some of them can infect insects and nematodes, being these last ones called nematophagous or nematode trapping fungi (NTF).This behaviour can have practical applications, namely in the field of biological control of gastrointestinal nematodes, since they kill their exogenous larval stages. There is still a gap in the knowledge of their mode of action and their use in regular deworming programs associated with anthelmintics. The purposes of this chapter are to enrol the most important groups of fungi used in parasite control (namely the NTF), the way they interact with parasites and how they can be used in parasite control programs along the time. As an example of their practical application, data concerning the use of the nematophagous fungi Duddingtonia flagrans in the control of horse strongylosis in Portugal will be described. Field trials were performed in horse stud farms near Lisbon, evaluating the capacity of D. flagrans to reduce strongyle infection. Field work involved always two groups of horses with mixed strongyle infection: one receiving a daily oral dose of D. flagrans (D), while the control one (C) received a similar amount of food without fungus. The L3 were reduced significantly in faecal cultures and pastures of D groups, being more effective in warmer seasons, in both pasture and stabled horses. Therefore, D. flagrans can be easily associated with the classic control methods of strongylosis in a horse management system involving pasture and stabled animals.
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A preliminary study to evaluate the possibilities of biological control procedures against parasites affecting livestock reared in a care farm has been conducted. Adults with mental disabilities were involved in spreading the spores of the filamentous fungus Mucor circinelloides directly onto the faeces, or as a food additive. In the first assay, the spores were sprayed directly onto the faeces of piglets and calves parasitised by roundworms (Ascaris suum) and liver flukes (Fasciola hepatica), respectively. In the second assay, the spores were mixed with on-farm mash feed. Participation of the adults in the experiments was fully satisfactory. In the manure sprayed Mucor spores, the viability of eggs of roundworms and flukes reduced by 53% and 74%, respectively. Significant reductions of viability of eggs of Ascaris (60%) and Fasciola (67%) in the faeces of piglets and calves given mash feed-added Mucor spores were achieved, which demonstrates their ability to survive in the digestive tract of the animals. It is concluded that biological control of parasites could be helpful to decrease the risk of infection in animals reared by intellectually disabled adults in a care farm, and it could motivate them to accomplish new tasks.
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Several studies have been conducted using fungi in the biological control of domestic animals and humans. In this respect, a large amount of research has been undertaken to understand the particularities of each fungus used. These fungi have been demonstrated to act on all classes of helminthes. Therefore, they should not only be called nematophagous but also helmintophagous. Evidence of enzymatic action has also revealed their mechanism of action, as well as potential metabolites that could be synthesized as bioactive molecules. Cultural barriers to the use of fungi should be broken down, since the impact on the environment is minimal. In this context, much is already known about the mechanism of interaction of these organisms with their 'targets'. Recent research has pointed to the search for substances derived from nematophagous fungi that have demonstrated their ovicidal and/or larvicidal activity, thus being a global premise to be studied further. Crude extracts derived from nematophagous fungi of predator and ovicidal groups reduce the amount of larvae of gastrointestinal nematodes and prevent the hatching of their eggs, since they have been demonstrated to act with extracellular proteases and other enzymes. Furthermore, the activity of these enzymes has begun to be explored regarding their possible interaction with the exoskeleton of arthropods, which could emerge as an alternative method of tick control. Finally, it should be clear that nematophagous fungi in general are 'old friends' that are ready to the 'fight with our old enemies', the gastrointestinal helminth parasites harmful to human and animal health.
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The control of gastrointestinal nematodes relies at present mostly on antihelmintic treatments using synthetic molecules. This approach, however, has led to the appearance of resistance to some types of antihelmintics which, together with the need to cut down on the use of chemicals, has fostered the development of other control methods, such as biological control, which is the use of living organisms that are naturally antagonistic to an unwanted species. Among the natural enemies of nematode parasitic larvae is the microfungus Duddingtonia flagrans. Research has shown the ability of this fungus to reduce the number of nematode larvae in faeces, the ability of its chlamydospores to survive the passage through the gastrointestinal tract of livestock and, moreover, to keep its germinative ability, thus facilitating the development of formulations. The present review looks at the species currently used and the different ways of administering already tested nematophagous fungi.
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Field trials were performed to evaluate the capacity of the nematode trapping fungus Duddingtonia flagrans to control strongyle infection in a group of yearlings on the pasture in a horse stud farm near Lisbon, in Ribatejo. Field work was performed from 1997 to 1999, involving 2 groups of horses with mixed strongyle infection kept on two similar pastures, with the same management for the two groups, both dewormed at the beginning of the trial with pyrantel pamoate or avermectins. One of the groups (D) received a daily dose of D. flagrans during the whole trial (5x105spores/Kg bw) mixed with a feed supplement, while the other (C) received a similar amount of supplement without fungus. Faecal samples were collected every fortnight for faecal worm egg counts (EPG) and cultures to assess percentage of larval reduction and genera/species identification and pasture samples were collected for calculation of the number of L3/kg dry herbage and percentage of larval reduction. Blood samples were collected to assess some blood parameters. The differences between the 2 groups were determined with Mann-Whitney Test, with p values
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The process of colonization of Ascaris lumbricoides eggs by the fungus Verticillium chlamydosporium was studied by scanning electron microscopy. The preparations were made by fractionation of egg suspension exposed to the fungus for four days and frozen in liquid nitrogen according to Stĕrba and Milácek (1986). Ovicidal fungus forms an abundant ramifying mycelial network in the area between the eggs. However, egg-shells are penetrated only by some hyphae without any penetration organs produced (simple hyphal penetration). In a liquid medium, after penetration, hyphae inside the eggs rapidly grow among inner structures of egg-shells and on the surface of developing larvae. In the next phase, hyphae colonize the developing larva. The eggs attacked by this fungus remain morphologically unchanged for a long time except the sites of penetration. Verticillium chlamydosporium is a fungus with unique ovicidal properties. It colonizes the eggs of Ascaris lumbricoides at all stages of embryo development and also attacks larvae inside the eggs.