A presente dissertação de mestrado consiste em estudos realizados com uma ave
típica de manguezais no Brasil, o socó-do-mangue Nyctanassa violacea
(LINNAEUS, 1758). Essa dissertação foi dividida em capítulos. No primeiro capítulo
“Descrição do Sítio Reprodutivo do socó-do-mangue, Nyctanassa violacea
(CICONIIFORMES – ARDEIDAE), no Parque Natural Municipal do Manguezal do
Rio Perequê, no Estado do Paraná, Brasil”, realizou-se uma descrição das
características ambientais associadas ao entorno dos ninhos do socó-do-mangue
com o intuito de verificar se os locais utilizados para a nidificação do socó-domangue
são construídos de forma aleatória na UC ou se existem características
particulares comumente associadas a essas construções. E Por tudo que foi
analisado, pode-se dizer que o principal fator associado à construção dos ninhos no
PNRP é o curso d’água e o alagamento permanente ou temporário de alguns
setores. Outros fatores como a densidade da folhagem, as bifurcações dos galhos e
a altura de construção dos ninhos são também de grande importância, contudo,
parecem poder ser bem mais variáveis a ponto da inexistência de alguns destes
parâmetros não impedirem que o processo de nidificação ocorra. No segundo
capítulo “Reprodução do socó-do-mangue, Nyctanassa violacea, no Parque Natural
Municipal do Manguezal do Rio Perequê, no Estado do Paraná, Brasil”, foi verificado
o tamanho da população reprodutiva no local, avaliado o sucesso reprodutivo nos
ninhos monitorados e realizado uma caracterização os ovos desta espécie. A
população reprodutiva no parque manteve-se relativamente estável ao longo das
três estações reprodutivas monitoradas, o tamanho da postura foi semelhante ao
encontrado em outros estudos feitos no Brasil. Foi constatada uma alta taxa de
reutilização dos ninhos que permanecem de uma estação para outra e uma taxa de
50 a 60% de atividade para os ninhos que foram reconstruídos no mesmo local que
a estação anterior. As taxas de perda de ovos para filhotes Fase I foram maiores
que as taxas de perdas de filhotes Fase I para filhotes Fase II, refletindo um
desaparecimento mais expressivo de ovos do que de filhotes. No terceiro capítulo
“Caracterização da dieta do socó-do-mangue, Nyctanassa violacea, no Parque
Municipal do Manguezal do Rio Perequê, Estado do Paraná, Brasil”, efetuou-se a
caracterização da dieta do socó-do-mangue por meio da análise de regurgitos,
verificando os itens alimentares consumidos em uma área de manguezal. Os
regurgitos coletados abaixo dos ninhos apresentaram constituição semelhante ao de
outros estudos: Riegner (1982) nos EUA e MATOS (1996) na Ilha do Cajual (MA). O
socó-do-mangue consumiu uma grande variedade de espécies de caranguejos no
PNRP. A ocorrência de quelas nas classes de tamanho que variava de 5,4 a
22,11mm podem indicar uma seletividade por tamanho de presa. Assim, a despeito
de se alimentar de diferentes espécies de caranguejos no PNRP, o socó-do-mangue
adotou uma dieta especialista, consumindo muito de poucas espécies (U. cordatus,
E. limosum e Morfotipo 1) e sendo seletivo em relação aos tamanhos consumidos.