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Inclusão de alunos com deficiência em uma Universidade particular de Curitiba

Authors:

Abstract

Discussões e questionamentos comprometidos com a democratização do ensino superior têm ocupado importante espaço nos debates educacionais, tanto para garantir o ingresso de pessoas em tal nível de ensino, quanto à melhoria da qualidade do mesmo. Objetivo: descrever e analisar as diretrizes e ações que direcionam o Programa Incluir e a Comissão de Educação Inclusiva de uma universidade privada de Curitiba, bem como a visão de alunos com deficiência acerca de sua experiência acadêmica, no tocante à infraestrutura, às relações interpessoais e aos aspectos pedagógicos pertinentes à sua formação. Método: estudo de caso do tipo qualitativo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com a presidente da Comissão e 5 graduandos que se autodenominam deficientes. A análise dos dados baseou-se na análise de conteúdo. Os enunciados produzidos pelos participantes foram analisados a partir dos seguintes eixos temáticos: comissão de Educação Inclusiva; relações interpessoais e experiências pedagógicas e a visão dos alunos sobre mudanças necessárias. Resultado: Embora os estudantes possuam uma visão positiva sobre as atividades desenvolvidas pela comissão, fica evidenciado que a mesma tem uma ação restrita no que tange aos aspectos relacionais e pedagógicos da vivência acadêmica dos alunos. Conclusão: No que se refere à Comissão Inclusiva da universidade e ao Programa Incluir, ambos possuem objetivos focados no trabalho para questões funcionais de acessibilidade. Quanto aos aspectos pedagógicos e relacionais, seu alcance apresenta-se frágil. Sugere-se o implemento de estudos que analisem os aspectos singulares das pessoas com deficiência e os determinantes sociais e históricos que perpassam o sistema educacional brasileiro.
ARTIGOS
749
Distúrb Comun, São Paulo, 29(4): 749-758, dezembro, 2017
Inclusão de alunos
com deciência em uma
Universidade particular de Curitiba
Inclusion of students with disabilities
in a particular university of Curitiba
Inclusión de estudiantes con discapacidad
en una universidad privada de Curitiba
Ana Paula Berberian*
Simone Inngardi Krüger*
Bruna Aparecida Miranda*
Ana Cristina Guarinello*
Leonardo de Vito Costa*
Daniel Vieira da Silva**
Priscila Soares Vidal Festa*
Resumo
Discussões e questionamentos comprometidos com a democratização do ensino superior têm ocupado
importante espaço nos debates educacionais, tanto para garantir o ingresso de pessoas em tal nível de
ensino, quanto à melhoria da qualidade do mesmo. Objetivo: descrever e analisar as diretrizes e ações
que direcionam o Programa Incluir e a Comissão de Educação Inclusiva de uma universidade privada de
Curitiba, bem como a visão de alunos com deciência acerca de sua experiência acadêmica, no tocante à
infraestrutura, às relações interpessoais e aos aspectos pedagógicos pertinentes à sua formação. Método:
estudo de caso do tipo qualitativo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com a presidente da
Comissão e 5 graduandos que se autodenominam decientes. A análise dos dados baseou-se na análise
de conteúdo. Os enunciados produzidos pelos participantes foram analisados a partir dos seguintes eixos
temáticos: comissão de Educação Inclusiva; relações interpessoais e experiências pedagógicas e a visão dos
*Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
**Universidade Estadual do Centro Oeste, Guarapuava, PR, Brasil.
Contribuição dos autores:
APB: Orientadora da pesquisa e escreveu o texto do artigo. SIK: revisora da estrutura gramatical, textual e formatação do artigo e
responsável pela submissão das duas versões. BAM: pesquisadora. ACG: Co-orientadora da pesquisa e escreveu o texto do artigo.
LVC: contribuição na escrita do texto. DVS: contribuição na escrita do texto e revisão. PSVF:participou da pesquisa, coleta de
dados junto a pesquisadora.
E-mail para correspondência: Simone Inngardi Kruger - simonekrueger@hotmail.com
Recebido: 14/05/2017
Aprovado: 23/10/2017
Distúrb Comun, São Paulo, 29(4): 749-758, dezembro, 2017
Ana P. Berberian, Simone I. Krüger, Bruna A. Miranda, Ana C. Guarinello, Leonardo de Vito Costa, Daniel V. da Silva, Priscila S. V.
Festa
http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2017v29i4p749-758
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Ana P. Berberian, Simone I. Krüger, Bruna A. Miranda, Ana C. Guarinello, Leonardo de Vito Costa, Daniel V. da Silva, Priscila S. V. Festa
alunos sobre mudanças necessárias. Resultado: Embora os estudantes possuam uma visão positiva sobre as
atividades desenvolvidas pela comissão, ca evidenciado que a mesma tem uma ação restrita no que tange
aos aspectos relacionais e pedagógicos da vivência acadêmica dos alunos. Conclusão: No que se refere à
Comissão Inclusiva da universidade e ao Programa Incluir, ambos possuem objetivos focados no trabalho
para questões funcionais de acessibilidade. Quanto aos aspectos pedagógicos e relacionais, seu alcance
apresenta-se frágil. Sugere-se o implemento de estudos que analisem os aspectos singulares das pessoas
com deciência e os determinantes sociais e históricos que perpassam o sistema educacional brasileiro.
Palavras-chave: Inclusão no ensino superior; Acessibilidade; Comissão de inclusão.
Abstract
Discussions on the democratization of higher education have occupied an important place in the
Brazilian educational debates, both to ensure that an increasing number of people enter this level of
education, as well as regarding its quality. Objective: to analyze the guidelines of the Programa Incluir
as well as the work of the Inclusive Education Commission (IEC) of a university thereby analyzing the
vision of a group of such students on their academic experience in terms of infrastructure, interpersonal
relations and pedagogical aspects relevant to their training. Method: case study of the qualitative type.
Semi-structured interviews were conducted with the president of the Commission and 5 graduates
who call themselves disabled. Data analysis was based on content analysis. The statements produced
by the participants were analyzed from the following thematic axes: Inclusive Education Committee;
interpersonal relationships and pedagogical experiences, and students’ view of necessary changes.
Results: Although the students have a positive view on the activities developed by the commission, it
is evidenced that it has a restricted action regarding the relational and pedagogical aspects of student’s
academic experience. Conclusion: With regard to the University’s Inclusive Commission and the Include
Program, both have work-focused objectives for functional accessibility issues. As for the pedagogical
and relational aspects, its scope is fragile. It is suggested the implementation of studies that analyze the
unique aspects of people with disabilities and the social and historical determinants that permeate the
Brazilian educational system.
Keywords: Inclusion in higher education; Accessibility; Inclusion committee.
Resumen
Las discusiones y cuestionamientos comprometidos con la democratización de la enseñanza superior
han ocupado un importante espacio en los debates educativos brasileños, tanto para garantizar el ingreso
de un número cada vez mayor de personas en dicho nivel de enseñanza, en cuanto a la mejora de la calidad
del mismo. Objetivo: analizar las directrices que orientan el Programa Incluir, así como el funcionamiento
de la Comisión de Educación Inclusiva (CEI) de una universidad privada de Curitiba y analizar la visión
de un grupo de estudiantes acerca de su experiencia académica, en lo que se reere a la infraestructura,
Las relaciones interpersonales y los aspectos pedagógicos pertinentes a su formación. Método: estudio
de caso del tipo cualitativo. Se realizaron entrevistas semiestructuradas con la presidenta de la Comisión
y 5 graduados que se autodenominan discapacitados. El análisis de los datos se basó en el análisis de
contenido. Los enunciados producidos por los participantes fueron analizados a partir de los siguientes
ejes temáticos: comisión de Educación Inclusiva; relaciones interpersonales y experiencias pedagógicas
y la visión de los alumnos sobre cambios necesarios. Resultado: Aunque los estudiantes tienen una visión
positiva sobre las actividades desarrolladas por la comisión, queda evidenciado que la misma tiene una
acción restringida en lo que se reere a los aspectos relacionales y pedagógicos de la vivencia académica
de los alumnos. Conclusión: En lo que se reere a la Comisión Inclusiva de la Universidad y al Programa
Incluir, ambos tienen objetivos enfocados en el trabajo para cuestiones funcionales de accesibilidad. En
cuanto a los aspectos pedagógicos y relacionales, su alcance se presenta frágil. Se sugiere el implemento
de estudios que analizan los aspectos singulares de las personas con discapacidad y los determinantes
sociales e históricos que atravesan el sistema educativo brasileño.
Palabras clave: Inclusión en la enseñanza superior; Accesibilidad; Comisión de inclusión.
Inclusão de alunos com deciência em uma Universidade particular de Curitiba
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ções de ensino superior realizar mudanças para
que um ensino de qualidade seja direito de todos,
conforme o artigo 205 da Constituição Federal
de 1988 8. Tais mudanças devem incidir sob os
aspectos estruturais, funcionais, pedagógicos e
relacionais envolvidos com experiência acadêmica,
de forma que seja possível a participação efetiva
e a permanência de grupos de alunos que antes se
encontravam excluídos desse processo, como é o
caso, por exemplo, daqueles que possuem alguma
deciência 9.
Vale ressaltar que os pressupostos a respeito da
inclusão de alunos com deciência estão presentes
na Declaração de Salamanca 10, a qual defende
que as instituições de ensino “deveriam acomodar
todas as crianças independentemente de suas con-
dições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
linguísticas ou outras”. Portanto, a partir dessa
perspectiva, as instituições de ensino precisam
adotar a orientação inclusiva, pois, de acordo com
o documento, a pessoa com deciência tem o seu
direito assegurado de expressar-se a respeito de
seus objetivos relacionados à sua própria educação.
Para viabilizar um ensino de qualidade no âm-
bito do ensino superior, em instituições privadas e
públicas, foram criadas diretrizes e políticas públi-
cas, desenvolvendo projetos e núcleos direcionados
às pessoas com alguma necessidade especíca.
Nesta direção, encontra-se o Programa de
Acessibilidade na Educação Superior (Incluir),
desenvolvido desde o ano de 2005, em instituições
federais de ensino superior (IFES) que apresentam
projetos para a criação e consolidação de Núcleos
de Acessibilidade, com o objetivo de eliminar
barreiras físicas, pedagógicas, de comunicação e
informação, nos ambientes, instalações, equipa-
mentos e materiais didáticos 11.
A partir de 2011, com o intuito de ampliar e for-
talecer os Núcleos de Acessibilidade já existentes
e com vistas ao desenvolvimento de uma Política
de Acessibilidade ampla e articulada, o Ministério
da Educação (MEC) criou o “Plano Nacional dos
Direitos das Pessoas com Deciência - Viver sem
Limites” 12. Das ações elencadas no referido Plano
encontram-se a adequação arquitetônica e de mo-
biliários para a acessibilidade nos ambientes das
IFES, bem como, a aquisição de recursos de tec-
nologia assistiva e de material didático/pedagógico
para a promoção de acessibilidade pedagógica, de
comunicação e informação. Para que tais ações se
Introdução
É inegável que, nos últimos vinte anos, ocor-
reram amplos processos de mudanças na educação
superior. Processos estes, atrelados a transfor-
mações econômicas, culturais e políticas que
remeteram à necessidade de expansão do sistema
educacional brasileiro em seus diferentes níveis
de formação 1.
Analisando tais transformações, Cunha2 relata
como, desde meados dos anos 1990, políticas e
ações vêm sendo implementadas para viabilizar
o ingresso de pessoas provenientes de diferentes
grupos e classes sociais no ensino superior (ES)
e, portanto, consolidar a sua expansão a camadas
da população, historicamente, excluídas desse
processo.
Segundo os dados que integram o Censo da
Educação Superior, divulgado no ano de 2013, pelo
Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Aní-
sio Teixeira (Inep), e pelo Ministério da Educação,
o total de alunos na educação superior brasileira
chegou a 7,3 milhões em 2013, quase 300 mil ma-
trículas acima do registrado no ano anterior. Desta
forma, se considerado o período de 2003 a 2013,
o número de ingressantes em cursos de graduação
aumentou 76,4% 3.
Além dos fatores já citados acima, segundo Pe-
reira 4, as políticas armativas, tais como o “sistema
de cotas” e o “sistema de bolsas”, também foram
determinantes no acesso de parcela signicativa da
população brasileira ao ensino superior.
Com relação ao sistema de cotas, esse propõe
que bolsas de estudo sejam destinadas a estudantes
negros, pardos, índios ou com alguma limitação
especial 5. Além disso, destacamos, também, a
Lei n° 11.096/05, a qual, a partir do Programa
Universidade para Todos, propõe que sejam con-
cedidas bolsas de estudo integrais e parciais (50%)
em instituições privadas de ensino superior, em
cursos de graduação e sequenciais de formação
especíca, a estudantes brasileiros, sem diploma
de nível superior 6.
Nessa direção, destaca-se, ainda, o Decreto nº
6.094/2007, o qual propõe que seja estabelecido
dentre as diretrizes do Compromisso Todos pela
Educação, a garantia do acesso e da permanência
no ensino regular e o atendimento às necessidades
educacionais especiais dos alunos 7.
Diante da expansão quantitativa acima apre-
sentada, ca evidente a necessidade das institui-
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Ana P. Berberian, Simone I. Krüger, Bruna A. Miranda, Ana C. Guarinello, Leonardo de Vito Costa, Daniel V. da Silva, Priscila S. V. Festa
com necessidades especiais como “decientes”,
“alunos de inclusão”, “sala de inclusão”, tão pouco
realizar ações voltadas para essa temática 17.
Ressalta-se que programas e políticas públicas
voltadas à inclusão de alunos com deciência no
sistema de educação brasileiro, quando analisados
criticamente, tem se mostrado, por vezes, limita-
dos. Estudos que analisam relações estabelecidas
entre teorias, leis e práticas relacionadas à inclu-
são escolar, têm apontado para a necessidade do
desenvolvimento de abordagens que articulem
aspectos que caracterizam alunos com deciências
e determinantes sociais envolvidos com as condi-
ções de ensino-aprendizagem de toda população
brasileira18, 19.
Nessa direção, este estudo objetiva descre-
ver e analisar diretrizes e ações que direcionam
o Programa Incluir 5 e a Comissão de Educação
Inclusiva (CEI) de uma universidade privada da
cidade de Curitiba, bem como, a visão de alunos
com deciência acerca de sua experiência acadê-
mica, no tocante à infraestrutura, às relações inter-
pessoais e aos aspectos pedagógicos pertinentes à
sua formação.
Método
Esta pesquisa de iniciação cientíca integrou
um projeto de rede intitulado “Acessibilidade no
ensino superior”, nanciado pelo Programa Obser-
vatório da Educação20 e atende às exigências éticas
fundamentais resguardadas pela resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde, de acordo com
itens referentes às implicações éticas sob o Parecer
do Projeto número 0782/2013, homologado em
21/08/2013.
A presente pesquisa é qualitativa, de natureza
exploratória e para a análise dos dados, adotou-se
a análise de conteúdo, descrita por Bardin 21.
A seleção para compor a amostra do estudo
aconteceu por meio de consulta à base de dados
de uma universidade privada localizada em Curi-
tiba. Inicialmente foi necessário contatar um dos
membros da CEI da instituição para ter acesso aos
estudantes que se autodenominam decientes e que
estão inseridos nos cursos da graduação. A partir do
acesso a tal informação, o pesquisador estabeleceu
contato, via e-mail, com 20 graduandos com de-
ciência, conforme informação fornecida pela CEI,
dentre os quais 5 aceitaram participar da pesquisa.
efetivem esses núcleos recebem recursos do MEC,
conforme as demandas identicadas11.
Em relação ao arcabouço normativo que
orienta a acessibilidade em relação à educação,
destaca-se a lei nº 13.146/2015 que institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deciência,
também, conhecida como o Estatuto da Pessoa
com Deciência. No capítulo IV, em seu artigo 27,
a referida lei arma que a pessoa com deciência
tem direito à educação, de modo que o sistema
educacional inclusivo seja assegurado em todos
os níveis de ensino, visando o alcance máximo
do “desenvolvimento possível de seus talentos
e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e
sociais, segundo suas características, interesses e
necessidades de aprendizagem” 13.
Estudos acerca das iniciativas, dos movimentos
e das políticas públicas nacionais que vem sendo
gestadas com o objetivo de expandir o acesso ao
Ensino Superior, apontam para importantes mu-
danças e avanços4.
Contudo, apesar do amplo amparo legal e, con-
sequentemente, do aumento do número de alunos
no Ensino Superior, estudos, também, apontam
para efeitos e interesses contraditórios envolvidos
nesse processo 1,14.
A respeito de tais contradições, Patto15 ad-
verte que as leis foram sistematizadas de forma
a defender o direito do ingresso do aluno com
alguma deciência ao ES, porém elas não são
sucientes para efetivar um ensino de qualidade.
De acordo com essa posição, Mendes16 defende
que se diretrizes para promover a democratização
do ensino estão contempladas em leis nacionais,
essas não tem sido traduzidas em ações políticas
e, por isso, não tem atingido o cotidiano escolar. A
autora ainda argumenta que não possibilidade
da construção de uma escola inclusiva devido às
desigualdades econômicas e culturais presentes na
realidade brasileira.
Portanto, dentre os obstáculos a serem supera-
dos para que a educação seja um direito de todos,
encontram-se as formas de organização de uma
sociedade estruturada a partir de uma lógica indivi-
dualista, produtivista e competitiva, que naturaliza
a divisão da sociedade, quer seja em classes sociais
ou a partir de padrões físicos, de gênero, raça, entre
outros aspectos 15.
Acerca dessa problemática, estudos apontam
que, em uma sociedade igualitária, que aceite às
diversidades, não seria necessário adjetivar alunos
Inclusão de alunos com deciência em uma Universidade particular de Curitiba
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e de recursos com Instituições de Ensino Superior
(IES);
VI - Viabilizar cursos de atualização sobre Educação
Inclusiva;
VII - Garantir a acessibilidade;
VIII - Promover a conscientização de todos da
necessidade de educar na diversidade 22.
Em relação ao funcionamento e ações desen-
volvidas pela CEI, objeto de nossa análise, segundo
relato de C1, as ações começam na inscrição do
aluno para o vestibular.
Ele realiza um cadastro e identica-se como uma
pessoa com alguma deciência, assim, é encami-
nhado para a comissão e vericamos que tipo de
recurso ele precisa pra realizar a prova do vesti-
bular, o agendado ou tradicional. Sendo aprovado,
será acompanhado ao longo de toda a permanência
na universidade. Auxiliamos assim, o acesso e a
permanência. (C1)
Destaca-se que tal acompanhamento só acon-
tecerá a partir do contato realizado pelo próprio
aluno com a CEI, pessoalmente, via e-mail ou
por telefone, bem como, caso algum professor co-
munique à comissão diculdade relativa a alunos
com deciências. Assim, tal comissão não possui
autonomia para atuar diretamente com o aluno sem
que tais contatos tenham ocorrido.
Ressalta-se, ainda, que à CEI cabe o papel de
identicar as demandas de atendimento especiali-
zado dos alunos e funcionários, sugerir mudanças,
realizar orientações e encaminhar informações
e ofícios à prefeitura da IES, de forma que no
exercício de suas atribuições, tal comissão não se
congura como órgão deliberativo.
Quanto às ações voltadas aos professores que
atuam diretamente com os alunos em questão, C1
relatou:
Existem cursos sobre o tema de inclusão, eles rece-
bem informações via internet e algumas orientações
de ações didáticas, especialmente aqueles que têm
algum aluno com deciência na sala de aula. Nesse
caso, convocamos o professor para uma conversa
para repassar informações. Há uma diculdade de
interesses sobre o assunto de maneira espontânea e
não há um número signicativo de procura.
O depoimento acima evidencia o interesse e
as estratégias da CEI para se ocupar dos aspectos
pedagógicos envolvidos com a vivência acadêmica
Dentre as características dos participantes da
pesquisa destacam-se: S1 com 18 anos, graduando
do curso de psicologia e possui deciência física;
S2 com 21 anos, graduando do curso de história e
possui surdez; S3 com 29 anos, graduando do curso
de direito e possui deciência física; S4 com 36
anos e S5 com 41 anos ambos possuem deciência
intelectual e são graduandos do curso de pedagogia.
Somente S3 é do sexo masculino.
Além dos referidos alunos, sujeitos da pesqui-
sa, participou também desse estudo a presidente da
referida comissão, aqui sendo representada por C1.
Os estudantes, participantes da pesquisa, assinaram
um termo de consentimento livre e esclarecido.
Foi utilizado como instrumento para a coleta
de dados uma entrevista semiestruturada, aplicada
pelo pesquisador com os alunos e outra com a
presidente do CEI. Ressalta-se que as entrevistas
foram realizadas oralmente, nas dependências da
universidade de forma individual, gravadas em
áudio e, posteriormente, transcritas.
Para a análise dos dados, foram utilizados os
enunciados produzidos pelos participantes referen-
tes aos eixos temáticos: 1) Comissão de Educação
Inclusiva; 2) Relações Interpessoais e Experiências
Pedagógicas e 3) Visão dos Alunos sobre Mudanças
Necessárias.
Resultados e discussão
Eixo 1: COMISSÃO DE EDUCAÇÃO
INCLUSIVA - CEI
Na instituição onde foi realizada a presente
pesquisa, existe uma CEI, instituída desde 2002,
a qual, segundo C1, é responsável pela inclusão,
orientação e acompanhamento de alunos e fun-
cionários que se autodenominam com alguma
deciência.
No que se refere aos objetivos da CEI, con-
forme documentos da referida universidade,
destaca-se:
I - Preparar a comunidade à Inclusão;
II - Assessorar professores no trabalho didático-
-pedagógico;
III - Oportunizar orientação prossional ao candi-
dato/acadêmico;
IV - Desenvolver e divulgar pesquisas pertinentes
às necessidades, oportunidades e potencialidades à
comunidade interna e externa;
V - Realizar intercâmbio de informações técnicas
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Ana P. Berberian, Simone I. Krüger, Bruna A. Miranda, Ana C. Guarinello, Leonardo de Vito Costa, Daniel V. da Silva, Priscila S. V. Festa
teiam os Programas acima abordados, destaca-se
a necessidade de ambos priorizarem medidas que
contribuam com a melhoria das condições didático-
-pedagógicas e relacionais envolvidas com a forma-
ção dos referidos alunos, como fundamentais para
que, efetivamente, ocorra o acesso e uma formação
acadêmica de qualidade.
Eixo 2: RELAÇÕES INTERPESSOAIS E
EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS
A partir das respostas fornecidas pelos partici-
pantes da pesquisa foi possível analisar visões dos
mesmos em relação à sua experiência acadêmica
quanto: ao seu desempenho acadêmico e às inte-
rações estabelecidas com colegas de classe e com
professores.
No que se refere ao seu desempenho acadê-
mico, destacamos que S3 relatou que sempre teve
facilidade nos estudos, inclusive em outro curso de
graduação já concluído.
Já S1, S4 e S5 armam que tem bom desem-
penho acadêmico, mas declararam que possuem
diculdades com determinadas disciplinas.
“Meu desenvolvimento é como sempre foi na escola
também, depende da matéria, é normal como todos,
porque minha deciência não me limita quanto ao
aprendizado”. (S1)
“No ano anterior eu fui bem, até eu mesma me
espantei. Eu eliminei uma matéria que eu não
consegui passar no curso de educação física, que é
metodologia cientíca”. (S5)
Pode-se observar que tais respostas referem-se,
especialmente, ao desempenho dos estudantes em
disciplinas especícas e nas atividades avaliativas,
mais do que ao aprendizado adquirido durante as
aulas.
Ainda, em relação ao desempenho acadêmico,
S2, relatou:
“Eu faço leitura labial. Em algumas matérias vou
bem e em outras menos porque são muitas teorias
para interpretar”. (S2)
Para S2, a apropriação e a interpretação dos
conhecimentos teóricos relativos às disciplinas são
apontadas como parte de suas diculdades.
“A aula deve ser diferente para surdos e ouvintes,
devido às teorias. Às vezes não conheço algumas
do aluno e do professor, buscando alcançar um
de seus objetivos, conforme citado anteriormen-
te. Porém, cabe questionar o alcance das ações
apontadas por C1, na medida em que, diante da
complexidade do processo de inclusão no ES e da
diversidade de demandas relacionadas ao mesmo,
consideramos que “informações via internet e al-
gumas orientações de ações didáticas”, acabam se
limitando a ações pontuais de orientações sobre a
deciência do aluno.
Dentre outras ações, referidas por C1 e,
também, relatadas pelos sujeitos da pesquisa,
encontram-se os encaminhamentos de estudantes
para atendimento clínico-terapêutico existente na
referida universidade, como por exemplo, Fonoau-
diologia, Fisioterapia e Psicologia. Os acessos a tais
atendimentos são facilitados, na medida em que as
clínicas encontram-se na própria universidade na
qual o aluno estuda, mas cabe ressaltar que tal aces-
so não garante uma articulação direta e intencional,
com os processos didático-pedagógicos ocorridos
em sala de aula e a relação estudante/professor.
Em relação ao acompanhamento da CEI, de to-
dos os participantes da pesquisa, apenas S4 relatou
não ter tido contato com a mesma.
Quanto aos outros sujeitos, todos mencionaram
uma visão positiva em relação ao atendimento da
CEI, quando necessitaram de algum suporte:
“Na outra universidade que eu estudava, eu não
tinha suporte nenhum e agora também tenho acesso
à sioterapia e a fonoaudiologia, então não tenho
reclamações”. (S3)
“Fui atendida quando precisei, com o intérprete”.
(S2)
“Fui bem atendida quando tive problemas com
alguns colegas e também tenho o auxilio de terapia
psicológica”. (S5)
Feitas tais considerações destacamos que,
tanto a CEI da universidade envolvida em nosso
estudo, quanto o Programa Incluir não são órgãos
deliberativos. Porém, podemos observar que o
Programa Incluir tem seu enfoque voltado ao que
se refere a aspectos arquitetônicos e tecnológicos
da acessibilidade e a CEI se difere em suas ações
no encaminhamento às clínicas da universidade
em questão.
Considerando as semelhanças e diferenças
relativas aos objetivos e às diretrizes que nor-
Inclusão de alunos com deciência em uma Universidade particular de Curitiba
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“Não no sentido de facilitar as coisas para eles,
mas dar condições para que ele consiga o melhor
desempenho desejado”.
Nesse contexto, como previsto em lei, as ava-
liações devem ser exíveis, de acordo com a neces-
sidade do aluno com alguma limitação especíca,
assim como é proposto, por exemplo, na Portaria
n.º 1.679 de 2 de dezembro de 1999 25.
Se ações voltadas ao ingresso e às ativida-
des de avaliação vivenciadas pelos alunos com
deciência são necessárias e asseguradas pelas
políticas públicas, as mesmas, isoladamente, não
asseguram a autonomia do aluno com deciência
durante sua vida acadêmica e, posteriormente,
seu exercício prossional. Se, tais ações podem
favorecer o ingresso e a permanência dos referidos
alunos, destaca-se que o papel da universidade é
formar sujeitos críticos, capazes de se posicionarem
de forma responsável e responsiva e não como
sujeitos dependentes de soluções facilitadoras e
assistencialistas15, 16.
Quanto às respostas referentes às relações esta-
belecidas entre os participantes e outros alunos da
turma, S1 e S3, armaram ter um relacionamento
“normal” com os mesmos.
“É tranquilo, era um dos receios que eu tinha, se
houvesse algum tipo de problema, mas tudo foi
normal. Consegui fazer amizades rapidamente com
todos que são muito hospitaleiros também e me
ajudam se tenho alguma diculdade.” (S1).
“Eu sou mais restrito e não é qualquer pessoa que
gosta de conversar comigo, mas atualmente a rela-
ção é normal” (S3).
Quanto às relações estabelecidas com os cole-
gas de turma, cabe destacar as colocações de S2:
“Antes eu sentia vergonha, receio, depois tentei me
aproximar, conversar. Eles tiveram que se acostumar
comigo, mas atualmente eles até tentam Libras para
nos comunicarmos” (S2).
A partir da resposta de S2, é possível identi-
car a existência de uma barreira lingüística que
compromete as relações entre o aluno surdo e os
ouvintes, uma vez que esses não possuem uma lín-
gua para ser compartilhada. Estudos apontam que a
participação do tradutor e intérprete de LIBRAS em
sala de aula pode minimizar tais diculdades 23-4.
palavras ou o intérprete não sabe como explicar
algum conceito que não existe na LIBRAS. É difícil
para o intérprete explicar as teorias, e ele tem que
entender antes para explicar”. (S2)
A partir da resposta acima apresentada, pode-se
observar que S2 considera que diculdades para en-
tender determinados assuntos existem para pessoas
com surdez. Ele associa suas diculdades teóricas-
-acadêmicas em função de limitações próprias.
S2, também, aponta para o fato de que não bas-
ta ter o tradutor intérprete em sala de aula, se este
prossional não tiver contato antes com a matéria
a ser ministrada pelo professor em sala de aula e
com o vocabulário próprio a mesma, uma vez que
o mesmo muitas vezes não existe em LIBRAS. Tal
participante sinaliza para a falta de contato prévio
entre os professores responsáveis pelas disciplinas
e os intérpretes de LIBRAS.
Lacerda 23 defende que não se trata do tradutor
intérprete de LIBRAS substituir o professor em sala
de aula, mas é importante ressaltar que por atuar
no âmbito educacional, este prossional poderá
ter práticas diferenciadas, “já que o objetivo nesse
espaço não é apenas o de traduzir, mas também o de
favorecer a aprendizagem por parte do aluno surdo”.
Acerca da relação que deve ser estabelecida
entre o professor e o intérprete, estudos apontam
que se o intérprete não tem domínio do conteúdo
que vai interpretar, pode gerar adição ou confusão
de informações 24. Nesse sentido:
Na medida em que a condição linguística especial
do surdo é respeitada, aumentam as chances de ele
se desenvolver e construir novos conhecimentos de
maneira satisfatória, em contraponto a uma inclusão
escolar sem qualquer cuidado especial 23.
Cabe salientar que um dos objetivos da CEI,
objeto de nossa análise, é assessorar professores no
trabalho didático-pedagógico, cabendo a ela, dentre
outras ações, mediar a relação entre professores e
os tradutores e interpretes de LIBRAS.
Em relação à forma como as avaliações acadê-
micas são conduzidas, em especial, quanto à reali-
zação das provas, apenas S2 e S3 referem receber
atendimento diferenciado para tanto.
Tal atendimento ocorre a partir da presença de
um intérprete para S2 e da utilização de um com-
putador ou a realização de uma prova oral para S3.
No que se refere a essa questão, C1 acres-
centou:
ARTIGOS
756 Distúrb Comun, São Paulo, 29(4): 749-758, dezembro, 2017
Ana P. Berberian, Simone I. Krüger, Bruna A. Miranda, Ana C. Guarinello, Leonardo de Vito Costa, Daniel V. da Silva, Priscila S. V. Festa
tenho problemas em expressar minhas dúvidas ou
opiniões durante as aulas.” (S3)
“Alguns professores dão suporte, na minha sala
tem dois professores, o de história geral e o de
tecnologia, eles passam o trabalho e se não estiver
adequado, eles dizem onde está errado e deixam que
nós tentemos novamente, o que é muito bom e são
as matérias que eu vou melhor” (S5).
Apesar das respostas apontarem para relações
positivas com os professores, quando indagados
sobre as melhorias que poderiam ser realizadas
na universidade, alguns participantes referiu, es-
pecialmente, o preparo dos professores no âmbito
pedagógico:
“Os professores têm que explicar devagar, com
clareza para que eu possa entender. Tem matérias
muito difíceis com muitas palavras diferentes e
muitas vezes eles não dão muitas explicações, eles
precisam entender que necessito de suportes para
conseguir o aprendizado” (S2).
“Os professores precisam melhorar na procedência
comigo e como nos estimularem de forma clara.
Eles deviam ser melhor preparados para nos aten-
derem” (S5)
“Alguns são esforçados, mas outros não sabem
como lidar comigo ou o que fazer” (S4).
A contradição das respostas, evidenciada no
fato de alguns participantes terem referido bom
relacionamento com o professor, mas ao mesmo
tempo, o despreparo prossional de alguns dos
docentes, permite analisar que os participantes
avaliaram sua relação com o docente, considerando
o vínculo afetivo e não a qualidade das aulas.
No que se refere à qualicação dos professores
frente às necessidades do aluno com deciência,
para Vitalino 28, apesar de alguns docentes apresen-
tarem interesse em ampliar as suas possibilidades
de atuação junto a esses alunos, os mesmos não
dispõe de recursos teóricos e práticos para tanto.
Diante de tal situação, o autor aponta para a neces-
sidade de que durante a formação inicial do profes-
sor e, posteriormente, os mesmos tenham acesso
a conhecimentos e discussões que lhes permitam
tratar de forma, efetiva, a diversidade dos alunos.
Tratando da relação com outros alunos, S3
e S4 referem sentimentos de exclusão, conforme
abaixo descrito:
”A relação com eles é boa, mas com a minoria é uma
relação um pouco conturbada, um pouco ruim. Eu
fui vítima de bulling por uma menina que é a líder
do grupo e ela usou uma coisa que eu disse pra ela
me ridicularizar na frente dos outros” (S5).
”Sempre foi assim, eu estudei em escola particular,
e sempre é aquela coisa de ser sempre escolhida por
último, as pessoas não entendiam direito o que era
minha limitação, eu sofria bulling e eu chegava a
bater nos colegas por causa de provocações” S4.
Como discutido anteriormente, a exclusão re-
ferida acima pode ser entendida como um princípio
estruturador de sociedade organizada a partir de
divisões e hierarquizações entre classes e grupos
sociais. Destaca-se que não só o aluno com algu-
ma deciência, mas o negro, o pobre ou qualquer
outro com características consideradas fora do
padrão e/ou inferior estão inclusos num sistema
que oferece diferentes e desiguais condições de
acesso à educação 26.
É importante considerar que na Lei
13.146/2015, no artigo 28 em seu inciso II, que é
incumbência do poder público assegurar o aper-
feiçoamento dos sistemas educacionais “visando
garantir condições de acesso, permanência, par-
ticipação e aprendizagem, por meio da oferta de
serviços e de recursos de acessibilidade que eli-
minem as barreiras e promovam a inclusão plena”.
Porém, conforme já discutido, existem contradições
entre o princípio da “inclusão plena” proposto na
legislação vigente e as desigualdades produzidas
por um sistema que gera a exclusão 13.
Nesse sentido, dentre os objetivos que devem
nortear a atuação das IES para promover a inclusão
e a educação de alunos com deciência, destaca-
-se o trabalho junto à comunidade acadêmica para
um convívio sem preconceitos, uma vez que os
mesmos produzem e reproduzem as contradições
que perpassam o sistema educacional brasileiro 27 .
Foi possível observar que, quando indagados
sobre o relacionamento com os professores, os
participantes da pesquisa, responderam:
“Minha relação com os professores é tranquila, mas
eu cobro o bom desempenho deles também, não
Inclusão de alunos com deciência em uma Universidade particular de Curitiba
ARTIGOS
757
Distúrb Comun, São Paulo, 29(4): 749-758, dezembro, 2017
Conclusão
Este estudo, ao abordar aspectos relativos à
inserção e à inclusão da pessoa com deciência no
Ensino Superior, está comprometido com a análise
de uma problemática recente no cenário da educa-
ção brasileira. Isso porque, desde meados dos anos
1990, pode ser vericado um aumento gradual do
número de alunos com deciência no ES o que, se
por um lado aponta para a redução da barreira do
ingresso a esse nível de formação, por outro aponta
para a necessidade do desenvolvimento de estudos
que analisem a permanência e a qualidade das for-
mações acadêmicas vivenciadas por esses alunos.
Apesar dos avanços nas políticas públicas,
como a criação de programas que originaram
núcleos e comissões nas IES, tendo como um de
seus objetivos a redução da barreira de acessibili-
dade, deve-se atentar para questões relacionadas à
qualidade de ensino.
No que se refere à Comissão Inclusiva da uni-
versidade em questão e ao Programa Incluir, ambos
possuem objetivos focados no trabalho para ques-
tões funcionais de acessibilidade. Porém, quanto
aos aspectos pedagógicos e relacionais, seu alcance
apresenta-se frágil, o que pode ser vericado a
partir das respostas dos participantes deste estudo.
Nessa direção, sugere-se o implemento de es-
tudos comprometidos com análises que articulem
aspectos singulares/particulares das pessoas com
deciência, e os determinantes sociais e históricos
que participam dos avanços e limitações e que
perpassam o sistema educacional brasileiro como
um todo e, em especial, o ensino superior.
Referências
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educação superior no Brasil 1995 - 2010. Rev. bras. edu. med.
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anos de educação no Brasil. 2. Ed. Belo Horizonte: Autêntica;
2000.
3. BRASIL. Matrículas no ensino superior crescem 3,8%.
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Teixeira. 2014. [atualizada em 2014 out 10; acesso em 2016
ago 11]. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/visualizar/-/
asset_publisher/6AhJ/content/matriculas-no-ensino-superior-
crescem-3-8>.
4. Pereira, M. Ações armativas e a inclusão de alunos com
deciência no Ensino Superior. P. Vista. 2008; 10:19-38, 2008.
Eixo 3- VISÃO DOS ALUNOS SOBRE
MELHORIAS NECESSÁRIAS
Considerando diculdades vivenciadas pelos
participantes da pesquisa, na referida universidade,
foi solicitada aos mesmos que elencassem melho-
rias que necessitam ser implementadas.
Dentre os aspectos apontados, S3 refere o
suporte da internet da Universidade e, S2, S4 e S5
aspectos referentes às aulas de ensino à distância
(EAD):
“Acho que a universidade poderia oferecer mais
ajuda pela internet. Isso ajudaria muito para acom-
panhar as matérias” (S3).
“Eu preciso de legenda nas aulas do EAD, ou não
consigo entender o que eles dizem, tenho muita
diculdade” (S2).
“Eu tenho que me concentrar mais no EAD, eu tenho
diculdade em interpretar o que eles falam e muita
gente da minha sala também tem” (S4).
“Minha maior diculdade durante o curso são as
aulas à distância” (S5).
Em diversos cursos da educação superior são
disponibilizadas matérias a partir do EAD, as quais
são oferecidas, via internet, em plataformas virtu-
ais, que podem ocorrer totalmente à distância ou na
forma semipresencial, sendo que parte do crono-
grama de estudo é desenvolvida presencialmente 14.
Segundo Rabello e Peixoto 29, as aulas à dis-
tância podem facilitar o acesso a determinados
assuntos, porém, esse tipo de educação exige do
aluno autonomia, autodirecionamento e gerência
do próprio estudo, representando um desao para
muitos estudantes.
Considerando as condições dos alunos parti-
cipantes desse estudo, para o desenvolvimento das
aulas de EAD, chama atenção o fato dos participan-
tes não apontarem para a necessidade de intérpretes
e legendas durante as vídeo-aulas, ou do auxílio
presencial de um professor para mediar a apresen-
tação e apropriação dos conteúdos ministrados.
Interessa analisar que quando questionados
a respeito das melhorias a serem desenvolvidas
na universidade, os participantes da pesquisa não
se referiram aos relacionamentos entre alunos
e professores, tão pouco, a aspectos referentes
às atividades e aos processos pedagógicos ou às
ações da CEI.
ARTIGOS
758 Distúrb Comun, São Paulo, 29(4): 749-758, dezembro, 2017
Ana P. Berberian, Simone I. Krüger, Bruna A. Miranda, Ana C. Guarinello, Leonardo de Vito Costa, Daniel V. da Silva, Priscila S. V. Festa
15. Patto, MHS. Políticas atuais de inclusão escolar: reexão a
partir de um recorte conceitual. In: Bueno JGS, GML Mendes
GML, Santos RA, editores. Deciência e escolarização: novas
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18. Silva MA. Intervenção e Consentimento: a política
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conexao-utp/tag/cei-utp/.
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25. Brasil. Portaria n.º 1.679 de 2 de dezembro de 1999. Dispõe
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deciências, para instruir os processos de autorização e de
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27. Cury CJ. Educação e Contradição. São Paulo: Cortez,
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28. Vitalino RC. Análise da necessidade de preparação
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6. Brasil. Lei 11.096/05. Institui o Programa Universidade
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7. Brasil. Decreto nº 6.094 de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre
a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educação, pela União Federal, em regime de colaboração com
Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das
famílias e da comunidade, mediante programas e ações de
assistência técnica e nanceira, visando a mobilização social
pela melhoria da qualidade da educação básica. Diário Ocial
[da] República Federativa do Brasil. Brasília, 2007. [atualizada
em 2007; acesso em 2015 fev 03]. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/
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8. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil
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Brasília, DF, 1988. [atualizada em 1988; acesso em 2016 jul
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necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994.
[atualizada em 1994; acesso em 2016 out 27]. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>.
11. Brasil. Programa incluir - acessibilidade na Educação
Superior SECADI/SESU, 2013. [atualizada em 2013;acesso em
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12. Brasil. Presidência da República Federativa do Brasil.
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Viver sem limites: plano nacional dos direitos da pessoa
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em: 2016 jun 14]. Disponível em:: http://www.brasil.gov.br/
viversemlimite/pla no-nacional-dos-direitos-da-pessoa-com
deciência
13. Brasil. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deciência (Estatuto
da Pessoa com Deciência). Diário Ocial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2011. [atualizada em 2015;
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14. Silva, KC. Condições de acessibilidade na universidade:
o ponto de vista de estudantes com deciência. [Dissertação].
São Paulo (SP): Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita
Filho”. Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade
de Filosoa e Ciências; 2016.
... Los resultados de este estudio coinciden con la tesis de que el nivel de inclusión puede corregirse al mejorar las condiciones estructurales, académicas, docentes y administrativas, y al realizar campañas de sensibilización y apoyo a la inclusión (Borja et al., 2019;Fundación Universia, 2016. En esta misma línea, otros estudios cualitativos (Berberian et al., 2017;Fernandes et al., 2016;Valenzuela, 2016) también analizan la interacciones interpersonales y las experiencias pedagógicas desde la visión de los estudiantes universitarios con discapacidad y los apoyos requeridos, planteando la necesidad de asociar los aspectos personales con los factores sociales como determinantes de la inclusión; sin embargo, no describen ni valoran específicamente las variables personales, contextuales o de inclusión ni relacionan estas variables entre sí, como sí lo hace este estudio. ...
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El objetivo del presente artículo es difundir información técnica sobre el comportamiento del peso vivo (PV) de la cabra criolla Chusca Lojana en relación con la edad, basándonos para ello en el estudio de la cronometría dentaria de estos animales desde el nacimiento hasta una edad de 7 años.
... Los resultados de este estudio coinciden con la tesis de que el nivel de inclusión puede corregirse al mejorar las condiciones estructurales, académicas, docentes y administrativas, y al realizar campañas de sensibilización y apoyo a la inclusión (Borja et al., 2019;Fundación Universia, 2016. En esta misma línea, otros estudios cualitativos (Berberian et al., 2017;Fernandes et al., 2016;Valenzuela, 2016) también analizan la interacciones interpersonales y las experiencias pedagógicas desde la visión de los estudiantes universitarios con discapacidad y los apoyos requeridos, planteando la necesidad de asociar los aspectos personales con los factores sociales como determinantes de la inclusión; sin embargo, no describen ni valoran específicamente las variables personales, contextuales o de inclusión ni relacionan estas variables entre sí, como sí lo hace este estudio. ...
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La presente investigación tuvo como objetivo valorar los parámetros físicos, químicos en la maduración artificial de papaya (Carica papaya L.) variedad hawaiana, usando el acetiluro de calcio CaC2 como agente de maduración. Se aplicó un diseño completamente al azar con arreglo bifactorial AxB. Para la determinación de diferencias se utilizó la prueba de rangos múltiples de Tukey al 5 % de probabilidad. Se analizaron variables fisicoquímicas (textura, pH, brix, acidez) y variables bromatológicas (humedad, cenizas, proteína, fibra, energía). Los resultados del análisis fisicoquímico demostraron que existieron diferencias significativas: en la variable textura la mejor respuesta fue el tratamiento T6 con (1.80 kg/f); el pH, con los tratamientos T1 (5.76), T4 (5.42) y T6 (5.54); brix, con los tratamientos T4 y T6 con 10.07 y 12.40 %; acidez, con el tratamiento T6 con el valor más bajo con 0.8 %; a nivel de humedad, el mejor tratamiento fue el T6 con 92.22 %; ceniza, el T1 con el valor más bajo 3.20 %; proteína, los tratamientos T5 y T6 con 4.34 y 5.34 %; fibra presenta una leve disminución, siendo su mejor tratamiento el T6 con 1.42 %, y energía, con el T6, 0.87 kcal. Los valores registrados en este estudio son comparables a otras investigaciones similares, ajustándose a los parámetros establecidos. Pagina : 416-429
... Principais desafios Dominguéz-Queiroz, et. al 2020Tondim, et. al, 2016Garcia, et. al, 2018Pereira, et. al, 2012Faro, 2006Zapata, 2019 Suporte psicológico, barreiras físicas e apoio educacional/pedagógico. Fernandes, et. al, 2021Reichow, et. al, 2015Stephenson, et. al, 2019 Cuidados de saúde física, saúde mental e apoio acadêmico. Berberian, et. al, 2017Blacher, et. al, 2018 Desafios sociais, emocionais e acadêmicos significativos. Poker, et. al, 2018Bobkova, et. al, 2019Parra, et. al, 2019 Insegurança e ausência da educação inclusiva na formação por parte dos docentes. Pereira, et. al, 2011 Desempenho da gestão para o acolhimento de estudantes com deficiência. Almeida, et. al, 2018 Fal ...
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Introdução: Embora existam leis e programas para inclusão de pessoas com deficiência no Ensino Superior, ainda existem barreiras, principalmente, quanto ao caminho durante o curso e as metodologias de ensino. Objetivo: Verificar o cenário do ensino superior na área da saúde para pessoas com deficiência. Materiais e métodos: Foi realizada uma revisão integrativa, através de uma busca de alta sensibilidade nas bases de dados: PubMed e Scopus, e no portal: Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando os descritores “disabled persons”, “autism espectrum disorder”, “education graduate” e “catchment area, health” relacionados com os operadores booleanos AND e OR. A triagem dos artigos encontrados foi realizada através do aplicativo Rayyan®. Resultados: Foram encontrados na busca 1896 estudos. Após a leitura do título, resumo e artigo completo, 30 trabalhos foram inclusos. Sendo estes publicados entre o intervalo de 2006 a 2021, com sua maioria na língua portuguesa e os demais em inglês e espanhol. Dentre estes apenas seis discorriam, especificamente, sobre ensino na área da saúde. Além disso, destacaram-se, nos artigos os diferentes desafios do ensino para pessoas com deficiência, que permeiam as esferas sociais, pedagógicas e estruturais. Conclusão: Há avanços na inclusão de pessoas com deficiência em cursos de saúde no Ensino Superior, porém ainda existem muitos desafios e poucos trabalhos publicados. Os desafios são referentes a competência dos profissionais para o ensino desse grupo e ao papel das Instituições de Ensino enquanto entidades prestadoras de apoio.
... Development, v. 9, n. 8, e578875501, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5501 13 Outro tema bastante importante nesse contexto é a utilização pelas IES de núcleos de acessibilidade, serviços de apoio e comissões que viabilizam o processo de inclusão cujo objetivo é a orientação e acompanhamento de alunos que se declaram deficientes perante a IES, por meio do suporte educacional para auxiliar no desenvolvimento do processo ensinoaprendizagem (Fernandes et al., 2016;Berberian et al., 2017;Melo & Araújo, 2018), com o intuito de disponibilizar melhores condições e proceder a manutenção desses estudantes na instituição (Abreu, Antunes & Almeida, 2012;Antunes & Faria, 2013;Bisinoto & Marinho-Araújo, 2014 Para o sucesso do processo de inclusão são necessárias mudanças para além das adequações arquitetônicas. O aluno com deficiência precisa sentir-se acolhido, fazer parte do corpo discente como os demais alunos, necessitando de apoio psicológico e pedagógico, bem como dos docentes e demais discentes, no intuito preservar a sua permanência nas instituições de ensino. ...
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O objetivo desta pesquisa foi analisar a produção científica sobre a inclusão do aluno com deficiência na educação superior na área da saúde. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura entre dezembro de 2018 a janeiro de 2019 nas seguintes bases de dados: Base de dados de Enfermagem –BDENF, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Literatura Internacional em Ciências da Saúde – MEDLINE, Odontologia – BBO, Index Psicologia e Index Psicologia – Teses, constantes na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e na National Library of Medicine National Institutes of Health dos EUA – PubMed, por meio dos seguintes Descritores em Ciências da Saúde: “mainstreaming”, “education, higher” e disabled persons”. Foram identificados e analisados doze artigos, que evidenciaram as categorias: Processo de inclusão de estudantes com deficiência nas IES; Mapeamento de matrículas de estudantes com deficiência; Setores responsáveis pela acessibilidade; Experiências dos professores sobre inclusão de pessoas com deficiência; Criação de sinais odontológicos em libras. A análise evidenciou fragilidades, como dificuldades do processo de inclusão, falhas no processo de mapeamento dos alunos e falta de treinamento dos docentes, mas também fortalezas, como alterações em barreiras arquitetônicas e setores exclusivos responsáveis pelo processo, ainda desafiador na realidade brasileira e com um longo e árduo caminho pela frente, requerendo mais estudos que subsidiem os debates e reflexões sobre o tema.
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Nas últimas duas décadas o Brasil experimentou diversos processos de mudanças estruturais no âmbito do Ensino, associados a transformações sociais, políticas, econômicas e culturais que culminaram na expansão do sistema de educação Nacional. A inclusão de pessoas com deficiência na Educação Superior tem sido definida como política de Estado; entretanto, muito ainda precisa ser feito para que haja uma efetiva inclusão deste grupo no ambiente acadêmico. No presente estudo realizamos uma revisão sistemática para evidenciar questões relacionadas à percepção do processo de inclusão de pessoas com deficiência no Ensino Superior. Para tanto, foi feita uma revisão sistemática da literatura com busca de artigos nas bases de dados Lilacs, PubMed, Scielo, Scopus e Web of Science, selecionando artigos publicados entre 2016 e 2020, usando os termos de referência “Pessoas com Deficiência”, “Educação Especial” e “Ensino Superior” em língua portuguesa e “Disabled Persons”, “Education, Special” e “Education, Graduate” em língua inglesa. Cinco artigos foram selecionados, abordando aspectos de legislação e percepção discente/docente a respeito do tema estudado. Os achados indicam que a inclusão como um processo que visa diminuir as desigualdades no Ensino Superior emerge como uma política pública importante, havendo ainda uma grande carência tanto de adequação arquitetônica das Instituições quanto da adequação de práticas pedagógicas e formação docente qualificada para fornecer o suporte requerido pelos discentes. Abordagens visando uma inclusão adequada devem ser implantadas pelas Instituições de Ensino Superior, públicas ou privadas, de modo a garantir oportunidades igualitárias às pessoas com deficiência em relação aos demais estudantes.
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Purpose: to compare and analyze social attitudes of students and professors of a higher education institution about the inclusion of people with disabilities according to variables gender, age and areas of knowledge of participants. Methods: the quantitative study was conducted on 601 academics, 583 being students and 18 university professors from a private university, who have contact with individuals with disabilities in the classroom. A questionnaire was applied to identify the social attitudes related to the variables correlated above. Results: the sample included 97% of students, 417 being females and 184 males. Nearly 43% were younger than 20 years and 6% older than 40 years. The female professors and students had higher agreement with the questionnaire, while male professors and students reported lower satisfaction. Concerning age, the younger individuals were the most dissatisfied ones. In relation to the field of knowledge, the Exact, Human and Health Sciences, in this order, presented increased agreement with the research instrument. Conclusion: the study investigated the social attitudes of professors and students about the inclusion of people with disabilities, analyzing the results according to gender, age and area of knowledge, comparing and correlating with the agreement about the questionnaire. The results revealed the need to deepen the studies about variables that may influence the social attitudes related to the inclusion and permanence of these individuals in higher education institutions.
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O artigo aborda as políticas de ações afirmativas na educação superior para pessoas com limitações oriundas de deficiência, problematizando condições de acessibilidade e de permanência nesse nível educacional. Com base em narrativas recolhidas em entrevistas e interpretadas hermeneuticamente, prioriza-se a experiência de estudantes cotistas de graduação de uma instituição pública de educação superior, objetivando apresentar como os sujeitos compreendem sua inserção naquele contexto, no que diz respeito à pedagogia universitária e às relações com colegas, professores e gestores. A conclusão aponta para a escassa participação cultural desses sujeitos que não integram redes de sociabilidade, não se reconhecem como parte de coletivos e enfrentam problemas relacionados à pedagogia acadêmica.
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El artículo presenta las principales tendencias de la expansión de la educación superior en Brasil, entre 1995 y 2010, a partir de cuatro ejes. En primer lugar, se expone el cuadro de la progresiva privatización, tanto en lo que respecta al crecimiento de las instituciones privadas, como a la mercantilización de las instituciones públicas. Se presenta, enseguida, la expansión promovida por el gobierno federal, analizando, en particular, el Programa de Apoyo al Plan de Reestructuración y Expansión de las Universidades Federales (REUNI). Se discute, como tercera tendencia, el cuadro de la expansión de la enseñanza a distancia y, finalmente, se debate el crecimiento de posgrado, con la redefinición de sus rumbos hacia la producción de conocimiento direccionado a las empresas. Se concluye que, en todos estos campos, cambios sustanciales fueron inducidos, bajo la regencia de un ideario que apela a una economía de mercado, racionaliza el gasto público basado en un sistema de asociación entre el Estado y el mercado y suprime varios derechos y conquistas sociales transmutados en servicios, que se rigen por un intenso proceso de mercantilización.
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A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) requer professores capazes de promover sua aprendizagem e participação. No entanto, a maioria dos professores atuantes nos diversos níveis de ensino se encontra despreparada para assumir esta responsabilidade. Visando contribuir para melhorar esta situação, este estudo teve como objetivos: 1) verificar se os professores dos cursos de licenciatura da Universidade Estadual de Londrina (UEL) têm conhecimento suficiente para incluir alunos com NEE em suas atividades acadêmicas; 2) identificar se estes professores percebem a necessidade de participar de um programa de preparação pedagógica para incluir alunos com NEE e de que maneira deveria dar-se esta preparação. Em vista dos objetivos propostos foi realizada uma pesquisa descritiva. Participaram desta pesquisa 178 professores atuantes em 13 cursos de licenciatura da Universidade Estadual de Londrina. Os dados foram coletados por meio de um questionário contendo 17 questões objetivas. Os resultados evidenciaram que 84% dos participantes consideraram que não tinham conhecimento suficiente para incluir alunos com NEE. 63% dos participantes se interessaram em participar de um programa de formação para inclusão de alunos com NEE e indicaram os temas a serem abordados, bem como a metodologia de ensino a ser utilizada. Consideramos que os resultados obtidos possibilitaram a organização de diretrizes para o planejamento de um programa de formação pedagógica junto a professores de cursos de licenciatura para inclusão de alunos com NEE.
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In Brazil, work with Brazilian sign language (Libras) interpreters began in the eighties, so this can be said to be a recent proposal, as is recent the consideration of sign language as a legitimate and important language, which is an ongoing process. The main objective of this study is to discuss some issues concerning the context of sign language interpreters within one private university and two community college centers in the city of Curitiba. Two questionnaires were applied with two distinct groups: one with the interpreters that work in university and colleges in Curitiba, and another with the deaf university students who have interpreters in their classes. Both questionnaires had open and closed questions. The data analyses showed that the interpreters were important to the deaf students' learning processes. Nevertheless, the results also highlighted a number of issues underlying the discussion about effectiveness of interpretation in the university context i.e.: the quality of the interpreter preparedness, previous understanding or preparation of the subject matter content, difficulties in the relation to Portuguese/Libras, difficulties in the relationships between interpreter and teacher, among others. From these considerations, it is clear that the Brazilian scene for education of deaf people reflects the lack of involvement of public authorities as to deaf education. There are still a great many linguistic and social challenges related to deaf education at the university level. This study intends to present an initial discussion about interpreters at the university level, nevertheless, much still has to be understood in order for effective changes to occur.
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O debate sobre a inclusão escolar no Brasil tem se transformado cada vez mais num verdadeiro embate, provocando polêmica, estridência e polarização. Um de seus maiores impactos tem incidido na arena da educação especial, sendo um dos argumentos recorrentes a proposição de que a se trata de um novo paradigma que deverá alterar radicalmente a educação de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais na realidade brasileira. A fim de ¿iluminar¿ mais do que ¿esquentar¿ este debate, proponho-me a contextualizar as raízes históricas desse movimento. Num segundo momento, examino os possíveis impactos da perspectiva da inclusão escolar e da inclusão total na realidade brasileira. Concluo discutindo a tese de que temos de enfrentar o desafio de lidar com a contradição de uma ideologia importada que representa um alinhamento ao modismo, mas que ao mesmo tempo é um imperativo moral que pode ser uma das estratégias para superar problemas crônicos da educação especial no país.
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Resumo: Este artigo objetiva discutir e fazer uma reflexão a respeito das políticas públicas de ações afirmativas voltadas para pessoas com deficiências na perspectiva dos Direitos Humanos, com respeito às diferenças e, sobretudo levar em conta o princípio da igual-dade, na garantia de uma proposta inclusiva no ensino superior. Nesse sentido aborda a temática no contexto da universidade e, particularmente a respeito do panorama e das experiências de sistema de cotas no contexto brasileiro. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar as condições reais dos alunos com deficiência que acessaram a Universidade através do sistema de cotas. A temática aqui apresentada traz elementos fundamentais nas questões relacionadas ao processo inclusivo para a garantia da permanência desses alunos e não apenas o acesso dos mesmos ao ensino superior. O método utilizado foi através de entrevistas semi estruturadas com alunos com deficiência da primeira universidade pública que adotou o sistema de cotas no Brasil, a UERGS. Essa pesqui-sa mostrou as dificuldades enfrentadas por esses alunos no cotidiano acadêmico e o quanto as universidades precisam ir para além das cotas para garantir a permanência desses alunos. Palavras-chave: Programas de ações afirmativas. Educação especial. Inclusão escolar.
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Indice tematico elaborado por el centro de documentación y información de la Cámara de diputados
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Constitucao de Brasil, de 24 de janeiro de 1967, com a redacao dada pola Emenda Constitucional no. 1, de 17 de outubro de 1969, e as alteracoes feitas pelas Emenda Constutucionais no. 2, de 9 de maio de 1972, 3, de 15 de Junho de 1972, 4, de 23 de abril de 1975, 5, de 28 de junho de 1975, 6, 4 de junho de 1976, 7, de 13 de abril de 1977, 8, de 14 de abril de 1977, 9, de 28 de junho de 1977, 10, de 14 de novembro de 1977, 11, de 13 de outubro de 1978, e12 de outubro de 1978
Aprendizagem na educação a distância -dificuldades dos discentes na licenciatura em ciências biológicas na modalidade semipresencial
  • Crl Rabello
  • Map Peixoto
Rabello CRL, Peixoto MAP. Aprendizagem na educação a distância -dificuldades dos discentes na licenciatura em ciências biológicas na modalidade semipresencial [Dissertação].
Institui o Programa Universidade para Todos-PROUNI regula a atuação de entidades beneficentes de assistência social no ensino superior
  • Brasil
Brasil. Lei nº 11.096/05. Institui o Programa Universidade para Todos-PROUNI regula a atuação de entidades beneficentes de assistência social no ensino superior; altera a Lei no 10.891, de 9 de julho de 2004, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2005. [atualizada em 2005