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Ilustração de personagens negros e brancos em livros didáticos de Ensino Religioso do ensino fundamental

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O artigo apresenta algumas considerações sobre a análise dos discursos sobre os segmentos raciais negros e brancos em livros didáticos de Ensino Religioso de 5ª e de 8ª séries do ensino fundamental, publicados entre 1977 e 2007. A análise foi produzida nos contextos interpretativos da teoria da ideologia (THOMPSON, 1995) e dos estudos contemporâneos sobre discursos racistas. Além disso, manteve-se como foco os possíveis impactos da movimentação em torno do tema na produção de discurso racista em livros didáticos de Ensino Religioso, procurando contemplar publicações produzidas de acordo com os três modelos tradicionalmente presentes em diversas escolas do Brasil, a saber: as concepções denominadas Confessional, Interconfessional e a Fenomenológica. A análise formal ou discursiva consistiu na avaliação interna das próprias formas simbólicas, à qual se buscou integrar técnicas de análise de conteúdo. Para análise quantitativa, obteve-se uma amostra de 432 personagens nas ilustrações retiradas de 20 livros didáticos de Ensino Religioso de 5ª e de 8ª séries do ensino fundamental.
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(T)
Ilustração de personagens negros e brancos
em livros didáticos de Ensino Religioso do
ensino fundamental
(I)
Illustration of black and white characters in Religious
Education didactic books in elementary school
(A)
Sergio Luis do Nascimento
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR - Brasil, e-mail: axesergio@yahoo.com.br
(R)
Resumo
O artigo apresenta algumas considerações sobre a análise dos discursos
sobre os segmentos raciais negros e brancos em livros didáticos
de Ensino Religioso de e de séries do ensino fundamental,
publicados entre 1977 e 2007. A análise foi produzida nos contextos
interpretativos da teoria da ideologia (THOMPSON, 1995) e dos estudos
contemporâneos sobre discursos racistas. Além disso, manteve-se como
foco os possíveis impactos da movimentação em torno do tema na
produção de discurso racista em livros didáticos de Ensino Religioso,
procurando contemplar publicações produzidas de acordo com os três
modelos tradicionalmente presentes em diversas escolas do Brasil, a
saber: as concepções denominadas Confessional, Interconfessional e a
Fenomenológica. A análise formal ou discursiva consistiu na avaliação
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 417-433, jul./dez. 2010
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interna das próprias formas simbólicas, à qual se buscou integrar técnicas
de análise de conteúdo. Para análise quantitativa, obteve-se uma amostra
de 432 personagens nas ilustrações retiradas de 20 livros didáticos de
Ensino Religioso de 5ª e de 8ª séries do ensino fundamental.
(P)
Palavras-chave: Relações raciais. Livros didáticos. Ensino Religioso.
Discurso racista.
Abstract
The article presents some considerations on the analysis of discourses on blacks
and whites characters in Religion Education didactic books, from the 5th and 8th
grades of elementary school, published between 1977 and 2007. The analysis was
produced over interpretative contexts of the theory of ideology (THOMPSON,
1995) and contemporary studies on racist discourses. Furthermore, it was kept
the focus on possible impacts related to the dynamics around the theme, in the
production of racist discourse in Religion Education didactic books, aiming
at encompassing school books printed in accordance with the three models
traditionally present in several different schools, all over Brazil, that is: the so-
called Confessional, Inter-Confessional and Phenomenological conceptions. The
formal or discursive analysis consisted of evaluating their own internal symbolic
forms, which sought to integrate techniques of content analysis. For quantitative
analysis was used a sample of 432 characters taken from the illustrations in 20
textbooks for Religious Education in 5th and 8th grades of elementary school.
(K)
Keywords: Race relations. Didactic books. Religion Education. Racist
discourse. Blacks.
Introdução
O artigo pretende apresentar os resultados da análise de
personagens das ilustrações das unidades de leitura e das ilustrações das
capas de livros didáticos de Ensino Religioso dirigidos à 5ª e à 8ª séries do
ensino fundamental, publicados entre 1977 e 2007. Nessa caracterização
pretendeu-se apresentar os dados da análise de conteúdo que empreendem
a interpretação dos resultados à luz da Hermenêutica da Profundidade (HP)
e dos estudos críticos sobre relações raciais em livros didáticos.
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Foram analisados 20 livros didáticos de Ensino Religioso de 5ª e
de 8ª séries do ensino fundamental, publicados entre 1977 a 2007. No total
de 229 unidades de leitura e nas ilustrações que acompanham estes mesmos
textos, foram observados 432 personagens, e 43 nas ilustrações de capas.
Divididos os resultados relativos aos dados catalográcos dos
livros didáticos e das unidades de leitura que compõem a amostra, foram
examinados algumas características importantes e os principais atributos
dos personagens. Apresentou-se uma discussão sobre personagens brancos
e negros (agrupamento dos resultados obtidos para as categorias preto e
pardo) e cotados os resultados com outros estudos sobre relações entre
negros e brancos em livros didáticos, e em alguns casos, com resultados de
estudos sobre negros e brancos em outras formas discursivas (em especial
literatura infanto-juvenil e literatura). Além disso, fez-se o exercício de
comparar os personagens das unidades de leitura dos livros categorizados
como representantes das três diferentes propostas de educação religiosa:
Confessional, Interconfessional e Fenomenológica.
Contexto
O pressuposto desse artigo é identicar nas ilustrações se os livros
didáticos de Ensino Religioso de 5ª e de 8ª série apresentam desigualdade
racial nos segmentos raciais negros e brancos.
O presente problema salientado estabelece um pressuposto que
Rosemberg, Bazilli e Silva (2003, p. 127-128) descrevem muito bem: o
desao mais crítico para aqueles que lutam contra o racismo no Brasil está
justamente em convencer a opinião pública do caráter sistemático e não
casual dessas desigualdades. Combater o racismo não signica lutar contra
indivíduos, mas se opor às práticas e ideologias com as quais o racismo
opera por meio das relações culturais e sociais.
Entende-se que o conhecimento tem necessidade de reetir sobre
si mesmo. Reconhecer, situar, problematizar. É o que este artigo propõe:
debate e reexão de um tema controverso, justamente em função de uma
cultura de naturalização do racismo que reete, por exemplo, na exclusão
de negros do processo de escolarização. Frente a essa questão, Jaccoud e
Beghin (2002, p. 37) salientam que:
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A exclusão socioeconômica a que está submetida a população
negra produz perversas conseqüências. De um lado, a permanência
das desigualdades raciais naturaliza a participação diferenciada de
brancos e negros nos vários espaços da vida social, reforçando a
estigmatização sofrida pelos negros, inibindo o desenvolvimento
de suas potencialidades individuais e impedindo o usufruto da
cidadania por parte dessa parcela de brasileiros à qual é negada
a igualdade de oportunidades que deve o país oferecer a todos.
A educação sempre foi uma constante e persistente reivindicação
dos grupos negros, desde o escravismo, que impedia a educação e a instrução
dos negros e dos escravizados, fazendo que as irmandades religiosas negras
por todo o país tomassem silenciosamente esse encargo. Muitas vezes,
grupos que se reuniam e pagavam o ensino particular foram organizados, ou
contavam com a participação de outros afrodescendentes cultos. Tentativas
de transpor as condições de vida em que os negros estiveram imersos no
pós-abolição levaram à instituição de escolas formais e informais em um
sem número de agremiações negras, com as mais diversas denominações.
A histórica persistência da população negra na procura de melhor
escolaridade é reconhecida, apesar de o sistema escolar impor ao alunado
negro uma trajetória escolar mais difícil em relação àquela que impõe ao
alunado branco (ROSEMBERG, 1987). Vale lembrar ainda que, de acordo
com Rosemberg (1987), num estudo sobre atraso escolar e a participação
do negro no mercado de trabalho, estudantes negros apresentaram uma
trajetória escolar com frequentes interrupções, temporárias ou denitivas,
para trabalhar. Entretanto, a pesquisadora salienta que tais dados parecem
sugerir que não é a participação no mercado de trabalho que determina o
atraso escolar de alunos negros, mas sim alguns processos intraescolares
que não permitem uma identicação do alunado negro com a sua história.
O que pesquisadores como Carvalho (2006) sugerem em suas
análises e que, de certa forma, reforçam o que Rosemberg (1987) salientou é
que a ausência de temas relativos à contribuição dos negros na formação e no
desenvolvimento do País; a carência de abordagens sobre os elementos culturais
dos negros; a negação dos negros na África e no Brasil; e a invisibilidade dos
negros nos conteúdos dos livros didáticos contribuem para a interrupção de
sua trajetória escolar. Por isso, este artigo pretende analisar como tais questões
se apresentam nos livros didáticos de Ensino Religioso.
A diculdade do alunado negro em se identicar com a sua
própria história dá-se, por exemplo, no currículo, que se apresenta como
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um campo de disputa. Em geral, ele é engessado e excludente. Etnias sequer
são mencionadas, como é o caso dos ciganos, ou ainda são referenciadas de
forma estereotipada, como é o caso dos negros e de outros grupos étnicos,
como indígenas, asiáticos, latinos, que são percebidos de forma pejorativa
e desqualicada na estrutura curricular (CARVALHO, 2006, p. 126).
O acesso ao trabalho de Silva (2005) sobre relações raciais em livros
didáticos de língua portuguesa foi fundamental, pois possibilitou contato com
esse campo de estudo no Brasil e suas implicações, que revelam que os livros
didáticos brasileiros são racistas. É importante que mais pesquisas nessa área
apontem para os livros didáticos os seus equívocos, lacunas, disparidades,
desproporções, para além da palavra de ordem genérica que diz ser “necessário
mudá-los” (ROSEMBERG; BAZILLI; SILVA, 2003, p. 130-131).
Assim, a consolidação de uma sociedade mais justa e democrática,
tão almejada neste novo século, passa necessariamente pelo combate
ao racismo, pelo esforço urgente e consistente no reconhecimento de
suas implicações e pela tentativa de sua superação. Atitudes racistas e
preconceituosas permeiam com naturalidade o cotidiano de várias pessoas,
de todas as classes, de todos os grupos étnicos e condições sociais, grupos
que não perceberam como nem quanto o racismo tornou-se uma prática
culturalmente incorporada, e nem perceberam a extensão dos danos que
provocaram na população negra.
Como referencial metodológico, será utilizada a Hermenêutica
da Profundidade (HP), proposta por Thompson (1995). A análise da
ideologia, para o autor, é uma forma particular de HP, cujo foco dirige-se
às inter-relações entre signicado e poder. A HP compreende três fases:
a análise sócio-histórica, que tem a função de reconstruir as condições e
os contextos sociais e históricos da produção, circulação e recepção das
formas simbólicas; a análise discursiva ou formal, por meio da qual podemos
examinar a organização interna das formas simbólicas, suas características
estruturais, padrões e relações; e a interpretação/reinterpretação, que seria
a análise dos discursos à luz da teoria da ideologia.
Análise comparativa de personagens na ilustração entre os
três modelos
A proposta inicial para coleta de dados era contemplar livros
didáticos produzidos de acordo com três modelos tradicionalmente
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presentes em diversas escolas do Brasil, a saber: as concepções denominadas
Confessional, Interconfessional e Fenomenológica. Salientamos que, além
destas três proposições, existem outras derivadas. Além disso, as formas de
classicação, via de regra, fazem uso de generalizações e estão pouco atentas
a detalhes, gerando, quase inexoravelmente, imprecisões ou ambiguidades.
Reconhecendo essas possíveis imprecisões, ou incertezas, ainda assim se
considera aqui que a classicação em diferentes “modelos” de Ensino
Religioso no Brasil ajuda a compreender mudanças de propostas pedagógicas
e a pensar que tais mudanças se reetem nos livros didáticos. Toma-se, pois,
a classicação em três modelos que se organizam em períodos sucessivos, em
função do Ensino Religioso presente nos currículos das escolas brasileiras
e que, também, estão de acordo com o Fórum Nacional Permanente do
Ensino Religioso (Fonaper), que reconhece essas três correntes como marco
estruturador de leitura e interpretação da realidade (JUNQUEIRA, 2008).
Sobre a classicação dos selos, usamos como critérios os
conteúdos que cada selo apresentou: o modelo Confessional incorpora
uma linha de conteúdos doutrinais, o Interconfessional apresenta uma
linha de conteúdos cristãos, e o Fenomenológico, de conteúdos culturais.
Essa classicação tem que ser compreendida como uma aproximação, não
como um critério que engloba todos os aspectos de cada uma das obras.
A distribuição de personagens brancos e negros na ilustração
que acompanhou as unidades de leitura está apresentada na Tabela 1.
Esses resultados apresentaram algumas variações importantes para os
diversos modelos. Foi observado um total de 432 personagens ilustrados,
sendo 80 no modelo Confessional, 155 no Interconfessional e 197 no
Fenomenológico.
Os personagens brancos ilustrados do modelo Confessional
prevaleceram sobre os personagens negros. Esses, no entanto, que
praticamente não existiam nos textos do referido modelo, tiveram um número
superior nas ilustrações. Uma tendência observada nos livros desse modelo
foi a maior frequência de personagens negros ilustrados, sendo a metade
de tais personagens representada por imagens de grupos ou de multidões.
A tabela mostra um gradativo aumento de personagens brancos
e personagens negros nos modelos Interconfessional e Fenomenológico.
No primeiro foram 109 (70,9%) personagens brancos e 17 (10,1%)
personagens negros; no segundo, 127 (64,5%) personagens brancos e 33
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(16,5%) personagens negros. Calculadas as taxas de branquidade1, para
o modelo Confessional foram 4,2 personagens brancos ilustrados para
cada personagem negro; no Interconfessional foram 6,4 personagens
brancos ilustrados para cada negro; no Fenomenológico foram 3,8
personagens brancos para cada negro. Ou seja, a tendência de apresentar
personagens negros nas ilustrações de forma mais frequente que nos textos
esteve presente em todos os modelos, sendo mais acentuada no modelo
Confessional (redução de 29 para 4,2). Os livros do modelo Fenomenológico
apresentaram a menor desproporção em relação a personagens no texto
(taxa de branquidade de 6,7) e nas ilustrações (3,8).
Tabela 1 - Atributos de personagens na ilustração dos modelos Confessional,
Interconfessional e Fenomenológico de personagens brancos e negros presentes
em amostra de 432 unidades de leitura2
Atributos
Modelo
Confessional
Cor-etnia
Modelo
Interconfessional
Cor-etnia
Modelo
Fenomenológico
Cor-etnia
Brancos
(N = 34)
Negros
(N =8)
Brancos
(N =109
Negros
(N =17)
Brancos
(N =127)
Negros
(N =33)
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)
Natureza Humana 32 (94,1) 8 (100) 106 (97,2) 17 (100) 123(96,9) 32 (96,7)
Religiosa 2 (5,9) 0 (0,0) 3 (2,8) 0 (0,0) 2 (1,6) 1 (3,3)
Individualidade Indivíduo 16 (47,1) 4 (50,0) 54 (49,5) 14 (82,9) 51 (40,2) 9 (27,7)
Multidão 18 (52,9) 4 (50,0) 55 (50,5) 2 (11,4) 76 (59,8) 24 (72,3)
Sexo Masculino 16 (47,1) 1 (12,5) 57 (52,3) 12 (70,5) 59 (46,5) 17 (51,2)
Feminino 5 (14.7) 2 (25,5) 19 (17,4) 4 (23,8) 21 (16,5) 3 (9,1)
Idade Adultos 21 (61,8) 1 (12,5) 77 (70,6) 8 (47,6) 102(80,3) 18 (54,5)
Crianças 10 (29,4) 5 (62,5) 23 (21,1) 7 (41,9,) 5 (3,9) 8 (24,4)
Fonte: O autor (2009).
1 A taxa de branquidade fornece a relação entre o número de personagens brancos identicados corresponden-
tes à unidade de personagem negro identicado.
2 Usando o programa Excel, foram criadas planilhas eletrônicas, nas quais foram anotados, para cada variável,
os códigos denidos nos manuais. Essas informações foram postadas no programa SPSS, versão 13.0. Sendo
que, para cada um dos manuais e cada uma das variáveis, foram geradas tabelas de frequência simples. Para
os dados relativos aos personagens, organizou-se tabelas de cruzamentos de variável cor-etnia com todas
as demais variáveis. Com isso, foi gerado um número elevado de tabelas; selecionadas tais tabelas e dados,
sistematizou-se as informações e, por meio destas, deu-se a análise de conteúdo. A primeira planilha apresen-
tada tratou da análise dos dados catalográcos dos livros didáticos que compuseram a amostra.
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Repetiu-se nas ilustrações também a hegemonia de personagens de
natureza humana e, embora em todos os modelos gurem alguns personagens
brancos religiosos, inexistem personagens negros religiosos nas ilustrações
dos modelos Confessional e Interconfessional. Ou seja, somente no modelo
Fenomenológico o personagem negro religioso está presente.
Em relação aos atributos Indivíduo e Multidão, observou-se uma
tendência a apresentar muito maior proporção de personagens grupo-
multidão, tanto para negros quanto para brancos. Um detalhe peculiar entre
os três modelos é o fato de que no Interconfessional o número personagens
negros foi de 14 (82,9%), a maior média percentual entre os modelos.
Tal resultado indica uma maior importância de personagens negros nas
ilustrações dos livros desse modelo. Por outro lado, a tendência se inverteu
para o modelo Fenomenológico, com 24 (72,3%) personagens negros
apresentados como grupo-multidão. Ou seja, o aumento de número e de
proporção de personagens negros coincide com a tendência em apresentá-
los menos como indivíduos.
No caso do atributo sexo observa-se na Tabela 1 uma presença
feminina, de forma geral, muito abaixo da masculina, mas em presença relativa
um pouco maior que para as personagens no texto. No caso do modelo
Interconfessional, a ocorrência de duas personagens femininas foi maior
que a do único personagem masculino ilustrado. Mesmo com ocorrências
baixas, o percentual de personagens negras femininas nas ilustrações foi
superior ao percentual de personagens femininas brancas nos modelos
Confessional e Interconfessional. No modelo Fenomenológico, o percentual
de personagens femininas negras passou a ser mais baixo (9,1%) e a taxa de
branquidade foi de 7,0. De uma forma geral, a mulher negra praticamente
não existiu como personagens nas ilustrações analisadas.
Os personagens infanto-juvenis ilustrados são minoria em relação
aos personagens adultos, mas bem mais frequentes nas ilustrações que
nos textos. As personagens infanto-juvenis negras, que inexistiam nos
textos, e as brancas, que quase não existiam, passaram a gurar com maior
incidência nas ilustrações. Aparecem distribuídos em todos os modelos, com
destaque ao modelo confessional, com dez (29,4%) personagens brancos e
cinco (62,5%) personagens negros, no único caso em que os personagens
infantis foram superiores aos adultos. No modelo Interconfessional foram
23 (21,1%) personagens brancos infanto-juvenis ilustrados e sete (41,9%)
personagens negros. No modelo Fenomenológico cinco (3,9%) personagens
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brancos e oito (24,4%) personagens negros infanto-juvenis, sendo a taxa
de branquidade de 0,6, a menor de todos os personagens tabulados na
amostra. Esse dado revela-nos uma situação intrigante no que se refere a um
indicador de público, pois pesquisadores anteriores, como Negrão (1988) e
Silva (2005), salientaram em suas pesquisas resultados desproporcionais entre
personagens infantis brancos e negros e interpretaram que as unidades de
leitura se dirigiam a leitores presumidamente brancos. Na análise qualitativa e
na leitura inicial dos livros, em sua totalidade, já havíamos apreendido maior
presença de personagens negros infantis ilustrados nos selos pesquisados,
em particular nos livros didáticos do modelo Fenomenológico. O resultado
quantitativo de maior número e proporção de personagens negros infantis é
signicativo, em função da possível identicação dos leitores infanto-juvenis
com os personagens de faixa etária similar. Interpretamos como um caso
de contradiscurso relativo à norma branca de humanidade, que opera em
diversos meios discursivos midiáticos no Brasil (SILVA, 2008).
O discurso religioso parece, mesmo no modelo Fenomenológico,
que procura trabalhar mais com valores universais que com valores especícos
de religião, muito marcado por uma perspectiva masculina, branca e adulta.
Interpretamos, a partir dos resultados aferidos, que as ilustrações operam
num sentido de minimizar tais desigualdades, apresentando as ilustrações
maior diversidade de gênero, raça e idade em relação aos textos dos
mesmos livros. No entanto, essa maior diversidade relativa não representa
discurso igualitário. Com exceção dos personagens infanto-juvenis negros,
desigualdades importantes se mantêm.
Os personagens negros ilustrados, que eram exíguos no modelo
Confessional, passaram a ter mais representatividade nos modelos
Interconfessional e, em especico, no Fenomenológico. O aumento de
personagens negros ilustrados no modelo Fenomenológico atende, de certa
forma, à preocupação das editoras em responder aos movimentos sociais negros
em torno dos livros didáticos. Encontramos na pesquisa de Silva (2005) essa
mesma observação, no que se refere à tentativa das editoras em responder às
críticas dos movimentos sociais e de pesquisadores nas mudanças e na forma
de produção dos livros. No caso dos livros didáticos de Ensino Religioso,
de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), n.
9.475/97, de 22 de julho de 1997, que orienta o perl do Ensino Religioso como
parte integrante da formação básica do cidadão, cabe à disciplina assegurar
o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil (JUNQUEIRA, 2001).
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Contribuíram de forma bem salutar para essas transformações
as ilustrações, principalmente nos selos publicados após a LDB, de cultos
e festas de religiões de matriz africana, uma vez que enfatizaram aspectos
importantes em torno dessas manifestações religiosas, como a vida em
comunidade, a solidariedade e o respeito ao idoso. Os Orixás, que outrora
não eram nem citados, ou citados de maneira estereotipada e estigmatizada,
são trazidos dentro do contexto de história e contos, se fazendo conhecer de
maneira lúdica e despretensiosa dentro dos selos. Um aspecto importante, no
recurso imagético dos livros, foi o esmero na escolha positiva das imagens,
que reetem o cuidado na leitura e a preservação dos elementos constituintes
da estética negra. A representação visual adquire múltiplas abordagens que
se sobrepõem ou são vistas de forma particularizada.
Parece que as ilustrações têm apresentado resultados mais
expressivos nessa direção de atender a demandas sociais e a normativas
relativas à diversidade. Por um lado, pode-se interpretar como salutar o fato
das ilustrações apresentarem resultados melhores. De acordo com a análise
das formas de produção dos livros didáticos, essa melhoria pode ter origem
em equipes de arte e de ilustração mais atentas às demandas sociais e à
diversidade. Por outro lado, no entanto, as ilustrações com maior diversidade
podem operar como expressão do modo de atuação ideológica da dissimulação,
com a estratégia ideológica de deslocamento, corroborando para obscurecer os
discursos racistas, sexistas e adultocênticos presentes nos textos.
Além disso, as ilustrações guardam resquícios de uma “midiação
do sofrimento”, como descreve Andrade (2004, p. 86), ao retratar a criança
negra em situação de exploração, de trabalho e pobreza. Em nossa análise
qualitativa, identicamos ilustrações que relacionaram a infância a “problemas
sociais” e, da mesma forma que Silva (2007) descreve, a infância tem cor e
origem. Essa cor é representada tanto nos textos como nas ilustrações da
amostragem nessa pesquisa, associadas à gura da criança negra e pobre. As
ilustrações muitas vezes operam como formas complementares aos textos,
ao comunicar determinados sentidos como atribuições de juízo de valor,
levando a possíveis formas de interpretação (SILVA, 2007, p. 16). No caso
especíco, as imagens que se repetem de crianças negras em condições
de pobreza, sofrimento, desvalorização social, necessidade de assistência,
por um lado, podem operar como mote para críticas sociais; por outro,
circunscrevem um espaço social especíco para o negro, o espaço da miséria,
da subalternidade e da necessidade de assistência social ou de caridade.
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Seria expressão do modo de operação da ideologia da fragmentação, da
segmentação de grupos sociais em espaço de poder especíco.
O que se pretende avaliar com as ilustrações, em outras palavras,
são as imagens que podem dar sustentação ao racismo antinegro, ilustrações
essas que povoam o cotidiano e que nos acompanham no trabalho, nas ruas,
nos estabelecimentos públicos, que são amplamente difundidas na cultura
popular e, muitas vezes, circulam por meio de livros didáticos.
No modelo Fenomenológico, que apresentou um número maior
de imagens ilustrativas de negros, os selos não apresentaram personagens
negros com traços deformados, e o próprio discurso racista nas ilustrações
adquiriu formato mais elaborado. Ilustrações com estereótipos deram
lugar a imagens que, principalmente, circunscrevem o negro em situações
de miséria e escravidão. De certa forma, selos publicados na amostragem
desta pesquisa (desde o início desta década) superaram as ilustrações
estereotipadas que retratavam as mulheres com lenço na cabeça, lábios
exagerados, infantilizadas, próximas à natureza.
Além disso, são observadas diversas ilustrações, principalmente
fotograas, que valorizam aspectos fenotípicos dos personagens negros ou
que tratam de forma positiva as características da cultura afro (Figura 1).
Figura 1 - Página de abertura da unidade 2 “Escolher
e conviver”, da coleção “Redescobrindo o universo
religioso”
Fonte: NARLOCH, 2007, p. 25.
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A página de abertura da unidade e a página seguinte trazem a
mesma ilustração, dentro do tema “Quando a gente pode escolher”. O texto,
em sua essência, trabalha com o entendimento de liberdade dos leitores,
armando que a liberdade faz parte da condição humana e que o homem,
enquanto cidadão, tem direito a ela. A ilustração, nesse caso, vem armar
uma situação de liberdade.
Dentro da proposta deste artigo, a imagem apresenta os caminhos
possíveis para abordar a questão do negro nos livros didáticos, reforçando
a questão da identidade étnica passada no presente de maneira “natural”,
sem cenas caricatas ou preconceituosas. Além disso, o fato de apresentar
uma relação de carinho entre duas personagens que aparentam ser mãe e
lha é signicativo.
O discurso dos livros didáticos de Língua Portuguesa e o discurso
midiático brasileiro levaram Silva (2007) a armar que ocorre uma “proibição
tácita” de apresentar o negro em família. Na imagem em questão, temos
exemplo de discursos difíceis de serem observados em outros meios
discursivos, que valorizam personagens negras em família.
Outra novidade nos livros didáticos do modelo Fenomenológico
é tomar as religiões afro-brasileiras como tema. Em geral, tais partes são
acompanhadas de fotograas ilustrativas. A Figura 2 apresenta o Candomblé
com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a cultura afro-brasileira
e as religiões de matriz africana, ressaltando no texto alguns fundamentos
destas tradições.
O Candomblé oferece, em especial, à população negra, subsídios
para o desenvolvimento de identidade. O texto que acompanha a ilustração
reproduzida descreve, de forma positiva, alguns valores relacionados com
as religiões de origem africana.
Na Figura 3, a unidade trabalha por meio do texto uns contos
africanos, que se encontram inseridos na temática “Religião e ciência”,
na unidade analisada. O texto arma que povos que não praticam a
ciência ocidental não deixam de ter a sua própria ciência, associada à
divindade, como a apresentada no conto afro-brasileiro. Isso demonstra
o cuidado com as diferentes manifestações religiosas, como as de matriz
africana. Tais informações eram inexistentes nos selos analisados no
modelo Confessional.
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Ilustração de personagens negros e brancos em livros didáticos
de Ensino Religioso do ensino fundamental
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 417-433, jul./dez. 2010
Figura 2 - Exemplo de personagens ilustrados na unidade de leitura
da coleção “Redescobrindo o universo religioso”
Fonte: LONGEN, 2007, p. 44.
Figura 3 - Página de nalização de unidade de leitura da coleção
“Todos os jeitos de crer”
Fonte: INCONTRI; BIGHETO, 2004, p. 210.
430 NASCIMENTO, S. L. do.
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 417-433, jul./dez. 2010
A Figura 4 ilustra a tendência presente em livros publicados mesmo
após a década de 1990 (e, neste caso especíco, selos que conguram essas
imagens publicadas nesta década), de manter os personagens negros
connados a determinadas temáticas, limitando as posições sociais do negro
às situações de desvalorização social, no caso especíco, crianças negras
circunscritas à situação de miséria.
Figura 4 - Crianças pobres atendidas
pelo Unicef
Fonte: LONGEN, 2007, p. 55.
Considerações nais
Nestes 30 anos de produção (1977 a 2007), os selos didáticos de
Ensino Religioso apresentaram avanços e permanências no que se refere a
relações entre brancos e negros. As editoras, por sua vez, em certa medida,
431
Ilustração de personagens negros e brancos em livros didáticos
de Ensino Religioso do ensino fundamental
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 417-433, jul./dez. 2010
buscaram responder às reivindicações dos movimentos sociais negros e
aos pesquisadores sobre a produção e a veiculação de discursos racistas.
A movimentação em torno do tema foi particularmente importante
a partir do m dos anos 1980, com a Constituinte e a Constituição de 1988;
o Centenário da Abolição, também em 1988; a Marcha Zumbi Contra o
Racismo, pela Cidadania e Vida, em 1994; a estruturação do Programa
Nacional do Livro didático (PNLD); o processo de avaliação do livro
didático, iniciado em 1996; a discussão e aprovação, ainda em 1996, da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; e as avaliações promovidas pelo
Ministério da Educação (MEC). Relacionado a toda essa movimentação,
o tema racismo em livros didáticos manteve-se na agenda das discussões.
O feito inuenciou para que os editores de livros didáticos mudassem sua
aparência, seu layout, e assimilassem determinados avanços pedagógicos no
combate às manifestações de racismo explícito e implícito nos livros didáticos.
Os livros didáticos pesquisados nos três modelos ainda atuam no
sentido de diferenciação ou estigmatização dos personagens negros, estabelecendo
e difundindo sentidos que dicultam a possibilidade do negro brasileiro
assumir posição de exercício de poder. As ilustrações, muitas vezes, procuram
personicar os negros em representações de expressiva subordinação aos
personagens brancos. Os livros mais recentes valorizaram aspectos fenotípicos
de personagens negros, como no caso do modelo Fenomenológico, mas
permanecem formas de hierarquia racial e a sub-representação em relação aos
personagens brancos, estabelecendo contextos de valorização desses últimos.
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Recebido: 26/10/2009
Received: 10/26/2009
Aprovado: 10/03/2010
Approved: 03/10/2010
... It is in the 2000s that the criticism of "white normativity" has new impact in the international bibliography and begins to be integrated in some studies in Brazil, in which they are used for the analysis of media discourses (Silva & Rosemberg, 2008;Santos, 2011), advertising (Silva et al., 2012), textbooks (Rosemberg et al. 2003;Silva, 2006;Nascimento, 2010;Silva et al., 2012) and children"s literature (Araujo, 2012;Silva, 2014). Such studies and the adoption of the critique of white normativity were episodic in the 1990s, became more frequent in the 2000s, and have multiplied, somewhat fostered by the greater entry of black men and women into graduate school and social research who, bearing the marks of their life formation and the weight of racism in their trajectories, elected research problems that focus on white normativity as a way to establish racial hierarchy. ...
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Resumo Este artigo discute os escritos de Fúlvia Rosemberg e sua contribuição para a pesquisa social e em educação. Analisa, na obra da autora, os conceitos de não sincronia das hierarquias sociais nas intersecções das hierarquias de raça, gênero e idade nas políticas educacionais e de branquidade, compreendida como norma de humanidade, que revela a norma social naturalizada situada no centro da hierarquização branco-negro e a necessidade de sua crítica. Os conceitos mobilizados e a forma de análise mantêm vívido o interesse da obra e dos conceitos para a análise das desigualdades educacionais e sociais.
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Orientadora: Fúlvia Maria de Barros Mott Rosemberg Tese (doutorado) - Pontifícia Universidade Católica de Săo Paulo. Defesa: Săo Paulo, 2005 Inclui bibliografia e anexos
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O artigo se propõe a efetuar uma revisão da produção brasileira sobre expressões de racismo em livros didáticos. Baseando-se em estados da arte já publicados e no original (como o de Baptista, 2002), o artigo analisa a produção brasileira sob dois ângulos: publicações que enunciam o racismo em livros didáticos; e publicações que referem-se ao combate ao racismo em livros didáticos. Num percurso histórico, os autores procuram indicar aspectos comuns ao conjunto de análises já produzidas sobre o tema, as lacunas que vêm permanecendo e a diversidade de enfoques teórico-metodológicos sobre os quais elas têm se apoiado. Concluem analisando as principais ações que vêm sendo desenvolvidas tanto pelo movimento negro como pelos órgãos oficiais para combater o racismo nos livros didáticos, tais como o programa Nacional do Livro Didático e a recente Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira, no ensino fundamental.
território nacional, competência, sistema de ensino, fixação, conteúdo, disciplina escolar, religião. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil
  • Alteração
Alteração, normas, correlação, facultatividade, disciplina escolar, religião, estabelecimento de ensino, ensino fundamental, território nacional, competência, sistema de ensino, fixação, conteúdo, disciplina escolar, religião. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, Congresso Nacional, 23 jul. 1997b. Coluna 2, p. 15824. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ ListaNormas.action?tipo_norma=LEI>. Acesso em: 25 set. 2009. NASCIMENTO, S. L. do.
Todos os jeitos de crer: idéias. São Paulo: Ática
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INCONTRI, D.; BIGHETO, A. C. Todos os jeitos de crer: idéias. São Paulo: Ática, 2004. v. 4.
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