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Applied Research & Agrotechnology v.10, n.2, may/aug. (2017)
Print-ISSN 1983-6325 (On line) e-ISSN 1984-7548
Brazilian Journal of Applied Technology for Agricultural Science, Guarapuava-PR, v.10, n.2 p.71-78, 2017
(DOI): 10.5935/PAeT.V10.N2.07
Qualidade de mudas de quiabeiro
em função de diferentes dosagens
de fertilizante de liberação lenta
Erik Nunes Gomes 1
Felipe Francisco 2
Luiz Gabriel Gemin 2
Überson Boaretto Rossa 3
Danielle Janaina Westphalen 4
Resumo
Mudas de quiabeiro apresentam lenta absorção
de nutrientes e há necessidade de fornecimento
escalonado de minerais para evitar perdas por
lixiviação e carência de nutrientes como nitrogênio e potássio. Dentre as opções disponíveis para a nutrição
das mudas estão os fertilizantes de liberação lenta (FLL). Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi
avaliar doses de FLL no desenvolvimento de mudas de quiabeiro. A pesquisa foi realizada nas dependências
do Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari, com sementes da empresa Sakata, cultivar “Colhe
Bem”. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis doses de FLL e três repetições.
As doses utilizadas foram 0, 2, 4, 6, 8 e 10 kg de FLL m-³ de substrato. Aos 27 dias após a semeadura foram
avaliadas a altura, diâmetro de colo, número de folhas, massa seca da parte aérea, massa seca da raiz, massa
seca total, relação entre massa seca da parte aérea e massa seca de raízes, relação entre altura e diâmetro de
colo e índice de índice de qualidade de Dickson. Houve incrementos significativos nas variáveis observadas
com a aplicação de FLL em relação ao tratamento controle, exceto para número de folhas e razão entre massa
seca de parte aérea e massa seca de raízes e índice de qualidade de Dickson. O FLL constitui uma boa opção
para promover o desenvolvimento de mudas de quiabeiro.
Palavras chave: Abelmoschus esculentus (L.) Moench; fertilizante de liberação controlada; fertilização.
Abstract
Quality of okra seedlings according to different dosages of slow release fertilizer
Okra seedlings uptake minerals slowly and need staggered fertilization to avoid leaching and
deficiency of nutrients as nitrogen and potassium. Among the available options for seedling nutrition there
are slow release fertilizers (SRF). The aim of the present work was to evaluate doses of SRF in okra seedlings.
The research was carried out in the facilities of the Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari, using
seeds of the company Sakata, cultivar “Colhe Bem”. The experimental design was completely randomized
with six doses of SRF and three replications. The tested doses were 0, 2, 4, 6, 8 and 10 kg of SRF per m³ of
substrate. After 27 days from sowing we evaluated the variables of height, stem diameter, number of leaves,
shoot dry mass, root dry mass, total dry mass, ratio shoot and root dry mass ratio, height and stem diameter
ratio and Dickson quality index. There were significant increases in the observed variables with the application
of SRF in relation to the control, except for number of leves, ratio of dry weight of shoot and root dry matter
and Dickson quality index. The SRF is a good option to promote the development of okra seedlings.
Key-words: Abelmoschus esculentus (L.) Moench; controlled release fertilizer; fertilization.
Cientic Paper
Received at: 25/02/17 Accepted for publication at: 22/07/17
1 Lcdo. Ciências Agrícolas. Doutorando em Produção Vegetal. Universidade Federal do Paraná - UFPR- Rua XV de
Novembro, 1299 - Centro, CEP 80060-000 - Curitiba - PR. Email: erikgomes93@hotmail.com
2 Doutorando em Produção Vegetal. Universidade Federal do Paraná - UFPR- Rua XV de Novembro, 1299 - Centro,
CEP 80060-000 - Curitiba - PR. Email: gemin1988@hotmail.com; felipefrancisco@agronomo.eng.br
3 Eng. Agrônomo. Dr. Prof. Instituto Federal Catarinense - IFC -Rodovia BR 280, km 27, s/n - Câmpus Araquari,
CEP 89245-000 - Araquari - SC. Email: uberson.rossa@ifc-araquari.edu.br
4 Eng. Florestal. Dra. Universidade Federal do Paraná - UFPR- Rua XV de Novembro, 1299 - Centro, CEP 80060-
000 - Curitiba - PR. Email: daniellejanaina76@gmail.com
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Resumen
Calidad de mudas de quiabo en función de diferentes dosis de fertilizante
de liberación lenta
Las mudas de quiabo tienen una lenta absorción de nutrientes y hay necesidad de suministro escalonado
de minerales para evitar pérdidas por lixiviación y carencia de nutrientes como nitrógeno y potasio. Entre las
opciones disponibles para la nutrición de las mudas están los fertilizantes de liberación lenta (FLL). En este
sentido, el objetivo del presente trabajo fue evaluar las dosis de FLL en el desarrollo de mudas de quiabo. La
investigación fue realizada en las dependencias del Instituto Federal Catarinense - Campus Araquari, con
semillas de la empresa Sakata, cultivar "Colhe Bem". El diseño experimental fue completamente casualizado
con seis dosis de FLL y tres repeticiones. Las dosis utilizadas fueron 0, 2, 4, 6, 8 y 10 kg de FLL m-3 de sustrato.
A los 27 días después de la siembra se evaluó la altura, el diámetro del cuello, el número de hojas, la masa
seca de la parte aérea, la masa seca de la raíz, la masa seca total, la relación entre la altura y diámetro del collo
y, el índice de calidad de Dickson. Se observaron incrementos significativos en las variables observadas con
la aplicación de FLL en relación al tratamiento control, excepto para el número de hojas y razón entre masa
seca de parte aérea y masa seca de raíces e índice de calidad de Dickson. El FLL es una buena opción para
promover el desarrollo de las mudas de quiabo.
Palabras clave: Abelmoschus esculentus (L.) Moench; fertilizante de liberación controlada; fertilización.
Gomes et al. (2017)
Introdução
O quiabeiro, Abelmoschus esculentus (L.)
Moench, pertencente à família Malvaceae, é uma
espécie originária da África (FILGUEIRA, 2008) e
apresenta boa adaptabilidade nas regiões do Sudeste
e Nordeste do Brasil, onde as condições climáticas,
exceto pluviosidade, são excelentes para o seu
cultivo (MINAMI et al., 1997). A cultura apresenta
boa aceitação no comércio mundial (PANIGRAHI e
SAHU, 2013), possui custo de produção relativamente
baixo e rápido retorno do capital investido devido
ao curto período entre plantio e colheita (RIBAS et
al., 2003).
Comumente, o cultivo do quiabeiro é
realizado em plantio direto, com 4 a 8 sementes
por cova. A maior necessidade de sementes para
o estabelecimento do estande desejado se deve
às especificidades morfológicas do tegumento
da semente, que culmina em germinação lenta e
desuniforme, problema acentuado em condições de
baixa umidade relativa e em faixas de temperatura
diferentes da ótima para a germinação do quiabeiro,
em torno de 21 a 35ºC. Esta condição restringe a época
de plantio em determinadas regiões, onde a produção
de mudas torna-se uma opção viável (MODOLO et
al., 2001; MINAMI et al., 1997; MINAMI, 1995).
A nutrição é um dos aspectos mais importantes
na produção de mudas. Segundo Siemonsa (1982), a
cultura do quiabeiro tem por característica a extração
lenta de nutrientes até os 20 dias, com aumento a
partir desta fase. Assim, há a necessidade de fornecer
de forma escalonada doses balanceadas de nutrientes
no período de desenvolvimento das mudas, a
fim de reduzir perdas por lixiviação e estimular o
crescimento adequado, considerando os aspectos
ambientais, produtivos e econômicos (BERNARDI
et al., 2008).
Nesse sentido, uma das opções para a nutrição
das plantas é a utilização de fertilizantes de liberação
lenta (FLL). Esses fertilizantes contêm minerais
solúveis envoltos por uma membrana semipermeável
que se dilata e contrai por efeito da temperatura,
promovendo liberação gradual de nutrientes para
o substrato (GUARESCHI et al., 2011). Uma das
vantagens de utilização de FLL em relação aos
adubos convencionais é a diminuição da lixiviação
e o fornecimento dos nutrientes ao longo de meses
(ROSSA et al.2013).
Uma das linhas de fertilizantes que se
enquadram na liberação controlada de nutrientes
é a Basacote®, apresentando associação a um
polímero elástico que recobre os grânulos dos sais
de fertilizantes, chamado Poligen®. A liberação
dos nutrientes ocorre por processo de difusão que
garante a sua disponibilização de forma adequada às
exigências das culturas, minimizando as perdas por
lixiviação e os efeitos negativos da salinidade elevada
na solução do solo. Além dos macronutrientes
primários, N, P e K, os grânulos de Basacote® contém
ainda Magnésio, Enxofre, Ferro, Boro, Zinco, Cobre
e Molibdênio. O tempo em que o produto segue
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liberando nutrientes para o solo ou substrato depende
da tecnologia e espessura da membrana, variando de
3 a 12 meses (COMPO EXPERT, 2015).
Considerando o exposto, objetivou-se com
o presente trabalho avaliar o desenvolvimento e
qualidade de mudas de quiabeiro sob diferentes
doses do FLL Basacote Plus 6M® aplicado em
substrato.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido durante o período
de março a maio de 2014, na Unidade de Ensino e
Aprendizagem “Viveiro de Mudas” do Instituto
Federal Catarinense – Campus Araquari, localizado
sob as coordenadas 26º23’37’’S e 48º44’14’’W em
altitude de 11 metros.
As sementes utilizadas foram da empresa
Sakata, cultivar “Colhe Bem”, com pureza física de
99,9% e poder germinativo de 75%, tratadas com 0,2%
de Thiram. O processo de semeadura foi realizado
em tubetes de 53 cm³ preenchidos com uma mistura
de substrato orgânico à base de bagaço de uva S-10
Beifort® (60%) e vermiculita de granulometria
média (40%), cujas características químicas e físicas,
disponibilizadas pelo fabricante, estão apresentadas
na Tabela 1. Utilizaram-se duas sementes por tubete,
com profundidade de plantio de 3 cm. A umidade
do substrato foi mantida pelo sistema de irrigação
por micro aspersão.
Tabela 1. Características químicas e físicas das matérias primas utilizadas para a produção de mudas de
quiabeiro.
Substrato à base de bagaço de uva S-10 Beifort®
pH (H2O) 5 a 25ºC 5,6
CTC (mmolc dm-³) 365
Capacidade de Retenção de Água a 10 cm (% m m-1) 182
Enxofre Total (mg kg-1) 504
Fósforo Total (% P2O5) 0,568
Nitrogênio Total (%) 1,37
Umidade a 65 °C (%) 52,5
Densidade a 25 ºC (em base seca a 65 ºC) (kg m-³) 370
Fertilizante de Liberação Lenta Basacote® 6M
N (%) 13,00
P2O5 [Sol. em CNA + H2O] (%) 6,00
K2O (%) 16,00
MgO (%) 1,40
S (%) 10,00
B (%) 0,02
Cu (%) 0,05
Fe (%) 0,26
Mn (%) 0,06
Mo (%) 0,015
Diâmetro dos grânulos (mm) 1,5 a 2,8
Peso 1.000 grãos (g) 9,58
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Quality of okra seedlings...
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Para os tratamentos utilizou-se o fertilizante
de liberação (FLL) Basacote® Mini 6M fabricado
pela empresa Compo GmbH e Co.KG (Alemanha),
cuja formulação, fornecida pelo fabricante, é
caracterizada na Tabela 1. A mistura das matérias
primas do substrato e diferentes doses de FLL foi
homogeneizada com auxílio de betoneira por um
período de 5 minutos.
O delineamento experimental utilizado
foi inteiramente casualizado com 6 tratamentos
e 3 repetições, tendo 12 plantas como unidade
experimental. Os tratamentos foram: T1 – 0 kg
(controle); T2 – 2 kg; T3 – 4 kg; T4 – 6 kg; T5 – 8 kg e
T6 – 10 kg de FLL m-³ de substrato.
Aos 27 dias após a semeadura realizou-se a
averiguação da altura da parte aérea da muda do
nível do substrato até o ápice utilizando-se régua (cm)
e do diâmetro de colo, com auxílio de paquímetro
(mm) a 0,5 cm do nível do substrato. As amostras de
parte aérea, bem como as raízes destorroadas foram
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acondicionadas em sacos de papel e secas em estufa
a 65 ºC com ventilação forçada até massa constante.
Analisaram-se os parâmetros biométricos de
altura (H), diâmetro do colo (DC), número de folhas,
massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz
(MSR), massa seca total (MST), e, com base nestes
valores foram calculadas a relação entre massa seca
da parte aérea e massa seca de raízes (RPAR), relação
entre altura e diâmetro de colo (H/DC) e índice de
qualidade de Dickson (DICKSON et al., 1960).
Os dados foram submetidos ao teste de
Bartlett para avaliação da homogeneidade das
variâncias e à análise de variância (ANOVA).
Constatada significância, as doses de FLL foram
comparadas por meio de análise de regressão. O
critério para a escolha do modelo foi a significância
pelo teste F a 5% de probabilidade de erro.
Resultados e Discussão
A análise de variância revelou haver
significância para todas as variáveis analisadas,
exceto para número de folhas, relação entre massa
seca da parte aérea e massa seca de raízes (RPAR)
e índice de qualidade de Dickson (IQD) (Tabela 2).
Gomes et al. (2017)
Tabela 2. Resumo da análise de variância para altura total (H), diâmetro do colo (DC), número de folhas,
massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR), massa seca total (MST), relação entre altura e
diâmetro de colo (H/DC), relação entre massa seca de parte aérea e massa seca de raiz (RA/R) e índice de
qualidade de Dickson em mudas Abelmoschus esculentus (L.) Moench.
Fontes de
Variação G.L. Quadrados médios
H
(cm) DC
(mm) NF MSPA
(g) MSR
(g) MST
(g) H/DC RA/R IQD
Trat. 5 29,90** 0,0001* 0,01ns 0,01* 0,225* 0,327** 6,33* 0,0001ns 0,001ns
Erro 12 1,57 0,087 0,031 0,001 0,027 0,034 0,919 0,0047 0,001
CV (%) 7,96 11,58 6,46 18,21 24,57 21,29 15,44 24,38 24,57
M. G. 15,73 2,56 2,71 0,184 0,681 0,865 6,208 0,282 0,133
**signicativo a 1%; *signicativo a 5%; ns: não signicativo. C.V.: Coeciente de Variação. G.L.: Graus de Liberdade. Trat.: Tratamentos
(doses de Fertilizante de libertação lenta). M.G.: Média geral.
Plantas tratadas com FLL apresentaram
altura superior ao tratamento controle (Figura 1 a).
Resultados similares foram reportados por Rossa et al.
(2011) com as espécies Araucaria angustifolia e Ocotea
odorifera e Rossa et al. (2013) com a espécie Schinus
terebinthifolius. A altura das plantas apresentou
resposta quadrática na análise de regressão em função
da aplicação de FLL. Benício et al. (2011) relataram
resposta semelhante para doses de biofertilizante
em mudas de quiabeiro havendo incremento com a
utilização do produto em relação ao controle, porém
ocorrendo inibição do crescimento, número de folhas
e biomassa com as doses mais elevadas, fato atribuído
pelos autores a um teor elevado de sais na calda. No
presente trabalho o excesso de sais promovido pelas
doses mais elevadas também pode ter sido a razão
da diminuição da altura nestas condições.
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Figura 1. Análises de regressão de altura (a) e diâmetro de colo (b) de mudas de Abelmoschus esculentus (L.)
Moench. (quiabeiro) em função das doses de fertilizante de liberação lenta.
As respostas observadas com aplicação do
FLL na altura de mudas apresentam variação entre
as espécies. Scivittaro et al. (2004) relataram que
não houve efeito de doses de FLL para mudas de
Poncirus trifoliata; outros autores, no entanto, relatam
respostas quadráticas para altura em função de doses
de FLL em mudas de Eucalyptus grandis (ROSSA et al.,
2015), Pinus taeda (WILSEN NETO e BOTREL, 2009)
e Cabralea canjerana (ROSSA et al., 2014).
O diâmetro do colo apresentou significância
pelo teste F na regressão quadrática, o coeficiente de
determinação para a variável no ajuste da equação,
todavia, foi baixo (R²=0,24) (Figura 1 b). Esta resposta
pouco expressiva pode ser atribuída ao curto período
de desenvolvimento das mudas de quiabeiro,
de 27 dias, diferindo dos resultados encontrados
principalmente nos estudos com espécies florestais
(ROSSA et al., 2013; ROSSA et al., 2011; WILSEN
NETO e BOTREL, 2009).
O número de folhas é um fator de importância
por ser importante indicativo da capacidade
fotossintética da planta, e por consequência, de sua
capacidade para assimilar carbono, aumentando
vigor e qualidade das mudas. Para esta variável
não houve significância nos modelos avaliadas,
apresentando uma media geral de 2,71 folhas por
planta, próximo ao relatados por Benício et al. (2011)
em mudas de quiabeiro avaliadas 22 dias após a
semeadura.
MSPA, MSR e MST apresentaram significância
no modelo polinomial de segunda ordem, ou
resposta quadrática (Figura 2). Rossa et al. (2013)
reportaram resposta de MFPA ao FLL análoga ao
presente experimento em Schinus terebinthifolius. O
comportamento quadrático observado para MSPA
e MSR em função de FLL em mudas é similar ao
relatado por Mendonça et al. (2006) em Euterpe
oleracea, Pomper et al. (2002) em Asimina triloba,
Wilsen Neto e Botrel (2009) em Pinus taeda, Mendonça
et al. (2007) em Passiflora edulis e Rossa et al., 2011 em
Aruacária angustifolia e Ocotea odorifera.
A resposta quadrática observada no presente
trabalho pode ser atribuída a uma provável
sensibilidade do quiabeiro às mudanças ocorridas
no substrato à medida que aumentam as doses do
fertilizante, explicando a redução da massa seca
das raízes em doses mais elevadas. Esse fato foi
observado por Freitas et al. (2011) em mudas de
abacaxizeiro, que apresentaram resposta linear
negativa para a MSR em função de doses de FLL, os
autores relatam mudanças químicas e diminuição de
pH à medida que se aumentam as doses do produto.
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Figura 2. Análises de regressão de massa seca de parte aérea (a), massa seca de raíes (b), massa seca total, e
relação altura/diâmetro de colo (d) de mudas de Abelmoschus esculentus (L.) Moench. (quiabeiro) em função
das doses de fertilizante de liberação lenta.
A relação entre a massa seca da parte aérea e
a massa seca das raízes não apresentou significância
para nenhum modelo matemático testado. Segundo
Marana et al. (2008), para mudas de cafeeiro, valores
razoáveis de RPAR podem variar de 4,7 a 7,0, sendo
que valores menores que 4,7 indicam que a muda
não teve um bom desenvolvimento da parte aérea
sendo que, acima de 7,0 o crescimento do sistema
radicular foi insuficiente. Os valores obervados no
presente trabalho se situaram entre 0,237 e 0,310,
evidenciando pronunciado desenvolvimento
radicular das mudas. Considerando a especificidade
dos valores encontrados para mudas de quiabeiro,
este parâmetro, não se mostrou adequado para
avaliação da qualidade de mudas de quiabo nas
condições em o experimento foi realizado.
A relação entre altura e diâmetro de colo é
um parâmetro de qualidade de mudas que exprime
o equilíbrio de crescimento, representando dois
parâmetros morfológicos simultaneamente e está
diretamente relacionado à sobrevivência das mudas
no campo (GOMES et al., 2002). Segundo Carneiro
(1995), os valores devem se situar entre 5,4 a 8,1. No
presente trabalho todos os tratamentos apresentaram
valores dentro do intervalo indicado, exceto o
tratamento controle, com valor médio de 4,87. A
resposta para esta variável foi quadrática (Figura
5). Costa et al. (2011), ao trabalharem com mudas
de berinjela em diferentes substratos afirmaram,
diferentemente do observado no presente trabalho,
que a relação H/DC não foi um parâmetro eficiente
para a avaliação da qualidade das mudas. Segundo
os autores o IQD, que envolve vários parâmetros
de crescimento, foi o indicador mais adequado do
padrão de qualidade das mudas de berinjela.
No presente trabalho, todavia, não foi
observada diferença entre os tratamentos para o IQD,
com valores de 0,119 a 0,163. Segundo Hunt (1990)
o valor mínimo para este índice deve ser de 0,20,
de modo que, nenhum dos tratamentos, promoveu
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valores adequados para as mudas de quiabeiro nas
condições deste experimento.
Apesar do curto tempo de permanência das
mudas de quiabeiro antes do transplantio, ficam
evidenciados os efeitos positivos da aplicação do
FLL pelo incremento na maioria das variáveis
observadas. É conveniente ressaltar, no entanto, que
o efeito deste tipo de fertilizante não se restringe à
fase de mudas, uma vez que, na ocasião do plantio,
o torrão contendo substrato com FLL continuará
disponibilizando nutrientes para a planta no
campo e auxiliando no crescimento e vigor na fase
inicial de desenvolvimento. Sugerem-se estudos
complementares com o acompanhamento das mudas
tratadas com FLL em condições de campo para
avaliação deste efeito.
Conclusão
A aplicação do fertilizante de liberação lenta
(FLL) apresenta efeito positivo na qualidade das
mudas de quiabeiro favorecendo o desempenho das
plântulas e promovendo o incremento especialmente
em altura e massa seca além dos parâmetros de
qualidade das mudas.
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Referências
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