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AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA DE APOIO AO ENSINO PRESENCIAL: RELATO DE EXPERIENCIA NO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Authors:
ISSN 2176-1396
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA DE
APOIO AO ENSINO PRESENCIAL: RELATO DE EXPERIENCIA NO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Gabriela Eyng Possolli
1
- FPP
Gabriel Lincoln do Nascimento
2
- FPP
Raquel Garcia de Lima
3
- FPP
Rogério Saad Vaz
4
- FPP
Grupo de Trabalho: Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
AVAs (ambiente virtual de aprendizagem) são softwares utilizados para armazenamento e
administração dos conteúdos de cursos online, e também cursos presenciais. Eles organizam
também outros processos de capacitação, e que como instrumento de avaliação de cursos de
graduação na área da saúde. Relato de Experiências: Este relato de experiência se baseia em
observações realizadas durante o processo de planejamento e aplicação do AVA Eureka para
a organização do cronograma e orientações da disciplina de TCC. Foram coletados
depoimentos de docentes durante este processo (junho e agosto de 2014) e na conclusão da
disciplina (dezembro de 2014). Os acadêmicos forneceram dados por meio de um instrumento
misto (quanti-quali). Análise de Resultados: a) Experiência Docentes: O relato de cinco
professores orientadores da disciplina de TCC, indicou um ganho pedagógico significativo na
experiência de uso do AVA. Um ponto de destaque foi a utilização das ferramentas de
comunicação da plataforma. A comunicação, mediada pelo AVA, inclui mensagens de
orientação e troca de arquivos parciais e finais, tanto entre docentes-discentes quanto entre os
docentes-docentes; b) Experiência Discentes: O AVA contribuiu possibilitando a
comunicação com os professores de maneira mais organizada (62,9%). Os roteiros que
organizavam as datas do TCC e fornecem diretrizes, facilitam a construção (70,3%). Ainda na
primeira opção foram selecionadas opções quanto à confiabilidade e segurança do sistema em
contatar os professores para possíveis dúvidas e envio de versões do TCC com 51,8% de
incidência e com 11,1% a última opção contemplava os alunos que não consideraram o uso do
AVA como um diferencial processo de aprendizagem ao marcar a alternativa de
1
Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenadora de Educação a Distância na
Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). E-mail: gabriela.possolli@fpp.edu.br
2
Acadêmico do segundo ano de Psicologia da Faculdades Pequeno Príncipe. Bolsista de Iniciação Científica
pela Fundação Araucária.
3
Acadêmica do segundo ano de Psicologia da Faculdades Pequeno Príncipe. Colaboradora da coordenadoria de
Educação a Distancia. E-mail: raquel.lima@fpp.edu.br.
4
Doutor em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Coordenador do Curso de Biomedicina na Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). E-mail: rogerio.vaz@fpp.edu.br
28339
Considerando a utilização do AVA para estruturar o cronograma e as entregas de TCC.
Conclui-se a partir dos resultados analisados que há uma necessidade de otimização e
promoção de uma discussão institucional mais aprofundada sobre o tema aos demais cursos,
além do aprofundamento de estudos qualitativos e quantitativos sobre o assunto. Também
devem ser constituídas capacitações específicas tanto para corpo docente e discente, de forma
a garantir a aplicação adequada desta ferramenta em processos de administração e
desempenho didático-pedagógicos
Palavras-chave: Ambiente Virtual de Aprendizagem. Trabalho de Conclusão de Curso.
Tecnologias Educacionais
Introdução
Atualmente as tecnologias de informação e comunicação inserem-se, nas mais
diferentes áreas da atuação humana e a Educação não é exceção. Uma das formas com que as
TICs se inseriram no meio educacional é pela educação a distância, que avançou o
desenvolvimento de novas ferramentas e práticas, dentre estas ferramentas encontam-se os
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs, ou Learning Management Systems, LMS ou
ainda Virtual Learning Environment, VLE).
AVAs são softwares utilizados para armazenamento e administração dos conteúdos de
cursos online ou de cursos presenciais. Eles organizam também outros processos de
capacitação, por exemplo, formações continuadas e cursos de extensão. Estes conteúdos
incluem principalmente cadastros de usuários, catálogos e cronogramas de cursos (ROSINI,
2013). Possolli (2012) explica que para softwares, mesmo que educacionais, poderem ser
denominados AVAs é necessário que estes apresentem funcionalidades básicas, sendo estas:
Controle de Acesso (definição de usuário, senha e perfil de acesso); Organização do
Ambiente com menus e ferramentas agrupadas por categorias; Controle de tempo
para as atividades; Comunicação síncrona e assíncrona; Espaço privativo conforme
o tipo de acesso de cada usuário; Materiais didáticos e recursos multimídia
atualizados e adequados; Apoio online (tutoria); Avaliação e auto-avaliação. (p.79)
A experiência relatada neste trabalho se deu meio da utilização de um Ambiente
Virtual de Aprendizagem para administrar conteúdos e orientações no processo de construção
de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) de acadêmicos do sétimo e oitavo períodos de um
curso de Biomedicina de uma instituição filantrópica de Curitiba. A plataforma utilizada foi o
Ambiente de Aprendizagem Eureka, desenvolvido pelo Laboratório de Mídias Interativas da
PUCPR (LEITE e TORRES, 2006).
28340
A partir da decisão pedagógica e de gestão de uso do AVA Eureka para organizar a
disciplina de TCC, desenvolveu-se um plano, indicando as áreas/ferramentas do AVA que
seriam utilizadas, estas foram: Edital; Correio; Pasta da Sala (repositório de conteúdos),
Links, Plano de Trabalho (inclusão de roteiros, modelos e entregas). Cada uma dessas
ferramentas contemplavam utilizações específicas para as orientações e registros do progresso
dos discentes. A ferramenta correio, por exemplo, possibilitou o armazenamento de
mensagens enviadas e recebidas, o envio de mensagens diretas para vários destinatários
(orientadores, alunos e gestores) e anexo de arquivos (versões e complementos ao trabalho
desenvolvido pelos acadêmicos).
Este relato de experiência se baseia em observações realizadas durante o processo de
planejamento e aplicação do AVA Eureka para a organização do cronograma e orientações da
disciplina de TCC. Foram coletados depoimentos de docentes durante este processo (junho e
agosto de 2014) e na conclusão da disciplina (dezembro de 2014). Os acadêmicos forneceram
dados por meio de um instrumento misto (quanti-quali). Os dados foram analisados a partir
das categorias levantadas para a apresentação e análise de dados.
Referencial Teórico
Ao se consolidar e ser incorporada em diversos contextos de relacionamento, uma
nova tecnologia gera na sociedade transformações significativas nos campos físico, psíquico,
socioeconômico e cultural. Desde os primórdios das civilizações humanas é possível perceber
como as tecnologias foram sendo produzidas e como alteraram os modos de vida. A evolução
da humanidade sempre foi acompanhada pelo desenvolvimento tecnológico, “desde as
civilizações orais, e depois as civilizações escritas, o surgimento dos telégrafos visuais, a
criação da imprensa, a propagação do livro e dos jornais, a eletricidade que possibilitou a
geração de outras inovações (telefone, rádio, televisão, etc), os satélites, computadores e
novas mídias como a Internet” (POSSOLLI, 2012, p.72). Em um análise abrangente pode-se
notar que a evolução das tecnologias é a “evolução do pensar humano, num esforço para criar
formas de vencer obstáculos, sendo o tempo e o espaço as dificuldades mais prementes de
serem vencidas” (LIMA, 2001, p.2).
A revolução comunicacional e informacional introduzida pelas tecnologias digitais
influencia os variados aspectos do cotidiano, com a inserção de contextos virtuais, como
círculos eletrônicos de relacionamentos interpessoais e da possibilidade de “navegar” pelo
28341
mundo, tornando a realidade e cada vez mais próxima da ideia do que Castells (2000) chama
de aldeia global. “Com o surgimento da rede digital e do ciberespaço no último quinto do
século XX, é que seria explicitada a centralidade ontológica da virtualização e do virtual
como um traço ineliminável da práxis humanosocial” (ALVES, 2002, p.13).
“O ciberespaço provoca uma mudança no esquema clássico da comunicação (emissor-
meio-receptor), pois ao meio o caráter híbrido de emissor-receptor que interage com os
usuários, levando a comunicação para a esfera do infoterritório” (POSSOLLI, 2012, p.74). A
partir dos avanços educacionais no contexto do ciberespaço e da ampliação da utilização da
internet criaram-se as condições propícias para o surgimento dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagens (AVAs).
Esses ambientes são softwares disponibilizados online que facilitam a interação entre a
equipe pedagógica e os aprendizes em ações educativas mediadas por tecnologias digitais,
simulando “ambientes presencias de aprendizagem com o uso das TICs” (ARAÚJO JUNIOR;
MARQUESI, 2009, p.358). Um ambiente virtual de aprendizagem pode ser definido como
um portal que congrega ferramentas de software que viabilizam a comunicação
multidirecional, permitindo interações individuais e coletivas entre os participantes no
processo educativo. Nesses ambientes os recursos da internet são reunidos, mediante o
conceito de convergência de mídias, como ferramentas pedagógicas facilitadoras do processo
de inovação pedagógica.
Na última década cresceu significativamente a quantidade de IES que passaram a
adotar AVAs para mediação pedagógica, tanto para a viabilização da modalidade
semipresencial quanto para apoio às ações que ocorrem presencialmente, buscando extrapolar
e complementar o tempo e espaço de sala de aula. Com base em estudos sobre a utilização de
AVAs em IES, Schelemmer (2005) listou alguns benefícios da sua utilização do ponto de
vistas da IES, dos docentes e dos discentes que foram organizados em forma de quadro:
Quadro 1 Benefícios da utilização de AVAs na educação superior
IES
Docentes
Discentes
- Atendimento a um
variado espectro de
público;
- Amplia espaços
destinados à Educação,
podendo ser usado para a
constituição de
comunidades virtuais como
apoio ao ensino presencial
e também para EAD;
- Fornece suporte à vários estilos de
aprendizagem: cooperativa, orientada
por discussão, centrada no sujeito, por
projetos, por desafios/problemas/casos;
- Permite o desenvolvimento de práticas
pedagógicas inter e transdisciplinares;
- Possibilita disseminar informações
para um grande número de pessoas, sem
limites de amplitude geográfica e
fornecendo um registro das ações;
- Proporciona um fácil acesso à
informação, pois não depende de
espaço e nem de tempo fixos. Os
alunos ficam livres para estudar no
seu próprio ritmo, a partir de
qualquer lugar;
- Aprendizado pode ocorrer 24 h por
dia, sete dias por semana, 365 dias
por ano;
- Possibilita compartilhamento de
28342
- Possibilita reduzir custos
relacionados a
deslocamentos físicos e
infraestrutura física;
- Novo contexto de
interação e vincu-lação
institucional com gestores,
professores e alunos.
- Veicula materiais tornando possível a
atualização, armazenamento e
compartilhamento instantâneo;
- A concepção didático-pedagógica dos
AVAs possibilita visualizar
possibilidades de uso e conduz a uma
maior interação;
- Permite a personalização de uma
comunidade de acordo com suas
necessidades e características.
- Ao criar uma comunidade, o
organizador pode escolher dentre
opções oferecidas as que melhor
atendam aos objetivos da comunidade.
informações e produção de
conhecimento de forma coletiva,
para ampliar experiências e
estimular a colaboração;
- Os alunos, sozinhos ou em grupo,
podem ter acompanha-mento
personalizado e adequado às suas
necessidades.
- Possibilidade de conexão na hora
que julgar mais propicia, com a
disponibilidade de poder escolher
assuntos e opções mais
convenientes.
Fonte: elaboração própria com base em Schelemmer (2005).
Ferramentas de presença cognitiva permitem que o AVA seja utilizado para o
desenvolvimento de suporte a atividades cognitivas que possibilitam aprofundamento do
conhecimento e aprendizagem. (ARAUJO JUNIOR; MARQUESI, 2009). Moore (2007, p. 321)
citando um estudo muito conhecido de Rogers sobre a adoção de inovações, pontua que uma nova
ideia ou nova prática tem mais possibilidade de se alcançar aderência quando é percebida
enquanto vantagem em comparação com a situação anterior; sendo compatível com as
necessidades e valores daqueles que a adotam; apoio, simplicidade e facilidade para compreensão;
possibilidade de ser testada e experimentada antes que um compromisso seja assumido.
Educandos e educadores enfrentam certas dificuldades no que se refere à
implementação de processos mediados por TICs. As principais dificuldades que os
educandos enfrentam se referem à questões de autonomia, colaboração e autoria.
Com relação aos professores e tutores há uma tendência que deve ser evitada, que é
buscar reproduzir as práticas presenciais para os AVAs como que se as atividades
fossem meramente instrucionais. É preciso aplicar uma metodologia própria para
EAD com base no perfil do educando que se deseja formar e com base na proposta
pedagógica. Os profissionais da instituição devem ser capacitados adequadamente e
é preciso lutar contra a descrença que alguns agentes tem quanto às possibilidades
pedagógicas dos AVAs. Professores, tutores e alunos devem estar em constante
processo de formação tecno-pedagógica. (POSSOLLI, 2012, p.77).
É importante notar que a inclusão de novas ferramentas ou metodologias implica em
mudanças no relacionamento e no fazer pedagógico, o que implica em superar e transpor
resistências. No caso relatado nesse artigo, existiram inseguranças e resistências no início,
porém essas foram superadas por meio da capacitação dos professores e da adesão dos alunos.
O TCC é um momento tenso para os alunos, de grandes expectativas e que conclui um ciclo
de estudos que fecha a formação profissional inicial. Nesse sentido, a utilização do AVA,
como será detalhado na apresentação e análise dos resultados, representou um novo canal para
28343
comunicação e registro das produções, mantendo os alunos mais motivados e gerando um
senso de pertencimento ao grupo para além do contato com o orientador, gerando uma
comunidade de apoio e trocas.
Apresentação e Análise dos Resultados
A experiência docente
Durante a utilização do AVA para orientações e organização da disciplina de TCC, os
docentes foram convidados a se manifestar em respeito da experiência, indicando pontos que
se destacavam na utilização do sistema em comparação à não utilização do sistema (a
experiência da disciplina sem o AVA ocorreu nos anos anteriores em que a disciplina de TCC
era organizada e orientada sem o auxilio de TICs).
O relato de cinco professores orientadores da disciplina de TCC, indicou um ganho
pedagógico significativo na experiência de uso do AVA. Um ponto de destaque foi a utilização
das ferramentas de comunicação da plataforma. A comunicação, mediada pelo AVA, inclui
mensagens de orientação e troca de arquivos parciais e finais, tanto entre docentes-discentes
quanto entre os docentes-docentes. Um docente relatou que a comunicação com a
coordenadoria do curso foi facilitada com o uso da ferramenta. Na comunicação entre
orientador e orientando os professores indicaram que o sistema traz tranquilidade visto que eles
podem se apoiar no registro online para comprovar a ocorrência de orientações, visto que as
informações arquivadas são de fácil acesso para ambos docentes, discentes e gestores
institucionais. A troca de documentos parciais e finais, que outrora ocorreria em meio impresso,
ocorreu de forma digitalizada em arquivos. Os professores indicam que esse fato (aliado ao uso
da internet) facilitou desde a verificação de plágios durante as orientações até as correções e
trocas de mensagens. Os docentes pontuaram ainda a digitalização do processo tornando
desnecessária a entrega de documentos impressos, contribuindo para a diminuição do consumo
de papel, evitando ainda extravios e dificuldades de controle de versões dos trabalhos.
Os professores também se manifestaram indicando que por se tratar de um sistema
informatizado e uma nova tecnologia, se faz necessário o aprendizado e aprofundamento
quanto as ferramentas disponibilizadas pelo sistema. Um professor destacou que “Acredito
que ainda não tenhamos utilizados todas as ferramentas disponíveis, pois precisamos um
pouco mais de intimidade com o programa, embora esteja muito claro“, outro professor que
também colaborou com essa questão indicou as ferramentas proporcionadas pela plataforma
28344
se tornam “um grande aliado para a comunicação e aprendizado de todos“. Observa-se que
mesmo com o conhecimento em construção sobre o AVA os professores têm certeza a
respeito dos potenciais do sistema e do ganho na utilização das ferramentas do AVA para a
disciplina de TCC e outras práticas acadêmicas.
A Experiência Discente
Os alunos também se manifestaram sobre a experiência de utilização do AVA para a
construção do TCC no curso de Biomedicina. Eles foram convidados a descreverem vivência
por meio de um instrumento encaminhado por e-mail no final do processo (dez/2014). Na
primeira questão, eram oferecidas ao aluno quatro opções de resposta (questão com
possibilidade de marcar várias opções) que buscavam os destaques da vivência que tiveram
com o uso do AVA ao longo do processo de produção do TCC. Dentre as opções estavam: O
AVA contribuiu possibilitando a comunicação com os professores de maneira mais
organizada (62,9%). Os roteiros que organizavam as datas do TCC e fornecem diretrizes,
facilitam a construção (70,3%). Ainda na primeira opção foram selecionadas opções quanto à
confiabilidade e segurança do sistema em contatar os professores para possíveis dúvidas e
envio de versões do TCC com 51,8% de incidência e com 11,1% a última opção contemplava
os alunos que não consideraram o uso do AVA como um diferencial processo de
aprendizagem ao marcar a alternativa de Considerando a utilização do AVA para estruturar o
cronograma e as entregas de TCC, bem como a interação via correio com coordenação e
orientadores. Procure detalhar as vantagens de utilizar o AVA e também o que acredita que
poderia mudar na forma como o AVA foi utilizado.”
Os acadêmicos tiveram também uma experiência de apresentação, em pequenos
grupos, dos resultados parciais de seus TCCs. Estas pré-apresentações contaram com a
participação de outros acadêmicos e de um professor mediador. A respeito dessa experiência,
registrada e enunciada pelo AVA, eles foram convidados a descrever como foi a vivência. 22
respostas (85%) descreveram a experiência de forma positiva, indicando como a pré-
apresentação elevou o nível de confiança para a apresentação final, além de possibilitar que os
acadêmicos recebessem sugestões do que poderia ser corrigido ou melhorado em seus
trabalhos. O restante (15%) indicou pontos que não consideraram positivos da pré-
apresentação, como: ter sido cansativo preparar esta apresentação devido a organização do
28345
tempo que teve de ser congruente com os horários de estágios; a falta de conhecimentos dos
componentes do grupo sobre o tema não gerou sugestões satisfatórias ou pontuais.
Ao abordar sobre como essa apresentação influenciou na finalização de seus trabalhos,
além de reforçarem as relevâncias das opiniões e dicas que receberam, os acadêmicos
adicionaram que chegaram a “uma melhor estruturação“, tendo incentivo para confecção de
apresentações de slides e organização do cronograma de maneira mais eficiente. Duas
respostas (8%) declararam que a apresentação não influenciou na finalização dos TCCs.
Na questão relativa à comparação do processo de orientação e produção dos TCCs
com a utilização de AVA e sem a utilização de AVAs, as respostas foram classificadas em
três categorias: respostas positivas em relação à utilização do AVA, respostas imparciais
(apontaram em sua análise aspectos “positivos“ e “negativos“) e respostas negativas (onde as
orientações e organização do TCC sem a utilização do AVA se sobressai ao processo com
AVA). Foram 16 contribuições (64%) na categoria de respostas positivas. A análise dessas
respostas apontou como principal vantagem (13 respostas das 16) a organização de
cronograma e roteiro para o TCC indicando como estes se tornam mais claros e acessíveis na
plataforma AVA. Outros aspectos onde a utilização do AVA se sobressai à forma tradicional
de orientação e organização de TCC, segundo os acadêmicos, são: a plataforma de
comunicação que não mistura mensagens pessoais e mensagens da instituição de ensino
(como ocorreria no e-mail pessoal), a comunicação facilitada com os orientadores,
coordenadores de curso e com o coordenador de curso (visto que todos os envolvidos estão no
mesmo ambiente, sendo possível apenas selecionar o nome dos interessados nas mensagens
para comunicar-se, além da realização de chats e fóruns); gera segurança de entrega dos
trabalhos parciais (eles indicam que de outra forma as entregas parciais seriam feitas com
protocolamento na secretaria da faculdade ou por e-mails segundo eles uma ferramenta
não segura de entrega, além disso as devolutivas do orientador também ficam registradas).
Cinco respostas (20%) foram adicionadas à categoria de respostas imparciais, estas
indicaram potencialidades em relação a utilização do AVA e também questões indiferentes,
concluindo que um procedimento não apresenta vantagem ou desvantagem em relação ao
outro. Eles indicaram que a organização de datas, caso não fosse utilizado AVA, teria
ocorrido por e-mail, sendo que a utilização do AVA nesse ponto não apresenta vantagem
sobre a forma sem AVA. Uma resposta foi adicionada como imparcial por indicar vantagens
tanto da utilização do AVA quanto da não utilização: “Sem o AVA a comunicação, pelo
28346
menos entre eu e a minha orientadora, ocorreria de forma recíproca e objetiva. Mas acredito
que o sistema permitiu uma maior organização de informações e avisos a serem repassados.
As respostas categorizadas como negativas (4 respostas), indicam que a não utilização
se sobressai a utilização do AVA, são elas: “o sistema é difícil e instável“, “ferramenta
confusa“, além de indicarem que os professores e orientadores não teriam conhecimento da
utilização “correta“ da plataforma. Segundo Possolli e Zibetti (2014) estratégias para a
capacitação docentes têm relevância visto que “um dos desafios postos para que ações a
distância via TICs se efetivem nos cursos de gradução é a inclusão digital“ (p.212), a carência
da inclusão digital dos docentes limita o aproveitamento do uso de ferramentas presentes no
AVA. Devido a não frequência de acesso as informações de datas e entregas se tornam não-
constantes e “passam despercebidas”. Em relação à qual forma de utilização era melhor uma
resposta indicou: “Melhor sem a utilização, visto que a ferramenta é confusa e os professores
de TCC ainda não sabem utilizá-la de modo correto. O material de apoio fica em local
complicado de se encontrar e organizar”
Na quarta questão, os acadêmicos deveriam apontar vantagens e o que mudar a
respeito da ferramenta. Em relação às vantagens, questões referentes ao calendário e a
informações (orientações gerais e específicas para o desenvolvimento do TCC) foram
apontadas como importantes para a organização dos próprios alunos na construção do
trabalho. Aspectos como a padronização de um lugar próprio para o envio dos arquivos
parciais e finais e estipulação de uma data limite, também gerou comentários como vantagem
da utilização do AVA (em relação ao método presencial), a subtração de 20% da nota após a
data limite, também obteve sucesso para os alunos no método de ensino de EAD. Diferentes
modos de trocas de informações, um ambiente de comunicação, redução de custos,
facilitação de interações e ampliação de possibilidades de aprendizagem significativa também
são vantagens da utilização AVA. (POSSOLLI, 2012).
O uso de várias mídias, possibilitado pelo AVA também é uma vantagem significativa,
segundo Fahy (2004, apud PEREIRA; SCHMITT; DIAS, 2007) estas vantagens incluem a
promoção do desenvolvimento de habilidades, a formação de conceitos e faculta a individualidade
o estudante pode administrar seu tempo. Outra questão importante neste processo, seria o
feedback do orientador para os alunos em atividades desenvolvidas, o que estimula
significativamente resultados a partir das metas estabelecidas (ABREU-e-LIMA; ALVES, 2011).
28347
Na opção descritiva “O que mudar” alguns acadêmicos indicaram que mudanças no
layout seriam bem-vindas, não indicando o que mudar objetivamente. Um dos participantes
escreveu que o AVA poderia ter mais instruções e guias de uso, porém no ano de 2015 foram
elaborados alguns guias como: 1- Guia de Orientações para utilização do AVA FPP: Perfil:
moderador (professores e tutores); 2- Guia de Orientações para utilização do AVA FPP:
Apoio Presencial; 3- Guia de Orientações para uso do AVA FPP: Perfil: Participante (alunos).
Considerações Finais
Desse modo, é imperativo que se reconheça a relevância estratégica do uso apropriado
dos AVAs em cursos superiores a distância, preocupando-se com a capacitação dos recursos
humanos envolvidos, a fim de que a tecnologia escolhida não torne-se uma barreira
principalmente para os alunos. De acordo com Palloff e Pratt (apud KENSKI, 2008)
ambientes virtuais de aprendizagem surgem da necessidade de atender certas condições
objetivas como as seguintes: - Centralizar metas a alcançar; e organizar objetivos comuns a
todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem; - Estabelecer um ambiente com
igualdade de participação para todos os membros; - Construir ferramentas que possibilitem
que os professores assumam a função de orientadores e animadores de uma comunidade de
aprendizagem colaborativa; - Criar conhecimentos e forma ativa e significativa segundo os
temas de interesse da comunidade.
Existem três tipos de integração virtual possíveis entre os participantes de uma
comunidade de aprendizagem (COPPETTI, GOMES, 2009): Interação, Cooperação e
Colaboração on-line. Na Interação usuários de diferentes regiões geográficas atuam
partilhando informações e manipulando objetos no ambiente. Para que seja possível a
Cooperação foi criado um sistema (groupware) que suporta grupos e pessoas engajadas em
uma tarefa comum (ou um ideal), onde é permitido às pessoas verem, ouvirem e enviarem
mensagens umas às outras, ao mesmo tempo ou em tempos diferentes. Colaboração pressupõe
a realização de tarefas coletivas, a tarefa de um complementa a de outros. Cada membro é
responsável pelo desenvolvimento do grupo com quem está conectado. "Cada um é o centro",
não existe um detentor permanente do saber, mas circulação de informações e trocas. (p.3).
Considerando a utilização do AVA para estruturar o cronograma e as entregas de TCC.
Conclui-se a partir dos resultados analisados que há uma necessidade de otimização e
promoção de uma discussão institucional mais aprofundada sobre o tema aos demais cursos,
28348
além do aprofundamento de estudos qualitativos e quantitativos sobre o assunto. Também
devem ser constituídas capacitações específicas tanto para corpo docente e discente, de forma
a garantir a aplicação adequada desta ferramenta em processos de administração e
desempenho didático-pedagógicos.
Uma das necessidades apontadas neste estudo seria investigar mais minuciosamente
quais formas de educação e treinamento para o corpo docente e discente com abrangência
institucional, o desenvolvimento de processos de feedback dos orientadores para os alunos,
assim como, estabelecer o que é necessário para administrar melhor o tempo de trabalho em
tutoria virtual, assim como protocolos para avaliar longitudinalmente o desempenho
acadêmico. De qualquer forma, a experiência vivenciada ao longo do período de
desenvolvimento dos TCCs foi proveitoso, tanto para o corpo docente, como para o discente,
e os resultados observados na defesa oral e escrita foram excepcionalmente melhores dos que
observados em períodos anteriores, antes da introdução do AVA. Todos esses elementos são
fundamentais e demandam estratégias, organização pessoal dos envolvidos e, especialmente,
compromisso com o processo educacional.
REFERÊNCIAS
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capital. Marília: UNESP, 2002.
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As mudanças nos paradigmas da comunicação implicam em avanços na área da educação, sob esta ótica que comunicação é educação, a evolução em uma das áreas possibilita uma modificação em outra. Nas últimas décadas os avanços tecnológicos tem instigado o profis-sional de saúde em relação a formas rápidas e confiáveis para se formar e atualizar. O presente trabalho irá abordar as estratégias de utilização do suporte midiáticos na educação a distância de profissionais da área da saúde. O problema de pesquisa que orientou a escrita desse texto: Qual a contribuição dos recursos midiáticos da EAD na formação profissional na área da saúde? O texto está estruturado da seguinte forma: Mídias e tecnologias na EAD em uma perspectiva comunicacional; Panorama Geral da EAD: comprovando sua relevância; A EAD e a formação superior na área da saúde; Recursos midiáticos da EAD na formação dos profissionais da saúde. Para o desenvolvimento da pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica e uma pesquisa documental sobre o tema. Com o avanço e a popularização dos recursos midiáticos e o fortalecimento da EAD é possível identificar oportunidades emergentes e inovadoras para a educação em saúde. Como resultados alcançados apontam-se as evidências com relação à relevância cada vez maior de utilização de TICs na educação em saúde, sobretudo para a formação continuada de profissionais e como apoio à aprendizagem presencial em cursos de graduação.
Ciberespaço como virtualização em rede: a Internet como objetivação espectral do capital
  • G Alves
ALVES, G. Ciberespaço como virtualização em rede: a Internet como objetivação espectral do capital. Marília: UNESP, 2002.
O feedback e sua importância no processo de tutoria a distância
  • D M Abreu-E-Lima
  • Alves De
ABREU-E-LIMA, D. M. de and ALVES, M. N. O feedback e sua importância no processo de tutoria a distância. Pro-Posições [online]. 2011, vol.22, n.2, pp. 189-205. ISSN 0103-7307.
Atividades em ambientes virtuais de aprendizagem: parâmetros de qualidade
  • C F Araujo Jr
  • S C Marquesi
ARAUJO JR, C. F. de; MARQUESI, S.C. Atividades em ambientes virtuais de aprendizagem: parâmetros de qualidade. In: LITTO, Frederic Michael;
Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil
  • Manuel Formiga
  • M Marcos
FORMIGA, Manuel Marcos M. (orgs.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009, cap. 50, p. 358-368.
A era da informação: economia, sociedade e cultura
  • M Castells
  • Sociedade Em Rede
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura; v.1. 3.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
Participação e interação em um ambiente virtual de aprendizagem
  • L M S L Coppetti
  • De
  • L Gomes
COPPETTI, L. M. S. L. de. GOMES, L. da S. Participação e interação em um ambiente virtual de aprendizagem. Disponível em: www.uniritter.edu.br/eventos/.../ Leny%20da%20Silva%20Gomes.pdf. Publicado em: 10/07/2009.KENSKI, 2008.
Educação e tecnologia: O novo ritmo da informação
  • V M Kenski
KENSKI, V. M. Educação e tecnologia: O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2008.
  • C L K Leite
  • P Torres
LEITE, C. L. K.; TORRES, P. L. Educação a Distância e o Projeto DP MATICE. In: VI Educere -Congresso Nacional de Educação, p. 2921-2929. PUCPR: Curitiba, 2006. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2006/anaisEvento/docs/CI-260-TC.pdf>. Acesso em 12 mar. 2015.
Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning
  • M G Moore
  • Greg Kearsley
MOORE, M. G., KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007. 398p.