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Agrotrópica 28(1): 37 - 46. 2016.
Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, Bahia, Brasil
Maiara Araújo Lima dos Santos1, Nadja Santos Vitória1, José Luiz Bezerra2
FUNGOS COLONIZANDO PALMEIRAS EM ÁREAS DE CAATINGA DO SERTÃO
DA BAHIA
1Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII, Departamento de Educação, Colegiado de Biologia Rua do Gangorra, 503,
48608-240, Bairro Alves de Souza, Paulo Afonso, Bahia, Brasil. mayaraujo47@hotmail.com;
2Centro de Ciências Agrárias e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Rua Rui Barbosa, 710, 44380-00,
Cruz das Almas, Bahia, Brasil.
A micobiota existente em Arecaceae foi investigada no período de julho/2012 a setembro/2013 em áreas de
Caatinga no sertão da Bahia, com o objetivo de contribuir na ampliação do conhecimento sobre biodiversidade de
fungos neste bioma. Nas 14 coletas realizadas foram obtidos 38 espécimes, distribuídos em seis ordens, oito
famílias, 10 gêneros e 12 espécies. O fungo Anthostomella palmaria é registrado pela primeira vez para o Brasil.
Anthostomella aff. leptospora e Gloniopsis praelonga são novos registros para o Estado da Bahia e a palmeira
Syagrus coronata representa um novo hospedeiro para seis táxons descritos e ilustrados nesse artigo.
Palavras-chave: Arecaceae, biodiversidade, semiárido, taxonomia
Fungi from palms in the areas of caatinga in the Bahia. The existing mycobiota in Arecaceae
was investigated between July/2012 and September /2013 in areas of Caatinga in the interior of Bahia, Brazil, in
order to contribute to the expansion of knowledge on fungal biodiversity in this biome. In the 14 samples taken were
obtained 38 specimens, distributed in six orders, eight families, 10 genera and 12 species. The fungus Anthostomella
palmaria is first recorded in Brazil. Anthostomella aff. leptospora and Gloniopsis praelonga are new records for
the state of Bahia and the palm Syagrus coronata is a new host for six taxa described and illustrated in this article.
Key words: Arecaceae, biodiversity, semiarid, taxonomy
Recebido para publicação em 02 de junho de 2015. Aceito em 30 de março de 2016. 37
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Introdução
A Caatinga é um bioma encontrado unicamente no
Brasil, cobrindo aproximadamente 11% do território
nacional, cuja abrangência inclui os estados do Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe, Bahia e o norte de Minas Gerais
(Prado, 2003). Esta vegetação típica, além de
apresentar grande importância biológica, possui um
potencial econômico ainda pouco aproveitado.
Estudos sobre a micobiota associada a palmeiras
neste bioma são escassos (Gusmão et al., 2006). No
Nordeste brasileiro, dentre os estudos micológicos
envolvendo taxonomia e diversidade do filo Ascomycota
associados com Arecaceae, destacam-se os trabalhos
e projetos em áreas de Mata Atlântica nos estados da
Bahia e de Pernambuco, revelando um número
significativo de fungos (Vitória et al., 2008; 2010;
2011a,b; 2012; Vitória, 2012a,b; Vitória et al., 2014).
Pesquisas sobre a biodiversidade na Caatinga têm
revelado uma biota singular. No entanto, trabalhos
micológicos ainda são escassos. Dentre outras razões
é relevante conhecer a diversidade de fungos
associados ao licuri, palmeira de grande porte de cujos
frutos se alimenta a arara-azul-de-lear, ave endêmica
da Caatinga e ameaçada de extinção.
Este trabalho objetivou realizar um estudo
taxonômico de fungos associados a palmeiras,
especialmente Syagrus coronata (Mart.) Becc. e
Cocos nucifera L. Trata-se de um estudo pioneiro e
relevante que contribuirá para ampliação do
conhecimento sobre a diversidade de fungos no Brasil.
Material e Métodos
As coletas foram realizadas mensalmente entre
julho/2012 e setembro/2013, no Povoado Juá que está
inserido na Ecorregião do Raso da Catarina, município
de Paulo Afonso, Bahia. As áreas de estudo foram
divididas em quatro pontos 1) 09° 26’ 13,0" S e 38° 25’
20,8" W, 70 m de altitude; 2) 09º 25’ 59,1" S e 38º 25’
25,1" W, 372 m de altitude; 3) 09º 25’ 18,8" S e 38º 25’
54,7" W, 379 m de altitude; 4) 09º 25’ 15,6" S e 38º 25’
27,2" W, 425 m de altitude.
Para o levantamento da micota foram coletadas
folhas vivas e folhas mortas ainda presas à planta,
serapilheira, inflorescências, frutos e pedaços de
troncos de S. coronata (licurizeiro) e C. nucifera
(coqueiro) apresentando estruturas reprodutivas de
fungos. As amostras foram fracionadas para facilitar
o manuseio e o transporte.
A análise topográfica do material coletado foi feita
em microscópio estereoscópico. Fragmentos de
estruturas reprodutivas encontradas foram retirados
com o auxílio de uma agulha de ponta fina e montados
entre lâmina e lamínula, utilizando-se lactofenol com
azul de algodão, reagente de Melzer ou água.
As preparações foram observadas ao microscópio
de luz (Zeiss) em diversos aumentos para
caracterização das estruturas morfológicas dos fungos,
as quais foram medidas com auxílio de um micrômetro
ocular. As fotomicrografias foram obtidas com uma
câmera fotográfica digital. A identificação do material
foi realizada com o auxílio de chaves taxonômicas em
literatura especializada (Francis, 1975; Hyde e
Fröhlich, 2000; Hyde, 1994; Hyde, 1996; Hyde e
Cannon, 1999; Lu e Hyde, 2000; Vitória et al., 2011a,b).
Os espécimes identificados foram herborizados e
depositados no Herbário URM, Departamento de
Micologia da Universidade Federal de Pernambuco.
Resultados e Discussão
A micobiota que habita palmeiras em áreas de
Caatinga é bastante diversificada e abriga espécies ainda
não documentadas. Os resultados obtidos, discutidos e
ilustrados, com base em 14 coletas realizadas
apresentam importantes registros, com o relato de trinta
e oito (38) espécimes, distribuídos em seis (6) ordens,
oito (8) famílias, dez (10) gêneros e doze (12) espécies.
Dentre estes, o fungo Anthostomella palmaria tem
seu nprimeiro registro no país. Anthostomella aff.
leptospora e Gloniopsis praelonga são apresentados
como novos registros na Bahia.
1. Anthostomella aff. leptospora (Sacc.) S.M.
Francis, Mycol. Pap. 139:24 (1975).
Figuras: 1, 13, 24, 32
Descrição: Ascomas imersos, visíveis como áreas
cônicas negras na superfície do hospedeiro; em secção
vertical 262-291 µm diam. × 223-301 µm de altura,
Santos, Vitória e Bezerra
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subglobosos, ostiolados centralmente, clípeo negro.
Paráfises 4µm diam., hialinas. Ascos 42,5-47,5 × 2,5-
3,0µm, 8-esporos, monósticos, cilíndricos, unitunicados,
pedicelo curto, com um anel subapical I+, 2-3 µm de
diam. e 1,5-3,0 µm de altura. Ascósporos 6,3-7,5 ×
2,5-3,5 µm, elipsoides, marrons, parede lisa,
assimétricos, com fenda germinativa longa, gutulados,
bainha mucilaginosa ausente.
Nota: As características morfológicas do material
estudado estão em conformidade com o gênero
Anthostomella (Lu e Hyde, 2000). O espécime
coletado foi comparado morfologicamente com
espécies congenéricas e a mais próxima foi A.
leptospora (Francis, 1975; Hyde, 1996; Lu e Hyde,
2000). No entanto, na descrição original de A.
leptospora os ascos e ascósporos são maiores. Mesmo
apresentando caracteres morfológicos similares à
descrição original, há necessidade de análises
moleculares para melhor caracterização desta espécie.
O material coletado foi encontrado colonizando
serapilheira de licurizeiro. Este é o segundo registro
para o Brasil e o primeiro para a região Nordeste e
para o bioma Caatinga. A palmeira S. coronata é um
novo hospedeiro deste fungo para a ciência.
Distribuição: Autrália, Brunei, França, Inglaterra,
África do Sul, Tailândia, Reino Unido, Venezuela,
Zambia e Brasil.
Substratos: Borassus sp., Cladium sp., Elaeis sp.,
Lepidosperma sp., Olyra sp., Phoenix sp., Pinanga
sp., Sequoia sp., e S. coronata (presente artigo).
Material examinado: BRASIL, BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em raque de S. coronata (licuri),
11-07-2012, Santos, M. A. L., 09º 26’ 13,0" S e 38º 25’
20,8" W (URM 87614).
2. Anthostomella palmaria B.S. Lu & K.D. Hyde,
Fungal Diversity Res. Ser. 4: 141 (2000)
Figuras: 2, 14, 25, 33
Descrição: Ascoma imerso, visível como áreas
cônicas, negras, dispersas na superfície do hospedeiro;
em secção vertical 165-607,5 µm de diam., 135-334
µm de altura, subgloboso, ostiolado, clípeo negro.
Paráfises 2-5 µm diam., hialinas. Ascos 92,5-127,5 ×
12,5-8,9 µm, 8-esporos, cilíndrico-clavados,
unitunicados, com um anel subapical I+, 3-7,5 µm de
diam. e 1,5-4 µm de altura. Ascósporos 25-28,7 × 10-
12,5 µm, elipsoides, marrom-escuros, unicelulares,
parede lisa, com fenda germinativa longa e bainha
mucilaginosa não observada.
Nota: O material examinado foi identificado de
acordo com Lu e Hyde (2000). A espécie estudada é
morfologicamente idêntica a A. palmaria e foi
encontrada colonizando raque de S. coronata em
decomposição. Este é o primeiro registro para o Brasil
em um novo hospedeiro para a ciência.
Distribuição: Brasil (presente artigo), Tailândia e
Estados Unidos (Havaí).
Substratos: Cocos sp., Licuala longicalycata e
S. coronata (presente artigo).
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em raque de S. coronata, 09-
09-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 59,1" S e 38º 25’
25,1" W (URM 876115).
3. Anthostomella sp. Sacc., Atti Soc. Veneto-
Trent. Sci. Nat., Padova, Sér. 4 4: 84 (1875)
Figuras: 3, 15, 26, 34, 35
Descrição: Ascomas imersos visíveis como pontos
enegrecidos. Em secção vertical 125-397 µm de altura
e 152,5-620 µm diam., subglobosos, ostiolados,
clipeados. Paráfises 2–5 µm diam., hialinas. Ascos 60-
97,5 × 6,5-11,5 µm, unitunicados, 8-esporos, com um
anel subapical I+. Ascósporos 12,5-17,5 × 6,25-10 µm,
elipsóides, unicelulars, marrons, com fenda germinativa
longa, lisos. Ocasionalmente com uma estrutura
semelhante a uma célula anã de cor marrom.
Nota: Não foi possível identificar os espécimes
examinados em nível específico, pois o material se
encontra degradado. No entanto, o táxon encontrado
possui características morfológicas congenéricas com
Anthostomella Sacc. (Lu e Hyde, 2000).
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em bráctea de S. coronata
(licuri), 12-05-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 18,8" S e
38º 25’ 54.7" W (URM 87616). Paulo Afonso, em bráctea
de C. nucifera (coqueiro), 19-05-2013, Santos, M. A.
L., 09º 26’ 13,0" S e 38º 25’ 20,8" W (URM 87617).
4. Camarotella acrocomiae (Mont.) K.D. Hyde
& P.F. Cannon, Mycol. Pap. 175: 51 (1999)
Figuras: 4, 27, 36
Descrição: Estromas ascígeros, anfígenos, negros,
carbonáceos, subglobosos, de base aplanada,
Fungos em palmeiras da caatinga do sertão
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geralmente agrupados em linha sobre as nervuras, às
vezes isolados, ostiolados, facilmente destacáveis da
folha; ostíolo central, plano, não estriado, revestido
internamente de perífises; paredes periteciais
semelhantes às de Camarotella torrendiella. Himênio
aderido à parede do peritécio, mucoso, de cor branca
à cremosa. Ascos 177,5-140 × 32,5-24 µm, paralelos,
parafisados, translúcidos, persistentes cilíndricos a
clavados, octospóricos, unitunicados, pedicelados.
Ascósporos 30-27,5 × 10-14 µm, unicelulares, castanho-
claros a castanho-escuros à maturidade, dísticos,
elipsóides, apresentando bainha mucilaginosa.
Nota: O material examinado apresenta
características morfológicas semelhantes a C.
acrocomiae e foram identificados de acordo com
Vitória et al. (2008). O fungo C. acrocomiae, agente
da lixa grande, causa lesões alongadas na superfície
inferior do limbo dos folíolos e na raque foliar, com
presença de grandes estromas arredondados, negros,
geralmente dispostos na borda dos folíolos, ao lado
da nervura central ou sobre ela, provocando necrose
e queima severa dos folíolos.
Distribuição: Brasil, Chile, Cuba, Guiana Francesa
e Paraguai.
Substratos: Acrocomia sp., Astrocaryum sp.,
Attalea sp., Butia sp., Cocos sp., Jubaea sp.,
Roystonea sp., Syagrus sp.
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, em folíolos de C. nucifera (coqueiro), 17-07-
2013, Santos, M. A. L., 09º 26’ 13,0" S e 38º 25’ 20,8"
W (URM 87618).
5. Camarotella torrendiella (Batista) J.L. Bezerra
& Vitória, Tropical Plant Panthology 33: 295-301 (2008)
Figuras: 5, 16, 28, 37
Descrição: Estromas ascígeros de base aplanada,
geralmente epífilos, ocasionalmente hipófilos, negros,
carbonáceos, subcirculares, ásperos, a princípio
isolados, posteriormente confluentes, formando linhas
mais ou menos paralelas de pontos negros semelhantes
a verrugas, dificilmente destacáveis da folha. Ascos
150–90 × 17,5–27,5 ìm, clavados, unitunicados,
persistentes, paralelos, octospóricos, pedicelados.
Ascósporos 25–27,5 × 10–12,5 ìm, hialinos, monósticos
a dísticos, sub-fusóides a elipsóides, gutulados, de pólos
sub-agudos, envolvidos numa bainha mucilaginosa.
Nota: A espécie estudada trata-se do fungo C.
torrendiella (Vitória et al., 2008). Camarotella
torrendiella é um microfungo causador da lixa
pequena que provoca inicialmente lesões amareladas
na folha, em seguida necrose, levando a senescência
precoce da mesma.
Distribuição: Alagoas, Amapá Amazonas, Bahia,
Ceará, Espirito Santos, Pará, Paraíba, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Sergipe.
Substratos: C. nucifera, Allagoptera brevicalyx,
Bactris ferruginea e S. coronata (presente artigo).
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em folíolos de C. nucifera
(coqueiro), 17-07-2013, Santos, M. A. L., 09º 26’ 13,0"
S e 38º 25’ 20,8" W(URM 87619). Paulo Afonso,
Povoado Juá, em folíolos de S. coronata (licuri), 29-
04-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 15,6" S e 38º 25’
27,2" W (URM 87620).
6. Caryospora sp. De Not., Micr. Ital. Novi 9: 7 (1855)
Figuras: 6, 17, 38
Descrição: Ascomas mamiformes, enegrecidos,
carbonáceos, ostiolados, isolados a gregrários na superfície
do hospedeiro; em secção transversal 607,5-707,5 ×
557,5-595 µm, irrompentes, subglobosos, com papilas
curtas, centrais. Paráfises 2,5–5 de largura, composto
por várias camadas de células hialinas e filiformes.
Ascósporos 92,5–107,5 × 52,5-60 µm, largamente
elipsoides, com parede espessa, hialinos quando jovens,
marrons quando maduros, 1-septo mediano espesso,
bainha mucilaginosa delgada ao redor dos ascósporos.
Nota: Embora os ascos não tenham sido
observados devido à degradação dos mesmos, foi
possível identificar o taxa em nível de genérico, pois
os ascomas e ascósporos, estão em conformidade com
o gênero Caryospora De Not.
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em fruto de S. coronata (licuri),
29-04-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 59,1" S e 38º 25’
25,1" W (URM 87621).
7. Endocalyx melanoxanthus (Berk. & Broome)
Petch, Ann. Bot., Lond. 22: 390 (1908)
Figuras: 7, 18, 39
Descrição: Conidiomas amarelos, em forma de
taça, dispersos, na superfície do hospedeiro; em secção
Santos, Vitória e Bezerra
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vertical 227,5 × 267,5 µm. Conídios 10-16,5 × 11,25-15
µm, unicelulares, achatados, arredondados ou ovais,
hialinos quando jovens, marrons quando maduros,
solitários, gutulados, com fenda germinativa longa.
Nota: O material foi identificado como E.
melanoxanthus de acordo com Vitória et al. (2011b).
Espécies de Endocalyx colonizam serapilheira de
palmeiras ou, raramente, de videiras e lírios. No Brasil,
E. melanoxanthus foi reportado por Vitória et al.
(2011b), sobre A. intumescens e E. oleracea. Nesta
pesquisa, Syagrus coronata é documentada como um
novo hospedeiro para E. melanoxanthus.
Distribuição: Austrália, Brasil, China, Cuba, EUA,
Gana, Hong Kong, Índia, Jamaica, Japão, Malásia,
Nova Zelândia, Paquistão, Papua Nova Guiné, Filipinas,
Sabah, Sarawak, Seychelles, Serra Leoa, Singapura,
Sri Lanka, Taiwan.
Substratos: Acrocomia, Archontophoenix,
Borassus, Cocos, Elaeis, Euterpe, Livistona,
Oncosperma, Phoenix, Satakentia, Trachycarpus,
Washingtonia, Shorea, S. coronata (presente artigo),
Ripogonum e Smilax.
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em raque de S. coronata (licuri),
09-09-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 59,1" S e 38º 25’
25,1" W (URM 87622).
8. Gloniopsis praelonga (Schwein.) Underw. &
Earle, Bull. Alabama Agricultural Experiment Station
80: 196 (1897)
Figuras: 8, 19, 29, 40
Descrição: Ascomas histeriotecióides, alongados,
negros, com fendas longitudinais, não ramificados,
dispersos, carbonáceos na superfície do hospedeiro;
em secção vertical 267,5–227,5 × 330-362,5 µm,
irrompentes a superficiais, subglobosos. Ascos 81-102,5
× 17,5-25 µm, bitunicados, cilíndrico-clavados, com
pseudoparáfises, filiformes, ramificados, hialinas,
anastomosadas. Ascósporos 25–32,5 × 12,5-17,5 µm,
muriformes, hialinos a amarelados, bainha mucilaginosa
não observada.
Nota: A espécie analizada trata-se de um
Ascomycota morfologicamente semelhante a G.
praelonga (Boehm, 2011). No Brasil, G. praelonga
foi registrada em Pernambuco associada as palmeiras
Elaeis guineenses Jacq. (dendê) e Mauritia flexuosa
L. f. (buriti) por Vitória (2012), em seu trabalho de tese.
Este é o primeiro registro de G. praelonga para o
Estado da Bahia, sobre a palmeira S. coronata (licuri).
Distribuição: Alemanha, Austrália, Argentina,
Brasil, Chile, China, Escócia, Espanha, Índia, Inglaterra,
Irlanda, Itália, Lituânia, Nova Zelândia, Paquistão,
Portugal, Rússia e USA.
Substratos: Acacia, Arundo, Bambusa, Betula,
Buddleja, Buxus, Castanea, Fagus, Quercus,
Catalpa, Cistus, Combretum, Crataegus, Rubus,
Duvaua, Sabal, Trachycarpus, Erica,
Rhododendron, Vaccinium, Xolisma, Eucalyptus,
Myrica, Myrtus, Francoa, Juniperus, Lavandula,
Lonicera, Melia, Persica, Pinus, Rhamnus, Smilax,
Syagrus (presente artigo), Ulex, Verbascum, Vitis e
Xanthorrhoea.
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em raque de S. coronata (licuri),
09-09-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 59,1" S e 38º 25’
25,1" W (URM 87623).
9. Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon &
Maubl., Bull. Soc. Mycol. Fr. 25:57 (1909)
Figuras: 9, 20, 41, 42
Descrição: Conidiomas submersos, irrompentes,
tornando-se superficiais; em secção vertical 385 × 355
µm. Conídios 22,5-32,5 × 5-17,5 µm, unicelulares,
ovoides, hialinos quando jovens, marrons quando
maduros, com presença de estrias, 1-septado, solitários.
Nota: O espécime examinado trata-se do anamorfo
L. theobromae (Sutton, 1980). Este fungo pode ser
encontrado em plantas e outros substratos como
sapróbio ou parasita. Os danos causados por L.
theobromae são variáveis em função da espécie da
planta parasitada, podendo causar queima das folhas,
formação de cancro em caules de espécies arbóreas,
podridão dos frutos, tubérculos e raízes, morte do
vegetal. Apesar de patogênico, acredita-se que a
severidade do fungo está associada a fatores de
estresse, como estado nutricional da planta, suprimento
de água e condições físicas do solo (Paim, 2010).
Lasiodiplodia theobromae foi encontrado colonizando
raque de licurizeiro em decomposição e, embora
apresente ampla distribuição, a mesma ainda não havia
sido documentada em S. coronata. Este é o primeiro
registro do hospedeiro para a ciência.
Fungos em palmeiras da caatinga do sertão
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Distribuição: possui ampla distribuição entre 40ºN
e 40ºS do equador, África do Sul, Arizona, Austrália,
Bolívia, Brasil, Camarões, China, Cuba, Colômbia,
Espanha, Filipinas, Honduras, Hong Kong, Índia, Ilhas
Orientais, Iran, Japão, Madagascar, Malásia, México,
Myanmar, Mpumalanga, Nicarágua, Nigéria, Panamá,
Peru, República do Congo, República Dominicana,
Seicheles, Siri-Lanca, Singapura, Taiwan, Tanzânia,
Uganda, Uruguai, USA, Venezuela e Vietnam.
Substratos: Extremamente polífago, com uma
gama de mais de 500 hospedeiros em regiões tropicais
e temperadas (Punithalingam, 1980).
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado Juá, em raque de S. coronata (licuri),
15-02-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 59,1" S e 38º 25’
25,1" W (URM 87624).
10. Leptosphaeria sp. Ces. & De Not., Comm.
Soc. crittog. Ital. 1(4): 234 (1863)
Figuras: 10, 21, 30, 43
Descrição: Ascomas gregários, negros
carbonáceos, cônicos, ostiolados, com papila curta,
superficiais, na superfície do hospedeiro; em secção
vertical 292,5-367,5 × 305-360 µm. Ascos 100-108,75
× 11,25-15 µm, bitunicados, cilindráceos, 8-esporos;
pseudoparáfises 3,75-5 µm, hialinas, filiformes,
anastomosadas. Ascósporos 22,5-27,5 × 8,75-12,5 µm,
hialinos quando jovens, marrom-claros quando maduros,
1-3 septos transversalmente, fusiformes, gutulados,
bainha mucilaginosa não observada.
Nota: Não foi possível identificar o material
examinado em nível específico, pois existem 1.656
espécies de Leptosphaeria relacionadas sobre um
amplo número de hospedeiros (Index Fungorum, 2014).
No entanto, o espécime estudado apresenta
características morfológicas congenéricas com
Leptosphaeria Ces. & De Not. Para conhecer melhor
o táxon estudado e relacioná-lo com os descritos na
literatura são necessários estudos moleculares.
Materal examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado juá, em fruto de S. coronata (licuri),
29-04-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 59,1" S e 38º 25’
25,1" W (URM 87625).
11. Oxydothis sp. Penz. & Sacc., Malpighia
11(11-12): 505 (1898) [1897]
Descrição: Ascomas imersos, como pontos
enegrecidos, papilados, na superfície do hospedeiro,
secção vertical 190-305 × 252,5-335 µm, lenticulares,
ostiolados, perifisados. Ascos 152,5–202,5 × 12,5-17,5
µm, unitunicados, 8-esporos, pedicelados, parafisados,
com um anel subapical I+, 2,5-3,75 × 6,25-7,5 µm.
Ascósporos 105-122,5 × 5-7,5 µm, filiforme-fusóides,
1-septados, hialinos, bainha mucilaginosa ou apêndices
não observados.
Nota: No Index Fungorum (2014) são relacionados
77 táxons de Oxydothis Penz. & Sacc. O material
analisado foi identificado de acordo com a chave
fornecida por Hyde (1994). Não foi possível identificar
em nível específico. No entanto, a amostra examinada
trata-se de Oxydothis em virtude de suas
características morfológicas. Na literatura, é comum
o registro desse gênero em espécies de Arecaceae.
No entanto, o mesmo ainda não havia sido encontrado
colonizando S. coronata (licuri). Este é o primeiro
registro de Oxydothis nesta palmeira.
Material examinado: BRASIL. BAHIA: Paulo
Afonso, Povoado juá, em raque de S. coronata (licuri),
16-02-2013, Santos, M. A. L., 09º 25’ 15,6" S e 38º 25’
27,2" W (URM 87626).
12. Pestalotiopsis sp. Steyaert, Bull. Jard. bot.
État Brux. 19: 300 (1949)
Figuras: 12, 23, 45, 46
Descrição: Conidiomas negros, solitários, dispersos
na superfície do hospedeiro. Conídios 17,5-20 × 7,5
µm, claviformes, marrom-claros, com 4-septos,
levemente constrictos. Com 2-3 apêndices apicais 6-
7,5 µm de comprimento.
Nota: O material examinado é Pestalotiopsis
sp., existem 254 espécies relacionadas (Index
Fungorum, 2014). Segundo Jeewon et al. (2004), os
fungos do gênero Pestalotiopsis são vastamente
distribuídos, ocorre em solos, ramos, sementes,
frutos e folhas, podendo ser parasitas, endofíticos
ou sabróbios. Esse fungo desenvolve-se sobre as
folhas das palmeiras e causam manchas que
provocam a seca das mesmas e afeta toda a planta,
especialmente as mais jovens. Os esporos, quando
em grande quantidade sobre as folhas, mostram uma
espécie de fuligem preta, correspondente às
frutificações fúngicas. Em outras plantas, espécies
Figuras: 11, 22, 31, 44
Santos, Vitória e Bezerra
Agrotrópica 28(1) 2016
43
Figuras 1-12. Aspectos dos ascomas no substrato: 1 – Anthostomella aff. leptospora. 2 – Anthostomella
palmaria. 3 – Anthostomella sp. 4 – Camarotella acrocomiae. 5 – Camarotella torrendiella. 6 – Caryospora
sp. 7 – Endocalyx melanoxanthus. 8 – Gloniopsis praelonga. 9 – Lasiodiplodia theobromae. 10 –
Leptosphaeria sp. 11 – Oxydothis sp. 12 – Pestalotiopsis sp.
Figuras 13-23. Secção vertical dos ascomas: 13 – Anthostomella aff. leptospora. 14 – Anthostomella
palmaria. 15 – Anthostomella sp. 16 – Camarotella torrendiella. 17 – Caryospora sp. 18 – Endocalyx
melanoxanthus. 19 – Gloniopsis praelonga. 20 – Lasiodiplodia theobromae. 21 – Leptosphaeria sp. 22-
23 – Oxydothis sp.
Fungos em palmeiras da caatinga do sertão
Agrotrópica 28(1) 2016
44
Figuras 24-31. Morfologia dos ascos: 24 – A. leptospora. 25 – A. palmaria. 26 – Anthostomella sp.
27 – C. acrocomiae. 28 – C. torrendiella. 29 – G. praelonga. 30 – Leptosphaeria sp. 31 – Oxydothis sp.
Figuras 32-46. Morfologia dos ascósporos: 32 – A. leptospora. 33 – A. palmaria. 34 – 35 –
Anthostomella sp. 36 – C. acrocomiae. 37 – C. torrendiella. 38 – Caryospora sp. 39 – Endocalyx
melanoxanthus . 40 – G. praelonga. 41 – 42 – L. theobromae. 43 – Leptosphaeria sp. 44 – Oxydothis
sp. 45 – 46 – Pestalotiopsis sp.
Santos, Vitória e Bezerra
Agrotrópica 28(1) 2016
45
deste gênero pode causar queda das folhas, cancro,
queima, lesões necróticas e a morte da planta.
Pestalotiopsis já foi registrado em cocos nucifera
L. (coqueiro) na Paraíba (Embrapa, 2014) e na Bahia
por Kruschewsky (2010).
Material examinado: BRASIL. BAHIA:
Paulo Afonso, Povoado Juá, em folíolo de C. nucifera
(coqueiro), 25-08-2013, Santos, M. A. L., 09º 26’ 13,0"
S e 38º 25’ 20,8" W (URM 87627).
Conclusão
Foram obtidos 38 espécimes, distribuídos em seis
ordens, oito famílias, 10 gêneros e 12 espécies. O fungo
Anthostomella palmaria é registrado pela primeira
vez para o Brasil. Anthostomella aff. leptospora e
Gloniopsis praelonga são novos registros para o
Estado da Bahia e a palmeira Syagrus coronata
representa um novo hospedeiro para seis táxons
descritos e ilustrados nesse artigo.
Agradecimentos
Ao senhor Militão Teixeira dos Santos Neto, pela
ajuda durante as coletas; a Universidade do Estado da
Bahia (UNEB), pela concessão da bolsa de projeto de
extensão e por disponibilizar os Laboratórios de
Ciências e Biologia Vegetal para a realização de todo
o trabalho.
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Santos, Vitória e Bezerra
... Among the plant substrates, palms (Arecaceae) have been one of the main focuses of mycological diversity studies (Hyde et al., 1997;Hyde and Fröhlich, 2000;Souza et al., 2008;Vitória et al., 2008Vitória et al., , 2011aVitória et al., , b, 2012Vitória et al., a,b, 2014Vitória et al., , 2016Vitória et al., a,b, 2019aVitória et al., ,b, 2020. Arecaceae is a highly diverse group of tropical plants with considerable cultural, social and economic importance (Zambrana et al., 2007). ...
... An in-depth literature revision of the Ascomycete associated with S. coronata highlights the licuri palm's mycobiota is still poorly studied (Cruz and Gusmão, 2009;Vitória et al., 2016bVitória et al., , 2020Santos and Vitória, 2017;Rocha and Vitória, 2020;Santos et al., 2016Santos et al., , 2019Santos et al., , 2020Fortes et al., 2020). Some organs of palm, such as the leaves, can house a highly diverse fungic community (Pinruan et al., 2007). ...
... argent. 10 (4): 160 (1880) Figure 5. I-K Substrates: Reported growing on 389 plant species (SMML, 2020) and S. coronata (rachis and leaflets) (Santos et al., 2016;Vitória et al., 2016b). Figure 5. L-N (Li et al., 2015;Crous et al., 2016;Species Link, 2020); and S. coronata (leaflets) . ...
Article
Há uma grande necessidade de ampliar o conhecimento sobre a micobiota associada à flora da Caatinga. Dentre as espécies vegetais que ocorrem naturalmente no bioma, Syagrus coronata (Mart.) Becc., popularmente conhecido como licurizeiro, é considerado uma das principais palmeiras da região semiárida brasileira. Diante disso, buscando identificar os fungos ascomicetos que se desenvolvem em suas folhas, realizamos duas expedições, uma em agosto de 2017 e outra em abril de 2018, à Estação Ecológica Raso da Catarina, para coleta de folhas em diferentes graus de senescência. O material foi encaminhado ao laboratório de Micologia da UNEB para tratamento, análise morfológica e identificação com base em literatura pertinente. Registramos a presença de treze espécies de fungos crescendo nas estruturas foliares da palmeira, das quais sete eram mitospóricas e seis meiospóricas, de acordo com o modo reprodutivo. Dentre os indivíduos meiospóricos, haviam formas liquenizadas e não liquenizadas. Em relação ao tipo de substrato foliar colonizado, as espécies mitospóricas foram encontradas apenas nos folíolos, enquanto as meiospóricas estiveram presentes em todas as porções foliares. Além disso, a maioria dos indivíduos foi encontrados como sapróbios, mas indivíduos fitopatógenos e mutualistas também foram identificados. Os fungos Hendersonula australis Speg. e Graphis librata C. Knight, tiveram seus primeiros registros no Brasil e na Bahia, respectivamente. Além disso, S. coronata se apresentou como novo substrato botânico para seis ascomicetos. Os resultados do presente estudo colaboram com a ampliação dos dados de distribuição dos Ascomycota. Também levantam uma discussão sobre possíveis fatores que influenciam o estabelecimento das comunidades fúngicas nas diferentes porções foliares do licurizeiro e aumentam a compreensão sobre a importância ecológica dessa palmeira para a biodiversidade do semiárido brasileiro.
... Several studies in the last decades have addressed mycota associated with Arecaceae, showing high species richness and numerous new species especially anamorphic microfungi and non-lichenized teleomorphs, which, because they are inconspicuous, are poorly studied and practically unknown Vitoria et al., 2008Vitoria et al., , 2011ab, 2012ab, 2014Santos et al., 2016;Santos & Vitoria, 2017;Vitoria et al., 2019;Santos et al., 2019). Hyde (1996a), Fröhlich & Hyde (1999) reported how many species of fungi could occur in a single palm, suggesting the ratio palm: fungi of 1:26 and 1:33, respectively, which would directly imply the global number of diversity of fungi that is currently estimated at 12 million (Wu et al. 2019). ...
... Fungi that associate with algae and/or cyanobacteria through lichenization. municipalities of Senhor do Bonfim and Campo Formoso (Bahia); Santos et al. (2016) with 12 cataloged species, collected in Paulo Afonso, Juá-Bahia; Vitoria et al. (2016) with Checklist of 25 taxa from expeditions carried out at ESEC Raso da Catarina and Paulo Afonso in the Juá and Bogó-Bahia villages; Santos and Vitoria (2017) with seven descriptions of fungi found in Água Branca-Alagoas; Santos et al. (2019a) with a new record for the American continent collected in Paulo Afonso, Juá- Bahia and Santos et al. (2019b) presenting 20 lichenized and non-lichenized Ascomycota species collected in Paulo Afonso (Juá and Bogó villages) and Nova Glória (Brejo do Burgo and Serrota villages). Currently, according to publications reporting studies on the S. coronata mycota, the occurrence record is less than 100 identified species. ...
Article
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The Raso da Catarina Ecological Station (ESEC) is a conservation unit of integral protection located in the Caatinga biome, Northeastern Brazil, Bahia, between the cities of Paulo Afonso, Rodelas, and Jeremoabo. Among the botanical species of great relevance in the ESEC region stands out the palm Syagrus coronata (Mart.) Becc. (licuri). Currently, there is little information about the mycota that colonizes this host. Thus, this study analyzes the taxonomy of fungi occurring in S. coronata at ESEC Raso da Catarina. For that purpose, we conducted eight excursions between May 2014 and January 2015, in which we randomly demarcated and georeferenced 25 S. coronata plants. For the survey of the Ascomycota, we collected leaves, bracts, inflorescences, fruits, stem pieces and litter. We morphologically identified twenty-six taxa. Following an extensive literature research, we present dichotomous keys for genera, distribution data, and a checklist of fungi species, of which four are lichenized and 22 non-lichenized (nine anamorph/asexual and 13 teleomorph/sexual). These species belong to 26 genera and 18 families. We report Syagrus coronata in this study as a new botanical host for 22 fungi species.
... Studies on the association of microfungi with palm trees in Northeastern Brazil are limited. However, research on Ascomycota species that colonize palm trees has been carried out in the caatinga domain by Vitória and collaborators (Souza & al. 2008;Vitória & al. 2008Vitória & al. , 2011aVitória & al. ,b, 2012aVitória & al. ,b, 2013Vitória & al. , 2014Vitória & al. , 2016aVitória & al. ,b, 2019aVitória & al. ,b, 2020Santos & al. 2016Santos & al. , 2020aSantos & Vitória 2017;Barbosa & Vitória 2019;Fortes & al. 2020;Rocha & Vitória 2020;Secunda & Vitória 2020). ...
Article
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ABSTRACT—Studies on the mycobiota associated with the plants of family Arecaceae are scarce in Brazil, especially in semiarid ecosystems within the Caatinga domain, which comprises unique biodiversity. During field expeditions to the Raso da Catarina Ecological Station, we found six new records of Chaetomium and Chaetomium-like species for the Caatinga domain in the State of Bahia. These fungi were colonizing vegetative and reproductive structures of Syagrus coronata (Mart.) Becc., a palm tree endemic to the Caatinga and particularly important for animals and people from this region. We present morphological descriptions, illustrations, comments, and distribution maps for the fungal species associated with S. coronata.
... Becc. (licuri) and Cocos nucifera L. (coqueiro) have been documented as good substrates for colonization of lichenized, nonlichenized teleomorphic and anamorphic Ascomycota (Vitória & al. 2016Rocha & Vitória 2020;. It is expected, therefore, that the number of records of lichens for this locality will increase with new surveys. ...
Article
Our taxonomic survey of the lichenized Ascomycota associated with Piptadenia moniliformis (“quipembe”) and Solanum mauritianum (“cassatinga”) in the Raso da Catarina Ecoregion, Bahia State, Brazil was conducted in the village of Juá (municipality of Paulo Afonso) from July 2017 to April 2018. All specimens were analyzed in the Mycology Laboratory and are curated in the Didactic Collection, Fungal Herbarium, and Fungal Culture Collection (MICOLAB UNEB-VIII). We identified twenty-four lichenized fungal taxa representing 16 genera based on morphological characterizations and measurements of the fungal structures; of those, 16 had been collected on P. moniliformis and eight on S. mauritianum. Those plants are here described as new hosts for those fungi. Additionally, we report three new lichen records for Brazil and 13 for Bahia State.
... Cáceres et al. (2014) reported that number of lichen species known for the Sergipe State is 628. Santos et al. (2016) recorded foliicolous lichens occurring in four states in Brazil: Bahia, Sergipe, Paraíba and Pernambuco, totaling 147 species. Santos et al. (2019) documented three new occurrences of lichenized Ascomycota for Bahia State. ...
... new occurrences and several new species. In the caatinga, studies carried out by Santos et al. (2016) and Vitória et al. (2016) registered 28 taxa, distributed in 25 genera, colonizing only the S. coronata palm. Of these records, 7 comprise new occurrences for the state of Bahia and 5 new ones for Brazil. ...
Article
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Apiosordaria is a genus of fungus with species commonly reported inhabiting soil or herbivore feces. However, studies related to the association of representatives of this genus to plants, especially in semi-arid ecosystems, are still non-existent. In this work we documented a new occurrence for Brazil of a species of Apiosordaria, associated with the palm Syagrus coronata. The collections were carried out at the Raso da Catarina Ecological Station and the analyzes were carried out at the Laboratory of Sciences of the Bahia State University, Campus VIII, Paulo Afonso. From the topographic analysis of the plant substrate in stereomicroscope and the evaluation of fungal structures under optical light microscope, the species was identified as Apiosordaria nigeriensis. This fungus was reported for the first time in Enugu, Nigeria, after being isolated from soil samples. In this work, we report the second occurrence of A. nigeriensis to the world, being the first to Brazil, representing the first record for the Americas, and highlighting the palm S. coronata as the first botanical host colonized by the species. These data broaden the knowledge about the geographic distribution of the genus, especially on the microdiversity for the caatinga biome.
... Estudos sobre fungos associados à família Arecaceae se destacaram a partir da década de 90, estendendo-se aos dias atuais, tendo enfoque o levantamento da micota para fornecer dados de distribuição e estimativas de diversidade (Fröhlich & Hyde 1994;Hyde, Taylor & Fröhlich 2000;Hyde et al. 2007;Vitoria et al. 2014Vitoria et al. , 2016aSantos et al. 2016). Espécies de Arecaceae são componentes importantes dos ambientes naturais, em função da sua abundância e interações com outros organismos¸ como, por exemplo, os fungos que colonizam os substratos das plantas em busca de nutrientes, abrigo ou transporte, estabelecendo relações mutualísticas, de parasitismo ou de patogenicidade. ...
Chapter
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As palmeiras além da beleza e da importância para o meio ambiente contribuem com impacto social, cultural, nutricional e econômico. Euterpe oleracea (açaí) e Elaeis guineensis (dendê) são palmeiras de importância econômica e neste trabalho constituem novos hospedeiros botânicos para onze novos registros de microfungos (Ascomycota): Anthostonella ludoviciana A. nitidissima, Calonectria sp., Capsulospora aff. calamicola, C. frondicola, Gloniopsis praelonga, Nemania sp., Oxydothis manokwariensis, O. mauritiae, Seynesia nobilis e Thaxteriella cf. pezizula. Os fungos A. nitidissima, Capsulospora aff. calamicola, C. frondicola, O. manokwariensis e O. mauritiae são registrados pela primeira vez para o Brasil e A. ludoviciana pela primeira vez no estado da Bahia.
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Over the past three decades, a wealth of studies has shown that palm trees (Arecaceae) are a diverse habitat with intense fungal colonisation, making them an important substratum to explore fungal diversity. Palm trees are perennial, monocotyledonous plants mainly restricted to the tropics that include economically important crops and highly valued ornamental plants worldwide. The extensive research conducted in Southeast Asia and Australasia indicates that palm fungi are undoubtedly a taxonomically diverse assemblage from which a remarkable number of new species is continuously being reported. Despite this wealth of data, no recent comprehensive review on palm fungi exists to date. In this regard, we present here a historical account and discussion of the research on the palm fungi to reflect on their importance as a diverse and understudied assemblage. The taxonomic structure of palm fungi is also outlined, along with comments on the need for further studies to place them within modern DNA sequence-based classifications. Palm trees can be considered model plants for studying fungal biodiversity and, therefore, the key role of palm fungi in biodiversity surveys is discussed. The close association and intrinsic relationship between palm hosts and palm fungi, coupled with a high fungal diversity, suggest that the diversity of palm fungi is still far from being fully understood. The figures suggested in the literature for the diversity of palm fungi have been revisited and updated here. As a result, it is estimated that there are about 76,000 species of palm fungi worldwide, of which more than 2500 are currently known. This review emphasises that research on palm fungi may provide answers to a number of current fungal biodiversity challenges.
Article
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Este artigo objetivou identificar os microfungos do filo Ascomycota que colonizam Syagrus coronata (Mart.) Becc., palmeira conhecida popularmente como ouricuri ou licuri, coletadas na Chácara dos Padres, Água Branca, estado de Alagoas, a fim de contribuir na ampliação do conhecimento sobre fungos em Arecacaeae no Brasil. Para tanto, foram feitas expedições no período de fevereiro a abril/2013. Vinte pés de licuri foram georeferenciados aleatoriamente dentro da área de estudo e, para o levantamento da micota, foram coletadas serrapilheira de licuri e fragmentos do caule, inflorescência, folhas, brácteas, raque, pecíolo e frutos inteiros com sinais de estruturas reprodutivas de fungos. No laboratório de Ciências da UNEB-Campus VIII todo o material foi processado. Foram identificados sete táxons de Ascomycota: Anthostomella aff. sabiniana S.M. Fancis, Camarotella torrendiella (Batista) Bezerra & Vitória, Caryospora aff. longloisii Ellis & Evarhart, Glonium sp., Gloniopsis praelonga (Schwein.) Underw. & Earle, Bull., Leptosphaeriae sp. e Phomopsis sp.. Os fungos estudados compreendem cinco novos registros: um para o Brasil e quatro para o estado de Alagoas. Trata-se de uma pesquisa pioneira para a região e relevante para a ciência. Assim, os dados desse trabalho ampliam os conhecimentos dos microfungos em palmeiras no semiárido nordestino e os mesmos poderão ser incorporados ao banco de dados da EMBRAPA, speciesLink e a Lista de Espécies da Flora do Brasil.
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The Caatinga biome occupies most of the semiarid region of northeastern Brazil, with varied landscapes and notable endemism. Among the plants having significant importance in the Caatinga environment is the palm tree Syagrus coronata, which is known as the "life-saving plant" due to its high socio-biological and economic value. To better understand the mycota of the Arecaceae, collections were undertaken in the municipalities of Paulo Afonso and Nova Glória within the Raso da Catarina eco-region in the drylands ("sertão") of Bahia State, Brazil. Twenty species of Ascomycota were identified during the present work: three are new records for South America (Diplodia galiicola, Seimatosporium corni, and Wojnowiciella viburni); eleven are new records for Brazil (Anthostomella caricis, Caryospora callicarpa, C. putaminum, Chaetomium subaffine, Diatrype bermudensis, Diatrypella persicae, Didymosphaeria massarioides, Eutypella fraxinicola, Munkovalsaria donacina, Oedohysterium sinense, and Pleospora calvescens); while six are new records for Bahia State (Dirinaria confusa, Lecanora achroa, Phaeosphaeria sp., Pleospora herbarum, Polymeridium julelloides, and Saccardoella macrasca). Syagrus coronata represents a new botanical host for all taxa identified here.
Article
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The perithecial mycobiota of decaying litter of Arecaceae in Pernambuco and Bahia States along the Northeastern coast of Brazil was investigated during the years of 2008 and 2011. The fungi Byssosphaeria schiedermayeriana and Javaria samuelsii (Pleosporales) and Pemphidium zonatum (Xylariales) are first records to Northeastern Brazil. Coccostromopsis diplothemii (Phyllachoraceae) and Fasciatispora petrakii (incertae sedis) are new records to Pernambuco State, while Coccostromopsis palmicola (Phyllachoraceae) is a new record to Bahia State. The palms Attalea funifera, Bactris acanthocarpa, Elaeis guineensis, Euterpe edulis, E. oleracea, Mauritia flexuosa, Polyandrococos caudescens and Syagrus botryophora are newly assigned as hosts of these fungi. Key words: Arecaceae, Atlantic Rainforest, litter, microfungi, taxonomy
Article
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Endocalyx melanoxanthus var. melanoxanthus was recovered during a survey of microfungi on palms in Atlantic Rainforest areas of Northeast Brazil. Three new hosts were identified for the fungus, newly reported for Brazil.
Article
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Brunneiapiospora brasiliensis sp. nov. from Elaeis guineensis (Arecaceae) found in Pernambuco State, Brazil, is introduced in this paper. It differs from other congeneric species mainly by its ascospore size and shape. The new species is described, illustrated, and compared with similar species.
Article
Forty-two Anthostomella, four Anthostoma and several other species described from palms or Pandanus were examined and are discussed in this paper. The lectotype species, Anthostomella tomicoides Sacc., is described and illustrated. Twenty eight species of Anthostomella are accepted from palms and Pandanus, ten of which are new: A. belalongensis, A. bruneiensis, A. calamicola, A. daemonoropis, A. francisiae, A. irregularispora; A. licualicola, A. livistonicola, A. minutoides, A. zongluensis. The closely related palm genera Cocoicola K.D. Hyde, Fasciatispora K.D. Hyde, Nipicola K.D. Hyde, Pandanicola K.D. Hyde and Sabalicola K.D. Hyde are compared.
Article
Arecomyces is a genus only known from palms and in this paper is reported for the first time from Brazil. Arecomyces attaleae is a new species from Attalea funifera, a palm in Bahia State, Brazil. It is described and illustrated and compared with congeneric species. This new taxon is distinguished mainly by its large ascospores. Arecomyces bruneiensis was found on Elaeis guineensis in Pernambuco State, Brazil and is reported for the first time in South America. A synopsis of all known Arecomyces species is also provided.