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Avaliação de intervenções de Gestão da Clínica na qualificação do cuidado e na oferta de leitos em um hospital público de grande porte

Authors:

Abstract

OBJETIVOS: Descrever os resultados alcançados em indicadores de desempenho hospitalar e na oferta de leitos com a estratégia de incorporação da Gestão da Clínica no processo assistencial da unidade de retaguarda do Hospital Nossa Senhora da Conceição. MÉTODOS: O estudo foi realizado na unidade de retaguarda do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A unidade de retaguarda é um setor de internação de curta permanência (abaixo de 10 dias de internação) destinado a pacientes do setor de emergência do hospital. No período do estudo essa unidade possuía capacidade para 27 leitos. Foram adotadas como ferramentas da Gestão da Clínica a implantação de equipes de referência multiprofissionais e de rounds multidisciplinares, a instituição do sistema Kanban para monitoramento do tempo médio de permanência; a introdução do Projeto Terapêutico Singular por ocasião do ingresso do paciente no hospital (setor de emergência); e a regulação interna dos leitos pelo Núcleo Interno de Regulação. Os indicadores hospitalares número de internações, tempo médio de permanência, resolubilidade, taxa de mortalidade e índice de rotatividade foram comparados entre os anos 2015 (antes da implementação da estratégia Gestão da Clínica) e 2016 (após a implementação da estratégia). RESULTADOS: Após a introdução da Gestão da Clínica, houve aumento no número de internações de 1395 para 1537 ao ano. Ocorreram 1240 altas para o domicílio (média de 104 ao mês), mostrando um aumento de 101,9% em relação ao período anterior. Também foi observada diminuição no número de transferências internas (entre a unidade de retaguarda e outros setores do hospital), aumento no índice de rotatividade de 51,6 para 56,9, diminuição no tempo médio de permanência de 7,2 dias para 6,6 dias e diminuição na taxa de mortalidade de 3,5 para 0,7 (p
Avaliação de intervenções de Gestão da Clínica na
qualificação do cuidado e na oferta de leitos em
um hospital público de grande porte
Evaluation of clinical governance interventions on qualification of care and
supply of beds in a large public hospital
Fernando Anschau1,2,3, Jacqueline Webster1, Nelson Roessler1, Eduardo de Oliveira Fernandes1,
Viviane Klafke1, Carine Paim da Silva1, Gabriel Mersseshmidt1, Samantha Ferreira1, Sandra Maria Sales Fagundes1,
José Accioly Jobim Fossari1
1 Hospital Nossa Senhora da Conceição. Porto Alegre, RS.
2 Centro de Educação Tecnológica e de Pesquisa em Saúde - Escola GHC, Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre, RS.
3 Escola de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Porto Alegre, RS.
RESUMO
OBJETIVOS: Descrever os resultados alcançados em indicadores de desempenho hospitalar e na oferta de leitos com a estratégia de incorporação
da Gestão da Clínica no processo assistencial da unidade de retaguarda do Hospital Nossa Senhora da Conceição.
MÉTODOS: O estudo foi realizado na unidade de retaguarda do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
A unidade de retaguarda é um setor de internação de curta permanência (abaixo de 10 dias de internação) destinado a pacientes do setor de
emergência do hospital. No período do estudo essa unidade possuía capacidade para 27 leitos. Foram adotadas como ferramentas da Gestão
da Clínica a implantação de equipes de referência multiprossionais e de rounds multidisciplinares, a instituição do sistema Kanban para
monitoramento do tempo médio de permanência; a introdução do Projeto Terapêutico Singular por ocasião do ingresso do paciente no hospital
(setor de emergência); e a regulação interna dos leitos pelo Núcleo Interno de Regulação. Os indicadores hospitalares número de internações,
tempo médio de permanência, resolubilidade, taxa de mortalidade e índice de rotatividade foram comparados entre os anos 2015 (antes da
implementação da estratégia Gestão da Clínica) e 2016 (após a implementação da estratégia).
RESULTADOS: Após a introdução da Gestão da Clínica, houve aumento no número de internações de 1395 para 1537 ao ano. Ocorreram 1240
altas para o domicílio (média de 104 ao mês), mostrando um aumento de 101,9% em relação ao período anterior. Também foi observada dimi-
nuição no número de transferências internas (entre a unidade de retaguarda e outros setores do hospital), aumento no índice de rotatividade de
51,6 para 56,9, diminuição no tempo médio de permanência de 7,2 dias para 6,6 dias e diminuição na taxa de mortalidade de 3,5 para 0,7 (p < 0.05).
CONCLUSÕES: A implantação da Gestão da Clínica no contexto do trabalho assistencial na unidade dos leitos de retaguarda do hospital em
estudo associou-se a melhorias nos processos de cuidado, proporcionando maior oferta de leitos aos usuários.
DESCRITORES: gestão da clínica; governança clínica; administração de serviços de saúde; equipe interdisciplinar de saúde; relações interprossionais; gestão da qualidade
em saúde; sistema Kanban.
ABSTRACT
AIMS: To describe the results achieved in hospital performance indicators and supply of beds, with the strategy of incorporating clinical
management into the care process of the backup unit of the Nossa Senhora da Conceição Hospital.
METHODS: The study was carried out in the backup unit of the Nossa Senhora da Conceição Hospital, in Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Brazil. The backup unit is an inpatient hospital with beds intended for hospital emergency patients characterized by short stay (less than
10 days of hospitalization) and in the study period it had 27 beds. As clinic management tools we implemented multidisciplinary reference
teams and multidisciplinary rounds, established a Kanban system to monitor mean length of stay, and introduced the unique therapeutic
project at the hospital entrance (emergency room) and management of beds by the Internal Regulation Center. We monitored the hospital
indicators number of hospitalizations, mean length of stay, resolvability, mortality rate and turnover rate over a period of 12 months (2016,
after implementation of the strategy) and made comparisons with the same period of the previous year.
RESULTS: After the introduction of Clinic Management, there was an increase in the number of hospitalizations from 1395 to 1537/year. There
were 1240 discharges to home (an average of 104 a month), showing an increase of 101.9% in relation to the previous period. There was also
a decrease in the number of internal transfers (between the back unit and other sectors of the hospital), an increase in the turnover rate from
51.6 to 56.9, decrease in the mean stay time of 7.2 days to 6.6 days and a signicant decrease in the mortality rate from 3.5 to 0.7 (p < 0.05).
CONCLUSIONS: The implementation of clinical management in the context of care work in the hospital’s backup bed unit fostered
improvements in care processes, as well as ensuring greater supply of beds to users.
KEY WORDS: clinical management; clinical governance; health services management; interdisciplinary health team; interprofessional relations; health quality management;
Kanban System.
Scientia Medica
Artigo originAl Open Access
Sci Med. 2017;27(2):ID26575
e-ISSN: 1980-6108 | ISSN-L: 1806-5562
10.15448/1980-6108.2017.2.26575
Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons
Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução
em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada.
http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR
Recebido: fevereiro, 2017
Aceito: maio, 2017
Publicado: junho, 2017
Correspondência: fernando.anschau@pucrs.br
Hospital Nossa Senhora da Conceição
Av. Francisco Trein, 596 – CEP 913502-000, Porto Alegre, RS, Brasil
Sci Med. 2017;27(2):ID26575 2/7
INTRODUÇÃO
A Gestão da Clínica pode ser entendida como
práticas assistenciais e gerenciais desenvolvidas a
partir da caracterização do perl dos usuários por
meio da gestão de leitos, co-responsabilização das
equipes e avaliação de indicadores assistenciais [1].
Outro autor caracteriza a Gestão da Clínica como o
conjunto de tecnologias de microgestão da clínica que
tem por objetivo a provisão de uma atenção à saúde
de qualidade, centrada nas pessoas, efetiva e segura,
além de eciente, oportuna, equitativa e ofertada de
forma humanizada [2]. Algumas ferramentas da Gestão
da Clínica já foram apontadas como estratégias que
promovem a interação entre os diversos prossionais
de saúde, em especial entre médicos e enfermeiros,
qualicando o cuidado [3, 4].
Podemos destacar algumas ações com potencial
para gerar resultados positivos na qualicação
assistencial, na garantia de mais acesso e na organização
administrativa/assistencial de um hospital como: o
sistema Kanban, o Projeto Terapêutico Singular (PTS),
as equipes de referência multiprossional e os rounds
multidisciplinares [5-7].
O sistema Kanban, no presente contexto, é uma
ferramenta que deixa transparente e de fácil acesso
todos os tempos médios de permanência (TMP) e a
permanência dos pacientes de cada serviço/unidade
hospitalar, possibilitando a lembrança do indicador a
todos os prossionais envolvidos com a assistência.
Para isso, o Kanban consta de uma lista informatizada
com todos os leitos e pacientes da unidade de internação
em questão, com informações sobre diagnóstico,
tempo de permanência e previsão de alta, além do
elenco de pendências para a alta do paciente. Através
dessa ferramenta é possível uma classicação em cores
sobre o status da internação, da seguinte forma: verde
para tempo de internação dentro do previsto como
adequado, amarelo no dia anterior ao previsto para a
alta, vermelho para os casos em que o tempo estimado
da alta foi ultrapassado [5].
O PTS é um conjunto de propostas de condutas
terapêuticas articuladas para um paciente, resultado
da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar.
Na abordagem do paciente no setor de emergência
do hospital utilizam-se as avaliações médicas, da
enfermagem, da sioterapia, da nutrição e do serviço
social para compor o PTS. O PTS possibilita um olhar
multidisciplinar para iniciar o processo do cuidado a
cada paciente admitido na unidade [6, 7].
As equipes de referência multiprossionais são
compostas por prossionais de diversas áreas, como
médicos, farmacêuticos, enfermeiros, assistentes
sociais, nutricionistas e sioterapeutas, com objetivo
de promover a qualidade da atenção ao usuário, a
agilização dos processos de trabalho e a qualicação
da alta hospitalar. Nos rounds multidisciplinares, as
equipes de referência tratam os casos clínicos dos
pacientes internados, as pendências relacionadas
ao diagnóstico e terapêutica e a previsão para a alta
hospitalar, agregando melhor as discussões e tornando
mais clara a condução dos casos. O grupo de ferramentas
de gestão na construção da Gestão da Clínica é variado
e pode ser aplicado com diferentes intensidades,
adaptando-se a cada realidade organizacional [6-8].
Ao propor mudanças na gestão do trabalho
assistencial, é importante utilizar indicadores capazes
de demonstrar os resultados após a intervenção.
Os indicadores número de internações e índice de
rotatividade podem demonstrar, quando em elevação,
que está sendo proporcionada maior oferta de leitos
pelo hospital. O menor tempo médio de permanência
(TMP) dos pacientes, além de contribuir para a
maior oferta de leitos, pode indicar maior capacidade
resolutiva da equipe assistencial. O indicador taxa de
mortalidade atua como forte balizador da qualidade
assistencial, sendo identicada melhora na assistência
quando seus resultados são menores.
O objetivo deste estudo foi descrever os resul-
tados alcançados nos indicadores TMP, número
de internações, taxa de mortalidade e índice de
rotatividade, com a estratégia de incorporação da
Gestão da Clínica no processo assistencial da unidade
de retaguarda do Hospital Nossa Senhora da Con-
ceição (HNSC).
MÉTODOS
O HNSC, um hospital público geral com 843
leitos e uma taxa de ocupação superior a 90%, está
localizado em Porto Alegre, capital do Rio Grande
do Sul. O presente estudo foi realizado na unidade de
retaguarda desse hospital. A unidade de retaguarda é
um setor de internação de curta permanência (tempo de
permanência hospitalar abaixo de 10 dias de internação)
destinado a pacientes do setor de emergência. No
período do estudo essa unidade possuía capacidade
para 27 leitos, sob a responsabilidade da equipe médica
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Abreviaturas: HNSC, Hospital Nossa Senhora da Conceição;
PTS, projeto terapêutico singular; TMP, tempo médio de
permanência.
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da Medicina Interna. Para tanto, foram introduzidas as
seguintes medidas: adoção de equipes de referência
multiprossionais e de rounds multidisciplinares;
instituição do sistema Kanban para monitoramento do
TMP e das pendências para resolução do caso de cada
paciente; introdução do PTS no setor de emergência,
onde ocorre o ingresso do paciente no hospital; e
regulação interna dos leitos pelo Núcleo Interno de
Regulação.
Diante das características nosológicas e do perl
social dos pacientes do HSNC, além da disposição
de recursos humanos, optou-se por formar equipes
compostas por médicos clínicos gerais, enfermeiros,
assistentes sociais, sioterapeutas, nutricionistas
e farmacêuticos. Durante dois meses (novembro e
dezembro de 2015) a concepção de equipe – aqui
tratada como multiprossional foi trabalhada e
supervisionada pela equipe gerencial do hospital
(apoio institucional). Considera-se que a dinâmica
do round multidisciplinar pode explicitar melhor as
intervenções necessárias para um olhar mais amplo
sobre o paciente e suas necessidades assistenciais. O
round foi denido como a reunião, que ocorria duas
vezes por semana, de monitoramento e organização
clínica de cada paciente, onde os assuntos atinentes a
cada área de conhecimento da equipe e necessários à
condução do caso eram discutidos, visando qualicar
a assistência e concluir o tratamento da doença que
trouxe o paciente à internação.
O sistema Kanban (a exemplo do utilizado na
estratégia de administração de produção em uma
indústria, no qual cartões de sinalização controlam os
uxos de produção ou transporte), foi utilizado para
controle visual do tempo de permanência e, de acordo
com a previsão de alta, com o apontamento (explícito
no painel de acompanhamento) das pendências para
tanto [5]. A equipe responsável pela unidade dos
leitos de retaguarda alimentava os dados sobre as
pendências no Kanban, que estava ligado ao sistema
informatizado do hospital, vinculado à prescrição. O
sistema Kanban demonstrava, em forma de tabela, os
leitos, nomes e idades dos pacientes, bem como seu
tempo de permanência no hospital e as pendências para
a efetivação das medidas clínicas na internação e para
a alta hospitalar.
O PTS, como ferramenta multidisciplinar, foi a
estratégia usada para qualicar a identicação dos
diversos aspectos que deveriam ser abordados para um
cuidado integral do paciente na internação e no plano
de alta, com o envolvimento do próprio paciente e de
familiares quando necessário. Em verdade, como citado
na literatura, o PTS funciona como uma variação das
reuniões para discussão de caso clínico, mas utilizada
de forma sistemática para todos os pacientes [6, 7].
Após o período de dois meses (últimos dois meses
de 2015) de introdução da tecnologia Gestão da Clínica,
já com as concepções das ferramentas acima citadas
incorporadas ao processo assistencial, foi iniciado
o monitoramento dos resultados da estratégia para
compor o presente estudo. Foi feito um fechamento
preliminar dos dados após seis meses e, com resultados
animadores na qualicação assistencial e em maior
acesso hospitalar, os mesmos foram publicados [8].
A manutenção da estratégia e o monitoramento
prolongado, durante o período de janeiro a dezembro
de 2016, foi importante para observar o impacto da
Gestão da Clínica no número de internações, TMP, taxa
de mortalidade e índice de rotatividade da unidade de
leitos de retaguarda do HNSC por um período mais
estendido. Através do sistema informatizado do Grupo
Hospitalar Conceição (GHC) efetuou-se a comparação
dos resultados no período do estudo com aqueles do
ano de 2015, quando a estratégia Gestão da Clínica não
se fazia presente na unidade.
Os indicadores seguiram as seguintes denições:
(i) como número de internações consideramos o nú-
mero de pacientes admitidos
para ocupar um leito hospi-
talar por um período igual ou maior a 24 horas; (ii) por
TMP foi considerada a relação entre total de pacientes
dia e o total de pacientes que tiveram saída do hospital
em determinado período, incluindo óbito; (iii) o índice
de rotatividade, que representa a utilização do leito
hospitalar durante o período, considerado indicador hos-
pitalar de produtividade, foi calculado como o número
de saídas dividido pelo número de leitos no mesmo
período; (iv) a taxa de mortalidade reete a relação entre
o número de óbitos ocorridos em pacientes internados e
o número de pacientes que tiveram saída do hospital, em
determinado período; (v) como resolubilidade do setor
foi utilizado o número de altas para a residência no
período, aqui classicadas como “com resolução ade-
quada” enquanto o número de transferências internas para
outros setores do hospital e/ou o óbito do paciente foram
classicados como “sem resolução adequada” [9-11].
A distribuição dos dados foi apresentada em
frequência e percentuais e o teste de Qui-quadrado
foi usado para avaliar a associação entre a Gestão da
Clínica e as taxas de mortalidade e de alta hospitalar.
Os valores de p inferiores a 0,05 foram considerados
signicativos. A análise estatística foi realizada uti-
lizando o programa SPSS Statistics versão 17.
O estudo foi aprovado e recomendado para pu-
blicação pela Direção do HNSC (documento HNSC-
GUI-012/17).
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RESULTADOS
Durante o ano de 2015, antes da implantação da
estratégia Gestão da Clínica, o número de internações
na unidade de retaguarda foi de 1395, (média de 116
internações por mês). O número de transferências
internas nesse período de 12 meses foi de 726 pa-
cientes. Ocorreram 619 altas hospitalares (média de
51,5 ao mês). Em 2016, após a introdução da Gestão
da Clínica, o número de internações aumentou para
1537 (média de 128 internações ao mês), um acréscimo
de 142 internações no ano, para o mesmo número de
leitos. Ocorreram 1240 altas (média de 104 ao mês),
mostrando um aumento de 101,9% em relação ao
período anterior. O número de transferências internas
diminuiu, e o índice de rotatividade aumentou de 51,6
para 56,9 (Tabela 1).
No período de janeiro a dezembro de 2015 o TMP
foi de 7,2 dias enquanto que no ano de 2016, após a
implantação da estratégia Gestão da Clínica, o TMP
foi de 6,6 dias, ainda com potencial para diminuição,
uma vez que em abril de 2016 o mesmo foi de 5,8
dias. A taxa de mortalidade diminuiu de 3,5 para 0,7
na unidade de retaguarda, comparando o ano de 2015
com o ano de 2016 (p < 0.05) (Tabela 1).
Tabela 1. Indicadores hospitalares antes e após a implantação
da Gestão da Clínica na unidade de retaguarda (27 leitos) do
Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre, RS,
nos anos de 2015 e 2016.
Indicador
Período
2015
(sem Gestão
da Clínica)
2016
(com Gestão
da Clínica)
Internações (n) 1.394 1.537
Transferências 726 278
Altas 619 1.248
Óbitos 49 11
Tempo médio de permanência (dias) 7,2 6,6
Taxa de mortalidade* (%) 3,5 0,7
Índice de rotatividade (pacientes/leito) 51,6 56,9
* Qui quadrado: p < 0.05.
Comparando os dois períodos (2015 com 2016) não
houve mudança no perl nosológico das internações e
manteve-se a mesma distribuição etária e por sexo na
unidade em estudo.
Analisando a resolubilidade da unidade hospitalar,
considerada como capacidade de resolução clínica e
alta hospitalar, sem transferência do cuidado a outras
unidades ou óbito do paciente, foi possível observar
maior potencial de resolução após a implantação
da Gestão da Clínica. Vericou-se associação esta-
tisticamente signicativa entre a aplicação da Gestão
da Clínica e a resolução da internação hospitalar
(p < 0.05) (Tabela 2).
DISCUSSÃO
Assim como já havia sido indicado em um estudo
preliminar, após a implantação da Gestão da Clínica
aumentou a atividade hospitalar por aumento da
eciência, medida tanto pelo TMP quanto pela taxa
de mortalidade e pelo número de altas hospitalares.
O período de um ano foi conclusivo para consolidar
a estratégia e raticar os resultados de qualicação
assistencial e garantia de acesso apontados em nosso
estudo anterior, com seis meses de desenvolvimento
da Gestão da Clínica [8].
Quando buscamos o desenvolvimento do prin-
cípio da integralidade na assistência à saúde no am-
biente hospitalar, necessariamente o fazemos através
das equipes de saúde, pela sua compreensão das
necessidades de saúde dos pacientes e pelo seu
entendimento das estratégias do modo de atender
àquelas necessidades [12]. A introdução de ferramentas
de gestão objetivando implantar a Gestão da Clínica
na unidade de retaguarda do HNSC proporcionou
maior oferta de leitos aos pacientes e indicou maior
qualicação assistencial, com aumento das altas
hospitalares e diminuição das transferências internas
e da taxa de mortalidade. No setor foram alocados
recursos humanos que já dispunham de trabalho em
equipes horizontais, o que facilitou a implantação
da Gestão da Clínica. Entendemos que foi
possível ampliar a concepção do papel do
hospital para além da promoção, prevenção
e assistência aos pacientes, incorporando
a necessidade de gerenciamento e foco no
usuário [13, 14].
No processo de organização do grupo
de prossionais para a introdução das
ferramentas da Gestão da Clínica, que in-
cluiu o PTS, o sistema Kanban, as equipes
de referência multiprossionais e os rounds
Tabela 2. Gestão da clínica e resolubilidade na unidade de retaguarda
(27 leitos) do Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre, RS,
nos anos de 2015 e 2016.
Com resolução
adequada* Sem resolução
adequadaTotal p
Com Gestão da Clínica 1248 (81,2%) 289 (18%) 1537 (100%) <0,05
Sem Gestão da Clínica 619 (44,4%) 775 (55,6%) 1394 (100%)
Total 1867 (63,6%) 1064 (36,4%) 2931 (100%)
* Resolução adequada: alta hospitalar; Sem resolução adequada: transferência para outra unidade ou óbito;
Qui-quadrado.
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multidisciplinares, a presença de um Núcleo Interno de
Regulação foi de extrema importância, uma vez que os
pacientes classicados com o perl nosológico para os
leitos de retaguarda puderam ser direcionados para a
unidade com eciência. O Núcleo Interno de Regulação
possui o mapa de leitos hospitalares e a identicação
dos pacientes que entram pela emergência do hospital,
trabalhando ininterruptamente para a gestão de leitos.
Essas equipes, trabalhando em conjunto e utilizando
as ferramentas da Gestão da Clínica, possibilitaram a
redução do TMP e o aumento aproximado de 10,2%
no número de internações, com elevação do índice de
rotatividade. A menor duração das internações tem
o potencial de diminuir a ocorrência de infecções
hospitalares, aumentar o acesso da população ao
sistema de saúde e reduzir os gastos assistenciais [15].
Já no momento da entrada no hospital, no setor
de emergência, a adoção de uma ferramenta para
registo do PTS foi de grande relevância para a
identicação de ações facilitadoras da alta hospitalar,
como por exemplo diculdades sociais (pacientes
sem residência xa ou com desagregação familiar).
Como explicam Campos e Amaral [16], o PTS consiste
em um atendimento interdisciplinar, que inclui a
contribuição de várias especialidades e prossões. A
partir de uma avaliação compartilhada, são planejados
os procedimentos que carão a cargo de cada membro
da equipe multiprossional, denominada equipe de
referência. Cada prossional da equipe de referência
tem o encargo de acompanhar os pacientes ao longo
da internação, solicitando a intervenção de outros
prossionais ou serviços de apoio quando necessário
e, nalmente, proporcionando a alta e a continuação
do acompanhamento em outro nível do sistema de
saúde [16, 17]. Essas medidas de responsabilização
do cuidado tem demonstrado melhora na qualicação
e segurança da alta hospitalar [18].
O PTS pôde classicar adequadamente os pacientes
e a introdução dessa ferramenta proporcionou maior
acurácia na regulação interna e direcionamento aos
leitos, aqui caracterizados como de retaguarda ao
setor de emergência. Classicar adequadamente não
somente o paciente quanto a sua gravidade na porta de
entrada do hospital (setor de emergência) mas também
de acordo com as suas necessidades assistenciais é de
grande relevância para o planejamento terapêutico e
necessita de um claro entendimento dos prossionais
sobre essa classicação [19]. O setor de emergência do
HNSC possui experiência em sistema de classicação
de risco (a classicação de Manchester está implantada
no setor) e as equipes de internação classicam a
gravidade dos pacientes pelo índice de comorbidades
de Charlson, o que facilitou a introdução de sistema
que visa a classicação e ordenamento interno dos
pacientes [20-23]. A estratégia de aplicação do PTS
na entrada dos pacientes tornou possível visualizar
a integração dos processos a partir do usuário,
entendendo como eles deveriam ser realizados ou
modicados, para otimizar a internação hospitalar e
qualicar a assistência [24].
Pela atuação da equipe multiprossional, na visão
de diferentes prossões e suas variadas abordagens ao
processo da doença e do cuidado, podemos ampliar
o espaço subjetivo do paciente, contribuindo para
sua humanização [25]. A equipe multiprossional
e o funcionamento em rounds multidisciplinares de
fato ampliaram o olhar aos pacientes e qualicaram a
assistência na unidade de retaguarda, em especial quando
observamos a diminuição das taxas de mortalidade e o
aumento no número de altas hospitalares no período. A
taxa de mortalidade caiu em mais de 100% e o número
de altas entre os dois períodos do estudo dobrou. A
diminuição de óbitos é fato de extrema relevância
clínica, assim como o aumento no número de altas hos-
pitalares. Considerando a persistência do perl noso-
lógico, etário e de distribuição por sexo dos pacientes da
unidade estudada, a diminuição da taxa de mortalidade
indica uma melhora signicativa na resolubilidade e na
qualidade da assistência entre os dois períodos.
Segundo Da Silva et al. [26] a efetivação do PTS
nas equipes de saúde precisa incluir boa comunicação
e integração entre a equipe, além da existência de
espaços para discussão multidisciplinar. Assim sendo,
enfatiza-se a construção do PTS como atividade
rotineira a ser desenvolvida nos serviços de saúde. O
PTS busca atender a demandas de saúde complexas e
por isso a equipe multidisciplinar, deve adquirir e trocar
conhecimentos, possibilitando também autonomia
ao usuário, tornando-o sujeito ativo na construção
do processo de saúde e priorizando a qualidade do
cuidado [26]. Diversas intervenções que qualicam o
processo de alta já foram apontadas na literatura, e a
Gestão da Clínica, como abordada neste estudo, com
seu pacote de ferramentas, contribui nessa direção,
promovendo a cultura de uma alta hospitalar segura
e qualicando os processos de comunicação entre
as equipes [14].
A Gestão da Clínica aproxima áreas
técnicas assistenciais às áreas estratégico-gerenciais,
fortalecendo dessa maneira o próprio processo de
gestão que busca a qualidade institucional [13].
Este estudo demonstra que a Gestão da Clínica pode
aumentar o número de internações diminuindo o TMP,
além de garantir maior resolução aos casos atendidos
nos leitos da unidade de retaguarda, aumentando as
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altas hospitalares e diminuindo a taxa de mortalidade.
Dessa forma, podemos concluir que a implantação da
Gestão da Clínica no contexto do trabalho assisten-
cial na unidade dos leitos de retaguarda do HNSC
associou-se a melhorias nos processos de cuidado,
proporcionando maior oferta de leitos aos usuários.
NOTAS
Declaração de conflito de interesses
Os autores declaram não haver conitos de interesses rele-
vantes ao conteúdo deste estudo, informam ter tido acesso a todos
os dados obtidos e assumem completa responsabilidade pela
integridade dos resultados.
REFERÊNCIAS
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Artigo originAl
Anschau F et al. – Avaliação de intervenções de Gestão da Clínica na qualificação ...
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Artigo originAl
Anschau F et al. – Avaliação de intervenções de Gestão da Clínica na qualificação ...
... No estudo de Anschau et al. (12) , a ferramenta Kanban permitiu a identificação, em forma de tabela, de leitos, nomes e idades dos pacientes internados em uma unidade de um hospital público de grande porte em Porto Alegre, bem como a identificação de seu tempo de permanência e as pendências para a efetivação das medidas clínicas na internação e para a alta hospitalar. Tal sistema permitiu a visualização dos tempos médios de permanência dos pacientes e das pendências para alta hospitalar, o que impactou diretamente a melhoria dos indicadores do giro de leito. ...
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O presente trabalho teve o objetivo de descrever como as ferramentas da qualidade são aplicadas aos processos dos serviços de saúde. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura por meio de busca em bases de dados disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os descritores utilizados foram: “gestão da qualidade”; “gestão da qualidade total”; “qualidade da assistência em saúde”; e “ferramentas da qualidade”. Foram incluídos artigos publicados no período de 2010 a 2020, disponíveis na íntegra, em língua portuguesa. Foram excluídas teses e dissertações, bem como aqueles artigos que não contemplaram a questão norteadora. Os achados mostraram que as ferramentas da qualidade são apresentadas de forma a auxiliar os gestores no alcance dos objetivos e que o sucesso da aplicabilidade dessas ferramentas depende de quão bem os profissionais conhecem o próprio processo de trabalho e como utilizam as ferramentas para esse fim. Além disso, ficou evidenciado que há necessidade de maiores investimentos em estudos que tenham por objetivo explorar as potencialidades e as fragilidades dessas ferramentas, assim como em educação permanente de todos os colaboradores, uma vez que a melhoria da qualidade está relacionada ao comprometimento de toda a organização e requer uma mudança na cultura organizacional, que é um desafio permanente.
... Ao destacar as equipes do NIR e seu processo de trabalho em conjunto com as ferramentas da Gestão da Clínica, em B4 há a redução do TMP e o aumento aproximado de 10,2% no número de internações, com elevação do índice de rotatividade (ANSCHAU et al., 2017). Consonante a (S2), cujo resultado demonstrou que a redução do tempo de permanência na instituição estudada foi de 0,81/dia, com um ganho operacional de 40 leitos disponíveis diariamente (FEIJÓ et al, 2021). ...
... O menor Tempo Médio de Permanência (TMP) dos pacientes, além de contribuir para a maior oferta de leitos, pode indicar maior capacidade resolutiva da equipe assistencial. O indicador taxa de mortalidade atua como forte balizador da qualidade assistencial, sendo identificada melhora na assistência quando seus resultados são menores (Anschau et al., 2017). ...
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Analisar os resultados alcançados em indicadores de desempenho hospitalar com a implementação do sistema Kanban para o gerenciamento de leitos de uma maternidade de referência em gestação de alto risco. Pesquisa retrospectiva e transversal com abordagem quantitativa. Realizada em uma maternidade de ensino de Teresina - PI, referência terciária para a assistência materno-infantil. Utilizou-se dados secundários coletados no período antes e após a implementação do sistema Kanban, entre os meses de janeiro a dezembro de 2017 e os meses de janeiro a dezembro de 2018. Realizou-se os testes de Qui-quadrado, Kolmogorov-Smirnov e teste não-paramétrico U de Mann-Whitney com auxílio do Software Statistical Package for the Social Sciences considerando o intervalo de confiança de 95%. Houve um aumento de internações e altas maternas após a implementação do Kanban na maternidade em que tiveram 7122 admissões (48,8%) e 7472 (51,2%) nos anos 2017 e 2018, respectivamente. Em relação as altas houveram 5132 (46,7%) e 5854 (53,3%) nos anos estudados. No que concerne a taxa de ocupação, teve um declínio de 95,63% para 93,7% nos anos estudados. Já, o Tempo Médio de Permanência teve um decréscimo de 9,12 para 8,08 dias e o índice de rotatividade um aumento de 4,32 para 4,83%. Utilizar os indicadores hospitalares permite que os gestores, gerentes e profissionais de saúde tenham uma visão ampla das principais dificuldades relacionadas a rotatividade de leitos e ao fluxo e ofertas dos serviços. Conclui-se que a tecnologia Kanban foi capaz de contribuir para melhorar o gerenciamento de leitos necessário entre os profissionais incentivando a cooperação proativa no fluxo de internação e melhoria da qualidade clínica na maternidade.
... Uma estratégia seria a adoção e implantação de rounds multidisciplinares em quese discutem o quadro clínico, as pendências e a previsão para a alta hospitalar, definindo a condução dos casos. 13 As melhorias nos registros e estímulo à promoção da comunicação efetiva desde a formação acadêmica também foram estratégias destacadas. Estudo converge apresentando a deficiência na formação profissional em relação à comunicação. ...
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OBJECTIVE: to know the perception of the multidisciplinary team on patient safety actions in pediatric hospitalizations. METHOD: this is a qualitative exploratory-descriptive study carried out in 2017 in pediatric inpatient units of a hospital in Porto Alegre - RS. Two semi-structured group interviews were conducted with 14 members of the multiprofessional team. The interviews were transcribed for thematic content analysis. RESULTS: a thematic category “Actions for the patients safety in pediatrics” emerged, divided into actions such as correct identification of the child, effective communication, safety in the medication process, prevention of falls, hand hygiene and cleaning of the environments, collective responsibility for the children patients safety and organization of the work process”. CONCLUSION: it´s necessary to develop actions in all stages of care that guarantee patient safety for all those involved in the care of pediatric patients. Keywords: Patient Safety; Patient Care Team; Pediatrics.
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Objetivo: Desenvolver e validar um software de gerenciamento de leitos cirúrgicos com interface ao Sistema Kanban. Métodos: Trata-se de uma pesquisa metodológica, estudo de avaliação de tecnologia, prospectivo, transversal, indutivo e observacional, conduzido por uma amostra de 11 (onze) médicos e enfermeiros. Os juízes avaliaram o software segundo os critérios de usabilidade, percepção de utilidade, facilidade de uso e utilidade percebida pelo software, por meio de questionário baseado no System Usability Scale - SUS e na Technology Acceptance Model - TAM, com pontuação de 0,912 no teste de Alfa de Cronbach. Resultados: A amostra apresenta a caracterização dos juízes segundo sua graduação, 64% possuem graduação em medicina e 36% possuem graduação em enfermagem. No conjunto, o software obteve um IVC de 0,92, para questões positivas, e IVC de 0,94 para questões negativas,concerne para o aspecto de usabilidade e facilidade; IVC de 0,97 para os aspectos de utilidade; e IVC 0,97 para os aspectos de interface e aplicabilidade do software. Conclusão: O software de gerenciamento de leitos hospitalares com interface com o Sistema Kanban mostrou-se como um sistema tecnológico útil, prático e bem aceito pelos médicos e enfermeiros, facilitando a gestão e gerenciamento dos leitos hospitalares.
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Objetivo: Desenvolver e validar um software de gerenciamento de leitos cirúrgicos com interface ao Sistema Kanban. Métodos: Trata-se de uma pesquisa metodológica, estudo de avaliação de tecnologia, prospectivo, transversal, indutivo e observacional, conduzido por uma amostra de 11 (onze) médicos e enfermeiros. Os juízes avaliaram o software segundo os critérios de usabilidade, percepção de utilidade, facilidade de uso e utilidade percebida pelo software, por meio de questionário baseado no System Usability Scale - SUS e na Technology Acceptance Model - TAM, com pontuação de 0,912 no teste de Alfa de Cronbach. Resultados: A amostra apresenta a caracterização dos juízes segundo sua graduação, 64% possuem graduação em medicina e 36% possuem graduação em enfermagem. No conjunto, o software obteve um IVC de 0,92, para questões positivas, e IVC de 0,94 para questões negativas,concerne para o aspecto de usabilidade e facilidade; IVC de 0,97 para os aspectos de utilidade; e IVC 0,97 para os aspectos de interface e aplicabilidade do software. Conclusão: O software de gerenciamento de leitos hospitalares com interface com o Sistema Kanban mostrou-se como um sistema tecnológico útil, prático e bem aceito pelos médicos e enfermeiros, facilitando a gestão e gerenciamento dos leitos hospitalares.
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À proporção que as empresas se tornam mais dependentes da tecnologia, o gerenciamento de projetos efetivo se torna mais relevante. O objetivo deste trabalho foi identificar as práticas da metodologia de gerenciamento de projetos Kanban em serviços de saúde. Foi utilizada a pesquisa qualitativa, descritiva, do tipo revisão integrativa, seguindo os passos propostos por Vargas Delgado et al (2020), na base de dados acadêmica Scopus, devido ao seu caráter multidisciplinar. Como resultados, identificou-se que os trabalhos abordam dois principais benefícios: melhora na rotatividade de leitos e melhora na gestão de cadeia de suprimentos de serviços de saúde. O primeiro ocorre porque há um maior controle e visualização da ocupação de leitos e, portanto, isso permite maior disponibilidade; redução do tempo de permanência nas internações; maiores índices de alta hospitalar; redução de custos; menor quantidade de óbitos e de transferências para outro setor. O segundo implica a otimização do trabalho de enfermagem, o armazenamento mais organizado, menos espaço necessário para armazenamento, menos itens vencidos, aumento da satisfação do cliente interno e incorporação da maioria dos produtos no sistema.
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O Projeto Terapêutico Singular consiste na elaboração de cuidados únicos e individuais a sujeitos que vivenciam alguma situação de adoecimento, sendo uma ferramenta importante para o sucesso do Sistema Único de Saúde brasileiro. Tal projeto é pensado para aplicar-se em todos os níveis de atenção à saúde, entretanto, sabe-se que a atenção hospitalar possui suas peculiaridades em relação às demais. Dessa forma, objetivou-se realizar levantamento de pesquisas que abordassem a temática da utilização do Projeto Terapêutico Singular em unidade hospitalar. A pesquisa consiste numa Revisão Sistemática da Literatura com pesquisa as bases de dados Scielo, BVSaúde e PubMed de artigos na língua portuguesa e inglesa através do uso das palavras-chave e utilização de critérios de inclusão e exclusão. Observou-se a presença de poucos estudos, sendo estes com metodologias qualitativas. Ademais, tais pesquisas apresentaram resultados semelhantes como a presença de maior propensão à humanização, integralidade do cuidado, produção e manutenção e favorecimento da atuação interdisciplinar. Além disso encontrou-se desafios para a realização do projeto relacionados à obstáculos da rotina hospitalar, como recursos materiais e imateriais.
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Objective: To evaluate the hospital indicators and their repercussions on the number of monthly admissions to a public university hospital, before and after implementing the Internal Regulation Center. Method: An evaluative research study, of the Case Study type, developed in a public university hospital. A total of 28 indicators related to structure, production, productivity and quality were measured, which are part of internal Benchmarking. The data were analyzed by means of descriptive statistics and multiple regression to identify the independent factors and those associated with the number of monthly hospitalizations with 95% confidence intervals. Results: Implementation of the Center significantly increased (p<0.001) the number of discharges, the bed utilization factor and the bed renewal rate, emergency hospitalization, bed occupancy percentage, surgical procedures performed and the patient-day mean value (p=0.027). There was a reduction (p<0.001) in the number of visits to the medical, obstetric and orthopedic emergency room, in the rates of in-hospital infection and infant mortality, as well as a mean reduction of 0.81/day, approximately one day less of hospitalization per patient, or a gain of 40 available beds per month. Conclusion: Although the number of available beds was lower in the post-implementation period, the bed replacement interval was reduced, representing an increase of 40 more beds per month due to the reduction in the patients' length of stay in the institution.
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This paper describes and analyses, in the French context, the effects of the diagnosis related groups (DRGs) on surgical procedures in public and private health care establishments through an analysis of annual data extracted from the PMSI medico-administrative computerised database programme for the years 2005 and 2008. A statistical analysis conducted at a national level on surgical GHMs (homogeneous groups of patients) shows that there is no such effect in the choice of the type of group (with or without CAM complications and associated morbidities) by health care establishments. However, the study reveals an increase in coding, irrespective of the sector (private or public), since the implementation of the DRGs for the same homogeneous groups of patients. This research presents the originality of measuring the effects of the DRGs on the surgical activity of health care establishments within the French context by using a significant quantitative database. To our knowledge, this is the first research in this field of comparison between the public and private establishments financing since the implementation of the DRGs in 2005.
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Aims: The excess demand for pediatric emergency services has caused much concern among health professionals and hospital administrators. The aim of this study was to assess the utilization of a pediatric emergency department and to determine whether its use was injudicious. Methods: Retrospective cross-sectional analysis of all emergency cases treated throughout 2012 in a general hospital located in the metropolitan area of Lisbon, Portugal. The data were obtained from the hospital’s computer information system. Each patient was submitted at admission to the Manchester triage system adapted for Portugal, and the episodes were categorized into immediate, very urgent, urgent, standard, non-urgent, and not classified. All those episodes classified as standard and non-urgent were denoted as unjustified urgent episodes. The data were collected anonymously and analyzed by the IBM SPSS Statistics software using the chi-square test and one-way ANOVA at a 5% significance level (p<0.05).Results: We analyzed 37,099 pediatric emergency department episodes, of which 19,478 patients were male (53%), the median age was 4 years (interquartile range of 1-9 years), and 78.4% were up to 10 years old. Of all the episodes, 21,177 (57.1%) were classified as standard and 15,470 (41.6%) as urgent or very urgent. Of these patients, 27,294 (73.6%) used the emergency department during the week and 28,679 (77.3%) between 10 a.m. and 12 a.m. It was found that in 90.8% of very urgent, 97.1% of urgent, and 99.4% of standard episodes, patients were discharged without the need for hospitalization. Conclusions: More than half of the children who used the pediatric emergency department had standard or non-urgent needs, and almost all of them were discharged with follow-up recommendations by the attending physician. Most of the episodes occurred during opening hours of primary healthcare centers.
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Abstract Background Discharge from hospital presents significant risks to patient safety, with up to one in five patients experiencing adverse events within 3 weeks of leaving hospital. Aim To describe the frequency and types of patient safety incidents associated with discharge from secondary to primary care, and commonly described contributory factors to identify recommendations for practice. Design and setting A mixed methods analysis of 598 patient safety incident reports in England and Wales related to ‘Discharge’ from the National Reporting and Learning System. Method Detailed data coding (with 20% double-coding), data summaries generated using descriptive statistical analysis, and thematic analysis of special-case sample of reports. Incident type, contributory factors, type, and level of harm were described, informing recommendations for future practice. Results A total of 598 eligible reports were analysed. The four main themes were: errors in discharge communication (n = 151; 54% causing harm); errors in referrals to community care (n = 136; 73% causing harm); errors in medication (n = 97; 87% causing harm); and lack of provision of care adjuncts such as dressings (n = 62; 94% causing harm). Common contributory factors were staff factors (not following referral protocols); and organisational factors (lack of clear guidelines or inefficient processes). Improvement opportunities include developing and testing electronic discharge methods with agreed minimum information requirements and unified referrals systems to community care providers; and promoting a safety culture with ‘safe discharge’ checklists, discharge coordinators, and family involvement. Conclusion Significant harm was evident due to deficits in the discharge process. Interventions in this area need to be evaluated and learning shared widely.
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A avaliação da qualidade de serviços hospitalares vem ganhando importância no mundo, sendo impulsionada pela demanda de financiadores, prestadores, profissionais e pacientes. O objetivo deste estudo é revisar a literatura sobre estudos de avaliação da qualidade hospitalar no Brasil e analisar as principais abordagens, metodologias e indicadores utilizados. Foi aplicada revisão sistemática de artigos científicos, dissertações e teses com análises empíricas sobre o tema, publicados entre 1990 e 2011. Foram identificados 2.169 documentos e incluídos 62 documentos na revisão, que representam 48 estudos distintos. Predominou o uso de fontes de dados secundárias com análise das dimensões efetividade, adequação, segurança e eficiência, destacando-se a aplicação da taxa de mortalidade, taxa de adequação, taxa de eventos adversos e tempo de permanência. Métodos que controlam diferenças de risco dos pacientes foram majoritariamente aplicados. Busca-se com esta revisão contribuir apontando elementos centrais para o desenvolvimento do tema no país e para a qualificação do cuidado prestado.
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Este ensaio utiliza elementos da concepção Paidéia para sugerir diretrizes para a reforma do hospital contemporâneo. A concepção Paidéia sugere a reorganização do processo de trabalho com base nos conceitos de clínica ampliada e gestão democrática. Em vez de centrar o processo de trabalho em linhas de produção, é proposto um modo alternativo para organizar a atenção aos pacientes, um novo artesanato com autonomia profissional e clara definição de responsabilidade clínica. É também realizada uma análise das dificuldades e das conseqüências da integração do hospital em sistemas públicos de saúde.
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O presente artigo trata dos conceitos de qualidade, aplicados ao segmentos da saúde em todos os seus níveis de planejamento e execução. Apresenta, também, algumas metodologias de avaliação de qualidade, que estão sendo frequentemente utilizadas em diferentes instituições de saúde públicas ou privadas.
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Background: For health care systems in recent years, patient safety has increasingly become a priority issue. National and international strategies have been considered to attempt to overcome the most prominent hazards while patients are receiving health care. Thereby, clinical risk management (CRM) plays a dominant role in enabling the identification, analysis, and management of potential risks. CRM implementation into routine procedures within complex hospital organizations is challenging, as in the past, organizational change strategies using a top-down approach have often failed. Therefore, one of our main objectives was to educate a certain number of risk managers in facilitating CRM using a bottom-up approach. Methods: To achieve our primary purpose, five project strands were developed, and consequently followed, introducing CRM: corporate governance, risk management (RM) training, CRM process, information, and involvement. The core part of the CRM process involved the education of risk managers within each organizational unit. To account for the size of the existing organization, we assumed that a minimum of 1 % of the workforce had to be trained in RM to disseminate the continuous improvement of quality and safety. Following a roll-out plan, CRM was introduced in each unit and potential risks were identified. Results: Alongside the changes in the corporate governance, a hospital-wide CRM process was introduced resulting in 158 trained risk managers correlating to 2.0 % of the total workforce. Currently, risk managers are present in every unit and have identified 360 operational risks. Among those, 176 risks were scored as strategic and clustered together into top risks. Effective meeting structures and opportunities to share information and knowledge were introduced. Thus far, 31 units have been externally audited in CRM. Conclusion: The CRM approach is unique with respect to its dimension; members of all health care professions were trained to be able to identify potential risks. A network of risk managers supported the centrally coordinated CRM process. There is a strong commitment among management, academia, clinicians, and administration to foster cooperation. The introduction of CRM led to a visible shift with regard to patient safety culture throughout the entire organization. Still, there is a long way to go to keep people engaged in CRM and work on national and international patient safety initiatives to continuously decrease potential hazards.
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Background: Interprofessional collaboration improves the quality of medical care, but its integration into workflow is limited. While a shared conceptualization among nurses and physicians regarding bedside interprofessional rounds may enhance implementation, little work has investigated front-line providers’ perceptions of this activity. Objective: To evaluate the perceptions of nursing staff, attending, and house staff physicians regarding the benefits and barriers to bedside interprofessional rounds. Design and Participants: Observational, cross-sectional survey of hospital-based, internal medicine nursing staff, attending, and house staff physicians. Participants completed an electronic survey (June 2013) developed from prior work on physician bedside rounds and literature review. Descriptive, non-parametric Kruskal-Wallis, and non-parametric correlation were used. Main Measures: Bedside interprofessional rounds was defined as “encounters that include the team of providers, at least two physicians plus a nurse, discussing the case at the patient’s bedside.” Eighteen items related to “benefits” and 21 items related to “barriers” associated with bedside interprofessional rounds. Results: Of 171 surveys sent, 149 were completed (87% response). Highest-ranked benefits to bedside interprofessional rounds related to communication/coordination, including “improves communication between nurses-physicians” and “improves awareness of clinical issues;” lowest-ranked benefits related to efficiency, process, and outcomes, including “decreases length-of-stay” and “improves timeliness of consultations.” Nursing staff reported more favorable ratings compared to physicians for all 18 benefit-related items (p-values <0.05). The rank order for three groups showed high correlation (r=≥0.92, p<0.001). Highest-ranked barriers related to time issues, including “nursing staff have limited time” and “time required for encounters;” lowest-ranked barriers related to provider- and patient-related factors, including “patient lack of comfort.” Rank order of barriers amongst all groups showed moderate correlation (r=0.62-0.82). Conclusions: While nurses perceived greater benefit for bedside interprofessional rounds than physicians, all groups lacked perceived benefit in patient outcomes. To the extent perceived benefits and barriers are generalizable, these findings lay the foundation for building systems that facilitate meaningful patient-centered interprofessional collaboration.
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Ineffective physician-nurse collaboration has been shown to cause work dissatisfaction among physicians and nurses and compromised the quality of patient care. The review sought to explore: (1) attitudes of physicians and nurses toward physician-nurse collaboration; (2) factors affecting physician-nurse collaboration; and (3) strategies to improve physician-nurse collaboration. A literature search was conducted in the following databases: CINAHL, PubMed, Wiley Online Library and Scopus from year 2002 to 2012, to include papers that reported studies on physician-nurse collaboration in the hospital setting. Seventeen papers were included in this review. Three of the reviewed articles were qualitative studies and the other 14 were quantitative studies. Three key themes emerged from this review: (1) attitudes towards physician-nurse collaboration, where physicians viewed physician-nurse collaboration as less important than nurses but rated the quality of collaboration higher than nurses; (2) factors affecting physician-nurse collaboration, including communication, respect and trust, unequal power, understanding professional roles, and task prioritizing; and (3) improvement strategies for physician-nurse collaboration, involving inter-professional education and interdisciplinary ward rounds. This review has highlighted important aspects of physician-nurse collaboration that could be addressed by future research studies. These include: developing a comprehensive instrument to assess collaboration in greater depth; conducting rigorous intervention studies to evaluate the effectiveness of improvement strategies for physician-nurse collaboration; and examining the role of senior physicians and nurses in facilitating collaboration among junior physicians and nurses. Other implications include inter-professional education to empower nurses in making clinical decisions and putting in place policies to resolve workplace issues.