Ao longo do ano letivo de 2009/2010, no âmbito do Programa de Doutoramento em Educação – Avaliação em Educação – do Ins- tituto de Educação da Universidade de Lisboa, decorreu um Ciclo de Conferências intitulado Educação e Seus Desafios: Perspectivas Atu- ais, em que participaram pesquisadores oriundos do Brasil, de Portu- gal e de Espanha. A ideia que presidiu à realização das conferências foi a de abrir um espaço de debate pluridisciplinar acerca de questões críticas da educação, em que pesquisadores, professores, alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação e público em geral pudessem participar. A avaliação, como domínio do conhecimento da educação e como prática social, acabou por ter uma significativa preponderância nas conferências e nos debates realizados. Consequentemente, decidiu-se reunir neste livro dez textos que pudessem dar-nos conta de algumas das discussões contemporâneas relativas à educação e, em particular, às áreas práticas da avaliação educacional. Na verdade, os oito trabalhos mais diretamente relacionados com o domínio da avaliação discutem temas atuais relacionados com a Avaliação para as Aprendizagens, a Avaliação do Desempenho Docente, a Avaliação da Qualidade da Educação e a Avaliação de Programas e Projetos Educacionais. Em cada um deles está bem patente que a avaliação é uma prática social que pode contribuir decisivamente para transformar e melhorar os processos educativos e formativos. Não sendo uma ciência exata, a avaliação pode, no entanto, ser pensada e desenvolvida de forma rigorosa para que seja credível, plausível e útil. Efetivamente a avaliação, como domínio do conhecimento da educação, é uma realidade educacional, social e política incontornável que, no entanto, é atravessada por diferentes perspectivas quanto à sua natureza, aos seus propósitos e às suas utilizações. os artigos que integram este livro contribuem para clarificar e para perspectivar a avaliação como processo que se pretende estreitamente relacionado com a melhoria do serviço público de educação. Neste sentido, a ava-
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liação tem necessariamente que estar relacionada com aspectos tais como a transparência, a justiça, a equidade, a ética e a deliberação democrática. Mas também não pode ignorar a eficácia, a eficiência, a qualidade e os resultados produzidos pelos sistemas educativos. Será no equilíbrio inteligente entre práticas de avaliação de natureza formativa, mais centradas nos processos e orientadas para a melhoria e o desenvolvimento, e práticas de natureza sumativa, mais centradas nos resultados e orientadas para a responsabilização e para a prestação de contas, que eventualmente encontraremos um caminho a prosseguir. Ou seja, parece desejável que se valorize a articulação entre perspectivas de avaliação de natureza criterial com perspectivas mais apoiadas nas práticas e nas experiências vividas pelas pessoas. Talvez dessa forma possamos obter descrições mais credíveis dos fenômenos educativos.
Mas o que mais importa sublinhar é que a lógica que presidiu à organização desta coletânea de textos tratou de combinar uma variedade de perspectivas que, sem subestimar as questões de natureza técnica, se debruçam sobre questões teóricas e paradigmáticas intrínsecas às transformações discursivas que vêm acompanhando o desenvolvimento do conhecimento científico e das práticas de avaliação. Neste sentido, é nossa convicção que as reflexões expostas no conjunto dos textos selecionados contribuem de forma significativa para promover a tomada de consciência das dificuldades, contradições e desafios com que se confrontam as práticas avaliativas atuais.
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