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Tratamentos não farmacológicos que melhoram a qualidade de vida de idosos com doença de Alzheimer: uma revisão sistemática

Authors:

Abstract

Objetivo Realizar uma revisão sistemática sobre quais são os tratamentos não farmacológicos que ajudam a melhorar a qualidade de vida (QV) de idosos com doença de Alzheimer (DA) mais descritos na literatura nos últimos dez anos (2006-2016). Métodos Revisão sistemática da literatura realizada nas três primeiras semanas de janeiro de 2016, nas bases: Capes, SciELO, Web of Science, PubMed, Lilacs e Scopus. Foram utilizadas duas combinações de termos: (1) predictors AND quality of life AND elderly AND Alzheimer’s disease e (2) non-pharmacological treatment AND quality of life AND Alzheimer’s disease. Foram encontrados 240 artigos e analisados o título e o resumo dos artigos e, quando necessário, o próprio texto. Do total de 240 artigos, apenas quatro trabalhos preencheram os critérios de inclusão e foram selecionados. Resultados Os resultados mostraram que os tratamentos não farmacológicos mais descritos, no referido período, visando melhorar a QV de idosos com DA, foi a reabilitação, tanto cognitiva quanto multidisciplinar. Conclusão As técnicas de reabilitação mostraram-se capazes de melhorar a QV de idosos com doença de Alzheimer leve.
ARTIGO ORIGINALREVISÃO DE LITERATURA
Recebido em
10/7/2015
Aprovado em
10/11/2016
DOI: 10.1590/0047-2085000000142
1 Universidade Fe deral do Pará (UFPA).
Endereço para cor respondência: Paula Danielle Palheta Car valho
Núcleo de Teoria e Pesquis a do Comportamento,
Universidade Fe deral do Pará
Av. Augusto Corrêa, 1
66075-110 – Belém, PA, Brasil
E-mail: pauladaniellecarvalho@g mail.com
Palavras-chave
Qualidade de vida,
tratamento não
farmacológico, doença de
Alzheimer.
Tratamentos não farmacológicos que melhoram
a qualidade de vida de idosos com doença
de Alzheimer: uma revisão sistemática
Non-pharmacological treatments that improve the quality of
life of elderly with Alzheimer’s disease: a systematic review
Paula Danielle Palheta Carvalho1, Celina Maria Colino Magalhães1, Janari da Silva Pedroso1
RESUMO
Objetivo: Realizar uma revisão sistemática sobre quais são os tratamentos não farmaco-
lógicos que ajudam a melhorar a qualidade de vida (QV) de idosos com doença de Alzhei-
mer (DA) mais descritos na literatura nos últimos dez anos (2006-2016). Métodos: Revisão
sistemática da literatura realizada nas três primeiras semanas de janeiro de 2016, nas bases:
Capes, SciELO, Web of Science, PubMed, Lilacs e Scopus. Foram utilizadas duas combina-
ções de termos: (1) predictors AND quality of life AND elderly AND Alzheimer’s disease e (2) non-
pharmacological treatment AND quality of life AND Alzheimer’s disease. Foram encontrados
240 artigos e analisados o título e o resumo dos artigos e, quando necessário, o próprio
texto. Do total de 240 artigos, apenas quatro trabalhos preencheram os critérios de in-
clusão e foram selecionados. Resultados: Os resultados mostraram que os tratamentos
não farmacológicos mais descritos, no referido período, visando melhorar a QV de idosos
com DA, foi a reabilitação, tanto cognitiva quanto multidisciplinar. Conclusão: As técni-
cas de reabilitação mostraram-se capazes de melhorar a QV de idosos com doença de
Alzheimer leve.
ABSTRACT
Objective: To carry out a systematic bibliographical review, between 2006 and 2016, about
the most cited non-pharmacological treatments that improve the quality of life (QOL) of
elderly with Alzheimer’s disease (AD). Methods: The study was to realize in Capes, SciELO,
Web of Science, PubMed, Lilacs and Scopus databases. The search was to carry out in the
three rst of January 2016. The following terms combinations were used: (1) predictors AND
quality of life AND elderly AND Alzheimer’s disease (in February) and (2) non-pharmacological
treatment AND quality of life AND Alzheimer’s disease. The searches resulted in 240 articles.
Four articles were selected after title and abstract inspection. Results: Multidisciplinary or
cognitive rehabilitation was the most cited non-pharmacological treatment that promote
the QOL in elderly with AD. Conclusion: The rehabilitation techniques presented capable
of improving the QOL in elderly with mild Alzheimer’s disease.
Keywords
Quality of life, non-
pharmacological
treatments, Alzheimer’
disease.
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REVISÃO DE LITERATURA
J Bras Psiq uiatr. 2016;65(4):334-9.
Tratamentos não farmacológicos
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde1, qualida-
de de vida (QV) é um conceito muito amplo que incorpora de
uma maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu esta-
do psicológico, seu nível de dependência, suas relações sociais,
suas crenças e sua relação com características proeminentes
no ambiente, e inclui ainda a percepção que o indivíduo tem
de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do
sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. Partindo dessa deni-
ção, pode-se compreender a QV como um conceito subjeti-
vo em que a autopercepção do indivíduo é levada em con-
sideração, e também como um conceito multidimensional,
visto que envolve vários aspectos da existência humana.
Em relação à QV do idoso, há uma falta de consenso so-
bre quais são os determinantes de um bom envelhecer, de
um envelhecer com qualidade, sendo um importante fator
para isso a heterogeneidade sobre a percepção que o pró-
prio idoso tem do processo de envelhecimento2. Apesar des-
sa falta de consenso, alguns fatores relevantes a serem con-
siderados quando se fala em QV do idoso são de natureza
psicológica, biológica e socioestrutural, como longevidade,
saúde biológica, saúde mental, satisfação com a vida, con-
trole cognitivo, competência social, produtividade, ecácia
cognitiva, status social, renda, continuidade de papéis fami-
liares e das relações com amigos3.
Alguns autores consideram ainda como relevantes nesse
processo do bom envelhecer e, consequentemente, uma me-
lhor QV a autonomia e a independência, sendo a autonomia o
controle e a capacidade de tomar as próprias decisões quanto
ao seu modo de vida, com regras e preferências próprias, e a in-
dependência como a capacidade de executar funções da vida
diária e viver sem a ajuda de outros1,4-6. Vale ressaltar que, mes-
mo havendo divergências sobre quais os determinantes de
um envelhecimento saudável e uma boa QV, os pesquisadores
concordam que essa é uma questão complexa que engloba
questões governamentais, de saúde pública, variáveis socioe-
conômicas, culturais e pessoais. Portanto, a QV em idosos per-
passa por todo o universo que é a sociedade e seus valores.
Quando se trata de idosos que possuem algum acome-
timento neurológico, como é o caso das demências, a ava-
liação da QV é de fundamental importância, uma vez que
fornece dados que auxiliam a identicar quais as demandas
do idoso e, de posse disso, a equipe de saúde e cuidadores/
familiares possam programar e implementar práticas que
promovam a QV desses idosos. Novelli7,8 traduziu, adaptou e
validou para o Brasil a Quality of life-AD (QOL-AD), uma escala
desenvolvida especicamente para avaliação de idosos com
doença de Alzheimer (DA) por Logsdon et al.9, mostrando
a importância e a necessidade de ter disponível um instru-
mento que avalie as especicidades da doença e as percep-
ções tanto do idoso quanto do cuidador sobre ela.
Qualidade de vida na doença de Alzheimer
A DA, por ser uma doença neurodegenerativa progressiva,
traz ao indivíduo uma gama de modicações tanto neu-
rológicas quanto cognitivas e comportamentais. Uma vez
que a doença é diagnosticada, o tratamento farmacológico
é iniciado na tentativa de melhorar seus sinais e sintomas.
Atualmente, o tratamento farmacológico padrão tem sido
a prescrição de drogas inibidoras da acetilcolinesterase que
atuam diminuindo o processo de envelhecimento celular,
retardando, assim, a evolução da doença10.
Além do tratamento farmacológico, é recomendado tam-
bém que o idoso receba tratamentos não farmacológicos,
uma vez que a DA é difícil de manejar apenas com o uso de
medicação11. A estimulação constante do idoso com DA com
atividades físicas e mentais, participação em atividades sociais
com outras pessoas, exercícios de memória e mesmo afaze-
res domésticos são estratégias relevantes na melhora de sua
QV10. Uma vez que a DA acarreta alterações de humor, dicul-
dade no desempenho das atividades de vida diária (AVDs),
perda de autonomia e independência, distúrbios compor-
tamentais e sobrecarga ao cuidador, técnicas voltadas para
minimizar essas alterações tornam-se necessárias para uma
boa QV tanto do idoso quanto de sua família e cuidadores.
Este trabalho tem como objetivo expor os tratamentos
não farmacológicos mais utilizados para melhorar a QV do ido-
so com DA por meio de uma revisão sistemática da literatura.
MÉTODOS
Foi realizada uma revisão sistemática nas bases PubMed, Li-
lacs, Scopus, SciELO e Portal Capes referente aos últimos dez
anos, 2006 a 2016. A busca foi realizada na primeira e segun-
da semana de janeiro de 2016 com duas combinações de
descritores: (1) predictors AND quality of life AND elderly AND
Alzheimer’s disease e (2) non-pharmacological treatment AND
quality of life AND Alzheimer’s disease. Ao todo, foram encon-
trados 240 trabalhos.
Os critérios de inclusão nesta revisão foram: 1) tratar-se
de artigos empíricos revisados por pares; 2) estar escrito nos
idiomas português ou inglês; 3) tratar-se de trabalhos que te-
nham usado intervenções para a melhora da QV e 4) mensu-
rar diretamente a QV por meio de instrumentos especícos.
Os critérios de exclusão foram: 1) tratar-se de artigos em-
píricos revisados por pares; 2) trabalhos escritos em outras
línguas que não o português e inglês; 3) artigos teóricos rela-
cionados ao tema; 4) artigos não disponíveis gratuitamente;
5) outros tipos de trabalho como resenhas e revisões e 6) es-
tudos que não utilizaram instrumentos especícos para ava-
liação da QV.
Levando-se em consideração os critérios de inclusão e ex-
clusão, dos 240 artigos encontrados, apenas quatro trabalhos
foram selecionados para esta revisão, conforme a Figura 1.
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J Bras Psiq uiatr. 2016;65(4):334-9.
Carvalho PDP et al.
Figura 1. Fluxograma demonstrando o número de artigos por base de dados, total de artigos, número de artigos excluídos e
número de artigos selecionados.
Capes
60 estud os
SciELO
2 estudos
Total de estud os
240
Estudos excluídos
236
Estu dos
selecionados
4 artigos
Outros ti pos de trabalho que nã o artigos – 15
Temas não relacio nados – 198
Outras lí nguas – 12
Artigo s teóricos – 6
Não disponí veis – 3
Sem medida direta de Qualidade de Vida – 2
Web of Science
11 e stu dos
PubMed
73 estudo s
Lilacs
39 estud os
Scopus
55 estu dos
RESU LTAD OS
Tratamentos não farmacológicos da doença de
Alzheimer
Na Tabela 1 estão listados os artigos selecionados e seus res-
pectivos dados mostrando quais os tratamentos não farma-
cológicos utilizados para melhorar a QV na DA descritos na
literatura nos últimos dez anos.
Os dados dos estudos mostram que: 1) todos os tra-
balhos foram realizados com idosos em estágio leve da
DA; 2) Apenas um estudo foi realizado em instituição de
longa permanência12; 3) Nos quatro estudos, os idosos
possuíam escolaridade média a alta (6 anos a 14 anos de
escolaridade).
A respeito dos instrumentos, todos utilizaram o Mini-
-Exame do Estado Mental (MEEM) para avaliação das funções
cognitivas e instrumentos para avaliação de sintomas depres-
sivos (Escala de Depressão Geriátrica – GDS; Minimum data
set depression rating scale; Patient health questionnaire – PHQ-9);
e todos utilizaram também escalas de avaliação direta de QV
(Escala Autorreferida de Qualidade Vida – SRQoL; Cornell-
-Brown QOL; Short Form-8 – SF-8 e Quality of life-Alzheimer’s
disease – QOL-AD). Além disso, dois dos estudos11,13 utilizaram
escalas de avaliação de Atividades de Vida Diária (AVDs).
Tabela 1. Estudos mostrando os tratamentos não farmacológicos descritos na literatura nos últimos dez anos
Estudo Autor Participantes Objetivos Instrumentos utilizados Principais resultados Conclusões
1Azcur ra DJLS 135 idosos com doença
de Alzheimer leve
institucionalizados
Investiga r se um programa
especíco de reminiscência
está ass ociado com níveis
mais altos de qualidade
de vida em residentes
com doença de Alzheimer
em instit uições de longa
permanência
Avaliação da qualidade de
vida: Esc ala Autorreferid a de
Qualidade de Vida (SRQoL)
Melhora signicativa da
qualidade de vida no grupo
que recebe u a terapia de
reminiscência, com aumento
da média na SRQ oL, tanto 12
semanas quanto seis meses
após a intervenção
A terapia de reminiscência
usando uma a bordagem da
história de vida de idosos
com doença de Alzheimer
parece ser u ma opção
terapêutica conável e
ecaz para pacientes com
doença de Alzheimer, com
efeitos promissores sobre a
qualidade de vida
2Buettner LL
et al.
77 idosos com doença de
Alzheimer leve residentes na
comunidade
Apresent ar o impacto de dois
programas de estimulação
cognitiva sobre apatia,
depressão, função executiva,
cognição e qualidade
de vida em um gr upo
de participantes quatro
semanas após a intervenção
Avaliação da Qualidade de
Vida: Cornell-Brown QOL
Aumento signicativo da
qualidade de vida no grupo
tratamento (que passou
pela intervenção focada
na cogniçã o) em relação
ao grupo controle (que
participou de um programa
psicoeducacional sobre saúde
do cérebro)
O programa de atividades
mentalmente estimulante
mostrou-se capaz de
melhorar a qualidade de vida
de idosos com doença de
Alzheimer em estágio inicial
Continua
337
REVISÃO DE LITERATURA
J Bras Psiq uiatr. 2016;65(4):334-9.
Tratamentos não farmacológicos
Estudo Autor Participantes Objetivos Instrumentos utilizados Principais resultados Conclusões
3Viola LF et al. 41 idosos co m DA leve Avaliar os efe itos de um
programa de reabilitação
multidisciplinar sobre a
cognição, qualidade de vida e
sintomas neuropsiquiátricos
em paciente s com doença de
Alzheimer leve
Avaliação da qualidade de
vida: Escala de Qualidade de
Vida na Doen ça de Alzheimer
(EQV-DA)
O grupo experimental que
recebeu o pr ograma de
reabilitação multidisciplinar
obteve aumento signicativo
da qualidade de vida,
indicando melhora desta em
relação ao grupo controle
que não recebeu intervenção
O programa multidisciplinar
de estimu lação mostrou se r
benéco para pacientes com
doença de Alzheimer leve,
melhorando, entre outros,
a qualidade de vida desses
idosos
4Hattori H e t al. 39 idosos com DA le ve Administr ar e avaliar a
efetividade da arteterapia
no tratamento da demência
de paciente s com doença de
Alzheimer
Avaliação da Qualidade de
Vida: Shor t Form 8 (SF-8)
Melhora signicativa da
qualidade no grupo que
participou das atividades
de colorir e d esenhar em
comparação ao grupo
controle cuja atividade era
fazer cálculos
A arteterapia mostrou-se
efetiva e m melhorar a
qualidade de vida de idosos
com doença de Alzheimer
leve
DISCUSSÃO
A DA é uma condição neurodegenerativa progressiva que
compromete a autonomia, a independência, as AVDs e, con-
sequentemente, a QV de idosos que são acometidos por ela.
Nesse sentido, além do clássico tratamento farmacológico,
estratégias não farmacológicas de tratamento devem tam-
bém ser utilizadas com os medicamentos na tentativa tanto
de diminuir a utilização e/ou dose destes e, consequente-
mente, seus efeitos colaterais, como também de aumentar
a QV dos pacientes com DA, uma vez que tais estratégias
melhoram os sintomas comportamentais e psicológicos
da demência (BPSDs do inglês Behavioral and Psychological
Symptoms of Dementia). Este trabalho teve como objetivo ex-
por os tratamentos não farmacológicos mais utilizados para
melhorar a QV do idoso com DA descritos na literatura nos
últimos dez anos. Nos trabalhos selecionados para essa revi-
são, a reabilitação tanto cognitiva quanto multidisciplinar foi
o tratamento mais utilizado, aparecendo em três dos quatro
estudos selecionados12-14. A arteterapia apareceu em apenas
um estudo como intervenção principal a ser investigada11,
porém ela também foi utilizada no estudo de Viola et al.14
como parte da reabilitação multidisciplinar empregada. Em
ambos os estudos, foi uma técnica que resultou em efeitos
positivos sobre a QV11,14.
No estudo 115, empregou-se um programa de reminis-
cência em residentes de uma Instituição de Longa Perma-
nência (ILP) com DA leve. Os idosos foram separados em três
grupos: Grupo Intervenção, que recebeu a terapia de remi-
niscência em pares por meio de fotos, vídeos, recortes de
jornais e era incentivado pelos coordenadores do grupo a
compartilhar suas memórias com seus pares; Grupo Controle
Ativo, que recebeu aconselhamentos e contatos sociais in-
formais estruturados; e Grupo Controle Passivo, que recebeu
contatos sociais não estruturados. As sessões, em todos os
grupos, ocorreram duas vezes na semana por doze semanas.
A avaliação da QV dos participantes foi mensurada antes,
doze semanas e seis meses após a intervenção. O instrumen-
to de avaliação da QV foi a Escala Autorreferida de Qualidade
de Vida (SRQOL). Os resultados mostraram que houve dife-
rença signicativa entre os três grupos, e no Grupo Interven-
ção a QV aumentou tanto nos doze quanto nos seis meses
após o tratamento com a técnica de reminiscência.
O estudo 212 teve como objetivo apresentar o impacto
de dois ensaios controlados de estimulação cognitiva so-
bre apatia, depressão, cognição, funções executivas e QV
em idosos com DA leve, com quatro semanas de interven-
ção. Foram utilizados dois grupos: Grupo MSA (Mentally Sti-
mulating Activity Program), que realizou tarefas focadas em
atenção, orientação, concentração, memória de curto prazo
e organização de pensamento; e Grupo SS (Structured Early-
-Stage Social Support Program), que recebeu psicoeducação
informativa sobre saúde do cérebro, no qual havia discus-
sões grupais e suporte emocional. As sessões ocorriam 1h/
dia, duas vezes na semana durante quatro semanas. O ins-
trumento de QV utilizado foi a escala Cornell-Brown QOL. Os
dados obtidos mostraram aumento signicativo da QV no
Grupo MSA em relação Grupo SS, após as quatro semanas
de intervenção.
O estudo 313 avaliou os efeitos de um programa de rea-
bilitação multidisciplinar sobre cognição, QV e sintomas
neuropsiquiátricos em pacientes com DA leve. Os idosos
foram separados em dois grupos: Grupo Experimental, cuja
reabilitação foi sobre atenção, memória, orientação espacial
e temporal, autoadaptação aos prejuízos cognitivos, treino
cognitivo computadorizado, terapia da linguagem, terapia
ocupacional, arteterapia, treino físico, sioterapia e estimu-
lação cognitiva com leitura e jogos lógicos; e Grupo Controle,
que recebeu apenas cuidados ambulatoriais padrão e visitas
mensais à clínica de memória. O programa ocorria 5h/dia,
duas vezes na semana, durante quatro semanas. Neste estu-
do, foi utilizada a Escala de Qualidade de Vida na Doença de
Alzheimer (QOL-AD). Os resultados mostraram que o Grupo
Experimental, que recebeu a intervenção multidisciplinar,
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Carvalho PDP et al.
obteve aumento signicativo no escore da escala de QV em
comparação ao Grupo Controle.
No estudo 416 foi avaliada a utilidade da arteterapia,
comparando-a com treino de cálculos em pacientes com
DA leve. Os grupos foram separados em arteterapia, em
que as tarefas eram colorir e desenhar; e Grupo Controle,
que realizou cálculos simples de adição e multiplicação.
A QV foi avaliada por meio do SF-8 (Short Form-8), que se
trata de um instrumento especíco para avaliação da QV.
As intervenções foram realizadas 1 vez na semana durante
12 semanas. Os resultados mostraram que houve melhora
signicativa no SF-8 no Grupo Arteterapia em relação ao
Grupo Controle.
A reabilitação cognitiva busca melhorar, de modo mais
especíco, as funções cognitivas em seu nível mais neurop-
sicológico, e consequentemente a QV do idoso, uma vez
que melhora suas condições decitárias17. Já a reabilitação
multidisciplinar e/ou neuropsicológica busca a melhora
biopsicossocial do indivíduo, atuando sobre vários aspectos
desse indivíduo, em nível cognitivo, físico, de relacionamen-
tos sociais e AVDs15. Nesse sentido, a reabilitação neuropsi-
cológica tem mostrado resultados positivos tanto sobre a
cognição quanto na QV de idosos com DA (De Vreese et al.16
apud Ávila15).
Ressaltamos que todos os trabalhos selecionados nesta
revisão utilizaram instrumentos especícos de avaliação de
QV, embora haja muitos estudos que a avaliam fazendo infe-
rências a partir de dados obtidos com outros instrumentos.
Não foi encontrada uma ampla variedade de estudos inves-
tigando tratamentos não farmacológicos ecientes em me-
lhorar a QV de idosos com DA, e uma justicativa plausível
para o baixo número de artigos incluídos nesta revisão é que
a maioria dos estudos encontrados (nesta e em outras revi-
sões realizadas pela pesquisadora), investigando o papel de
intervenções não farmacológicas sobre a QV, foram estudos
que não mensuraram diretamente essa variável, fazendo-o
por meio de instrumentos como o MEEM, as Escalas de Ava-
liação de Sintomas Depressivos e de AVDs, entre outros.
Uma vez que a QV é composta por fatores de naturezas
psicológica, biológica e socioestrutural, como longevidade,
saúde biológica, saúde mental, satisfação com a vida, con-
trole cognitivo, competência social, produtividade, ecácia
cognitiva, status social, renda, continuidade de papéis fami-
liares e das relações com amigos3, as intervenções multidis-
ciplinares parecem ser as mais adequadas quando se trata
de DA. Uma vez que não há cura nem modos de regredir a
doen ça, a melhora do paciente é realizada por meio da me-
dicação, da reabilitação cognitiva e da informação sobre a
doença, bem como o suporte dado por familiares e cuidado-
res15. Nesse sentido, os familiares sempre devem ser esclare-
cidos e encorajados a possibilitar o tratamento multidiscipli-
nar do idoso com DA, que oferece benefícios e melhoras no
estado geral do paciente.
Embora haja divergências sobre a efetividade de trata-
mentos não farmacológicos na DA, acredita-se que o tra-
tamento mais adequado para a melhora dos sintomas da
doença seja a combinação da medicação com estratégias
não medicamentosas, visto que há grande variedade de sin-
tomas psicológicos, comportamentais e cognitivos que não
respondem às medicações comumente utilizadas.
CONCLUSÃO
A complexidade dos sintomas na DA faz tornarem-se ne-
cessários tratamentos alternativos aos medicamentosos,
visto que os sintomas comportamentais e psicológicos da
demência tornam-se difíceis de manejar apenas com farma-
coterapia.
Os tratamentos não farmacológicos mais utilizados nos
últimos dez anos para a melhora da QV de idosos com DA,
de acordo com esta revisão, foram a reabilitação cognitiva/
neuropsicológica.
CONTRIBUIÇÕES INDIVIDUAIS
Paula Danielle Palheta Carvalho – Realização da revisão
sistemática e escrita do manuscrito.
Celina Maria Colino Magalhães e Janari da Silva Pe-
droso – Revisão do manuscrito, contribuições teóricas, su-
gestões de melhoramento e aprovação da versão nal.
CONFLITOS DE INTERESSE
Os autores declaram não haver conitos de interesse.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos uns aos outros por todos o empenho na escri-
ta e revisão deste manuscrito, bem como a Capes pelo nan-
ciamento do trabalho.
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2010;18:220-6.
... complementar de atividades de lazer, prática de atividade física, boa alimentação, organização da vida diária da família, acolhimento e apoio familiar, tratamentos paliativos e demais terapias, bem como a reabilitação cognitiva.A esse respeito, estudo realizado com o objetivo de expor os tratamentos não farmacológicos mais utilizados para melhorar a QV do idoso com DA, por meio de uma revisão sistemática da literatura, demonstrou que o tratamento farmacológico é importante(Carvalho, Magalhães, & Pedroso, 2016). Em contrapartida, além do tratamento medicamentoso, existem estratégias não farmacológicas de tratamento, que devem ser utilizadas para melhorar os sintomas comportamentais e psicológicos relacionados à demência, por meio de práticas de exercícios físicos, jogos interativos de memória, laser, boa alimentação, entre outros(Carvalho et al., 2016).Em suma, o tratamento não farmacológico da DA objetiva estimular e/ou manter a capacidade mental, fortalecer as relações sociais, de segurança e aumentar a autonomia da pessoa idosa, estimulando sua identidade, minimizando o estresse. ...
... complementar de atividades de lazer, prática de atividade física, boa alimentação, organização da vida diária da família, acolhimento e apoio familiar, tratamentos paliativos e demais terapias, bem como a reabilitação cognitiva.A esse respeito, estudo realizado com o objetivo de expor os tratamentos não farmacológicos mais utilizados para melhorar a QV do idoso com DA, por meio de uma revisão sistemática da literatura, demonstrou que o tratamento farmacológico é importante(Carvalho, Magalhães, & Pedroso, 2016). Em contrapartida, além do tratamento medicamentoso, existem estratégias não farmacológicas de tratamento, que devem ser utilizadas para melhorar os sintomas comportamentais e psicológicos relacionados à demência, por meio de práticas de exercícios físicos, jogos interativos de memória, laser, boa alimentação, entre outros(Carvalho et al., 2016).Em suma, o tratamento não farmacológico da DA objetiva estimular e/ou manter a capacidade mental, fortalecer as relações sociais, de segurança e aumentar a autonomia da pessoa idosa, estimulando sua identidade, minimizando o estresse. Dessa forma, é possível melhorar o rendimento cognitivo e funcional da pessoa idosa com DA, auxiliando na manutenção das Atividades Básicas de Vida Diária (ABVDs), por um maior tempo(Carvalho et al., 2016).Na presente pesquisa, após as oficinas de sensibilização, os acadêmicos foram unânimes em enfatizar que a doença atinge não somente a pessoa idosa, mas sobretudo o familiar/cuidador, o qual sofre com a sobrecarga emocional e física. ...
... Em contrapartida, além do tratamento medicamentoso, existem estratégias não farmacológicas de tratamento, que devem ser utilizadas para melhorar os sintomas comportamentais e psicológicos relacionados à demência, por meio de práticas de exercícios físicos, jogos interativos de memória, laser, boa alimentação, entre outros(Carvalho et al., 2016).Em suma, o tratamento não farmacológico da DA objetiva estimular e/ou manter a capacidade mental, fortalecer as relações sociais, de segurança e aumentar a autonomia da pessoa idosa, estimulando sua identidade, minimizando o estresse. Dessa forma, é possível melhorar o rendimento cognitivo e funcional da pessoa idosa com DA, auxiliando na manutenção das Atividades Básicas de Vida Diária (ABVDs), por um maior tempo(Carvalho et al., 2016).Na presente pesquisa, após as oficinas de sensibilização, os acadêmicos foram unânimes em enfatizar que a doença atinge não somente a pessoa idosa, mas sobretudo o familiar/cuidador, o qual sofre com a sobrecarga emocional e física. Salientam, ainda, a necessidade do cuidado ao cuidador e à família no contexto da DA.Estudo desenvolvido com cuidadores familiares de idosos com a DA, na região Norte do município de Montes Claros, Minas Gerais, salientou o desgaste físico e emocional ao qual estão expostos os familiares/cuidadores. ...
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RESUMO: Este artigo tem o objetivo de descrever as contribuições de oficinas de sensibilização para o conhecimento dos acadêmicos dos cursos da área da saúde acerca da doença de Alzheimer na pessoa idosa/família. Realizou-se uma entrevista semiestruturada, antes e após oficinas de sensibilização com doze acadêmicos dos cursos da saúde de uma Universidade do Rio Grande do Sul. Houve achados sobre a percepção dos acadêmicos acerca da doença de Alzheimer, fatores de risco, diagnóstico e tratamento para essa doença e sobre a percepção da família no contexto da doença.
... A razão mais comum para a falta de adesão ao tratamento farmacológico é o esquecimento por parte do portador. Outras razões incluem: outras prioridades, decisão de omitir doses, falta de informações e fatores emocionais (CARVALHO et al, 2016). ...
... Outras ferramentas terapêuticas não medicamentosas foram observadas nos estudos, como a pintura, a Estimulação Multissensorial -EMS, a Estimulação Cognitiva -EC e a prática de Exercícios Físicos com Música -EFM. De fato, considerando a extensão da sintomatologia da DA e sua complexidade, as estratégias de tratamento mais adequadas parecem ser aquelas que preconizam o equilíbrio entre as intervenções medicamentosas e as não medicamentosas (Carvalho, Magalhães & Pedroso, 2016). ...
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Objetivo: Investigar os benefícios cognitivos das Intervenções Baseadas em Música - IBM para idosos portadores de Doença de Alzheimer - DA a partir de uma Revisão Sistemática. Método: Coletaram-se publicações da Biblioteca Virtual de Saúde e PubMed a partir da questão norteadora: "IBM impactam positivamente na disfunção cognitiva de idosos com DA em comparação com outros tratamentos não-farmacológicos?". Consideraram-se os seguintes critérios de elegibilidade: acesso gratuito e integral nas bases de dados; publicação entre 01/01/2011 e 31/12/2021; idioma Inglês, Espanhol ou Português; seleção exclusiva de Ensaios Clínicos; score acima de 80% na escala Downs e Black (1998). Por fim, as duplicatas foram descartadas. A seleção final contou com 6 artigos, dos quais foram extraídos os seguintes dados: objetivos pretendidos; IBM utilizadas; principais resultados alcançados; autoria e recorte amostral das publicações; duração das intervenções; instrumentos de avaliação da disfunção cognitiva; score da escala Downs e Black (1998). Resultados: 50% dos estudos elencaram como objetivo primário a realização de alguma modalidade de avaliação do estado cognitivo de seus participantes. Por sua vez, a Memória e a Atenção foram as Funções Cognitivas priorizadas nas coletas de dados e análises empregadas pelos pesquisadores, com resultados positivos para a utilização das IBM. Conclusão: As IBM promovem benefícios significativos para os idosos portadores de DA, tanto em termos cognitivos como de forma ampliada, contribuindo para a produção de tratamentos com foco no bem-estar e qualidade de vida.
... É fundamental, que os profissionais que atendem a população idosa, estejam capacitados para diagnosticar e monitorar a evolução dos sintomas desses pacientes. A conduta terapêutica pode ser medicamentosa ou não e deve buscar a redução de danos e melhorar a QV (Carvalho et al., 2016) e neste contexto temos a Terapia Assistida por Animais (TAA) como uma alternativa para o tratamento de pessoas de diferentes faixas etárias e com as mais variadas patologias. ...
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Objetivo: descrever os achados de publicações, abordando os aspectos relacionados a mudanças na qualidade de vida (QV) de idosos com síndrome demencial que participaram da Terapia Assistida Por Animais (TAA) aplicada por profissionais de saúde. Método: revisão integrativa da literatura na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) de publicações indexadas publicadas entre 2015 e 2020. A busca foi realizada no período de julho a agosto de 2020 utilizando os descritores ‘idoso’, ‘demência’, ‘terapia assistida por animais’ e ‘qualidade de vida’ com o operador booleano AND. Foram encontrados 15 artigos, dos quais seis compuseram a amostra final, após avaliação dos critérios de inclusão e exclusão. A análise dos artigos foi baseada na análise de conteúdo de Bardin. Resultados: Cinco artigos selecionados mostram experiências europeias do uso da TAA e um é uma revisão de literatura conduzida por grupo italiano. Após a análise de conteúdo, as unidades de registro foram agrupadas em cinco categorias baseadas nos domínios físico, psicológico, emocional e social da QV. As categorias são: TAA melhora aspectos sociais, TAA melhora aspectos psicológicos/mentais, TAA melhora aspectos emocionais, TAA melhora aspectos físicos, e TAA não impacta ou impacta negativamente na QV. Conclusão: A TAA melhorou a qualidade de vida de idosos com demência, principalmente a interação social e pode ser pensada como uma terapia alternativa terapêutica para esta população.
... (6,12) Essas alterações de comportamento são prejudiciais ao convívio social e também a segurança pessoal, trazendo risco de quedas e lesões. (13) Ao lidar com o idoso com DA no domicilio ou na ILPI deve-se procurar alternativas não farmacológicas para reduzir essas alterações comportamentais características da DA. (14) A ação benéfica do exercício físico, como um tratamento não farmacológico para a DA, tem sido demonstrada em pesquisas incluindo a redução nos distúrbios de comportamento e melhora da função motora. (15) Em idosos, cognitivamente preservados, os benefícios do exercício físico estão bem descritos e comprovados, mas pouco se sabe sobre os efeitos em idosos com DA. (16) No cuidado diário é comum a percepção de que nos dias em que os idosos com DA praticam algum exercício físi- doenças e incapacidades. ...
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Objetivo: Comparar o impacto do exercício físico no comportamento de idosas com Alzheimer em uma Instituição de longa permanecia para idosos. Método: Ensaio clínico não randomizado, com nove idosas com Doença de Alzheimer, residentes em uma instituição de longa permanência. Que foram submetidas diariamente, por quatro semanas, à aplicação de dois questionários, um para estabelecer o perfil individual de cada moradora, e outro para análise dos comportamentos característicos da doença. Resultados: Observa-se que nove dentre os medicamentos consumidos possuíam características para modulação comportamental (55,56% Quetiapina; 22,22% Depakote e/ou Exelon Patch; 11,11% de Donaren, Donepezila, Donila Duo, Escitalopran, Exodus e/ou Sertralina); após quatro semanas, 44,44% (n=4) das moradoras apresentaram diminuição das alterações comportamentais, para os períodos com exercício físico (p<0,05); as médias de alterações comportamentais da amostra total, foram de 0,76±0,38 e 1,60±0,70 para os períodos com e sem exercício físico, respectivamente (p<0,05); e comportamentos como “agressividade direcionada a equipe”, “irritabilidade” e “outras alterações”, apresentaram Δ de variação de 0,80; 2,04; e 1,21; respectivamente (p<0,05). Conclusão: A inclusão de exercícios físicos de maneira regular, em uma Instituição de longa permanecia para idosos, é capaz de reduzir alterações comportamentais à curto prazo em idosas com Doença de Alzheimer institucionalizadas.Descritores: Doença de Alzheimer; Instituição de Longa Permanência para Idosos; Exercício.
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Alzheimer’s disease (AD) is the most common form of dementia, with a significant prevalence over the age of 60. The progressive degeneration of brain tissue and memory loss are challenges to finding drugs efficiently. Curcuma longa (turmeric) has shown encouraging results in both rhizome extracts and essential oils for the presence of curcuminoids and turmerone, respectively, which showed in several studies efficient actions such as acetylcholinesterase inhibition, anti-inflammatory processes, suppression of amyloid β activity, and improvement of brain cells. In this context, the aim of this chapter is to focus on the chemical analysis and therapeutic effects of curcuminoids, curcumin, and turmerone of turmeric plant in Alzheimer’s disease.
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Alzheimer's disease is one of the most prevalent forms of neurodegenerative dementia that mainly affects elderly individuals, manifesting itself through cognitive disorders that include gradual memory loss, communication difficulties and temporal and spatial disorientation. So far, the etiology of this disease remains uncertain, and its most challenging feature is the lack of a definitive cure, which makes treatment focused on delaying its progression and controlling symptoms. To achieve these goals, it is essential to adopt a multidisciplinary approach involving physicians, nurses, physiotherapists and dentists. The purpose of this work is to present the fundamental principles related to Alzheimer's disease, as well as its implications for oral health, offering guidance to dental professionals on how to conduct care for these patients. The dental surgeon assumes a crucial role in guiding and instructing the patient's caregivers and family members, in order to guarantee the maintenance of the oral health of these individuals. In addition, the professional must plan a treatment that prioritizes adequacy, prevention and promotion of oral health, seeking to provide greater comfort and well-being and, therefore, improving the quality of life of patients with Alzheimer's.
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Introdução: A doença de Alzheimer (DA) é uma patologia que, hoje, representa a forma mais comum de demência em idosos. A DA aparenta ser subdiagnosticada no território brasileiro, necessitando de uma melhor investigação e avaliação dos casos desde a atenção primária, até os serviços especializados. Como a DA é uma doença crônica e neurodegenerativa que leva a perda gradual da autonomia e da independência do portador, é importante ressaltar o fato de que a patologia gera um grande abalo social e econômico para as famílias envolvidas e para a sociedade como um todo. Metodologia: O presente estudo tratou-se de uma revisão de literatura. Foram pesquisados artigos pelos descritores “alzheimer’s disease”, “dementia”, “alzheimer’s treatment” e “doença de alzheimer” nas plataformas Lilacs, Scielo e Pubmed. Usou-se como filtro de seleção os anos de publicação, sendo procurados apenas artigos entre os anos de 2015 e 2020, nos idiomas português, inglês e espanhol. Além disso, utilizou-se também a pesquisa em protocolo clínico da doença de Alzheimer, do Ministério da Saúde e livro acadêmico de farmacologia Rang e Dale, 7ª edição. Conclusão: Inicialmente, a terapia farmacológica é utilizada para amenizar os sintomas e retardar alguns danos gerados pela doença. Os medicamentos são escolhidos de acordo com cada paciente, sendo pautada a instrução e apoio do paciente para entender a posologia, sua aceitação da medicação, os efeitos adversos e a necessidade individual. Entretanto, a terapia farmacológica não pode ser utilizada sozinha. Algumas terapias adicionais são utilizadas para que o tratamento seja otimizado.
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A Doença de Alzheimer (DA) é um distúrbio neurodegenerativo e principal causa de demência, pois a doença afeta inicialmente o hipocampo e progride lentamente para outras partes do cérebro, causando dano celular e morte, especificamente de neurônios, gerando danos irreversíveis e consequências para todo o funcionamento cognitivo, afetiva, intelectual e comportamental, influenciando negativamente na autonomia e independência do indivíduo. Os pacientes são submetidos a tratamentos de uso crônico, visto que não há cura para a doença de Alzheimer. O tratamento visa minimizar os sintomas da doença, possibilitando melhora parcial para prolongar a sobrevida e retardar a progressão. Dada a real importância da assistência farmacêutica dirigida ao paciente, que otimiza a resposta de uma determinada farmacoterapia, por meio da qual o farmacêutico juntamente com o paciente, realiza um plano de acompanhamento. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo salientar a importância da atenção farmacêutica tanto na farmacoterapia quanto fora da mesma. Trata-se de um estudo de revisão integrativa transversal e descritiva com abordagem qualitativa e quantitativa sobre o tema, onde foram feitas buscas nas bases de dados Scielo e BVS acerca do tema. Foram encontrados 1.199 trabalhos, no qual foi feita uma triagem para a coleta dos resultados. Foi observado que o tratamento da Doença de Alzheimer é capaz de retardar ou estagnar, temporariamente, o avanço dos sintomas visando aliviar os déficits cognitivos, as alterações de comportamento e melhorar a qualidade de vida do portador e de sua família. O tratamento da Doença de Alzheimer deve ser multidisciplinar e com o objetivo de propiciar a estabilização do comprometimento cognitivo, modificando as manifestações da doença, com um mínimo de efeitos adversos. Nesse contexto, os imunomoduladores têm maior probabilidade de se tornarem drogas capazes de influenciar o curso da DA, pois os estudos selecionados apresentaram melhor qualidade e os resultados foram promissores. Por outro lado, a toxicidade das drogas para o tratamento da DA constitui um grande obstáculo, e para contornar tal situação a presença da atenção farmacêutica se torna cada vez mais imprescindível.
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There is no consensual definition of successful aging. The adjectives healthy, active, robust, and successful aging are used, without discrimination, to tentatively explain a way of aging in a positive manner. The aim of this article is to discuss the meaning of successful aging by stressing that the subjectivity of the concept is related both to individuality and social-cultural differences. Longevity should not be the only component to assess successful aging. Aging well encompasses multiple factors, including psychological, biological, and social ones. The conclusion is that subjective well-being is the most important component to evaluate “success”. Successful aging is similar to an organizational principle, which can be achieved by setting realistic personal goals in the course of life.
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A single-blinded, parallel-groups (intervention, active and passive control groups) randomized controlled trial (RCT) was chosen to investigate whether a specific reminiscence program is associated with higher levels of quality of life in nursing home residents with dementia. The intervention used a life-story approach, while the control groups participated in casual discussions. The Social Engagement Scale (SES) and Self Reported Quality of Life Scale (SRQoL) were used as the outcome measures, which were examined at baseline (T0), 12 weeks (T1), and six months (T2) after the intervention. The final sample had 135 subjects (active control group = 45; passive control group = 45; intervention group = 45). The Wilcoxon test showed significant differences in the intervention group between T2 and T0, and between T1 and T0 in the SES, and there were significant differences between T0 and T1 (intervention effect size = 0.267) and T1 and T2 (intervention effect size = 0.450) in the SRQoL. The univariate logistic regression scores showed that predictors of change in the SRQoL were associated with fewer baseline anxiety symptoms and lower depression scores. The intervention led to significant differences between the three groups over time, showing a significant improvement in the quality of life and engagement of the residents in the intervention group.
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Assessed 13-item self- and caregiver-report measures from the Quality of Life in Alzheimer's Disease (QoL-AD) and explored the relationship of QoL to demographic characteristics, cognitive and functional status, depression, and pleasant activity level in 77 patients (mean age 78.3 yrs) with AD. Each AD S and a family caregiver completed the assessment. Internal consistency and test-retest reliability, assessed over a 1-wk interval, were adequate on both patient- and caregiver-report QoL-AD measures. Validity, as indicated by correlational analysis of QoL-AD scores and other measures that assessed cognitive and functional ability, mood, and pleasant events, was also good. High QoL-AD scores were explained by low levels of depressive symptoms, more independent functioning in Activities of Daily Living, and more years of education. (PsycINFO Database Record (c) 2012 APA, all rights reserved)
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To evaluate the effects of a multidisciplinary rehabilitation program on cognition, quality of life, and neuropsychiatry symptoms in patients with mild Alzheimer's disease. The present study was a single-blind, controlled study that was conducted at a university-based day-hospital memory facility. The study included 25 Alzheimer's patients and their caregivers and involved a 12-week stimulation and psychoeducational program. The comparison group consisted of 16 Alzheimer's patients in waiting lists for future intervention. Group sessions were provided by a multiprofessional team and included memory training, computer-assisted cognitive stimulation, expressive activities (painting, verbal expression, writing), physiotherapy, and physical training. Treatment was administered twice a week during 6.5-h gatherings. The assessment battery comprised the following tests: Mini-Mental State Examination, Short Cognitive Test, Quality of Life in Alzheimer's disease, Neuropsychiatric Inventory, and Geriatric Depression Scale. Test scores were evaluated at baseline and the end of the study by raters who were blinded to the group assignments. Measurements of global cognitive function and performance on attention tasks indicated that patients in the experimental group remained stable, whereas controls displayed mild but significant worsening. The intervention was associated with reduced depression symptoms for patients and caregivers and decreased neuropsychiatric symptoms in Alzheimer's subjects. The treatment was also beneficial for the patients' quality of life. This multimodal rehabilitation program was associated with cognitive stability and significant improvements in the quality of life for Alzheimer's patients. We also observed a significant decrease in depressive symptoms and caregiver burden. These results support the notion that structured nonpharmacological interventions can yield adjunct and clinically relevant benefits in dementia treatment.
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We studied changes in apathy among 77 community-dwelling older persons with mild memory loss in a randomized clinical trial comparing two nonpharmacological interventions over four weeks. The study used a pre-post design with randomization by site to avoid contamination and diffusion of effect. Interventions were offered twice weekly after baseline evaluations were completed. The treatment group received classroom style mentally stimulating activities (MSAs) while the control group received a structured early-stage social support (SS) group. The results showed that the MSA group had significantly lower levels of apathy (P < .001) and significantly lower symptoms of depression (P < .001). While both groups improved on quality of life, the MSA group was significantly better (P = .02) than the SS group. Executive function was not significantly different for the two groups at four weeks, but general cognition improved for the MSA group and declined slightly for the SS group which produced a significant posttest difference (P < .001). Recruitment and retention of SS group members was difficult in this project, especially in senior center locations, while this was not the case for the MSA group. The examination of the data at this four-week time point shows promising results that the MSA intervention may provide a much needed method of reducing apathy and depressive symptoms, while motivating participation and increasing quality of life.
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Tradicionalmente sempre houve mais grupos de suporte e informação para familiares e cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer (DA) do que para os próprios pacientes. Entretanto, com o aumento do número de diagnósticos de DA em sua fase inicial, esta realidade está se modificando. Cresce a demanda por tratamento tanto medicamentoso como comportamental para esses pacientes. O presente trabalho tem como objetivo descrever uma experiência de reabilitação neuropsicológica (RN) em grupo, e posteriormente individual, com a mesma paciente com DA leve. CGP participou primeiramente de dois grupos de RN com duração de quatro meses cada, e em seguida iniciou RN individual por um período de 22 meses. Na RN foram trabalhados principalmente déficits de memória, linguagem e treinos de atividades de vida diária. Neste período de tratamento, verificou-se alteração positiva de seu escore no MEEM, além de nenhuma função cognitiva ter apresentado deterioração. Este estudo de caso corroborou pesquisas anteriores que apontam efeitos positivos da RN com pacientes com DA leve.
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Resumo: Uma metodologia qualitativa, observação participante, foi utilizada para analisar as representações de envelhecimento e qualidade de vida, tal como percebidos pelos idosos. Trabalhou-se com vinte e nove idosos membros do Grupo da Terceira Idade na cidade de Viçosa Minas Gerais. Por meio de entrevista semi-estruturada, gravada e transcrita, coletou-se dados sobre seus modos de vida, estilos de vida, o que é ser idoso e seus papéis sociais, saúde, qualidade de vida e os fatores que afetam a sua autonomia. Evidenciou-se que as representações de envelhecimento e qualidade de vida ultrapassam os limites biomédicos e se revestem de significados próprios. Para os idosos qualidade de vida significa a capacidade de realizar atividades sem interferência de outras pessoas. Eles também consideram velhas as pessoas que são incapazes de desempenhar qualquer atividade física e/ou mental. Palavras-chave: Envelhecimento. Qualidade de vida. Representação do Envelhecimento. Abstract: Participant observation, a qualitative methodology, was used to analyze aging perception in an elderly group. Data of twenty-nine members from Viçosa – MG "Third Age" group was collected. The interviews were recorded and than transcripted. From those interviews data about lifestyle, elderly social role, health, definition of word "elderly" and how those factors affects elderly lives, was collected. Results of this study showed that definition of "elderly" and quality life overcome biomedical limits and it had their own meanings. Quality life for an elderly person means be able of living his/her life by himself/herself, without interference of any kind. They consider as an old person someone who cannot perform any physical and/or mental activity. Keywords: Aging. Quality Lives. Representation of Aging.
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Art therapy has been reported to have effects on mental symptoms in patients with dementia, and its usefulness is expected. We performed a controlled trial to evaluate the usefulness of art therapy compared with calculation training in patients with mild Alzheimer's disease.   Thirty-nine patients with Alzheimer's disease showing slightly decreased cognitive function allowing treatment on an outpatient basis were randomly allocated to art therapy and control (learning therapy using calculation) groups, and intervention was performed once weekly for 12weeks.   Comparison of the results of evaluation between before and after therapy in each group showed significant improvement in the Apathy Scale in the art therapy group (P=0.014) and in the Mini-Mental State Examination score (P=0.015) in the calculation drill group, but no significant differences in the other items between the two groups. Patients showing a 10% or greater improvement were compared between the two groups. Significant improvement in the quality of life (QOL) was observed in the art therapy compared with the calculation training group (P=0.038, odds ratio, 5.54). anova concerning improvement after each method revealed no significant difference in any item. These results suggested improvement in at least the vitality and the QOL of patients with mild Alzheimer's disease after art therapy compared with calculation, but no marked comprehensive differences between the two methods. In non-pharmacological therapy for dementia, studies attaching importance to the motivation and satisfaction of patients and their family members rather than the superiority of methods may be necessary in the future.