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ÁRVORES NEOTROPICAIS,
RECURSOS IMPORTANTES PARA
A NIDIFICAÇÃO DE ABELHAS SEM
FERRÃO (APIDAE, MELIPONINI)
Marilda Cortopassi-Laurino, Denise de Araujo Alves e Vera Lucia Imperatriz-Fonseca
Laboratório de Abelhas, Depto de Ecologia. IBUSP São Paulo. mclaurin@usp.br
Introdução
As abelhas em ferrão são insetos abundantes das
regiões tropicais e subtropicais e que vivem em colônias de
centenas a milhares de abelhas, dependendo da espécie.
Estas colônias são perenes e a maioria nidica em troncos
de árvores, algumas em termiteiros, no solo e outras ainda
constroem ninhos expostos ou em construções humanas
(Hubbell & Johnson 1977).
Embora exista grande
diversidade de locais para
nidicação, um levantamento
feito por Roubik (1983) no
Panamá encontrou 40 espé-
cies de Meliponini, das quais
27 nidicavam em cavidades
de árvores, 5 em ninhos
de formigas, 4 no solo e
4 construíam ninhos expos-
tos. De todas estas espécies,
9 nidificavam também em
construções humanas. Ou-
tros locais menos comuns fo-
ram relatados recentemente:
Trigona cilipes nidicando em
ninho de vespa (Rasmussem,
2004) e um caso de Frieseo-
melitta portoi nidicando no
interior de um cipó morto que
tinha comprimento de 12cm
(Kerr et al. 1967).
A ocorrência de ocos
nas árvores está relacionada
com a queda de galhos cau-
sada por ventos, raios, cipós,
idade, fogo, e ataque de
insetos como cupins, larvas
de besouros, fungos, bacté-
rias, abertura de clareiras e
poda natural de galhos mais
baixos. (Gibbons & Linden-
mayer, 1997; Nogueira &
Nelson 2003). Injúrias no
cerne das árvores podem
permitir a entrada de fungos
que por sua vez, facilitam a
entrada de cupins e outros
insetos.
A presença de árvores
com ocos é importante nos
planos de manejo das ores-
tas. Estes ocos, muitas vezes,
depreciam o valor econômico
das madeiras. Entretanto, a
presença de oco é de bom
valor econômico quando acu-
mula óleos ou bálsamos,
alguns de importância comer-
cial como o óleo de copaífera
(Copaifera reticulata e Cassia
multijuga), copaíba-jacaré
(Eperua oleifera) e inamui
(Ocotea barcelllensis) segun-
do Rodrigues & Valle (1964).
A ocorrência de ocos e
também o seu formato afetam
diretamente a estimativa do
volume de madeira da oresta
e o da emissão de gases de
efeito estufa de determinada
região (Nogueira et al., 2006).
Troncos ocos têm ainda gran-
de valor regional, especial-
mente entre o elemento indí-
gena na confecção de canoas
e instrumentos de percussão
e comunicação (Rodrigues &
Valle 1964).
Recentemente, a pre-
sença de ocos nas árvores
tem sido considerada um
fator de manutenção da bio-
diversidade, visto que muitos
animais como aves e pe-
quenos mamíferos, utilizam
estes espaços como abrigo
ou para nidicação (Harper et
al., 2005), e como regra geral
é sugerido que pelo menos
30 ocos por hectare são ne-
cessários para suportar um
rica fauna, embora este valor
possa variar com tipo de am-
biente e número de espécies
selvagens.
Relacionado com as
espécies disponíveis em o-
resta seca tropical da Costa
Rica (Guanacaste), Hubbell
& Johnson (1977), vericaram
que as abelhas ocupavam só
25 das 74 cavidades em árvo-
res ou seja, 34%. Na região
de caatinga, Castro (2001)
observou que os meliponí-
neos utilizaram 10 espécies
arbóreas e arbustivas, que
corresponderam a 32.3% das
espécies vegetais disponíveis
com ocos (n=31).
Acredita-se que cada
espécie de abelha necessite
de um diâmetro mínimo de
para a construção do favo,
o que não acontece para o
diâmetro máximo. Hubbel &
Johnson (1977), encontraram
25cm para N. testaceicornis,
33cm para T. pectoralis, T. fus-
cipennis e T.dorsalis e 46cm
para T.capitata. Darchen
(1972) relatou que colônias
são raramente encontradas
em árvores com diâmetro
menor que 10cm nas sava-
nas da Costa do Marm, o
mesmo valor que Martins et
al. (2003), encontraram como
diâmetro mínimo ocupado
por abelhas na região de
caatinga.
Com o objetivo de cata-
logar as espécies de árvores
com ocos que algumas espé-
cies de abelhas sem ferrão
usam como local de nidica-
ção, foi realizado um levan-
ARTIGO
22
tamento bibliográco destas
informações, acrescentado
de observações pessoais
feitas em várias regiões do
Brasil. A tendência de maior
uso de algumas espécies
botânicas para ninhos de me-
liponíneos foi avaliada, assim
como algumas características
como diâmetro, altura do
ninho, ninhos compartilhados
e volume dos ocos utilizados
por algumas espécies.
Material e Métodos
Foi realizada uma revi-
são bibliográca onde foram
encontradas informações
sobre vinte espécies de abe-
lhas sem ferrão e respectivas
espécies de árvore que usa-
vam para construir seu ninho,
assim como o ecossistema
onde se encontravam, tota-
lizando 716 informações. As
árvores foram identicadas
através das ores, do nome
popular e visualmente por
meio de catálogos de identi-
cação como os de Lorenzi,
(1992;1998) e Proença et al.,
(2006). Destas espécies bo-
tânicas, quando possível, foi
anotado se eram exemplares
vivos ou mortos. O diâmetro
das árvores e a altura da en-
trada do ninho foram medidos
assim como o volume do
oco por ocasião de algumas
transferências de abelhas do
gênero Melipona.
Resultados
As árvores identica-
das usadas por meliponíneos
para nidicação (n=716) em
ocos estão associadas com
56 famílias botânicas, onde
predominaram as Fabaceae,
Anacardiaceae, Bignoniace-
ae, Moraceae, Vockysiaceae
e Burseraceae (Fig.1). Os
gêneros botânicos (n=71)
mais freqüentes foram Tabe-
buia, Caesalpinia, Salvertia,
Commiphora e Ficus (Fig.2).
Na literatura, assim como
nas nossas observações, as
espécies de árvores vivas
predominaram sobre as de
árvores mortas.
Das espécies de abe-
lhas que nidicam em ocos
foram catalogados 20 gêne-
ros tendo sido as Melipona,
Tetragonisca, Trigona, Scap-
totrigona, Frieseomelitta,
Nannotrigona e Tetragona as
mais freqüentes (Fig.3)
Quando tratamos das
árvores com maior freqüência
de ninhos das abelhas as fa-
mílias Fabaceae e Anacardia-
ceae são comuns para todas
citadas na Fig.3, enquanto as
Bignoniaceae, Burseraceae e
Moraceae pertencem ao gru-
po das mais usadas (Tab.1).
Os volumes dos ocos
com ninhos (n=12) de algu-
mas espécies de Melipona da
região Amazônica estão iden-
ticados na Tab. 2. O valores
variaram de 7.3-19.1L, sendo
os maiores para M. grandis e
M.fuliginosa. A espessura da
parede dos troncos variou
entre 3-15cm e a do batume
entre 1.0-28cm.
Os ninhos da abelha
irapuá (T.spinipes n=17) são
aéreos construídos em for-
quilhas de árvores; foram
localizados na altura média
de 7.4m (3-15m) e principal-
mente em Chorisia speciosa
(Bombacaceae) em áreas
urbanas. (Tab.3). A maioria
destas espécies apresenta
caducifolia.
A altura da entrada do
ninho e o diâmetro da res-
pectiva árvore indicam que
eles variam desde 0.5-3.0m e
de 24-61m respectivamente.
(Tab.3)
Em várias árvores com
oco, ocorre o compartilha-
mento de espécies iguais ou
diferentes (Tab. 5).
Discussão
Disponibilidade de ocos
A presença de ocos,
Fig. 1 Famílias botânicas mais observadas com ninhos de Meliponini no oco das árvores
Fig. 2 Gêneros botânicos mais observados com ninhos de Meliponini no oco das árvores
Fig. 3 Gêneros de abelhas Meliponini mais amostrados nidicando em ocos de árvores
em muitos casos, parece ser
uma característica dos gêne-
ros ou mesmo das espécies
de árvores, como regra em
todos os seus representan-
tes. Em outros casos, o oco
aparece ocasionalmente, ou
muito raramente. Em terri-
tório brasileiro, o interesse
pelo mercado de madeiras
tropicais proporcionou maior
número de pesquisas nas
23
árvores da oresta Amazôni-
ca fornecendo dados sobre
espécies com ocos, localiza-
ção e respectivos volumes.
Assim, as orestas de igapós
com solo arenoso e orestas
de terra rme, apresentaram
ambas porcentagens entre
10-38% de árvores ocadas,
e com ocos localizados com
mais freqüência na sua base
(Rodrigues & Valle, 1964; Bro-
wn et al., 1995; Apolinário &
Martius, 2004; Nogueira et al.,
2006). Nesta região, as famí-
lias que apresentaram maior
porcentagem de ocos são as
Lecythidaceae, Mimosaceae,
Celastraceae, Combretaceae
e Papilionaceae (Apolinário &
Martius, 2004).
Famílias e gêneros
botânicos mais
utilizados
O resultado geral de
vários levantamentos e ob-
servações esparsas organi-
zado na Fig.1 demonstram
que as famílias Fabaceae e
Anacardiaceae são as mais
observadas com Meliponini
nidificando nos seus ocos.
Este resultado pode ser con-
seqüência de maior disponi-
bilidade destas árvores, da
maior incidência de ocos e
ainda de preferência por par-
te das espécies de abelhas.
Entretanto, quando o foco é
pontual, por bioma, ocorrem
alterações e certa restrição
arbórea.
Em remanescentes de
Mata Atlântica, um levanta-
mento especíco feito por Ba-
Tab. 1. Famílias botânicas mais amostradas como local de nidicação pelos diferentes gêneros
de Meliponini, em ordem decrescente de ninhos encontrados
Abelhas (n) Famílias botânicas mais utilizadas como local de nidicação
Melipona (176) Fabaceae Bignoniaceae Anacardiaceae Burseraceae Lauraceae
Tetragonisca(107) Fabaceae Bignoniaceae Anacardiaceae Moraceae Boraginaceae
Trigona (98) Fabaceae Bombacaceae Anacardiaceae Moraceae Burseraceae
Tetragona(82) Fabaceae Anacardiaceae Moraceae Bignoniaceae Lauraceae
Frieseomelitta(58) Fabaceae Anacardiaceae Burseraceae Caryocaceae Vockysiaceae
Tab. 2 Árvores que contém ninhos de Trigona spinipes na natureza
Árvore família altura Direção(º)
Chorisia speciosa Bombacaceae 8m 30
Morus nigra Moraceae 4m 60
Piptadenia gonoacantha Fabaceae 5m 250
Chorisia speciosa Bombacaceae 6m 110
Chorisia speciosa Bombacaceae 4m 250
Chorisia speciosa Bombacaceae 10m 220
Tabebuia Boraginaceae 8m 0
Pinus Pinnaceae 9m 300
Chorisia speciosa Bombacaceae 5m 120
Chamaecyparis Cupressaceae 15 160
Chorisia speciosa Bombacaceae 7m 150
Eucalyptus sp Myrtaceae 3m 300
Ficus sp Moraceae 4m
Jacaranda mimosifolia Fabaceae 6m 290
Tipuana tipu Fabaceae 6m
Dillenia indica Dilleniaceae 7m
Erythrina sp Fabaceae 4m
Tab. 3 Altura da entrada do ninho e diâmetro de árvore onde nidicam alguns Meliponini
Abelha Altura da entrada (m) Diâmetro da árvore (cm) n
Frieseomelitta silvestrii - 11 1
Frieseomelitta varia - 18.3 6
Leurotrigona sp 2.0 40 1
Melipona quadrifasciata 2.5 (2.3-2.8) 30 2
Melipona ruventris - 18 1
Nannotrigona testacei-
cornis 1.3 (0.5-1.6) 47 (24-60) 9
Oxytrigona tataira 2.3 (1.5-3.0) 34 2
Plebeia droryana 1.3 (0.5-2.0) 30 (27-34) 2
Plebeia remota 0.9 - 1
Scaptotrigona postica 4.0 47 4
Tetragonisca angustula 1.0 (0.2-1.9) 51(24-96) 25
Tetragona clavipes 1.7 (0.3-3.0) 51 (27-75) 4
Trigona hyalinata 4.5 130 3
24
tista, 2003 encontrou que as
árvores mais representadas
com ninhos de abelhas eram
as Anacardiaceae (Tapirira
guianensis) e Myrsinaceae
(Cybianthus sp.). T. guianen-
sis é árvore de madeira leve
(0.51g/cm³) de baixa resistên-
cia ao ataque de organismos
xilófagos (Lorenzi 1992).
Numa região de sava-
na arbórea e bosque úmido
amazônico ao norte de La
Paz, Copa-Alvaro (2004)
encontrou 85 dos 100 ninhos
recenseados de T.angustula
em árvores de Astro nium
urundeuva , também da fa-
mília Anacardiaceae.
Em área de cerrado,
Antonini & Martins (2003)
encontraram 46 ninhos de
Melipona quadrifasciata em
48 espécimes de Caryocar
brasiliensis (Caryocaraceae),
sugerindo uma seleção ativa
das árvores. Entretanto, se-
gundo Ratter et al. (2003),
esta espécie ocorre em 50%
das 376 áreas de cerrado
avaliadas, o que demonstra a
sua ampla dispersão e conse-
qüentemente, uma possível
grande oferta de ocos para
animais.
Em região de caatinga,
Martins et al. (2004) obser-
varam nítida predominância
de M.subnitida em troncos
de Commiphora leptophloe-
os (50.0%; n=130) e de M.
asilvai em troncos de C.
pyramidalis (92.3%; n=39).
Sobre os gêneros mais
citados como locais de nidi-
cação, como observados na
Fig.2, Tabebuia é gênero que
apresenta grande gama na
densidade das suas madei-
ras, desde muito leve (0.39g/
cm³) até pesada (1.08g/cm³),
sendo as mais leves as de
baixa durabilidade sob con-
dições naturais. São árvores
pioneiras. As Caesalpinia
apresentam madeiras pe-
sadas e moderadamente
Tab. 4 Volume de ocos de árvores da região Amazônica de onde foram transferidas
espécies de Melipona sp
Abelha litros espessura batume
M.fuscopilosa 14.25 4.0-5.0 8.0-13.0
M. fuliginosa 13.48 9.0-10
M. fuliginosa 19.14 11.0-15
M. crinita 15.25 10
Melipona sp 8.31 5 1.0-3.0
Melipona sp 7.26 5 8-15.0
M. avolineata 10.46 3.0-5.0 7.0-8.0
M.fuscopilosa 16.34 cortada
M.fuscopilosa 6.30
M. grandis 13.90 8 3
M. fuliginosa 17.45 6-8.0 18-28.0
M. fuliginosa 15.78 5-12.0
pesadas com média e longa
durabilidade natural. Sal-
vertia são moderadamente
pesadas, mas com baixa du-
rabilidade quando expostas
às intempéries. Commiphora
leptophloeos é espécie de
densidade leve (0.43g/cm³) e
suscetível ao apodrecimento
e os Ficus são moderada-
mente pesados, mas pouco
resistes e de baixa durabili-
dade natural (Lorenzi, 1998).
Portanto, a baixa durabilida-
de, ou densidade de muitos
destes gêneros poderiam
favorecer o aparecimento de
ocos pelo ataque de larvas
de besouros e cupins, além
de outros fatores.
Presença de ocos em
árvores vivas e mortas
Árvores mortas apre-
sentam maior freqüência
de ocos, e árvores maiores
(>80cm) têm 55% de chance
de serem ocadas, o que as
torna preferidas por deter-
minadas espécies de aves
e mamíferos (Harper et al.
2005). Algumas espécies de
meliponíneos, como Friesella
e Frieseomelitta também
foram encontradas com fre-
qüência em ocos de árvores
mortas como mourões de
cerca, fato que pode estar
associado com a organização
em forma de cachos das célu-
las de cria e ou a capacidade
de não ser afetada com as
utuações diárias e sazonais
da temperatura e umidade.
Na literatura, outras espé-
cies também usam ocos de
árvores mortas: Copa-Alvaro
(2004) citou 42% dos ninhos
de T. angustula em troncos
caídos ou mortos ao norte de
La Paz e Vergara et al.(1986)
encontrou duas espécies
(6%) nidicando sempre em
árvores mortas. Por outro
lado, árvores vivas acumulam
maior quantidade de água e
talvez este atributo de umi-
Fig.4 Entrada de um ninho de Melipona fuscopilosa na região do Xapuri-Acre construído
dentro de oco de árvore.Foto de Marilda Cortopassi-Laurino
Fig.5 Distribuição do ninho de Melipona avolineata dentro de oco de árvore. Abaixo o
batume isola o ninho do oco. Acima a região dos favos e mais acima os potes de alimento.
Foto de Marilda Cortopassi-Laurino
25
Tab. 5 Espécies de abelhas que compartilham a mesma árvore
Árvores Família Abelha 1 Abelha 2 DAP (cm)
Cassia ferruginea Fabaceae Scaptotrigona sp Nannotrigona testaceicornis 62
Pouteria torta Sapotaceae Tetragonisca angustula Nannotrigona testaceicornis 24
Jacaranda
mimosifolia Bignoniaceae 2 Scaptotrigona sp Apis mellifera 58
Caesalpinia
peltophoroides Fabaceae Scaptotrigona sp Leurotrigona
sp 42
Caesalpinia
peltophoroides Fabaceae Nannotrigona
testaceicornis Nannotrigona testaceicornis 60
Caesalpinia
peltophoroides Fabaceae Scaptotrigona sp Nannotrigona testaceicornis
Cestrum toledii Solanaceae Tetragonisca angustula Melipona marginata
Schoepa sp Olacaceae 4 Nannotrigona
testaceicornis Ref. 1
Caesalpinia
pyramidalis Fabaceae 7 Frieseomelitta varia dispar 2 Scaptotrigona aff. depilis Ref. 2
Schinopsis
brasiliensis Anacardiaceae 10 Frieseomelitta varia
dispar Ref. 2
Gliricidia sepium Fabaceae 9 Nannotrigona Ref. 3
Caryocar brasiliensis Caryocaraceae 7 Tetragona clavipes Ref. 4
Buchenavia
tomentosum Combretaceae 3 Trigonisca nataliae 47
Ref. 5
Persea americana Lauraceae Scaptotrigona depilis Scaptotrigona polysticta Ref. 6
Ficus sp Moraceae Scaptotrigona depilis Scaptotrigona polysticta Ref. 6
Referência 1: Hubbel & Johnson 1977; 2: Martins et al., 2003, 3: Moreno & Cardoso 2002; 4: Ribas-Monteiro (inf. pessoal); 5: Pereira, 2004;
6; Ribas-Monteiro & Cortopassi-Laurino, 2006)
dade constante seja um fator
essencial para que estas
abelhas (meliponíneos) se
distribuam nas regiões pan-
tropicais (Sakagami, 1982).
Abelhas mais
amostradas
As abelhas com maior
número de referências quanto
aos substratos de nidicação
foram as do gênero Melipona
e Tetragonisca. Certamente
as referências estão asso-
ciadas com o interesse na
sua criação pelo mel que
produzem e pela ausência
de agressividade. Os ni-
nhos de Melipona ( Fig.4,5)
são os mais produtivos em
quantidade de mel e os de
Tetragonisca angustula são
considerados medicinais com
amplo uso por toda América
Latina, sua área de dispersão
(Cortopassi-Laurino et al.
2006). A facilitação da per-
26
cepção visual na localização
dos ninhos próximos ao solo
provavelmente também in-
uenciam nestes resultados.
Diâmetro da árvore
e altura da entrada
do ninho
Cada espécie de
abelha tem necessidade de
um diâmetro mínimo para
construção do ninho, prova-
velmente associado com o
tamanho dos favos, termorre-
gulação ou ainda com o tipo
de agrupamento de células
de cria, visto que células em
cacho são mais plásticas em
relação ao espaço ocupado
do que as normalmente cons-
truídas em favos horizontais.
Assim, para abelhas com
favos horizontais, o menor di-
âmetro da árvore foi de 24cm
para a espécie T.angustula
e N.testaceicornis; de 33
para T.clavipes e de 27 para
P.droryana. Em outras abe-
lhas foi 17 para M. beecheii,
18 para M. compressipes
e 17 para Scaptotrigona sp
(van Veen & Arce 1999; Mo-
reno & Cardoso 2002).
Para as abelhas que
constroem células em cacho
o diâmetro mínimo variou
de 6-18cm (Leurotrigona,
F.silvestrii e F. schrottkyi).
Para Batista (2003), o menor
diâmetro de árvore encon-
trado foi onde F.doederleini
nidicava: 19.1cm, enquanto
para Martins et al. (2004)
a mesma espécie utilizou
diâmetro mínimo de 9cm e
F.varia de 10cm. Embora os
diâmetros dos favos com cé-
lulas em cacho sejam, como
regra geral, menores do que
o outro grupo, o de favos hori-
zontais, mais dados precisam
ser obtidos para conrmação
desta preferência. Já foi suge-
rido que abelhas com células
em cacho seriam as mais ca-
pacitadas para o povoamento
de estágios iniciais de áreas
em recuperação (Hubbell &
Johnson, 1977). No nosso
caso, pelo menos as três
espécies com células em
cacho citadas anteriormente
poderiam ser indicadas para
tal atividade.
As observações da
altura da entrada dos ninhos
podem estar relacionadas à
facilidade em encontrá-los.
T.angustula, muito comum em
áreas urbanas, distribui-se
em até dois metros de altura,
enquanto Plebeia sp, de po-
pulação e tamanho semelhan-
tes, cam em alturas maiores
(2.0-4.0m) e são menos fre-
qüentes. Entretanto, Copa-
Alvaro (2004) que encontrou
71 ninhos de T.angustula
anotou que eles também se
distribuíam em baixas altitu-
des, de até 0.33m de altura
na região norte da cidade de
La Paz-Bolívia, o que sugere
uma característica para esta
espécie. Esta mesma autora
citou 14 ninhos de Melipona
ruventris distribuídos em até
2.15m de altura, enquanto do
mesmo gênero, M. scutella-
ris apresenta entrada dos
ninhos entre 2.2-4.1m
(Batista, 2003).
Em relação ao subs-
trato que utilizam, algumas
abelhas são mais versáteis
enquanto outras são mais es-
pecícas. Assim, dos poucos
meliponíneos (6 espécies)
que sobrevivem em áreas
urbanas, a T. angustula é a
principal delas e seu sucesso
está relacionado além da sua
politrofia (Cortopassi-Lauri-
no, 2005) ao uso de fendas
em muros e outras constru-
ções, caixas de medição de
energia, e ocos de árvores
como local de nidificação.
Na região de São Paulo, em
bairro arborizado, onde foram
observados 21 ninhos desta
abelha, o dobro de ninhos foi
encontrado em construções
humanas (66.7%) do que em
abrigos naturais (33.3%).
Ninhos aéreos como
os de T.spinipes e T.hyalinata
apresentam-se em diferentes
alturas respectivamente entre
3-15m e 3-7m. Curiosamen-
te, dois ninhos desta última
continuaram ativos por anos
no solo, após a sua queda de
árvores onde estavam xa-
dos. Para ambas as espécies,
a maioria das árvores onde
se xavam apresenta cadu-
cifólia no período mais seco
e frio do ano, aumentando a
exposição dos ninhos ao calor
e a luminosidade. T.hyalinata
pode também ser encontrada
em edicações, e nestas, em
alturas até 4m.
Quanto a T.spinipes, a
construção de ninhos aéreos
(Fig.6) com média de 7.4m de
altura, é fator que favorece a
sua sobrevivência em áreas
urbanas. Um dos ninhos está
localizado atrás do MASP
(Museu de Arte de São Pau-
lo), na Avenida Paulista, um
centro nanceiro da cidade
com muitos prédios.
Volume dos ocos
O tamanho da popu-
lacão dos ninhos e das abe-
lhas varia bastante entre
os meliponíneos (Roubik,
1989) indicando diferentes
necessidades de espaço para
nidicar. Assim, um pequeno
volume era suficiente para
um ninho de Leurotrigona
sp. que se distribuía ao longo
de um tronco de cajazinho
(Myrtaceae) com 5-6cm de
diâmetro e outro que não
ocupava mais que 0.5L de
uma caixa racional, dados
que conrmam os de Roubik
(1983) onde cavidades de
1-5cm já são usadas pelos
menores meliponíneos. No
outro extremo, as espécies e
abelhas grandes do gênero
Melipona, como M. grandis
e M. fuliginosa, ocupam vo-
lumes de quase 20L, embo-
ra espécies menores como
M.subnitida usam ocos de
5.6L e M. beecheii de 10.0L
(van Veen & Arce 1999; Mar-
tins et al., 2003).
Quando ocorre do oco
ser maior que o necessário,
as abelhas isolam o espaço
com uma parede de batume,
como já foi observado para
Leurotrigona, Tetragonisca
angustula e Nannotrigona tes-
taceicornis, esta última cons-
truindo uma parede muito na
mas podendo ser muito dura,
de batume perfurado. No
caso das abelhas Melipona
da região Amazônica, a pare-
de muito espessa de batume
pode atingir até 28cm.
Fig.6 Ninho de Trigona spinipes (irapua) entre os ramos de paineira (Chorisia speciosa).
Esta espécie usa a arvore como suporte para a construção do ninho e não o seu oco como a
maioria das espécies de meliponíneos. Foto de Marilda Cortopassi-Laurino
27
Compartilhamento de
árvores por abelhas
sem ferrão
A presença de vá-
rios ninhos de Meliponini na
mesma árvore pode indicar
espécies de abelhas não
agressivas, como Nannotrigo-
na ou Plebeia sp ou entradas
construídas fora do território
da outra espécie, pois nas
nossas observações, as en-
tradas estavam quase sem-
pre em alturas diferentes ou
direções opostas. Um caso
de Apis mellifera e Scapto-
trigona sp e outro de duas
espécies de Scaptotrigona
tinham as entradas que es-
tavam há poucos centímetros
de distancia.
As observações e cita-
ções feitas sugerem a utiliza-
ção de ocos em uma mesma
árvore por várias espécies
de abelhas é comum e mais
associado com árvores maio-
res (diâmetros medidos de
24-62), e provavelmente mais
velhas, quando o tamanho de
oco é maior. Se esta situação
está associada com redução
de locais de nidicação, só
estudos mais pontuais pode-
rão conrmar, entretanto, este
era o caso citado por Martins
et al.(2003), na região da
caatinga.
Agradecimentos
Agradecemos ao
apoio nanceiro da FAPESP
(04/15801-0; 05/58093-8) e
do CNPq (311381/2006-5;)
para a realização deste tra-
balho. Um agradecimento
especial ao Dr. Paulo Noguei-
ra Neto, que nos recebeu no
meliponário de Xapuri, e ao
Juvenal Flores, pelo suporte
dos trabalhos de campo.
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1Uma versão deste trabalho em inglês foi publicada em Kevan, P. & Imperatriz-Fonseca, V.L.
(eds.)2002 Pollinating bees: a conservation link between agriculture and nature. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente
Introdução
Em 1953, eu publiquei um livro sobre abelhas sem fer-
rão, com capítulos sobre polinização e plantas atrativas para
abelhas que eu cultivava (Nogueira-Neto, 1953). Em 1973, e
em 1985, apresentei uma lista de plantas que são atrativas
para pássaros, de acordo com minha experiência pessoal
(Nogueira-Neto, 1973, 1985). Desde 1980, em Luziânia, Goi-
ás, eu tenho cultivado plantas atrativas para abelhas nativas,
e também plantas que são atrativas para pássaros insetívo-
ros e frugívoros. Esse é um experimento importante para a
conservação de muitas espécies de abelhas que auxiliam na
polinização de plantas utilizadas na agricultura e em outros
meios que também são importantes em nossas orestas.
Através da polinização,
as abelhas podem auxiliar
algumas plantas a produ-
zirem mais frutos que são
valiosos na manutenção de
pássaros que predam pra-
gas de importância agrícola
e silvícola. Deve ser ressal-
tado que nos trópicos, tais
abelhas e muitos pássaros
vivem e permanecem em
seus habitats durante todo
o ano, não apenas quando
as plantas orescem. Eurico
Santos e Eusébio de Queiroz
(apud Kuhlmann & Kuhn 1947
p.188-189) escreveram sobre
a importância dos insetos na
dieta de pássaros granívoros
e seus lhotes.
Também, quando man-
temos e restauramos plantas
nativas, podemos proteger ou
reintroduzir abelhas e pássa-
ros nativos.
Eu iniciei o primeiro
desses experimentos em um
mesocerrado (savanas com
árvores de tamanho mediano)
na Fazenda Jatiara, Luziânia,
GO Brasil Central, 100Km a
sul de Brasília, em solos tipo
latosol profundos. Muitas ob-
servações foram realizadas,
mas em 1994 eu notei que
um arvoreto estava muito
distante do meliponário onde
eu criava e mantinha abelhas
sem ferrão e também distante
do curso d’água, da oresta
ribeirinha e dos pássaros. Era
difícil irrigar plantas jovens
nesse local. Por essa razão,
um arvoreto de cerca de dois
hectares foi plantado, em solo
latosol amarelo-vermelho,
na mesma Fazenda , porém
próximo ao curso d’água e
do meliponário.
O solo foi tratado com
o adubo e fertilizado. Outro
arvoreto, do mesmo tamanho,
foi plantado em solos verme-
lhos de origem basáltica, uma
terra roxa fértil, na Fazenda
Aretuzina, São Simão (SP)
próximo a Ribeirão Preto.
Três arvoretos menores tam-
bém foram iniciados, um na
Fazenda São Quirino, Cam-
pinas (SP) e um na Fazenda
Tabajara em Limeira (SP) e
outro ma Amazônia, Xapuri
(AC), próximo à Bolívia.
O antigo arvoreto da
Fazenda Jatiara foi abando-
nado, mas muitas árvores
permaneceram e sobrevive-
ram. Eu ainda aprendo com
elas. Também, os cerrados
ARTIGO