ArticlePDF Available

Aplicação da Linguagem de Padrões à avaliação de projetos de biblioteca pública

Authors:

Abstract and Figures

O projeto de bibliotecas públicas é extremamente complexo, pois deve atender satisfatoriamente não apenas ao público e à conservação do acervo, mas ainda às políticas públicas, aos serviços de gestão da informação, a usos de interesse social e, mais atualmente, à manutenção e divulgação de novas mídias em constante processo de inovação. Com base na metodologia de projeto apresentada em “A pattern language” de Alexander (1975, 1977, 1979), foram identificados na literatura específica das áreas de planejamento e projeto de bibliotecas padrões para este tipo de edifício e as relações de dependência entre eles no processo de projeto. Estes dados foram utilizados na elaboração de uma base de dados na forma de uma linguagem de padrões para dar suporte à avaliação deste tipo de projeto. Este trabalho apresenta a aplicação deste método à análise do projeto da Biblioteca de São Paulo, inaugurada em 2010. Esta metodologia mostrou-se aplicável à avaliação de projetos concluídos, mas também apresentou grande potencial como metodologia de suporte ao processo de projeto. O método utilizado para a elaboração da “linguagem de padrões” para projetos de bibliotecas pode ser replicado a fim de gerar “linguagens de padrões” para outras tipologias de edifício.
Content may be subject to copyright.
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 7
http://dx.doi.org/10.11606/gtp.v8i2.80946
ARTIGO
APLICAÇÃO DA LINGUAGEM DE PADRÕES
À AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE
BIBLIOTECA PÚBLICA
Pattern Language Applied to the Evaluation of the
Design of Library Buildings
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa1 , Daniel de Carvalho Moreira1
RESUMO O projeto de bibliotecas públicas é extremamente complexo, pois deve atender
satisfatoriamente não apenas ao público e à conservação do acervo, mas ainda às políticas
públicas, aos serviços de gestão da informação, a usos de interesse social e, mais atualmente,
à manutenção e divulgação de novas mídias em constante processo de inovação. Com base
na metodologia de projeto apresentada em “
A pattern language
” de Alexander (1975, 1977,
1979), foram identificados na literatura específica das áreas de planejamento e projeto de
bibliotecas padrões para este tipo de edifício e as relações de dependência entre eles no
processo de projeto. Estes dados foram utilizados na elaboração de uma base de dados na
forma de uma linguagem de padrões para dar suporte à avaliação deste tipo de projeto.
Este trabalho apresenta a aplicação deste método à análise do projeto da Biblioteca de São
Paulo, inaugurada em 2010. Esta metodologia mostrou-se aplicável à avaliação de projetos
concluídos, mas também apresentou grande potencial como metodologia de suporte ao
processo de projeto. O método utilizado para a elaboração da “linguagem de padrões” para
projetos de bibliotecas pode ser replicado a fim de gerar “linguagens de padrões” para outras
tipologias de edifício.
PALAVRAS-CHAVE:
Pattern language
, Avaliação de projetos, Biblioteca pública.
ABSTRACT The design of public libraries is extremely complex because not only must it
meet the needs of the public and of collection preservation, but it must also comply with
public policies, information management services, and more recently, to the maintenance
and propagation of new information media. Based on the design methodology presented in
“A pattern language” by Alexander (1975, 1977, 1979), patterns for this type of building were
identified in the specific literature for the design and planning of libraries buildings. These
patterns were compiled in a database in order to be applied to the evaluation of this type of
project. This paper presents the application of this method to the analysis of the design for of
the Library of São Paulo, opened in 2010. This methodology can be applied to the evaluation
of finished projects, and it has also shown great potential as a tool to support the design
process. The method used to formulate this pattern language for the design of library buildings
can be replicated in order to generate new pattern languages for other types of buildings.
KEYWORDS: Pattern language, Design evaluation, Public library.
How to cite this article:
OLIVEIRA E SOUSA, M. N. P.; MOREIRA, D. C. Aplicação da linguagem de padrões à avaliação de projetos de biblioteca
pública. Gestão e Tecnologia de Projetos, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 7-25, jul./dez. 2013. http://dx.doi.org/10.11606/gtp.
v8i2.80946
1Faculdade de Engenharia Civil
Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Estadual de
Campinas-UNICAMP,
Campinas, SP, Brasil.
Fonte de financiamento:
Financiamento da
CAPES-Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal
de Ensino Superior
Conflito de interesse:
Declaram não haver.
Submetido em: 16 out. 2012
Aceito em: 27 nov. 2013
7
8 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
INTRODUÇÃO: NOVOS ASPECTOS NO PROJETO DE
BIBLIOTECAS
No início do século XX as bibliotecas públicas começaram a aplicar
extensivamente o modelo de biblioteca aberta, onde os acervos ficavam à
disposição dos usuários em prateleiras. Apesar desta mudança ter gerado
intensos debates na época, principalmente com relação à conservação do
acervo e ao papel do bibliotecário, esta inovação acabou sendo amplamente
aceita e, atualmente, é o método mais comum na maioria das coleções. Este
modelo de biblioteca alterou profundamente o modo como os edifícios
passaram a ser organizados, dando maior liberdade aos usuários para passear
entre as estantes (DAHLKILD, 2011).
Atualmente, o edifício de biblioteca pública tem passado por mais uma
grande mudança, em função da digitalização da informação. Por algum
tempo, acreditou-se que a necessidade de um espaço físico para abrigar
acervos e leitores tenderia ao desaparecimento, uma vez que as coleções
poderiam ser acessadas confortavelmente a partir de computadores pessoais.
Mas, ao longo do tempo, a biblioteca pública assumiu, além de sua função
cultural, uma função social por representar a oportunidade de acesso à
informação por pessoas que de outro modo não o teriam. Drabenstott e
Burman (1994) acreditam que a biblioteca pública não será extinta, pois este
acesso dificilmente ocorreria sem que fossem oferecidos espaços e serviços
voltados a esta função.
No entanto, o modelo já tem apresentado profundas transformações que
deverão continuar a ocorrer. O advento das novas tecnologias da informação
tem forçado uma adaptação no papel das bibliotecas na sociedade. O futuro
apresenta uma instituição híbrida, com acervo impresso e virtual, onde
o bibliotecário atua como um guia, auxiliando os usuários a encontrar a
informação desejada de forma mais estruturada e eficiente. A biblioteca
pública tem assumido, cada vez mais, uma função cívica, atuando como
um centro comunitário e oferecendo informação de caráter cotidiano aos
usuários. A instituição se faz presente também por meio da disponibilização
de espaços para discussão e para a educação relacionada às necessidades
informacionais através do ensino de ferramentas de comunicação e pesquisa,
e, pelo ensino da língua (BENTON..., 1996).
A publicação britânica “Better public libraries” (COMMISSION…, 2003)
ressalta a importância da arquitetura e da qualidade do espaço da biblioteca
para promover seu uso junto ao público. As novas tecnologias da informação
e da comunicação obrigam a adaptação dos edifícios existentes e alteram
o programa de necessidades para os novos edifícios. Segundo o mesmo
estudo britânico, as bibliotecas devem se tornar cada vez mais específicas
aos tipos de atividades requeridas em suas comunidades, o que se refletirá
em seus ambientes. Os edifícios deverão abrigar múltiplos usos e deverão
ter grande capacidade de se reconfigurar internamente a fim de atender as
mudanças nos serviços oferecidos pela biblioteca. É necessário também que
o uso intenso pelo público infantil seja previsto, pois, em centros urbanos, a
biblioteca representa um local seguro para ocupar o tempo livre desta faixa
etária da população.
Entre o fim do século XX e começo do século XXI, principalmente nos
Estados Unidos e na Europa, muitas bibliotecas públicas monumentais foram
projetadas e construídas em áreas urbanas degradadas a fim de valorizar
estas regiões. Estas bibliotecas contemporâneas são representantes dos novos
discursos intelectuais e possuem caráter experimental. São exemplos de
bibliotecas “without walls” (sem paredes) instituições que não são contidas
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 9
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
dentro de um edifício, mas que proporcionam também a experiência da
biblioteca através da dimensão digital (DAHLKILD, 2011).
As discussões sobre as funções do livro e da biblioteca na sociedade da
informação levaram a uma grande especialização na área e, atualmente, a
biblioteca pública é uma tipologia muito específica de edifício, com literatura
especializada de alta qualidade, parâmetros e normas próprias. No entanto, há
ainda muito a ser discutido, pois a evolução desta instituição está diretamente
relacionada à evolução do conhecimento humano (DAHLKILD, 2011).
Por sua complexidade não apenas formal como social, o projeto de
bibliotecas públicas deve receber atenção especial, uma vez que um projeto
mal conduzido afeta o acesso à informação, à cultura e ao lazer de milhares
de pessoas. Com o intuito de aumentar a qualidade dos projetos, o estado
brasileiro implanta princípios e diretrizes que tratam principalmente da sua
função social (COORDENADORIA... 2000), mas que não chegam a aprofundar-
se em questões referentes ao projeto.
Apesar da importância do arquiteto para o sucesso de um projeto, a
maior parte das publicações que tratam especificamente de planejamento e
projeto de bibliotecas públicas é voltada aos bibliotecários e administradores
deste tipo de instituição e dão pouco suporte ao projetista. Estas publicações
(THOMPSON, 1973; SANNWALD, 2009; LEIGHTON; WEBER, 2000)
concentram-se na enumeração de requisitos funcionais do projeto de
bibliotecas, mas deixam a fase de síntese das informações em aberto, para ser
tratada apenas pelo projetista, desprovido de uma metodologia que o auxilie
na resolução de problemas de projeto. Responder e integrar todas as questões
levantadas na fase de análise em um projeto é uma tarefa ampla e complexa,
e, quando abordada de maneira desestruturada, aspectos importantes do
projeto podem ser negligenciados em função de outros.
OBJETIVO
Em seu livro “The timeless way of building”, Alexander (1979) analisa
cidades, descrevendo ambientes e situações urbanas em que o ser humano se
sente confortável, a fim de comprovar a existência da “qualidade sem nome”
(the quality without a name) (ALEXANDER, 1979). Para o autor, a ocorrência
desta “qualidade” em uma construção é o que a torna adequada e saudável.
Com o intuito de compreender este fenômeno, o autor buscou padrões
de eventos que conferem esta “qualidade” a determinados locais. Ele conclui
que estes padrões de eventos são intrínsecos à cultura e originam padrões
espaciais. Estes padrões espaciais são as menores partes de um todo e se
repetem e se relacionam para dotar desta “qualidade” diferentes cidades e
edifícios.
Em “A pattern language” (ALEXANDER,1977) o autor apresenta um total
de 253 padrões que, de acordo com suas relações, estabelecem uma rede
formada por uma lista explicativa de situações recorrentes em projetos,
caracterizadas por meio de parâmetros, que vêm acompanhadas de um
exemplo arquetípico, na forma gráfica, que descreve o problema e a essência
da solução (VAN DE VOORDT; VAN WEGEN, 2005). O conjunto de 253 requisitos
está dividido em 36 subgrupos, apresentados por parágrafos introdutórios
curtos, que descrevem a função de cada subgrupo de requisitos e sua relação
com o grupo anterior. Os assuntos tratados estão dispostos em uma estrutura
linear partindo de questões mais amplas sobre cidades e comunidades e
atingindo maior especificidade com casas, jardins e ambientes residenciais.
Nair e Fielding (2005) em seu livro, “The language of school design”,
inspirados pelo livro “A Pattern Language” de Alexander (1977), aplicaram
10 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
esta ideia à arquitetura escolar. Os autores, com base nas suas experiências
como projetistas, buscaram requisitos na arquitetura escolar que consideram
de alta qualidade. Eles defendem que a vantagem de se utilizar requisitos
como referência de suporte ao processo criativo, e não apenas soluções de
outros projetistas, é que as respostas decorrentes são menos influenciadas
pela forma referencial e resultam mais inovadoras. As duas obras acima
citadas têm a preocupação de criar sistemas de referência para projetistas,
uma vez que acreditam que a boa arquitetura deve ser criada tendo como
base o conhecimento adquirido por experiências anteriores. Em ambas as
obras, os autores basearam-se principalmente em suas experiências como
projetistas para identificar padrões recorrentes nas tipologias de projeto que
analisaram, e, posteriormente, utilizaram exemplos reais e outros dados para
comprovar suas teorias.
Tendo como base o método de Alexander (1977), no presente trabalho
foram elaborados padrões de projeto para bibliotecas públicas que pudessem
ser utilizados como indicadores de qualidade dentro desta tipologia, a fim
de elaborar um procedimento para avaliação de projetos. A fim de obter
resultados isentos e passíveis de generalização, o método para obtenção
destes padrões foi a revisão da literatura específica da área de planejamento
e projeto de bibliotecas. Deste modo foi obtido um banco de dados de padrões
de projeto que foi aplicado à avaliação de um recente e premiado projeto de
biblioteca pública no Brasil.
O método para avaliação de projetos de biblioteca pública proposto
nesta pesquisa é constituído por esse banco de dados, por questionários para
determinação da satisfação do projeto avaliado a cada padrão e por uma
matriz que descreve as relações de dependência entre os padrões.
As fontes utilizadas para a elaboração deste método são voltadas para
o planejamento e projeto de edifícios de biblioteca e não chegam a tratar
sobre indicadores de qualidade do ambiente construído. Portanto, o seu foco
está na avaliação do projeto e não do ambiente construído. No entanto, em
combinação com outros métodos específicos para avaliação do ambiente
construído (APO), esta ferramenta também pode ser aplicada na avaliação
de edifícios construídos ou em fase de projeto.
Como os padrões desenvolvidos formam um banco de dados com
indicadores de qualidade de projeto, este método tem potencial para ser
aplicado ao projeto de novas edificações por meio da avaliação de resultados
do processo de projeto a fim de melhorar a qualidade do produto final. No
entanto, a exploração deste potencial não é objeto deste trabalho.
A AVALIAÇÃO DE PROJETOS
Os autores Van Der Voordt e Van Wegen (2005) dividem a atividade de
avaliação de projetos em “ex ante” e “ex post”. A avaliação “ex ante” é feita
durante o processo de projeto, antes da construção e utilização do edifício.
Já a avaliação “ex post” avalia o produto e o processo de projeto após a sua
edificação.
A avaliação de projetos pode servir para sanar deficiências em um único
projeto ou pode ser aplicada a fim de melhorar a qualidade das diversas
fases do processo de projeto e construção. Ademais, com fins acadêmicos e
científicos, a avaliação de projetos é aplicada no desenvolvimento de teorias
e ferramentas destinadas a compreender e auxiliar o processo de projeto e
de construção.
O projeto pode ser avaliado a partir de seu produto ou de seu processo.
A avaliação do produto trata de questões como a adequação do projeto
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 11
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
ao programa de necessidades e aos requisitos de projeto, de questões de
funcionalidade e estética, custo de construção e adequação às normas e à
legislação. Após a construção, pode-se avaliar o edifício a partir do ponto de
vista da satisfação dos usuários, se a utilização do espaço corresponde àquela
pretendida pelo projeto, ou, se os custos e o consumo na operação do edifício
estão de acordo com os requisitos de projeto.
As avaliações “ex post” são normalmente conduzidas por métodos de
avaliação pós-ocupação (APO) que se concentram nas evidências físicas de
falhas no ambiente construído em relação ao seu uso. Já as avaliações “ex
ante” têm sido objeto da crítica arquitetônica (KOWALTOWSKI et al. 2006).
Quando projetos são avaliados por meio de “checklists”, tanto o tempo
despendido na avaliação, quanto a dificuldade para aplicação dos resultados
no projeto, tornam o processo ineficiente. Portanto, para que os resultados
de avaliações “ex ante” possam ser traduzidos em melhorias efetivas no
processo de projeto, é necessária a criação de ferramentas que tornem o
resultado destas avaliações diretamente aplicáveis ao processo de projeto
(KOWALTOWSKI et al. 2006).
Para que seja possível determinar a qualidade de um projeto, é necessário
estabelecer os parâmetros pelos quais ele será avaliado. Não é possível
avaliar um projeto apenas confrontando-o com os requisitos impostos
pelo cliente ou pelos usuários, pois muitas de suas expectativas podem
não ter sido claramente expressas, seja por falta de conhecimento ou de
clareza na comunicação. Portanto, para a elaboração de uma avaliação,
é necessário definir explicitamente quais fatores serão avaliados e como
(VAN DER VOORDT; VAN WEGEN, 2005).
No entanto, a escolha dos fatores a serem avaliados está diretamente
ligada com o propósito da avaliação. Quando o foco recai sobre projetos
para edifícios com funções específicas, como é o caso de bibliotecas públicas,
convém basear a avaliação em aspectos próprios para a tipologia em questão,
com o uso de normas, legislação, índices e indicadores de qualidades
apropriados (VAN DER VOORDT; VAN WEGEN, 2005).
Após a definição dos fatores a serem avaliados, é necessário definir
como eles serão mensurados. Com este fim, os critérios elaborados devem
ser traduzidos na forma de variáveis quantitativas para que os avaliadores
não precisem interpretar os critérios no momento da avaliação, minimizando
as discrepâncias entre resultados (VAN DER VOORDT; VAN WEGEN, 2005).
A ferramenta DQI –“Design Quality Indicator”, que apresenta uma
metodologia participativa para a avaliação de projetos e edifícios, com
uma versão específica para edifícios escolares, divide a avaliação em três
conceitos básicos: qualidade, funcionalidade e impacto (estético), que são
correspondentes respectivamente aos princípios vitruvianos de “firmitas”,
“utilitas” e “venustas”. Um banco de dados de indicadores de qualidade, em
conjunto com questionários e um sistema de atribuição de pesos, formam este
método de avaliação de projetos. Esta ferramenta foi elaborada por meio de
pesquisas com um grupo teste, formado por quinze profissionais da indústria
da construção civil, que geraram um método piloto. Os autores basearam-se,
ainda, em outros métodos de avaliação pós-ocupação já conceituados e
também em valores de projeto avaliados em premiações conceituadas da
área (GANN; SALTER; WHYTE, 2003).
Os questionários, que são baseados nos indicadores de qualidade,
abordam questões de funcionalidade, qualidade e impacto. Tanto o banco de
dados como os questionários, que formam uma ferramenta para coleta de
dados, foram aplicados por um grupo de referência formado por 35 pessoas,
não apenas profissionais da área de projeto, mas também clientes, usuários
12 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
e construtores, com a intenção de tornar a ferramenta acessível a todos os
usuários em potencial.
As questões dos questionário são objetivas e devem ser respondidas com
uma escala de um a seis, que varia de “discordo totalmente” a “concordo
totalmente”. O usuário tem ainda a oportunidade de responder “não
aplicável”, opção que descarta a questão do cômputo final. Em cada questão
o usuário tem um campo para anotar suas observações pessoais.
Os pesos para cada questão foram atribuídos por um grupo de referência,
formado por diferentes agentes do projeto (arquitetos, engenheiros,
funcionários e administradores). Este grupo ponderou as questões de acordo
com sua percepção do projeto o que resultou em um peso médio para cada
questão. Este método de ponderação é compatível com o caráter participativo
da ferramenta.
Os resultados da avaliação não são medidas objetivas, e, apresentados
na forma de gráficos, devem ser analisados de forma crítica pelo avaliador
que está conduzindo o procedimento. Estes gráficos são circulares, divididos
em três fatias: impacto, funcionalidade e qualidade. Dentro de cada fatia
representa-se graficamente a pontuação obtida dentro de cada um dos
conceitos, de modo que quanto mais preenchido resultar o gráfico final,
maior é a pontuação obtida pelo edifício.
O resultado desta avaliação contribui para a compreensão das
prioridades dos vários agentes do projeto por meio da comparação entre os
diversos resultados obtidos, mas não permite a visualização e comparação
entre os resultados para questões individuais.
Apesar de esta ferramenta apresentar grande potencial para aplicação
em avaliação de projetos “ex ante”, ela foi criada para avaliação de edifícios
construídos, e, estudos mais aprofundados são necessários sobre como
aplicá-la ao processo de projeto (GANN; SALTER; WHYTE, 2003).
PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE
PROJETOS DE BIBLIOTECA PÚBLICA
A metodologia aplicada no presente trabalho é estruturada de forma
semelhante àquela proposta na “linguagem de padrões” de Alexander (1975,
1977, 1979), mas difere principalmente na forma como os padrões foram
encontrados e formulados. Enquanto Alexander (1975, 1977, 1979) baseou-
se em sua experiência profissional para encontrar padrões de projeto, neste
trabalho todos os requisitos foram encontrados na literatura acadêmica das
áreas de planejamento e projeto de edifícios de biblioteca.
Van Der Voordt e Van Wegen (2005) sugerem dividir os fatores para
análise em quatro categorias: funcional; estética; técnica e econômica/
legal. De forma semelhante Gann, Salter e Whyte (2003) na elaboração
da ferramenta de avaliação de projetos DQI –“Design Quality Indicator”,
dividiram seus indicadores de qualidade em: impacto, funcionalidade e
qualidade.
A fim de compreender como as relações entre os padrões são traduzidas
para o projeto, neste trabalho optou-se por dividir os padrões de projeto
em categorias referentes às dimensões do projeto como feito por Alexander
(1977) e não à estética, funcionalidade, técnica, economia e legislação como
sugerem Van Der Voordt e Van Wegen (2005). Esta decisão tem o objetivo
de tornar a avaliação mais prática, uma vez que as informações, desenhos
de arquitetura e gráficos geralmente descrevem diferentes dimensões do
projeto. Isso fica evidente quando se observam desenhos de arquitetura que
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 13
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
em geral são apresentados nas escalas de situação; implantação; plantas,
cortes e fachadas; detalhes e perspectivas.
As oito categorias adotadas para esta divisão estão baseadas em questões
encontradas na bibliografia específica, e, referem-se a conceitos extraídos
de títulos de artigos e de nomes de capítulos de livros e que, portanto, já
foram adotados anteriormente como divisões para problemas de projeto em
arquitetura de bibliotecas.
Foram organizados 50 padrões de projeto, a fim de gerar um banco de
dados para dar suporte à avaliação de projetos de bibliotecas públicas. Cada
padrão representa um requisito do projeto que deve ser entendido pelo
projetista e por isso o título de cada padrão foi escrito na forma de uma
regra. A seguir têm-se os 50 títulos dos padrões, com sua numeração nominal
e modo como foram agrupados dentro das categorias:
• C1- COMUNIDADE DE USUÁRIOS (DAHLGREN, 1998; PADILLA, 2002;
SANNWALD, 2009; VAN DER VOORDT; VAN WEGEN, 2005)
PADRÃO 1-Conhecer o público alvo e seus subgrupos
• C2- SELEÇÃO DO LUGAR (PADILLA, 2002; SANNWALD, 2009; TRINKLEY,
2001, VAN DER VOORDT; VAN WEGEN, 2005)
PADRÃO 2-Localizar a biblioteca no centro da infraestrutura da área
de influência
PADRÃO 3-Criar um foco para a comunidade:
PADRÃO 4-Dimensionar a área terreno com capacidade para abrigar o
futuro crescimento da instituição
PADRÃO 5-Usar a topografia do terreno em benefício do projeto
PADRÃO 6-Usar a legislação urbana em benefício do projeto
• C3- IMPLANTAÇÃO (PADILLA, 2002; SANNWALD, 2009; TRINKLEY, 2001)
PADRÃO 7-Recuo frontal da edificação para criação de praça
PADRÃO 8-Áreas externas convidativas flanqueando os acessos
PADRÃO 9-Áreas externas isoladas de áreas acervo
PADRÃO 10-Entrada principal acessível
PADRÃO 11-Estacionamento de fácil acesso
PADRÃO 12-Estacionamento subterrâneo isolado do acervo
PADRÃO 13-Carga e descarga
PADRÃO 14-Capacidade de expansão
• C4- FUNÇÕES BÁSICAS (LEIGHTON; WEBER, 2000; FAULKNER-BROWN,
1997)
PADRÃO 15-Entrada de usuários convidativa e demarcada
PADRÃO 16-Recepção acessível, ampla e visível
PADRÃO 17-Ferramentas de pesquisa
PADRÃO 18-Isolamento físico entre fotocopiadoras e impressoras a laser
de locais de acervo
PADRÃO 19-Disponibilizar ao público um acervo com mais de 1,5 livros
per capita
PADRÃO 20-Disponibilizar para o público o acesso a novas tecnologias
de informação
PADRÃO 21-Oferecer ambientes variados, interativos e que conduzam
à reflexão e ao estudo
PADRÃO 22- Estantes acessíveis a diferentes tipos de usuários
PADRÃO 23-Acervo de periódicos - Hemeroteca
PADRÃO 24-Acervo multimídia
PADRÃO 25-Provisão de ambientes de funcionários
PADRÃO 26-Ambientes de fácil acesso para armazenamento de materiais
variados
14 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
• C5- SERVIÇOS À COMUNIDADE (GILL, 2001)
PADRÃO 27-Oferecer suporte à educação formal e informal
PADRÃO 28- Oferecer ambientes e recursos específicos para crianças e
jovens
PADRÃO 29-Preservar e desenvolver a cultura e memória locais
PADRÃO 30-Dispor de ambientes de exposições de material artístico
PADRÃO 31-Dispor de ambientes para reuniões comunitárias
PADRÃO 32-Dispor de espaço para serviços de conveniência
• C6- QUALIDADE ESPACIAL (NAIR; FIELDING, 2009; McDONALD, 2006)
PADRÃO 33-Funcionalidade
PADRÃO 34-Espaço Adaptável/Flexível
PADRÃO 35-Promover a acessibilidade
• C7- SEGURANÇA E CONSERVAÇÃO DO ACERVO (OGDEN, 2004; TRINKLEY,
2001)
PADRÃO 36-Disponibilizar guarda-volumes antes do balcão de controle
PADRÃO 37-Prover meio estável
PADRÃO 38-Isolar funções relacionadas ao acervo dos demais serviços
da biblioteca
PADRÃO 39-Isolamento físico entre o acervo e o exterior
PADRÃO 40-Cobertura estanque
PADRÃO 41-Isolamento entre acervos e áreas molhadas
PADRÃO 42-Não encostar estantes de livros em paredes externas.
PADRÃO 43-Separação entre ambientes de leitura e estantes de livros.
PADRÃO 44-Unidade visual interna
• C8- QUALIDADE AMBIENTAL (NAIR; FIELDING, 2009; SANDS, 2002;
SANNWALD, 2009)
PADRÃO 45-Minimizar impacto local
PADRÃO 46-Compacidade e minimização do corpo de funcionários
PADRÃO 47-Isolamento térmico do interior da edificação
PADRÃO 48-Ventilação Natural
PADRÃO 49-Iluminação natural
PADRÃO 50-Conservação de água no projeto paisagístico
Estes 50 padrões representam indicadores de qualidade específicos para
projetos de biblioteca pública. Este método de avaliação pode ser aplicado
em sua totalidade, no caso de uma avaliação completa de um projeto, ou em
partes, no caso da avaliação de aspectos específicos do projeto. Para este
fim, as relações entre os padrões são listadas dentro de cada um deles, para
que o usuário possa seguir o caminho que melhor se aplica à sua intenção.
O formato adotado para os padrões neste trabalho assemelha-se ao de
Alexander (1977), pois cada padrão se refere a um aspecto importante no
projeto de bibliotecas públicas e, assim como defendido por Alexander (1977),
neste banco de dados nenhum padrão pode ser avaliado de forma isolada,
mas influi e é influenciado por outros padrões.
No presente trabalho, cada padrão é formado por um título que resume
a regra, uma introdução com citação das fontes de onde o texto foi extraído
e uma explicação de porque o padrão é relevante dentro do projeto de
bibliotecas públicas. Quando aplicável, o padrão vem, também, acompanhado
de dados e tabelas para auxiliar o dimensionamento e o cálculo de aspectos
específicos.
Para facilitar a compreensão da ideia transmitida pelo padrão alguns
vêm acompanhados por uma representação gráfica dos conceitos principais
transmitidos pelo texto, denominada de “diagrama” neste trabalho. Estes
diagramas são todos de artigos do Libris Design Project (2012) e foram
escolhidos por serem diagramas consoantes com os de Alexander (1977) uma
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 15
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
vez que também procuram representar ideias centrais com imagens simples
e de fácil compreensão. As imagens retiradas dos artigos foram modificadas
apenas com o fim de traduzir palavras contidas nos diagramas da língua
inglesa para a portuguesa.
A cada padrão segue-se um questionário, baseado no texto e nos dados
apresentados, a partir do qual se pode atribuir uma pontuação para o
cumprimento de cada padrão no momento da avaliação.
As questões foram baseadas no texto e nos dados apresentados em cada
padrão e cobrem as informações fornecidas por ele. As questões foram
formuladas de modo que respostas afirmativas sempre significam que
o padrão está presente, ou foi respeitado no projeto avaliado. Respostas
negativas sempre significam que o padrão não foi respeitado no projeto.
A terceira opção dada no questionário é: não se aplica. A opção “não se
aplica” foi adicionada, pois há padrões de projeto que não são aplicáveis
a todos os projetos. O exemplo mais claro disso é o “PADRÃO 12- Isolar
estacionamentos subterrâneos do acervo”, pois se a biblioteca não conta
com estacionamento subterrâneo, este padrão simplesmente não pode ser
aplicado à avaliação. Ademais há questões que dependem da resposta anterior
para serem aplicáveis, pois se a resposta anterior for negativa e disser que
aquele aspecto não existe na biblioteca as demais questões que avaliam a
qualidade daquele aspecto deixam de ser aplicáveis. Esta opção também serve
no caso do usuário do método não contar com informações suficientes para
responder a uma questão.
Portanto questões com resposta “não se aplica” são aquelas que o usuário
pretende descartar do relatório e da pontuação final.
Todos os padrões recebem uma pontuação entre 0 (zero) ponto e 1
(um) ponto, sendo 0 (zero) é o não cumprimento do padrão e 1 (um) a total
conformidade com o padrão. Deste modo todos os padrões têm peso igual.
Posteriormente, se forem encontradas evidencias da necessidade, poderão ser
atribuídos pesos maiores àqueles padrões de maior importância no relatório
final, no entanto este trabalho não irá tratar desta possibilidade. Portanto,
a nota atribuída a um projeto de acordo com sua conformidade com um
determinado padrão é dada pelo número de respostas afirmativas dividido
pela soma de respostas positivas e negativas. Questões com resposta “não se
aplica” são descartadas da soma final. Ou seja, se, ao avaliar a conformidade
com um padrão que apresenta um questionário de 3 (três) questões, o usuário
responder “sim” a uma, “não” a outra e “não se aplica” à terceira, sua nota
final será 0,5(meio)ponto, pois a terceira questão foi descartada da avaliação.
A pontuação final de um projeto será dada pelas notas de 0 (zero) a 1 (um)
para cada padrão dividido pelo número total de padrões utilizados na
avaliação. Outro dado interessante utilizado no relatório final é pontuação por
categoria, que se dá pela divisão da pontuação de cada padrão pelo número
de padrões avaliados em cada categoria. A partir desta pontuação é possível
ter um panorama geral de quais são as categorias mais problemáticas para
o projeto e quais são as que contribuem para a sua qualidade.
O método de avaliação DQI – “Design Quality Indicator” (GANN; SALTER;
WHYTE, 2003) é um método multicritério em que os pesos para cada indicador
de qualidade foram atribuídos por uma média entre os votos de um grupo
de usuários testador. Este método de ponderação mostrou-se inviável para o
presente trabalho e, portanto, a outra possibilidade de ponderação possível
seria habilitar o usuário do método a ponderar cada padrão de acordo com
a sua percepção da importância para o projeto avaliado. No entanto, este
método é bastante impreciso e torna o resultado pouco confiável, uma vez que
o usuário tem a possibilidade de induzir a avaliação a um resultado positivo
que pode não corresponder à realidade. Como a questão da ponderação é
16 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
bastante complexa e requer estudos mais aprofundados para que seja útil e
confiável, optou-se por atribuir pesos iguais a todos os padrões.
Para iniciar uma avaliação, o usuário deve saber claramente qual aspecto
do projeto de biblioteca pública quer avaliar. A partir desta definição, deve-se
escolher em qual categoria iniciar sua avaliação e dentro desta categoria,
qual é o padrão que melhor descreve o objeto de sua avaliação. Depois
de responder ao questionário referente ao padrão, deve ser calculada a
pontuação do projeto e este dado deve ser compilado em um relatório final.
Para seguir com a avaliação, o usuário deve optar por um dos padrões
relacionados a este e assim por diante. Quando o aspecto avaliado se esgotar,
o usuário deve fazer uma média aritmética dividindo a soma das pontuações
de todos os padrões avaliados pelo número total de padrões utilizados para
a avaliação. Deste modo, obtém-se a pontuação da conformidade do aspecto
avaliado em relação aos padrões aplicados.
O resultado final desta avaliação é um relatório contendo a pontuação
global do projeto, as pontuações dentro de cada categoria e as pontuações
para cada padrão com seu título,
número nominal e justificativas
para as respostas dadas quando
aplicável.
A seguir, na Figura 1, é
apresentado um exemplo de
padrão:
No início de cada padrão são
listados os padrões relacionados
a ele que o antecedem e ao final
as suas relações com os padrões
que o seguirão. Estas relações
referem-se à interdependência
entre os padrões, ou seja, no
momento em que se trabalha
com um padrão, a aplicação de
outros padrões será de alguma
forma afetada. Estas listagens
servem também como um
caminho que o usuário pode
seguir quando estiver avaliando
um aspecto específico do projeto.
A seguir, na Tabela 1, tem-se a
matriz de relações entre padrões:
APLICAÇÃO DO
MÉTODO À AVALIAÇÃO
DO PROJETO DA
BIBLIOTECA DE SÃO
PAULO, SÃO PAULO,
BRASIL
A avaliação proposta a seguir
tem como objetivo demonstrar a
ocorrência dos padrões que
foram elaborados por meio de
levantamento bibliográfico. O
método foi aplicado à avaliação
de um projeto premiado,
Figura1. Exemplo do Padrão 2.
Fonte: Sousa (2012).
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 17
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
considerado de alta qualidade. Deste modo foi possível definir se os padrões
podem ser considerados indicadores de qualidade para a arquitetura
de projetos de bibliotecas públicas. A avaliação do projeto escolhido foi
conduzida da seguinte forma:
• Coleta de dados do projeto a ser analisado;
• Identificação e listagem de aspectos que tornam o projeto escolhido uma
referência para a arquitetura de bibliotecas públicas;
• Identificação e listagem de elementos que foram objeto de crítica;
• Confrontação dos dados recolhidos com os padrões específicos para
cada aspecto;
- Análise dos dados e conclusões sobre a validade dos padrões;
- A seguir são apresentados os parâmetros seguidos para a escolha do
projeto:
- Ser uma biblioteca pública estatal, não vinculada a nenhuma instituição
de ensino;
Tabela1. Matriz de relações dos 50 padrões para bibliotecas públicas. Fonte: Sousa (2012).
18 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
- Ter sido projetada posteriormente ao ano de 2001.
- Ser uma biblioteca projetada para abrigar novas tecnologias da
informação.
- Ser um edifício de médio porte com área construída superior a 3.000m2
e inferior a 5.000m2 e com capacidade para armazenar em média
30.000 volumes.
- Ser uma biblioteca localizada no Brasil.
Acompanhar o desenvolvimento de um projeto de biblioteca pública ao
longo do processo de concepção mostrou-se inviável, uma vez que um projeto
desta complexidade leva vários meses, ou mesmo anos para ser completado,
o quê inviabilizaria esta pesquisa. Tampouco foi possível encontrar, por meio
de pesquisa, um objeto de análise que ainda não tivesse sido construído para
ser utilizado neste trabalho no momento de sua elaboração. Portanto optou-se
por utilizar o projeto da Biblioteca Pública de São Paulo, que, até o momento,
era o exemplar mais adequado à pesquisa. Apesar desta biblioteca ser um
projeto já edificado, a avaliação foi feita com base em desenhos de arquitetura,
pois o projeto era o objeto da análise e não o ambiente construído. A consulta
ao edifício construído foi feita apenas com o intuito de minimizar eventuais
ambiguidades geradas pelos desenhos de arquitetura.
Este porte de biblioteca foi escolhido para que o projeto tivesse
complexidade suficiente para que a grande maioria dos padrões fosse
aplicável à avaliação. No caso de bibliotecas de porte inferior, muitos dos
padrões poderiam não ser aplicáveis pela redução de áreas e serviços
oferecidos pela instituição. Já bibliotecas de grande porte poderiam tornar a
avaliação inviável pela complexidade da fase de coleta de dados e pelo tempo
necessário para a aplicação avaliação. Como a maior parte das referências
bibliográficas utilizadas para a formulação dos padrões é de origem norte
americana e europeia, e trata de instituições de médio a grande porte, a
análise de uma instituição, localizada no Brasil, demonstra como o método de
avaliação se comporta quando aplicado a edifícios com programas diferentes.
Assim, a biblioteca escolhida para avaliação foi a Biblioteca Pública de São
Paulo.
O edifício da BSP (Figura 2) Biblioteca de São Paulo, inaugurado em
fevereiro de 2010, projeto do escritório paulistano Aflalo & Gasperini, é um
edifício de médio porte com espaço para abrigar um acervo de 30.000 volumes
impressos, 700 postos de estudo em uma área de 4.250 m2 (SÃO PAULO,
2010). Ele está localizado no Parque da Juventude na zona norte da cidade
de São Paulo. Antes de ser transformado em um parque este era o endereço
do Presídio masculino do Complexo Penitenciário do Carandiru. O presídio
feminino continua em funcionamento próximo à biblioteca (AFLALO;
GASPERINI ARQUITETOS, 2012).
Os arquitetos Marcelo Aflalo e Dante Della
Manna, projetaram a biblioteca como uma
livraria, pois observaram que apesar de as
bibliotecas tradicionais da capital não animarem
um fluxo muito intenso de visitantes, as livrarias
megastore”, espalhadas pelos centros de compras
da cidade estavam constantemente cheias
(AFLALO; GASPERINI ARQUITETOS, 2012).
O projeto dá ênfase a espaços infanto-juvenis,
dedicando quase todo o primeiro andar ao acervo
voltado para este público. O projeto de interiores de
autoria do arquiteto Dante Della Manna utilizou-
se de estantes baixas, comuns em livrarias, e de
Figura2. Foto externa da
Biblioteca de São Paulo e Parque
da Juventude. Fonte: Sousa
(2012).
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 19
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
mobiliário lúdico e colorido inclusive nos locais destinados a adultos para
criar um espaço confortável e convidativo para o usuário. O edifício conta
com um auditório para 90 pessoas e um espaço externo coberto, com café para
apresentações e atividades extras. Apesar das pequenas dimensões quando
comparada às bibliotecas públicas que têm sido construídas por cidades na
Europa e na América do Norte, a biblioteca de São Paulo disponibiliza mais
de 80 computadores para os seus usuários. Estes números deixam claro que
o foco desta biblioteca não é o livro, mas as novas tecnologias da informação.
O projeto para o Parque da Juventude e para os edifícios institucionais
que ele abriga foi objeto de um concurso de projetos promovido em 1999 e
ganho pelo escritório paulistano Aflalo & Gasperini. O edifício ocupado pela
biblioteca foi originalmente construído para ser um pavilhão de exposições,
mas que não chegou a ter este uso (MARTINS; LARSEN, 2010).
O parque foi inaugurado em 2003. O pavilhão de exposições fazia parte da
última fase de sua implantação, em conjunto com a reforma de dois pavilhões
prisionais – para abrigar instituições educacionais, atualmente ocupados por
uma escola técnica pública – e a construção de um teatro, que ainda não foi
iniciada (SERAPIÃO, 2008).
Em 2009, o edifício do pavilhão de exposições, que se encontrava sem uso
desde a sua inauguração, passou por uma readaptação para tornar-se uma
biblioteca pública por iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado de São
Paulo. O edifício foi reinaugurado em 2010 como a Biblioteca de São Paulo.
Não foram feitas alterações na estrutura do edifício original, nem foram
construídos anexos para adaptá-lo a nova função (Figura 3). A adaptação foi
feita por meio de mobiliário e da colocação de uma tenso-estrutura do lado
externo da edificação a fim de criar um pátio coberto para eventos (MARTINS;
LARSEN, 2010). Depois de sua adaptação para biblioteca pública este projeto
foi objeto de algumas premiações como a do IAB/SP 2010 (INSTITUTO..., 2012)
Tabela2. Relatório Final de Avaliação para a Biblioteca de São Paulo. Fonte: Sousa (2012).
PONTUAÇÃO FINAL BIBLIOTECA DE SÃO PAULO
Pontuação final para cumprimento dos padrões (nota por padrão / número
de padrões aplicados na avaliação): 0,62
Gráfico comparativo de pontuação por categoria
20 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
no qual o projeto venceu na categoria institucional e o Prêmio APCA 2011, no
qual venceu na Categoria “Obra de arquitetura em São Paulo” (VILLAC, 2011).
A maior parte da avaliação deste edifício foi feita a partir de plantas de
arquitetura com layout fornecidas pela própria Biblioteca de São Paulo. No
entanto, as plantas, fotos, imagens aéreas e outros desenhos de arquitetura
encontrados em artigos e no endereço eletrônico do escritório responsável
pelo projeto (AFLALO & GASPERINI ARQUITETOS, 2012; MARTINS; LARSEN,
2010) não foram suficientes para completar a avaliação dos 50 padrões.
Para tanto, teve que ser feita uma visita ao local onde foram tiradas mais
fotos. Posteriormente, para finalizar a avaliação dos ambientes de apoio e
de serviço, que não foram abertos para visitação, foi necessário entrar em
Figura3. Desenhos de
arquitetura da Biblioteca de São
Paulo. Fonte: Sousa (2012).
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 21
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
contato, via endereço eletrônico, com uma funcionária da Biblioteca de
São Paulo que esclareceu alguns aspectos dos desenhos de arquitetura que
estavam ambíguos.
A seguir, na Tabela 2, é apresentado o relatório final de avaliação da
biblioteca, que resume o desempenho do projeto na avaliação dos 50 padrões.
O único Padrão que não foi aplicado a esta avaliação foi o “PADRÃO 12- Isolar
estacionamentos subterrâneos do acervo”, pois a biblioteca avaliada não
possui estacionamentos subterrâneos.
O primeiro gráfico, tipo pizza”, apresenta graficamente a pontuação
média obtida pelo projeto na avaliação. É importante salientar que todos
os padrões tem o mesmo peso e, portanto, a pontuação obtida é uma média
aritmética da soma das pontuações obtidas em 49 Padrões (excluído o padrão
que não é aplicável) dividido por 49, que é o número de Padrões avaliados.
Ou seja, o projeto da Biblioteca de São Paulo cumpre 62% dos requisitos
descritos pelos padrões.
Já o segundo gráfico, de “barras”, permite a comparação entre as
pontuações médias obtidas por categoria. É importante ressaltar que as
categorias não têm pesos iguais, pois elas tem números diferentes de padrões
elencados dentro delas e, portanto, a média aritmética das notas recebidas por
categoria não corresponde à mesma pontuação obtida no relatório final da
avaliação. No entanto, este gráfico comparativo é interessante para visualizar
quais são as dimensões do projeto que foram mais ou menos importantes
para a equipe de projeto, ou, que foram favorecidas ou prejudicadas pelas
circunstâncias.
DISCUSSÃO: APLICABILIDADE DO MÉTODO DE
AVALIAÇÃO PROPOSTO
O procedimento de avaliação proposto neste trabalho é baseado na
metodologia de projeto apresentada em “A pattern language” de Alexander
(1975, 1977, 1979). A partir da literatura específica de planejamento e projeto
de bibliotecas, foi feito um levantamento de indicadores de qualidade para
este tipo de edifício, e das relações de dependência entre eles, a fim de gerar
uma “Linguagem de padrões” para o projeto de bibliotecas públicas a partir
da qual se pudesse avaliar projetos de edifícios desta tipologia.
A metodologia de avaliação proposta neste trabalho se mostrou objetiva
e os resultados da aplicação à avaliação da Biblioteca de São Paulo são
condizentes com a realidade.
A biblioteca avaliada é uma instituição instalada em um edifício pré-
existente que não sofreu alterações na planta original quando foi adaptado
para se tornar uma biblioteca. Este fato é capaz de explicar muitas das baixas
pontuações recebidas pelo projeto na avaliação. Por exemplo, a biblioteca
não pontuou no “Padrão 1 – Conhecer o público alvo e seus subgrupos”, pois
o tamanho da comunidade de usuários não foi um fator no dimensionamento
da instituição, o seu porte foi definido pelo tamanho do edifício existente.
Um outro avaliador poderia ter optado por não aplicar o “Padrão 1” à
sua avaliação o que aumentaria a pontuação final da biblioteca. Ele poderia
entender que uma vez que o edifício já existia e que, ademais, se tratava de um
edifício público novo e inutilizado, as vantagens de aproveitá-lo para ser uma
biblioteca seriam muito superiores às desvantagens de tê-lo vazio. Portanto,
o fato de a instituição resultar em um porte inferior àquele necessário para
a comunidade local perderia importância frente a possibilidade de se dar
um bom uso ao edifício, que já havia gasto recursos públicos.
22 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
O avaliador poderia compreender que o “Padrão 1” não é aplicável a
projetos construídos em edifícios existentes. A mesma conclusão poderia ser
tirada sobre as questões das categorias “Seleção do lugar” e “Implantação”,
pois se o edifício era pré-existente, estes fatores não poderiam ser alterados
para o projeto. Ou seja, dois avaliadores diferentes poderiam gerar pontuações
discrepantes para o mesmo projeto dependendo de suas visões a respeito
desta e de outras questões.
Deste modo, a inclusão da opção de “Não se aplica” como possibilidade
de resposta aos questionários de avaliação já é capaz de gerar ambiguidade
à pontuação final mesmo quando a opção de ponderação pelo usuário não
é habilitada.
Uma opção para minimizar a ambiguidade da avaliação seria criar
sistemas de ponderação pelos quais o usuário do método pudesse optar antes
de iniciar a avaliação. Por exemplo, poderia ser concebida uma ponderação
para bibliotecas instaladas em edifício pré-existentes, na qual se atribuiria
peso menor às categorias “Comunidade de usuários”, “Seleção do lugar” e
“Implantação” e se atribuiria peso maior a categorias como “Funções básicas”
e “Segurança e conservação do acervo” que focam mais no layout e soluções
internas. Ou, no caso de bibliotecas de pequeno porte, poderia se dar menos
peso aos padrões da categoria “Serviços à comunidade”, visto que tratam
de questões melhor aplicadas a bibliotecas de maior porte. Deste modo,
apenas algumas questões teriam a opção de resposta “Não de aplica”, como
é o caso do “Padrão12-Estacionamento subterrâneo isolado do acervo”, pois
bibliotecas podem não ter estacionamentos subterrâneos sem que isso afete
a qualidade do projeto.
Outro fator complicador para a aplicação deste método de avaliação é a
necessidade de um grande volume de dados sobre o projeto para conduzir a
avaliação. Isto pode tornar o uso do método inviável quando o avaliador não é
um participante do projeto, ou quando não tem acesso às plantas detalhadas
em escala, preferencialmente com desenhos de layout, ou ainda acesso ao
edifício construído. Não é possível avaliar todos os padrões apenas a partir
de artigos e publicações sobre o projeto, pois os desenhos de arquitetura
apresentados nestes meios são em geral muito simplificados e em escala
insuficiente para compreensão de detalhes.
No entanto, a avaliação tem o potencial de ser muito útil se conduzida
por participantes da equipe de projeto, seja ao longo do processo de projeto,
seja depois de sua conclusão a fim de avaliar a qualidade das respostas.
Outro fator que limita a acessibilidade deste método de avaliação é a
especificidade de alguns padrões, principalmente aqueles das categorias
“Segurança e conservação do acervo” e “Projeto sustentável” que podem ser
de difícil compreensão para usuários que não tenham formação na área de
arquitetura. Esta complexidade limita o uso do método por administradores
de bibliotecas que queiram aplicá-lo.
Apesar destas dificuldades para a aplicação da avaliação e para a
minimização da ambiguidade de seus resultados o método pode ser muito útil
quando aplicado para auxiliar o processo de projeto. Mais estudos a respeito
deste potencial são necessários, mas, como a metodologia foi baseada na
Pattern Language” (ALEXANDER, 1977), os padrões poderiam ser utilizados
já nas fases iniciais do projeto de bibliotecas, desde a elaboração do programa
de necessidade da mesma forma como os “patterns” de Alexander.
Nair e Fielding (2005) em seu livro, “The language of school design”,
inspirados pelo livro “A Pattern Language” (ALEXANDER, 1977) elaboraram
uma “linguagem de padrões” para o projeto de escolas. Os padrões
apresentados no livro são baseados nas experiências pessoais dos autores
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 23
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
como projetistas de escolas. A maneira como elaboraram seus padrões é
similar à de Alexander (1977) também neste ponto, pois o método utilizado
no seu livro também busca apresentar princípios de projeto que são
generalizações propostas a partir da observação de uma variedade de casos
particulares, e os dados apresentados para comprovar a ocorrência de seus
patterns” são baseados em sua experiência como arquiteto (ALEXANDER,
1977).
Estes dois exemplos são obras muito úteis e importantes na área de
projeto, no entanto o método que utilizaram para formular seus padrões
apresenta restrições na replicação para a elaboração de “linguagens de
padrões” para outras tipologias de edifícios, ou contextos urbanos e sociais
diferentes. Apesar de ambas as obras convidarem os leitores a contribuir
com seus próprios padrões, a metodologia para atingir este objetivo não é
claramente descrita.
O método para elaboração da “linguagem de padrões” para projetos de
bibliotecas públicas, objeto deste trabalho, abre caminho para a elaboração
de “linguagens de padrões” para outras tipologias de edifício, pois o mesmo
método pode ser replicado sem depender da experiência de apenas alguns
profissionais, mas a partir de dados que podem ser verificados e comparados
entre varias publicações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como propósito apresentar os aspectos de elaboração e
de aplicação de um procedimento para avaliação de projetos de biblioteca
pública baseado em “Pattern language” (ALEXANDER, 1977). A partir
de revisão da literatura específica da área de planejamento e projeto de
bibliotecas, foram elaborados 50 padrões para serem utilizados como
indicadores de qualidade dentro desta tipologia.
O procedimento proposto para avaliação de projetos é voltado ao uso por
profissionais da área de projeto e pode ser aplicado na avaliação de edifícios
construídos, ou ainda na fase de projeto. No entanto o foco deste método está
na avaliação do projeto e não do ambiente construído.
Esta metodologia comprovou-se eficiente para a avaliação de projetos
concluídos, mas também apresentou grande potencial como metodologia
de suporte ao processo de projeto. No entanto, a quantidade de dados de
projeto necessários para sua aplicação se mostrou um fator complicador
para usuários não participantes da equipe de projeto.
O método utilizado para a elaboração da “linguagem de padrões” para
projetos de bibliotecas pode ser replicado a fim de gerar “linguagens de
padrões” para outras tipologias de edifício. Como os padrões desenvolvidos
formam um banco de dados com indicadores de qualidade de projeto, este
método tem potencial para ser aplicado ao projeto de novas edificações, por
meio da avaliação de resultados do processo de projeto, a fim de melhorar
a qualidade do produto final. No entanto, este potencial não foi objeto deste
trabalho e, para que ele possa ser aplicado com este fim, são necessários
estudos mais aprofundados.
Nesta pesquisa o método de avaliação foi aplicado apenas ao projeto
da Biblioteca de São Paulo. Apesar de esta avaliação ter apresentado bons
resultados e de seu uso ter possibilitado uma maior compreensão sobre as
qualidades e problemas do projeto, são necessárias mais aplicações para
compreender como padrões se comportam na avaliação de diferentes
projetos. Um número maior de avaliações possibilitaria a inclusão de novos
24 Gestão e Tecnologia de Projetos
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, Daniel de Carvalho Moreira
padrões que pudessem ser observados nos projetos e consequentemente a
complementação, ampliação e revisão do banco de dados.
Para Van Der Voordt e Van Wegen (2005) avaliar significa atribuir valor.
Ou seja, avaliar é confrontar um produto de projeto com um conjunto de
requisitos para determinar se eles são satisfeitos ou não pelo resultado
final. Portanto, uma avaliação só representa a qualidade de um projeto se os
requisitos com os quais se avalia forem abrangentes e precisos. Esta aplicação
da “Pattern language” (ALEXANDER, 1977) para a elaboração de um método
de avaliação pode servir de ponto de partida para a elaboração de outras
metodologias de avaliação e de projeto.
AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer à CAPES pelo apoio financeiro
recebido para o desenvolvimento desta pesquisa.
REFERÊNCIAS
AFLALO & GASPERINI ARQUITETOS.
Biblioteca São Paulo. Disponível em:
<http://www.aflaloegasperini.com.br/
projeto/biblioteca-sao-paulo>. Acesso
em:23 abr.2012.
ALEXANDER, C. A pattern language:
town, buildings, construction. New York:
Oxford University Press,1977.1171p.
ALEXANDER, C. The Oregon
experiment. New York: Oxford
University Press,1975.
ALEXANDER, C. The timeless way of
building. New York: Oxford University
Press,1979.
BENTON FOUNDATION. Buildings,
books and bytes: libraries and
communities in the digital age.
Washington,1996. Disponível em: <http://
benton.org/archive/publibrary/kellogg/
buildings.html>. Acesso em:18 fev.2012.
COMMISSION FOR ARCHITECTURE
& THE BUILT ENVIRONMENT-CABE.
Better public libraries.
Londres,2003.28 p.Disponível em:
<www.cabe.org.uk/files/better-public-
libraries.pdf>. Acesso em:18 fev.2012.
COORDENADORIA DO SISTEMA
NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS.
Biblioteca Pública: princípios e
diretrizes. Rio de Janeiro: Fundação
Biblioteca Nacional,2000.160p.
Disponível em: <www.bn.br>. Acesso
em:19 maio2011.
DAHLGREN, A. Public library space
needs: a planning outline. Madison:
Department of Public Instruction,1998.
Disponível em: <http://dpi.wi.gov/pld/
plspace.html>. Acesso em:5 nov.2010.
DAHLKILD, N. The emergence and
challenge of the modern library building:
ideal types, model libraries, and guidelines,
from the enlightenment to the experience
economy. Library Trends, Champaign,
v.60, n.1, p.11-42,2011. http://dx.doi.
org/10.1353/lib.2011.0027
DRABENSTOTT, K. M.; BURMAN, C. M.
Analytical review of the library of the
future. Washington: Council on Library
Resources,1994.208p. Disponível em:
<http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/dow
nload?doi=10.1.1.116.9658&rep=rep1&type
=pdf>. Acesso em:20 nov.2009.
FAULKNER-BROWN, H. Design criteria
for large academic libraries. Paris:
UNESCO,1997. p.257-267. (World
Information Report1997/98).
GANN, D.; SALTER, A.; WHYTE, J.
Design quality indicator as a tool
for thinking. Building Research
and Information, London, v.31,
n.5, p.318-333,2003. http://dx.doi.
org/10.1080/0961321032000107564
GILL, P.etal. The public library
service: IFLA/UNESCO guidelines
for development. Munique: K. G.
Saur,2001.116p. (IFLA Publications, n.97).
http://dx.doi.org/10.1515/9783110961959
INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL.
Premiação IAB/SP2010. São Paulo.
Disponível em: <http://www.iabsp.org.br/
concurso.asp?ID=136>. Acesso em:28
set.2012.
KOWALTOWSKI, D. C. C. K.etal.
Reflexão sobre metodologias de projeto
arquitetônico. Ambiente Construído,
Porto Alegre, v.6, n.2, p.7-19,2006.
2013 jul.-dez.; 8(2):7-25 25
Aplicação da Linguagem de Padrões à Avaliação de Projetos de Biblioteca Pública
LEIGHTON, P. D.; WEBER, D. C. Planning
academic and research library
buildings. Chicago: American Library
Association,2000.593p.
LIBRIS DESIGN PROJECT. Disponível em:
<www.librisdesign.org>. Acesso em:28
set.2012.
MARTINS, C.; LARSEN, P. Ampliar espaços
e mentes: arquitetos transformam o
centro de exposições do Parque da
Juventude em uma biblioteca interativa.
Revista aU, São Paulo, n.193,2010.
McDONALD, A. The ten commandments
revisited: the qualities of good library
space. Liber Quarterly, Munich, v.16,
n.2,2006.
NAIR, P.; FIELDING, R. The language of
school design: design patterns for21st
century schools. Minneapolis: Design
Share,2005.122 p.
OGDEN, B. Collection preservation in
library building design. California: Libris
Design Project,2004.28p. Disponível em:
<www.librisdesign.org>. Acesso em:4
out.2010.
PADILLA, L. Site selection for libraries.
California: Libris Design Project,2002.24
p.Disponível em: <www.librisdesign.org>.
Acesso em:4 out.2010.
SÃO PAULO (Estado). Serra inaugura
biblioteca pública no Parque da Juventude.
SP Notícias, São Paulo,8 fev.2010.
Disponível em: <www.saopaulo.sp.gov.
br/spnoticias/lenoticia.php?id=207692>.
Acesso em:23 abr.2012.
SANDS, J. Sustainable library
design. California: Libris Design
Project,2002.26p. Disponível em:
<www.librisdesign.org>. Acesso em:4
out.2010.
SANNWALD, W. W. Checklist of library
building design considerations.
Chicago: American Library
Association,2009.205p.
SERAPIÃO, F. Prédios institucionais
marcam fase final do Parque da
Juventude. PROJETOdesign,
n.344,2008.
SOUSA, M. N. P. O. Padrões em
projetos arquitetônicos de bibliotecas
públicas.2012.237f. Dissertação
(Mestrado)-Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Estadual de Campinas,
Campinas,2012. Disponível em: <http://
www.bibliotecadigital.unicamp.br/
document/?code=000896577>. Acesso
em:26 nov.2013.
THOMPSON, G. Planning and design of
library buildings. London: Architectural
Press,1973.183 p.
TRINKLEY, M. Considerações sobre
preservação na construção e reforma
de bibliotecas: planejamento para
preservação.2.ed. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional,2001.118p. (Projeto
Conservação Preventiva em Bibliotecas e
Arquivos).
VAN DER VOORDT, D. J. M.; VAN
WEGEN, H. B. R. Architecture in use:
an introduction to the programming,
design and evaluation of buildings. Oxford:
Architectural Press,2005.237p.
VILLAC, M. I. Prêmio APCA2011: categoria
“Obra de arquitetura em São Paulo”.
Drops, ano12,2011. Disponível em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/
read/drops/12.051/4152>. Acesso em:1
set.2012.
Correspondência
Daniel de Carvalho Moreira, damore@fec.unicamp.br
Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa, marcela_npos@yahoo.com.br
... Resgatar a metodologia ou as soluções propostas por Alexander permite-nos salientar as reflexões e diretrizes atuais de projeto levantadas por pesquisadores da qualidade ambiental (Barros & Kowaltowski, 2013;Oliveira e Sousa & Moreira, 2013) quanto à relação ambiente- comportamento humano, especialmente no que diz respeito à qualidade e diversidade socioambiental. ...
... A identificação dos parâmetros e algoritmos associados à relação ser humano-ambiente nos permitirá sínteses e avaliações mais dinâmicas, capazes de retroalimentar o processo de projeto orientando-o às decisões mais qualificadas para a solução de problemas sem que, no entanto, esta desconsidere tais relações. O processo de algoritmização e sua associação ao sistema de classificação BIM, proposto por este trabalho, abre caminho para a elaboração de algoritmos voltados não apenas à HIS, como também a outras tipologias de edifício, a partir de dados que podem ser comparados e verificados entre as publicações como as de Alexander, et al (1977), Barros (2008), Oliveira e Sousa & Moreira (2013). Ademais, permite que processos pparticipativos possam servir de estruturas iniciais ao desenvolvimento de novos algoritmos. ...
Article
Full-text available
O uso da Modelagem de Informação da Construção (BIM) tem transformado o setor de Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação. Entretanto, a exploração de alternativas de projeto continua um desafio, desperdiçando o enorme impacto que a tecnologia possui no auxílio à tomada de decisões qualificadas no início da projetação. A investigação na fase de concepção decorre da necessidade de integração à todas as etapas de projeto, permitindo que as informações geométricas ou não, sejam gerenciadas desde o início, fomentando um projeto integralizado. Tendo em consideração que BIM admite estas novas abordagens, examina-se a oportunidade e potencialidade de renovar a aplicabilidade de parâmetros de projeto (Alexander et al., 1977), assistindo a elaboração de algoritmos capazes de legitimar respostas aos problemas projetuais ainda no início do processo, podendo ser evidenciada no âmbito de projetos habitacionais de interesse social (HIS). Neste sentido, este artigo discute o uso combinado de ferramentas de autoria de modelos e de ferramentas baseadas em linguagem de programação visual no auxílio à etapa de concepção através do Enriquecimento Semântico em BIM. Esta metodologia provou ser viável no auxílio à tomada de decisão no processo de projeto de HIS. Os métodos aplicados no desenvolvimento desta metodologia podem ser reproduzidos com o propósito de qualificar outras tipologias de edifício.
Article
Full-text available
This paper discusses architectural design methods in view of the present day complexities of the creative process, technological advances and social and economic changes. This scenario demands a change in attitude and the application of more systematic procedures during the design process. Various design methods are presented which discuss the synthesis, analysis and evaluation of the important architectural factors. The potential of these methods are shown. Techniques and procedures for building performance assessment, design evaluation, and drawing and drafting are presented, as well as the use of physical and virtual models. Thus, the paper reflects upon the ways and means of how architects organize the search for high quality design solutions which satisfy human needs.
Book
Full-text available
Good architecture has both a high experience and a high utility value. The book Architecture in Use. An introduction to the programming, design and evaluation of buildings shows how the term ‘quality of use’ can be given physical form in the design of buildings. It describes the functions of a building and relates the functional quality to the architectural quality. The authors want to make clear to the reader that architecture is far more than just the language of shapes, colours and materials, beauty and emotion, or originality and meaning. Architectural design is a search for a careful synthesis of function, form and technology, within constraints as time, money and regulations.
Article
Full-text available
The Design Quality Indicator (DQI) is based on a research project to provide a toolkit for improving the design of buildings. It seeks to complement methods for measuring performance in construction by providing feedback and capturing perceptions of design quality embodied in buildings. The research team worked closely with the sponsors and an industry steering group to develop the indicators that could be readily used by clients and practitioners to better understand and promote value through design. The development and piloting process was explored within a context of lessons from earlier attempts by others. The three main elements of the DQI toolkit (conceptual framework, data-gathering tool, weighting mechanism) mapped the value of buildings in relation to their design for different uses and their ability to meet a variety of physical, aspirational and emotional needs of occupants and users. The DQI pilot studies consisting of five design and construction projects are discussed along with their graphical representation of results generated by end-users, individual team members and project teams. The process raises questions about the difficulties in the description and application of indicators for design quality. It is argued that the benefit of the DQI is a 'tool for thinking', rather than an absolute measure, because it has the potential to capture lessons from current building design for strategic future use as well as initiate, represent and inform discussions involving designers', clients', producers' and end-users' perceptions on the tangible and intangible aspects of possibilities within live design projects. The limitations of the approach, the next phase of development and further research issues are raised.
Article
The evolution of modern libraries has been closely related to the development of modernity in Western societies, both in relation to the development of social life in the last centuries and to the growing importance of reading, information, and knowledge and to the ideas of enlightenment, democracy, tolerance, and the open society. The increasing number of library buildings and the development of library space are part of the greater accessibility of information, the opening of the organization of knowledge, and the creation of a public sphere. This article examines the making of the modern library building and the related discourse by selecting important model buildings, guidelines, discussions, and experiments reflecting various cultural and social visions of democracy and openness. The perspective is international. An investigation is made of the physical as well as the social construction of the modern library space and of its identity and “libraryness.”