ArticlePDF Available

MAPEAMENTO GEOLÓGICO DA REGIÃO DA SERRA DOS TURVOS, CARATINGA (MG), SETOR SUL DO ORÓGENO ARAÇUAÍ

Authors:

Abstract and Figures

A área de estudo situa-se na parte sul do núcleo cristalino do Orógeno Araçuaí, próximo à fronteira com o Orógeno Ribeira. A característica fundamental da região é a abundância de rochas de alto grau metamórfico, na transição de fácies anfibolito-granulito. Uma cobertura metassedimentar neoproterozóica é a unidade dominante e está representada por paragnaisse migmatítico, bandado, com intercalações de quartzito, formação ferrífera micácea e formação ferrífera maciça. Corpos de anfibolito, pegmatito e charnockito também ocorrem na área. A principal estrutura dúctil é a foliação (Sn) regional, paralela ao bandamento composicional do granada-biotita paragnaisse. Fraturas são abundantes no quartzito e formação ferrífera maciça. As formações ferríferas são ricas em magnetita e formam corpos lenticulares com espessura decamétrica a centimétrica, concordantes com o bandamento composicional do granada-biotita paragnaisse. Preliminarmente, interpreta-se a gênese dessas formações ferríferas como sedimentar, durante a deposição dos protolitos areno-pelíticos do paragnaisse.Palavras-chave: metamorfismo de alto grau, formação ferrífera, Orógeno Araçuaí. ABSTRACT: GEOLOGICAL MAPPING OF THE SERRA DOS TURVOS REGION, CARATINGA (MG), SOUTHERN SECTION OF THE ARAÇUAÍ OROGEN. The study area is located in the southern part of the crystalline core of the Araçuaí orogen, close to the boundary with the Ribeira orogen. The main feature of the region is the abundance of high-grade metamorphic rocks of the amphibolite-granulite facies transition. A Neoproterozoic sedimentary cover is the dominant unit in the area and consists of migmatitic banded paragneiss with intercalations of quartzite, mica-bearing iron formation and massive iron formation. Amphibolite, pegmatite and charnockite bodies are also found in the area. The main ductile structure is the regional foliation (Sn) which is parallel to the compositional banding of the garnet-biotite paragneiss. Fractures are abundant in the quartzite and massive iron formation. The iron formations form lenticular bodies ranging in thickness from centimeters to decameters, which are concordant to the banding and foliation of the garnet-biotite paragneiss. Accordingly to field data, a sedimentary genesis can be suggested for the iron formations.Keywords: high grade metamorphism, iron formation, Araçuaí Orogen
Content may be subject to copyright.
23
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DA REGIÃO DA SERRA DOS TURVOS,
CARATINGA (MG), SETOR SUL DO ORÓGENO ARAÇUAÍ
Gláucia Queiroga1, Tiago Novo2, A. C. Pedrosa-Soares2
Recebido em 20/11/2011; aceito em 22/03/2012.
1. DEGEO - Escola de Minas-UFOP, Campus Morro do Cruzeiro, Ouro Preto, MG. glauciaqueiroga@yahoo.com.br
2. CPMTC-IGC-UFMG, Campus Pampulha, Belo Horizonte, MG. tiagonovo@gmail.com, pedrosa@pq.cnpq.br
RESUMO: A área de estudo situa-se na parte sul do núcleo cristalino do Orógeno Araçuaí, próximo à fronteira com o Orógeno Ribeira. A
característica fundamental da região é a abundância de rochas de alto grau metamórfico, na transição de fácies anfibolito-granulito. Uma
cobertura metassedimentar neoproterozóica é a unidade dominante e está representada por paragnaisse migmatítico, bandado, com
intercalações de quartzito, formação ferrífera micácea e formação ferrífera maciça. Corpos de anfibolito, pegmatito e charnockito também
ocorrem na área. A principal estrutura dúctil é a foliação (Sn) regional, paralela ao bandamento composicional do granada-biotita
paragnaisse. Fraturas são abundantes no quartzito e formação ferrífera maciça. As formações ferríferas são ricas em magnetita e formam
corpos lenticulares com espessura decamétrica a centimétrica, concordantes com o bandamento composicional do granada-biotita
paragnaisse. Preliminarmente, interpreta-se a gênese dessas formações ferríferas como sedimentar, durante a deposição dos protolitos
areno-pelíticos do paragnaisse.
Palavras-chave: metamorfismo de alto grau, formação ferrífera, Orógeno Araçuaí
ABSTRACT: GEOLOGICAL MAPPING OF THE SERRA DOS TURVOS REGION, CARATINGA (MG), SOUTHERN SECTION OF THE ARAÇUAÍ
OROGEN. The study area is located in the southern part of the crystalline core of the Araçuaí orogen, close to the boundary with the
Ribeira orogen. The main feature of the region is the abundance of high-grade metamorphic rocks of the amphibolite-granulite facies
transition. A Neoproterozoic sedimentary cover is the dominant unit in the area and consists of migmatitic banded paragneiss with
intercalations of quartzite, mica-bearing iron formation and massive iron formation. Amphibolite, pegmatite and charnockite bodies are
also found in the area. The main ductile structure is the regional foliation (Sn) which is parallel to the compositional banding of the garnet-
biotite paragneiss. Fractures are abundant in the quartzite and massive iron formation. The iron formations form lenticular bodies ranging
in thickness from centimeters to decameters, which are concordant to the banding and foliation of the garnet-biotite paragneiss.
Accordingly to field data, a sedimentary genesis can be suggested for the iron formations.
Keywords: high grade metamorphism, iron formation, Araçuaí Orogen
1.INTRODUÇÃO
A área da Serra dos Turvos situa-se no Município
de Santa Bárbara do Leste, sudeste de MInas Gerais,
e é coberta pela Folha Caratinga do Projeto Leste
(Pinto et al. 2001), na porção meridional do Orógeno
Araçuaí, próximo ao seu limite com o Orógeno
Ribeira (Fig. 1).
O presente artigo enfoca uma região dominada
por rochas de alto grau metamórfico e graníticas,
assim como o restante do núcleo do Orógeno Araçuaí
(Pedrosa-Soares et al. 2001, 2007), e apresenta novos
dados geológicos obtidos pela cartografia de detalhe
da região da Serra dos Turvos.
O mapa geológico da área, em escala 1:10.000, é
sustentado por cerca de 200 estações de campo,
englobando campos de blocos e matacões, saprólitos,
colúvio e afloramentos rochosos que, geralmente,
formam lajedos em encostas íngremes. O manto de
intemperismo é espesso, saibroso (quartzo-caulínico)
e de tons amarelo-avermelhados muito similares
entre as unidades de gnaisse, quartzito impuro,
formações ferríferas e pegmatito. Solo vermelho
escuro ocorre sobre corpos de anfibolito,
cartografados na porção norte do mapa.
As principais ocorrências minerais identificadas
na área do mapeamento são caulim e rochas
ornamentais (anfibolito e charnockito).
2. SÍNTESE GEOLÓGICA REGIONAL
Na região enfocada, Lima et al. (1974)
individualizaram unidades de gnaisse granatífero
com charnockito, gnaisse biotítico com charnockito,
gnaisse biotítico porfiroblástico, quartzitos e
charnockitos de estrutura maciça.
Costa (1978) descreveu um conjunto de biotita
gnaisses granatíferos com intercalações de
charnockito e quartzito micáceo.
Fontes et al. (1978) distinguiram duas unidades
na área região de Caratinga: i) Complexo
Charnoquítico, constituído de charnockitos de
estruturas maciça e gnáissica e, subordinadamente,
de rochas gabróicas, biotita gnaisse e biotita-granada
gnaisse; ii) Associação Barbacena-Paraíba do Sul,
composta por biotita gnaisse, biotita-granada gnaisse
e biotita-hornblenda-granada gnaisse, localmente
migmatizados, charnockito maciço e gnáissico,
mármore e rocha calcissilicática subordinada.
24
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
Figura 1 - Localização da área de estudo na Província
Mantiqueira Setentrional (modificado de Silva et al. 2005).
1, coberturas e rochas magmáticas fanerozóicas; 2, granitóides
sin-colisionais a pós-colisionais; 3, granitóides pré-colisionais a
sin-colisionais; 4, Formação Salinas; 5, Grupo Rio Doce;
6, Formação Ribeirão da Folha e Grupo Dom Silvério;
7, complexos paragnáissicos; 8, Terreno Embu; 9, Orógeno
Búzios; 10, unidades pré-Neoproterozóico; 11, localização da
área de trabalho; 12, limite do Cráton São Francisco.
Signorelli (2000) apresenta o mapa em escala
1:100.000 da Folha Caratinga, que engloba área da
Serra dos Turvos (Fig. 2). Nesta área, este autor
identificou duas unidades maiores: i) o Complexo
Juiz de Fora, subdividido em três sub-unidades de
acordo com o litotipo predominante: Pjf1, rochas de
composição tonalítica e subordinadamente granítica e
granodiorítica; Pjf2, enderbitos, opdalitos e noritos; e
Pjf3, rochas de composição diorítica, granodiorítica e
subordinadamente granítica gnaissificada; e ii) o
Tonalito Bom Jesus do Galho, representado por
tonalitos com granitos subordinadas, descritas como
rochas de granulação média a grossa e coloração
acinzentada, localmente bandadas, com porções
quartzo-feldspáticas e bandas máficas compostas por
biotita e granada, exibindo estrutura protomilonítica a
milonítica.
3. GEOLOGIA DA SERRA DOS TURVOS
O mapeamento realizado pelos autores na Serra
dos Turvos e arredores (Fig. 3) levou à identificação
e delimitação das seguintes unidades litológicas: i)
granada-biotita gnaisse de coloração cinza a bege,
foliado e/ou bandado, localmente migmatítico, com
raras intercalações de formação ferrífera
concordantes com o bandamento gnáissico; ii)
quartzito puro a micáceo, de granulação variável
entre média e grossa; iii) formação ferrífera maciça,
magnética ou não; iv) formação ferrífera micácea,
localmente bandada; v) anfibolito de coloração
esverdeada, granulação variável entre fina e média,
foliado; vi) pegmatito simples, não zonado. Além
destas unidades são também identificadas, mas
representadas como pontos, as ocorrências de
granitóide charnoquítico que não constitui corpos
mapeáveis na escala do trabalho.
3.1. Granada-biotita gnaisse
Esta unidade predomina largamente na região da
Serra dos Turvos, ocupando aproximadamente 90%
da área mapeada (Fig. 3). Os afloramentos rochosos
in situ são escassos, predominando campo de blocos,
matacões e saprólito. O intemperismo é um fator
importante na determinação desta unidade, pois,
geralmente, o granada-biotita gnaisse encontra-se
friável, com médio a alto grau de alteração
intempérica, mostrando porções cauliníticas, nódulos
de manganês e cristais de granada alterados em meio
a uma matriz quartzo-caulinítica (Fig. 4A).
O litotipo clássico desta unidade é um gnaisse
paraderivado de coloração cinza a bege e granulação
variável entre fina e média e subordinadamente entre
média e grossa. É composto por quartzo,
plagioclásio, biotita, granada e feldspato potássico,
com zircão, apatita, monazita e minerais opacos
ocorrendo de forma subordinada. A associação
mineralógica feldspatos + biotita + quartzo + granada
indica metamorfismo de fácies anfibolito (Yardley
2004).
O granada-biotita gnaisse encontra-se
migmatizado em intensidades diversas.
afloramentos onde a rocha está simplesmente foliada
(foliação paralela ao bandamento), sem o menor sinal
de anatexia, assim como há locais onde o paragnaisse
ocorre completamente migmatítico, com grande
quantidade de leucossoma quartzo-feldspático (Figs.
4B a 4D). O bandamento reflete proporções diversas
entre seus minerais félsicos e máficos, ou, onde
migmatizado, a alternância de bandas escuras
(paleossoma ou melanossoma de neossoma) com
bandas compostas de neossoma granítico. As
estruturas migmatíticas predominantes são dobras
ptigmáticas e schlieren (Figs. 4G e 4H).
25
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
Figura 2 - Mapa geológico regional simplificado (modificado de Signorelli 2000).
A foliação (Sn) é materializada pela orientação de
biotita e localmente apresenta-se milonítica (Figs. 4B
e 4C). Apresenta direção variável entre N25W e
N10E, com mergulho médio a alto para E (Fig. 5).
Quartzo e feldspatos ocorrem estirados ao longo de
Sn (Figs. 4C e 4D), mas também formam mosaicos
granoblásticos. Porfiroblastos de granada,
comumente rotacionados, mostram sombras de
pressão assimétricas (Fig. 4D).
Em meio às bandas do granada-biotita gnaisse
ocorrem intercalações de formação ferrífera maciça.
São lentes milimétricas a decimétricas, paralelas à
foliação regional e ao bandamento do gnaisse (Figs.
4E e 4F). Apresentam estrutura predominantemente
maciça, sendo mais resistentes ao intemperismo que
o paragnaisse.
26
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
Figura 3 - Mapa geológico da Serra dos Turvos e arredores.
3.2. Quartzitos
Os quartzitos constituem corpos alongados de
direção N-S e intercalam-se na unidade de gnaisse
granatífero, paralelamente à foliação regional e ao
bandamento gnáissico. Onze corpos de quartzito são
identificados na área mapeada (Fig. 3). Assim como
no caso do granada-biotita gnaisse, os quartzitos
também ocorrem mais comumente em campos de
blocos e saprólitos. O intemperismo atua de forma
moderada a alta nos quartzitos, ressaltando os
sistemas de fraturas (Fig. 6).
A maioria dos corpos quartzíticos são maciços e
homogêneos, com granulação variável entre média e
grossa. São constituídos, basicamente, por grãos de
quartzo recristalizados. Micas aparecem como
minerais acessórios em proporções variáveis. O
domínio rúptil está representado nesta litologia por
fraturas de direções dispersas, com espaçamento
milimétrico a decimétrico. A despeito desta
dispersão, direções preferenciais são identificadas. A
família de direção NNE e mergulho médio é a mais
comum. A família de direção ESE também com
mergulho médio ocorre com moderada abundância
(Fig. 7). Subordinadamente, uma terceira família
de fraturas que apresenta mergulho alto e direção
variável (ora NW ora WSW).
3.3. Formação ferrífera maciça
A formação ferrífera maciça é encontrada em
apenas três afloramentos rochosos, dois de saprólitos
e um colúvio, localizados nos extremos sul e norte da
área mapeada (Fig. 3). São corpos aparentemente
lenticulares, encaixados concordantemente em
granada-biotita gnaisse, sem continuidade lateral
expressiva (no máximo 50 m). Constituem corpos
magnéticos ou não, compostos basicamente por
magnetita ou hematita.
No afloramento principal, localizado no topo da
Serra dos Turvos (UTM: 802883 e 7785907), a
formação ferrífera é rica em magnetita e possui
aproximadamente 10 m de espessura aflorante (Figs.
8A e 8B). Apresenta três sistemas de fraturas
27
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
preferenciais, de mergulho íngreme a vertical, com
direções a NW, NE e N-S. No saprólito localizado
próximo à BR-116 (UTM: 800565, 7793974), a
formação ferrífera apresenta composição próxima a
de um hematitito e intercalações decimétricas de
gnaisse granatífero intemperizado, com porções
cauliníticas (Fig. 8C). Veios quartzo-feldspáticos
subhorizontais estão presentes em toda a extensão do
afloramento. A espessura estimada é de 20 m, sendo
pouca a extensão lateral. Três sistemas de fraturas
preferenciais, de mergulho médio a alto (50-90°) e
direções a NW, NE e N-S também foram
identificados. O colúvio (UTM: 800558, 7793921)
apresenta espessura de aproximadamente 4 metros e
é composto por formação ferrífera não magnética
(Fig. 8D).
Figura 4 - Feições do granada-biotita da área mapeada. A, cristais de granada (diâmetro de até 5,0 cm) em saprólito de granada-biotita
gnaisse; B, gnaisse finamente bandado; C, feições miloníticas na foliação Sn, com feldspatos ocelares; D, detalhe de granada e feldspato
rotacionados; E, e F, Intercalação centimétrica de formação ferrífera em granada-biotita gnaisse; G, estrutura pitgmática; H, gnaisse
bandado com estrutura schlieren.
28
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
Figura 5 - Estereograma de contorno (41 medidas, hemisfério
inferior) para a foliação regional do granada-biotita gnaisse.
Figura 6 - Saprólito de quartzito puro ressaltando os sistemas de
fraturas.
Figura 7 - Diagrama de roseta da direção dos planos de fratura,
13 medidas, com pétalas dominantes a N10E e N70W.
3.4. Formação ferrífera micácea
Oito ocorrências de formação ferrífera micácea
são cartografadas na área mapeada. Trata-se de
corpos alongados na direção N-S, paralelos ao
bandamento gnáissico (Fig. 3).
A formação ferrífera micácea é uma rocha de
coloração acinzentada, granulação variável entre fina
e média, localmente bandada, constituída de
magnetita (martita), biotita e subordinadamente
quartzo (Figs. 9A e 9B). Em determinadas porções os
cristais de magnetita atingem até 2 cm de diâmetro
(Fig. 9B).
3.5. Anfibolito
Esta unidade apresenta ocorrência muito restrita.
Trata-se de um corpo alongado na direção NE-SW,
paralelo à xistosidade principal do gnaisse
granatífero. O anfibolito apresenta coloração
esverdeada, granulação variável entre fina e média,
foliação penetrativa e mineralogia principal composta
por cristais de anfibólio e plagioclásio. Uma
característica indicativa é a presença de solo
vermelho-escuro a roxo na área de abrangência desta
litologia.
3.6. Pegmatitos
Os pegmatitos ocorrem, quase sempre, como
bolsões de dimensões métricas a decamétricas,
encaixados nos gnaisses granatíferos. Na escala do
mapa, somente dois corpos puderam ser delimitados:
um nas proximidades da BR-116 e outro no extremo
sul da área mapeada. São corpos simples, não
zonados, desprovidos da foliação regional,
compostos por quartzo, feldspato e mica branca
(diâmetro médio de 4 cm; Fig. 10A). Processos de
alteração, como caulinização dos feldspatos, são
comuns, o que faz destes corpos importantes alvos
para prospecção de caulim (Figs. 10B e 10C).
3.7. Granitóides Charnoquíticos
Os granitóides charnoquíticos possuem
ocorrência pontual, não sendo mapeáveis na escala
deste trabalho. A rocha apresenta coloração
esverdeada, granulação variável entre média e grossa
e é composta por ortopiroxênio, clinopiroxênio,
hornblenda, biotita, quartzo, plagioclásio, ortoclásio,
apatita e minerais opacos. Geralmente, ocorre
maciço, mas localmente apresenta foliação incipiente
materializada pela biotita, caracterizando textura
lepidogranoblástica. Associam-se ao paragnaisse
granatífero, porém não se observou uma relação de
contato entre estas unidades.
29
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
Figura 8 - Fotografias da formação ferrífera maciça. A, visão geral da formação ferrífera maciça magnética, com três sistemas de fraturas
preferenciais; B, detalhe da fotografia anterior; C, formação ferrífera não magnética, com intercalações de gnaisse granatífero
intemperizado; D, colúvio de formação ferrífera não magnética.
Figura 9 - Fotografias da formação ferrífera micácea. A, formação ferrífera micácea bandada; B, grandes cristais de magnetita nas bandas
ricas em biotita.
30
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
Figura 10 - Feições dos pegmatitos da área mapeada. A, detalhe da mica branca com diâmetro de 5 cm; B, pegmatito caulinizado; C,
entrada de galeria de exploração de caulim localizada na BR-116, próximo a Santa Bárbara do Leste.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os gnaisses granatíferos encontrados na área de
estudo, anteriormente mapeados como “Tonalito
Bom Jesus do Galho” (Fig. 2; Signorelli 2000) são,
de fato, gnaisses paraderivados ricos em plagioclásio,
além de granada, provavelmente devido à
contribuição sedimentar provinda do arco magmático
do Orógeno Araçuaí em uma bacia de antearco
(Belém et al. 2011, Pedrosa-Soares et al. 2011,
Gradim 2012).
As formações ferríferas são corpos lenticulares
concordantes com a foliação regional e/ou
bandamento gnáissico, indicando que podem ter sido
depositadas durante a sedimentação dos protólitos
areno-pelíticos dos paragnaisses.
Corpos de formações ferríferas já foram descritos
anteriormente a sudoeste de Caratinga, nos arredores
de Viçosa (Gradim et al. 2011). Estes autores citaram
ocorrências de pequeno porte de formação ferrífera
de granulação grossa, foliada a bandada, composta
por hematita, magnetita e quartzo. A gênese atribuída
às formações ferríferas descritas por Gradim et al.
(2011) é estritamente hidrotermal, relacionada à
percolação de fluidos na Zona de Cisalhamento de
Ponte Nova. As formações descritas neste trabalho
provavelmente são de origem sedimentar, associada a
deposição de óxidos de ferro durante a sedimentação
dos protólitos do granada-biotita gnaisse. Esta
interpretação, contudo, necessita ser suportada
através de estudos sistemáticos, principalmente
petrográficos e geoquímicos.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq e a CAPES, por
bolsas e auxílios à pesquisa, e a dois revisores
anônimos de GEONOMOS.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
31
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012
www.igc.ufmg.br/geonomos
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais
Belém, J., Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Silva, L.C., Armstrong,
R., Fleck, A., Gradim, C., Queiroga, G. 2011. Bacia precursora
versus bacias orogênicas: exemplos do Grupo Andrelândia
com base em datações U-Pb (LA-ICP-MS) em zircão e análises
litoquímicas. Geonomos, 19 (2): 224-243.
Costa, M.T. 1978. Nota explicativa do Mapa Geológico do Estado
de Minas Gerais, escala 1:500.000. IGA/ Instituto de
Geociências Aplicadas, Belo Horizonte, 39 p.
Ebert, H. 1955. Pesquisas na parte Sudeste do Estado de Minas
Gerais. Boletim DNPM-DGM, Rio de Janeiro, 79-89.
Fontes, C.Q., Netto, C., Costa, M.R.A. 1978. Projeto Jequitinhonha.
CPRM-DNPM, Belo Horizonte.
Gradim, D.T., Queiroga, G., Novo, T., Noce, C.M., Pedrosa-Soares,
A.C., Romano, A.W., Martins, M., Alkmim, F.F., Basto, C.F.,
Suleimam, M.A. 2011. Geologia da região de Jequeri-Viçosa
(MG), Orógeno Araçuaí Meridional. Geonomos, 19(2), 107-
120.
Gradim, D.T. 2012. O Orógeno Araçuaí na Região de Viçosa,
Sudeste de Minas Gerais. UFMG-IGC, Dissertação de
Mestrado, 130p.
Lima, J.O.A. de, Ferreira, C.M., Schmidt, J.C. 1974. Relatório do
Mapeamento do Setor G da Geotransversal E-W. MME-
DNPM-UFOP, Ouro Preto.
Mendes, I.A.; Dantas, M.; Bezerra, L.M.M. 1987. Geomorfologia.
In: Projeto RADAMBRASIL: Folha Rio Doce SE.24, IBGE, Rio de
Janeiro.
Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Wiedemann, C., Pinto, C.P.
2001. The Araçuaí-West-Congo Orogen in Brazil: An overview
of a confined orogen formed during Gondwanaland
assembly. Precambrian Research. 110:307-323.
Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Alkimim, F.F., Silva, L.C.,
Babinski, M., Cordani, U., Castañeda, C. 2007. Orógeno
Araçuaí: Síntese do conhecimento 30 anos após Almeida
(1977). Geonomos, 15 (1): 116.
Pedrosa-Soares, A.C., De Campos, C., Noce, C.M., Silva, L.C., Novo,
T., Roncato, J., Medeiros, S., Castañeda, C., Queiroga, G.,
Dantas, E., Dussin, I.A., Alkmim, F.F. 2011. Late
NeoproterozoicCambrian granitic magmatism in the Araçuaí
orogen (Brazil), the Eastern Brazilian Pegmatite Province and
related mineral resources. Spec. Publ. Geol. Soc. London, 350:
25-51.
Signorelli, N. 2000. Folha Caratinga, escala 1:100.000. In: C.P.
Pinto et al. 2001. Projeto Leste. CD-ROM e mapas impressos,
CPRM-CODEMIG, Belo Horizonte.
Yardley, B.W.D. Introdução à petrologia metamórfica (Tradução
Reinhardt A. Fuck). Editora Unb, Brasília, 434p.
... The study areas cover parts of the eastern Araçuaí belt domain and the fore-arc to intra-arc regions of the Rio Doce arc domain, where the main metasedimentary successions, including the sampled paragneisses, have been ascribed to the Andrelândia Group (Figs. 1 and 2). The geological framework for both studied areas (1 and 2) resulted from systematic field mapping on the cartographic sheets named Jequeri (Queiroga et al., 2012a(Queiroga et al., , 2012b, Viçosa (Gradim et al., 2012) and Manhuaçu (Noce et al., 2006), for area 1, and Ubá (Noce et al., 2003) and Leopoldina (Heilbron et al., 2003), for area 2 (Fig. 2). ...
... The Mantiqueira complex, representing a 2.15-2.05 Ga continental magmatic arc (ε Nd(t) = −9 to −13; Noce et al., 2007), makes up the basement to the west of the ACsz suture, where the Santo Antônio do Grama ophiolitic suite was thrust on top of that Rhyacian gneissic complex (Queiroga et al., 2012a(Queiroga et al., , 2012b. The Santo Antônio do Grama ortho-amphibolites (ε Nd(t) = + 3.51 to + 1.08) yielded U-Pb zircon ages around 600 Ma for the magmatic crystallisation, and c. 570 Ma for the regional metamorphism (Queiroga, 2010). ...
... It was deformed together with orthogranulites of the Juiz de Fora complex, forming complex tectonic structures (Fig. 2). Along the large Abre Campo shear zone, as well as in other shear zones of the region, pseudo-quartzites and iron formations represent distinct products of intense leaching and hydrothermal activity linked to the ductile deformation (Gradim et al., 2012;Queiroga et al., 2012aQueiroga et al., , 2012b. The Serra dos Vieiras pluton, a deformed granite rich in paragneiss xenoliths, is a typical representative of the collisional G2 supersuite ( Fig. 2A). ...
Article
Full-text available
The Araçuaí orogen and the Ribeira belt make up a complex Neoproterozoic-Cambrian orogenic system, the Araçuaí-Ribeira orogenic system (AROS) located from the eastern to southeastern Brazil. Along the AROS, the Ediacaran Rio Doce magmatic arc represents a geotectonic connection between the Araçuaí and the Ribeira orogenic domains. Although the nature and evolution of the Rio Doce plutonic rocks is regionally well established, it lacks detailed studies on the paragneisses found along the western and central regions of this magmatic arc. Besides information on the nature and provenance of their sedimentary protoliths, the paragneisses provide data to unravel the palaeogeographic scenario from the precursor to arc-related basins. Six samples of Al-rich gneisses covering a large AROS region were selected for electron microprobe (EMP) mineral analyses in order to obtain geothermobarometric data and monazite ages, as well as for Laser Ablation-Inductively Coupled Plasma-Mass Spectrometry (LA-ICP-MS) isotopic analyses on zircon (U-Pb, Lu-Hf) and monazite (U-Pb). The different age spectra from detrital zircon grains and contrasting Hf isotopic signatures suggest a complex sedimentary history. Located in the western sector of the study region, the samples RC-02 and RC-34, with an 80% age peak of detrital zircon grains from 2158 Ma to 1830 Ma, εHf(t) from − 2.2 to − 22.7, and Hf TDM model ages from 3530 Ma to 2440 Ma, suggest sediment sources located in the São Francisco craton basement. The samples RC-03, also from the western sector, and RC-46 from the southern sector, have a more complex assemblage of detrital zircon grains with an 87% age peak from 987 Ma to 592 Ma, εHf(t) from + 14.9 to − 2.9, and Hf TDM model ages from 2220 Ma to 720 Ma, indicating provenance from mainly juvenile sources of distinct ages. Candidates to be juvenile sources for RC-03 and RC-46 sedimentary protoliths are the Rhyacian Juiz de Fora and Pocrane complexes in the basement of the Rio Doce arc, the Neoproterozoic Rio Negro arc system of the Ribeira belt, and AROS ophiolite complexes. Samples RC-30 and RC-38 from the eastern sector of the study region, with most detrital zircon ages between 650 Ma and 552 Ma and very negative εHf(t) (− 25.3 to − 16.5), suggest main sediment sources in the Rio Doce arc. By extending U-Pb analyses on metamorphic zircon and monazite, we have identified a complex timing of metamorphism, represented by metamorphic ages ranging from 621 Ma to 480 Ma, with the main collisional activity between 580 Ma and 540 Ma. Geothermobarometric studies on garnet porphyroblasts, syn-kinematic to the D2 regional foliation, show a retrograde metamorphic path typical of continental collision belts, starting with P-T conditions of Tmax = 733 °C and Pmax = 6.43 kbar. Our data also suggest: i) the studied paragneisses represent distinct Neoproterozoic basin stages, shifting from passive to active margin settings; ii) if the Rio Negro arc system really provided sediments for the basin stage represented by the RC-03 and RC-46 paragneisses, it would have amalgamated with the AROS before 614 Ma; iii) the final amalgamation of Western Gondwana took place around 540 Ma in the focused region; iv) an important re-heating period (520–480 Ma) can be related to the AROS gravitational collapse, after Western Gondwana assembly.
Article
Full-text available
Resultados de datações U-Pb (LA-ICP-MS) sobre zircões e análises litoquímicas de amostras de paragnaisse e xisto do Grupo Andrelândia, coletadas desde sua área-tipo até a região de alto grau metamórfico do sistema orogênico Araçuaí-Ribeira, evidenciam que esta extensa unidade estratigráfica inclui representantes de bacia precursora de margem continental passiva, representada pelo Grupo Andrelândia Inferior (paragnaisse de Madre de Deus, Seqüência Carrancas), com idade máxima em ca. 950 Ma e fontes sedimentares diversificadas, datadas do Toniano ao Neoarqueano; e de bacias orogênicas, representadas pela Unidade Santo Antônio do Grupo Andrelândia Superior e paragnaisses de alto grau metamórfico da região de Ubá-Carangola, com idade máxima em torno de 640 Ma e extrema concentração de áreas-fontes neoproterozóicas. As análises litoquímicas apontam para larga predominância de fontes sedimentares situadas em arcos magmáticos, mas a amostra que melhor indica a bacia precursora (o paragnaisse de Madre de Deus, Seqüência Carrancas) tem assinatura similar a depósitos de margem continental passiva. Amostras de paragnaisse migmatítico revelam a idade de ca. 565 Ma para o clímax metamórfico-anatético na zona de fronteira Araçuaí-Ribeira. Destaca-se que o Grupo Andrelândia Superior, na forma como é representado em mapas atuais, incluiria pelo menos duas bacias orogênicas, i.e., uma, na Faixa Brasília e, outra, no sistema Araçuaí-Ribeira.Palavras-chave: geocronologia U-Pb, litoquímica, Grupo Andrelândia ABSTRACT: PRECURSOR BASIN VERSUS OROGENIC BASINS: EXAMPLES FROM THE ANDRELÂNDIA GROUP BASED ON ZIRCON U-Pb (LA-ICP-MS) AND LITHOCHEMICAL ANALYSIS. Results from zircon U-Pb (LA-ICP-MS) and lithochemical analysis on samples from the Andrelândia Group, collected from its type-area to the high grade core of the Araçuaí-Ribeira orogenic system, suggest that this extensive stratigraphic unit includes a precursor passive margin basin, represented by the Lower Andrelândia Group (Madre de Deus paragneiss, Carrancas sequence), with maximum depositional age around 950 Ma and diversified sediment sources dated from the Tonian to Neoarchean; and orogenic basin(s), represented by the Santo Antônio unit of the Upper Andrelândia Group and high grade paragneisses of the Ubá-Carangola region, with a maximum depositional age around 640 Ma and provenance extremely restricted to Neoproterozoic sources. Lithochemical analysis point to a large predominance of sediment sources located in magmatic arcs, but the sample representing the precursor basin shows signature similar to passive margin deposits. High grade paragneisses reveal the age of ca. 565 Ma to the metamorphic-anatectic climax in the Araçuaí-Ribeira boundary zone. It is important to notice that the Upper Andrelândia Group, as represented in current maps, includes at least two orogenic basins, i.e., the older, to the west, in the Brasília belt, and the younger, to the east, in the Araçuaí-Ribeira system.Keywords: U-Pb geochronology, lithochemistry, Andrelândia Group.
Article
Full-text available
The Araçuaí Fold Belt was defined as the southeastern limit of the São Francisco Craton in the classical paper published by Fernando Flávio Marques de Almeida in 1977. This keystone of the Brazilian geologic literature catalyzed important discoveries, such as of Neoproterozoic ophiolites and a calc-alkaline magmatic arc, related to the Araçuaí Belt and paleotectonic correlations with its counterpart located in Africa (the West Congo Belt), that provided solid basis to define the Araçuaí-West-Congo Orogen by the end of the 1990th decade. After the opening of the Atlantic Ocean in Cretaceous times, two thirds of the Araçuaí-West-Congo Orogen remained in the Brazil side, including records of the continental rift and passive margin phases of the precursor basin, all ophiolite slivers and the whole orogenic magmatism formed from the pre-collisional to post-collisional stages. Thus, the name Araçuaí Orogen has been applied to the Neoproterozoic-Cambrian orogenic region that extends from the southeastern edge of the São Francisco Craton to the Atlantic coastline and is roughly limited between the 15º and 21º S parallels. After 30 years of systematic geological mapping together with geochemical and geochronological studies published by many authors, all evolutionary stages of the Araçuaí Orogen can be reasonably interpreted. Despite the regional metamorfism and deformation, the following descriptions generally refer to protoliths. All mentioned ages were obtained by U-Pb method on zircon. The Macaúbas Group records rift, passive margin and oceanic environments of the precursor basin of the Araçuaí Orogen. From the base to the top and from proximal to distal units, this group comprises the pre-glacial Duas Barras and Rio Peixe Bravo formations, and the glaciogenic Serra do Catuni, Nova Aurora and Lower Chapada Acauã formations, related to continental rift and transitional stages, and the diamictite- free Upper Chapada Acauã and Ribeirão da Folha formations, representing passive margin and oceanic environments. Dates of detrital zircon grains from Duas Barras sandstones and Serra do Catuni diamictites suggest a maximum sedimentation age around 900 Ma for the lower Macaúbas Group, in agreement with ages yielded by the Pedro Lessa mafic dikes (906 ± 2 Ma) and anorogenic granites of Salto da Divisa (875 ± 9 Ma). The thick diamictite-bearing marine successions with sand-rich turbidites, diamictitic iron formation, mafic volcanic rocks and pelites (Nova Aurora and Lower Chapada Acauã formations) were deposited from the rift to transitional stages. The Upper Chapada Acauã Formation consists of a sand-pelite shelf succession, deposited after ca. 864 Ma ago in the proximal passive margin. The Ribeirão da Folha Formation mainly consists of sand-pelite turbidites, pelagic pelites, sulfide-bearing cherts and banded iron formations, representing distal passive margin to oceanic sedimentation. Gabbro and dolerite with plagiogranite veins dated at ca. 660 Ma, and ultramafic rocks form tectonic slices of oceanic lithosphere thrust onto packages of the Ribeirão da Folha Formation. The pre-collisional, calc-alkaline, continental magmatic arc (G1 Suite, 630-585 Ma) consists of tonalites and granodiorites, with minor diorite and gabbro. A volcano-sedimentary succession of this magmatic arc includes pyroclastic and volcaniclastic rocks of dacitic composition dated at ca. 585 Ma, ascribed to the Palmital do Sul and Tumiritinga formations (Rio Doce Group), deposited from intra-arc to fore-arc settings. Detrital zircon geochronology suggests that the São Tomé wackes (Rio Doce Group) represent intra-arc to back-arc sedimentation after ca. 594 Ma ago. The Salinas Formation, a conglomerate-wacke-pelite association located to northwest of the magmatic arc, represents synorogenic sedimentation younger than ca. 588 Ma. A huge zone of syn-collisional S-type granites (G2 Suite, 582-560 Ma) occurs to the east and north of the pre-collisional magmatic arc, northward of latitude 20º S. Partial melting of G2 granites originated peraluminous leucogranites (G3 Suite) from the late- to post-collisional stages. A set of late structures, and the post-collisional intrusions of the S-type G4 Suite (535-500 Ma) and I-type G5 Suite (520-490 Ma) are related to the gravitational collapse of the orogen. The location of the magmatic arc, roughly parallel to the zone with ophiolite slivers, from the 17º30' S latitude southwards suggests that oceanic crust only developed along the southern segment of the precursor basin of the Araçuaí- West-Congo Orogen. This basin was carved, like a large gulf partially floored by oceanic crust, into the São Francisco-Congo Paleocontinent, but paleogeographic reconstructions show that the Bahia-Gabon cratonic bridge (located to the north of the Araçuaí Orogen) subsisted since at least 1 Ga until the Atlantic opening. This uncommon geotectonic scenario inspired the concept of confined orogen, quoted as a new type of collisional orogen in the international literature, and the appealing nutcracker tectonic model to explain the Araçuaí-West-Congo Orogen evolution.
Article
Full-text available
(DOI: 10.1144/SP350.3, http://sp.lyellcollection.org/content/350/1/25.abstract) The Araçuaí orogen extends from the eastern edge of the São Francisco craton to the Atlantic margin, in southeastern Brazil. Orogenic igneous rocks, formed from c. 630 to c. 480 Ma, cover one third of this huge area, building up the Eastern Brazilian Pegmatite Province and the most important dimension stone province of Brazil. G1 supersuite (630–585 Ma) mainly consists of tonalite to granodiorite, with mafic to dioritic facies and enclaves, representing a continental calc-alkaline magmatic arc. G2 supersuite mostly includes S-type granites formed during the syn-collisional stage (585–560 Ma), from relatively shallow two-mica granites and related gem-rich pegmatites to deep garnet-biotite granites that are the site of yellow dimension stone deposits. The typical G3 rocks (545–525 Ma) are non-foliated garnet-cordierite leucogranites, making up autochthonous patches and veins. At the post-collisional stage (530–480 Ma), G4 and G5 supersuites were generated. The S-type G4 supersuite mostly consists of garnet-bearing two-mica leucogranites that are the source of many pegmatites mined for tourmalines and many other gems, lithium (spodumene) ore and industrial feldspar. G5 supersuite, consisting of high-K–Fe calc-alkaline to alkaline granitic and/or charnockitic to dioritic/noritic intrusions, is the source of aquamarine-topaz-rich pegmatites but mainly of a large dimension stone production.
Article
Full-text available
The Neoproterozoic Adamastor-Brazilide Ocean was generated during the breakup of the Rodinia supercontinent, and remnants of its oceanic lithosphere have been found in the Brasiliano-Pan African orogenic system that includes the Araçuaı́, West-Congo, Brası́lia, Ribeira, Kaoko, Dom Feliciano, Damara and Gariep belts. The Araçuaı́ and the West-Congo belts are counterparts of the same Neoproterozoic orogen. The first belt comprises two thirds of the Araçuaı́-West-Congo Orogen. This orogen is rather unique owing to its confined nature within the embayment outlined by the São Francisco and Congo cratons. In spite of this, the presence of ophiolitic remnants, and a calc-alkaline magmatic arc, indicate that the basin/orogen evolution comprise both oceanic spreading and consumption. It is assumed that coeval Paramirim and Sangha aulacogens played a key role by making room for the Araçuaı́-West-Congo Basin. Sedimentary successions record all major stages of a basin that evolved from continental rift, when glaciation-related sedimentation was very significant, to passive margin. Rifting started around 1.0–0.9 Ga. The oceanic stage is constrained by an ophiolitic remnant dated at 0.8 Ga. If the cratonic bridge that once linked the São Francisco and Congo palaeocontinental regions did not hinder the opening of an ocean basin, it certainly limited its width. As a consequence, only a narrow oceanic lithosphere was generated, and it was subducted afterwards. This is also suggested by orogenic calc-alkaline granitoids occuping a small area of the orogen. Geochronological data for pre-, syn- and late-collisional granitoids indicate that the orogenic stage lasted from 625 Ma to 570 Ma. A period of magmatic quiescence was followed by intrusion of postcollisional plutons at 535–500 Ma. The features of the Araçuaı́-West-Congo Orogen suggest the development of a complete Wilson Cycle in a branch of the Adamastor Ocean, which can be interpreted as a gulf with limited generation of oceanic lithosphere.
  • G Queiroga
G. Queiroga et al. / Geonomos, 20(1), 23-31, 2012 www.igc.ufmg.br/geonomos
Universidade Federal de Minas Gerais Figura 10 -Feições dos pegmatitos da área mapeada. A, detalhe da mica branca com diâmetro de 5 cm; B, pegmatito caulinizado; C, entrada de galeria de exploração de caulim localizada na BR-116
  • Cpmtc-Centro Geonomos É Publicada Pelo
  • De Pesquisa Professor Manoel Teixeira Da Costa
  • Instituto De Geociências
Geonomos é publicada pelo CPMTC-Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais Figura 10 -Feições dos pegmatitos da área mapeada. A, detalhe da mica branca com diâmetro de 5 cm; B, pegmatito caulinizado; C, entrada de galeria de exploração de caulim localizada na BR-116, próximo a Santa Bárbara do Leste.
Nota explicativa do Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, escala 1:500.000. IGA/ Instituto de Geociências Aplicadas
  • M T Costa
Costa, M.T. 1978. Nota explicativa do Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, escala 1:500.000. IGA/ Instituto de Geociências Aplicadas, Belo Horizonte, 39 p.
Pesquisas na parte Sudeste do Estado de Minas Gerais
  • H Ebert
Ebert, H. 1955. Pesquisas na parte Sudeste do Estado de Minas Gerais. Boletim DNPM-DGM, Rio de Janeiro, 79-89.
  • C Q Fontes
  • C Netto
  • M R A Costa
Fontes, C.Q., Netto, C., Costa, M.R.A. 1978. Projeto Jequitinhonha. CPRM-DNPM, Belo Horizonte.
  • A C Pedrosa-Soares
  • C M Noce
  • F F Alkimim
  • L C Silva
  • M Babinski
  • U Cordani
  • C Castañeda
Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Alkimim, F.F., Silva, L.C., Babinski, M., Cordani, U., Castañeda, C. 2007. Orógeno Araçuaí: Síntese do conhecimento 30 anos após Almeida (1977). Geonomos, 15 (1): 1–16.