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Inventário de depressão de Beck: Propriedades psicométricas da versão em português

Authors:
Inventário de depressão de Beck:
propriedades psicométricas da versão em
português
Clarice Gorestein 1 e Laura Andrade 2
RESUMO
As propriedades psicométricas da versão em português do Inventário de Depressão de Beck (BDI) foram estudadas em
diferentes amostras. O primeiro estudo avaliou o perfil dos escores obtidos com o BDI em uma amostra de estudantes
universitários brasileiros e comparou-o com o obtido nas versões de diferentes línguas e culturas. A consistência interna
do BDI foi alta (0.81) e o padrão geral de resultados corroborou a validade de construto da versão em português. No
segundo estudo validamos a versão em português do BDI obtendo seu perfil em três amostras: estudantes universitários,
pacientes com pânico e pacientes com depressão. No terceiro estudo, por meio de análise fatorial e análise
discriminante, investigamos outras propriedades psicométricas, tais como diferenças de gênero na sintomatologia
depressiva em uma grande amostra não-clínica de universitários. Encontramos que mulheres combinam afeto e
autodepreciação na mesma dimensão, enquanto homens combinam conjuntamente a dimensão somática e a
autodepreciação. A análise discriminante mostrou que o BDI discrimina bem a sintomatologia depressiva e mede
aspectos específicos de depressão em estudantes.
Unitermos: Inventário de Depressão de Beck; Propriedades Psicométricas; Estudantes; Análise Fatorial; Sexo
ABSTRACT
Beck Depression Inventory: Psychometric Properties of the Portuguese Version
The psychometric properties of the Portuguese version of the Beck Depression Inventory (BDI) were studied on
different samples. The first study investigated the profile obtained with the BDI on a sample of Brazilian university
students and compared it with the obtained with versions on different languages and cultures. BDI’s internal
consistency was high (0.81) and the overall pattern of results provides evidence to support the construct validity of the
Portuguese version. On the second study we have validated the Portuguese version of BDI by obtaining profiles for
three samples: university students, panic and depressed patients. On the third study, conducting factorial and
discriminant analyses we reported additional psychometric properties as gender differences in depressive
symptomatology in a larger nonclinical college sample. We found that women combined affective and self-denigration
where as men combined somatic and self-denigration in the same dimension. Discriminant analysis showed that BDI
highly discriminates depressive symptomatology in college students and measures specific aspects of depression.
Key words: Beck Depression Inventory; Psychometric Properties; Students; Factorial Analysis; Gender
INTRODUÇÃO
O Inventário de Depressão de Beck ("Beck Depression Inventory"; Beck et al., 1961;
BDI) é provavelmente a medida de auto-avaliação de depressão mais amplamente usada
tanto em pesquisa como em clínica (e.g. Dunn et al., 1993), tendo sido traduzido para
vários idiomas e validado em diferentes países.
A escala original consiste de 21 itens, incluindo sintomas e atitudes, cuja intensidade
varia de 0 a 3. Os itens referem-se a tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de
satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, autodepreciação, auto-acusações,
idéias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da
imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio do sono, fadiga, perda de apetite,
perda de peso, preocupação somática, diminuição de libido (anexo 1).
As validades concorrentes do BDI em relação a outras avaliações clínicas de depressão,
tais como as escalas de Hamilton (Hamilton, 1960) e de Zung (Zung, 1965), são altas
para pacientes psiquiátricos (0,72 e 0,76, respectivamente; (Beck et al., 1988).
várias propostas de diferentes pontos de corte para distinguir os níveis de depressão
utilizando o BDI (Beck et al., 1961; Gotlib, 1984; Oliver e Simmons, 1984; Tanaka-
Matsumi e Kameoka, 1986; Louks et al., 1989). De acordo com Beck et al (1988), a
escolha do ponto de corte adequado depende da natureza da amostra e dos objetivos do
estudo. Para amostras de pacientes com transtorno afetivo o "Center for Cognitive
Therapy" (Beck et al., 1988) recomenda os seguintes pontos de corte: menor que 10 =
sem depressão ou depressão mínima; de 10 a 18 = depressão, de leve a moderada; de 19
a 29 = depressão, de moderada a grave; de 30 a 63 = depressão grave.
para amostras não diagnosticadas as diretrizes são diferentes. Steer (comunicação
pessoal) e Kendall et al. (1987) recomendam escores acima de 15 para detectar disforia e
concluem que o termo "depressão" deve ser apenas utilizado para os indivíduos com
escores acima de 20, preferencialmente com diagnóstico clínico concomitante.
Propriedades Psicométricas do Inventário de Depressão de Beck
Temos realizado vários estudos enfocando as propriedades psicométricas da versão em
língua portuguesa do Inventário de Depressão de Beck. No estudo inicial aplicamos o
questionário a uma amostra não-clínica de universitários com o objetivo de comparar
nossos resultados com os da literatura internacional em populações semelhantes.
a) Confiabilidade
Os sujeitos eram 270 estudantes (217 universitários, 53 graduados: 120 homens, 150
mulheres), com idade de 23,8±6,9 anos, provenientes de várias faculdades da cidade de
São Paulo. Os escores médios foram comparados quanto a sexo e nível educacional
usando testes t de Student. As categorias de idade (< 25, 26-30, 31-40, > 40 anos) foram
submetidas à análise de variância. A consistência interna foi calculada pelo coeficiente
alfa de Cronbach (Cronbach, 1951). Para as comparações interculturais utilizaram-se
testes t de Student com ajustes de Bonferroni.
Os resultados mostraram que não houve diferença em relação à idade e ao nível
educacional. O escore médio para a amostra total foi de 8,5 ± 7,0, tendo sido
significativamente maior para as mulheres (9,7 ± 7,8) do que para os homens (7,1 ± 5,6).
A grande maioria (n = 232; 86,9%) apresentou escores abaixo de 16; escores entre 16 e
20 foram presentes em 7,5% dos sujeitos (n = 20), enquanto escores acima de 20 foram
apresentados por 5,6% dos indivíduos (n=15). A consistência interna da escala foi 0,81
para a amostra total e 0,76 para a subamostra de homens e 0,83 para a de mulheres,
valores próximos aos resultados de uma meta-análise, estimando um coeficiente alfa de
0,81 para sujeitos não-psiquiátricos (Beck et al., 1988).
A comparação entre diferentes estudos (tabela 1) mostrou padrões semelhantes nas
diferentes culturas. Os resultados mostraram escores de Beck ao redor de 8,0, e, embora
tenham sido encontradas algumas diferenças, estas não devem ser consideradas como
expressando variações clinicamente significativas. Os resultados desse estudo
evidenciaram a validade de construto da versão do BDI em língua portuguesa e foram
publicados em Gorenstein et al. (1995)
TABELA 1
Médias e Desvios-padrão no Inventário de Depressão de Beck em amostras de
estudantes universitários obtidas em diferentes estudos e culturas
Estudo
Grupo
Escores Médios
Gorestein et al (1995)
Brasil
homens
mulheres
total
7,1 ± 5,6
9,7 ± 7,8
8,5 ± 7,0
Bourque e Beaudette (1982)
Canadá
total
6,1* ± 5,9
Gotlib (1984)
Canadá
homens
mulheres
total
7,0 ± 5,9
7,7 ± 5,9
7,5* ± 5,9
Tanaka-Matsumi e Kameoka
(1986)
Havaí
homens
mulheres
total
7,7 ± 6,9
8,0 ± 6,5
7,9 ± 6,6
Conde e Useros (1975)
Espanha
total
7,6 ± 6,7
Muran (1989)
EUA
total
8,3 ± 7,6
Lightfoot e Oliver (1985)
EUA
total
7,3 ± 6,9
* p=0,002
b) Validação
No estudo seguinte, avaliamos a validade do questionário em diferentes populações de
pacientes ambulatoriais, ansiosos e deprimidos, do Instituto de Psiquiatria, Hospital das
Clínicas, FMUSP, comparando seus escores com os dos universitários. A amostra de
pacientes ansiosos consistiu de 117 pacientes ambulatoriais (49 homens, 68 mulheres),
com idade de 35,3±8,7 anos, que preenchiam critérios para Transtorno do Pânico com ou
sem Agorafobia, de acordo com o DSM-III-R. O BDI foi respondido antes do início do
tratamento medicamentoso, após um período de duas semanas sem qualquer medicação.
A amostra de pacientes deprimidos consistiu de 31 pacientes (5 homens, 26 mulheres),
com idade de 49,6 ± 12,9 anos, que preenchiam critérios para Transtorno Depressivo
segundo o DSM-III-R. Os pacientes responderam ao questionário sob medicação, porém
durante a fase aguda de depressão, enquanto seus sintomas principais não haviam
remitido. As diferenças entre grupos foram comparadas por ANOVA, seguida por testes
t de Tukey, adotando um erro de 5%.
Mais uma vez as mulheres apresentaram escores significativamente mais altos que os
dos homens (13,2 ± 10,4 vs 9,6 ± 8,5). Os escores dos 3 grupos foram diferentes (p <
0,0001): os pacientes deprimidos apresentaram os escores mais elevados (25,2 ± 12,6),
os pacientes ansiosos apresentaram escores intermediários (15,8 ± 10,3), enquanto os
menores escores foram os da amostra de estudantes (8,5 ± 7,0). A consistência interna
para a amostra de pacientes deprimidos foi de 0,88, mais uma vez concordando com a
meta-análise que encontrou valores de 0,86 para pacientes psiquiátricos (Beck et al.,
1988).
Os escores da escala de Depressão de Hamilton, aplicada nos pacientes ansiosos (N =
115, 5,8 ± 5,2), correlacionaram-se com os do BDI (r = 0,53, p < 0,0001). Os escores do
BDI, de acordo com a subdivisão clínica dos pacientes com diagnóstico de Transtorno
Depressivo, foram: < 10 (N = 2) 6,5 ± 0,7 (6,7%); 10-18 (N = 9) 14,2 ± 2,3 (30,0%); 19-
29 (N = 7) 22,1 ± 4,1 (23,3%); > 29 (N = 12) 38,2 ± 7,3 (40,0%).
Os resultados obtidos, publicados em Gorenstein e Andrade (1996), confirmaram a
validade discriminante da versão em português do BDI, pela sua capacidade de
diferenciar pacientes deprimidos de ansiosos e de sujeitos normais.
c) Análise fatorial
Considerando a alta relevância das comparações transculturais entre estudos usando o
mesmo instrumento em diferentes línguas, ampliamos o estudo das propriedades
psicométricas do BDI acrescentando análise fatorial e análise discriminante e avaliando
as diferenças de sexo na sintomatologia depressiva em uma outra e mais ampla amostra
não-clínica de estudantes universitários. Esse estudo (Gorenstein et al., no prelo) foi
realizado em colaboração com Antonio Helio Guerra Vieira Filho (Prof. Dr., Médico do
Instituto de Psiquiatria, HCFMUSP), Teng Chei Tung (Pós-graduando, Departamento de
Psiquiatria FMUSP) e Rinaldo Artes (Prof. Dr., Departamento de Estatística, IMEUSP).
A amostra consistiu de 1.080 estudantes universitários (845 mulheres, 235 homens;
média de idade, 24,1 ± 6,4 anos) da cidade de São Paulo, pertencentes principalmente a
cursos noturnos. A amostra tem predominância de mulheres porque esse estudo estava
associado a outro planejado para avaliar sintomas físicos e psicológicos durante o último
período menstrual.
Novamente foram observados escores significativamente maiores para as mulheres do
que para os homens (11,4 ± 7,9 vs 9,9 ± 8,1). Indivíduos com menos de 30 anos
apresentaram escores significativamente maiores que o subgrupo com mais de 45 anos
(10,7 ± 7,7 vs 6,3 ± 4,9). A consistência interna, estimada como coeficiente alfa, foi 0,86
para a amostra total. As diferenças de idade e gênero encontradas nos escores BDI estão
de acordo com achados em outras culturas (p.ex. Weissman et al., 1991; Turner et al.,
1995; Mirowski e Ross, 1992; Baron e Campbell, 1993; Lehmicke e Hicks, 1995).
O escore médio total do BDI para os subgrupos de acordo com os pontos de corte não-
clínicos foram: < 15: 7, 6 ± 4,2 (76,6%); 16-20: 17,7 ± 1,3 (10,1%); > 20: 26,5 ± 5,5
(13,3%). Considerando a amostra total, 23,2% das mulheres em comparação com 16,2%
de homens apresentaram escores compatíveis com disforia/depressão (BDI > 16).
A análise fatorial de componentes principais com rotação varimax foi realizada para
avaliar a estrutura da escala, considerando a amostra total e os sexos (Johnson e
Wichern, 1992). O número de fatores obtidos para a escala varia muito entre os
diferentes estudos (p. ex. de 1 a 7 nos 21 estudos revisados por Beck et al., 1988).
Apesar da grande variação, dois fatores são constantemente encontrados para a escala de
Beck: o cognitivo-afetivo e o somático.
De acordo com a análise fatorial, foram extraídos 3 fatores para a amostra total,
responsáveis por 28,3%, 6,4% e 6,1% da variância respectivamente. Os coeficientes alfa
de Cronbach para as subescalas baseadas nos itens relacionados ao fator 1, 2 e 3 foram
0,76, 0,77 e 0,66, respectivamente.
Os itens relacionados com as escalas foram: fator 1: itens 3, de 5 a 8, 15; fator 2: itens 1,
2, 4, de 9 a 13; fator 3: itens: de 16 a 18, 20. O fator 1 representa a dimensão de
autodepreciação, enquanto o fator 2, cognição-afeto e o fator 3, a dimensão somática.
Esses três fatores obtidos para a amostra total são semelhantes aos obtidos por Steer et
al. (1987) e Startup et al. (1992) para pacientes deprimidos ambulatoriais.
Quando as amostras foram subdivididas quanto ao sexo, houve alteração nos resultados
da análise fatorial, extraindo-se dois fatores para cada subgrupo. Os itens associados a
esses fatores para as mulheres foram: fator 1: itens de 1 a 9, de 12 a 15; fator 2: itens 11,
de 16 a 19. O primeiro fator encontrado para as mulheres é muito semelhante ao
encontrado por Salamero et al. (1994) em mulheres grávidas não deprimidas. Os itens
associados aos fatores obtidos com o subgrupo de homens foram: fator 1: itens de 1a 4,
de 9 a 13, 21; fator 2: itens de 5 a 8, de 14 a 18, 20.
Segundo a análise fatorial as mulheres combinam autodepreciação e cognição-afeto no
fator 1 e a dimensão somática no fator 2, enquanto para os homens o fator 1 representa a
dimensão cognição-afeto, e o fator 2 representa as dimensões autodepreciação e
somática. Assim, a autodepreciação foi mais associada à experiência depressiva de
mulheres, enquanto nos homens ela aparece como um componente secundário. Steer et
al. (1989) também encontraram diferenças entre os sexos em uma análise de
componentes principais em uma amostra clínica: os homens combinaram sintomas
afetivos e de desempenho no mesmo fator, enquanto as mulheres combinaram sintomas
afetivos e cognitivos na mesma dimensão. As diferenças entre homens e mulheres na
expressão da depressão da sintomatologia depressiva precisam ainda ser confirmadas em
estudos futuros em uma população clínica com diagnóstico atual estabelecido por meio
de entrevista clínica e com uma distribuição balanceada de homens e mulheres.
d) Análise discriminante
Com a finalidade de checar se um conjunto específico de itens do BDI poderia
diferenciar os estudantes possivelmente deprimidos dos não-deprimidos, foi realizada,
nos dados da amostra anterior, uma análise discriminante usando como ponto de corte
escores acima de 20. Considerando que o Inventário de Depressão de Beck não é um
instrumento projetado para finalidades diagnósticas e nesse caso foi usado sem uma
avaliação clínica concomitante, nós optamos por um critério de ponto de corte mais
restritivo para avaliar a possibilidade de presença de depressão (Kendall et al., 1987).
Essa análise mostrou que o BDI discrimina bem a sintomatologia depressiva (97,5% de
classificação correta) em estudantes universitários.
Um outro aspecto a ser abordado é o de o que estaria realmente medindo o BDI em
amostras de estudantes. Segundo Gotlib (1984), em tais amostras o BDI seria apenas
uma medida de psicopatologia geral. Já de acordo com Hill et al. (1986), ele estaria
avaliando aspectos específicos de depressão. Para explorar mais profundamente essa
questão, nós conduzimos duas análises discriminantes considerando itens específicos e
não-específicos de depressão, definidos de acordo com Salamero et al. (1994).
O alto índice de classificação correta para os sujeitos deprimidos (86,5%) com base nos
itens específicos de depressão e para os não-deprimidos com base nos itens não
específicos de depressão (84,2%) e o maior índice de classificação incorreta para
deprimidos com base nos itens não específicos de depressão (80,0%) sugerem que o BDI
estaria medindo não apenas psicopatologia geral, mas também aspectos específicos de
depressão nessa amostra.
e) Adolescentes
Ampliamos nossos estudos avaliando também amostras de estudantes, de primeiro e
segundo grau, com idade de 13 a 17 anos. O estudo ainda está em andamento e conta
com a colaboração de estudantes de psicologia da USP (Elaine de Souza Zanolo e
Luciana Pajeck) e de Rinaldo Artes (Prof. Dr. Departamento de Estatística, IMEUSP).
Até o momento foram avaliados 374 adolescentes, sendo 195 do sexo feminino e 179 do
sexo masculino, com média de idade de 14,7 ± 2,1 anos, estudantes de escolas privadas e
uma pública da cidade de São Paulo. O escore médio para a amostra total foi de 7,5 ±
6,0. Não houve diferença entre escolas nem efeito de idade nos escores. O escore médio
foi semelhante ao da amostra de universitários do primeiro estudo, mas
significativamente diferente da segunda amostra pesquisada de universitários. Nessa
amostra também foram encontrados escores significativamente maiores para os
estudantes do sexo feminino do que para o masculino (8,5 ± 6,4 vs 6,4 ± 5,4), o que é
coerente com o observado em adultos e em outros estudos em adolescentes (Baron e
Campbell, 1993; Larsson e Melin, 1990; Olsson e von Knorring, 1997).
A distribuição dos escores de acordo com os pontos de corte foi semelhante à encontrada
com a primeira amostra de universitários: a grande maioria (n = 338; 90,4%) apresentou
escores abaixo de 16; escores entre 16-20 foram encontrados em 23 sujeitos (6,1%),
enquanto escores acima de 20 foram apresentados por 3,5% dos indivíduos (n =13). A
consistência interna da escala foi 0,79 para a amostra total e 0,74 para a subamostra do
sexo masculino e 0,81 para a do sexo feminino.
De acordo com a análise fatorial, foram extraídos 2 fatores para a amostra total,
responsáveis por 21,5% e 7,3% da variância respectivamente. Os coeficientes alfa de
Cronbach para as subescalas baseadas nos itens relacionados ao fator 1 e 2 foram 0,74 e
0,53 respectivamente. Os itens relacionados às escalas foram: fator 1: itens 1, 3, 4, de 6 a
9, 12, 14, 17; fator 2: itens 11, 13, 16, de 18 a 20.
Também foram extraídos dois fatores de acordo com o sexo. Para o sexo masculino, os
itens relacionados aos fatores foram: fator 1 (19,2% da variância, coeficientes alfa 0,69):
de 1 a 4, 7, 9, 12, 14, 17; fator 2 (8,7% da variância, coeficientes alfa 0,51): itens 6, 11,
13, 18, 19, 21. Para o sexo feminino, os itens relacionados aos fatores foram: fator 1
(23,1% da variância, coeficientes alfa 0,79): 1, 3, 4, de 6 a 8, de 12 a 15; fator 2 (7,7%
da variância, coeficientes alfa 0,54): itens 10, 11, de 16 a 19.
Embora tenham sido verificadas diferenças de sexo nas análises fatoriais, a estrutura
geral é semelhante, sendo que o fator 1 representa predominantemente a dimensão de
cognição-afeto, enquanto o fator 2 representa predominantemente a dimensão somática.
Conclusões mais específicas poderão ser extraídas quando os resultados forem
ampliados para amostras maiores de adolescentes.
CONCLUSÕES
Nosso estudo inicial em estudantes mostrou um padrão de resposta semelhante ao obtido
com versão original, bem como ao relatado em outros idiomas. Além disso, a alta
consistência interna da versão em português corrobora a validade de construto do
questionário. A adequação da versão em português para uso clínico foi evidenciada no
estudo de validade discriminante, em que diferenças significativas de escore foram
obtidas em diferentes amostras de pacientes ansiosos e deprimidos clinicamente
diagnosticados.
A ampliação do estudo das propriedades psicométricas do BDI mostrou uma estrutura
fatorial composta de três fatores, representando as dimensões cognição-afeto,
autodepreciação e somática. Quando a amostra foi subdividida de acordo com o sexo, a
análise fatorial mostrou diferenças de gênero na expressão da sintomatologia depressiva.
Além disso, os resultados indicaram que o BDI discrimina aspectos específicos de
depressão na subamostra com escores mais elevados.
Esses achados corroboram a validade da versão em língua portuguesa do Inventário de
Depressão de Beck em amostras clínicas e sua utilidade como uma medida de aspectos
específicos de depressão em populações não-clínicas.
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1. Profa. Dra. Departamento de Farmacologia, Instituto de Ciências Biomédicas,
Universidade de São Paulo, LIM-23, Laboratório de Investigação Médica, Psiquiatria.
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo
2. Instituto de Psiquiatria, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de
São Paulo
Endereço para correspondência: LIM-23. Departamento de Psiquiatria FMUSP, Caixa
Postal 3671 CEp 01060-970, São Paulo, SP. Tel/fax (011) 3069.6958
E-Mail : cgorenst@usp.br
Dúvidas ou sugestões: LF Tófoli ou Roberto B Sassi
Anexo 1
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça um
círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) diante da afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira
como você tem se sentido nesta semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num grupo parecerem se aplicar
igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes
de fazer a sua escolha.
1. 0 Não me sinto triste.
1 Eu me sinto triste.
2 Estou sempre triste e não consigo sair disso.
3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar.
2. 0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro.
1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro.
2 Acho que nada tenho a esperar.
3 Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem melhorar.
3. 0 Não me sinto um fracasso.
1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum.
2 Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos.
3 Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso.
4. 0 Tenho tanto prazer em tudo como antes.
1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes.
2 Não encontro um prazer real em mais nada.
3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo.
5. 0 Não me sinto especialmente culpado.
1 Eu me sinto culpado às vezes.
2 Eu me sinto culpado na maior parte do tempo.
3 Eu me sinto sempre culpado.
6. 0 Não acho que esteja sendo punido.
1 Acho que posso ser punido.
2 Creio que vou ser punido.
3 Acho que estou sendo punido.
7. 0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo.
1 Estou decepcionado comigo mesmo.
2 Estou enojado de mim.
3 Eu me odeio.
8. 0 Não me sinto de qualquer modo pior que os outros.
1 Sou crítico em relação a mim devido a minhas fraquezas ou meus erros.
2 Eu me culpo sempre por minhas falhas.
3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece.
9. 0 Não tenho quaisquer idéias de me matar.
1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria.
2 Gostaria de me matar.
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade.
10. 0 Não choro mais que o habitual.
1 Choro mais agora do que costumava.
2 Agora, choro o tempo todo.
3 Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira.
11. 0 Não sou mais irritado agora do que já fui.
1 Fico molestado ou irritado mais facilmente do que costumava.
2 Atualmente me sinto irritado o tempo todo.
3 Absolutamente não me irrito com as coisas que costumavam irritar-me.
12. 0 Não perdi o interesse nas outras pessoas.
1 Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas.
2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas.
3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas.
13. 0 Tomo decisões mais ou menos tão bem como em outra época.
1 Adio minhas decisões mais do que costumava.
2 Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes.
3 Não consigo mais tomar decisões.
14. 0 Não sinto que minha aparência seja pior do que costumava ser.
1 Preocupo-me por estar parecendo velho ou sem atrativos.
2 Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer sem atrativos.
3 Considero-me feio.
15. 0 Posso trabalhar mais ou menos tão bem quanto antes.
1 Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa.
2 Tenho de me esforçar muito até fazer qualquer coisa.
3 Não consigo fazer nenhum trabalho.
16. 0 Durmo tão bem quanto de hábito.
1 Não durmo tão bem quanto costumava.
2 Acordo uma ou duas horas mais cedo do que de hábito e tenho dificuldade para voltar a dormir.
3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e tenho dificuldade para voltar a dormir.
17. 0 Não fico mais cansado que de hábito.
1 Fico cansado com mais facilidade do que costumava.
2 Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer coisa.
3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa.
18. 0 Meu apetite não está pior do que de hábito.
1 Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser.
2 Meu apetite está muito pior agora.
3 Não tenho mais nenhum apetite.
19. 0 Não perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente.
1 Perdi mais de 2,5 Kg.
2 Perdi mais de 5,0 Kg.
3 Perdi mais de 7,5 Kg.
Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: SIM ( ) NÃO ( )
20. 0 Não me preocupo mais que o de hábito com minha saúde.
1 Preocupo-me com problemas físicos como dores e aflições ou perturbações no estômago ou prisão de ventre.
2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa que não isso.
3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em outra coisa.
21. 0 Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual.
1 Estou menos interessado por sexo que costumava.
2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente.
3 Perdi completamente o interesse por sexo
... Estas afirmações estão relacionadas com sinalizações dos sintomas referentes a estados depressivos. De acordo com as propriedades psicométricas da versão em português do BDI-II (Gorestein & Andrade, 1998) (Silva et al., 2006): Preocupação com crise; Qualidade de vida geral; bem-estar emocional; Energia/fadiga; Função Cognitiva; Efeitos da Medicação. Preocupação com crise engloba o medo de se machucar durante uma crise; de ter problemas sociais por conta da crise e uma menor pontuação significa uma maior preocupação. ...
... Na primeira parte dos resultados, o índice de Depressão Beck foi dividido em duas categorias a partir do ponto de corte do instrumento original (Gorestein & Andrade, 1998). Do total, 56,1% dos participantes apresentaram pontuação acima de 14 pontos. ...
... Os sintomas depressivos foram avaliados por meio do Beck Depression Inventory (BDI) (Beck et al., 1961). Foi utilizada no presente estudo a versão em português brasileiro (Gorenstein & Andrade, 1998), a qual corresponde à versão revisada do instrumento original, publicada por Beck et al. (1979), 897 www.sp-ps.pt contendo 21 itens. ...
... contendo 21 itens. Cada item contém quatro afirmações sobre diferentes sintomas de depressão, que tem escores variados de zero a três, em ordem crescente de intensidade dos sintomas (Gorenstein & Andrade, 1998). ...
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820 university students from a public educational institution in Santa Catarina were investigated in order to verify the prevalence and factors associated with depressive symptoms. Sociodemographic information, sexual orientation, area of knowledge, study shift, body mass index, level of physical activity, symptoms of eating disorders, self-esteem, and depressive symptoms were collected. The prevalence of depressive symptoms was 12.8% (women: 16.6%, men: 8.0%; p <0.001). The groups likely to have depressive symptoms are students with low and average self-esteem, the arts and the humanities and education, with overweight/obese, insufficient levels of physical activity and with symptoms of eating disorders. Considering the importance of experience in higher education, in the personal and professional life of individuals, the need for early intervention with university students is emphasized, promoting a healthy and adequate environment for the cognitive and individual development of students.
... Depression levels were classified according to the total score: 0-11, minimal; 12-19, mild; 20-35, moderate; and 36-63, severe. In a validation study of the instrument in a Brazilian population, Cronbach's alpha was 0.81 [38]. ...
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Adherence to antiretroviral therapy (ART) is a complex and multi-determined process that is influenced by psychosocial variables. Although international studies have pointed to the adverse impact of HIV stigma, sexual stigma, and depression on ART adherence among men who have sex with men (MSM) with HIV, less is known about this association among Brazilians. We aimed to (a) evaluate indicators of depression, stigma related to HIV and homosexuality, and adherence to ART in a sample of Brazilian MSM living with HIV; (b) assess possible correlations between the variables analyzed, and (c) assess the impact of HIV and sexual stigma and depression on ART adherence. This cross-sectional study comprised 138 Brazilian MSM living with HIV as participants. Scales used included: a sociodemographic/clinical questionnaire, the questionnaire for assessment of adherence to antiretroviral therapy (CEAT-HIV), the Beck depression inventory (BDI-II), the internalized homo-phobia scale, and the HIV stigmatization scale. The mean adherence score was relatively high (78.83, within a range of 17-89 points). However, we observed inadequate ART adherence (CEAT-HIV < 75) in 28 (20.2%) respondents. Participants reported high scores for internalized sexual stigma, perceived sexual stigma in the community, and HIV stigma. Symptoms of depression were identified in 48.47% of participants. We found negative correlations between depression, HIV stigma, and treatment adherence, but not between sexual stigma and ART adherence. HIV-related stigma and sexual stigma were positively correlated with depression. Our regression analysis indicated that each year of age at diagnosis of HIV increased adherence by 0.22 points, on average. Each additional BDI-II score reduced adherence to ART by 0.20 points. The high prevalence of depression, HIV stigma, and sexual stigma, and their adverse effects on ART adherence and mental health, point to the need to implement evidence-based interventions to reduce sexual and serological stigma in the general population, as well as to mitigate the negative impacts of stigma on MSM living in HIV in Brazil. They also highlight the importance of periodically screening for these variables among MSM treated in Brazilian public health services, especially among those with inadequate adherence to ART.
... A high score reflects a high self-esteem. Finally, for the evaluation of depression the adapted Beck Depressive Inventory (BDI) 23 was used. 21 items were answered on a 4 point scale (0 being "never" and 3 being "always"), in which the subject expressed the amount of symptomatology, considering the temporal allusive reference of the last week of exercise. ...
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AIM: The purpose of this study was to investigate the correlation of physical and psychological dimensions of women after 16 weeks of exercise. METHODS: A longitudinal study method was applied. It focused on a probability sample selected in gyms and a municipal public institution and was randomly distributed into 04 groups: strength training (SG); dance (DG); hydrogymnastic (HG) and control group (CG). Questionnaires on psychological dimensions including satisfaction with physical appearance (SPA), health perception (HP), body image perception (BIP) using the Scale of Stunkard silhouettes, self-esteem (SE) using the Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES) and depression (D) using an adapted Beck Depressive Inventory (BDI) were filled. A collection of anthropometric data was carried out in order to estimate the body fat percentage (F%) and the intervention was conducted at pre and post period. The 8 maximum repetition (RM) test on BG and all American College of Sports Medicine (ACSM) requirements were applied. The Statistical Package for the Social Science (SPSS) 20 was used for the average, standard deviation, Pearson’s correlation of deltas (Δ%), Kolmogorov-Smirnov test for normality and 5% significance. RESULTS: The results of the study per group were that the strength training group had a high correlation of (r=0.541) on lean body mass and body image perception. The dance group had a correlation of health perception and body fat percentage of (r=-0.739) and fat mass of (r=-0.706). The same group had a correlation of body image perception and body fat of r=-0699 along with fat mass of (r=-0.653) and lean body mass of (r=0.605). The correlation of self-esteem and lean body mass was (r=0.522) and the correlation between satisfaction with physical appearance and abdominal perimeter was (r=-0.509). A moderate correlation between satisfaction with physical appearance and abdominal perimeter of (r=-0.482) showed the hydrogymnastic group as well as self-esteem and body fat the percentage of (r=-0.455). The control group had a correlation of self-esteem and body mass of (r=-0.434) and a positive correlation between depression and body fat percentage of (r=0.443). CONCLUSION: The main conclusion was that the dimensions are correlated according to the type of activity, body composition and psychological aspects. It indicated further that the dance group was the most effective.
... Depression and anxiety scales widely known in the literature were adopted to measure financial well-being, quality of life and health. The questionnaire used the Beck Depression and Anxiety Inventories (BDI and BAI), which have been applied in Brazil and presented construct and discriminant validity (Gorenstein & Andrade, 1998). The BDI scale has individual scores from 0 to 3 points, except for one question ranging from 0 to 6 points. ...
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This study aims to investigate the association between diversification and the variables financial well-being, quality of life and health, depression and investor anxiety (Southeast versus other regions). The sum of assets for diversification were used as proxies, the WHOQOL-100 scale was used for quality of life and health, and the Beck inventory was used for anxiety and depression. The concept of the Credit Protection service was adopted as an indicator of financial well-being. Through structural equation modeling and invariance testing, the results showed a positive relationship between diversification and financial well-being. Furthermore, financial well-being had a positive relationship with quality of life; on the other hand, it had a negative relationship with the anxiety and depression scales. The results of the invariance tests indicated that there are no significant differences between investors from the Southeast and investors from other regions
... Para medir bem-estar financeiro, qualidade de vida e saúde, depressão e ansiedade, foram escolhidas escalas amplamente conhecidas na literatura. O questionário empregou as escalas de depressão e ansiedade de Beck (BDI e BAI), já aplicadas no Brasil e que apresentaram a validade do construto e a discriminante (Gorenstein & Andrade, 1998). A escala de BDI possui escores individuais de 0 a 3 pontos, diferenciando-se apenas para uma questão do BDI que vai de 0 a 6 pontos. ...
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Este estudo tem como objetivo investigar a associação entre diversificação e as variáveis de Bem-Estar Financeiro, qualidade de vida e saúde, depressão e ansiedade dos investidores (Sudeste versus demais regiões). Utilizou-se como proxies a soma dos ativos para diversificação; a escala de WHOQOL-100 para qualidade de vida e saúde; e o inventário de Beck para ansiedade e depressão; e como indicador de bem-estar financeiro adotou-se o conceito do serviço de Proteção ao Crédito. Por meio da modelagem de equações estruturais e teste de invariância, os resultados apontaram uma relação positiva entre diversificação e bem-estar financeiro. Ademais, o bem-estar financeiro revelou uma relação positiva com a qualidade de vida, em contrapartida, apresentou uma relação negativa com as escalas de ansiedade e depressão. Em relação aos testes de invariância, os resultados indicaram que não há diferenças significativas entre os investidores do Sudeste e os aplicadores das demais regiões.
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Ao longo do curso de graduação em medicina, o estudante é exposto a situaçõespotencialmente estressoras, que podem levar ao estresse, baixa qualidade de sono, presençade sintomas depressivos e baixa qualidade de vida. No entanto, alguns discentes apresentammelhor capacidade de enfrentamento e adaptação à adversidade, sendo consideradosresilientes. Assim, o objetivo deste estudo foi comparar os fenômenos de saúde (níveis deestresse percebido, sintomas depressivos e qualidade do sono), bem como a capacidaderesiliente e a qualidade de vida por ciclo de curso entre acadêmicos de medicina de instituiçãoprivada de ensino. Trata-se de uma pesquisa transversal, analítica e de abordagem quantitativa, cuja coleta de dados ocorreu por meio de instrumentos de validação internacional entre novembro edezembro de 2022 junto a discentes do curso de medicina de uma instituição de ensino superiorprivada do Distrito Federal. O estudo mostrou principalmente que 50% dos estudantes utilizamfármacos para induzir o sono e 65,7% fazem uso de bebida alcoólica, além do predomínio deestudantes com baixo estresse no ciclo básico e altos níveis de estresse nos demais ciclos.Com isso, conclui-se que o curso de medicina apresenta situações estressoras comuns aosdiferentes ciclos do curso, colocando o aluno em um ambiente propício para o aparecimentode fenômenos que podem interferir direta ou indiretamente na sua saúde mental. Verificouse,assim, que não há diferença nos níveis de estresse, qualidade de sono, sintomasdepressivos, qualidade de vida resiliência ao longo do curso, ou seja, esses fenômenos nãoestão associados as características peculiares de cada ciclo.
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To assess the prevalence of depressive symptoms and associated factors (i.e.: intuitive eating, body image dissatisfaction, and gestational and sociodemographic factors) in high-risk pregnant women. This cross-sectional study included 139 pregnant women, assisted by high-risk prenatal care in a university hospital in northeastern Brazil between January and May 2021. Self-report instruments were used to evaluate depressive symptoms, body image dissatisfaction, and intuitive eating (i.e.: Beck Depression Inventory, Body Shape Questionnaire, and Intuitive Eating Scale-2). Depressive symptoms were found in 33.09% of the sample, especially among women with lower education. Depressive symptoms, body image dissatisfaction, and intuitive eating were correlated (p<0.001; depression and body image dissatisfaction r=0.53; depression and intuitive eating r=-0.32; body image dissatisfaction and intuitive eating r=-0.39). Women presenting more depressive symptoms made more choices based on emotional reasons and with less attention to body-food congruence. This study has unveiled a notable occurrence of depressive symptoms within the examined group of high-risk pregnant women, particularly among those with limited educational backgrounds. The findings also highlight that positive eating behaviors, such as intuitive eating, and body image satisfaction are less displayed when there are high levels of depressive symptoms. These results emphasize the critical necessity for understanding of depression correlations with behaviors capable of exerting an influence on, or exacerbating, clinical conditions among high-risk pregnant individuals remains imperative.
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O objeto de estudo são os fatores relacionados com o desenvolvimento da depressão em profissionais de enfermagem no cotidiano de suas atividades laborais. Os profissionais de enfermagem são afetados diretamente por conviver e trabalhar com doenças e os sentimentos nelas envolvidos, constituindo em um processo desgastante e estressante. São necessários mecanismos de defesa para que a doença e o sofrimento do outro não interfiram na saúde psíquica e física do trabalhador. O objetivo desse estudo é analisar os fatores de risco para depressão em profissionais de enfermagem atuantes em unidade hospitalar, buscando identificar as alterações comportamentais e psicológicas desses profissionais ao vivenciarem constantemente situações de sofrimento e stress. O método utilizado foi a Revisão Integrativa. sendo a seleção dos artigos realizada na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no site Scientific Electronic Library Online (SCIELO), LILACS – Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde e no MEDLINE/PubMed (via National Library of Medicine). Os resultados apresentaram que a principal causa de absenteísmo entre profissionais de enfermagem foram os episódios depressivos, (F32), sendo esses afastamentos superiores a períodos de 30 dias. Dentre os fatores relacionados para o desenvolvimento de depressão nos profissionais de enfermagem encontram-se: complexidade dos agravos, exigência do cuidado eminente, procedimentos e técnicas e ambiente estressante, sendo esses fatores caracterizados por aglomerados de pacientes portadores de diversas enfermidades, piores condições de trabalho, com fragmentação e normatização na execução de técnicas, trabalho em turnos alternados, burocracias cada vez maiores, entre outros. Uma vez identificados os fatores de risco desencadeantes da depressão em profissionais de enfermagem, sugere-se que os gestores de unidades de saúde atentem para as necessidades dessa demanda, disponibilizando assistência psicológica adequada para prevenção e tratamento de episódios depressivos nesses profissionais e condições de trabalho que façam juz a manutenção e promoção da saúde laboral.
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A pesquisa buscou investigar o impacto do uso de drogas e os distúrbios concomitantes à saúde mental de adolescentes em conflito com a lei privados de liberdade em cumprimento de medidas socioeducativas no Centro de Atendimento Intensivo Belford Roxo (CAI-Baixada). Participaram do estudo 27 indivíduos, obtidos de forma aleatória, por meio de sorteio da lista de internos pelos monitores da Instituição, de acordo com a disponibilidade e convidados a participar da pesquisa. Estes foram avaliados dos distúrbios do uso de drogas com instrumentos autoaplicáveis que consistiram em: i) levantamento de dados sociodemográficos, ii) aplicação do Teste para Triagem do envolvimento com fumo, álcool e outras drogas (ASSIST), iii) aplicação do Inventário Beck de depressão (BDI) e iv) aplicação da Escala de ideação suicida de Beck (BSI). A população estudada apresentou idade média de 16,48 anos; 92,6% têm cor da pele preta/parda; 70,37% frequentavam entre a 5ª série do Ensino Fundamental I e a 9ª série do Ensino Fundamental II; a maioria cumpria medida socioeducativa de privação da liberdade pela primeira vez; 44,44% utilizavam bebidas alcoólicas diuturnamente; 40,74% apresentam sintomas depressivos; 25,92% com história de ideação; 11,11% já tentaram suicídio. Os jovens com problemas de uso de substâncias psicoativas enfrentam um alto risco de co-ocorrência de problemas de saúde mental, algo que pode envolver uma situação de vida mais difícil, problemas sociais, bem como piores resultados em cumprimento de medida socioeducativa.
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Validated a French version of the Beck Depression Inventory (BDI) with 498 French speaking university students. The internal-consistency reliability measure showed a coefficient of .92 for the standard 21-item form and .90 for the short 13-item form. The test–retest procedure indicated adequate stability over a 4-mo period. The norms correspond to those obtained with American college students. The factor analysis of the questionnaire items yielded 3 factors accounting for 75.8% of the variance. Results reveal that both the standard and short form of the French version of the BDI are valid instruments for use in the college population. (English abstract) (14 ref) (PsycINFO Database Record (c) 2012 APA, all rights reserved)
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We examine the social distribution of exposure to stress to test the hypothesis that differences in stress exposure are one factor in sociodemographic variations in mental health. We make a more comprehensive effort to estimate stress exposure than has been typical, and present data that challenge the prevailing view that differences in exposure to stress are of only minimal significance for understanding variations in mental health. We report several findings, principal among which are: Differences in exposure to stress account for substantially more variability in depressive symptoms and major depressive disorder than previous reports have suggested; the distributions of stress exposure across sex, age, marital status, and occupational status precisely correspond to the distributions of depressive symptoms and major depressive disorder across the same factors; and differences in exposure to stress alone account for between 23 and 50 percent of observed differences in mental health by sex, marital status, and occupation. These findings contrast with the prevailing view that differences in vulnerability to stress across social statuses account for social status variations in mental health.
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Reviews the use of the 1st author's (1965) Self-rating Depression Scale (SDS) in published studies with the elderly. Also, the authors' files provided publications that used the SDS in geriatric settings not identified in the literature search. Data indicate that (1) the SDS can be used with most aged Ss, (2) increasing SDS scores in life reflect the opinion of many clinicians that vulnerability to depression increases in old age, (3) the SDS can demonstrate significant differences between depressed elderly and normal elderly Ss, and (4) the SDS demonstrates a precipitous drop in scores of elderly Ss who have been treated for depression. However, the accuracy of the SDS in cases of individual assessment is suspect, and readjustment of scoring may produce higher sensitivities and correct classification. (PsycINFO Database Record (c) 2012 APA, all rights reserved)
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Issues concerning use of the Beck Depression Inventory (BDI) for the self-report of depressive symptomatology are raised and considered. Discussion includes the stability of depression and the need for multiple assessment periods, specificity and the need for multiple assessment measures, and selection cut scores and the need for terminological accuracy. Recommendations for the continued use of the BDI, designed to facilitate the integration of diverse studies and improve research on self-reported depression, are provided.
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The Beck Depression Inventory (BDI) and the Hamilton Psychiatric Rating Scale for Depression (HRSD) were used with 300 outpatients diagnosed with DSM-III major depression disorders. A principal-components analysis was performed on the intercorrelations among the 21 BDI and 24 HRSD symptoms. Three orthogonal components were found and interpreted as reflecting differences in self-report and clinical rating methods for measuring the severity of depression. The importance of using both self-reports and clinical ratings for evaluating depression in psychiatric outpatients was discussed.
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This study examined the prevalence of self-reported depressive symptoms in a Swedish urban school sample (n=547) aged 13 to 18 years using the Beck Depression Inventory (BDI). The data obtained were examined with respect to sex and age differences and compared with a clinical sample of adolescents hospitalized because of psychiatric disturbances. The results indicated a strong preponderance of depressive symptoms among girls in the school sample, in particular for the severe symptom level. Eight percent of subjects reported depressive symptoms sufficiently high to be classified as a moderate, and 2% as a severe, level of depression. Factor analysis yielded four factors representing dysphoric mood, social activity, relationship, and food-related dimensions. The BDI showed a high internal consistency, and test-retest reliability calculated for a 2-week and a 2-month interval revealed strong correlations. The means of total scores on the BDI for the clinical sample were significantly higher than for those in the school sample.
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A general formula (α) of which a special case is the Kuder-Richardson coefficient of equivalence is shown to be the mean of all split-half coefficients resulting from different splittings of a test. α is therefore an estimate of the correlation between two random samples of items from a universe of items like those in the test. α is found to be an appropriate index of equivalence and, except for very short tests, of the first-factor concentration in the test. Tests divisible into distinct subtests should be so divided before using the formula. The index [`(r)]ij\bar r_{ij} , derived from α, is shown to be an index of inter-item homogeneity. Comparison is made to the Guttman and Loevinger approaches. Parallel split coefficients are shown to be unnecessary for tests of common types. In designing tests, maximum interpretability of scores is obtained by increasing the first-factor concentration in any separately-scored subtest and avoiding substantial group-factor clusters within a subtest. Scalability is not a requisite.
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This study was carried out to investigate Gotlib's claim that the Beck Depression Inventory (BDI) is more a measure of general psychopathology than a specific measure of depression when applied to psychiatrically normal students. Varimax factor analysis of the items of the BDI yielded seven factors for a sample of students (N = 160) and six factors for a sample of psychiatric patients (N = 65). A factor clearly interpretable as ‘somatic disturbance’ emerged in both the patient and student samples. Reasonable comparability was found on two further factors interpreted as ‘feelings of hopelessness’ and ‘feelings of unworthiness’ in the student sample, and ‘depressed mood’ and ‘depressive self-blame’ in the patient sample. A factor labelled ‘lack of vital energy’ found in the patient data appeared split among three factors in the student data. All BDI factors in the student sample correlated significantly with a measure of general psychopathology (N scale). Four factors correlated significantly with the number of recent negative life events for whose occurrence participants perceived responsibility. For all four factors the component of factor scores orthogonal to neuroticism was significantly correlated with the life-event measure. It is concluded the BDI has a factor structure in students which is reasonably comparable, though not identical, to that in depressed patients. It is also concluded that although BDI factors do, to some extent, measure general psychopathology they also measure specific aspects of depression independent of general psychopathology.
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Research studies focusing on the psychometric properties of the Beck Depression Inventory (BDI) with psychiatric and nonpsychiatric samples were reviewed for the years 1961 through June, 1986. A meta-analysis of the BDI's internal consistency estimates yielded a mean coefficient alpha of 0.86 for psychiatric patients and 0.81 for nonpsychiatric subjects. The concurrent validitus of the BDI with respect to clinical ratings and the Hamilton Psychiatric Rating Scale for Depression (HRSD) were also high. The mean correlations of the BDI samples with clinical ratings and the HRSD were 0. 72 and 0.73, respectively, for psychiatric patients. With nonpsychiatric subjects, the mean correlations of the BDI with clinical ratings and the HRSD were 0.60 and 0.74, respectively. Recent evidence indicates that the BDI discriminates subtypes of depression and differentiates depression from anxiety.