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Plantas comercializadas como medicinal no Município de Barra do Pirai, RJ

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Abstract

RESUMO O município de Barra do Piraí localiza-se na região média do rio Paraíba do Sul e engloba áreas de Floresta Atlântica de encosta em diferentes estágios sucessionais. Os dados foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas a dois informantes (erveiros) que comercializam plantas medicinais na única feira-livre da cidade, bem como pela aplicação de questionários com perguntas diretas e fechadas a 100 consumidores dessas plantas. Visitaram-se quatro sítios de coleta e/ou cultivo onde foram coletadas 100 espécies pertencentes a 42 famílias botânicas. Elaborou-se uma tabela organizada em ordem alfabética de família acompanhada pelo nome científico, nome vulgar e dados fornecidos pelos informantes. Dentre as espécies coletadas, cerca de 25% foram obtidas em áreas florestadas, evidenciando-se o importante papel dos erveiros na coleta e fornecimento de plantas medicinais da Floresta Atlântica.
Plantas comercializadas como medicinais no
Município de Barra do Piraí, RJ
Cláudio Ernesto Taveira Parente1
Maria Mercedes Teixeira da Rosa2
RESUMO
O município de Barra do Piraí localiza-se na região média do rio Paraíba do Sul e engloba áreas de
Floresta Atlântica de encosta em diferentes estágios sucessionais. Os dados foram obtidos através
de entrevistas semi-estruturadas a dois informantes (erveiros) que comercializam plantas medicinais
na única feira-livre da cidade, bem como pela aplicação de questionários com perguntas diretas e
fechadas a 100 consumidores dessas plantas. Visitaram-se quatro sítios de coleta e/ou cultivo onde
foram coletadas 100 espécies pertencentes a 42 famílias botânicas. Elaborou-se uma tabela
organizada em ordem alfabética de família acompanhada pelo nome científico, nome vulgar e
dados fornecidos pelos informantes. Dentre as espécies coletadas, cerca de 25% foram obtidas
em áreas florestadas, evidenciando-se o importante papel dos erveiros na coleta e fornecimento de
plantas medicinais da Floresta Atlântica.
Palavras-chaves: Etnobotânica, plantas medicinais, Floresta Atlântica.
ABSTRACT
The municipal district of Barra do Piraí is located in the medium region of Paraíba do Sul river, and
includes Atlantic low mountain rain forest areas in different succession levels. Data was obtained
through semi-structured interviews made with two informants (“erveiros” – people that harvest
and eventually sell medicinal plants). In this case, the market was the city’s single fair. Questionnaires
with straight and close-ended questions were also used for a hundred consumers of these plants. A
hundred species from 42 botanical botanical families were gathered at the four visited harvest and/
or plantation farms. A table was organized by family alphabet order including scientific and popular
names, and also data reported by the informants. Among the gathered species, 25% were obtained
from forest areas, showing the “erveiros” important role at the Atlantic forest medicinal plants
harvesting and supply.
Keywords: Ethnobotany, medicinal plants, Atlantic rain forest.
INTRODUÇÃO
As florestas tropicais em todo o mundo
vêm sofrendo o impacto do crescimento
populacional e de processos de exploração
inadequada, levando a redução das áreas
florestadas (Peixoto et al., 1995). A floresta
da costa atlântica brasileira, embora ocorra,
em grande parte, próxima a grandes centros
urbanos e acessível a importantes instituições
científicas carece ainda de estudos botânicos
em seus mais diferentes aspectos (Peixoto et
al., 1995.).
A região sob influência do rio Paraíba do
Sul, onde está situado o município de Barra do
Piraí, no estado do Rio de Janeiro, era coberta
pela Floresta Atlântica. Constituída em sua
maior parte por mata de encosta, esta teve sua
exploração iniciada no século passado com a
retirada de madeiras consideradas nobres.
Posteriormente o cultivo de café em grandes
1Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq – Depto. de Botânica - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
2 Professora Adjunto - Depto de Botânica – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. CEP: 23851-
970. email: mercedes@ufrrj.br
48 Parente, C. E. T., Rosa, M. M. T. da
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
extensões, de outras culturas como o milho e
a cana-de-açúcar em menor escala e também
a pecuária, levaram à descaracterização da
maior parte de sua cobertura vegetal.
A etnobotânica, ciência que estuda as
interações entre populações humanas e plantas
(Martin, 1995), assim como investiga novos
recursos vegetais, tem merecido algum
destaque na atualidade, devido ao crescente
interesse pelos produtos naturais. No entanto
a desagregação dos sistemas de vida
tradicionais que acompanha a devastação do
ambiente e a intrusão de novos elementos
culturais, ameaça muito de perto um acervo
de conhecimentos empíricos e um patrimônio
genético de valor inestimável para as gerações
futuras (Amorozo & Gély, 1988).
Aplica-se o termo conhecimento
tradicional para referir-se ao conhecimento que
o povo local, isto é, residentes da região sob
estudo, conhece sobre o ambiente natural
(Martin, 1995).
Toda sociedade humana acumula um
acervo de informações sobre o ambiente que
a cerca, que vai lhe possibilitar interagir com
ele para prover suas necessidades de
sobrevivência. Neste acervo, inscreve-se o
conhecimento relativo ao mundo vegetal com
o qual estas sociedades estão em contato
(Amorozo, 1996).
Desta forma estudos relacionados com a
medicina popular têm merecido cada vez maior
atenção devido a gama de informações e
esclarecimentos que fornecem à ciência
contemporânea. É notável o crescente número
de pessoas interessadas no conhecimento de
plantas medicinais, inclusive pela consciência
dos males causados pelo excesso de
quimioterápicos causados no combate as
doenças. Remédios à base de ervas que se
destinam a doenças pouco entendidas pela
medicina moderna – tais como: câncer, viroses,
doenças que comprometam o sistema
imunológico, entre outras – tornaram-se
atrativos para o consumidor (Sheldon et al.,
1997). Um outro fator de destaque na
crescente procura da fitoterapia, é a vigente
carência de recursos dos órgãos públicos de
saúde e os incessantes aumentos de preços
dos medicamentos industrializados. No entanto,
pela facilidade de obtenção e despreparo de
quem as utiliza são também observados casos
de intoxicação de plantas tidas como
medicinais.
Ao se estudar o complexo medicina
folclórica ou popular, deve-se enfatizar a
necessidade de se estudar simultaneamente a
pessoa que possui os conhecimentos, bem
como o ambiente em que essas práticas são
espontaneamente aceitas. De mesma
importância, a sistematização desse estudo
deve considerar, em primeira instância, o fato
cultural em sí, como a nosografia, etiologia,
diagnóstico, terapêutica, farmacopéia
disponível, profilaxia e higiene destas práticas,
e, em segundo lugar, estudar o indivíduo que
ministra a cura ou que tem o poder de curar,
como o rezador, o benzedor, o raizeiro, o
curandeiro e outros (Savastano & Di Stasi,
1996).
Segundo Martin (1995) nenhuma
pesquisa econômica de recursos biológicos está
completa sem um detalhado estudo de plantas
e animais vendidos em mercados locais. Muitas
plantas medicinais, ornamentais e outros
produtos tem um valor estritamente regional
que somente podem ser descobertos pela
conversação com produtores, vendedores e
consumidores.
Vale ressaltar ainda que a exploração de
espécies medicinais com potencial de utilização
pelo homem tem levado a reduções drásticas
em suas populações naturais, especialmente
pelo desconhecimento dos mecanismos de
perpetuação delas na floresta. Assim, a
identificação e o estudo das espécies
medicinais trarão subsídios para a sua
exploração sustentável em seu ecossistema
(Reis, 1996).
Este trabalho adquire portanto,
importância fundamental em vista do caráter
dinâmico da medicina popular e do
desaparecimento de espécies vegetais
decorrente da histórica devastação das florestas
49
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
Plantas comercializadas como medicinais no Município de Barra do Piraí, RJ
tropicais, bem como das práticas culturais das
populações. Dentro deste quadro é portanto
necessário registrar, o quanto antes, todas as
informações possíveis sobre o emprego de
plantas medicinais.
MATERIAL E MÉTODOS
I. Área de estudo
O trabalho foi desenvolvido no município
de Barra do Piraí, Rio de Janeiro, na região de
confluência dos rio Piraí e Paraíba do Sul.
Nesta região o clima é sub-quente úmido com
pluviosidade em torno de 1.500 mm anuais,
atingindo a máxima no verão, com inverno
quase seco. Apresenta topografia acidentada
caracterizada pela predominância de morros
de contorno hemisférico constituindo, devido
a extensão e quantidade, o chamado “mares
de morros” (Rizzini,1976).
De acordo com Sydenstricker (1993) a
população do município de Barra do Piraí é de
cerca de 78.437 habitantes, sendo a taxa de
alfabetização de 85% da população. As
principais atividades econômicas relacionam-
se ao comércio, indústria e pecuária.
Com o declínio da cultura do café na
região, muitas fazendas foram abandonadas,
havendo então uma expansão da área coberta
por florestas secundárias. A partir da década
de quarenta, devido a construção da Represa
de Ribeirão das Lajes, a área teve sua
preservação garantida pela LIGHT/CEDAE
como floresta protetora de manancial hídrico,
passando a ser regida por leis federal e estadual
(Peixoto et al., 1995). Esta mesma área
segundo os mesmos autores, pode ser
caracterizada na atualidade por três
fitofisionomias distintas: 1) vegetação
graminóide rala ou mais ou menos densa
cobrindo morrotes que tomam a aparência de
morros desnudos; 2) vegetação graminóide
com árvores pioneiras em povoamentos densos
ou ralos; 3) vegetação arbórea secundária em
diferentes estados serais.
II. Trabalho de campo e de laboratório
A coleta de dados foi feita a partir de
duas fontes: os erveiros que comercializam
plantas medicinais na feira-livre de Barra do
Piraí e os usuais consumidores destas plantas.
Inicialmente procederam-se visitas à
feira-livre a fim de estabelecer contato com
os erveiros e consumidores. Esta feira, que é
a única na cidade, funciona na Travessa
Assunção às quintas-feiras e aos domingos,
sendo este último o dia de maior movimento.
Nesta feira são encontradas principalmente
barracas com produtos hortifrutigranjeiros e
somente quatro com plantas medicinais.
Após conversas informais, onde foram
explanadas claramente as intenções e metas
do projeto (Alexiades, 1996), foram marcadas
saídas a campo nos sítios de cultivo e/ou coleta
dos erveiros que mais se identificaram com
nossa proposta de trabalho.
Com os erveiros adotou-se a metodologia
de entrevistas semi-estruturadas aplicadas nas
visitas à feira e nas saídas ao campo (Martin,
1995), enquanto que para os consumidores
elaborou-se um questionário com questões
fechadas e diretas sobre procedência,
freqüência e métodos de utilização de plantas
medicinais (Alexiades, 1996).
Nos sítios de coleta e/ou cultivo dos
erveiros foram coletadas as espécies
comercializadas, com anotação das
observações de campo e dados referentes à
nomenclatura vulgar, indicação terapêutica,
modo de preparo, dosagem, parte utilizada, etc.
Na padronização das indicações
terapêuticas procurou-se seguir as propostas
por Debuigne (1974), dentro do possível.
O material botânico coletado foi
herborizado segundo métodos habituais em
Botânica, sendo as exsicatas posteriormente
incluídas no acervo do herbário do
Departamento de Botânica da UFRRJ (RBR).
A identificação do material foi feita através
de bibliografia especializada, de comparação com
exsicatas dos herbários RBR e do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro (RB), além de
consulta a especialistas, quando necessário.
50 Parente, C. E. T., Rosa, M. M. T. da
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
RESULTADOS
Foram coletadas 101 espécies de plantas
comercializadas como medicinais na feira livre
da cidade de Barra do Piraí. Estas espécies
pertencem a 42 famílias botânicas, sendo as
mais representativas em número de espécies
indicadas na Figura 1.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No. de espécies
Compositae
Labiatae
Bignoniaceae
Verbenaceae
Solanaceae
Gramineae
Figura 1 - Famílias mais representativas em número de
espécies.
O material botânico coletado encontra-
se organizado em ordem alfabética de família
acompanhada do nome científico e vulgar
(Tabela 1).
Foram visitados quatro sítios de cultivo
e/ou coleta de dois erveiros, Sra. Maria
Aparecida e Sr. Jorge Borges da Paixão, que
já trabalhavam com o comércio de plantas
medicinais há vários anos e mostraram-se mais
acessíveis e interessados em colaborar com
esta pesquisa. Dessas áreas, duas são locais
de cultivo localizadas próximo de suas
residências e as outras duas situadas em áreas
de Mata Atlântica de encosta em regeneração,
mas com sinais de atividade antrópica. Dentre
o total de espécies identificadas encontrou-se
uma maior proporção de plantas cultivadas
pelos erveiros (44 %), seguida de espécies
ruderais (31 %) e 25 % de espécies extraídas
da mata (Fig.2).
Distribuiram-se 100 questionários,
visando obter informações, junto aos
consumidores, sobre procedência, freqüência
e métodos de utilização de plantas medicinais,
dos quais foram respondidos 97. Dentre os
cultivadas
44%
ruderais
31%
mata
25%
Figura 2 - Locais de coleta das plantas comercializadas
como medicinais.
entrevistados havia um total de 26 homens e
74 mulheres. Segundo os dados obtidos no
questionário, cerca de 79% das pessoas que
freqüentam a feira livre da cidade costumam
pedir informações relacionadas a utilização de
plantas medicinais aos erveiros, mostrando que
os mesmos têm uma participação ativa no
fornecimento de tais plantas. Constatou-se
ainda, que os principais motivos para a
utilização das espécies medicinais pela
população são: preço bem inferior aos
medicamentos industrializados e a crença de
que são formas mais saudáveis de tratamento.
Na Tabela 1 encontram-se também
organizados os dados relativos à indicação
terapêutica acompanhados da forma de
utilização, parte utilizada e observações.
Foram listadas 27 indicações terapêuticas,
sendo a de cunho ritualístico com maior número
de espécies (18), seguida de sintomas gripais
(14) e de problemas de pele e cicatrizantes de
uma forma geral com 11 espécies (Fig. 3).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No. de espécies
Ritualísticas
Sintomas
gripais
Problemas
de pele e
cicatrizantes
Diuréticas
Depurativas
Figura 3 - Indicações terapêuticas mais representati-
vas em número de espécies.
51
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
Plantas comercializadas como medicinais no Município de Barra do Piraí, RJ
Família Nome científico Nome vulgar Indicação
terapêutica Forma de uso Parte
utilizada Observações
Amaranthaceae
Alternanthera brasiliana
(L.) Kuntze penicilina 8 chá int
Pffafia sp.
1 novalgina 2 chá int
Pffafia sp.
2 doril 2 chá int
Araceae
Pistia stratioides
L. Santa-Luzia 26 sumo int Coloca-se a planta de molho em água
durante 5 dias e pinga-se nos olhos.
Scindapsus aureus
Engl. cipó-imbé 3 banho int Usa-se 5 pedaços da planta.
Asclepiadaceae
Asclepias curassavica
L. oficial-de-sala 3 banho int Planta muito tóxica.
Bignoniaceae
Arrabideae sp.*
batata-pugre 3 banho ra
Crescentia cujete
L
.
coité 6 chá fo Para dores de coluna.
Jacaranda puberula
Cham.* carobinha 5 chá/banho fo Faz-se o chá com 12 folhas, toma-se
o
banho e bebe-se ½ copo 3 vezes/dia.
Jacaranda sp.*
carobinha (da
miúda) 5 chá/banho fo
Tabebuia sp.*
cinco-folhas 3 banho int
Indet. 1* pau-d’arco 1 banho int Também usada na forma de banho pa
o tratamento de micoses.
Boraginaceae
Symphitum officinale
L. confrei 3 sumo (ext.) fo Usa-se também adicionado a 1 litro
d’água para dores de estômago.
Caprifoliaceae
Sambucus nigra
L. sabugueiro 20 banho fo Faz-se o banho com 1 molho e aplica-
s
na criança 3 vezes/dia.
Chenopodiaceae
Chenopodium ambrosioides
L. Santa-Maria 19 in natura int Também usada na forma de chá com
o
anti-helmíntica.
Compositae
Ambrosia sp.
artemígio 7 chá int Para cólicas menstruais.
Anthemis sp.
camomila-graúda 7 chá int
Artemisia absinthium
L. losna 11 sumo fo Usa-se o sumo de 2-4 folhas com águ
a
Também para cólicas e estômago.
Baccharis trimera
(Less.) DC carqueja 23 chá fo Também usada para tratar caspa.
Bidens pilosa
L. picão 4 chá ra
Cynara scolymus
L. alcachofra 5 chá fo Usa-se 2 folhas para um copo d’água
3
vezes/dia
Tabela 1 – Plantas comercializadas como medicinais na feira-livre de Barra do Piraí, indicação terapêutica, forma de uso e parte utilizada. * Plantas coletadas na mata. Indicação
terapêutica: 1 - Ritualísticas; 2 - Sintomas gripais; 3 - Problemas de pele e cicatrizantes; 4 - Diuréticas; 5 - Depurativas; 6 - Dores reumáticas e lombares; 7 - Antiespasmódicas;
8 - Anti-sépticas; 9 - Calmantes; 10 - Queda de cabelo e caspa; 11- Anti-helmínticas; 12 - Anti-tumorais; 13 - Diabetes; 14 - Problemas cardíacos; 15 - Picadas de insetos; 16
- Hepáticas; 17 - Problemas de pressão arterial; 18 - Digestivas; 19 - Repelentes; 20 - Sarampo; 21 - Doenças estomacais; 22 - Abortivas; 23 - Emagrecer; 24 - Dores de ouvido;
25 - Furúnculo; 26 - Problemas oftalmológicos; 27 - Pré-natal. Parte utilizada: Planta inteira (int); Folhas (fo); Casca (cas); Raiz (ra); Caule (cau); Rizoma (ri); Frutos (fr);
Flores (fl).
52 Parente, C. E. T., Rosa, M. M. T. da
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
Família Nome científico Nome vulgar Indicação
terapêutica Forma de uso Parte
utilizada Observações
Compositae
Elephantopus scaber
L. erva-grossa,
gervão 2 chá fo Faz-se o chá com quatro folhas e tom
a
se 3 vezes/dia.
Erechtites valerianaefolia
DC capiçova
Erigeron bonariensis
L. mata-pasto 1 banho int
Hypochoeris aff. radicata
L. cardo-santo 14 chá int Usada também para anemias.
Porophyllum ruderale
Cass. covinha-do-mato 3 banho int Banha-se 2 vezes/dia.
Pterocaulon alopecuroides
(Lam.) DC. barbaço 17 banho fo Banha-se os pés e mãos quando estã
o
inchados.
Solidago chilensis
Meyen arnica 6 infusão int Uso local. Um ramo em 1 litro d’água.
Vernonia condensata
Baker boldo-do-Chile 16 chá int
Vernonia scorpioides
(Lam.) Pers. erva-de-coelho 1 banho Int
Indet. 2 artemígio 2 chá Int Mais indicado para crianças.
Indet. 3 marcelinha
Indet. 12 22 chá Int Bebe-se o chá em jejum.
Costaceae
Costus sp.*
cana-de-macaco 4 chá cau Usa-se 3 pedaços do caule e toma-se
3
vezes/dia.
Crassulaceae
Cotyledon aff.orbiculata
L. bálsamo 3 sumo (ext.) fo Aplica-se o sumo sobre a ferida.
Indet. 4 quebra-feitiço 1 banho fo Banhar-se 2 vezes/dia.
Cucurbitaceae
Momordica charantia
L. melão–de-São
Caetano 7 chá int
Dilleniaceae
Davila sp.*
cipó-caboclo 1 banho int
Euphorbiaceae
Jatropha gossypifolia
L. pinhão-roxo 1 banho int
Gramineae
Coix lacrima-jobi
L. lágrima-de-
N.Senhora 4 chá int
Cymbopogon citratus
(DC.) Stapf. erva-cidreira 9 chá int Usada também como digestiva.
Melinis minutiflora
Beauv. capim-gordura 15 infusão int Uso externo.
Indet. 5* taquari 8 chá fo Bebe-se o chá 2 vezes/dia contra
inflamação na bexiga.
Labiatae
Hyptis suaveolens
Poit. vento-virado-de-
bucho 1 banho int Banha-se a criança do estômago para
baixo.
Leonurus sibiricus
L. isopi 2 chá int Também para problemas estomacais.
Mentha aff. pullegium
L. poejo-branco 2 chá int Para tratamento de crianças.
Mentha sp.
poejo-roxo 2 chá int Para tratamento de crianças.
Ocimum americanum
L. manjericão 18 chá int
53
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
Plantas comercializadas como medicinais no Município de Barra do Piraí, RJ
Família Nome científico Nome vulgar Indicação
terapêutica Forma de uso Parte
utilizada Observações
Labiatae
Ocimum urticifolium
Roth. alfavaca 11 chá fo Mistura-se o chá com leite.
Plectranthus barbatus
Andr. boldo 16 chá/sumo fo Também para dores de barriga e cólic
a
Rosmarinus officinalis
L. alecrim-da-horta 18 chá fo
Salvia aff. officinalis
L. sálvia 14 chá fo
Indet. 6 menta 2 chá int
Indet. 7 poejo-roxo 2 chá int
Indet. 8 alfazema 2 chá int
Indet. 9 hortelã 2 chá int
Lauraceae
Ocotea elegans
Mez.* canela-de-
sassafrás 2 chá cas/fo
Leg. Caesalpin.
Bauhinia forficata
Link.* unha-de-vaca 13 chá fo Usa-se 8 folhas para 1 litro d’água e
bebe-se 3 vezes/dia.
Leg. Faboideae
Desmodium sp.
carrapichinho 4 chá int
Liliaceae
Allium sativum
L. alho 8 chá int
Aloe sp.
babosa 12 sumo fo Usa-se o sumo de 1 folha com mel.
Toma-se 1 colher de sopa em jejum e
no almoço até o câncer melhorar.
Herreria salsaparilha
Mart.* salsaparrilha 5 chá ri Usa-se 2 pedaços para cada porção.
Sansevieria trifasciata
Hort. ex Pain. espada-de-São
Jorge 1 banho fo
Lythraceae
Cuphea carthagenensis
(Jacq.) Macbr. sete-sangrias 5 chá int
Malvaceae
Gossypium sp.
algodão 24 banho fo Pinga-se algumas gotas no ouvido.
Wissadula subpeltata
R.E.Fries capixinguim 3 banho cas Faz-se o banho com 3 cascas em um
litro d’água e usa-se 3 vezes/dia.
Indet. 10 parietária 8 chá fo
Meliaceae
Melia azedarach
L. para-raio 1 banho fo
Monimiaceae
Siparuna guianensis
Aubl.* negamina 1 banho fo
Moraceae
Dorstenia arifolia
Lam.* carapiá 8 chá/banho ra Bebe-se o chá e banho ginecológico.
Sorocea bonplandii
(Baill.) W. Burger* espinheira-santa 21 chá fo Usa-se 12 folhas para 1 litro d’água.
Myrtaceae
Eucalyptus cinerea
F. Muell ex Benth. eucalipto 15 infusão fo Coloca-se as folhas em 1 litro de álco
o
Uso externo.
54 Parente, C. E. T., Rosa, M. M. T. da
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
Família Nome científico Nome vulgar Indicação
terapêutica Forma de uso Parte
utilizada Observações
Nyctaginaceae
Mirabilis jalapa
L. maravilha 25 chá/tópico fo Aquece a folha e aplica-se sobre o
furúnculo com óleo de mamona.
Passifloraceae
Passiflora sp.*
mãe-boa 3 banho int
Phytollacaceae
Petiveria alliacea
L. guiné 1 banho int
Piperaceae
Ottonia anisum
Spreng.* João-barandi 10 banho int Não secar a cabeça após o banho.
Piper arboreum
Aubl.* quebra-canga 1 banho fo
Potomorphe umbellata
(L.) Miquel* capeba 4 chá int
Plantaginaceae
Plantago aff. australis
Lam. tanchagem 2 chá int Gargarejo.
Polygalaceae
Polygala paniculata
L. vick 6 banho int Uso local.
Polygonaceae
Polygonum acre
HBK erva-de-bicho-roxa 3 banho int Usada também no tratamento de
coceiras e hemorróidas.
Pteridaceae
Adiantum raddianum
Presl. avenca 9 chá int Bebe-se o chá 2 vezes/dia.
Rubiaceae
Borreria sp.
vence-demanda 1 banho int
Sapindaceae
Cupania oblongifolia
Mart.* camboatá 7 chá fo Faz-se o chá com 3 folíolos e bebe-se
vezes/dia.
Schyzaeaceae
Anemia filitides
(L.) Swartz.* abre-caminho 1 banho int
Lygodium volubile
Swartz.* abre-caminho 1 banho int
Solanaceae
Brunfelsia sp.
manacá 6 infusão fl Uso local.
Solanum cernuum
Vell. panacéia 4 chá int Toma-se 3 vezes/dia.
Solanum paniculatum
L. jurubeba 5 chá/garrafada fr
Solanum sp.
juá-de-capote 10 banho fr
Umbelliferae
Centella aff. asiatica
(L.) Urban erva-terrestre 3 banho int
Foeniculum vulgare
Miller funcho, erva-doce 7 chá int Indicada também como digestiva.
Urticaceae
Urera baccifera
Gaudich.* urtiga-do-mato 12 banho fo Banha-se a cabeça 3 vezes/dia.
Verbenaceae
Aloysia gratissima
(Gill & Hook)
Troncoso alfazema 1 banho int
55
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
Plantas comercializadas como medicinais no Município de Barra do Piraí, RJ
Em relação à forma de utilização das
plantas, observou-se a predominância dos chás
para beber com 51%, banhos com 39% e
outros usos como garrafadas, sumos, infusões
e in natura com 10%.
No que se refere a parte utilizada,
encontrou-se um amplo uso de toda planta na
preparação dos remédios (54%) seguido por
folhas (34%) e uma menor porcentagem de
raízes, frutos, cascas, flores etc. (12%).
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Embora o contato com os erveiros tenha
sido feito em uma única feira, tais informantes
atendem a outras localidades do município (p.
ex. distrito de Ipiabas) e mesmo em cidades
vizinhas (p. ex. município de Piraí, RJ).
De acordo com os dados levantados em
relação a forma de coleta das plantas pelos
erveiros, observa-se uma evidente predileção
pela obtenção de espécies medicinais
cultivadas, seguida pelas espécies ruderais e
finalmente das extraídas na mata, que
contribuem com cerca de 25% do total de
espécies coletadas (Fig. 2). Ressalta-se ainda
que a obtenção das plantas ruderais deu-se
indistintamente, tanto nos sítios de cultivo
quanto nos de coleta na mata.
Em relação ao número de plantas obtidas
pelo extrativismo, que se revelou bastante
expressivo, Reis (1996) destaca a importância
de se estabelecer linhas de ação voltadas para
o desenvolvimento de técnicas de manejo
sustentado, visando a utilização destas espécies
vegetais pelo homem, aliada à manutenção do
equilíbrio dos ecossitemas tropicais.
O mesmo autor sugere ainda que, para o
manejo dessas espécies, as estratégias a serem
adotadas devem levar em conta, dentre vários
aspectos, se o indivíduo inteiro será abatido ou
se apenas parte dele será retirada.
Os erveiros têm uma participação ativa
no fornecimento de plantas medicinais para a
população, praticamente se igualando à
aquisição por meio de cultivo em suas próprias
residências e doadas por parentes e amigos,
fato muito observado em cidades do interior.
No entanto, em trabalho realizado no Rio
Grande do Sul, Somavilla & Canto-Dorow
(1996) citam que 76% das plantas utilizadas
como medicinais são obtidas através de amigos
e também pelo hábito de cultivo caseiro,
encontrando-se uma porcentagem bem menor
para as espécies adquiridas com erveiros ou
em farmácias.
O número de espécies coletadas referidas
na Tabela 1 (101 espécies), praticamente se
equipara ao número coletado em um
levantamento semelhante realizado na represa
de Ribeirão das Lajes, situada no município de
Piraí (limítrofe ao de Barra do Piraí), onde
foram enumeradas cerca de 109 espécies
pertencentes a 52 famílias (Silva et al., 1992).
Comparando-se os dados relativos às famílias
mais representativas com aqueles encontrados
por Silva et al. (op.cit.), observa-se
coincidência somente entre as famílias
Compositae (3 espécies) e Bignoniaceae (1
espécie).
Roveratti (1998) em sua análise
comparativa de espécies medicinais utilizadas
em diferentes regiões do Brasil, refere-se a
cinco espécies como sendo as de maior
freqüência em todos os levantamentos
analisados. Dentre estas, Cymbopogon
citratus, Artemisia absinthium e Vernonia
condensata, foram relatadas como medicinais
pelos informantes da região. Este mesmo autor
ressalta o regionalismo relacionado à utilização
de Chenopodium ambrosioides, citada em
70% dos levantamentos feitos nas
comunidades da região Norte e Nordeste
enquanto que nos estados do Sul e Sudeste
notou-se ser uma espécie bem pouco utilizada.
Fato não observado no presente trabalho, já
que os informantes da região cultivam esta
mesma espécie e a comercializam na feira livre
do município como anti-helmíntica.
De acordo com a Tabela 1, são citadas
27 indicações terapêuticas sendo que algumas
agrupam diferentes sintomatologias, como por
exemplo, em sintomas gripais incluem-se dor
de cabeça, febre, tosse, etc. Já no trabalho de
Somavilla & Canto-Dorow (1996), são
56 Parente, C. E. T., Rosa, M. M. T. da
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
apresentadas 48 indicações distribuídas em
tópicos mais específicos. Estes mesmos
autores citam problemas digestivos, gripe e
antinflamatórios como as indicações
terapêuticas mais representativas, enquanto
que o presente trabalho, refere-se a ritualísticas,
sintomas gripais e problemas de pele e feridas.
Ressalta-se o grande número de citações
de plantas associadas a práticas mágico-
religiosas utilizadas na forma de “banhos de
descarrego” (Fig. 3), que segundo Camargo
(1988), são destinadas a induzir o bem-estar e
de acordo com os informantes têm o poder de
afastar maus espíritos, mau olhado, quebranto,
etc. Autores como Camargo (op.cit.), Verger
(1995) entre outros, desenvolveram trabalhos
relacionados a estas formas de utilização,
destacando a importância de uma investigação
de caráter farmacobotânico destas plantas em
função dos princípios ativos, responsáveis pelos
efeitos que causam àqueles que delas se
utilizam.
Dentre as plantas citadas em trabalhos
de Albuquerque & Chiapetta (1994; 1995 e
1996) sobre a etnobotânica de rituais afro-
brasileiros, 17 espécies foram coletadas na área
de estudo com diversas indicações
terapêuticas. Destas, apenas Hedychium
coronarium, Jatropha gossypifolia,
Lygodium volubile, Petiveria alliacea e
Sansevieria trifasciata foram indicadas como
ritualísticas pelos informantes da região (Tabela
1). Embora estas espécies tenham sido
relatadas apenas por sua utilização ritualística,
várias delas são citadas em bibliografia como
tendo propriedades terapêuticas. Segundo
Ribeiro & Gomes (1986) foi verificada a ação
anti-hipertensiva e diurética de H.
coronarium. Já Schvartsman (1979) relata,
para J. gossypifolia, a presença de glicosídios
que apresentam ação estimulante sobre a
musculatura gastrintestinal como sendo esta
substância uma das responsáveis pelo seu
efeito purgativo. Almeida (1993) ressalta ainda
que P. alliacea é reconhecida popularmente
como uma planta medicinal altamente tóxica,
requerendo grandes cuidados quanto a sua
ingestão.
Na preparação dos remédios,
encontraram-se resultados semelhantes aos
obtidos por Amorozo & Gély (1988), Rosa et
al.(1991) entre outros, onde predominam o uso
dos chás para beber. Apesar de em outros
trabalhos (Camargo, 1985; Amorozo & Gély,
1988), as garrafadas serem citadas
freqüentemente, no presente estudo, houve
apenas uma referência.
Em relação a parte utilizada, observou-
se a predominância do uso de toda planta,
diferentemente dos trabalhos supra citados,
onde ocorre uma maior utilização das folhas.
O uso combinado com outras plantas é
bastante freqüente, assim como a utilização de
outros ingredientes na preparação dos
remédios, tais como: leite, mel, vinhos, etc.
Simões (1989) previne que esta prática é
perigosa, porque nem sempre o processo de
preparação mais indicado é o mesmo para
plantas diferentes e a combinação pode resultar
em efeitos imprevisíveis.
Matos (1989), ressalta ainda os riscos da
utilização indiscriminada de plantas medicinais,
pois a maioria das plantas utilizadas não estão
sujeitas a uma legislação farmacêutica que
garanta a qualidade do material. Plantas
frescas geralmente são conseguidas em
cultivos caseiros e as plantas secas são
adquiridas, na maior parte dos casos, em
raizeiros que as comercializam em feiras e
mercados.
Segundo Matos (op. cit.) dentre os
principais riscos no uso de plantas medicinais
estão: o uso descuidado de plantas tóxicas, a
utilização de plantas que contenham
substâncias tóxicas de ação retardada, o uso
de plantas mofadas por terem sido mal
preparadas e mantidas em recipientes e locais
impróprios e o uso de plantas indicadas ou
adquiridas erradamente. Nestes casos tanto a
conservação e preparo do material, quanto a
certeza de que realmente é a espécie correta,
só podem ser garantidas com base no
57
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
Plantas comercializadas como medicinais no Município de Barra do Piraí, RJ
conhecimento do raizeiro que pode ser um
simples vendedor ou um especialista no
assunto, cuja formação representa a cultura
tradicional passada de geração a geração.
Inúmeras plantas utilizadas na medicina
popular apresentam substâncias consideradas
tóxicas, portanto estas plantas precisam ser
manuseadas e utilizadas com o máximo
cuidado. Na área estudada foram listadas como
medicinais, várias espécies consideradas
tóxicas:
- Asclepias curassavica (oficial-de-
sala). Matos (1989) relata que esta espécie é
portadora de glicosídios cardioativos. A
absorção pelo organismo é cumulativa de modo
que a intoxicação é mais freqüentemente
crônica do que aguda, provocando mal-estar,
náuseas, convulsões e morte por parada
cardíaca. Na região a espécie é utilizada na
forma de banho para o tratamento de
problemas na pele.
- Jatropha spp. (pinhão-branco, pinhão-
roxo). O látex de Jatropha sp. é cáustico e de
ação irritante sobre pele e mucosas, o mesmo
ocorrendo com pêlos e espinhos no caso de
algumas espécies. A semente possui também
um complexo resinoso, alcalóides, glicosídios
e toxalbuminas. O complexo resino-lipóide é
considerado como responsável pela dermatite
produzida pela planta. Os glicosídios
encontrados na casca da semente têm ação
depressora sobre os sistemas respiratório e
cardiovascular, além de ação estimulante sobre
a musculatura gastrintestinal, esta seria uma
das responsáveis por seus efeitos purgativos
(Schvartsman, 1979). Os erveiros da região,
indicam a espécie Jatropha gossypifolia para
o preparo de banhos ritualísticos.
- Solanum spp. Muitas plantas da família
Solanaceae pertencentes a este gênero são
portadoras de um alcalóide, a solanina que
embora em sua forma natural não sejam bem
absorvidos, produzem por hidrolise subseqüente
à sua ingestão, uma outra substância, esta
absorvível e responsável pelos fenômenos de
intoxicação. Os sintomas se traduzem por
embotamento dos sentidos, estupor e,
dependendo da dose, morte por parada
respiratória (Matos, 1989). No presente
trabalho, é relatada a utilização de S. cernuum
para o tratamento de problemas renais, S.
paniculatum como depurativo e Solanum sp.,
na forma de banho para o tratamento de queda
de cabelo e caspa.
- Symphytum officinale (confrei). Este
gênero, junto com o gênero Heliotropium é,
segundo Matos (1989), considerado perigoso
pela presença de certos alcalóides considerados
cancerígenos. Estas substâncias são
responsáveis por uma manifestação tóxica
conhecida como doença veno-oclusiva que se
localiza preferencialmente no fígado, resultando
em cirrose hepática tardia e câncer causado
por seu efeito cumulativo tardio, ou seja, de
ocorrência após longo tempo de ingestão da
dose tóxica. Na região a espécie é utilizada na
forma de banho para o tratamento de
problemas de pele e feridas.
Bortoletto et al. (1998) ressaltam, em
trabalho sobre a participação de plantas nas
intoxicações humanas no período de 1993 a
1996, que dos 13 agentes tóxicos considerados
pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-
Farmacológicas (SINITOX), as plantas
ocuparam o nono lugar com 2,7% do total de
casos. Destacam ainda, que no grupo etário
de crianças menores de 10 anos as
intoxicações por plantas ocupam o quarto lugar
dentre os demais agentes tóxicos. Em relação
a casos letais, as plantas superaram os óbitos
causados por medicamentos. Estes autores
destacam a família Euphorbiaceae, contribuindo
com o maior número de casos de intoxicação,
além de Araceae e Solanaceae. Dentre as
espécies utilizadas como medicinais na região,
sete pertencem a estas famílias. Enquanto que
dentre as espécies citadas como venenosas por
Schvartsman (1979), apenas Asclepias
curassavica, Jatropha gossypifolia,
Lantana camara e Melia azedarach foram
citadas pelos erveiros da área de estudo.
58 Parente, C. E. T., Rosa, M. M. T. da
Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001.
AGRADECIMENTOS
Ao Sr. Jorge Borges da Paixão (in
memorian) e Sra. Maria Aparecida por
dividirem seus conhecimentos, sem os quais
este trabalho não seria realizado. Aos botânicos
Lana da Silva Sylvestre, Genise Vieira Freire
e R. Harley, pela colaboração na identificação
do material botânico. À Inês Machline Silva
pelas valiosas sugestões.
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... A diversidade biológica e cultural brasileira, assim como o acúmulo de conhecimentos e técnicas tradicionais sobre o uso e manejo das plantas medicinais, proporcionam ao país um grande potencial produtivo nesse setor (BRASIL, 2006). Os sistemas agrícolas tradicionais são fundamentais para a conservação da diversidade agrícola e das práticas a eles associadas, no entanto, diversos processos de perda de conhecimentos tradicionais sobre as plantas medicinais, aromáticas e condimentares (PMACs) têm sido relatados, quer seja devido à simplificação de agroecossistemas, como ao desaparecimento de espécies e de práticas culturais, tornando necessário e urgente registrar as informações ainda disponíveis (CAMARGO et al., 2017;MIRANDA, 2012;OURIVES;CARNIELLO, 2018;PARENTE;ROSA, 2001). ...
... A diversidade biológica e cultural brasileira, assim como o acúmulo de conhecimentos e técnicas tradicionais sobre o uso e manejo das plantas medicinais, proporcionam ao país um grande potencial produtivo nesse setor (BRASIL, 2006). Os sistemas agrícolas tradicionais são fundamentais para a conservação da diversidade agrícola e das práticas a eles associadas, no entanto, diversos processos de perda de conhecimentos tradicionais sobre as plantas medicinais, aromáticas e condimentares (PMACs) têm sido relatados, quer seja devido à simplificação de agroecossistemas, como ao desaparecimento de espécies e de práticas culturais, tornando necessário e urgente registrar as informações ainda disponíveis (CAMARGO et al., 2017;MIRANDA, 2012;OURIVES;CARNIELLO, 2018;PARENTE;ROSA, 2001). ...
Article
Essa revisão está inserida no escopo da pesquisa de doutoramento intitulada “Levantamento etnobotânico de plantas medicinais, aromáticas e condimentares no bairro de Guaratiba/RJ”, que tem objetivo registrar o conhecimento de agricultores do bairro de Guaratiba/RJ sobre a identificação e uso de plantas medicinais, aromáticas e condimentares (PMAC) presentes na localidade. Trata-se de um apoio à manutenção dos conhecimentos e modos de vida tradicionais locais. Os resultados ora apresentados referem-se a uma pesquisa bibliográfica voltada à caracterização socioambiental da área de estudo, visando uma primeira aproximação com esta realidade. A XXVI Região Administrativa e de Planejamento do Rio de Janeiro/RJ é composta pelos bairros de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Barra de Guaratiba, abrangendo 15.258,01 ha onde residem 123.114 habitantes, apresentando infraestrutura urbana com serviços de água, esgoto, coleta de lixo, iluminação, ensino, saúde, transporte e outros. A economia gira em torno das atividades de serviços e do comércio. Esta é uma Área de Especial Interesse Turístico (AEITUR) e também de interesse agrícola (AIA-6), com polos de plantas ornamentais e gastronômicos. Entre os principais problemas detectados encontram-se a especulação imobiliária; esgotamento sanitário insuficiente e ausência de regularização fundiária. A região está contida na Faixa Litorânea, com vegetação de floresta tropical subcaducifólia e de restinga onde ocorre o clima Aw. Nas áreas elevadas, como no Maciço da Pedra Branca, a vegetação é de floresta tropical subperenifólia, com clima Af e Cfa. Pertence à bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba, cujos rios desembocam no mar interior contido pela Restinga da Marambaia. Há presença de Colônias e Associações de Pescadores, portos e indústrias. Concentra diversas Unidades de Conservação, como o Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB); a Reserva Biológica Estadual de Guaratiba (RBG); o Parque Natural Municipal da Serra da Capoeira Grande; as APAs da Serra da Capoeira Grande; do Morro do Silvério; das Brisas e de Guaratiba. Os dados mostram a complexidade regional, a necessidade de delimitar melhor o locus da pesquisa e confirmam a importância e a necessidade da realização de registro dos conhecimentos tradicionais porventura ainda existentes. Financiamento: CAPES.
... Para obtenção dos dados foram realizadas pesquisas bibliográficas e de campo, mediante a aplicação de um questionário semiestruturado de cunho comercial e socioeconômico, metodologia já utilizada por diversos autores (PARENTE, ROSA 2001;MEDEIROS et al., 2004;FIGUEIEDO 2005;GODOY, ANJOS 2007). ...
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O presente estudo teve como objetivo identificar os produtos florestais não madeireiros e sua comercialização na feira livre de Solânea, PB. A pesquisa foi realizada mediante a aplicação de um questionário semiestruturado, além de observações visuais da forma como os produtos são comercializados nas bancas. Com isso, foi possível observar um total de 30 produtos florestai não madeireiros - PFNM’s -, advindos de 27 espécies diferentes. Sendo esses comercializados na forma de cascas, raiz, folhas, óleo, cipó, semente e bucha. Na feira livre de Solânea, PB há a comercialização de diferentes PFNM’s de diferentes espécies. São comercializados em bancas de condimentos e temperos e frequentemente adquiridos em períodos específicos do ano por motivos culturais, medicinais ou adquiridos por curiosidade dos clientes. Os principais problemas enfrentados para a comercialização dos PFNM’s é a concorrência e a dificuldade de adquirir os produtos já comercializados quanto novos, pela falta de disponibilidade e recursos.
... A etnobotânica abrange o estudo das sociedades humanas, passadas e presentes, e suas interações ecológicas, genéticas e evolutivas, assim como simbólicas e culturais, com as plantas (ALVES et al., 2007). Essa área do conhecimento humano também investiga novos recursos vegetais e, por isso, tem merecido destaque na atualidade, devido ao crescente interesse pelos produtos de origem natural, por uma parcela significativa da sociedade (PARENTE; ROSA, 2001). ...
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A utilização de plantas medicinais é uma das práticas mais antigas utilizadas pelo homem e, apesar da evolução do conhecimento científico, este costume ainda é muito frequentemente praticado entre os habitantes de comunidades e municípios do interior, principalmente em regiões com baixo desenvolvimento humano. O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo etnobotânico sobre as plantas medicinais utilizadas pelos moradores de um bairro localizado numa cidade ribeirinha no interior do Estado do Amazonas. Participaram do estudo 100 indivíduos, e os dados obtidos pela pesquisa foram compilados por meio de um formulário contendo 14 questões objetivas e discursivas. Os resultados demonstraram que 95,0% dos moradores fazem uso de plantas medicinais. Foram citadas 92 espécies que pertencem a 50 famílias botânicas, com destaque para a Lamiaceae. As plantas mais citadas foram: Vernonia condensata (boldo) 6,1%, Citrus sinensis (laranjeira) 5,8% e Allium sativum (alho) 4,7%. No entanto, quando analisado o índice de concordância (porcentagem de uso principal = CUP) a laranjeira apresenta um CUP de 80,9%, seguida de Vernonia condensata (boldo) e Chenopodium ambrosioides (mastruz) (68,1 e 61,5%, respectivamente). Com relação ao modo de preparo, 61,1% citaram infusão, e a principal enfermidade tratada foi dores de estômago com 13,1%. É importante enfatizar a necessidade de mais estudos acerca dos reais benefícios destas ervas, a fim de que as divulgações dessas informações venham complementar o conhecimento empírico já difundido na população local e, desta forma, ampliar o conhecimento etnobotânico e consequentemente promover saúde e bem-estar. Palavras chaves: Etnobotânica, Plantas Medicinais, Fitoterápicos.
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O Brasil é um dos países com maior biodiversidade do planeta, sobretudo no Bioma Amazônico, que se destaca por sua grande diversidade de espécies vegetais. Dada a riqueza da flora e o potencial fitoterápico do país, resultado do conhecimento tradicional e científico, o uso de plantas medicinais é muito comum na atenção primária à saúde, sobretudo em regiões com alta diversidade como a Amazônia. Visando comparar o conhecimento etnobotânico sobre plantas medicinais em comunidades urbanas e rurais do sul da Amazônia, foram coletados dados etnobotânicos por meio de questionários aplicados a 300 moradores, sendo 150 na zona urbana e 150 na zona rural, sendo que em cada comunidade apenas 25 foram escolhidos para a pesquisa. Foram informadas 37 espécies de plantas com uso medicinal, sendo que 36 foram citadas pelos informantes da área rural e 28 pela área urbana. Verificou-se que o conhecimento etnobotânico de plantas medicinais nas zonas urbana e rural no sul da Amazônia apresenta diferenças principalmente nas espécies utilizadas do que na quantidade, evidente entre pessoas de maior idade. Além disso, a proximidade de fontes naturais, como a floresta, é um grande diferencial para as zonas rurais, que aproveitam e os recursos próximos.
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Background: Ferns and lycophytes comprise all vascular plants with no flowers, fruits, or seeds, grouped under the artificial name Pteridophytes. This group presents a broad range of ethnobotanical uses, being those medicinal, ornamental, ritual, edible, or others, but there are few studies that register the uses of this specific group and no comprehensive gathering of this data under one study in Brazil. This review aimed to gather, analyze, and organize existing data on the historical and present ethnobotany of Pteridophytes in Brazil. Methods: This study was conducted through a literature review, regarding historical and current data in order to understand how the human populations in Brazil utilize these plants. Species were also updated when necessary to generate a taxonomic correct listing. Results: We gathered data regarding 367 species, within 702 valid citations in 124 different sources, dating from the 16th century until today. Another 118 imprecise citations were registered, making up to a total of 820 species’ citations. The most reported uses were medicinal and ornamental, followed by those of ritual and food uses. Almost all Pteridophyte families have recorded uses, and the species are used in all regions of the country, by diverse human groups. Conclusion: This survey brings to surface the broad use of Pteridophyte species in the country, compiling this information in an unprecedented way for Brazil, and highlighting their importance for human groups. Keywords: brazilian flora; brazilian biodiversity; useful plants; traditional knowledge.
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INTRODUÇÃO: dados considerada a obesidade como uma síndrome multifatorial que desencadeia diversas alterações fisiológicas, bioquímicas, metabólicas, anatômicas, o ganho de peso, ao longo da vida é um importante preditor para o desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica. OBJETIVO: identificar a prevalência de hipertensão e sobrepeso/obesidade em escolares do ensino médio da cidade de Jaú-SP. METODOLOGIA: foi realizado uma pesquisa de campo indireta de caráter descritivo com objetivo de determinar a prevalência hipertensão arterial,de sobrepeso e obesidade em escolares de 15 a 17 anos do ensino médio que residem em Jau - SP, Brasil. Foi aplicado Termo Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), todos os indivíduos foram informados sobre os procedimentos para a realização das coletas, demostrando ser um método não invasivo e retirando quaisquer dúvidas. do índice de massa corporal (IMC) foi calculado consoante a fórmula “peso dividido pela altura elevada ao quadrado” e interpretado, juntamente com os valores de peso e estatura, segundo valores de escore-z, de acordo com as curvas da Organização Mundial da Saúde; pressão arterial, foram avaliados 125 alunos no total; estatística descritiva. RESULTADOS: houve prevalência de hipertensão arterial em condições de peso normais, tanto no sexo masculino e feminino. CONCLUSÃO: Conclui-se que houve prevalência importante de hipertensão especificamente nos escolares do ensino médio e do sexo masculino, 25%. Pode-se considerar que as prevalências de hipertensão, no grupo de escolares, são relevantes, e devem ser motivo de preocupação dos sistemas de saúde do município de Jaú e assim contribuir para políticas públicas, com programas de combate à obesidade e a hipertensão arterial, por meio de exercícios físicos e orientação alimentar para auxiliar em uma melhor qualidade de vida, desde a fase de criança a vida adulta.
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ABSTRACT: Epidemiological, political and sociodemographic changes drive transformations in the world's health systems, and it is necessary to rethink medical education. Together with the National Curriculum Guidelines, the insertion of students in Primary Health Care is a strategy for the development of cognitive, affective and approximation skills with reality, in addition to promoting health and quality of life. In this scenario, it is basic to look at the preceptor and, therefore, this material aims to identify its profile and challenges and results from a research, based on a bibliographic review, which resulted in four thematic nuclei. For conclusive purposes, we understood the need for clearer public policies on the provision by the academy of the health services of the course program and learning objectives. Not only that, but the cruciality of encouraging preceptors to have a clear competence profile, support for their development, especially of pedagogical skills and the relationship with the community. KEYWORDS: Preceptorship. Problem-Based Learning. Medical Education. Professional Training.
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The custom of using plants for medicinal purposes is widespread throughout the world. In the Amazon region, markets and fairs play leading roles when it comes to marketing medicinal plants. This work aimed to: identify part of the diversity of medicinal plants sold in the Municipal Market Adolfo Lisboa, in the Municipality of Manaus/AM. As methodological procedures, the following strategies were used: participant observation, simplified questionnaire to local traders in order to identify the medicinal plants sold in the Adolpho Lisboa market. Result: Of the 23 plants commercialized at Mercado Adolpho Lisboa with the purpose of medicinal use obtained during the research, the families with the highest representation identified were: Lamiaceae, followed by Malvaceae, Asteraceae and Fabaceae. The plants are usually obtained from markets, street fairs in neighborhoods or home gardens. Conclusion: Thus, it is concluded that the population has extensive knowledge of medicinal plants and uses them constantly believing in their healing power, and these are marketed fresh in bundles (leaves, branches and also the whole plant as a seedling), dehydrated (dried leaves, bark, seeds, nuts) and packaged (oils), through herb traders at the Adolpho Lisboa municipal market.
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A survey done in the districts of Santa Maria, RS, revealed that people make continuous use of medicinal plants. This study was based on interviews made with the residents of seven districts of the city: Nossa Senhora de Lourdes, Medianeira, Nossa Senhora das Dores, Centro, Nossa Senhora do Rosário, ltararé and Patronato. A total of 148 species were registered, belonging to 134 genus and arranged in 64 families. Lists are shown containing the species mentioned in the questionaries, along with the popular name, family, therapeutic indication and pharrnacogeno.
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Ethnobotany, the study of the classification, use and management of plants by people, draws on a range of disciplines, including natural and social sciences, to show how conservation of plants and of local knowledge about them can be achieved. Ethnobotany is critical to the growing importance of developing new crops and products such as drugs from traditional plants. This book is the basic introduction to the field, showing how botany, anthropology, ecology, economics and linguistics are all employed in the techniques and methods involved. It explains data collection and hypothesis testing and provides practical ideas on fieldwork ethics and the application of results to conservation and community development. Case studies illustrate the explanations, demonstrating the importance of collaboration in achieving results. Published with WWF, UNESCO and Royal Botanic Gardens Kew.
Contribuição etnobotânica para o universo ritual dos cultos afro-brasileiros
  • Albuquerque U. P.
Albuquerque, U. P. & Chiapetta, A. de A. Contribuição etnobotânica para o universo ritual dos cultos afro-brasileiros. In: Lima, T. (org.) 1996. Sincretismo Religioso: O Ritual Afro. Recife, Massaneana; p.188-197. IV Congresso Afro-brasileiro.
Composição florística do entorno da Represa de Ribeirão das Lages
  • M R V Barbosa
  • H C Rodrigues
Barbosa, M. R. V. & Rodrigues, H. C. 1995. Composição florística do entorno da Represa de Ribeirão das Lages, Rio de Janeiro, Brazil. Rev. Univ. Rural, Sér. Ciênc. da Vida, 17(1): 51-74.
Formas de uso de espécies vegetais dos cultos afro-brasileiros em Recife -PE, Brasil
  • U P Albuquerque
  • A Chiapetta
  • A De
Albuquerque, U. P. & Chiapetta, A. de A. 1995. Formas de uso de espécies vegetais dos cultos afro-brasileiros em Recife -PE, Brasil. Biologica brasilica, 6(1/2): 111-120.
Jorge Borges da Paixão (in memorian) e Sra. Maria Aparecida por dividirem seus conhecimentos, sem os quais este trabalho não seria realizado
  • C E T Parente
  • M M T Rosa
  • Da
Parente, C. E. T., Rosa, M. M. T. da Rodriguésia 52(80): 47-59. 2001. AGRADECIMENTOS Ao Sr. Jorge Borges da Paixão (in memorian) e Sra. Maria Aparecida por dividirem seus conhecimentos, sem os quais este trabalho não seria realizado. Aos botânicos Lana da Silva Sylvestre, Genise Vieira Freire e R. Harley, pela colaboração na identificação do material botânico. À Inês Machline Silva pelas valiosas sugestões.