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Classes emergentes e oligarquização política

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Abstract

Verifica-se um paradoxo na modernização democrática do Brasil: ao mesmo tempo em que a circulação de elites se viabilizou, aprofundando a democratização de nossa sociedade, um novo aprofundamento desse processo impõe limites cada vez maiores à continuidade dos padrões de apropriação de recursos públicos que tradicionalmente operaram no país, tendo servido ainda de combustível para a operação satisfatória – do – ponto de vista da governabilidade – do presidencialismo de coalizão. O risco de uma deslegitimação cada vez maior do sistema se avoluma como consequência do ganho de complexidade de uma sociedade e de um Estado cujos mecanismos de descoberta de ilícitos e sua divulgação aumentam de forma irreversível, ao mesmo tempo em que ocorrem insatisfatoriamente as sanções de transgressões inaceitáveis para uma sociedade modernizada e democrática. Com isso, uma fratura fundamental permanece na sociedade brasileira entre o conjunto da cidadania e a classe política profissional que poderia representá-lo.
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... Foi negativa a percepção de parcelas significativas dos setores mais bem aquinhoados da população brasileira, que não só viram tornar-se mais custosos certos bens e serviços que os distinguiam dos demais (como o serviço das empregadas domésticas), como ainda puderam perceber que seus espaços antes exclusivos passavam a ser ocupados também por segmentos antes ausentes -o que alguns chamaram de "efeito aeroporto", com o acesso dos mais pobres às viagens aéreas, antes restritas às parcelas mais ricas da população (Pinto, 2014). Isso se refletiu na percepção negativa de contingentes significativos acerca dos governos petistas e seu partido (Aquino, 2020;Couto, 2013). Tal mudança produziu uma perda de distinção social que abriu caminho para o avanço de um discurso populista voltado não exatamente aos eternos perdedores, mas aos novos, àqueles que viram fragilizar-se sua condição historicamente privilegiada e diferenciadora, definidora secular material e simbólica das bases desiguais da sociedade brasileira. ...
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The social resentment expressed in the June 2013 Journeys, resulting from frustrated expectations of ascending social sectors (who saw their progress stalled) and of higher layers in the social stratification (who lost their distinction), gave rise to anti-political affections. These, in turn, have fueled anti-party and anti-system sentiment conducive to the electoral success of outsiders and marginal politicians. In this context, several outsiders became mayors in the 2016 municipal elections, and Jair Bolsonaro won the presidency in 2018. His movement-government was characterized by extremist populism with a religious, exclusionary, and anti-pluralist background. This populism mobilized support for an abnormal government, which defies conventional institutionalist analysis as it undermines the existing framework instead of accepting it as given. This approach led to institutional stress, as the repeated attack on other branches of power (especially the judiciary) triggered hyperactivity within the institutions, generating a populist trap that undermined the legitimacy of institutions. Keywords: extremism; populism; Bolsonaro government; ipolitical institutions; democracy
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