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Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Agricultura e Abastecimento
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
Instituto Agronômico
Governador do Estado de São Paulo
Geraldo Alckmin
Secretário de Agricultura e Abastecimento
Arnaldo Jardim
Secretário Adjunto de Agricultura e Abastecimento
Rubens Naman Rizek Júnior
Coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
Orlando Melo de Castro
Diretor Técnico de Departamento do Instituto Agronômico
Sérgio Augusto Morais Carbonell
ISSN 1809-7936
COUVE DE FOLHA: DO PLANTIO À
PÓS-COLHEITA
Paulo Espíndola TRANI
Sebastião Wilson TIVELLI
Sally Ferreira BLAT
Angélica PRELA-PANTANO
Édson Possidônio TEIXEIRA
Humberto Sampaio de ARAÚJO
José Carlos FELTRAN
Francisco Antonio PASSOS
Gilberto Job Borges de FIGUEIREDO
Maria do Carmo de Salvo Soares NOVO
Série Tecnologia APTA
Boletim Técnico IAC, n. 214, 2015
Ficha elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico
O Conteúdo do Texto é de Inteira Responsabilidade dos Autores.
Comitê Editorial do Instituto Agronômico
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C872 Couve de folha: do plantio à pós-colheita / Paulo Espíndola Trani
Sebastião Wilson Tivelli; Sally Ferreira Blat; et al. Campinas: Instituto
Agronômico, 2015. 36 p. online. (Série Tecnologia Apta. Boletim
Técnico IAC, 214)
ISSN 1809-7936
1. Couve de folha. I. Prela-Pantano, Angélica. II. Teixeira, Édson
Possidônio. III. Araújo, Humberto Sampaio de. IV. Feltran, José Carlos.
V. Passos, Francisco Antonio. VI. Figueiredo, Gilberto Job Borges de.
VII. Novo, Maria do Carmo de Salvo Soares. VIII. Título. IX. Série.
CDD. 635.34
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO ....................................................................... 2
2. CULTIVARES.......................................................................... 3
3. CLIMA ..................................................................................... 8
4. MANEJO DA COUVE ........................................................... 9
4.1 Implantação da cultura ...................................................... 9
4.2 Uso de quebra-ventos ..................................................... 11
4.3 Irrigação .......................................................................... 12
4.4 Nutrição mineral, calagem e adubação .......................... 15
4.5 Controle de pragas e doenças ......................................... 18
4.6 Manejo de plantas daninhas ............................................ 23
4.7 Rotação e consorciação de culturas ............................... 24
5. COLHEITA, EMBALAGEM E COMERCIALIZAÇÃO ..... 26
6. MERCADO............................................................................ 29
7. CUSTO DE PRODUÇÃO ..................................................... 31
8. USO CULINÁRIO................................................................. 31
AGRADECIMENTOS .............................................................. 33
BIBLIOGRAFIA........................................................................ 34
COUVE DE FOLHA: DO PLANTIO À PÓS-COLHEITA
Paulo Espíndola TRANI (1)
Sebastião Wilson TIVELLI (2)
Sally Ferreira BLAT (3)
Angélica PRELA-PANTANO (4)
Édson Possidônio TEIXEIRA (5)
Humberto Sampaio de ARAÚJO (6)
José Carlos FELTRAN (1)
Francisco Antonio PASSOS (1)
Gilberto Job Borges de FIGUEIREDO (7)
Maria do Carmo de Salvo Soares NOVO (8)
RESUMO
A couve de folha (Brassica oleracea L. var. acephala),
é uma das principais hortaliças folhosas cultivadas no Estado
de São Paulo e no Brasil. Neste boletim técnico são descritas,
de forma sucinta, as características botânicas das principais
cultivares da coleção de couve da Secretaria de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo. São apresentadas
informações e recomendações sobre o cultivo da couve, com
destaque para os sistemas de plantio, clima, irrigação, nutrição
mineral, calagem, adubação, controle de pragas e doenças,
manejo de plantas daninhas, rotação de culturas e colheita. Ao
nal são destacados aspectos sobre a comercialização, o custo
de produção e o uso culinário desta hortaliça.
Palavras-chave: couve, couve-comum, couve-manteiga,
cultivares, nutrição mineral, manejo totécnico, comercialização.
(1
) Instituto Agronômico (IAC), Centro de Horticultura, Campinas (SP). petrani@iac.sp.gov.br.
(
2
) Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica de São Roque/APTA, São
Roque (SP).
(
3
) Polo Regional do Centro Leste/APTA, Ribeirão Preto (SP).
(
4
) Instituto Agronômico (IAC), Centro de Ecosiologia e Biofísica, Campinas (SP).
(
5
) Instituto Agronômico (IAC), Centro de Fitossanidade, Campinas (SP).
(
6
) Polo Regional do Extremo Oeste/APTA, Andradina (SP).
(
7
) CATI/Casa da Agricultura de Caraguatatuba (SP).
(
8
) Instituto Agronômico (IAC), Campinas (SP) - aposentada.
2Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
ABSTRACT
KALE (COLLARD): FROM PLANTATION TO
POST- HARVESTING
The kale (collard) (Brassica oleracea L. var. acephala)
is one of main leaf crop vegetable in State of São Paulo as
well as other states of Brazil. In this bulletin a list of the most
important cultivars in the germplasm bank of the Secretariat of
Agriculture and Supply of the State of São Paulo are presented
with agronomic descriptions. This bulletin take informations
on sowing, transplanting, climate, irrigation, nutrition, liming,
fertilization, integrated pest management, crop rotation and
harvesting. Marketing, cost of production and use on culinary
are also presented.
Key words: green collard, cole, varieties, plant nutrition, crop
management, yield.
1. INTRODUÇÃO
A couve de folha (Brassica oleracea L. var. acephala), hortaliça
anual ou bienal, da família Brassicacea, também conhecida como couve-
-comum e couve-manteiga, é originária do continente Europeu. Seu
consumo vem aumentando de maneira gradativa devido, provavelmente,
às novas maneiras de utilização na culinária e às recentes descobertas
da ciência quanto às suas propriedades nutricionais e medicinais.
Comparativamente a outras hortaliças folhosas, a couve destaca-se
quanto ao maior conteúdo de proteínas, carboidratos, bras, cálcio,
ferro, iodo, vitamina A, niacina e vitamina C.
Com relação às propriedades medicinais, a couve pode ser
utilizada em tratamentos contra a anemia e o bócio. Seu sumo é
3
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
cicatrizante e bom para a vesícula biliar. A couve também auxilia no
combate à constipação intestinal.
A cultura tem estado presente na agricultura familiar brasileira
principalmente pela sua facilidade de propagação, e tem sido classicada
pela população pela diversidade de aparência, cor e textura da folha.
Observa-se também, que a característica “tipo manteiga”, se refere à
maciez da folha ao tato e ao tempo de cozimento, podendo ocorrer tanto
em variedades de folhas de cor verde-clara até àquelas de coloração
verde-escura.
A couve de folha é uma das hortaliças folhosas mais cultivadas
no Estado de São Paulo. Camargo & Camargo (2011), do Instituto
de Economia Agrícola (IEA), relatam o cultivo de 1.929 ha de couve
neste estado brasileiro, onde foram produzidas 55.941 toneladas,
correspondendo a uma produtividade de 29 toneladas por hectare.
2. CULTIVARES
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo (SAA) possui um banco de germoplasma com 31 cultivares de
couve, todas propagadas por mudas. A coleção completa encontra-se no
Polo Regional do Centro Leste/APTA, em Ribeirão Preto (SP), havendo
também cultivares no Instituto Agronômico (IAC), em Campinas (SP),
na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica/
APTA, em São Roque (SP) e no Polo Regional do Extremo Oeste/APTA,
em Andradina (SP). A gura 1 mostra um aspecto geral da coleção de couve
conduzida no Polo Regional do Centro Leste em Ribeirão Preto (SP).
4Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
Figura 1. Aspecto das cultivares de couve da coleção IAC/APTA/SAA, situadas no
Polo Regional do Centro Leste, Ribeirão Preto (SP), 2014. Foto: Sally Ferreira Blat.
Uma descrição sucinta das características botânicas desta
coleção é apresentada na tabela 1.
5
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
Tabela 1. Características botânicas das cultivares de couve do banco de germoplasma do IAC/APTA/SAA
Cultivares Comprimento
do limbo Largura
do limbo Massa fresca
da folha Área foliar Observações
cm folha-1 g folha-1 cm2 folha-1
A - Manteiga de Ribeirão Pires 25,38 20,96 28,86 355,90 Margem irregularmente
sinuada, denticulada
B - Manteiga I-1811 23,86 20,02 23,97 314,44 Margem irregularmente
sinuada, denticulada
C - Roxa I-919 21,00 17,68 21,04 246,48 Nervuras arroxeadas
D - Manteiga São Roque I-1812 16,54 14,54 11,43 159,12 Margem levemente
denticulada, sinuada
E - Gigante I-915 18,58 15,18 16,17 185,16 Pecíolo verde com manchas
roxas
F - Manteiga I-916 15,24 13,54 7,78 147,50 Pecíolo curto
G - Crespa I-918 15,57 11,48 7,80 111,64 Margem partida lacerada
H - Manteiga Ribeirão Pires I-2446 20,72 16,94 18,25 232,37 Pecíolo de cor verde
I - Crespa de Capão Bonito 23,90 23,00 37,01 360,26 Nervuras proeminentes
J - Manteiga de Tupi 15,84 13,08 10,74 147,70 Base auriculada assimétrica
K - Couve da Seção de Leguminosas 32,90 27,24 52,43 609,99 Margem de cor verde
L - Manteiga de Jundiaí 23,92 22,84 30,03 433,07 Coloração verde-clara
M - Manteiga de Mococa 21,64 18,24 26,14 278,71 Limbo bulado
N - Manteiga São José 22,10 18,56 24,66 261,94 Ápice assimétrico
O - Manteiga de Monte Alegre 29,34 24,36 44,18 467,12 Nervuras arroxeadas
P - Verde-Escura 31,52 24,90 37,30 479,02 Coloração verde-escura
Q - Pires 1 de Campinas 34,02 27,52 58,42 645,54 Nervuras branco-esverdeadas
R - Pires 2 de Campinas 27,24 22,18 40,05 467,78 Limbo orbicular
S - Japonesa 20,08 13,08 14,30 164,04 Coloração verde- brilhante
T - Hortolândia 36,94 31,66 72,05 794,06 Limbo orbicular
U - Orelha de Elefante 31,90 25,20 51,39 548,64 Margem denticulada
V - Vale das Garças 33,20 27,90 37,72 540,79 Nervuras arroxeadas
W - Artur Nogueira 1 34,10 25,70 65,13 640,36 Limbo oval-oblongo
X - Comum 33,90 28,08 64,03 639,41 Limbo elíptico-oblongo
Y - Artur Nogueira 2 34,10 26,00 47,81 541,99 Limbo elíptico
Z - Artur Nogueira 3 34,90 26,40 58,41 643,96 Margens de cor verde
VA - Variegata de Andradas 20,06 17,86 19,61 233,67 Bordos esbranquiçados
Tozan 34,18 24,96 49,33 576,28 -
IAC - Campinas-Mendonça 32,26 32,42 61,92 899,22 Folhas macias ao tato
OP - Manteiga Osvaldo Pires 34,46 27,32 46,20 657,82 Limbo oval
SE - Serrilhada 37,60 23,02 51,83 489,82 Margem partida lacerada
6Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
As cultivares Manteiga de Ribeirão Pires (A), Manteiga de
Jundiaí (L); Manteiga São José (N), Pires 2 de Campinas (R), Orelha
de Elefante (U), Vale das Garças (V), Comum (X) e IAC - Campinas
- Mendonça destacam-se quanto ao número de folhas por planta, seu
tamanho, aspecto e sabor, que agradam o consumidor.
Existem empresas que produzem e comercializam sementes
de híbridos de couve, citando-se os seguintes: Cabocla, Top Bunch,
Manteiga da Geórgia, Green Magic, Gaudina e Couve-Manteiga 900
Pé Alto. Os híbridos de couve têm porte compacto com internódios
curtos, não produzem brotações para formação de mudas, são
propagados por sementes, são precoces e mostram boa produtividade,
devido, principalmente, à maior área foliar e peso em relação a diversas
variedades propagadas por mudas. De maneira geral, os híbridos
disponíveis no comércio, para consumo in natura, tem aspecto que não
agrada o consumidor. Constituem-se, porém, em opção interessante
para atender ao mercado de minimamente processados, em programas
institucionais (hospitais, penitenciárias, merenda escolar, entre outras).
A gura 2 mostra um híbrido de porte compacto ao lado da variedade
IAC - Campinas de porte mais alto.
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Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
Figura 2. Acima, couve híbrida de porte compacto e folhas de coloração verde-
-escura. Abaixo, cultivar de couve propagada por mudas, com porte mais alto e
folhas verde-claras. Campinas (SP), 2006. Fotos: Paulo Espíndola Trani e Arlete
Marchi Tavares de Melo.
8Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
A gura 3 mostra uma horta comercial com o cultivo de couve de
folha propagada por mudas, em fase de colheita.
Figura 3. Horta em Campinas (SP), com couve no período de colheita. 2009. Foto:
Paulo Espíndola Trani.
3. CLIMA
A couve é uma cultura típica de outono-inverno, bem adaptada
ao frio intenso e resistente à geada. No verão se desenvolve bem em
áreas serranas, com altitudes acima de 800 m. No Estado de São Paulo,
a produção da couve é melhor quando as temperaturas médias mensais
se situam entre 16 e 22 ºC, com temperaturas mínimas de 5 a 10 ºC e
temperaturas máximas de 28 ºC. Na ocorrência de temperaturas acima
desse valor poderá haver danos no desenvolvimento das plantas,
acarretando prejuízos com relação à produção comercial.
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Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
4. MANEJO DA COUVE
4.1 Implantação da cultura
A couve de folha pode ser propagada por sementes ou por mudas,
dependendo da cultivar. No Brasil, o método preferido pelos agricultores é
a propagação vegetativa, com a formação de mudas a partir de brotos que
surgem nas axilas das folhas, na maioria das cultivares. As couves híbridas
não produzem brotos, sendo a propagação destas feita via sementes.
Na propagação vegetativa recomenda-se colocar os brotos para
enraizar após serem retirados os excessos de folhas das plantas adultas.
Os brotos podem ser enraizados em saquinhos de plástico ou de jornal,
com 5 a 6 cm de diâmetro e 10 a 15 cm de altura, ou ainda em bandejas
de plástico com 128 células, preenchidas com substratos ou solo rico
em matéria orgânica. Na fase de pegamento das mudas é necessário
irrigar várias vezes ao dia para garantir um bom enraizamento destas,
até que possam ser transplantadas para o local denitivo.
Na formação de mudas a partir de sementes recomenda-se utilizar
bandejas de plástico de 128 células, com substrato comercial à base de
casca de pinus ou de bra de coco. Realizar a fertirrigação até as plantas
alcançarem 4 a 6 pares de folhas denitivas e 10 a 15 cm de altura.
O espaçamento recomendado em plantios comerciais de couve é de
80 a 100 cm entrelinhas por 50 a 70 cm entre plantas. Apesar de haver
preferência dos produtores para o cultivo em linhas simples, em algumas
regiões podemos encontrar o sistema de cultivo em linhas duplas, com
espaçamento de 80 a 100 cm entrelinhas duplas e 40 a 50 cm entrelinhas
simples. O espaçamento entre plantas, normalmente, é de 50 cm. O tipo de
solo, a declividade do terreno, o porte da cultivar de couve e o manejo da
cultura determinam a escolha do espaçamento entrelinhas e entre plantas.
A gura 4 mostra hortas comerciais com a couve instalada e conduzida nos
dois tipos de espaçamento entrelinhas e entre plantas anteriormente citados.
10 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
Figura 4. Cultivo de couve-variedade em linha simples. Maringá (PR), 2008. Híbrido
de couve em linhas duplas. Campinas (SP), 2010. Fotos: Sebastião Wilson Tivelli e
Paulo Espíndola Trani, respectivamente.
Vem crescendo a área plantada com couve sob cultivo protegido,
com maior adensamento entre plantas e a utilização de híbridos.
Recomenda-se realizar a rotação com hortaliças de outras espécies
para evitar ou diminuir a incidência da traça-das-crucíferas, praga que
pode causar prejuízos consideráveis para a couve quando cultivada
em estufa agrícola. A gura 5 mostra uma estufa típica do sudoeste
paulista (pé direito acima de 4,5 m de altura), com plantas de couve em
plena produção. Nesse tipo de estufa é possível a rotação da couve com
plantas de porte alto como o pepino, o pimentão e o tomate.
11
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
Figura 5. Couve sob cultivo protegido. Santa Cruz do Rio Pardo (SP), 2014. Foto:
Paulo Espíndola Trani.
4.2 Uso de quebra-ventos
É importante a utilização de quebra-ventos na cultura da couve.
Isto porque a mão de obra e o material utilizado para tutoramento,
em geral o bambu, são escassos e dispendiosos. Recomenda-se a
implantação de faixas de proteção com bananeiras, pupunheiras e
outros palmitos, os quais, além de impedir ou minimizar a passagem
de ventos, proporcionam uma renda extra ao produtor. Outras plantas,
como palmeiras ornamentais diversas e guandu, podem ser utilizadas
como quebra-ventos, devendo-se evitar o plantio de espécies da mesma
família botânica da couve. A gura 6 mostra o sistema de quebra-ventos
acima mencionado.
12 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
Figura 6. Horta comercial de couve, em fase de produção, protegida com
quebra-ventos de bananeiras e árvores diversas. Itapetininga (SP), 2006. Foto:
Paulo Espíndola Trani.
4.3 Irrigação
O produtor deve estar sempre atento às condições climáticas e
necessidade hídrica da cultura. A falta de água (décit hídrico) provoca
o murchamento das plantas e, juntamente com a insolação, podem
acarretar queimaduras nas folhas e nos brotos, causando a morte da
couve. Por outro lado, o excesso de umidade, pode causar podridão das
raízes e favorecer a incidência de doenças.
Em relação à irrigação da cultura, deve-se levar em consideração
fatores como: período de cultivo no ano, ciclo da cultura, tipo de solo,
declividade do terreno, capacidade de drenagem e/ou retenção de água
e insolação diária.
Normalmente, o produtor se baseia nas condições de temperatura e
de precipitação, bem como, nas condições do seu solo para essa prática
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Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
agronômica. Por isso, a reposição da água evapotranspirada deve ser
feita diariamente, caso não chova. Recomenda-se utilizar a cobertura
morta (mulching) para diminuição das perdas de água do solo.
Na escolha do sistema de irrigação, devem ser levados em conta a
disponibilidade e o custo dos equipamentos e da mão de obra para cada
local e região de cultivo.
Os sistemas de irrigação que podem ser utilizados no cultivo da
couve são:
a) Irrigação por sulcos: é o sistema de irrigação por superfície que
aplica a água para as plantas através de pequenos canais ou sulcos
paralelos às linhas de plantio, por onde se movimenta ao longo do
declive. Nesse sistema, a água se inltra no fundo e nas laterais do
sulco, movimentando-se vertical e horizontalmente no perl do solo,
proporcionando assim, a umidade necessária para o desenvolvimento
vegetal. Entre os benefícios ou vantagens da irrigação por sulcos
menciona-se que a operação do mesmo é realizada sem gasto de energia
durante o processo de irrigação. Este sistema de irrigação não é afetado
pela qualidade física e biológica da água e também pode ser operado
na presença de vento, que afetaria o sistema de aspersão, por exemplo.
Uma limitação desse sistema consiste na diculdade do tráfego de
equipamentos e tratores sobre os sulcos. Pode ainda ocorrer diculdades
em se automatizar o sistema, principalmente com relação a aplicar a
mesma vazão em cada sulco. O alto custo inicial de implantação do
sistema quanto à construção dos sulcos e o uso mais intensivo de mão
de obra necessário ao manejo da irrigação constituem-se, também, em
limitações desse sistema de irrigação por superfície.
b) Aspersão tradicional: aspersão é o método de irrigação que aplica
água simulando a chuva, ou seja, a água é aplicada sobre as plantas
14 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
e a superfície do solo na forma de gotas. As principais vantagens
são a durabilidade do equipamento (normalmente canos de PVC) e a
facilidade de deslocamento e instalação em outros locais da propriedade.
A irrigação por aspersão pode se constituir, também, em uma prática
auxiliar na redução do número de pulgões e lagartas, pragas que incidem
nas folhas da couve. Como limitação, o sistema de aspersão favorece a
incidência de doenças da parte aérea e pode, inclusive, levar a perdas
signicativas de água por evaporação, principalmente em dias quentes
e pela ação do vento.
c) Gotejamento: este sistema se caracteriza por aplicar pequenos
volumes de água, na forma de gotas, com alta frequência em regiões
próximas às raízes das plantas, molhando uma fração da superfície do
solo, reduzindo as perdas e apresentando altos valores de eciência
de aplicação de água, quando comparada aos sistemas de aspersão e
sulcos. Uma limitação do gotejamento é o tratamento inadequado da
água de irrigação, o que vai gerar problemas de obstrução dos emissores
e outras consequências operacionais, como aumento do tempo para
limpeza do equipamento ou para substituição dos gotejadores, aumento
dos custos de manutenção e de operação da irrigação. Outra limitação é
a menor durabilidade dos equipamentos de gotejo em relação ao sistema
de aspersão.
d) Microaspersão: o sistema de irrigação por microaspersão apresenta
os mesmos componentes do gotejamento, com exceção dos emissores
utilizados. Os microaspersores apresentam vazões superiores aos
gotejadores e molham áreas maiores do solo, na forma circular. Uma
das vantagens da microaspersão é a facilidade de distribuição da água
na superfície do solo. Comparado ao sistema de gotejamento oferece
menos riscos de entupimento. Normalmente, exige mínima ltração
15
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
e menos manutenção que os outros sistemas. Como limitação da
microaspersão cita-se a possibilidade da incidência de doenças da parte
aérea, pois permite o molhamento de parte do caule da planta, e mesmo
das folhas, em culturas de porte baixo, como a couve. Este sistema pode
também ser vulnerável a ventos fortes e altas taxas de evaporação.
4.4 Nutrição mineral, calagem e adubação
Recomenda-se realizar anualmente a análise química do solo de
0 a 20 cm de profundidade, amostrando-se em separado as diferentes
glebas e arquivando os resultados da análise para a rastreabilidade
da produção.
a) Calagem: aplicar calcário, de 30 a 90 dias antes do plantio (conforme
o PRNT do corretivo), para elevar a saturação por bases a 80% e o teor
de magnésio a um mínimo de 9 mmolc dm-³. Distribuir em área total do
canteiro misturando bem com a terra, desde a superfície até 20 a 30 cm
de profundidade.
b) Adubação orgânica: aplicar, cerca de 30 dias antes do plantio das
mudas, 20 a 40 t ha-1 de esterco bovino ou 5 a 10 t ha-1 de esterco de
galinha ou cama de frango, todos bem compostados e bioestabilizados.
O húmus de minhoca deve ser utilizado nas mesmas quantidades em
relação ao esterco de galinha. O composto orgânico Bokashi pode ser
utilizado na dose de 150 a 250 g por m2 para ajudar na recuperação de
solos degradados. Na escolha do fertilizante orgânico a ser utilizado,
deve ser considerado o aspecto econômico.
É importante conhecer a procedência do esterco animal. Na
área rural de Jundiaí (SP), em 2008, foi constatada a incidência de
Verticillium (fungo de solo), causando a murcha de plantas de couve,
16 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
almeirão e quiabo, quando se aplicou esterco bovino mal curtido, de
origem desconhecida.
c) Adubação mineral de plantio: as quantidades recomendadas de
nutrientes são apresentadas na tabela 2.
Tabela 2. Adubação mineral de plantio de couve conforme a análise química do solo
Nitrogênio P (resina), mg dm-3 K+ trocável, mmolc dm-3
0-25 26-60 61-120 >120 0-1,5 1,6-3,0 3,1-6,0 >6,0
N, kg ha-1 ------------ P2O5, kg ha-1 ---------- ----------- K2O, kg ha-1 ------------
30 a 40 320 240 120 90 160 120 60 40
B, mg dm-3 Cu, mg dm-3 Zn, mg dm-3
0-0,30 0,31-0,60 >0,60 0-0,2 0,3-0,8 >0,8 0-0,5 0,6-1,2 >1,2
------- B, kg ha-1-------- ------- Cu, kg ha-1 ------- ------ Zn, kg ha-1 ------
2,5 1,5 1,0 3 1 0 4 2 0
Aplicar 30 a 50 kg ha-1 de S com o NPK de plantio e, em solos decientes, 1 a 2 kg ha-1 de Mn.
d) Adubação mineral de cobertura: aplicar em cobertura, a cada 15 a
20 dias, 20 a 40 kg ha-1 de N, 5 a 10 kg ha-1 de P2O5 e 10 a 20 kg ha-1 de
K2O, distribuindo os fertilizantes próximos às plantas, de maneira que
não entrem em contato com as mesmas.
A denição sobre a aplicação de menores ou maiores quantidades
de nutrientes em cobertura dependerá de fatores como adubação
orgânica anterior, interpretação da análise do solo e foliar, da cultivar
utilizada e da cultura anteriormente instalada.
A utilização de fórmulas de fertilizantes de cobertura
contendo P2O5 (como 20-05-20; 12-04-12) juntamente com N e K2O
tem sido praticada há décadas para diversas espécies de hortaliças,
proporcionando efeitos benécos quanto à maior produção e melhor
qualidade dos produtos colhidos. A alta solubilidade de alguns
fertilizantes fosfatados presentes em formulações de cobertura, como
o DAP e o MAP, possibilitam rápida absorção de fósforo pelas raízes
de hortaliças de ciclo médio, como a couve. Vale ressaltar que o
17
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
fósforo solúvel presente em quantidades adequadas no solo, favorece
a absorção de nitrogênio pelas plantas. Outro aspecto a se destacar
refere-se à tecnologia de fertilizantes, onde fórmulas de cobertura
fabricadas com adubos fosfatados em sua composição são menos
higroscópicas e deliquescentes em relação às fórmulas que contém
apenas fertilizantes nitrogenados e potássicos em sua composição. No
caso de aplicação de nutrientes por fertirrigação, deve-se aumentar
o número de parcelamentos das doses indicadas, conforme o estado
nutricional da cultura. A fertirrigação pode ser utilizada com menor gasto
de mão de obra, porém, os fertilizantes altamente solúveis são mais caros
que os fertilizantes sólidos tradicionalmente aplicados na cultura.
A couve é uma hortaliça exigente em boro e molibdênio. O boro
deve ser aplicado junto com os fertilizantes de plantio, na dose de 1,0 a
2,5 kg ha-1, conforme o teor deste micronutriente no solo. Recomenda-se,
de maneira complementar, realizar pulverizações com solução de ácido
bórico a 0,1%, iniciando-se aos 20 dias após o transplante das mudas
e depois a cada 30 dias. O molibdênio deve ser aplicado via foliar, na
forma de molibdato de sódio ou molibdato de amônio, utilizando-se as
concentrações de 0,05% a 0,1%. Iniciar as pulverizações aos 20 dias
após o transplante das mudas e depois a cada 30 dias. Utilizar espalhante
adesivo, visando a melhor aderência do produto à folha.
e) Monitoramento nutricional - análise foliar: o monitoramento
nutricional da couve é realizado através da análise foliar, como técnica
complementar à análise do solo, além do histórico da área de cultivo. A
análise química foliar consiste na determinação dos teores de elementos
em tecidos vegetais (principalmente folhas), visando o diagnóstico do
estado nutricional da cultura. Auxilia ainda, na interpretação dos efeitos
da adubação anteriormente efetuada e estimar indiretamente o grau
de fertilidade do solo. A análise foliar permite também, distinguir os
sintomas provocados por agentes patogênicos, daqueles provocados
18 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
por nutrição inadequada. Na cultura da couve, recomenda-se a coleta
da folha mais jovem (recém-desenvolvida), desde que completamente
expandida, amostrando-se uma folha por planta, num total de 25 folhas
por gleba homogênea. O período de coleta situa-se entre 30 e 50 dias após
o transplante das mudas. Após a coleta, deve-se acondicionar as folhas
em sacos de papel, identicando-as e enviando-as, logo a seguir, para
um laboratório de análise química de tecido vegetal. As faixas de teores
adequados de macro e micronutrientes são apresentadas na tabela 3.
Tabela 3. Teores adequados de macro e micronutrientes em folhas de couve
N P K Ca Mg S
----------------------------------------g kg-1--------------------------------------
30 - 55 3 - 7 20 - 40 15 - 25 3 - 7 -
B Cu Fe Mn Mo Zn
---------------------------------------mg kg-1------------------------------------
30 - 100 5 - 20 60 - 300 40 - 250 0,4 - 0,8 30 - 150
4.5 Controle de pragas e doenças
a) Pragas: dentre as principais pragas da couve destacam-se o pulgão
(Brevicoryne brassicae), a lagarta curuquerê (Ascia monuste orseis) e a
lagarta mede-palmo (Trichoplusia ni). Quando a incidência é pequena
ou inicial, os insetos podem ser controlados por catação manual. No
caso de grande incidência de pragas, o controle é feito com a aplicação
de inseticidas sintéticos, porém, podem ser utilizados inseticidas
naturais. No caso dos pulgões são indicados dentre os produtos naturais,
o Nim, extratos de alho e pimenta, as caldas de fumo e o sabão de coco.
Vale salientar, que diferentes níveis de resistência a pulgões foram
observados dentre as cultivares da coleção do IAC. Com relação ao
controle de lagartas, deve ser destacado o inseticida microbiano à base
de Bacillus thuringiensis (Bt) que, quando aplicado em condições de
19
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
umidade relativa do ar elevada e no nal da tarde, é ecaz e seguro para
o meio ambiente e para o aplicador.
Moraes (2014), do INCAPER (Instituto Capixaba de Pesquisa,
Assistência Técnica e Extensão Rural), recomenda o seguinte sistema de
pulverização com produtos naturais visando o controle de pulgões, lagartas
e ácaros para diferentes espécies de hortaliças, incluindo-se a couve:
- Ingredientes: 10 g de fumo picado; 10 g de pimenta ardida
(malagueta, por exemplo); 16 g de sabão de coco; 100 mL de álcool a
30% e 2 litros de água.
- Modo de preparo: cortar a pimenta em pedaços e deixar de molho
em 100 mL de água durante 3 dias. Colocar o fumo picado em 100 mL
de álcool e deixar descansar durante 24 horas. Coar os extratos do fumo
e da pimenta e reservar. Derreter o sabão de coco em 200 mL de água
quente, deixar esfriar e juntar aos extratos de fumo e de pimenta coados.
Armazenar a solução ou misturar no restante dos 2 litros de água.
- Procedimento: pulverizar a solução sobre as plantas à tardinha,
evitando o período mais quente do dia. Esta solução pode ser conservada
por até 3 meses, em embalagem fechada, na sombra e fora do alcance
de crianças e animais.
A traça-das-crucíferas (Plutella xylosthella) é outra praga que pode
causar severos danos à couve, principalmente quando o cultivo ocorre em
ambiente protegido.
A infestação de mosca-branca (Bemisia sp.), cada vez mais
frequente, também pode acarretar considerável dano econômico para
a couve. No caso da incidência de mosca-branca devem ser aplicados
agrotóxicos registrados no Ministério da Agricultura, para combater
ovos, ninfas e adultos alternadamente, em aplicações semanais.
Além destas pragas, as lesmas e os caramujos (Figura 7), em locais
e períodos muito úmidos, causam prejuízos grandes para a couve. Existem
produtos químicos especícos para seu controle, tomando-se o cuidado
20 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
de se vericar o registro dos mesmos junto aos órgãos governamentais. É
possível o controle agroecológico citando-se como exemplo a irrigação
controlada, de maneira a reduzir a umidade do solo no local de cultivo.
Outra medida ecaz consiste no uso de armadilhas constituídas por panos
de algodão (estopa) molhados com cerveja ou leite, colocando-os sobre o
solo dos canteiros e próximos às plantas ao nal da tarde. Isto proporciona
a captura de uma grande quantidade de lesmas e caramujos na manhã
seguinte. Recomenda-se a retirada das armadilhas da área de cultivo logo
pela manhã e posterior eliminação destas pragas.
O cultivo da couve e inúmeras outras espécies de hortaliças no
Estado de São Paulo e nos estados do sul tem sofrido ataques de um
roedor exótico, originário da Europa, conhecido como lebrão (Lepus
europeus). Este roedor pode atingir de 47 a 67 cm de comprimento e
pesar de 3 a 5 kg. Tem hábito noturno e é muito arisco, sendo difícil sua
captura. O controle se restringe a evitar que as lebres entrem nas áreas
de plantio, com a construção de cercas feitas de telados de malha na
em torno da plantação.
b) Doenças: em relação às doenças, merece destaque a podridão-negra,
causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. campestris e a
podridão-mole, causada pela bactéria Erwinia carotovora var. carotovora.
O sintoma característico da podridão-negra é o amarelecimento do
limbo foliar, juntamente com o surgimento de uma mancha necrótica
em forma de “V”. Esta mancha inicia-se na borda da folha e tem o
vértice voltado para o centro da folha (Figura 8). A podridão-mole tem
como sintoma típico uma podridão úmida e mole na haste, que destrói
a medula do caule, levando à murcha completa da planta. Normalmente
é acompanhada de mau cheiro característico desta bacteriose. Ambas
as doenças são favorecidas pela alta temperatura e umidade do ar. Em
solos compactados, com pouca aeração e excesso de umidade, observa-se
21
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
maior incidência dessas doenças. Outra prática que reduz a incidência
de doenças fúngicas de solo e bacterioses, consiste no bom preparo
do terreno para proporcionar uma boa aeração, possibilitando assim o
pleno desenvolvimento das raízes da couve. A pulverização da couve
com fungicidas cúpricos reduz o desenvolvimento destas doenças.
Importante ressaltar que a formação de mudas sadias e a rotação de
cultura são também, práticas agronômicas efetivas na redução de
doenças da couve.
Figura 7. Incidência de caramujo em couve. Campinas (SP), 2010. Foto: Paulo
Espíndola Trani.
Figura 8. Sintomas de podridão-negra em couve, causada pela bactéria Xanthomonas.
Araçatuba (SP), 2010. Foto: Silvia Antoniali do Carmo.
22 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
A cultura da couve está sujeita a outras doenças tais como,
mancha-de-alternaria, podridão de esclerotínia, míldio, bolor cinzento
e oídio, causadas por fungos. Com relação ao controle preventivo de
oídio, observações realizadas no IAC em Campinas (SP), nos outonos
de 2008 e 2009, mostraram bons resultados por meio de pulverizações a
cada 7 a 10 dias utilizando-se leite cru a 5%-10% de concentração. Estes
resultados conrmam as pesquisas pioneiras realizadas pela Embrapa
Meio Ambiente, de Jaguariúna (SP). Além do leite cru, também pode ser
utilizado o leite pasteurizado (de saquinho). Não se recomenda utilizar o
leite “longa vida”, pois este tem baixa ecácia contra o oídio. A podridão
de esclerotínia pode ser controlada com a aplicação prévia do fungo
Trichoderma harzianum ESALQ 1306 no solo ou na muda, por ocasião
do transplante de mudas. Nas culturas adequadamente adubadas e
com a irrigação feita de forma apropriada, o desenvolvimento destas
doenças é limitado pelas frequentes colheitas e, por isto, o surgimento
de focos não é signicativo do ponto de vista econômico.
Deve ser mencionada ainda a doença causada pelo turnip mosaic
virus (vírus do “mosaico do nabo”), que ocorre principalmente em hortas
antigas onde frequentemente são utilizadas mudas de baixa qualidade
sanitária, originárias de plantas com esta doença. As plantas infectadas
mostram distorção no formato das folhas e mosqueamento entre as
nervuras, intercalando áreas amarelecidas e verdes. Estes sintomas
são visíveis principalmente nas folhas mais jovens. O controle deve
ser realizado com a produção de mudas sadias oriundas de cultivares
isentas dessa virose e também, o uso de sementes de couves híbridas.
A cultura de tecido é um método ecaz para controle do turnip mosaic
virus, mas não há relato no Brasil, de produção comercial de mudas
com a adoção desta técnica de micropropagação in vitro.
Os produtos químicos registrados para o controle de pragas e
doenças da couve, bem como para controle de plantas daninhas, devem
ser identicados consultado-se o seguinte endereço eletrônico do
Ministério da Agricultura do Brasil: http://agrot.agricultura.gov.br/
agrot_cons/principal_agrot_cons
23
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
4.6 Manejo de plantas daninhas
O controle de plantas daninhas deve ser realizado por meio
de capina supercial, de modo a simplesmente roçar as plantas
daninhas. Este cuidado tem o objetivo de evitar os danos nas raízes, que
possibilitariam a entrada de doenças bacterianas.
A utilização de cobertura morta (mulching) auxilia no controle das
plantas daninhas, e também melhora a retenção de água no solo. Portanto,
a mão de obra utilizada na coleta e distribuição da cobertura morta deve
ser considerada como um investimento, cujo retorno será obtido devido
ao melhor controle da umidade do solo, com menor necessidade de
irrigação e redução no número de capinas (Figuras 9 e 10).
Figura 9. Cobertura morta (mulching) com casca de arroz, sobre o solo cultivado com
couve híbrida. Engenheiro Coelho (SP), 2010. Foto: Humberto Sampaio de Araújo.
24 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
Figura 10. Utilização de plástico como cobertura morta (mulching) em cultivo de
couve híbrida. Engenheiro Coelho (SP), 2010. Foto: Humberto Sampaio de Araújo.
4.7 Rotação e consorciação de culturas
A rotação de culturas consiste em um sistema de manejo onde
se alternam culturas de diferentes espécies e famílias botânicas,
proporcionando os seguintes benefícios: diminuição de diferentes
patógenos presentes no solo, redução na compactação do solo, melhor
cobertura vegetal e reciclagem de nutrientes. De maneira geral, não se
recomenda repetir em todos os anos as rotações envolvendo as mesmas
espécies, mesmo de famílias diferentes. Considera-se que nas hortas
familiares existe maior facilidade em se adotar a rotação de culturas em
25
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
relação às hortas de maior tamanho (acima de 5 a 10 ha, por exemplo)
as quais possuem equipamentos de plantio e de colheita especícos para
poucas culturas e também mão de obra mais especializada. As hortas
de maior porte têm seus produtos comercializados em maior escala,
o que também pode dicultar a produção de maior número de outras
hortaliças. Porém, mesmo nesses cultivos em grandes áreas é possível
a adoção e a implantação do sistema sustentável de rotação de culturas.
Recomenda-se a rotação da couve com milho, alface, salsa, cebolinha,
coentro, feijão-vagem, pepino, pimentão e tomate.
A consorciação de culturas é uma técnica agronômica de alta
sustentabilidade, onde são instaladas e desenvolvidas duas ou mais
culturas em uma mesma área, por um mesmo período. Proporciona
diversos benefícios, como o melhor controle das plantas daninhas,
maior aproveitamento da água e dos fertilizantes pelas plantas. No
Instituto Agronômico (IAC), de Campinas (SP), foi realizado um
experimento de consorciação da couve de folha com a alface. Foram
obtidas boas produções de ambas as hortaliças e qualidade dos produtos
colhidos. Vericou-se também que o consórcio couve e alface (Figura 11)
proporcionou melhor retorno econômico quando se comparou com o
cultivo solteiro de cada uma dessas espécies hortícolas.
26 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
Figura 11. Consorciação da couve de folha com a alface. IAC- Fazenda Santa Elisa,
Campinas (SP), 2005. Foto: Sebastião Wilson Tivelli.
5. COLHEITA, EMBALAGEM E COMERCIALIZAÇÃO
A colheita das folhas inicia-se de dois a três meses após o
transplante das mudas. O crescimento das plantas é favorecido
se o produtor retardar o início da primeira colheita. Com o maior
desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular é possível
aumentar o ciclo da cultura, possibilitando escalonar as colheitas por
períodos mais longos. Nas operações de colheita, o produtor deve
retirar os brotos “ladrões” que surgem nas axilas das folhas, os quais
podem ser utilizados para formação de mudas.
A colheita é realizada a cada 7-10 dias em uma mesma planta,
sendo retiradas as folhas bem desenvolvidas e que estejam no tamanho
exigido pelo mercado (20-30 cm de comprimento). Estas devem ser
27
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
colhidas puxando seus pecíolos (talos) para baixo, com o objetivo de
destacá-los junto ao ponto de inserção com o caule.
Em seguida à colheita, as folhas de couve são juntadas em maços
com 8 a 12 unidades. Esse procedimento pode ser realizado diretamente
no campo ou em um barracão de beneciamento. Os maços são mantidos
em água, para não murcharem, até a comercialização.
A produtividade média da couve é de 3 a 5 kg de folhas por
planta, durante o ciclo de 6 a 8 meses.
A comercialização é feita na forma de maços de aproximadamente
400 g ou no sistema de semi-processamento, onde as folhas são picadas,
higienizadas e acondicionadas em bandejas, o que agrega maior valor
ao produto. É frequente a comercialização em maços diretamente nas
hortas, principalmente urbanas e periurbanas.
O consumo se dá in natura na forma de saladas, refogados e
ainda em pratos mais requintados, como farofas e charutos, em que as
folhas de couve substituem as folhas de videira. As diferentes formas de
acondicionamento de couve, para comercialização em supermercados e
feiras são apresentadas na gura 12, a seguir.
Figura 12. Diferentes formas de acondicionamento de couve encontradas no mercado
varejista: Angelonni (a), A Boa Terra (b) e Vegetais Naturelle (c). Fonte: www.angelonni.
com.br; www.aboaterra.com.br; www.vegetaisnaturelle.com.br, respectivamente.
abc
28 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
Nas regiões de Campinas (SP) e Ribeirão Preto (SP), onde é
mais frequente a comercialização in natura de folhas de couve, estas
são amarradas em maços com tas plásticas, acondicionadas em
engradados de madeira (Figuras 13 e 14) e transportadas até os pontos
de comercialização.
Figura 13. Folhas de couve amarradas em maços (a) e acondicionadas em
engradados de madeira (b,c). Galpão de produtor de Campinas (SP), 2014. Fotos:
Angélica Prela-Pantano.
Figura 14. Acondicionamento de folhas de couve amarradas em maços, em engradados
de madeira, na CEASA de Ribeirão Preto (SP), 2014. Fotos: Sally Ferreira Blat.
abc
29
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
6. MERCADO
A análise temporal das demandas de hortaliças é uma das
estratégias que tem por nalidade estudar o comportamento dos preços
e da oferta de hortaliças ao longo do ano e por vários anos. O objetivo
desta análise é conhecer os períodos de maior oportunidade de lucro
especíco de cada cultura e também as tendências de consumo. Segundo
dados de comercialização fornecidos pela Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP, 2011), de 1999 a 2011, a
quantidade de couve comercializada neste período permaneceu estável,
variando de 8.034 toneladas em 1999 a 8.362 toneladas em 2011. Os
preços ajustados pela deação do período também apresentaram valores
estáveis, variando de R$ 1,36 o kg em 1999 a R$ 1,52 o kg em 2011
(Figura 15).
Média Anual Couve
R$ -
R$ 0,20
R$ 0,40
R$ 0,60
R$ 0,80
R$ 1,00
R$ 1,20
R$ 1,40
R$ 1,60
R$ 1,80
R$ 2,00
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Preço (Kg)
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
8.000.000
10.000.000
12.000.000
1999 - 2011
Quantidade (Kg)
Preço
Quantid ade
Figura 15. Quantidade e preço, ajustado pela deação do período, em kg de couve
comercializados pela CEAGESP-SP (1999 a 2011).
30 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
Os valores médios de quantidades e preços entre 1999 e 2011,
mostrados mensalmente, permite observar que, de modo geral, o maior
consumo de couve acontece entre os meses de julho a outubro, período
que apresenta condições climáticas favoráveis para produção desta
hortaliça. Assim, nestes meses, os preços caem aproximadamente 15%
em relação à média anual. Os preços mais elevados são alcançados no
início de maio, onde o valor do kg pode chegar a 29% acima do valor
médio anual (Figura 16).
Média Mensal Couve
R$ -
R$ 0,50
R$ 1,00
R$ 1,50
R$ 2,00
R$ 2,50
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Ag osto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Preço (kg)
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
1999 - 2011
Quantidade (kg)
Preço
Quantid ade
Figura 16. Variação média mensal da quantidade e do preço ajustado pela deação do
período em kg de couve comercializados pela CEAGESP-SP (1999 a 2009).
Vale ressaltar que, desde a década de 90, com o aumento da
população no interior paulista e o crescimento dos varejões, sacolões e
CEASAS regionais, os valores de produção e comercialização da couve
(além de outras espécies de hortaliças folhosas), são maiores em relação
aos contabilizados apenas na CEAGESP da Capital. Verica-se também,
maior comercialização de couve nos próprios locais de produção,
31
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
principalmente nas hortas urbanas e periurbanas, onde ocorre a compra
direta por pequenos varejistas junto ao produtor.
7. CUSTO DE PRODUÇÃO
O custo de produção da couve, em 2010, na região de Mogi das
Cruzes (SP), foi de aproximadamente R$ 6.000,00 por hectare. A maior
participação neste custo é representada pela mão de obra com 27,5% do
total. O custo dos insumos agrícolas representou o segundo maior valor,
com 23,3% do montante total. O preparo do solo e os tratos culturais,
como a irrigação, compõem o terceiro grupo mais importante do custo
de produção da couve, com 20,0% do total. Finalmente, o custo com
a formação de mudas e de oportunidade complementam o total dos
custos de produção com 29,2%. O custo de oportunidade é o valor que
o produtor poderia receber sem precisar cultivar a sua área. Este custo
pode ser o valor do arrendamento que o agricultor poderia receber pela
área, por exemplo.
8. USO CULINÁRIO
A seguir são apresentadas cinco receitas com couve, de preparo
simples e prático:
a) Suco de couve: bater no liquidicador, 1 folha de couve picada;
1 copo (250 mL) de suco de laranja; 1 maçã com casca e sem sementes
e 2 copos de água gelada. Coar em seguida. Servir gelado. O suco de
laranja pode ser substituído por suco de abacaxi ou de maracujá. Adoçar
a gosto. (Beatriz Cantúsio Pazinato, Maria Cláudia S. G. Blanco e
Denise Baldan, CATI-SAA).
32 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
b) Carne moída com talos de couve: Ingredientes: 1 cebola ralada;
2 tomates picados; 2 colheres (sopa) de óleo; 1 xícara (chá) de carne
moída crua (120 gramas); 3 xícaras (chá) de talos de couve bem lavados
e cortados; 1 xícara (chá) de água fervente; 1 colher (sopa) de cheiro
verde e 1 colher (café) rasa de sal.
Preparo: Refogar a cebola e o tomate no óleo. Acrescentar a carne, os
demais ingredientes e mexer até dourar a carne. Adicionar a água e
deixar cozinhar, até que a carne e os talos de couve estejam macios.
Observação: além da couve, podem ser utilizados talos de beterraba,
brócolis, couve-or, espinafre, etc. (Beatriz Cantúsio Pazinato).
c) Farofa de couve: Ingredientes: 2 xícaras (chá) de couve bem picada;
2 xícaras (chá) de farinha de mandioca; 2 xícaras (chá) de farinha de
milho; 4 colheres (sopa) de manteiga; 1 cebola picada; 2 dentes de alho
amassados; salsinha; sal e pimenta do reino a gosto; água para umedecer
as farinhas. Preparo: derreter a manteiga, colocar 1 cebola picada e 2
dentes de alho amassados em uma panela, deixando dourar. A seguir,
colocar a couve picada e refogar. Acrescentar as farinhas previamente
misturadas e umedecidas, sal e pimenta do reino a gosto e a salsa picada
no nal do preparo. Misturar todos os ingredientes com colher de pau.
(Maria Cláudia S. G. Blanco, CATI-SAA).
d) Sopa de fubá com couve: misturar 1 copo (200 mL) de fubá em
1 litro de água fria e deixar descansar por 30 minutos (o que facilitará o
cozimento posterior). Enquanto isso, refogar em fogo brando a carne,
a batata e o tomate, todos em pequenos pedaços colocando sal a gosto.
Acrescentar sobre o refogado, o fubá diluído na água e 6 folhas de
couve crua bem picadas, deixando cozinhar por cerca de 10 minutos,
mexendo de vez em quando com a colher de pau, para não grudar no
fundo da panela. Sugestão: colocar queijo ralado com torradas de pão
sobre a sopa quando servido o prato. (Aparecida Dalva Camilo Trani).
33
Boletim técnico, 214, IAC, 2015
Couve de folha: do plantio à pós-colheita
e) Caldo verde: (rendimento: 4 a 6 porções). Ingredientes: 1 ½ kg de
batatas; 3 litros de água; 4 colheres (sopa) de azeite; 300 gramas de
bacon; 2 gomos (400 gramas) de linguiça tipo portuguesa; 1 cebola
de tamanho médio (150 gramas); dois a três dentes de alho; 1 maço de
couve com 8 a 10 folhas (300 a 350 gramas); 1 colher (chá) rasa de sal.
Preparo: Cozinhe as batatas inteiras (bem lavadas) com a água e uma
pitada de sal, até que quem bem macias. Retire as batatas, espere esfriar
um pouco, tire a pele das mesmas batendo-as no liquidicador com a
mesma água que sobrou do cozimento e reserve. Em uma panela grande
(4 a 5 litros de capacidade) coloque 4 colheres (sopa) de azeite e frite
o bacon cortado em cubos, mexendo com a colher de pau. Em seguida
junte a linguiça cortada em rodelas ou em cubos, com o alho e a cebola
picados e frite por mais 10 minutos, sempre mexendo com cuidado para
não queimar. Acrescente as batatas e ferva por 10 minutos. Coloque a
couve bem picada e ferva por mais 5 minutos aproximadamente. (Eliane
Gomes Fabri e Aparecida Dalva Camilo Trani).
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Sr. Osvaldo Roberto Eichenberger,
funcionário de apoio do Centro de Horticultura, pela execução dos
trabalhos de campo com a cultura da couve, desde 1986, proporcionando
o progresso da pesquisa agronômica com esta espécie hortícola.
34 Boletim técnico, 214, IAC, 2015
P.E. Trani et al.
BIBLIOGRAFIA
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Instituto Agronômico
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... Potassium chloride (20 kg ha -1 K2O in each application) was applied from the third topdressing onwards. Sprinkler irrigation was performed with 3 mm day -1 , and crop management followed recommendations by Filgueira (2008) [2] and Trani et al. (2015) [19]. ...
... Potassium chloride (20 kg ha -1 K2O in each application) was applied from the third topdressing onwards. Sprinkler irrigation was performed with 3 mm day -1 , and crop management followed recommendations by Filgueira (2008) [2] and Trani et al. (2015) [19]. ...
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Estudou-se a utilização do enxofre, gesso e composto orgânico sobre compostos bioativos e características físico-químicas de couve-de-folha. Foram avaliados doze tratamentos, em esquema de parcelas subdivididas, sendo três tipos de preparo de solo as parcelas, e quatro doses de enxofre em cobertura as subparcelas. O preparo de solo foi realizado de três modos: incorporação pré-plantio de composto orgânico; gesso agrícola e composto orgânico + gesso agrícola. As doses de enxofre para adubação em cobertura foram de 0; 80; 160 e 240 kg ha-1 de S. Foram avaliados flavonoides, atividade antioxidante total e compostos fenólicos totais, características físico-químicas: açúcares redutores, açúcares totais, sacarose, sólidos solúveis, pH, acidez titulável, fibras, proteína, pigmentos (clorofila a, b, antocianinas e carotenoides totais) e o índice relativo de clorofila (índice SPAD). O preparo de solo com composto orgânico associado ao enxofre via sulfato de amônio em cobertura aumenta os teores de flavonoides na couve-de-folha. O gesso aplicado no preparo de solo aumenta a atividade antioxidante da couve-de-folha. Mas quando associado ao composto orgânico diminui os teores de compostos fenólicos contidos nessa hortaliça. A aplicação de doses de enxofre em cobertura, o preparo do solo com adubação orgânica, gessagem e a combinação das duas técnicas, não afetam as características físico-químicas e pigmentos presentes nas folhas comerciais de couve-de-folha. A utilização do composto orgânico mais gessagem no preparo de solo diminui o índice SPAD em folhas comerciais de couve-de-folha. O uso de doses de enxofre em cobertura não interfere no índice SPAD das folhas comerciais de couve-de-folha.
... Cicla) optimal temperature is from 15 to 25ºC (Vieira 2010), and kale (Brassica oleracea L. var. Acephala) is from 16 to 22ºC (Trani et al. 2015). We can use silicon in order to relieve the stress of plants cultivated in high-temperature environments (Ashraf et al. 2010;Liang and Sun 2007). ...
... There was a wide variation in the maximum temperature average, 43.1°C ± 10.6°C, during the experimental period ( Figure 1). This is above the optimal temperature of the chard, which varies from 15 to 25°C (Vieira 2010) and kale from 16 to 22ºC (Trani et al. 2015). ...
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This study aimed to evaluate the effects of silicon (Si) leaf fertilization in different concentrations and sources on the production and quality of chard and kale. We carried out two experiments with chard and kale under a completely randomized design with four replicates in a 2 × 4 factorial scheme and two sources of silicon: potassium silicate and stabilized sodium potassium silicate with four concentrations of Si: 0.00; 0.84; 1.68 and 2.52 g L⁻¹. We performed three leaf sprays every 10 days. The chard and kale were harvested at 48 and 54 days after transplanting the seedlings, respectively. Silicon leaf fertilization is important for leafy vegetables like chard and kale because it increases the content and the accumulation of Si and the growth and production of the vegetables. It also improved growth, productivity, and quality. The Silicon leaf fertilization of 2.52 g L⁻¹ in the form of potassium silicate was the most notable.
... acephala DC., stands out for its economic importance and high nutritional value (FILGUEIRA, 2008). Among the leafy vegetables, kale is widely grown in Brazil, especially in the state of São Paulo (TRANI et al., 2015;VILELA;LUENGO, 2017). ...
Article
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Organic agriculture is distinguished by practices that benefit the environment and support sustainable agriculture. In the present study, leafy kale, Brassica oleracea L. var. acephala DC., was submitted to chemical and organic (castor bean cake and bovine manure) fertilization treatments aiming to verify the influence of these fertilizers on the occurrence of insect pests and natural enemies. The insects were sampled by visual examination of plants and pitfall traps. Brevicoryne brassicae (L.) and Myzus persicae (Sulzer) (Hemiptera: Aphididae) were the phytophagous insects that occurred more significantly in kale, under chemical rather than organic fertilization, whereas Harmonia axyridis (Pallas), Hippodamia convergens (Guérin-Méneville) (Coleoptera: Coccinellidae), Diaeretiella rapae (M’Intosh) (Hymenoptera: Braconidae) and spiders (Arachnida: Araneae) were abundant in kale under organic fertilizer. The study showed that castor bean cake and bovine manure as leafy kale fertilizers can reduce the use of insecticides and provide quality food.
Article
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The demand for high-quality vegetable seeds and the production of vigorous seedlings has increased in recent years, as these characteristics are determining factors of production success. Vegetables are growing in national importance, and kale stands out as an important source of income for small farmers. The objective of this study was to adapt the traditional accelerated aging test methodology with a saturated NaCl solution of kale seeds and evaluate the enzymatic activity after the vigour test. Six batches of kale seeds were used, and the moisture content, weight of one thousand seeds, first germination count, germination, germination speed index, emergence, initial stand, and emergence velocity index were determined. In the accelerated ageing test, the seeds were submitted to the traditional accelerated ageing test method and the accelerated ageing test method with a saturated NaCl solution for ageing periods of 0, 24, 48, 72, and 96 hours. Electrophoretic analysis of superoxide dismutase (SOD), catalase (CAT), and alcohol dehydrogenase (ADH) isoenzymes was also performed. The accelerated ageing test, using the traditional method for 72 hours at 41 °C, is adequate for evaluating the physiological potential of kale seeds. The isoenzymatic analyses of SOD, CAT, and ADH demonstrate that the biochemical markers are efficient at differentiating kale seeds after accelerated ageing.
Article
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A couve manteiga (Brassica olera-cea L. var. acephala) é uma horta-liça arbustiva anual ou bienal, da família Brassicaceae cujo consumo no Brasil tem gradativamente aumentado devi-do, provavelmente, às novas maneiras de utilização na culinária e às recentes descobertas da ciência quanto às suas propriedades nutricêuticas. De acordo com Camargo et al. (2008) e Camargo Filho & Camargo (2009), em 2006, a área plantada de couve no estado de São Paulo era de 1200 ha, aumentando para 1424 ha em 2007, com produtividades de 26,7 e 28,8 toneladas por hectare, respectivamente. Segundo Lorenz & Maynard (1988), comparativamente a outras hortaliças folhosas, a couve man-teiga se destaca por seu maior conteúdo de proteínas, carboidratos, fibras, cálcio, NOVO MCSS; PRELA-PANTANO A; TRANI PE; BLAT SF. 2010. Desenvolvimento e produção de genótipos de couve manteiga. Horticultura Brasileira 28: 321-325.
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Rooted in tradition, branching out to the future. For more than half a century, Knott's Handbook for Vegetable Growers has provided generations of commercial growers with the most timely, accessible, and useful information available on the subject. The Fifth Edition of this highly regarded horticultural mainstay provides readers with the reliable growing and marketing information they've come to expect, while including new and updated material throughout to maintain its relevance in our ever-changing world. Filled with valuable information, largely in the form of tables and charts--from hard statistics on vegetable production and consumption to essential information for today's international markets, such as vegetable botanical names and vegetable names in nine languages--Knott's Handbook is part Farmer's Almanac, part encyclopedia, and part dictionary. It also provides detailed, practical specifics on planting rates, schedules, and spacing; soils and fertilizers; methods for managing crop pests; greenhouse vegetable and crop production; insect pest identification; harvesting and storage; and vegetable marketing. Now available in a new flexible cover designed for ease of use on the desk or in the field, this valuable workhorse features new information on: World vegetable production Best management practices Organic crop production Food safety Pesticide safety Postharvest problems Minimally processed vegetables Plus, hundreds of Web site links related to vegetable information
Leite de vaca cru para o controle de oídio. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente
  • W Bettiol
BETTIOL, W. Leite de vaca cru para o controle de oídio. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2004. 3p. (Comunicado Técnico 14)
Seleção e produção de sementes de hortaliças (com referência especial ao gênero Brassica). Bragantia, Campinas
  • F G Brieger
  • J T A Gurgel
BRIEGER, F.G.; GURGEL, J.T.A. Seleção e produção de sementes de hortaliças (com referência especial ao gênero Brassica). Bragantia, Campinas, v.2, p.449-480, 1942.
Acomodação da Produção Olerícola no Brasil e em São Paulo
  • A M M M P Camargo
  • F P Camargo
CAMARGO, A.M.M.M.P.; CAMARGO, F.P. Acomodação da Produção Olerícola no Brasil e em São Paulo, 1990-2010: Análise Prospectiva e Tendências-2015. São Paulo: Instituto de Economia Agrícola. 2011 (não publicado)
Distribuição geográfica da produção de hortaliças no Estado de São Paulo: participação no País, concentração regional e evolução no período 1996-2006
  • A M M M P Camargo
  • F P Camargo Filho
CAMARGO, A.M.M.M.P.; CAMARGO, F.P.; CAMARGO FILHO, W.P. Distribuição geográfica da produção de hortaliças no Estado de São Paulo: participação no País, concentração regional e evolução no período 1996-2006. São Paulo, Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n.1, p.28-35, 2008.
Virose das brássicas
  • M G Carvalho
CARVALHO, M.G. Virose das brássicas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.9, n.98, p.41-43, 1983.
Inseticida natural para jardim e horta
  • F Moraes
MORAES, F. Inseticida natural para jardim e horta. Revista Lar Natural, São Paulo, 2014. Disponível em: http://lar-natural.com.br/inseticidanatural-para-jardim-e-horta/. Acesso em: 15 jan. 2015.
Emprego de índices de cor na escolha de mercado para comercialização de genótipos de couve. Campinas, IAC. 15p
  • M C S S Novo
  • I U Bron
  • A Prela-Pantano
  • P E Trani
  • R Deuber
  • R B Torres
NOVO, M.C.S.S.; BRON, I.U.; PRELA-PANTANO, A.; TRANI, P.E.; DEUBER, R.; TORRES, R.B. 2010. Emprego de índices de cor na escolha de mercado para comercialização de genótipos de couve. Campinas, IAC. 15p. Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/ imagem_informacoestecnologicas/57.pdf. Acesso em: 12 jan. 2015.