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Educação a Distância, Batatais, v. 2, n. 1, p. 47-69, junho 2012
Netiqueta - ética e etiqueta no ambiente
educacional virtual: questionamentos e uma
proposta para ensino de losoa
Fábio Pestana Ramos 1
Resumo: A sociedade da informação fomentou o surgimento de novas ferramentas edu-
cacionais baseadas em blogs, revistas eletrônicas e no ensino EAD. Para regular as rela-
ções surgiu a netiqueta, normas não ociais de comportamento cordial. Neste sentido
caberia perguntar se esta constitui um código de ética que pode facilitar a virtualidade
educacional, regulando relações pedagógicas? Em caso armativo, poderia ser estabeleci-
do um vinculo entre netiqueta e cidadania? As pessoas estão preparadas para lidar com a
internet como meio de integração educacional? Questões que multiplicam as perguntas.
O sistema educacional institucionalizado consegue lidar com a internet como ferramen-
ta? Onde entra a netiqueta no ensino básico? Baseado no método lógico dedutivo, em
pesquisa bibliográca e documental, além de constatações empíricas, propomos realizar
uma discussão inicial em torno destas questões. Os resultados parciais demonstram que
existe uma desatualização da LDB e dos PCNs para lidar com a virtualidade educacional.
Propomos como solução provisória a abordagem da netiqueta como conteúdo integrado
ao ensino de losoa.
Palavras-chave: Educação. Netiqueta. Internet. Ética. Cidadania.
1 Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-graduação em MBA em Gestão de
Pessoas. Graduado em Filosoa pela mesma Instituição. Professor do Núcleo Docente Estruturante do curso
de Filosoa do Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP). E-mail: <fabiopramos1@terra.com.br>.
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1. INTRODUÇÃO
Dentro do âmbito da sociedade da informação, em um ambiente
globalizado, onde o acesso as informações e a produção e divulgação do
conhecimento foi democratizado, com a educação sendo cada vez mais
transposta para o âmbito virtual, torna-se necessário discutir o que se con-
vencionou chamar de netiqueta.
O termo “netiquette” foi criado pela norte-americana Judith Kallos,
uma consultora do wordpress, em 1988 (NETIQUETA, 2010). Prestando
serviço para empresas com negócios on-line nos Estados Unidos da Améri-
ca, ainda durante o advento da internet discada, ela percebeu que o mundo
empresarial não estava preparado como lidar com as novas realidades pro-
movidas pelo avanço tecnológico. Foi assim que fundou cursos para treinar
prestadores de serviços pela internet, para que as empresas pudessem parti-
cipar das novas demandas abertas pela rede mundial de computadores, asso-
ciando o compromisso com o próprio sucesso com um tratamento adequa-
do do consumidor em potencial, tornando-se uma especialista em etiqueta
virtual on-line pela internet (KALLOS, s. d). A palavra surgiu a partir da
junção do termo “Net”, em referência a internet, com “Etiqueta”, passando a
nomear um “[...] conjunto de regras não-ociais, passadas de boca em boca
e site em site que tenta estabelecer um padrão de comportamento conside-
rável desejável pelos utilizadores e para os utilizadores” (SILVA, s. d.).
Segundo Adelina Maria Pereira Silva (s. d., p. 01), mestre em Rela-
ções Interculturais pela Universidade aberta de Lisboa, os objetivos destas
regras poderia ser assim pontuado:
As regras da netiqueta visam tornar a Internet um lugar menos caótico
e mais sadio, ensinando as pessoas que certas atitudes aparentemente
inofensivas podem aborrecer, atrapalhar ou agredir outros usuários,
devendo ser evitadas. O usuário que desrespeita a netiqueta, proposi-
talmente ou não, prejudica também a si mesmo, porque é deixado de
lado pelos outros utilizadores. A Netiqueta pode variar ligeiramente
de acordo com o tipo de comunicação que está a ser utilizado (por
exemplo: canais chat, grupos de discussão, e-mail).
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A netiqueta não é só um padrão de etiqueta, pois também congu-
ra um conjunto de princípios éticos para os usuários da rede mundial de
computadores. O que conduz seus preceitos a serem pensados como ele-
mentos de regulação das relações estabelecidas na ótica educacional, à me-
dida que; com a proliferação dos blogs especializados, revistas eletrônicas
e cursos superiores baseados no Ensino a Distância (EAD); é essencial
padronizar a comunicação para tornar a educação realmente efetiva na
internet.
Entretanto, reetir sobre o tema leva a uma série de constatações, in-
citando questionamentos que levantam problemas. Para discuti-los é pre-
ciso adentrar conceitos e denições, rever posturas, passando pela relação
entre educação e tecnologia, pelo que entendemos por tecnologia em si,
pela educação informal e formal, além do vinculo da netiqueta com a ética
e como balizadora das relações virtuais pedagógicas.
A despeito da enorme distancia que possa parecer existir entre a ne-
tiqueta e cidadania, sua proximidade é muito maior do que poderia ser
imaginada. O entendimento da netiqueta como fomentadora da cidada-
nia, e esta última como parte do código de ética necessário para efetivação
da educação no ambiente virtual, pensando a atual legislação educacional
brasileira, torna óbvia a tarefa do ensino de losoa: é sua obrigação jurí-
dica e moral abordar a netiqueta como parte do conteúdo losóco.
2. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Existem muitas formas de compreender a tecnologia, portanto, an-
tes, é necessário conceituar o que podemos entender por este termo. Pode
ser classicado como tecnologia qualquer artefato, método ou técnica
criada pelo homem para tornar seu trabalho mais leve, sua locomoção e
comunicação mais fáceis ou simplesmente sua vida mais agradável e di-
vertida.
Formalmente, a tecnologia é o emprego de um conjunto de técnicas,
mas losocamente, a partir da origem da palavra (tecno = técnica + logia
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= ciência), seria a teoria ou losoa da técnica. O que remete a perguntar:
o que é técnica? Por denição, a técnica é um procedimento bem denido
e transmissível, destinado a produzir um resultado útil.
Neste sentido, desde os gregos antigos, reete uma prática conscien-
te, em oposição às atitudes tomadas ao acaso. A partir do século XIX, a
técnica passou a denotar uma sistematização do conhecimento que repou-
sa sobre o saber cientico, a racionalização do emprego de instrumentos
e materiais. Pensando assim, tanto em seu sentido original como contem-
porâneo, a tecnologia é tão antiga quanto o homem (RAMOS, 2010).
Isto porque um bastão de madeira, que amplica um golpe e serve de
extensão ao braço, também faz parte da tecnologia. Modernamente, exis-
tem tecnologias que amplicam os poderes sensoriais, a percepção - como
o telescópio ou o microscópio, altos falantes, etc -, melhoram a capacida-
de de acumular informações - indo desde o papel, a escrita e o lápis até o
computador -, permitem a ampla comunicação entre os homens - telefone
e internet -, encurtam o deslocamento - carros, aviões e barcos -, enm que
facilitam a vida das pessoas e a necessidade humana de subjugar à natureza
para sobreviver.
No entanto, será que toda tecnologia pode ser aplicada à educação?
Pensada na educação, a tecnologia é o que torna possível a transmissão
e aperfeiçoamento do conhecimento. Congura o processo educacional
em sentido amplo, inclusive no âmbito que extrapola a educação formali-
zada nas escolas (BARRETO, 2003).
Isto porque podemos incluir qualquer forma de tecnologia no pro-
cesso educacional, incluindo meios de comunicação, como rádio, TV e
cinema, além da própria fala e escrita. Em um sentido mais restrito, na
escola, usamos tecnologias tradicionais, entre as quais giz, lousa, livros,
cadernos, carteiras, mesas, cadeiras etc.
Porém, podem ser usadas na escola também tecnologias mais recen-
tes, como vídeos, DVDs, computadores, teleconferência, lousa digital,
ensino a distância e outras. Em suma, boa parte da tecnologia humana, de
uma forma ou outra, aplicam-se à educação.
Portanto, a relação entre educação e tecnologia não poderia ser mais
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estreita. As tecnologias são a síntese produzida pelas relações sociais, sis-
tematizadas em um momento histórico, de acordo com as necessidades
humanas para subjugar a natureza (MANASSÉS, 1980).
A humanização só aconteceu a partir do processo educacional, a
apropriação de saberes através de diferentes linguagens, formas simbólicas
de mediação materializadas nas interações sócio-culturais.
Neste sentido, a tecnologia pode ser entendida como uma das lin-
guagens que o homem utiliza na construção social para transformar as
relações sócio-econômicas e culturais, além do próprio acumulo e trans-
missão do conhecimento, denotando as características típicas de uma ci-
vilização e sua visão de educação (MORAN, 2004).
Segundo Marx (2010, p. 425), “[...] a tecnologia revela o modo de pro-
ceder do homem com a natureza, o processo imediato de produção da sua
vida material e assim elucida as condições de sua vida social e as concepções
mentais que dela decorrem”. O que signica que o uso que uma sociedade
faz da tecnologia diz muito sobre ela e o que espera construir no futuro.
Portanto, a velocidade da incorporação das novas tecnologias na
educação, a democratização de seu acesso, também simboliza a importân-
cia cultural delegada ao futuro e ao respeito ao outro dentro do que se
convencionou chamar sociedade da informação.
Por outro lado, contemporaneamente, a globalização criou um de-
terminismo tecnológico que subordinou às produções histórico-sociais a
informação rápida e condensada.
Os discursos que acompanham a sociedade da informação elegeram
como lei o principio da tabula rasa. Não há nada mais que seja absoluto,
tudo muda rapidamente, por isto não existem respostas únicas. Ao mes-
mo tempo, a informação foi coisicada, tornando-se um produto. Na
educação, a transmissão do conhecimento também se tornou mercadoria,
o aluno se converteu em cliente e o professor em prestador de serviço.
Na realidade um processo que decorre do fordismo, a compartimen-
tação do conhecimento, tal como em uma linha de montagens. Quando
Henri Ford criou a linha de montagem no inicio do século XX, não ten-
cionava apenas facilitar a produção em massa, mas também controlar o
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conhecimento, subdividindo o saber para que os indivíduos não tivessem
o domínio do todo.
O fordismo educacional transformou os professores em tarefeiros,
semelhante ao que ocorreu com operários em linhas de montagem, fazen-
do, por outro lado, o educando perder a noção do conjunto.
No entanto, de certo modo, a educação formal contém em si a infor-
mal, já que o educador não se limita a transmitir conteúdos (SAVATER,
1998). Enquanto o professor exerce uma prossão eminentemente técni-
ca, o educador deveria ensinar e praticar a tolerância com o outro, a con-
vivência pacica, instigando a curiosidade para conhecer as diferenças, ou
seja, incentivando a socialização.
O grande problema é que a educação formal, sendo hierarquizada, é
fruto e reexo do fordismo, dividindo tarefas e limitando o processo de
socialização. É por isto que para o entendimento do papel da educação na
socialização é necessário discutir a transmissão da cultura dentro e fora da
escola.
A educação, a transmissão do saber acumulado pela humanidade,
não se concretiza somente na escola, acontece também de maneira infor-
mal (sem norma ou forma), não possuindo critérios, horários, hierarquia
ou sistema de avaliação (MIZUKAMI, 1986). Onde entra justamente a
questão envolta da internet e das novas tecnologias que dia-a-dia surgem.
3. VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E TECNOLOGIA
A educação informal é produzida a partir das necessidades imediatas
da vida, congurando o conhecimento conforme as exigências requeridas
para a sobrevivência do individuo e de seu grupo. Está vivamente presente
na internet e nos meios de comunicação que utilizam as novas tecnologias.
Pensando nesta concepção, o saber escolar muitas vezes se distancia
da realidade, impedindo a assimilação democrática do conhecimento e
excluindo várias categorias sociais, portanto, limitando o acesso ao saber
que confere poder.
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A escola manipula o educando, ocultando uma violência simbólica,
tal como pensado por Bourdieu e Passeron (2001). A violência está no
fato da escola se revestir de uma aparência de neutralidade, quando na
verdade condiciona o educando de acordo com os interesses das elites que
controlam o sistema educacional.
É simbólica devido ao seu caráter não material, portanto, circuns-
crito a esfera mental. Dentro deste contexto, insere-se o capital cultural, a
competência cultural e lingüística herdade, sobretudo, da família, facilita-
dor do bom desempenho escolar.
Usando uma linguagem e cultura pertencentes à elite, o padrão cul-
to, a escola comete uma violência ao impor, ao conjunto da sociedade,
valores de um único grupo. A educação legitima o domínio da elite, im-
pedindo o acesso daqueles que não possuem o necessário capital cultural a
estamentos mais elevados, doutrinando para o fracasso.
Entretanto, a modernidade tecnológica trouxe outras formas de vio-
lência simbólica, tal como a tecnológica, pois a escola, ao ignorar as novas
tecnologias, realiza uma dupla violência simbólica.
Primeiro nega a incorporação do vocabulário tecnológico e suas fer-
ramentas como recurso pedagógico para chegar até o aluno. Depois, para
aqueles que não tem domínio sobre as novas tecnologias, não propicia a
construção de um conhecimento necessário a vida em sociedade no mun-
do tecnologicamente globalizado.
A escola é uma instituição, como tal possui normas e padrões, im-
postos por aqueles que controlam o sistema educacional, visando organi-
zar seu funcionamento (FOUCAULT, 2000).
Diferente da educação informal, o conhecimento escolar é sistemati-
zado, transmitido a partir de critérios e métodos, composto por um saber
cientíco, dogmático. Embora a idéia, teoricamente, seria a escola criar
uma proximidade com a realidade concreta, possibilitando uma exibi-
lidade de conteúdos, utilizando a tecnologia para facilitar a proximidade
entre formalizada e informalidade (RODRIGUES, 2002).
É neste sentido que as Diretrizes Curriculares para a Formação de
Professores da educação básica, assim denem as competências que de-
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vem ser desenvolvidas nos cursos de licenciatura e de graduação plena:
“[...] com relação ao mundo do trabalho, sabe-se que um dos fatores deci-
sivos passa a ser o conhecimento e o controle do meio técnico-cientíco
informacional”.
Porém, na prática o professor é transformado em um facilitador, ani-
mador, tutor, monitor, etc. A primeira vista, o professor torna-se um item
dispensável, facilmente substituído pelos recursos tecnológicos.
No entanto, a tecnologia carece de pessoas para gerenciar as infor-
mações, de forma que o professor passou a ser parte indispensável do uso
da tecnologia em favor da educação (FREIRE, 2004).
Por outro lado, o perl do educando foi alterado para indivíduos
com uma constante insatisfação com o conhecimento transmitido, tido
como fora de propósito e sem relação com suas necessidades reais. A in-
ternet e a facilidade de acesso a informação fez o educando passar a exigir
visualização do conhecimento, de forma rápida e fácil (RAMOS, 2011).
Assim, blogs, revistas eletrônicas e outros meios de comunicação e
construção coletiva do conhecimento tornaram-se importantes ferramen-
tas educacionais. Disponíveis não só aos professores como a qualquer in-
teressado em construir ou partilhar o conhecimento.
Não obstante, não existem leis ou normatizações formais para bali-
zar as relações educacionais estabelecidas entre os sujeitos pela internet,
inclusive com a proliferação frequente do anonimato.
O que acompanha também a proliferação de uma enorme quantida-
de de informações nem sempre vericáveis e, em muitos casos, com con-
ceituações equivocadas que distorcem fontes conáveis, passando uma
falsa imagem de conabilidade.
É por esta razão que se torna necessário iniciar uma ampla discussão
sobre a netiqueta, uma possível balizadora informal das relações educa-
cionais on-line, garantidora da veracidade e da construção sadia de novos
conhecimentos partilhados na internet.
Dentro deste contexto, será que poderíamos pensar a netiqueta tam-
bém como código de ética? O que conduz à outra discussão inicial em
volta dos conceitos que envolvem justamente a ética.
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4. NETIQUETA E ÉTICA
Para Himanen (2002), existiria uma distinção entre netiqueta e néti-
ca, este último, um termo que nomearia a ética entre usuários da internet,
incluindo hackers. Entretanto, o conceito de ética remete ao que se enten-
de por netiqueta.
Em linhas gerais, o comportamento ético é aquele que colabora com
a busca da felicidade, normatizando racionalmente as relações entre as
pessoas. No entender de Para Lalande (1993, p. 348), a ética é a “[...] ci-
ência que tem por objeto o juízo de apreciação [...] à distinção entre bem
e o mal”.
Embora ética e moral tenham a mesma raiz etimológica, com ambas
palavras signicando a mesma coisa, uma em grego e outra em latim, a
saber: normas de conduta, padrão de comportamento ou hábitos. Kant
acabou separando as acepções no século XVIII, colocando a primeira aci-
ma da segunda (LALANDE, 1993, p. 349). A partir deste momento o
conceito de ética evoluiu, e, hoje, signica também um conjunto de regras
de convivência no interior de um grupo.
Enquanto os conceitos morais seriam denidos por uma época e so-
ciedade, tendo como norteador uma série de fatores aglutinados que im-
põem padrões de comportamento como corretos, em oposição a atitudes
condenadas como erradas e punidas com o isolamento social. Em muitos
casos, sendo estas regras não escritas transformadas em legislação, conver-
tidas em leis e raticadas juridicamente.
A ética é mais ampla por ser uma ciência losóca normativa e teóri-
co-prática, possuindo caráter de investigação moral, contraposta a racio-
nalização dos comportamentos, tendo como centro a busca da idoneidade
e dignidade humana. No entanto, pode ser entendida também como mais
estreita que a moral, pois a ética diz respeito também a consciência sobre
o comportamento humano, individualizando normas de comportamen-
to aplicadas a conjuntos de pessoas que constituem grupos (MENEZES,
2010, p. 07).
O que faz a ética nem sempre corresponder às determinações mo-
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rais. Vender um dado produto, promovendo seu consumo é, por exemplo,
ético para o conjunto dos publicitários, mas, dependendo da mercadoria,
sendo ela comprovadamente maléca à saúde, pode ser considerado imo-
ral pelo conjunto da sociedade.
Dentro desta acepção de ética, pensando no signicado de etiqueta,
“[...] conjunto de cerimônias usadas [...] no trato de muitas pessoas” (ETI-
QUETA, 1976, p. 463), a nética e a netiqueta se confundem e conuem
para os mesmos objetivos e objetos.
Portanto, a etiqueta pensada para facilitar a convivência na internet é
também um código de ética norteador das relações e usos da rede mundial
de troca de dados e informações.
Todavia, pensada no sentido educacional, a netiqueta pode auxiliar
na construção do conhecimento? Seus princípios podem facilitar de fato
as trocas virtuais e tornar mais cordiais as relações professor/aluno, edu-
car/educando ou pessoa/pessoa?
5. A NETIQUETA NAS RELAÇÕES VIRTUAIS
PEDAGÓGICAS
Levando em consideração que o processo de apropriação do conhe-
cimento ocorre ao mesmo tempo em que os sujeitos se desenvolvem cultu-
ralmente. A apropriação da tecnologia na prática pedagógica exterioriza
esta potencialidade (BOUSSUET, 1985).
Em outras palavras, simultaneamente, a tecnologia serve a reprodu-
ção do sistema capitalista, podendo assumir um papel integrador interdis-
ciplinar, ajudando a contornar o fordismo educacional, reelaborando o
contexto cultural para transformar o mundo.
Uma ideia que não é nova está presente, por exemplo, no pensamen-
to de Illich. Amigo e contemporâneo de Paulo Freire, o austríaco Ivan
Illich, na década de 1970, fez uma critica a educação institucionalizada.
Em seu livro Sociedades sem escola (ILLICH, 2003), defendeu a idéia
de que a escola impede o ser humano de desenvolver todo seu potencial.
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Para ele, a escola fragmentava o saber e incentiva o consumismo e a repro-
dução das desigualdades.
Tentando contornar esta situação, propôs substituir as escolas por
redes de comunicação e convivência, onde as pessoas pudessem trocar in-
formações e experiências diretamente, através de uma rede de computado-
res, correios, anúncios de jornais, etc.
Illich (2003) pensou em quatro redes educacionais:
1. Serviços de consulta a objetos educacionais (bibliotecas, laborató-
rios, museus, teatros, etc);
2. Intercâmbio de habilidades (troca de conhecimentos entre as pes-
soas).
3. Encontro de colegas (formação de parcerias de pesquisa, comuni-
dades de pessoas que interagem para buscar conhecimento).
4. Consulta a educadores (orientadores na busca pelo conhecimento).
Assim, Illich (2003) foi o precursor da internet e das redes sociais
pensadas como ferramenta de troca de informações e do ensino a distân-
cia on-line. Porém, por razões óbvias, sua proposta nunca foi colocada in-
tegralmente em prática.
Para estabelecer uma relação pedagógica é necessário a presença de
pelo menos dois elementos: professor e aluno, educador e educando. So-
mente o dialogo entre as pessoas constrói uma relação pedagógica, onde
o saber é coletivamente cultivado, mas, igualmente, sempre carece de di-
recionamento.
A educação institucionalizada, a escola, possui muitos defeitos e ví-
cios, muitos dos quais advindos do sistema capitalista e estrutura social, o
que não invalida sua importância e caráter coletivo de partilha do conhe-
cimento acumulado pela humanidade.
O professor, em sala de aula pode contornar as barreiras, um fator
não considerado por Illich. Cabe ao educador prossional realizar um
trabalho de formiguinha, tornando-se agente multiplicador. Sozinhos so-
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mos nada, somos fracos; juntos seremos tudo, seremos fortes e poderemos
mudar o mundo através da educação.
O que, por si, exige a institucionalização da educação. Uma vez que
a passagem da heteronomia para a autonomia necessita do domínio de
técnicas que servem de instrumento aos prossionais da educação. Sendo
assim, como incorporar a informalidade na educação formal?
Para isto acontecer, em primeiro lugar, tanto professor como aluno
precisam conhecer as linguagens tecnológicas e tomar consciência do
contexto em que estão envolvidas, estabelecendo criticas e até mesmo
questionando esta realidade (PAPERT, 1994).
É necessário desconstruir ilusões forjadas por interesses políticos
e econômicos. Devemos ter em mente que a tecnologia pode mediar a
aprendizagem, mas o processo educacional necessita da interação entre as
pessoas.
Esta interação só é garantida através de uma convivência cordial que
crie um clima propício ao dialogo, uma discussão que permita construir
e reconstruir o conhecimento, compondo um saber de domínio público,
vivamente presente em blogs e publicações eletrônicas. Mecanismos de
democratização do acesso ao saber, embora não ao status representado por
um diploma universitário.
Destarte, até mesmo no que diz respeito à formalização da educação
institucionalizada, que confere certicados e títulos, devemos ressaltar
que o ensino caminha em direção à virtualização, tornando necessária a
presença da netiqueta.
Atualmente e, no futuro, cada vez mais a educação e a internet cami-
nharam lado a lado. Os cursos EAD - Educação a Distância - tem facilita-
do o acesso ao ensino superior, estendendo-se pelo Brasil e possibilitando
alcançar regiões onde antes seria impossível alguém cursar uma univer-
sidade. Aliás, segundo especialistas, a tendência EAD deve dominar o
panorama do mercado educacional, praticamente extinguindo o ensino
presencial.
Entre 2005 e 2008, a título de exemplo, os cursos EAD tiveram um
crescimento de 600% no numero de alunos, enquanto os cursos presen-
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ciais encolheram por conta de uma concorrência predatória entre univer-
sidades privadas. É por isto que escolas tradicionais, algumas universidades
públicas, começaram a investir em cursos EAD, seguindo uma tendência
mundial adotada pelo ensino superior de ponta, como o Massachusetts
Institute of Technology (MIT), Berkeley e Yale.
Assim, torna-se fundamental, pensando no ensino fundamental e
médio, repensar as questões em torno das relações pedagógicas virtuais
estabelecidas no contexto educacional. Até porque a popularização da in-
ternet e da banda larga, à medida que crescem os EAD, aumenta a necessi-
dade de prossionais capacitados para lidar com as novas tecnologias que,
dia-a-dia, evoluem com extrema rapidez, e, igualmente sejam capazes de
se transformarem em agentes multiplicadores.
É verdade que o EAD exige dos alunos maior esforço e dedicação
que os cursos presenciais, porém, carece de suporte de educadores para
que a tecnologia possa ser usada em benecio da construção do conhe-
cimento. O que torna uma obrigação do educador ensinar normas de
comportamento que facilitem a convivência virtual entre as pessoas. Algo
operacionalizado pelo exemplo próprio e fomento à discussão conceitual
e prática em torno da netiqueta.
Segundo Rios (2008), a netiqueta, no âmbito da EAD, deveria balizar
a construção de uma maior proximidade entre educador e educando, auxi-
liando a humanizar o espaço educacional virtual através da afetividade.
Em resumo, a tecnologia na educação, seja ela de qualquer nature-
za, deve estar a serviço do professor e do educando, sendo o docente um
mediador (LÉVY, 1993). Caso contrário, corremos o risco de desvincular
esta importante ferramenta de seu propósito primeiro: servir ao progresso
da humanidade.
A ideia do EAD é democratizar o acesso ao saber, mas a inserção
neste meio exige do educando autodisciplina e domínio dos instrumentos
necessários ao bom andamento do curso. Portanto, é essencial que, na era
da globalização, em plena sociedade da informação, o ensino elementar
possibilite também o acesso a tecnologia disponível e a netiqueta enquan-
to código de ética.
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A formação da cidadania, apregoada pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB - lei 9394/96), passa necessariamente pela
formação ética, ao passo que o acesso a internet, em qualquer esfera, exige
do utilizador a adoção de parâmetros mínimos de cordialidade para o bem
estar virtual de si mesmo e do outro.
Conceitos que se cruzam e entrelaçam com a educação em acepção
ampla, fazendo nascer uma interdependência com a netiqueta. Onde re-
side outro problema: a desatualização dos Parâmetros Curriculares Na-
cionais brasileiros, diante da rede mundial como mecanismo educacional.
Conduzindo a perguntar se não seria o caso de rever a LDB, em vista do
avanço das tecnologias e meios de informatização do conhecimento.
6. CIDADANIA, EDUCAÇÃO E NETIQUETA
A redemocratização do Brasil, em 1985, conduziu a um fomento do
sentimento de cidadania, onde a formação do cidadão foi colocada como
principal objetivo da Nova LDB.
Porém, a cidadania não foi conceituada pela LDB promulgada em
1996, sua denição cou subentendida como conceito liberal, perti-
nente a república representativa, que trás em si a idéia de contrato social
(CHAUÍ, 1994).
A discussão do que se deve entender por cidadania cou entregue a -
lósofos, sociólogos, historiadores e educadores. Alguns destes pontuaram o
nascimento do cidadão na antiguidade, entre o século XII a VIII a.C, apesar
da democracia grega ser muito distinta da concepção contemporânea, já que
era praticada somente entre alguns poucos privilegiados, excluindo mulhe-
res e escravos, estes últimos a imensa maioria da população.
O cidadão foi conceituado como aquele que “[...] pode e deve atuar
na vida pública independente da origem familiar, classe ou função”, trans-
mitindo a visão de que “[...] todos são iguais, tendo o mesmo direito à
palavra e à participação no exercício do poder” (ARANHA; MARTINS,
1992, p. 153).
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Esta denição de cidadania atendeu o que senso comum entende
pelo termo, aquilo que a mídia apregoa e massica. Acontece que a ci-
dadania foi abordada de forma genérica, tornando sua denição etérea e
pouco conhecida integralmente.
Para Edgar e Sedgwik (2003, p. 55), o cidadão é “[...] um agente hu-
mano a quem são dadas características sociais especicas, com signicados
políticos codicados [...] que são questões de seus interesses privados e [...]
de interesse público”.
Segundo Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva (2006, p.
47), a cidadania é um conceito histórico e complexo, atribuída “[...] aos
indivíduos que integram uma Nação”, abrangendo “direitos políticos, so-
ciais e civis”, mas também “[...] direitos e deveres”.
Conceito que remetem a Revolução Francesa, com seu ideal de
igualdade, liberdade e fraternidade, sendo este último item de suma im-
portância, já que pressupõe o abandono do individualismo consumista,
incentivado pela ótica capitalista, em favor da busca do bem estar do outro
em prol da coletividade.
Dentro desta concepção, será que a netiqueta não poderia ser pen-
sada como conteúdo formador da cidadania? Acontece que atualmente
a LDB não considera adequadamente os espaços virtuais como mecanis-
mos educacionais.
A reboque, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), as dire-
trizes elaboradas pelo governo federal para orientar a educação no Bra-
sil - que não tem força de lei, constituindo recomendações que seguem a
LDB de 1996 -, rearmam a importância da formação da cidadania, mas
também não abordam a internet como elemento educativo.
Tanto a LDB como os PCNs esquecem que a interdisciplinaridade
apregoada como fomentadora da cidadania poderia ser alcançada contex-
tualizando conteúdos, em sentido transversal, por meio da internet. Como
lembrou Saviani, uma pedagogia coerente e ecaz está atrelada “[...] com o
problema da compreensão do homem; que tipo de homem pretendemos
nós atingir através da educação” (SAVIANI, 2004, p. 47).
Para realizar a tarefa de formar o cidadão o século XXI, é necessário
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repensar o que entendemos por educação e tentar atender as necessida-
des da modernidade virtual, um conceito complexo e, simultaneamente,
abrangente. Seja qual for a denição, o cidadão não existe sem criticidade,
consciência de si mesmo e do mundo que o rodeia. O que acompanha a
inclusão digital e, ao mesmo tempo, a introdução do educando na neti-
queta, pensando no respeito pelo outro como a si mesmo.
Assim, a netiqueta conduz de volta ao objetivo educacional da cons-
trução da cidadania, assumindo uma postura formadora de uma postura
ética, outro elemento importante dentro do conceitual do modelo de ci-
dadão ideal.
O que exige repensar qual educação queremos para o Brasil e, por-
tanto, a reformulação da LDB e dos PCNs. Além é claro da questão da
formação dos professores, pois em sua maioria, no ensino presencial, em
qualquer nível, nunca ouviram falar em netiqueta e sequer sabem utilizar
a internet como ferramenta educacional.
Como poderiam os professores constituir então uma categoria mul-
tiplicadora do acesso a educação através da internet e de preceitos éticos
nas relações virtuais pela netiqueta?
7. CONCLUINDO COM UMA PROPOSTA
Dentro do âmbito da globalização, onde as informações estão forte-
mente disponíveis pela rede mundial de computadores, a Internet; onde a
comunicação entre as pessoas foi facilitada pela informática, aproximando
e derrubando fronteiras; a inclusão social passa necessariamente por este
meio.
Assim, um objetivo e desao primordial da Educação, dentro da rede
virtual, é a facilitação do acesso a construção do conhecimento e ao saber
acumulado pela humanidade.
Entretanto, para isto, é necessário familiarizar o educando e instru-
mentalizá-lo para integrar a sociedade da informação, o que inclui o conhe-
cimento da netiqueta como facilitadora das relações educacionais virtuais.
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É neste sentido que, mais que meio ou recurso didático, o uso do
computador e da internet deveria sensibilizar o educando para que se per-
ceba como parte de um contexto mais amplo, instigando a curiosidade e
a vontade de aprender por si só. O que encontra respaldo nas teorias de
Dewey, Paulo Freire, Piaget, Skinner e Vigotsk.
Além de fomentar o autodidatismo, essencial a sobrevivência do in-
dividuo no mundo globalizado, o acesso as informações disponibilizadas
na internet, em seu sentido educacional, objetiva estimular a interdiscipli-
naridade, quebrando o paradigma fordista, para tentar retomar a tendên-
cia humanista dos renascentistas.
Estimulando a reexão interdisciplinar, o compartilhamento de co-
nhecimentos pela internet pretende transmitir conteúdos de uma forma
mais leve e instigante, desenvolvendo o raciocínio lógico do educando.
Mas para se efetivar como educação precisa ser regulada por normas de
convivência ética, garantidas pela netiqueta, auxiliando, ao mesmo tem-
po, na formação da cidadania.
O que exigiria repensar a educação no Brasil, reescrever a LDB - lei
9394/96 - e os PCNs. No entanto, enquanto isto não acontece, como ten-
tar contornar os problemas existentes e crescentemente ampliados pelo
descompasso brasileiro com a modernidade virtual?
Poderíamos iniciar as mudanças pelo menor elo do sistema educacio-
nal institucionalizado e, por isto mesmo, o mais importante: o professor.
Porém, não estando os docentes, eles também, devidamente preparados
para lidar com a educação instrumentalizada pela internet, como realizar
esta façanha?
Após tantas constatações, vericações de problemas e multiplicação
de questões, surge aqui uma proposta factível de aplicação prática ime-
diata: por que não transformar a internet em ferramenta e a netiqueta em
conteúdo através do ensino de losoa?
A losoa serve exatamente para isto, formar o senso crítico, o au-
todidatismo, fomentar o questionamento, a interação entre as pessoas em
busca de uma construção coletiva do conhecimento e um olhar para fora
de si mesmo, de volta ao interior do próprio sujeito e transformador da
realidade.
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Pensada pela Nova LDB, (BRASIL, 1996, p. 10) no Capitulo II,
Seção IV, Artigo 36, junto com a sociologia, a losoa é denida como
“[...] [conhecimento] [...] [necessário] ao exercício da cidadania”, embora
seja recomendada apenas para o ensino médio.
Quanto ao ensino fundamental, no mesmo Capitulo, Seção I, Artigo
22, quando são denidas as intenções da educação básica, é feita menção
“[...] a nalidade [de] desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação
comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios
para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.
No entanto, na Seção III, que trata especicamente do ensino fun-
damental, a losoa não é citada diretamente, embora seja mencionado,
no Artigo 32, o “[...] objetivo a formação básica do cidadão, mediante [...]
o fortalecimento [...] dos laços de solidariedade humana e de tolerância
recíproca em que se assenta a vida social”.
Uma denição que, sem intenção concreta, penetra no âmago do
que é a losoa e nas possibilidades abertas por seu ensino na educação
básica, no nível médio e nas instituições de nível superior.
Transdisciplinar e interdisciplinar, como agregadora de todos os co-
nhecimentos, pensando na utilização da internet como ferramenta educa-
cional, o ensino de losoa poderia abordar a netiqueta como conteúdo.
Repensar a ética seria agregado pelo âmago do que se entende por neti-
queta, ao mesmo tempo, cumprindo as propostas colocadas no âmbito da
disciplina pela LDB e os PCNs vigentes.
O professor de losoa, pegando um termo emprestado de Golds-
chmidt (1963, p. 146-147), precisa tomar consciência de sua “[...] respon-
sabilidade losóca”, criando um ambiente onde “[...] o pensamento se
experimenta e se lança, sem ainda determinar-se”, podendo “prevalecer
contra a obra, para corrigi-la, prolongá-la ou coroá-la”.
É obrigação do professor de losoa, dentro da proposta da forma-
ção da cidadania pela LDB, incentivar rupturas, questionamentos, mas
também formar o educando dentro de ideais éticos.
Não se trata somente de promover o dialogo e a interdisciplinari-
dade, como pensam a maioria dos gestores educacionais e intelectuais.
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O ensino de losoa precisa ser formador de um ambiente propicio ao
dialogo em qualquer instância, inclusive e, dado a contextualização dos
indivíduos na sociedade da informação, no ambiente virtual.
Segundo os PCNs, o ensino de losoa deveria “[...] desenvolver a
tradução do conhecimento das Ciências Humanas em consciências críti-
cas e criativas, capazes de gerar respostas adequadas a problemas atuais e a
situações novas” (BRASIL, 2000, p. 21).
Junto com outras disciplinas, o saber losóco “[...] implica o conhe-
cimento, o uso e a produção histórica dos direitos e deveres do cidadão e
o desenvolvimento da consciência cívica e social, que implica a considera-
ção do outro em cada decisão e atitude de natureza pública ou particular”
(BRASIL, 2000, p. 21).
Assim, o ensino de losoa tem a obrigação jurídica e moral de
abordar a netiqueta como conteúdo, oferecendo uma solução imediata
aos questionamentos aqui colocados, apesar de constituir uma resposta
provisória. Simultaneamente, talvez promovendo maiores discussões para
aprofundar mudanças na maneira de enxergar a educação no Brasil e suas
possíveis interações com a internet como ferramenta educativa.
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Title: Netiquette - ethics and etiquette in virtual learning environment: questions and a
proposal for the teaching of philosophy.
Author: Fábio Pestana Ramos.
ABSTRACT: e Information Society, with the advent of broadband and the popu-
larization of Internet use, promoted the emergence of new educational tools based on
blogs, online journals and distance education in teaching. To regulate the relations be-
tween people emerged what came to be called netiquette, unocial standards of beha-
vior cordial. In this sense might be asked whether this is also a code of ethics that can
facilitate the realization of the virtual educational, pedagogical relations regulating the
Internet? If so, there could be a link between citizenship and netiquette? People are
prepared to handle the Internet for educational integration? Issues that the questions
multiply. e institutionalized formal education system can deal with the internet as a
tool? Where does the netiquette in basic and higher education? How to prepare learners
to live harmoniously with other individuals and the collective construction of know-
ledge in virtual environment? Based on logical deductive method, in bibliographic and
documentary research, and empirical ndings, we propose in this article make an initial
discussion around these issues, aiming to lead the introduction of the issue of netiquette
as a regulator of the new educational relations established over the Internet virtually .
e partial results obtained by the survey show that there is a downgrade of the LDB
and the PCNs to handle the virtual education. While we are proposing as an interim
solution to this problem the approach of netiquette as content to be integrated into the
teaching of philosophy in basic education, high school and college.
Keywords: Education. Etiquette. Internet. Nethics. Ethics. Citizenship. Philosophy.