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Degradação, recuperação e renovação de pastagens

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O objetivo deste Documento é de apresentar os conceitos e fundamentos da forragicultura, como formação, manejo e degradação de pastagens; a identificação das principais gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais ou subtropicais; as estratégias de recuperação e de renovação de pastagens; a consorciação de pastagens; os efeitos das forrageiras sobre a qualidade do solo; e a viabilidade econômica e rentabilidade de estratégias de recuperação de pastagens degradadas.
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189
Degradação, recuperação e renovação
de pastagens
Documentos
ISSN 1983-974X
Novembro, 2012
Documentos 189
Degradação, recuperação e renovação
de pastagens
Embrapa
Brasília, DF
2012
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Gado de Corte
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ISSN 1983-974X
Novembro, 2012
Ademir Hugo Zimmer
Manuel Claudio Motta Macedo
Armindo Neivo Kichel
Roberto Giolo de Almeida
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
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Revisão de texto e Editoração Eletrônica: Rodrigo Carvalho Alva
Normalização bibliográfica: Elane de Souza Salles
Foto da capa: Armindo Neivo Kichel
1a edição
Versão online (2012)
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A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação
dos direitos autorais (Lei no 9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Embrapa Gado de Corte.
Degradação, recuperação e renovação de pastagens [recurso eletrônico] / Ademir Hugo
Zimmer[ et al]. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2012.
42 p. ; 21 cm. – (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN 1983-974X; 189).
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Título da página da Web (acesso em 12 de novembro de 2012)
1.Pastagem degradada. 2. Pastagem – recuperação de. I. Zimmer, Ademir Hugo.
II. Série.
CDD 633.2 (21 ed.)
© Embrapa Gado de Corte 2012
Autores
Ademir Hugo Zimmer
Pesquisador da Embrapa Gado de Corte na área
de sistemas de produção, formação e recuperação
de pastagens, manejo de pastagens e integração
agricultura-pecuária, zimmer@cnpgc.embrapa.br
Manuel Claudio Motta Macedo
Pesquisador da Embrapa Gado de Corte na área de
manejo e fertilidade de solos; nutrição de plantas
forrageiras; recuperação de pastagens; e integração
lavoura-pecuária-floresta, macedo@cnpgc.embrapa.br
Armindo Neivo Kichel
Pesquisador da Embrapa Gado de Corte nas áreas de
produção vegetal, pastagens, agricultura, degradação
e recuperação de pastagens e sistemas integrados
de produção com ênfase em integração lavoura-
pecuária-floresta, armindo@cnpgc.embrapa.br
Roberto Giolo de Almeida
Pesquisador Embrapa Gado de Corte na área de
integração lavoura-pecuária-floresta, forragicultura,
manejo de pastagens, pastagens consorciadas,
recuperação e renovação de pastagens degradadas,
robertogiolo@cnpgc.embrapa.br
Sumário
Introdução ...................................................................6
Degradação das pastagens ............................................7
Forrageiras tropicais: escolha e forma de utilização .........14
Estratégias para recuperação e renovação de pastagens ..19
Recuperação direta ................................................................. 20
Recuperação indireta com destruição total da vegetação e uso de
pastagem anual ou agricultura ................................................. 21
Renovação direta ................................................................... 22
Renovação indireta com uso de pastagem anual ou agricultura ..... 23
Sistemas de integração lavoura-pecuária (SILPs) ........................ 23
Leguminosas na recuperação de pastagens ....................25
Efeitos das forrageiras sobre a qualidade do solo ............29
Viabilidade econômica e rentabilidade de estratégias de re-
cuperação de pastagens degradadas .............................32
Como minimizar a degradação ......................................38
Referências bibliográficas ............................................39
Degradação, recuperação e
renovação de pastagens
Ademir Hugo Zimmer
Manuel Claudio Motta Macedo
Armindo Neivo Kichel
Roberto Giolo de Almeida
Introdução
A recuperação de pastagens degradadas é uma das alternativas tec-
nológicas que compõem os compromissos voluntários assumidos pelo
Brasil na COP-15, realizada em Copenhague, e que preveem a redu-
ção das emissões de gases de efeito estufa (GEEs), projetadas para
2020, entre 36,1% e 38,9%, estimando, assim, redução da ordem
de 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente. Esses compromissos fo-
ram ratificados na Política Nacional sobre Mudanças do Clima (Lei no
12.187/09) e regulamentados pelo Decreto n° 7390/10. Para efeito
desta regulamentação, no caso específico da agricultura, foi estabele-
cido o “Plano Setorial para a Consolidação de uma Economia de Baixa
Emissão de Carbono na Agricultura”, o que se convencionou chamar
de “Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono)”.
Neste plano estão previstas diversas ações de capacitação e infor-
mação de técnicos e produtores rurais, estratégias de transferência
de tecnologia, pesquisa, fortalecimento da assistência técnica e
extensão rural, incentivos econômicos, linhas de crédito rural, entre
outras. Destaca-se o “Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão
de Carbono)”, instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), que já disponibilizou R$ 3,15 bilhões no Pla-
no Agrícola e Pecuário 2011/2012.
7
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Desta forma, a contribuição da Recuperação de Pastagens Degra-
dadas na mitigação de GEEs se dará pela expansão de sua área de
adoção em 15 milhões de hectares até 2020. As outras tecnolo-
gias previstas neste plano são: Sistema Plantio Direto (aumentar a
adoção em 8,0 milhões ha), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
(aumentar a adoção em 4,0 milhões ha), Fixação Biológica de Nitro-
gênio (aumentar a adoção em 5,5 milhões ha), Florestas Plantadas
(ampliar área plantada em 3,0 milhões ha) e Tratamento de Dejetos
Animais (com aumento do volume tratado em 4,4 milhões m3) (BRA-
SIL, 2011a,b,c).
O objetivo deste Documento é de apresentar os conceitos e funda-
mentos da forragicultura, como formação, manejo e degradação de
pastagens; a identificação das principais gramíneas e leguminosas
forrageiras tropicais ou subtropicais; as estratégias de recuperação
e de renovação de pastagens; a consorciação de pastagens; os efei-
tos das forrageiras sobre a qualidade do solo; e a viabilidade eco-
nômica e rentabilidade de estratégias de recuperação de pastagens
degradadas.
Degradação das pastagens
Degradação das pastagens é definida por Macedo e Zimmer (1993)
como:
“um processo evolutivo da perda do vigor, de produtividade,
da capacidade de recuperação natural das pastagens para
sustentar os níveis de produção e a qualidade exigida pelos
animais, bem como o de superar os efeitos nocivos de pragas,
doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada
dos recursos naturais em razão de manejos inadequados”.
A Figura 1 ilustra esse conceito:
8Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Figura 1. Representação gráfica simplificada do processo de degradação de pastagens
cultivadas em suas diferentes etapas no tempo (MACEDO, 2001).
Estas considerações sobre o processo de degradação estão apre-
sentadas numa sequência lógica, mas, na realidade, não são tão
simples e nem sempre ocorrem nessa mesma ordem, podendo
apresentar-se em diferentes sequências e graus, dependendo do
ecossistema e do manejo utilizado. O próprio limite entre a fase
de manutenção e o início da degradação ainda é objeto de pesqui-
sa, pois para cada sistema de produção pode-se ter uma situação
diferente. É razoável a suposição de que estes limites, estabelecidos
por indicadores, sejam diferentes e se situem em faixas e não em
valores fixos e pontuais.
A verificação e a determinação de indicadores da sustentabilidade
9
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
da produção em pastagens e na produção animal têm sido temas de
vários projetos de pesquisa, pois são fundamentais para a tomada
de decisões de manejo a fim de prevenir e/ou reverter a queda da
produtividade. Neste ponto está o grande desafio que a pesquisa
terá que esclarecer para a compreensão e solução do problema da
degradação das pastagens.
Os produtores muitas vezes se deixam levar pela aparência momen-
tânea do estado da pastagem e não usam as ferramentas importan-
tes de predição de queda da produção, tais como variáveis compo-
nentes da fertilidade, de propriedades físicas do solo e do estado
nutricional das plantas.
Uma das características indicativas mais notadas no processo de
degradação das pastagens é na capacidade de suporte animal ao
longo do tempo. Quando a exploração pecuária é monitorada com
certo grau de organização e critério, é frequente observar que, num
primeiro momento, a capacidade de suporte para a mesma oferta
de forragem é diminuída. Ao proceder-se um descanso ou veda da
pastagem, o crescimento no período não é suficiente para manter
a lotação anterior. Posteriormente, caso nenhuma ação de manejo
seja tomada, a quantidade e a qualidade da forragem decrescem
simultaneamente e o reflexo passa a ser mais acentuado no desem-
penho individual dos animais. Nesta fase é possível que o relvado
já não seja uniforme, possuindo áreas descobertas, sem forragem
e com o solo exposto. Ocorrências de invasoras e pragas também
podem ser notadas, pois a pastagem cultivada introduzida começa a
perder a capacidade de recuperação natural pela competição exerci-
da pelas espécies nativas.
Segundo Macedo (2001), se considerarmos a degradação das pasta-
gens conforme as etapas a seguir, pode-se concluir que o acompa-
nhamento criterioso da capacidade de suporte, em princípio, permite
antecipar etapas mais graves do processo de degradação.
10 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Implantação e estabelecimento das pastagens
Utilização das pastagens
ação climática e biótica
práticas culturais e manejo animal
Queda do vigor e da produtividade efeito na capacidade de suporte
Queda na qualidade nutricional efeito no ganho de peso animal
Degradação dos recursos naturais
A observação da queda da capacidade de suporte, no entanto, não
tem sido suficiente para conscientizar a adoção de ações de manejo
de manutenção, o que tem obrigado posteriormente a utilização de
alternativas de recuperação ou renovação mais onerosas e de difícil
realização do ponto de vista financeiro.
A substituição de pastagens nativas por pastagens cultivadas a
partir de 1970 foi de grande importância, especialmente no bioma
Cerrado, fato que possibilitou grande crescimento no rebanho e,
principalmente, na produção de carne e leite. No período de 1970
a 2010 a área total de pastagens cultivadas cresceu 12%, en-
quanto que o rebanho cresceu 215% e a produção de carne cerca
de 440%. As pastagens cultivadas, em sua grande maioria, foram
estabelecidas em solos ácidos e de baixa fertilidade, deficientes
principalmente em fósforo, cálcio e magnésio. Em muitas situa-
ções, os solos utilizados eram marginais e até inadequados para a
exploração agrícola.
11
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Dos 173 milhões de hectares de pastagens no Brasil, 117 milhões de
hectares são de pastagens cultivadas (Tabela 1), com lotação média
de 1,0 animal/ha. Estima-se que mais de 70% das pastagens cultiva-
das encontra-se em algum estádio de degradação, sendo que destas
uma grande parte em estágios avançados de degradação. A pro-
porção de pastagens em condições ótimas ou adequadas não deve
ser superior a 20%. Das pastagens cultivadas, mais de 70% são do
gênero Brachiaria, o que permite inferir que no Brasil são cultiva-
dos mais de 80 milhões de hectares com pastagens dessa espécie.
Dentre estas, 90% da área é ocupada por duas espécies: Brachiaria
brizantha e Brachiaria decumbens. Para B. brizantha a predominância
é da cultivar Marandu e, mais recentemente, aparecem as cultivares
Xaraés e BRS Piatã. Na espécie B. decumbens, a predominância é da
cultivar Basilisk.
Essa grande área de pastagem, quase em monocultivo, em solos de
baixa fertilidade e com manejo inadequado, apresenta grande risco
para a pecuária nacional, principalmente com o acelerado processo
de degradação dessas pastagens. Estas estão presentes e distribuí-
das em todos os estados e biomas do Brasil, em diferentes níveis de
degradação, os quais são proporcionais à área ocupada pelas pasta-
gens. Em regiões com solos arenosos e/ou com alto risco de erosão
o problema é grave e o processo de degradação mais acentuado.
Considerando-se que a maioria da produção animal no Brasil é reali-
zada a pasto, pondera-se que a degradação das pastagens é um dos
maiores problemas da pecuária brasileira, refletindo diretamente na
sustentabilidade do sistema produtivo. Levando-se em conta apenas
a fase de engorda de bovinos, a produtividade de carne de uma pas-
tagem degradada está em torno de 2 arrobas/ha/ano, enquanto numa
pastagem recuperada e bem manejada pode-se atingir, em média, 12
arrobas/ha/ano. Mais grave ainda são as consequências da degrada-
ção das pastagens, pois dada a grande extensão da área ocupada,
os impactos atingem a degradação ambiental, com consequências
nos recursos hídricos e no agravamento das emissões de GEEs.
12 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
O processo de degradação das pastagens tem início com a perda
de vigor e queda na disponibilidade de forragem, com redução da
capacidade de lotação e do ganho de peso animal. Em fases mais
avançadas, ou concomitantemente, podem ocorrer infestação de
plantas invasoras, ocorrência de pragas e a degradação do solo.
Tabela 1 - Áreas de pastagens dos estabelecimentos agropecuários em 1996 e
2006, segundo Regiões e Brasil (em milhares de ha) (IBGE, 2006)
Regiões/
Brasil
Pastagens
1996 2006 Variação
(ha) (%)
Norte 24.386 32.631 8.244 33,8
Nordeste 32.076 32.649 572 1,8
Sudeste 37.777 32.072 -5.705 -15,1
Sul 20.697 18.146 -2.551 -12,3
Centro-
Oeste 62.764 56.837 -5.927 -9,4
Brasil 177.700 172.333 -5.367 -3,0
Se, por um lado, as pastagens cultivadas permitiram aumento na
produtividade de carne e leite por área, o sistema solo-planta-animal
também passou a ser mais exigido. Estas pastagens, infelizmente
em grandes áreas, têm sido implantadas inadequadamente e são
exploradas de forma extrativista, o que acelera a degradação das
mesmas. Os principais fatores envolvidos neste processo, em ordem
de importância, na maioria dos casos são:
1. Excesso de lotação e manejo inadequado das pastagens;
2. Falta de correção e adubação na formação e, principalmente, fal-
ta de reposição de nutrientes pela adubação de manutenção;
Foto: Davi J. Bungenstab
13
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
3. Espécie ou cultivar inadequada, não adaptada ao clima, solo e
objetivo da produção;
4. Preparo de solo e técnicas de semeadura impróprias;
5. Ausência ou falta de práticas conservacionistas do solo;
6. Uso de sementes de baixa qualidade e origem desconhecida;
Sem dúvidas, as principais causas de degradação das pastagens no
Brasil são: o excesso de lotação e a falta de reposição de nutrien-
tes. Entretanto, os demais fatores também são relevantes e contri-
buem conjuntamente para a degradação. Ocorrências de invasoras,
pragas, doenças, compactação do solo e erosão, entre outros,
muitas vezes são apontados como causadores da degradação, mas,
na realidade, são consequências do não atendimento das premissas
acima mencionadas.
Exemplo de lotação elevada e determinante na degradação das
pastagens foi observado na Embrapa Gado de Corte por Bianchin
(1991), que estimou redução de 52% no ganho animal por área
em B. brizantha no 5º e no 6º ano, em relação aos dois anos
iniciais, com a lotação de 1,8 UA/ha. Já, com a lotação de 1,4 UA/
ha, a redução foi de somente 27%. Euclides (2001), por sua vez,
observou em pastagens de capim-colonião e capim-tanzânia, sem
adubação de manutenção, além da queda na capacidade de lotação
e no ganho animal, a redução de ganho animal por área de 26%
e 18%, respectivamente, no 4º ano em relação aos três iniciais.
No caso de B. brizantha e B. decumbens, a redução foi um pouco
menor, de 16% e 9%, respectivamente. Entretanto, a porcentagem
de solo descoberto foi de 5% no capim-tanzânia e 25% no capim-
colonião e na braquiária somente de 1% (EUCLIDES, 2001).
Por outro lado, só a recuperação de pastagens não é suficiente para
manter a produtividade, como indicam os dados de Euclides et al.
(1999). A recuperação de três cultivares de Panicum maximum e
14 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
duas braquiárias, após quatro anos de utilização, com 1,5 t/ha de
calcário e 400 kg/ha da fórmula 0-16-18 e micronutrientes (NF1)
ou o dobro dessa quantidade (NF2), elevaram o ganho de 300 kg/
ha para 440 e 670 kg/ha de peso vivo, respectivamente para NF1 e
NF2. Sem adubação de manutenção após três anos, as produções
caíram para 350 e 470 kg/ha de PV, respectivamente. Também
houve decréscimo na taxa de lotação, ganho animal e teores de
fósforo no solo. A pastagem renovada de B. brizantha cv. Maran-
du, sem aplicação corretivos e fertilizantes e pastejo com lotação
excessiva, proporcionou ganhos de peso vivo de somente 180 kg/ha
no terceiro ano. Já, com lotação adequada, o ganho passou a 270
kg/ha/ano, e com lotação e adubação adequadas, o ganho animal
por área foi de 550 kg/ha/ano.
Forrageiras tropicais: escolha e
forma de utilização
As forrageiras têm distintos potenciais de adaptação aos diferentes
ecossistemas e são diversos os fatores que caracterizam cada um
deles. Portanto, a escolha da forrageira, além de considerar os as-
pectos produtivos desejados, deve recair sobre aquelas adaptadas
às condições de clima e solo do local. Além disso, é muito impor-
tante promover a diversificação de espécies e, com isso, minimizar
os riscos ambientais e atender as demandas das diferentes catego-
rias animais normalmente presentes na propriedade rural.
Quanto à fertilidade do solo estas podem ser classificadas de es-
pécies pouco exigentes, adaptadas a solos de baixa fertilidade, até
espécies muito exigentes, que podem ser cultivadas em solos de
fertilidade natural elevada ou em solos corrigidos (Tabela 2).
15
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Tabela 2 - Graus de adaptação em gradiente decrescente das principais forragei-
ras às condições de fertilidade do solo para a região dos Cerrados e saturações
por bases recomendadas (MACEDO et al, 2008)
Espécie Grau de adaptação
à fertilidade
Saturação por
bases (%)
Grupo 1 - Espécies pouco exigentes
Brachiaria humidicola Alto
30 - 35
Andropogon gayanus Alto
Brachiaria decumbens Alto
Brachiaria ruziziensis Médio
Grupo 2 - Espécies exigentes
Brachiaria brizantha cv. Marandu Médio
40 - 45
Brachiaria brizantha cv. Xaraés Médio
Brachiaria brizantha cv. Piatã Médio
Hyparrhenia rufa (Jaraguá) Baixo
Setaria anceps Baixo
Panicum maximum
cv. Vencedor Baixo
cv. Centenário Baixo
cv. Tobiatã Baixo
cv. Massai Baixo
cv. Mombaça Muito baixo
cv. Colonião Muito baixo
cv. Tanzânia-1 Muito baixo
Grupo 3 - Espécies muito exigentes
Pennisetum purpureum:
45 - 55
Napier, Taiwan A-146 e outros Muito baixo
Cynodon spp.:
Coast-Cross, Tifton Muito baixo
16 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
A fertilidade do solo pode ser modificada pela calagem e aduba-
ção, possibilitando o cultivo de forrageiras mais exigentes em solos
deficientes, enquanto o clima dificilmente pode ser controlado. A
irrigação pode suprir o déficit hídrico em algumas circunstâncias,
mas é um processo de custo elevado e nem sempre eficiente, pois
depende da forrageira responder favoravelmente a todas as outras
condições ambientais, principalmente a temperatura.
O sistema de produção a ser adotado, segundo Zimmer et al.
(2008), é outro fator determinante na escolha da forrageira, pois
cada cultivar tem características próprias de desenvolvimento, quali-
dade e aceitação pelos animais.
Das braquiárias de uso mais comum, B. brizantha e B. decumbens
podem ser utilizadas nas três fases da pecuária: cria, recria e en-
gorda; como também as de lançamento mais recente, B. brizantha
cv. Xaraés, liberada em 2003, e BRS Piatã, liberada em 2007. As
cultivares de Brachiaria humidicola, por apresentarem valor nutritivo
inferior, porém mais adaptadas a baixa fertilidade, são mais utiliza-
das na fase de cria.
As cultivares de P. maximum são altamente produtivas e exigen-
tes em solo, mas proporcionam melhores ganhos de peso. São
adaptadas a solos bem drenados e exigentes a altas temperaturas,
em torno de 30°C, repercutindo em crescimento adequado. Estas
podem ser recomendadas para todas as fases de criação, tais como:
as cultivares Tanzânia, Mombaça, Massai, Vencedor e Aruana. Já,
a cultivar Massai, lançada pela Embrapa Gado de Corte em 2000, é
mais recomendada para a fase de cria, por apresentar valor nutriti-
vo inferior do que as demais cultivares. A cultivar Massai pode ter
grande importância para a região Amazônica, especialmente para
bovinos, pela sua melhor cobertura do solo, tolerância à cigarrinha,
e por ser menos exigente em fertilidade do solo que as outras culti-
vares de Panicum.
17
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Do gênero Andropogon são utilizadas duas cultivares: Planaltina e
Baeti. Ambas são tolerantes à seca e altamente resistentes às cigar-
rinhas, mas são muito atacadas por formigas. A exigência em fertili-
dade do solo é semelhante à B. decumbens. São utilizadas nas fases
de cria, recria e engorda e o seu cultivo é mais comum nos estados
de Goiás e Tocantins. Esta espécie, dentre as forrageiras mais co-
muns, é a que mais se presta para consorciações com leguminosas.
As diversas cultivares do gênero Cynodon são exigentes em fertili-
dade do solo e se caracterizam por serem mais adaptadas às condi-
ções de clima mais frio, pois a grande maioria foi desenvolvida na
Flórida, EUA. Produzem forragem de boa qualidade e são mais uti-
lizadas para a desmama de bezerros e engorda de animais adultos.
Também são muito utilizadas na produção de leite e para equinos.
Quanto ao gênero Pennisetum, as forrageiras mais comuns são as
diversas cultivares de capim-elefante. Estas são mais utilizadas
como capineiras ou em pastejo para gado de leite. São forrageiras
de alta exigência em fertilidade do solo, altas temperaturas e
chuvas abundantes para obter altas taxas de crescimento. Deste
gênero também faz parte o milheto, que é uma forrageira anual, de
crescimento na primavera-verão e no outono, sendo utilizado em
pastejo direto e também como planta de cobertura para o plantio
direto.
O gênero Paspalum apresenta diversas espécies e as mesmas estão
presentes em abundância nas pastagens naturais. Entre as forra-
geiras cultivadas, destacam-se a pensacola, mais comum na região
Sul do Brasil, e o capim-pojuca, recentemente lançado pela Embrapa
Cerrados. Este se adapta a solos úmidos e de baixa fertilidade ou
áreas com regime de chuvas de precipitações pluviais superiores a
1.600 mm, mas tem sido pouco utilizada devido às dificuldades de
manejo.
Em anos mais recentes tem havido maior interesse na irrigação de pas-
tagens durante o período seco (inverno), mas, segundo Aguiar (2001),
18 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
a capacidade de suporte é de somente 40% a 60% da taxa de lotação
que é mantida na primavera-verão. As forrageiras mais utilizadas nestes
sistemas são os capins Tanzânia, Mombaça e as do gênero Cynodon.
O crescimento destas forrageiras não é limitado somente pela falta de
água, mas também pelo fotoperíodo, que é mais curto, e pelas baixas
temperaturas. A taxa de fotossíntese líquida relativa de forrageiras
tropicais é máxima com a temperatura de 35°C e se reduz a somente
20%, quando a temperatura baixa para 15°C (AGUIAR, 2001).
No caso de leguminosas forrageiras tropicais, poucas cultivares estão
atualmente disponíveis no mercado, destacando-se o estilosantes
Campo Grande (S. macrocephala e S. capitata). Este tem sido utiliza-
do em consorciações com Brachiaria decumbens, Andropogon gaya-
nus e, em algumas situações, com B. brizantha (CULTIVO..., 2007).
Nestas consorciações tem sido obtidos bons resultados nas três fases
de produção. O Calopogonium mucunoides também é utilizado em
condições semelhantes ao estilosantes. O guandu (Cajanus cajan) tem
adaptação idêntica ao estilosantes e calopogônio, mas tem sido mais
utilizado como banco de proteína em sistemas de produção de leite, e
menos frequente na produção de carne, de modo semelhante a leuce-
na (Leucaena leucocephala).
Quanto ao amendoim-forrageiro (Arachis pintoi) há três cultivares dis-
poníveis no mercado: a Amarillo (no Brasil conhecida como MG 100),
a cv. Belmonte, lançada pela CEPLAC na Bahia, e a Alqueire, lançada
pela Fazenda Alqueire no Rio Grande do Sul. Esta leguminosa consor-
cia-se bem com diversas gramíneas e proporciona boas produções tanto
para bovinos de corte como para leite. O amendoim forrageiro vem se
destacando na Região Amazônica na recuperação de áreas, onde ocorre
a morte do capim-marandu. Nesta região também tem destacada utiliza-
ção a puerária (Pueraria phaseoloides) em consorciações com diversas
gramíneas e com bons resultados em diversos sistemas de produção.
Mais detalhes quanto a leguminosas constam no item sobre esse tema
mais adiante. Foto: Jaqueline Matias (2012)
19
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Estratégias para recuperação e
renovação de pastagens
A recuperação de uma pastagem caracteriza-se pelo restabelecimento
da produção de forragem, mantendo-se a mesma espécie ou cultivar.
Já, a renovação consiste no restabelecimento da produção da forra-
gem com a introdução de uma nova espécie ou cultivar, em substitui-
ção àquela que está degradada (MACEDO et al., 2000). Outro termo
frequentemente utilizado é reforma da pastagem, que é mais apro-
priado para designar correções ou reparos após o estabelecimento da
pastagem.
Para definir quais opções ou alternativas de recuperação ou renovação
de pastagens serão utilizadas em cada propriedade é indispensável
que se realize um diagnóstico com informações sobre a região, pro-
priedade e as pastagens a serem trabalhadas. O diagnóstico engloba
os sistemas de produção predominantes na região, mercados a serem
atingidos, o sistema de produção da fazenda, entre outros. São de-
terminados os índices zootécnicos, como lotação animal, natalidade,
mortalidade, nas áreas a serem recuperadas ou renovadas e também
levantamento detalhado das condições das pastagens, tais como: his-
tórico da área, análise do solo, declividade do terreno, condições de
conservação do solo, estádio de vigor e cobertura da pastagem, pre-
sença de invasoras. Em função do diagnóstico decide-se por recupera-
ção ou renovação, bem como que operações mecânicas, quantidades
de insumos e manejo será adotado. Estas ações objetivam o resta-
belecimento da produção de biomassa das plantas em um período de
tempo determinado, com custos viáveis para o produtor, visando uma
maior persistência da pastagem. Exemplo e roteiro para o diagnóstico
podem ser encontrados em Kichel et al. (2011a,b).
A recuperação ou renovação pode ser efetuada de forma direta ou
indireta. Define-se como forma direta quando no processo utilizam-
-se apenas práticas mecânicas, químicas e agronômicas, sem cultivos
com pastagens anuais ou culturas anuais de grãos. O uso intermedi-
20 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
ário de lavouras ou de pastagens anuais caracteriza a forma indireta
de recuperação ou renovação de pastagens (MACEDO et al., 2000;
MACEDO, 2001). Esquema simplificado dessas alternativas é apresen-
tado na Figura 1.
Recuperação direta
Esta prática, na maioria de suas modalidades, apresenta menor risco
para o produtor e é aconselhada quando a pastagem degradada está
localizada em regiões de clima e solo desfavoráveis para a produção
de grãos, com falta ou pouca infraestrutura de máquinas, imple-
mentos, estradas e armazenagem, condições de comercialização e
aporte de insumos; menor disponibilidade de recursos financeiros;
dificuldades de se estabelecer parcerias ou arrendamentos e neces-
sidade de utilização da pastagem em curto prazo.
Dependendo do estádio de degradação da pastagem, pode-se es-
colher dentre vários métodos de recuperação direta. Quanto mais
avançado o processo de degradação, mais drástica será a interven-
ção, com maior número de operações e custos mais elevados. Em
geral, a recuperação direta pode ser categorizada pela forma como
se atua na vegetação da pastagem degradada: sem destruição da
vegetação, com destruição parcial da vegetação e com destruição
total da vegetação.
Recuperação direta sem destruição da vegetação
Esta alternativa é utilizada quando a pastagem está nos estádios ini-
ciais da degradação e as causas principais são o manejo inadequado
e/ou deficiência de nutrientes. A pastagem deve estar bem formada,
sem invasoras, sem solo descoberto e compactado e sem erosão.
Deve-se ajustar a lotação animal e o sistema de manejo para a produ-
tividade desejada. Avalia-se a potencialidade de produção pela análise
do solo, clima do local e forrageira estabelecida. A recuperação pode
ser feita com aplicação superficial e a lanço de adubos e corretivos,
sem preparo do solo, com doses calculadas segundo análise química
da fertilidade.
21
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Recuperação direta com destruição parcial da vegetação
Este processo é indicado quando as pastagens estão em estádios
intermediários de degradação e as causas normalmente são: manejo
inadequado da pastagem, deficiência de nutrientes, compactação do
solo, pastagens mal formadas, ou deseja-se introduzir leguminosas.
Inicialmente, pode-se aplicar um dessecante na pastagem, em do-
ses que permitam o retorno da vegetação, para facilitar as operações
mecânicas e a introdução de consórcios quando for o caso. Se houver
compactação do solo utiliza-se um subsolador ou escarificador, com ou
sem dessecação. Não havendo compactação pode-se utilizar o plantio
direto com plantadeira apropriada. Em ambos os casos pode-se efetuar
simultaneamente a adubação, ressemeadura de sementes da forrageira,
introdução de leguminosas ou de forrageira anual (como o milheto) para
pastejo imediato, visando a amortização dos custos até o retorno da
pastagem recuperada.
Recuperação direta com destruição total da vegetação
É indicado quando a pastagem está no estádio mais avançado de degra-
dação com baixa produtividade de forragem, solo descoberto, elevada
ocorrência de espécies invasoras (anuais ou espécies de retorno da
vegetação natural), grande quantidade de cupins e formigas, solo com
baixa fertilidade e alta acidez, compactação e/ou erosão do solo e o
produtor deseja manter a mesma espécie ou cultivar. Esta é a opção de
recuperação direta cujos custos são os mais elevados, pois exige opera-
ções de máquinas para preparo total do solo e de práticas de conserva-
ção. É também indicada quando é necessária a incorporação de correti-
vos e fertilizantes de forma mais uniforme e profunda no perfil do solo.
A mesma espécie forrageira é plantada imediatamente de forma solteira
ou em consorciação com leguminosas.
Recuperação indireta com destruição total da vegeta-
ção e uso de pastagem anual ou agricultura
Este processo pode ser utilizado quando a pastagem degradada
estiver nas mesmas condições que o caso anterior, mas uma pasta-
gem ou cultura anual será plantada como intermediária no processo
22 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
de recuperação. Pode-se plantar imediatamente, após o preparo do
solo, a mesma espécie forrageira como reforço ao banco de se-
mentes já existente, em plantio simultâneo ou não com pastagens
anuais, como o milheto, aveia ou sorgo forrageiro ou, ainda, com
culturas anuais de arroz, milho ou sorgo granífero. Com esse sis-
tema haverá amortização dos custos, valendo-se do pastejo animal
temporário ou venda de grãos. O plantio solteiro de culturas anuais
de soja, milho e outras também pode ser realizado, com a pastagem
sendo plantada ao final do ciclo das mesmas, no ano subsequente
ou após dois ou três anos, dependendo da análise econômica da
situação específica. Esse sistema possui muitas vantagens porque
permite a elevação da fertilidade do solo com amortização parcial
dos custos, quebra de ciclo de pragas, doenças e invasoras, oti-
mização da mão de obra, máquinas, equipamentos e instalações,
diversificação do sistema produtivo, maior fluxo de caixa para o
produtor e criação de novos empregos. Exige, no entanto, maior
investimento financeiro, infraestrutura e conhecimento tecnológi-
co. Não é necessário que seja estabelecido, após a recuperação, o
sistema de integração lavoura-pecuária (SILP), mas as condições já
foram iniciadas para tal.
Renovação direta
Esta opção, na maioria dos casos, é de sucesso mais duvidoso, pois
tem como objetivo substituir uma espécie ou cultivar por outra for-
rageira sem utilizar cultura intermediária. Baseia-se, principalmente,
em tratos mecânicos e químicos, com o uso de herbicidas, para o
controle da espécie que se quer erradicar. A substituição de espé-
cies do gênero Brachiaria por cultivares de Panicum, uma das mais
almejadas, nem sempre é bem sucedida dado o elevado número de
sementes existentes no solo. O gasto de sucessivas aplicações de
herbicidas e tratos mecânicos pode encarecer sobremaneira o pro-
cesso. A substituição de espécies como Andropogon e Panicum por
espécies de Brachiaria, no entanto, oferece melhor possibilidade de
êxito. Outra troca potencial é a substituição de espécies de Brachiaria
por espécies de Cynodon.
23
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Renovação indireta com uso de pastagem anual ou
agricultura
Esta alternativa é recomendada quando o estádio de degradação da
pastagem é bem avançado, com baixa produtividade de forragem,
solo descoberto, elevada ocorrência de espécies indesejáveis, grande
quantidade de cupins e formigas, solo com baixa fertilidade e alta aci-
dez, compactação e/ou erosão do solo e o produtor deseja trocar de
espécie ou cultivar. É de custo mais elevado, exige conhecimento tec-
nológico, infraestrutura de máquinas, equipamentos, armazenagem,
acesso de estradas ou necessidade de parceiros e/ou arrendamento.
As condições de solo e clima também devem ser adequadas para o
plantio de lavouras anuais. Pode ser executada com a utilização de
pastagem anual de milheto, aveia, sorgo e outras, ou culturas anuais
de soja, milho, arroz, entre outras, no verão e pastagens anuais no
outono/inverno, por tempo (anos ou ciclos) a ser determinado pelas
circunstâncias econômicas locais e desejo do produtor. Após o cultivo
sucessivo de pastagens anuais e lavouras e controle da forrageira a
ser substituída, implanta-se a nova espécie ou cultivar. Também não
precisa ser necessariamente estabelecido SILP, se o produtor não o
desejar.
Sistemas de integração lavoura-pecuária (SILPs)
Estes sistemas podem ser estabelecidos nos casos em que lavouras e
pastagens anuais são utilizadas como intermediárias na recuperação
ou renovação de pastagens. Os SILPs têm-se mostrado eficientes
na melhoria da qualidade do solo: propriedades químicas, físicas e
biológicas; na quebra do ciclo de pragas e doenças; no controle de
invasoras; no aproveitamento de subprodutos; no pastejo de outono
em pastagens anuais, melhorando e mantendo a produção animal e
de grãos, com fluxo de caixa mais frequente ao produtor, criando
novos empregos e dando maior sustentabilidade a produção agrope-
cuária. Associado ao uso dos SILPs, recomenda-se que o sistema de
plantio direto (SPD) seja utilizado no plantio das pastagens anuais ou
das lavouras tanto na recuperação, como na renovação de pastagens.
Os efeitos desses sistemas são pertinentes quando estabelecidos em
24 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
uma mesma área em esquemas de rotação. Esta prática é recomen-
dada, principalmente, para a manutenção da produção das pasta-
gens, quando estas têm apenas perda de vigor ou ligeira queda na
produtividade ou em estádios bem iniciais de degradação, quando a
fertilidade do solo, as propriedades físicas, a conservação do solo, a
ocorrência de invasoras ou pragas não forem limitantes ao plantio de
lavouras ou pastagens anuais em plantio direto.
Para adoção dos SILPs são necessárias diversas condições, que são
determinadas pelo diagnóstico realizado na região e na proprieda-
de, de acordo com os objetivos do proprietário, da disponibilidade
e qualificação da mão de obra e do nível gerencial e operacional da
propriedade. O tempo de exploração da lavoura ou da pecuária vai
depender do SILP a ser adotado, podendo-se utilizar a pecuária por
um período curto de meses ou até vários anos e retornar novamente
com a lavoura e assim em ciclos sucessivos.
Em regiões com clima e solo favoráveis para lavouras de grãos, a
pastagem permanece por períodos mais curtos de meses ou de anos.
Se o objetivo maior for a produção de grãos, os ciclos de pastagem
serão mais curtos, se for a pecuária, serão mais longos. A presença
da pastagem nestes sistemas objetiva adequar a rotação de culturas,
aumentando a produção de palha para o plantio direto, contribuindo
para redução de pragas e doenças e de plantas invasoras. Nestes
casos, a presença da pastagem por mais de 2 ou 3 anos tem sido
mais eficiente. As lavouras nos SILPs têm um importante papel na
elevação da fertilidade do solo, com amortização dos custos, e as
pastagens na melhoria da qualidade do solo e quebra de ciclos de
patógenos e de plantas invasoras.
É importante salientar que algumas culturas como milho e sorgo pos-
sibilitam sua semeadura simultaneamente com forrageiras no plan-
tio, tanto no verão, como na safrinha e, após a colheita da cultura,
a pastagem estará em condições de ser utilizada (ZIMMER et al.,
2007).
25
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Leguminosas na recuperação de
pastagens
As leguminosas, em função da sua capacidade de fixação simbió-
tica de nitrogênio e melhor valor nutricional, podem contribuir para
aumentar a qualidade e a quantidade de forragem para os animais.
Este aspecto é especialmente importante em regiões com estação
seca pronunciada, pois, nesse período do ano, a disponibilidade de
forragem em pastos de gramíneas puras não atende as exigências
nutricionais de bovinos. Embora essas vantagens sejam de amplo
conhecimento entre técnicos e pecuaristas, o uso de leguminosas
forrageiras tropicais na alimentação do rebanho brasileiro tem sido
pouco significante.
Atualmente, no entanto, existem claros sinais que essa situação es-
teja mudando e existe renovado interesse por leguminosas. O avanço
tecnológico da produção pecuária, a necessidade de redução de cus-
tos de produção e, principalmente, a busca de fontes mais eficientes
de nitrogênio para uso na recuperação de pastagens degradadas,
têm levado muitos pecuaristas a se interessarem por leguminosas.
Além disso, essas forrageiras podem contribuir significativamente
para reduzir o efeito dos GEEs, pois, pela fixação simbiótica de N,
contribui para minorar o gasto energético na produção de fertilizan-
tes nitrogenados e a emissão de N2O. Também, as leguminosas po-
dem contribuir significativamente para amenizar as emissões de me-
tano por ruminantes, pela melhora na dieta consequentemente pelo
melhor desempenho animal. Esse interesse e potencialidade pouco
explorada, no entanto, deve ser suportado por informações técnicas
que forneçam aos produtores visão crítica e realista das vantagens e
desvantagens do uso dessas plantas.
Dentre as diversas alternativas de recuperação de pastagens, a
recuperação direta com reposição de nutrientes, principalmente do
fósforo associada à introdução de uma leguminosa para fornecimen-
to de nitrogênio, pode ser bastante atraente e apresentar condições
26 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
de ser mais facilmente adotada pela maioria dos produtores. Por
suas características de resistência à seca, adaptação a solos de
baixa fertilidade e alta capacidade de associação com rizóbios na-
tivos, as espécies de Stylosanthes são as principais alternativas de
leguminosas para a recuperação de pastagens degradadas. Diversos
trabalhos da Embrapa Cerrados e da Embrapa Gado de Corte utilizan-
do, respectivamente, o estilosantes Mineirão e o estilosantes Campo
Grande, comprovaram a eficiência dessa técnica de recuperação em
fazendas da região do Cerrado. De maneira simplificada, a técnica
de recuperação usando estilosantes envolve a aplicação da calagem,
adubo fosfatado, gradagem para incorporação dos mesmos, rompi-
mento das camadas compactadas de solo e redução da competição
inicial da gramínea estabelecida para permitir o desenvolvimento das
plântulas de leguminosa.
Entre as leguminosas forrageiras tropicais poucas são utilizadas na
atualidade, sendo a de maior destaque o estilosantes Campo Grande
(20% de S. macrocephala e 80% de S. capitata na mistura de se-
mentes). Estas são forrageiras adaptadas a solos de baixa fertilidade,
mas respondem bem a Ca, Mg, P, K e micronutrientes. O estilosan-
tes Campo Grande apresenta boa adaptação a solos arenosos e de
textura média e consorcia-se com Brachiaria decumbens, Andropo-
gon gayanus e em algumas situações com B. brizantha (ESTILOSAN-
TES..., 2000).
O estilosantes Campo Grande, em consórcio com gramíneas na pro-
porção de 20%-40% da leguminosa, em solos arenosos e de baixa
fertilidade, fixa de 60 a 80 kg de N/ha/ano, sendo apenas parte des-
te nitrogênio liberado para as gramíneas no primeiro ano, quando seu
efeito maior é na melhoria da dieta dos animais. A partir do segundo
ano, quando ocorre a ciclagem de nutrientes pela morte de partes
das plantas, o N orgânico fixado é mineralizado tornando-se disponí-
vel para a gramínea em consorciação, melhorando a disponibilidade
total de forragem em até 50%, como também, a qualidade da dieta
para o animal (Figura 2).
27
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Figura 2. Proteína bruta (%) média em folhas de Brachiaria decumbens solteira e consor-
ciada com estilosantes Campo Grande em diferentes épocas do ano (CULTIVO..., 2007).
Assim, com maior disponibilidade de forragem de melhor qualidade,
nas pastagens consorciadas com a referida leguminosa, há um aumen-
to na capacidade de suporte, melhoria na produtividade de carne por
área e no desempenho individual dos animais (Figura 3). Tal benefício
é observado principalmente a partir do segundo ano após a semeadura
(Tabela 3), em virtude da liberação de nitrogênio da leguminosa para a
gramínea via mineralização da matéria orgânica.
Figura 3. Ganho médio de peso vivo diário (g/animal/dia) de bezerros desmamados, de 9
a 10 meses, com peso inicial de 235 kg em pastagens de Brachiaria decumbens pura e
consorciada com estilosantes Campo Grande submetidas a diferentes taxas de lotação
durante três anos (CULTIVO..., 2007).
Foto: Davi J. Bungenstab
28 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Tabela 3 - Ganho médio de peso vivo diário (g/animal/dia) e por área (kg/ha/
ano) de bovinos em pastagem de capim-marandu recuperada com adubação e
consorciada com estilosantes Campo Grande durante três anos (adaptada de
CULTIVO..., 2007)
Ano Lotação Desempenho animal
UA/ha animais/ha g/animal/dia kg/ha/ano
1 2,84 4,06 364 539
2 1,62 2,31 463 390
3 2,10 3,00 475 520
O estilosantes Campo Grande em consorciação com gramíneas, além
da melhoria no desempenho animal, complementa a cobertura do solo
contribui para reduzir as perdas de solo por processos erosivos. Isto é
mais relevante devido a sua adaptação a solos arenosos. De acordo com
Dedecek et al. (2006), em solos arenosos protegidos com terraços de
base larga e cultivados pastagem de capim-marandu, a perda de solo
por erosão laminar foi 90% inferior na pastagem consorciada, quando
comparada ao monocultivo da gramínea (Tabela 4). Segundo os autores,
o gado prefere o pastejo da gramínea nas partes mais altas do terreno,
incluindo os terraços, deixando esta área exposta à ação das chuvas.
Na pastagem consorciada, esta área foi ocupada pela leguminosa,
protegendo o terraço e o solo e, consequentemente, reduzindo as
perdas pela erosão. É importante destacar que as perdas de solo no
tratamento sem cobertura vegetal foram superiores a 25 t/ha. Estes
resultados reforçam a tese de que a cobertura vegetal do terreno tem
um papel mais importante do que o terraço individualmente.
Tabela 4 - Perdas de solo, cobertura vegetal e contribuição do estilosantes Cam-
po Grande para a redução de processos erosivos em pastagem de capim Maran-
du solteira e consorciada, Coxim-MS, 2006 (adaptada de DEDECEK et al., 2006)
Tratamentos Perdas de solo
(kg/ha/ano)
Cobertura do
solo (%)
Redução de per-
das de solo (%)
Capim-marandu 96 86 -
Capim-marandu + esti-
losantes Campo Grande 10 90 90
29
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
O Calopogonium mucunoides é uma leguminosa de ciclo anual a bia-
nual e também adaptada a solos de baixa fertilidade, mas responde
bem à adubação, consorcia-se com diversas gramíneas, persistindo
melhor em ambientes tropicais e com período secos curtos.
O guandu (Cajanus cajan) tem adaptação idêntica ao estilosantes e
calopogônio. Sempre foi mais utilizado como banco de proteína e,
atualmente, vem sendo utilizado na recuperação de pastagens degra-
dadas de gramíneas. São utilizadas diversas cultivares, muitas sem
uma característica definida. A mais comumente usada é a Super N,
de porte mais baixo. Pelo programa de seleção e melhoramento dessa
forrageira na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, foi lançada,
em 2008, a primeira cultivar protegida desta espécie, denominada
BRS Mandarim. Esta cultivar tem como destaque a alta produtivida-
de de forragem, alta retenção de folhas no inverno e baixo teor de
taninos. Apresenta, como principais características, a facilidade de
implantação, alto teor protéico (de até 20%), digestibilidade e sistema
radicular profundo e pivotante (GODOY ; MENEZES, 2008).
Efeitos das forrageiras sobre a
qualidade do solo
As forrageiras tropicais desempenham importante papel na qualida-
de do solo, principalmente sobre as propriedades físicas. Devido às
características inerentes ao tipo de sistema radicular fasciculado,
profuso e profundo, o mesmo confere ao solo alta capacidade de
estruturação, facilitando a infiltração de água e o aumento do car-
bono total no perfil do solo. Comparativamente às culturas anuais
e mesmo a áreas de vegetação natural, pastagens bem manejadas,
ao longo do tempo, podem apresentar teores de C mais elevados no
solo.
Em trabalho efetuado por Salton (2005), em Campo Grande, MS,
foram demonstrados os benefícios das forrageiras em SILPs e em
cultivos solteiros, com relação ao estoque de carbono e à agregação
do solo. Os resultados foram evidentes quanto a importância das
30 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
gramíneas forrageiras na rotação e no SPD, associados aos SILPs,
na região dos Cerrados (Tabela 5 e Figura 4). Os SILPs apresentam
estoque em posição intermediária em relação à vegetação natural
e as pastagens de uso contínuo, mas com manejo adequado de re-
posição de nutrientes e ajuste de lotação animal. Nessa ocasião, as
pastagens com leguminosas implantadas em 1993/94, já possuíam
estoque de carbono superior à vegetação nativa (Tabela 5).
Tabela 5 - Estoque de carbono orgânico em Latossolo Vermelho em diferentes
profundidades submetido a sistemas de manejo durante 11 anos. L-PC = lavou-
ras em plantio convencional, L-PD = lavouras em plantio direto, S1P3 = rotação
soja por 1 ano – pastagem (B. brizantha) por 3 anos, S4P4 = rotação soja por
4 anos – pastagem (P. maximum) por 4 anos, PP = pastagem permanente (B.
decumbens), PP+L = pastagem permanente (B. decumbens) consorciada com
leguminosas e VN = vegetação natural. Campo Grande, MS. (SALTON, 2005)
Prof.
(cm)
L-PC L-PD S1P3 S4P4 PP PP+L VN
t/ha
0 a 2,5 4,8* d 6,2 cd 7,8 c 7,2 c 6,6 c 12,0 a 10,0 b
2,5 a 5 5,1 d 5,5 cd 7,0 b 6,2 bc 7,2 b 8,7 a 6,7 b
5 a 10 13,5
abc 12,2 bc 12,8
abc 11,8 c 14,3 a 13,8 ab 13,6
abc
10 a 20 23,0 a 23,5 a 22,9 a 22,7 a 25,4 a 24,1 a 23,7 a
0 a 20 46, 3d 47,4 d 50,5
bcd 47,9 cd 53,5
abc 58,6 a 54,0 ab
*Valores médios de 3 repetições. Letras iguais nas linhas indicam diferença inferior a
DMS 5%.
Em outro experimento de longa duração sobre SILPs, que está sen-
do realizado na Embrapa Cerrados (VILELA et al., 2001), Marchão
(2007) efetuou estudos sobre as propriedades físicas do solo, esto-
que de carbono e macrofauna, para avaliar a qualidade do solo dos
SILPs comparados a sistemas tradicionais e contínuos de lavoura e
pastagem, incluindo métodos de preparo de solo e sistema de plan-
tio direto, com dois níveis de adubação de manutenção. Uma área
de vegetação nativa foi tomada como referência.
31
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Figura 4. Distribuição dos agregados da camada 0 a 5cm, agrupados em três classes de
tamanho para os sistemas L-PC = Lavouras em preparo convencional, L-PD = lavouras
em Plantio Direto, S1P3 = rotação soja por 1 ano – pastagem (B. brizantha) por 3 anos,
PP= pastagem permanente (B. decumbens) (SALTON, 2005).
Os sistemas, nos quais gramíneas forrageiras são parte integrante,
contribuem para aumentar o armazenamento de água e a porosidade
do solo, sobretudo no SPD. Nesse trabalho, os sistemas de uso e pre-
paro do solo influenciaram nos estoques de carbono e de nitrogênio,
sobretudo no SPD, mas não se observou efeito de nível de fertilização.
Em relação à macrofauna do solo, os SILPs, baseados em SPD e na
rotação com pastagens consorciadas com leguminosas, apresentaram
maior densidade e biodiversidade de espécies, e, portanto, oferecem
melhores condições para a sustentabilidade da qualidade do solo. Den-
tre as comunidades favorecidas pelo uso de forrageiras nos sistemas
Foto: Davi J. Bungenstab
32 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
destacam-se os gêneros Oligochaeta (minhocas) e Coleoptera (be-
souros coprófagos), que têm papel chave na estruturação do solo. A
avaliação da macrofauna mostrou ser um bom indicador de qualidade
do solo (Tabela 6).
Tabela 6 - Densidade (indivíduos/m2), riqueza de espécies (número de morfo-
espécies) da macrofauna de invertebrados em sistemas integrados de rotação
lavoura-pecuária, sistemas contínuos e em vegetação natural de Cerrado (Planal-
tina, DF) (adaptada de MARCHÃO, 2007)
Sistemas de uso e preparo do solo
Macrofauna
Densidade
(indivíduos/m2)
Riqueza
(n.º de espécies)
Vegetação natural 4.792 51
Pastagem contínua 1.653 38
Lavoura contínua c/prep. solo 501 4
Lavoura contínua s/prep. solo 827 46
Pastagem – Lavoura c/prep. solo 616 22
Pastagem – Lavoura s/prep. solo 992 21
Lavoura - Pastagem c/prep. solo 1.144 26
Lavoura - Pastagem s/prep. solo 3.456 52
Viabilidade econômica e rentabilidade
de estratégias de recuperação de
pastagens degradadas
A recuperação de pastagens degradadas é economicamente viável,
desde que esta seja precedida por um diagnóstico correto e as técni-
cas sejam aplicadas corretamente. Deve-se considerar ainda que, em
muitas situações, estas práticas são necessárias, já que a produtivi-
dade encontra-se em níveis insignificantes e a degradação ambiental
pode ser irreversível.
Kichel et al. (2006), avaliaram diversos processos de recuperação de
pastagens degradadas em Neossolo Quartzarênico, solos com teor
33
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
de argila de 9 a 12%, no município de Coxim, MS, num período de
três anos: 26/05/2003 a 01/06/2006. Foram avaliados os seguintes
processos:
T1 - Pastagem degradada de B. decumbens já formada, sem terraços
e com manejo tradicional (superpastejo) - testemunha;
T2 - Pastagem recuperada, com preparo do solo, sem terraços, sem adu-
bação, plantio de B. brizantha e com manejo tradicional (superpastejo);
T3 - Pastagem recuperada, com preparo do solo sem terraço, sem
adubação, plantio de B. brizantha e com manejo recomendado pela
Embrapa;
T4 - Pastagem recuperada, com preparo do solo, sem terraços, com
adubação, plantio de B. brizantha e com manejo recomendado pela
Embrapa;
T5 - Pastagem recuperada, com preparo do solo, com terraço, sem
adubação, plantio de B. brizantha e com manejo recomendado pela
Embrapa;
T6 - Pastagem recuperada, com preparo do solo, com terraços, com
adubação, plantio de B. brizantha e com manejo recomendado pela
Embrapa;
T7 - pastagem recuperada, com preparo do solo, com terraços, com
adubação, plantio consorciado de B. brizantha e Stylosanthes ssp.
cultivar Campo Grande e com manejo recomendado pela Embrapa.
Considerando os custos e receitas da época, pode-se verificar que
todos as alternativas de recuperação acima resultaram em aumentos
na produção, receita bruta e margem liquida, na média dos três anos
de avaliação (Tabela 7). É importante destacar que o tratamento T2
resultou em renda líquida 12 vezes maior do que o pasto degradado e
os demais foram superiores a esse tratamento. Também, o tratamen-
34 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
tos T4 e T6, com adubação completa, apresentaram os maiores custos
totais, lotação animal, produtividade animal, receita bruta/ha, porém
a margem líquida apresentou resultado semelhante ao T7, com menor
investimento, sem adubação nitrogenada, mas com leguminosa.
Cabe destacar que a presença da leguminosa (estilosantes Campo
Grande) no tratamento T7, foi mais relevante a partir do segundo ano
e no terceiro ano equiparou-se aos tratamentos T4 e T6 (com aduba-
ção completa) na produtividade e foi superior na margem liquida (Ta-
bela 8). Cabe destacar que estes tratamentos, ao final das avaliações,
apresentavam melhor cobertura do solo, menor escorrimento de água,
menores perdas de solo (DEDECEK et al., 2006) e menor presença de
invasoras em relação aos demais tratamentos (KICHEL et al., 2006).
Tabela 7 - Custos da recuperação e manutenção da pastagem (R$/ha), custo de
manutenção dos animais (R$/ha), lotação em unidade animal (UA/ha), produtivi-
dade (kg de PV/ha), receita bruta (R$/ha) e receita líquida (R$/ha) em diferentes
sistemas de recuperação e manejo de pastagem. Coxim, MS, 26/05/2003 a
01/06/2006 (adaptada de KICHEL et al., 2006)
Trata-
mento
Custo da
recuperação
e
manutenção
da pastagem
(R$/ha)
Custo de
manutenção
dos animais
(R$/ha)
Lota-
ção
(UA/
ha)
Produti-
vidade
(kg de
PV/ha)
Receita
bruta
(R$/ha)
Margem
líquida
(R$/ha)
T1 10,00 71,67 0,8 54 101,00 19,33
T2 58,33 167,00 1,8 238 457,13 231,80
T3 58,33 141,67 1,5 287 547,87 347,87
T4 446,00 241,33 2,6 580 1.105,84 418,51
T5 75,00 140,67 1,5 299 569,53 353,87
T6 462,67 241,33 2,6 560 1.067,00 363,00
T7 343,00 204,67 2,2 483 914,67 367,00
35
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Tabela 8 - Produtividade (kg de PV/ha) e margem líquida (R$/ha) obtidos no pri-
meiro, segundo e terceiro ano de avaliação, em diferentes sistemas de recupera-
ção e manejo de pastagem. Coxim, MS, 09/09/2002 a 01/06/2006 (adaptada
de KICHEL et al., 2006)
Trat. Produtividade (kg de PV/ha) Margem líquida (R$/ha)
1º ano 2º ano 3º ano 1º ano 2º ano 3º ano
T1 42 50 70 -10,00 5,00 63,00
T2 329 204 180 235,00 267,00 194,00
T3 330 262 270 308,00 388,00 347,00
T4 732 459 550 332,00 442,00 481,00
T5 336 280 280 270,00 427,00 364,00
T6 710 440 530 238,00 404,00 447,00
T7 540 390 520 -19,00 511,00 609,00
Para as condições dos tratamentos, os resultados permitiram concluir que:
- Todos os sistemas de recuperação de pastagens avaliados apresentaram
viabilidade técnica e econômica, quando comparado com a pastagem
degradada.
- O uso de carga animal superior à capacidade suporte de uma pastagem,
além de proporcionar menor produtividade e rentabilidade, acelera o pro-
cesso de degradação das pastagens.
- O manejo correto das pastagens é tecnologia de baixo custo, porém de
extrema importância para a sustentabilidade da pecuária de corte e leite.
- A recuperação de pastagem com adubação de correção e manutenção
anual, associado ao manejo correto, com ou sem leguminosas, apresen-
tou maior produtividade e rentabilidade, além de evitar a degradação de
pastagem e do meio ambiente.
- A recuperação de pastagem com adubação de implantação, manutenção
36 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
e leguminosa (estilosantes Campo Grande), apresentou menor margem
líquida no primeiro ano, porém apresentou maior rentabilidade no segundo
e no terceiro ano.
- Pastagens recuperadas com manejo adequado e com adubação de ma-
nutenção realizada, anualmente, apresentaram maior competição sobre as
invasoras anuais e perenes existentes na área, como também reduziram o
surgimento das mesmas.
Em estudos em que compararam a eficiência de diferentes sistemas de
produção, com intensificação via suplementação e confinamento, Corrêa
et al. (2006) concluíram que a recuperação das pastagens degradadas e a
prática de adubação de manutenção proporcionam aumentos na produti-
vidade. Os autores consideraram uma fazenda modal com área de 1.500
ha, sendo 1.200 ha de pastagens e 300 ha de reserva legal. Considerou-
-se que os sistemas realizam o ciclo completo, isto é, cria, recria e engor-
da dos animais. Em todos os sistemas melhorados foi considerada a recu-
peração das pastagens degradadas e adubações de manutenção a cada
dois anos para as fases de recria e engorda e a cada quatro anos para a
fase de cria. As estratégias de recuperação e adubação de manutenção
estão descritas na Tabela 9.
Tabela 9 - Correções e adubações das pastagens em sistemas melhorados.
(adaptada de CORRÊA et al., 2006)
Insumos
(kg/ha)
Recuperação Manutenção
Todos os pastos
Vida útil de 25 anos
Pastos de cria
(a cada 4 anos)
(1,0 UA/ha)
Pastos recria/
engorda (a cada
2 anos)
(1,5 UA/ha)
Calcário 1.500 750 750
P2O580 40 40
K2O 60 40 40
FTE 40 - -
Nestilosantes Campo
Grande (cria)
estilosantes
Campo Grande 75
37
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
As estratégias de alimentação consideradas, além de suplementação
com sal mineral em todos os sistemas, foram: SM1: somente pasto;
SM2: pasto e fornecimento de ração na 3ª seca; SM3: pasto e forne-
cimento de proteinado na 1ª e 2ª seca, e ração no final do segundo
período de águas; SM4: pasto e fornecimento de ração na 1ª seca e
confinamento na 2ª seca; e SM5: “creep-feeding” na fase de aleita-
mento e confinamento após a desmama.
A recuperação e adubação de manutenção resultam em aumentos
de produtividade de mais de 140% e margem operacional de mais
de 60% (Tabela 10). Entretanto, os custos por arroba produzida são
maiores e, nos sistemas melhorados, ainda mais elevados.
Tabela 10 - Número de animais vendidos, custo operacional unitário da arroba
(R$/@) do boi gordo e margem operacional (R$) de sistemas de produção de
gado de corte no Estado de Mato Grosso do Sul, 2006. (adaptada de CORRÊA et
al., 2006)
Sistemas
Número
de animais
vendidos
Custo
Operacional
Unitário
(R$/@)
Margem
Operacional
(R$)
0 - Pasto degradado (Modal) 211 39,92 69.393
1 - Pasto recuperado +
manutenção 520 47.86 113.766
2 - Idem 1 + ração na 3ª seca 516 55.21 98.194
3 - Idem 1 + proteinado na 1ª e
2ª seca + ração na 2ª chuva 597 45,64 150.483
4 - Idem 1 + ração na 1ª seca e
confinamento na 2ª seca 681 48,90 184.593
5 - Pasto recuperado + creep
feeding e confinamento na des-
mama
752 54,42 156.273
38 Degradação, recuperação e renovação de pastagens
É importante adicionar que, além da recuperação das pastagens,
práticas de alimentação e manejo do rebanho podem proporcionar
incrementos vantajosos na produtividade e eficiência econômica dos
sistemas de produção.
Como minimizar a degradação
Para evitar a degradação da pastagem, o produtor necessita estar
atento quanto à escolha da forrageira, preparo e conservação do
solo, manejo de formação inicial da pastagem, entre outros. Mas o
mais importante após a recuperação ou renovação da pastagem é
não cometer os mesmos erros que levaram a degradação. Assim,
é necessário que sejam adotadas práticas de manejo apropriado a
cada forrageira, bem como o manejo animal adequado, no sentido
de se atingir índices de produtividade e lucratividade desejados no
sistema de produção estabelecido. A altura de pastejo das principais
espécies forrageiras, de acordo com sistema de manejo adotado,
deve seguir alguns critérios (Tabela 11), os quais permitem a ma-
ximização da qualidade forrageira quando colhida pelo animal e o
aumento da persistência da pastagem.
Adubações de manutenção são necessárias e indispensáveis na
maioria dos casos, além do controle da lotação e altura de pastejo,
pois as pastagens, já no segundo ano após a sua recuperação, apre-
sentam queda de produção, e necessitam, portanto, da reposição de
nutrientes. Esta pode ser feita a cada ano ou a cada dois anos, no
sentido de evitar nova degradação, pois o custo de nova recupera-
ção é mais elevado do que a soma de algumas adubações de manu-
tenção. Manejo adequado e adubações de manutenção resultam em
aumento na produção de forragem e, consequentemente, na produ-
tividade animal. Também se observam efeitos marcantes na longevi-
dade das pastagens, na proteção do solo e nos recursos hídricos, no
aumento dos teores de matéria orgânica do solo e no sequestro de
carbono, contribuindo dessa forma para mitigar a emissão de gases
de efeito estufa.
39
Degradação, recuperação e renovação de pastagens
Tabela 11 - Altura de pastejo (cm) recomendada para algumas gramíneas
forrageiras
Espécies ou cultivares Altura das forrageiras (cm)
Pastejo rotacionado Pastejo
contínuo
Entrada dos
animais
Saída dos
animais
Capim-elefante 100-120 50 ----
Capim-mombaça 90 40 ----
Capim-tanzânia 70 40 30-60
Capim-massai 55 25 25-40
Capim-andropógon 50 20 25-50
Capim-marandu, xaraés,
BRS piatã 35 15 20-35
Capim-coastcross, tifton 30 10 15-30
Brachiaria decumbens 30 10 15-30
Brachiaria humidicola 20 8 10-25
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CGPE 10119
... A recuperação de uma pastagem caracteriza-se pelo restabelecimento da produção de forragem, mantendo-se a mesma espécie ou cultivar. Já a renovação consiste no restabelecimento da produção da forragem com a introdução de uma nova espécie ou cultivar em substituição àquela degradada (Macedo et al., 2000). ...
... Ou seja, faz-se a intervenção direta sobre a planta forrageira que compõe ou que irá compor o sistema. Por sua vez, o uso intermediário de culturas agrícolas na Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou de forrageiras anuais caracteriza a forma indireta de recuperação ou renovação de pastagens (Macedo et al., 2000;Macedo, 2001;Macedo;Araújo, 2019). Os custos associados a essas estratégias elevam-se com o estágio de degradação (ED) e a associação com os cultivos anuais na ILP. ...
Technical Report
Full-text available
Em 2020, o Brasil possuía uma área de pastagens em torno de 162,97 milhões de ha, ocupada com um rebanho de 160,2 milhões de unidades animal (UA), portanto, com uma taxa de lotação animal média de 0,98 UA/ha. Em todo o território nacional, estima-se que 54,66% da área total de pastagens apresenta algum grau de degradação, ou seja, uma área de 89 milhões de hectares. Por sua vez, no bioma Cerrado, a área de pastagens é de 53 milhões de hectares, com um rebanho de 53,2 milhões de unidades animal, totalizando uma taxa lotação de 1,0 UA/ha. Nesse bioma, estima-se que 57,75% das pastagens encontra-se em algum estágio de degradação (entre intermediária e severa), ou seja, aproximadamente 30,62 milhões de hectares (Universidade Federal de Goiás, 2020). Isso caracteriza a pecuária no bioma Cerrado como uma atividade de baixa produtividade animal decorrente da baixa produtividade das pastagens por conta, dentre outros fatores, do declínio da fertilidade do solo e do manejo inadequado do pastejo. O objetivo deste documento é apresentar as principais estratégias de recuperação e de renovação de pastagens degradadas no Cerrado, conforme o potencial produtivo da área e do estágio de degradação atual das pastagens. Foram utilizadas cores relacionadas à situação atual e à complexidade das estratégias de restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens. Dessa forma, o verde indica situação atual mais favorável (menos complexa e mais barata para recuperar); o amarelo requer alguma atenção (situação intermediária); e o vermelho indica gravidade do cenário, maior complexidade e altos custos para a intervenção.
... Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 23, e1789, 2021 forma, é de se esperar que as áreas de exploração dos bovinos de corte apresentem problemas de produtividade e de sustentabilidade de produção (Macedo et al., 2000). Dada a necessidade de intervenção nos processos de degradação, técnicas de recuperação menos onerosas estão surgindo e uma delas é a recuperação de áreas degradadas por pastagem (Salomão et al., 2020). ...
... Dada a necessidade de intervenção nos processos de degradação, técnicas de recuperação menos onerosas estão surgindo e uma delas é a recuperação de áreas degradadas por pastagem (Salomão et al., 2020). Em uma pastagem degradada, a produção animal pode ser seis vezes menor do que numa pastagem em boas condições ou recuperada (Macedo et al., 2000). Estima-se que 80% dos 50 a 60 milhões de hectares das cultivadas no Brasil Central encontram-se em algum estado de degradação. ...
Article
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Land occupation and land use change receives increasing attention, especially in commodity driven economies. This study aimed to demonstrate some changes that have occurred in agricultural production in recent decades in Laguna Carapã-MS. By focusing on cattle farming in pasture-based systems we describe the technical aspects of the livestock systems and the evolution of zootechnical, socioeconomic and human development indexes overtime. On-site visits were carried out in 22 pasture-based cattle farms. We assessed data from public agencies and government websites (IBGE-cidades, Sidra: Municipal Livestock Research, SATVeg-Embrapa and MapBiomas). The period 1985-2017 was considered for land use and occupation, 1997-2018 for herd numbers and 2000-2019 for the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI). The findings showed that stocking rates have increased and that cattle farming remains predominantly extensive. Overtime, there was a remarkable reduction in herd numbers, milked cows and pasture areas declined. Thus, pastures can be considered remnants. The scenario configured a transition from cattle grazing systems to grain, cereal and energy production. Pasture-based cattle farming is not the main income of the majority of cattle farmers interviewed. Pastures used for dairy cattle showed a lower level of degradation, a trend that probably differentiates dairy farmers (average NDVI ≈ 0.58) from beef farmers (average NDVI ≈ 0.52). Overall, the study reveals some of the changes and transitions in land occupation and use and some evidence of municipal development. This probably portray situations and trends in many municipalities in the Midwest of Brazil. Palavras-chave: Commodities Agrícolas; Degradação das Pastagens; Índice de Vegetação com Diferença Normalizada. Os processos de modernização agropecuária ocorrem em meio a transformações no uso e ocupação do solo. Neste trabalho, objetivou-se descrever as mudanças que ocorreram na produção agropecuária nas últimas décadas em Laguna Carapã-MS, com foco em bovinocultura a pasto. Foram incluídos aspectos de sistema de produção, tecnificação e evolução de índices zootécnicos, socioeconômicos e de desenvolvimento humano. Foram realizadas 5 visitas in loco e adquiridos dados de 22 propriedades rurais, além de acesso a dados públicos do município, do estado e da federação (IBGE-cidades, Sidra: Pesquisa da Pecuária Municipal, SATVeg-Embrapa e MapBiomas). Considerou-se o período de 1985-2017 para uso e ocupação do solo, 1997-2018 para efetivo de rebanho e 2000-2019 para o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). As taxas de lotação aumentaram e a pecuária continua predominantemente extensiva. As pastagens podem ser consideradas remanescentes, com diminuição do rebanho efetivo, das vacas ordenhadas e das áreas de pastagem. O cenário configurou a transição da bovinocultura a pasto para a produção de grãos, cereais e energéticos, sendo que a pecuária a pasto não é a renda principal da maioria dos produtores rurais entrevistados. Pastagens destinadas à produção de gado de leite apresentaram menor nível de degradação, uma tendência que pôde diferenciar os produtores de leite, com NDVI médio de 0,58, dos produtores de gado de corte, com NDVI médio de 0,52. O estudo revela transições no uso e ocupação do solo e indícios de desenvolvimento municipal que provavelmente retratam tendências em muitos municípios de aptidão agropecuária do centro-oeste do Brasil.
... Thus, especially in areas with high and very high environmental vulnerabilities associated with these land uses, it is necessary to adopt policies that encourage conservation practices and sustainable land use (Campos et al., 2021). The implementation of actions such as the regular recovery of pastures, correcting acidity and maintaining soil fertility, managing animal stocking to avoid overgrazing, choosing suitable forage species, combating invasive plants and pests, rotating crops, and evaluating crop-livestock-forest interaction are some of the practices that can be adopted by rural producers aided by institutions that provide technical assistance and rural extension aiming at reducing environmental vulnerability (Zimmer et al., 2012). ...
Article
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Environmental vulnerability is an important tool to understand the natural and anthropogenic impacts associated with the susceptibility to environmental damage. This study aims to assess the environmental vulnerability of the Doce River basin in Brazil through Multicriteria Decision Analysis based on Geographic Information Systems (GIS-MCDA). Natural factors (slope, elevation, relief dissection, rainfall, pedology, and geology) and anthropogenic factors (distance from urban centers, roads, mining dams, and land use) were used to determine the environmental vulnerability index (EVI). The EVI was classified into five classes, identifying associated land uses. Vulnerability was verified in water resource management units (UGRHs) and municipalities using hot spot analysis. The study employed the water quality index (WQI) to assess the EVI and global sensitivity analysis (GSA) to evaluate the model input parameters that most influence the basin’s environmental vulnerability. The results showed that the regions near the middle Doce River were considered environmentally more vulnerable, especially the UGRHs Guandu, Manhuaçu, and Caratinga; and 35.9% of the basin has high and very high vulnerabilities. Hot spot analysis identified regions with low EVI values (cold spot) in the north and northwest, while areas with high values (hot spot) were concentrated mainly in the middle Doce region. Water monitoring stations with the worst WQI values were found in the most environmentally vulnerable areas. The GSA determined that land use and slope were the primary factors influencing the model’s response. The results of this study provide valuable information for supporting environmental planning in the Doce River basin.
... Além disso, é cada vez maior o número de áreas degradadas devido ao manejo inadequado do solo, provocando compactação, desestruturação, perda da camada superficial e salinização (Ferreira, Tavares Filho e Ferreira, 2010;Guimarães et al., 2013). A ausência de práticas como manutenção da fertilidade do solo, inadequada qualidade da água de irrigação, presença de animais acima da capacidade de suporte no pasto são exemplos de manejos que provocam degradação e diminuição do potencial produtivo em regiões semiáridas (Zimmer et al., 2012;Oliveira Filho et al., 2019;Castro e Santos, 2020). ...
Article
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A utilização de sistemas de produção sustentáveis e com viabilidade econômica é de extrema importância. Portanto, estudo busca compreender as respostas do sistema solo-planta com a associação do uso da cobertura morta vegetal e o sistema de consórcio de gramínea e leguminosa. Para isto, realizou-se uma revisão bibliográfica narrativa. O milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Br.) é uma planta de ciclo anual curto com baixa exigência hídrica (450-700 mm). Quando cultiva sob cobertura morta para a produção de forragem, seu rendimento foi elevado. Isto porque o uso da cobertura morta no solo pode aumentar a infiltração da água no solo, contribuindo para maior eficiência do uso da água nas plantas. Além disso, esta prática pode aumentar a população microbiana do solo e a fertilidade. Concomitantemente, o cultivo de milheto consorciado com leguminosas como o feijão-caupi e o feijão-guando pode contribuir para um maior rendimento de cultivo em regiões semiáridas. O consórcio entre gramíneas e leguminosas, desde que sejam compatíveis em termos de desenvolvimento, pode acarretar em altos benefícios para a produção do sistema, pois a fixação biológica do N atmosférico pode aumentar a produção de biomassa e qualidade da forragem para alimentação animal. Apesar de suas inúmeras vantagens, o uso da cobertura morta no cultivo de milheto e o consórcio com leguminosas ainda necessita de maiores definições técnicas e precisa ser melhor estudado. Principalmente no que diz respeito ao manejo associado dessas duas práticas (cobertura morta e consórcio).
... Além disso, com o avanço de impactos de mudanças climáticas, principalmente quanto à deficiência hídrica, a recuperação tem sido muitas vezes dispendiosa e infrutífera. b) Renovação ou reforma direta da pastagem: consiste no restabelecimento da produção da forragem com a introdução de uma nova espécie ou cultivar, em substituição àquela que está degradada (Macedo et al., 2000). Neste caso, além da correção da fertilidade do solo, também é feito o replantio da forrageira com mudança ou não da espécie. ...
Technical Report
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Este documento apresenta uma proposta conceitual de um sistema de Monitoramento, Relato e Verificação (MRV) da agricultura de baixa emissão de carbono e do Plano ABC, desenvolvido a partir de uma parceria entre a Plataforma ABC do MAPA/Embrapa e pelo Observatório da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono. Para desenhar a presente proposta, foram consideradas as exigências de processos de monitoramento e as experiências internacionais com o tema, bem como os aspectos técnicos das principais práticas da Agricultura ABC. Além disso, diversas ferramentas inovadoras vem sendo desenvolvidas pela EMBRAPA para coleta e quantificação de emissões, tendo a Plataforma ABC papel relevante na criação, articulação e disseminação dessas ferramentas. A proposta aqui apresentada combina e integra as diferentes ferramentas de coleta de dados e informações a campo e remotamente, banco de dados de múltiplo uso, e formas de cálculo e verificação. O sistema proposto pode ser adequado a diferentes propósitos, como a verificação de baixo custo de projetos financiados por instituições públicas, até a customização para certificações privadas.
... KEYWORDS: Cattle farming, degraded areas, ABC plan. Por muito tempo predominou-se a mentalidade de estabelecer os piores terrenos, pobres em fertilidade, com alta declividade, e pedregosos, para a formação de pastagens (MACEDO et al., 2000). E, ainda hoje, a falta de práticas de manejo, adubações, controle de pragas, plantas daninhas, a escolha das forrageiras e das glebas incorretas tem culminado na subutilização e degradação das pastagens. ...
Article
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This study aimed to evaluate the fermentation pattern and dry-matter losses in corn (Zea mays L.) silage intercropped with Urochloa brizantha cv. Marandu and Megathyrsus maximus cv. Mombasa grasses in different sowing modalities through crop–livestock integration. The experimental design was in randomized blocks, which were arranged in a 2 × 5 factorial scheme with four repetitions. The first factor consisted of the grass cultivars Marandu and Mombasa. The second factor was the sowing modalities of grasses intercropped with corn: (1) simultaneous row sowing and inter-row corn sowing (no fertilizer); (2) simultaneous row sowing and inter-row corn sowing (with fertilizer); (3) simultaneous sowing with double grass row in the corn inter-row; (4) delayed sowing inter-row at 7 days after corn emergence; and (5) delayed sowing inter-row at 14 days after corn emergence. The forage buffer capacity (BC), silage pH and ammoniacal nitrogen (NH3-N) content, forage (FORDM) and silage dry-matter (SILDM) percentages, gas losses (GL), effluent losses (EL), and dry-matter recovery (DMR) parameters on the ensilage were evaluated. Only forage BC, silage NH3-N, and silage DMR variables differed (p < 0.05) from the control silage (monocropped corn) when the integration was carried out. The grass cultivar factors and sowing modalities for BC and NH3-N variables had an effect. The intercropping of corn and Marandu grass or Mombasa grass, in any grass sowing modality, did not affect the quality of the silage.
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A volatilização de amônia é uma das principais formas em que o nitrogênio aplicado na superfície do solo é perdido para a atmosfera. Tal fato representa perda de capital investido tanto para o adubo como para seus esperados efeitos na produção de forragem. Assim, foi avaliada a aplicação de extratos pirolenhosos, aqui denominados de extrato pirolenhoso preto (EEP) e amarelo (EPA) como redutor de volatilização, na diluição 0,1% (v v-1) em água e aplicado após a adubação nitrogenada (300 kg ha-1 N-ureia) em parcelas de capim Mombaça. Para as estimativas foram usadas garrafas plásticas (2L) simulando campânulas nas quais foram colocados recipientes contendo ácido bórico com indicador. Foram avaliadas duas coletas espaçadas em 32 dias, em um período de 144 horas. O delineamento experimental foi em blocos completos casualizados em três repetições. Os efeitos esperados quanto a uma eficiente redução nos níveis de amônia volatilizada não foram observados e foram encontrados resultados contraditórios. Para a primeira avaliação, o extrato pirolenhoso preto reduziu em 13% a volatilização em relação ao tratamento testemunha. Para o extrato pirolenhoso amarelo a redução foi de 32%. Contudo, para a segunda avaliação, o uso do extrato pirolenhoso promoveu aumento na volatilização em 200% (EPA) ou mesmo 294% (EPP), podendo isso representar mais que 50% do Nitrogênio aportado como adubo ao solo após 144 horas.
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The Unlocking Brazil’s Green Investment Potential for Agriculture identifies a large pipeline of projects and assets eligible for green financing and reveals that the investment potential for Agriculture in Brazil reaches USD 163 billion (BRL 692 billion) until 2030. Designed to demonstrate how green finance can be directed to agriculture projects and assets at scale, and the technological advances made by the sector, the roadmap highlights a green pipeline for agriculture, livestock, renewable energy, forests and transport infrastructure so that issuers and investors can understand the opportunities that can be labeled or aggregated for attracting green capital. The development of the roadmap was led by the Climate Bonds Initiative in partnership with the Brazil Agriculture Subcommittee, a technical working group under the Brazil Green Finance Initiative (BGFI).
Thesis
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Crop-livestock management systems have been increasingly recommended as an alternative system in the Brazilian agroecosystems. However, knowledge on the indicators used to evaluate their ímpact on soil quality is still limited. Therefore the present study was undertaken to analyze the effect of crop-livestock rotation systems and test the impact of tillage and fertilization regimes on soil hydraulic parameters, abundance and diversity of soil macrofauna and soil carbon and nitrogen stocks, compared to continuous crops or pastures.The soil management systems studied was: continuous pasture; continuous crop; crop-pasture rotation; and pasture-crop rotation. The rotations systems changed every four years. ln rotation and continuous crop systems two tillage (Conventional and no-tillage) and fertility (maintenance and corrective fertility) treatments were applied. The native Cerrado was used as a control. The crop-livestock rotation caused significant changes in soil bulk density, volumetric soil water content, soil penetration resistance, total porosity, macroporosity, microporosity, effective microporosity, unsaturated pores, relative water content, and macro/microporosity relation. An increase was observed in both soil resistance and bulk density for all systems in comparison to the Cerrado. The total porosity and macroporosity were higher in the Cerrado, and in the no-tillage in relation to conventional tillage. Likewise, both continuous cultivation and crop-pasture rotation systems under no-tíllage present higher soil water storage capacities. Soil penetration resistance, macroporosity, and relative soil water content may be therefore recommended as indicators of the soil's physical quality. The tillage and land use regimes also had a significant impact on C and N concentrations in the soil, however, no effect was observed for the fertility leveI. Integrated crop-Iívestock systems did not differ from continuous systems with regard to the C and N stocks, but these elements tended to accumulate under no-tillage, Furthennore, the stock calculation method may interfere with the results and limit comparisons with existing literature. Near infrared reflectance spectrometry (NIRS) proved to be a useful tool in quantifying C and N concentrations, facilitating carbon accumulation research in agroecosystems. The principal component analysis showed significant effect of land use and soil tillage on density and diversity of most macrofauna groups. Density and diversity was higher in rotation systems especially with no-tillage. Integrated crop-pasture systems based on no-tillage have more favorable soil conditions for the development of soil macrofauna communities and represent systems that are useful to conserve soil biodiversity, compared with continuous systems. Parameters such as soil fauna density and morphoespecies richness represent efficient tools to measure the impact of different forms of land use, which can be used as indicators of soil sustainability in agroecosystems.
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/programa-abc>
  • De Com Resultados
de com resultados. 2011b. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/programa-abc>. Acesso em: 27 dez. 2011.
São Carlos, SP : Embrapa Pecuária Sudeste
  • R Menezes
  • P M Guandu
  • Brs Mandarim
GODOY, R; MENEZES, P. M. Guandu BRS Mandarim. São Carlos, SP : Embrapa Pecuária Sudeste, 2008. 1 Folder.
Recuperação de pastagem: estudo de caso
  • A N Kichel
  • J A A Costa
  • J R Verzignassi
  • H P Queiroz
  • De
KICHEL, A. N.; COSTA, J. A. A.; VERZIGNASSI, J. R.; QUEIROZ, H. P. de. Recuperação de pastagem: estudo de caso. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2011b. 27
Escolha das forrageiras e qualidade de sementes
  • A H Verzignassi
  • J R Laura
  • V A Valle
  • C B Jank
  • L Macedo
  • M C M Curso
  • Recuperação E De Formação
  • Manejo
  • Pastagens
ZIMMER, A. H.; VERZIGNASSI, J. R.; LAURA, V. A.; VALLE, C. B.; JANK, L.; MACEDO, M. C. M. Escolha das forrageiras e qualidade de sementes. In: CURSO DE FORMAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANEJO DE PASTAGENS, 2008, Campo Grande, MS. [Palestras apresentadas]. Campo Grande, MS : Embrapa Gado de Corte, 2008. f. 22-47. Coordenação técnica: Jaqueline Rosemeire Verzignassi. Coordenação de cursos: Marilene Veiga Fonseca. Data da realização: 15 a 18 de setembro de 2008.
11 p. (Embrapa Gado de Corte
  • Corte
Corte, 2007. 11 p. (Embrapa Gado de Corte. Comunicado técnico, 105).
Palestras apresentadas. Campo Grande
TAGENS, 2001. Palestras apresentadas. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2001. 21 p.
  • Sio Sobre
  • Das Pastagens
SIO SOBRE ECOSSISTEMAS DAS PASTAGENS, 2, 1993, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: FUNEP : UNESP, 1993. p. 216-245.
Avaliação de cultivares de Panicum maximum em pastejo Anais dos simpósios e workshops
  • V P B Macedo
  • M C M Oliveira
  • M P De
  • Reunião Da
  • Brasileira
  • Zootecnia
EUCLIDES, V. P. B.; MACEDO, M. C. M.; OLIVEIRA, M. P. de. Avaliação de cultivares de Panicum maximum em pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36., 1999, Porto Alegre. Anais dos simpósios e workshops. Porto Alegre: SBZ, 1999. 1 CD-ROM. For-20.