Pesquisas recentes evidenciam que a coesão de grupo é fundamental para o sucesso de uma equipe esportiva, uma vez que está diretamente ligada ao bem-estar, desempenho e realização de tarefas com maior eficiência (Eys, Jewitt, Evan, Wolf, Bruner e Loughead, 2013; Balaguer, Castillo, Ródenas, Fabra e Duda, 2015). Nesse sentido, na perspectiva do Modelo Conceitual de Coesão Esportiva proposto por Carron, Brawley, e Widmeyer (1998), a coesão é definida como um processo dinâmico composto por aspectos sociais e da tarefa refletido na tendência do grupo estar e permanecer unido em busca dos objetivos e da satisfação das necessidades afetivas dos membros. Estudos apontam a coesão como um processo multidimensional, influenciado por fatores ambientais e inerentes ao indivíduo (normativas, personalidade, perfeccionismo, relações sociais, liderança e auto eficácia) (Vieira, Vieira e Nascimento Junior, 2013; Mokhtari, Mashhoodi, Rahmati, 2013; Nascimento Junior, Contreira, Moreira, Pizzo, Ribeiro, Vieira, 2016) que podem interferir na percepção de coesão de equipes esportivas. Estes fatores ainda podem ser interpretados como mediadores entre a relação motivação/interação social como a coesão esportiva (Jowett e Chaundy, 2004; Alemu e Babu, 2012; Balaguer et al., 2015). A motivação, especificamente, é definida como as forças internas e externas que levam à iniciação, direção, intensidade e persistência do comportamento, direcionando as ações dos indivíduos (Vallerand, 2000). Tal variável pode ser investigada como um fator antecedente da coesão e decorrente dos objetivos do indivíduo frente às atividades, se tornando imprescindível para a permanência dos atletas no esporte, bem como para o desenvolvimento das relações sociais (Deci e Ryan, 2012; Balaguer et al., 2015). Além disso, também é vista como propulsora da coesão de grupo (Alemu e Babu, 2012; Garcia-Calvo, Leo, Gonzalez-Ponce, Sánchez-Miguel, Mouratidis e Ntoumanis, 2014) na medida em que as estratégias utilizadas pelos treinadores ao longo dos treinos favorecem a cooperação e comunicação da equipe. Quanto às relações sociais, o treinador tem sido apontado como um elemento que atua sobre o desempenho e bem-estar emocional dos atletas, ao considerar que as situações esportivas exigem do líder a utilização de diferentes comportamentos na condução das equipes (Chelladurai, 2007; Garcia-Calvo et al., 2014; Balaguer et al., 2015). Apesar da importância da liderança para a melhora do desempenho, investigações recentes têm evidenciado que não só os comportamentos dos treinadores são propulsores de um ambiente harmonioso, mas também as relações estabelecidas com seus atletas, abrangendo seus sentimentos e pensamentos (Mageau e Vallerand, 2003; Gillet, Vallerand, Amoura e Baldes, 2010). Nesta perspectiva, o relacionamento treinador-atleta (RTA) recebe destaque na literatura internacional (Jowett e Poczwardowski, 2007; Jowett e Shanmugam, 2016) por referir-se a uma situação dinâmica em que os aspectos cognitivos, comportamentais e afetivos de treinadores e atletas se relacionam de forma interdependente (Jowett e Poczwardowski, 2007). Jowett e Chaundy (2004) identificaram que a liderança mediada pelo RTA prediz uma maior variância da coesão de grupo, indicando que equipes com RTA de qualidade tendem a desenvolver altos níveis de coesão. Hampson e Jowett (2014) verificaram que o RTA foi um importante mediador do estilo de liderança e eficácia coletiva em equipes de futebol. Apesar do Revista de Psicología del ABSTRACT: The study of psychological variables in sport context is essential for the identification of the intervening factors in well-being and performance of the athletes and teams. This study investigated whether the coach-athlete relationship (CAR) is a key factor on the association between motivation and group cohesion. Participated 141 Brazilian professional football players. Data collection was conducted through Group Environment Questionnaire, Coach-Athlete Relationship Questionnaire and Sport Motivation Scale-II. Structural Equation Modeling revealed that autonomous motivation had a positive effect on cohesion (social and task), while controlled motivation had a negative effect. Together, autonomous and controlled motivation explained 86% and 84% of the social and task cohesion variability, respectively. When the association was mediated by CAR, overall effect of negative trajectories of controlled motivation was reduced, indicating that CAR served as a moderator in the model. It was concluded that CAR is determinant so that the behavior regulated by external factors does not negatively influence the perception of group cohesion in the football context.