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Revalidação de Mauesini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae), transferência de gêneros, sinonímias e novos táxons

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Abstract and Figures

The tribe Mauesini Lane, 1956 is revalidated (type genus, Mauesia Lane, 1956). The following genera are transferred from Anisocerini to Mauesini: Taurolema Thomson, 1860 and Coroicoia Lane, 1966. New synonyms proposed: Taurolema nasicornis Schwarzer, 1930 with T. albopunctata Gounelle, 1906 and T. lineata Fuchs, 1966 with T. cicatricosa Lane, 1966. New species described from Brazil: Taurolema nigropilosa (Espírito Santo); Mauesia bicornis and M. acorniculata (both from Amazonas). A key to the genera of Mauesini is added.
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Revalidação de Mauesini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)... 49
Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 93(1):49-58, 30 de março de 2003
1.Departamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil. (ceajulio@ig.com.br)
2.Doutorando em Ciências Biológicas, Zoologia, Instituto de Biociências, UNESP/Botucatu, São Paulo.
REVALIDAÇÃO DE MAUESINI (COLEOPTERA, CERAMBYCIDAE,
LAMIINAE), TRANSFERÊNCIA DE GÊNEROS, SINONÍMIAS E NOVOS
TÁXONS
Carlos Eduardo de Alvarenga Julio1, 2
ABSTRACT
REVALIDATION OF MAUESINI (COLEOPTERA, CERAMBYCIDAE, LAMIINAE),
TRANSFERENCE OF GENERA, NEW SYNONYMS AND NEW TAXA. The tribe Mauesini
Lane, 1956 is revalidated (type genus, Mauesia Lane, 1956). The following genera are transferred
from Anisocerini to Mauesini: Taurolema Thomson, 1860 and Coroicoia Lane, 1966. New
synonyms proposed: Taurolema nasicornis Schwarzer, 1930 with T. albopunctata Gounelle,
1906 and T. lineata Fuchs, 1966 with T. cicatricosa Lane, 1966. New species described from
Brazil: Taurolema nigropilosa (Espírito Santo); Mauesia bicornis and M. acorniculata (both
from Amazonas). A key to the genera of Mauesini is added.
KEYWORDS. Mauesini, Mauesia, Taurolema, taxonomy, Neotropical.
INTRODUÇÃO
LACORDAIRE (1872) caracterizou a tribo Anisocerini pelas cavidades mesocoxais
abertas, garras tarsais divaricadas e pelas mesotíbias com escavação externa. LANE
(1956) propôs a subfamília Mauesinae (pois considerava a família Lamiidae), para
abrigar Mauesia, assinalando, como caráter que a distinguia de Anisocerini, a
condição divergente das garras tarsais. Mais tarde (LANE, 1966) corrigiu-se, já que as
garras tarsais são, na realidade, divaricadas. GILMOUR (1965) rebaixou Mauesinae à
categoria de tribo e LANE (1973b) a sinonimizou com Anisocerini.
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JULIO
THOMSON (1860) estabeleceu o gênero Taurolema para T. bellatrix procedente
da Guiana e posicionou-o (1864) na divisão Anisoceritae. As espécies atualmente
reconhecidas foram descritas nos trabalhos de CHEVROLAT (1861), GOUNELLE (1906,
1908), SCHWARZER (1930), LANE (1957, 1966, 1973a) e FUCHS (1966). Segundo MONNÉ
(1994), o gênero está representado por 14 espécies, distribuídas pelas Américas
Central e do Sul. Mauesia foi proposto por LANE (1956), para M. cornuta do Amazonas
(Brasil) e Coroicoia foi estabelecido por LANE (1966) para Taurolema ligata
Schwarzer, 1930, procedente de Coroico (Bolívia), considerando que “diverge de
Taurolema, principalmente, pela cabeça subplana, alargada nas genas na e
desarmada no ; pelas antenas sem pincéis ou tufos de pêlos; pela forma mais
obcônica do escapo; e pelos élitros de lados subparalelos e mais uniformemente
convexos, sem queda abrupta para os lados”.
Com base no aspecto das cavidades mesocoxais, das mesotíbias e na presença
de uma escavação ventral ovalada provida de pêlos, nos profêmures dos , é proposta
a revalidação da tribo Mauesini e a transferência dos gêneros Taurolema Thomson,
1860, Mauesia Lane, 1956 e Coroicoia Lane, 1966, atualmente alocados em
Anisocerini (MONNÉ, 1994).
Apresenta-se uma chave para identificação dos gêneros da tribo e a
descrição de três espécies do Brasil, uma em Taurolema (Espírito Santo) e duas
em Mauesia (Amazonas). Propõe-se, ainda, as seguintes sinonímias, T.
nasicornis Schwarzer, 1930 = T. albopunctata Gounelle, 1906 e T. lineata Fuchs,
1966 = T. cicatricosa Lane, 1966.
O material examinado pertence às coleções do Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ) e Museu de Zoologia,
Universidade de São Paulo (MZSP). Os diapositivos examinados foram feitos
por J. S. Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná
(DZUP) no The Natural History Museum, Londres (BMNH) e Muséum National
d´Histoire Naturelle, Paris (MNHN).
Mauesini Lane, 1956, revalidada
Mauesinae LANE, 1956:19; MONNÉ, 1994:1 (em sin. de Anisocerini).
Mauesini; GILMOUR, 1965:655 (cat.); MONNÉ, 1994:1 (em sin. de Anisocerini).
Fronte, dos , com cornos mais ou menos desenvolvidos e desarmada nas ;
antenas densamente franjadas; antenômero III subigual ao IV em comprimento ou o
IV um pouco mais longo. Protórax com tubérculos laterais manifestos e pronoto
plano ou com gibosidades discretas; cavidades mesocoxais fechadas. Élitros com
pequena elevação centro-basal. Profêmures, dos , com escavação ventral ovalada,
mais ou menos desenvolvida, provida de pêlos curtos, eretos; escavação externa
das mesotíbias bastante discreta ou ausente e protarsos não-franjados nos .
Por compartilharem os caracteres acima arrolados, os gêneros Taurolema
Thomson, 1860, Mauesia Lane, 1956 e Coroicoia Lane, 1966 são transferidos de
Anisocerini para Mauesini.
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Chave para os gêneros de Mauesini
1. Tegumento brilhante; antenas com a pilosidade formando pincéis no lado interno
ou tufos ao redor dos antenômeros; escapo fusiforme, finamente pontuado
ou cilíndrico, grosseiramente pontuado; mesotíbias sem escavação externa .
.................................................................................. Taurolema Thomson, 1860
Tegumento fosco; antenas com a pilosidade formando franjas no lado interno
dos antenômeros; escapo clavado ou cilíndrico, finamente pontuado;
mesotíbias com discreta escavação externa ..................................................... 2
2. Cabeça, nos , com escavação pronunciada entre os tubérculos anteníferos; escapo
cilíndrico, um pouco espessado para o lado externo do ápice e finamente pontuado;
tubérculo lateral do protórax discreto, cônico e afilado no topo; pronoto
ligeiramente convexo; élitros planos, sem gibosidade centro-basal; tarsômero III
mais longo I + II .................................................................... Mauesia Lane, 1956
Cabeça, nos , não escavada entre os tubérculos anteníferos; escapo clavado;
tubérculo lateral do protórax desenvolvido, rombo; pronoto plano; élitros com
gibosidade centro-basal manifesta; tarsômero III com comprimento subigual a I + II
........................................................................................... Coroicoia Lane, 1966
Fig. 1. Taurolema cicatricosa Lane, 1966: (MNRJ), Vera, Mato Grosso, Brasil, comprimento 6,6 mm.
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JULIO
Mauesia Lane, 1956
Mauesia LANE, 1956:19; MARINONI, 1977:45; MONNÉ, 1994:15 (cat.).
Espécie-tipo: Mauesia cornuta Lane, 1956 (designação original).
Mauesia bicornis sp. nov.
(Figs. 3, 6)
Etimologia. Latim, bis = dois e cornu = corno, chifre. Alusivo ao aspecto da borda
inferior da fronte.
. Tegumento predominantemente amarelo e negro. Cabeça amarela, com um sulco
mediano bem marcado, que se estende do centro da fronte até um ponto entre os tubérculos
anteníferos. Fronte subplana, lisa, brilhante e com fina pontuação esparsa; borda inferior
com dois longos cornos curvos, afastados entre si, afilados e negros no ápice (fig. 6).
Tubérculos anteníferos projetados e próximos entre si. Olhos divididos, os lobos oculares
superiores pequenos, tão distantes entre si quanto, aproximadamente, quatro vezes a
largura de um lobo. Antenas negras, com a base dos antenômeros III-X amarela; longas,
ultrapassam os ápices elitrais em três antenômeros, e densamente franjadas, com pêlos
longos no lado interno; escapo cilíndrico, um pouco espessado para o ápice, subigual
ao IV em comprimento; antenômero III um pouco mais curto, subigual ao V; antenômeros
VI-X mais curtos que os anteriores, subiguais em comprimento; o XI mais longo que o
precedente e curvo no ápice.
Protórax (fig. 3) amarelo, com tubérculo lateral manifesto pouco atrás do meio e
duas faixas longitudinais negras logo abaixo de cada tubérculo. Pronoto esparsa e
profundamente pontuado, com duas faixas longitudinais laterais negras que não alcançam
a margem anterior; margem posterior bissinuosa. Escutelo amarelo. Élitros negros, com
os úmeros, os lados do quarto basal e uma faixa transversal pouco atrás do meio, desde
os lados do disco até a sutura, amarelos; disco plano, densa e profundamente pontuado,
recoberto por linhas longitudinais de pêlos curtos e eretos; lados subparalelos; ápices
arredondados.
Metade basal dos fêmures amarela, a apical negra; fêmures médios pedunculados
e posteriores sub-retos. Tíbias negras; protíbias com pequeno alargamento no quarto
apical; mesotíbias com escavação externa discreta. Tarsos amarelos.
Abdômen negro; urosternitos subiguais em comprimento.
Dimensões (mm). Comprimento total 7,6-8,5; protórax, comprimento 1,4-1,6, maior
largura 2,1-2,3; comprimento do élitro, 5,6-6,1; largura umeral, 2,4-2,7.
Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Amazonas: Itacoatiara, IV.1961, Diringshofen col.
(MZSP); parátipo , Uaupes (Rio Caiary), 1906, H. Schmidt col. (MZSP).
Comentários. Como variações cromáticas, M. bicornis apresenta a região atrás
dos lobos oculares superiores negra e, no pronoto, apenas uma faixa central amarela,
com o restante do pronoto e os lados do protórax negros. Distingue-se de M. cornuta
Lane, 1956 (fig. 4) pelo aspecto da fronte subplana e lisa, com a borda inferior provida de
dois longos cornos curvos, afastados entre si e afilados no ápice (fig. 6); pelos tubérculos
anteníferos próximos entre si e pela coloração amarela dos úmeros. Em M. cornuta (fig.
4), a fronte apresenta um pequeno espinho ao lado de cada lobo ocular inferior e, partindo
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de cada espinho, uma carena curva que se estende até próximo à borda inferior, esta com
dois pequenos cornos centrais, eretos e próximos entre si (fig. 7); os tubérculos anteníferos
são afastados e os úmeros, negros.
Mauesia acorniculata sp. nov.
(Figs. 5, 8)
Etimologia. Grego, a = não, sem; latim, corniculatus = cornos. Alusivo ao aspecto
da borda inferior da fronte desarmada.
. O padrão cromático é semelhante ao da espécie anterior, com exceção dos lados
do protórax que não possuem a faixa longitudinal negra abaixo dos tubérculos e da
presença, no escapo, de uma mancha amarela no lado interno da metade apical.
Fronte subplana, lisa, com os lados convergentes para a região inferior, sem carenas
ou espinhos; borda inferior reta e desarmada (fig. 8). Lobos oculares superiores tão
distantes entre si quanto o dobro da largura de um lobo. Antenas longas, ultrapassam os
ápices elitrais em três antenômeros, densamente franjadas, com pêlos longos no lado
interno; escapo cilíndrico, um pouco espessado para o lado externo do ápice, subigual
em comprimento aos antenômeros III e V; antenômero IV um pouco mais longo; VII-X
subiguais, mais curtos que os anteriores; antenômero XI mais longo que o precedente.
Fig. 2. Taurolema nigropilosa sp. nov.: holótipo (MNRJ), Conceição da Barra, Espírito Santo, Brasil,
comprimento 6,4 mm.
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Tubérculo lateral do protórax (fig. 5) discreto, pouco atrás do meio; pronoto
esparsamente pontuado apenas sobre a faixa lateral negra. Élitros densa e profundamente
pontuados e recobertos por linhas longitudinais de pêlos curtos e eretos; ápices
arredondados. Profêmures com a escavação ventral discreta; fêmures médios sub-retos,
discretamente pedunculados e posteriores retos; mesotíbias com escavação externa
discreta.
Urosternitos subiguais em comprimento.
Dimensões (mm). Comprimento total 6,5; protórax, comprimento 1,2, maior largura
1,7; comprimento do élitro 4,6; largura umeral 2,1.
Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Amazonas: Tabatinga, X.1977, B. Silva col. (MNRJ).
Comentários. Mauesia acorniculata distingue-se das duas outras espécies do
gênero pelo aspecto da fronte, sem carenas ou espinhos e a borda inferior desarmada
(fig. 8); pela presença, no escapo, de uma mancha amarela no lado interno da metade
apical; pelos profêmures com escavação ventral discreta e pelos fêmures médios sub-
retos, discretamente pedunculados. Assemelha-se a M. bicornis, por apresentar os
úmeros amarelos.
Taurolema Thomson, 1860
Taurolema THOMSON, 1860:15; 1864:22, 352; CHEVROLAT, 1861:187; LACORDAIRE, 1872:727; GOUNELLE,
1906:11 (rev.); MONNÉ, 1994:13 (cat.).
Espécie-tipo: Taurolema bellatrix Thomson, 1860 (designação original).
Taurolema albopunctata Gounelle, 1906
Taurolema albopunctata GOUNELLE, 1906:13; MONNÉ, 1994:13 (cat.).
Taurolema nasicornis SCHWARZER, 1930:106, figs. 7, 8; MONNÉ, 1994:13 (cat.). Syn. nov.
O exame do diapositivo do holótipo de T. albopunctata (BMNH), das ilustrações
de T. nasicornis e das respectivas descrições originais permitiu propor esta sinonímia.
Taurolema cicatricosa Lane, 1966
(Fig. 1)
Taurolema cicatricosa LANE, 1966:240; MONNÉ, 1994:13 (cat.).
Taurolema lineata FUCHS, 1966:13; MONNÉ, 1994:13 (cat.). Syn. nov.
O exame do material disponível e do diapositivo do holótipo de T. cicatricosa
(BMNH), em confronto com a descrição original de T. lineata, principalmente em relação
à coloração, ao aspecto das antenas e dos élitros e à disposição dos tufos de pêlos nos
antenômeros permitiu propor a sinonímia entre essas espécies. A prioridade de LANE
(1966) justifica-se pelo fato da data de publicação de seu trabalho (18.IV.1966) ser anterior
à de FUCHS (1966), 30.XII.1966.
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Figs. 3-5. 3, Mauesia bicornis sp. nov.: holótipo (MZSP), Itacoatiara, Amazonas, Brasil,
comprimento 7,6 mm; 4, M. cornuta LANE, 1956: holótipo (MNRJ), Maués, Amazonas, Brasil,
comprimento 7,5 mm; 5, M. acorniculata sp. nov.: holótipo (MNRJ), Tabatinga, Amazonas,
Brasil, comprimento 6,5 mm.
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Material examinado. BRASIL, Amazonas: Humaitá, , IX.1980, Andrada col. (MNRJ); Manaus
(Fazenda Esteio), , IX.1984, B.C. Klein col. (MZSP); Tabatinga, , X.1956, F.M. Oliveira col.
(MNRJ); Mato Grosso: Jacaré, , XI.1961, Alvarenga & Werner cols. (MNRJ); Pontes e Lacerda, 2
, , X.1990, O. Roppa & J. Becker cols. (MNRJ); Sinop, , X.1974, Roppa & Alvarenga cols.; ,
X.1975, Roppa & Alvarenga cols.; , II.1976, Roppa & Alvarenga cols.; , 3 , X.1976, Roppa &
Alvarenga cols.; , 2 , X.1976, B. Silva col. (MNRJ); Vera, , 2 , X.1973, Alvarenga & Roppa cols.
(MNRJ).
Taurolema nigropilosa sp. nov.
(Fig. 2)
Etimologia. Latim, nigro = negro e pilosus = que possui pêlos. Alusivo ao aspecto
da superfície corporal recoberta por pêlos negros.
. Tegumento predominantemente negro. Genas, occipício e margens anterior e
posterior do pronoto avermelhadas; base dos fêmures amarelada. Metatórax e abdômen
com reflexos de brilho azul-metálico. Superfície corporal recoberta por pêlos negros
eretos; cabeça, escapo, protórax, élitros e pernas com pubescência decumbente branca,
curta e esparsa.
Fronte ligeiramente convexa, com a borda inferior reta; região entre os tubérculos
anteníferos escavada. Antenas ultrapassam os ápices elitrais em dois antenômeros,
densamente pilosas, com pêlos mais concentrados, formando pincéis nos ápices do III e
IV e no lado interno dos antenômeros V-XI. Escapo fusiforme, subigual em comprimento
aos antenômeros III e IV; III um pouco espessado no ápice; antenômeros V–X subiguais
em comprimento; XI um pouco mais longo que o X e curvo no ápice.
Protórax com tubérculo lateral rombo; pronoto plano, sem elevações. Élitros
castanho-claros, com manchas laterais negras de contorno irregular, densa e
profundamente pontuados na metade basal; gibosidades centro-basais manifestas e
ápices arredondados. Fêmures pedunculados; profêmures mais robustos; mesotíbias
sem escavação externa.
Urosternito V com uma pequena depressão centro-apical.
Dimensões (mm). Comprimento total 6,4; protórax, comprimento 0,6, maior largura
1,9; comprimento do élitro 4,7; largura umeral 2,2.
Material-tipo. Holótipo , BRASIL, Espírito Santo: Conceição da Barra (Pedro Canário),
XI.1972, B. Silva col. (MNRJ).
Comentários. Taurolema nigropilosa assemelha-se a T. flavocincta Gounelle, 1906,
por apresentar a região entre os tubérculos anteníferos escavada; pelo escapo fusiforme,
tão longo quanto os antenômeros III e IV; pelo protórax com tubérculo lateral e o pronoto
plano sem elevações. Distingue-se pelo tegumento dorsal opaco; pelo abdômen com
reflexos de brilho azul-metálico; pela superfície corporal densamente recoberta por pêlos
negros eretos; pela presença, na cabeça, escapo, protórax, élitros e pernas, de pubescência
decumbente branca, curta e esparsa; pela pilosidade das antenas formando pincéis nos
ápices dos antenômeros III e IV e no lado interno de V-XI e pelos élitros com gibosidades
centro-basais manifestas. Em T. flavocincta: tegumento brilhante; abdômen com brilho
castanho-escuro; superfície corporal com pêlos negros esparsos; ausência de
pubescência decumbente branca; pilosidade das antenas, ao redor dos antenômeros,
formando tufos mais densos nos ápices do III e IV e na metade apical do V; élitros
planos, gibosidades centro-basais ausentes.
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Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 93(1):49-58, 30 de março de 2003
Figs. 6-8. Detalhe da borda inferior da fronte: 6, Mauesia bicornis sp. nov.; 7, M. cornuta LANE, 1956;
8, M. acorniculata sp. nov.
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Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 93(1):49-58, 30 de março de 2003
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Coroicoia Lane, 1966
Coroicoia LANE, 1966:241; MONNÉ, 1994:12 (cat.).
Espécie-tipo: Taurolema ligata Schwarzer, 1930 (designação original).
Coroicoia está representado por apenas uma espécie, C. ligata, procedente de
Coroico (Bolívia), estando o holótipo depositado no Forschungs Institut und
Naturmuseum Senckenberg, Frankfurt.
Agradecimentos. Ao Dr. Miguel A. Monné (MNRJ) pelas sugestões e revisão do manuscrito;
aos Drs. Ubirajara R. Martins (MZSP) e Renato C. Marinoni (DZUP) pelo empréstimo de material e
dos diapositivos; a Sérgio Barbosa Gonçalves pela execução das fotografias e a Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, Proc. no 98/10692-5) pela bolsa de Doutorado concedida.
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Recebido em 15.04.2002; aceito em 28.11.2002.
... A tribo Mauesini foi revalidada por Júlio (2003), para conter Taurolema Thomson, 1860, Mauesia Lane, 1956e Coroicoia Lane, 1966 Anisocerini. Mauesini caracteriza-se pelas cavidades mesocoxais fechadas, mesotíbias com sulco discreto ou ausente e presença de uma escavação ventral ovalada provida de pêlos nos profêmures dos machos. ...
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Novas espécies descritas: Mauesia simplicis sp. nov. do Brasil (Mato Grosso) e M. panamensis sp. nov. do Panamá. Apresenta-se chave para identificação das espécies de Mauesia Lane, 1956.Mauesia simplicis sp. nov. from Brazil (Mato Grosso) and M. panamensis sp. nov. from Panama are described. A key to the species of Mauesia Lane, 1956 is added.
... A tribo Mauesini foi revalidada por Júlio (2003), para conter Taurolema Thomson, 1860, Mauesia Lane, 1956e Coroicoia Lane, 1966 Anisocerini. Mauesini caracteriza-se pelas cavidades mesocoxais fechadas, mesotíbias com sulco discreto ou ausente e presença de uma escavação ventral ovalada provida de pêlos nos profêmures dos machos. ...
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Mauesia simplicis sp. nov. from Brazil (Mato Grosso) and M. panamensis sp. nov. from Panama are described. A key to the species of Mauesia Lane, 1956 is added.
... A tribo Mauesini foi revalidada por Júlio (2003), para conter Taurolema Thomson, 1860, Mauesia Lane, 1956e Coroicoia Lane, 1966 Anisocerini. Mauesini caracteriza-se pelas cavidades mesocoxais fechadas, mesotíbias com sulco discreto ou ausente e presença de uma escavação ventral ovalada provida de pêlos nos profêmures dos machos. ...
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AbstrACt Two new species of Mauesia (Cerambycidae, Lamiinae, Mauesini) and key to the species of the genera. Mauesia simplicis sp. nov. from Brazil (Mato Grosso) and M. panamensis sp. nov. from Panama are described. A key to the species of Mauesia Lane, 1956 is added. IntroDução A tribo Mauesini foi revalidada por Júlio (2003), para conter Taurolema Thomson, 1860, Mauesia Lane, 1956 e Coroicoia Lane, 1966, transferidos de Anisocerini. Mauesini caracteriza-se pelas cavidades mesocoxais fechadas, mesotíbias com sulco discreto ou ausente e presença de uma escavação ventral ovalada provida de pêlos nos profêmures dos machos. Mauesia distingue-se dos demais gêneros da tribo pela cabeça com depressão pronunciada entre os tubérculos ante-níferos e pelo tubérculo lateral do protórax discreto, cônico e afilado no ápice. As três espécies que com-põem o gênero, M. cornuta Lane, 1956, M. bicornis Julio, 2003, M. acorniculata Julio, 2003 ocorrem na Amazônia (Monné, 2005). Apresenta-se a descrição de duas espécies novas procedentes do Panamá e do Brasil (Mato Grosso) e uma chave para identificação das espécies. O material estudado pertence ao American Co-leoptera Museum, San Antonio, Texas (ACMS) e ao Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (MZUSP). Também foram examinados os tipos de Mauesia bicornis Julio, 2003 (holótipo e parátipo) e Mauesia cornuta Lane, 1956 (paráti-po), depositados no MZUSP. Para comparação com M. acorniculata Julio, 2003 utilizou-se a fotografia do holótipo depositado no Museu Nacional, Universida-de Federal do Rio de Janeiro (MNRJ). Os espécimes foram examinados com auxílio de estereomicroscó-pio e fotografados na posição ventral, dorsal, lateral e frontal com câmera digital para auxiliar na identifica-ção e ilustração dos caracteres.
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A checklist of the 1164 primary types of Cerambycidae, Disteniidae and Vesperidae (Coleoptera) deposited in the Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil is provided. Lectotype designations for 97 species are proposed.
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Two new Taurolema are described: T. nigroviolacea n. sp. and T. dalensi n. sp. The fifteen known species are listed and keyed. Collecting data and illustrations are provided for the four species found in French Guiana. Lectotypes are designated for T. bellatrix Thomson, 1860 and T. rutilans Gounelle, 1906; T. superba Fuchs, 1966 is figured for the first time.
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A checklist of the Cerambycidae (Coleoptera) primary types deposited in the Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil is given. There are 1,044 primary types. Lectotype designation for Megacyllene castroi (Prosen, 1947) is proposed. A brief history of the collection of Cerambycidae of the Museu Nacional is presented.
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A list of the Cerambycidae of Bolivia is presented. It totals 1,259 species including 496 new country records. When available the known geographical distribution by department is shown for each species. Resumen: Se presenta una lista de los Cerambycidae de Bolivia. En total son 1.259 especies incluyendo 496 que son nuevas para el país. En los casos que ha sido posible, la distribución departamental se presenta para cada especie.
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The Preliminary Checklist of Bolivian Cerambycidae first published in 2006 is revised. The number of species now recorded from Bolivia increases to 1,332 from the 1,259 in the original list. Note: The following Introduction as well as other sections of the checklist have been edited to reflect the updated information now available to the authors.
Ao Dr. Miguel A. Monné (MNRJ) pelas sugestões e revisão do manuscrito
  • Agradecimentos
Agradecimentos. Ao Dr. Miguel A. Monné (MNRJ) pelas sugestões e revisão do manuscrito;
(DZUP) pelo empréstimo de material e dos diapositivos; a Sérgio Barbosa Gonçalves pela execução das fotografias e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP
  • Aos Drs
  • R Ubirajara
  • Martins
aos Drs. Ubirajara R. Martins (MZSP) e Renato C. Marinoni (DZUP) pelo empréstimo de material e dos diapositivos; a Sérgio Barbosa Gonçalves pela execução das fotografias e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, Proc. n o 98/10692-5) pela bolsa de Doutorado concedida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Detalhe da borda inferior da fronte: 6, Mauesia bicornis sp
Figs. 6-8. Detalhe da borda inferior da fronte: 6, Mauesia bicornis sp. nov.; 7, M. cornuta LANE, 1956;
Réflexions et notes synonymiques sur le travail de M. James Thomson sur les Cérambycides, avec descriptions de quelques nouvelles espèces
  • CHEVROLAT L. A
CHEVROLAT, L. A. 1861. Réflexions et notes synonymiques sur le travail de M. James Thomson sur les Cérambycides, avec descriptions de quelques nouvelles espèces. J. Ent., London, 1:185-192.
Cérambycides nouveaux ou peu connus de la région néotropicale, principalement de la sous-région brésilienne
  • GOUNELLE E
GOUNELLE, E. 1906. Cérambycides nouveaux ou peu connus de la région néotropicale principalement de la sous-region brésilienne. Annls Soc. ent. Fr., Paris, 75:1-20.
Systema cerambycidarum ou exposé de tous les genres compris dans la famille des cérambycides et familles limitrophes
  • THOMSON J
Some genera of Lamiinae and their type-species
  • MARINONI R. C
MARINONI, R. C. 1977. Some genera of Lamiinae and their type-species. Dusenia, Curitiba, 10(1):37-55.