ArticlePDF Available

Variações estruturais e florísticas do carrasco no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará

Authors:

Abstract and Figures

Carrasco é uma vegetação xerófila arbustiva densa alta, ainda pouco conhecida, que ocorre no domínio semi-árido do nordeste do Brasil, sobre Areias Quartzosas distróficas profundas, entre 700 e 900 m de altitude, no planalto da Ibiapaba e chapada do Araripe. Este trabalho tem por objetivo conhecer a estrutura e a composição da comunidade lenhosa e possíveis relações dessas variações espaciais com variáveis pedológicas. Em Jaburuna (3°54'34"S, 40°59'24"W, cerca de 830 m de altitude), município de Ubajara, no norte do planalto da Ibiapaba, foram alocadas 100 parcelas de 10 x 10 m, por sorteio de pares de números em um sistema de coordenadas. Foram medidos o perímetro do caule no nível do solo e a altura vertical do sistema aéreo de todos os indivíduos lenhosos com diâmetro mínimo de 3 cm, exceto as alturas das trepadeiras. No centro de cada parcela foi retirada uma alíquota de solo entre 0 e 50 cm de profundidade. Levantamentos publicados do carrasco no sul da Ibiapaba foram usados para comparação. Ocorreu forte concentração de dominância e as espécies Acacia langsdorffii, Piptadenia moniliformis e Thiloa glaucocarpa alternaram-se em abundância nos diferentes levantamentos. Em Jaburuna, 81% das plantas amostradas foram representadas por arbustos, 14% por árvores (a maioria com diâmetro do caule < 10 cm e altura < 6 m) e 5% por trepadeiras. Foram calculados a distância Camberra e o índice de Jaccard a partir de uma matriz primária contendo 87 espécies (com 5 ou mais indivíduos) e 175 parcelas (incluindo dados publicados para o sul da Ibiapaba). As análises de agrupamentos mostraram que o carrasco apresenta grande variação florística no espaço. Foi construída uma matriz com as variáveis físicas e químicas do solo por parcela e feita a análise da correspondência canônica entre a matriz primária e a matriz de solo. Ocorreu associação de espécies com as variáveis edáficas tais como: menor pH e maior soma de bases (por exemplo, Brunfelsia cuneifolia, Neojeobertia candoleana), maior teor de areia grossa (por exemplo, Acacia glomerosa, Aspidosperma subincanum) e maior teor de areia fina (por exemplo, Aspidosperma discolor, Hymenaea velutina). A riqueza florística foi de 74 espécies em Jaburuna e não houve diferença significativa da diversidade de Shannon entre os levantamentos, variando de 2,87 a 3,16 nats/indivíduo.
Content may be subject to copyright.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 663
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO
CARRASCO NO PLANALTO DA IBIAPABA,
ESTADO DO CEARÁ
ARAÚJO, F. S. de,1 MARTINS, F. R.2 e SHEPHERD, G. J.2
1Departamento de Biologia, Centro de Ciências, Universidade Federal do Ceará, Blobo 906,
Campus do Pici, CEP 60455-760, Fortaleza, CE, Brasil
2Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, C.P. 6109,
CEP 13083-970, Campinas, SP
Correspondência para: Francisca Soares de Araújo, Departamento de Biologia, Centro de Ciências, Universidade
Federal do Ceará, Blobo 906, Campus do Pici, CEP 60.455-760, Fortaleza, CE, Brasil, e-mail: tchesca@ufc.br
Recebido em 19/03/98 – Aceito em 17/11/98 – Distribuído em 22/12/99
(Com 4 figuras)
ABSTRACT
Variations of structure and of flora of the “carrasco” vegetation of the Ibiapaba
plateau, state of Ceará, Brazil
“Carrasco” is a closed, tall-shrubby, xerophilous vegetation on Quartz Sand soils between altitudes of
700 and 900 m on Ibiapaba and Araripe plateaus in the Brazilian semi-arid domain. As it is still very
poorly known, this paper aims to describe the structure and composition of the woody community and
its spatial variation in relation to the soil. One-hundred 10 x 10 m plots were located by pairs of random
numbers in a coordinate system at the locality of Jaburuna (3o54’34”S, 40o59’24”W, about 830 m
altitude), municipality of Ubajara, north Ibiapaba. All woody plants with a minimum stem diameter
of 3 cm at ground level had their vertical height (not for climbers) and stem perimeter recorded. A soil
extract from 0-50 cm depth was taken at the centre of each plot. Published surveys of other carrasco
areas on the south Ibiapaba were considered for comparison. The community structure showed great
dominance concentration, the most abundant species (Acacia langsdorffii, Piptadenia moniliformis,
Thiloa glaucocarpa) varied between surveys. At Jaburuna 81% of all sampled plants were shrubs,
14% trees (the most with less than 10 cm of trunk diameter and 6 m height), and 5% climbers. Canberra
distances and Jaccard’s Indices were calculated from a primary matrix of 87 species (with 5 or more
individuals) and 175 plots. Several methods of cluster analysis were employed, all showed great
floristic variation from place to place. A matrix of soil physical and chemical variates per plot was
constructed, and the canonical correspondence analysis was applied to both primary and soil matrices.
Lower pH and higher sum of bases (e. g. Brunfelsia cuneifolia, Neojeobertia candoleana), higher
content of gross sand (e. g. Acacia glomerosa, Aspidosperma subincanum) and higher content of fine
sand (e. g. Aspidosperma discolor, Hymenaea velutina) were the main variates separating species.
The floristic richness at Jaburuna was of 74 species, and the surveys showed no difference in Shannon’s
diversity, which varied from 2.87 to 3.16 nats/individual.
Key words: “carrasco”, shrubland, northeastern Brazil, vegetation structure, flora.
RESUMO
Carrasco é uma vegetação xerófila arbustiva densa alta, ainda pouco conhecida, que ocorre no domínio
semi-árido do nordeste do Brasil, sobre Areias Quartzosas distróficas profundas, entre 700 e 900 m
de altitude, no planalto da Ibiapaba e chapada do Araripe. Este trabalho tem por objetivo conhecer
a estrutura e a composição da comunidade lenhosa e possíveis relações dessas variações espaciais
com variáveis pedológicas. Em Jaburuna (3°54’34”S, 40°59’24”W, cerca de 830 m de altitude), muni-
cípio de Ubajara, no norte do planalto da Ibiapaba, foram alocadas 100 parcelas de 10 x 10 m, por sorteio
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
664 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
de pares de números em um sistema de coordenadas. Foram medidos o perímetro do caule no nível do
solo e a altura vertical do sistema aéreo de todos os indivíduos lenhosos com diâmetro mínimo de 3
cm, exceto as alturas das trepadeiras. No centro de cada parcela foi retirada uma alíquota
de solo entre 0 e 50 cm de profundidade. Levantamentos publicados do carrasco no sul da Ibiapaba
foram usados para comparação. Ocorreu forte concentração de dominância e as espécies Acacia
langsdorffii, Piptadenia moniliformis e Thiloa glaucocarpa alternaram-se em abundância nos diferentes
levantamentos. Em Jaburuna, 81% das plantas amostradas foram representadas por arbustos, 14% por
árvores (a maioria com diâmetro do caule < 10 cm e altura < 6 m) e 5% por trepadeiras. Foram cal-
culados a distância Camberra e o índice de Jaccard a partir de uma matriz primária contendo 87 espécies
(com 5 ou mais indivíduos) e 175 parcelas (incluindo dados publicados para o sul da Ibiapaba). As análises
de agrupamentos mostraram que o carrasco apresenta grande variação florística no espaço. Foi construída
uma matriz com as variáveis físicas e químicas do solo por parcela e feita a análise da correspondência
canônica entre a matriz primária e a matriz de solo. Ocorreu associação de espécies com as variáveis
edáficas tais como: menor pH e maior soma de bases (por exemplo, Brunfelsia cuneifolia, Neojeobertia
candoleana), maior teor de areia grossa (por exemplo, Acacia glomerosa, Aspidosperma subincanum)
e maior teor de areia fina (por exemplo, Aspidosperma discolor, Hymenaea velutina). A riqueza florística
foi de 74 espécies em Jaburuna e não houve diferença significativa da diversidade de Shannon entre
os levantamentos, variando de 2,87 a 3,16 nats/indivíduo.
Palavras-chave: carrasco, arbustaria, nordeste brasileiro, estrutura da vegetação, flora.
INTRODUÇÃO
A região nordeste brasileira ocupa uma área
de 1.540.827 km2 (Nimer, 1989), na qual o clima
semi-árido abrange aproximadamente 800.000 km2,
ou 10% do território brasileiro (Ab’Sáber, 1974).
O relevo predominante tem altitudes inferiores a
500 m (depressão sertaneja) entre superfícies que
atingem cotas altitudinais de 1.000 m, nas eleva-
ções de Borborema, Araripe e Ibiapaba, a 1.200
m, na chapada Diamantina. Essas variações
altitudinais, associadas à posição no relevo, que
ocasiona chuvas de convecção forçada e diminuição
da temperatura com a altitude, possibilitam a ocor-
rência de diferentes tipos de vegetação naquela re-
gião. Na área semi-árida, a caatinga é a vegetação
xerófila dominante, apresentando variações fisio-
nômicas e florísticas (Romariz, 1974; Ferri, 1980;
Andrade-Lima, 1981; Sampaio, 1995; Rizzini, 1997).
Andrade-Lima (1978) referiu-se a um outro
tipo vegetacional xerófilo, ocorrente no nordeste
do Brasil, denominado “carrasco” ou “catanduva”,
com predomínio de formas subarbóreas e arbóreas
de pequeno porte (3-4 m), em solos arenosos das
chapadas da bacia do rio Parnaíba, no Piauí. Se-
gundo aquele autor, tal vegetação, na região de
Barreiras, Bahia ocidental, é denominada de “gra-
meal”. Andrade-Lima (1978) distinguiu fisiono-
micamente o carrasco da caatinga pela alta den-
sidade dos indivíduos lenhosos, que apresentam
troncos finos e são uniestratificados e pela qua-
se ausência de Cactáceas e Bromeliáceas. O termo
carrasco tem sido usado em todo o Brasil para
designar diferentes tipos de vegetação, geralmente
arbustiva, em solos pobres em nutrientes, podendo
variar de densa a aberta. No nordeste, diferentes
autores usam o termo carrasco para referir-se àque-
la vegetação arbustiva densa xerófila do planalto
da Ibiapaba e chapada do Araripe, ou a um tipo
de cerrado denso na Bahia, ou a alguns tipos de
caatingas arbustivas em solos pedregosos.
Figueiredo (1986) considerou o carrasco
como uma formação vegetal individualizada, cons-
tituída por espécies próprias e por outras oriun-
das de outras formações geograficamente próximas,
como a floresta, o cerrado e a caatinga, ocorrendo
no reverso do planalto da Ibiapaba e na chapada
do Araripe. Baseando-se em alguns elementos da
flora e em observações fisionômicas, Fernandes
(1990) e Fernandes & Bezerra (1990) afirmaram
ser aquela vegetação procedente da degradação
parcial do cerradão, assumindo o aspecto de uma
capoeira densa. Comparando a flora lenhosa do
carrasco, da caatinga e do cerrado no nordeste,
Araújo et al. (1998a) não conseguiram definir se
o carrasco seria um tipo de caatinga ou cerrado.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 665
Mas, através da análise de agrupamento, a par-
tir de uma matriz de dados binários, composta por
áreas de caatinga e carrasco, Araújo et al. (1998b)
concluíram que o carrasco do planalto da Ibiapaba
não seria um tipo de caatinga.
Não há, ainda, consenso entre os autores
sobre a conceituação fitogeográfica do carrasco
do planalto da Ibiapaba e chapada do Araripe. Seria
um tipo próprio de vegetação, como afirmaram
Andrade-Lima (1978) e Figueiredo (1986), dife-
rente dos demais tipos de vegetação regional, como
a caatinga, a floresta e o cerrado? Ou seria uma
variação fisionômica de um daqueles tipos de vege-
tação, em decorrência de condições muito especiais
do relevo, clima e solo? Ou seria uma vegetação
ecotonal entre o cerradão, a floresta seca e a caa-
tinga? Ou seria resultante de uma degradação (ca-
poeira) do cerradão, como afirmaram Fernandes
(1990) e Fernandes & Bezerra (1990)? Tais ques-
tões decorrem do pouco conhecimento da com-
posição florística, da estrutura comunitária e de
suas variações espaciais na vegetação de carrasco,
bem como do quase total desconhecimento do tipo
de ambiente em que tal vegetação ocorre e das
variáveis ambientais de maior influência. Como
abordar tais questões, de modo a permitir uma
conceituação fitogeográfica mais objetiva da ve-
getação de carrasco do nordeste? Um meio de
propiciar dados que possam fundamentar uma
discussão objetiva é através de estudos que passam
pelas etapas de: a) descrições quantitativas do
ambiente, da flora e da estrutura da vegetação em
vários trechos de sua ocorrência; b) comparação
quantitativa de dados levantados em vários tre-
chos, de modo a conhecer a amplitude das varia-
ções da vegetação e de seu ambiente; e c)
associação quantitativa das variações da vegetação
a possíveis fatores abióticos, representativos do
clima, solo e relevo, admitidos como variáveis de
grande influência sobre a vegetação.
Poucas descrições quantitativas da compo-
sição e da estrutura da vegetação do carrasco do
nordeste foram publicadas. As existentes descre-
vem estudos desenvolvidos no sul do planalto da
Ibiapaba (Araújo et al., 1988a, b). Descrições
quantitativas de outros trechos da vegetação de
carrasco e sua comparação permitem entender suas
variações no espaço e possibilitam conceituá-la
de modo mais objetivo. A vegetação de carras-
co parece ocorrer exclusivamente sobre solos de
Areias Quartzosas no planalto da Ibiapaba, mas
sob climas com grandes diferenças no total anual
médio de chuvas (Araújo & Martins, 1999). Porém,
a baixa densidade da rede de estações meteoro-
lógicas atualmente existentes na região do planalto
da Ibiapaba não permite estabelecer associação
estatística das variações da pluviometria com va-
riações da vegetação de carrasco. Por outro lado,
sabe-se que variáveis edáficas exercem grandes
influências nas variações da vegetação do cerrado
(Furley & Ratter, 1988), mas não se sabe se (nem
se conhece como) podem influenciar nas varia-
ções da vegetação do carrasco. Este trabalho tem
por objetivo contribuir a um melhor conhecimento
da vegetação de carrasco no planalto da Ibiapaba,
através da: a) descrição da estrutura e composi-
ção florística de seu componente lenhoso no norte
daquele planalto, b) comparação com descrições
de trechos estudados no sul do planalto, de modo
a conhecer suas variações no espaço; e c) avaliação
da possível influência de variáveis edáficas nessas
variações, de modo a conhecer se e como o solo
pode influir na distribuição espacial das espécies
e de sua abundância.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A área amostrada situa-se ao redor das co-
ordenadas 3°54’34”S e 40°59’24”W, em altitudes
em torno de 830 m, na localidade de Jaburuna, mu-
nicípio de Ubajara, no norte do planalto da Ibiapaba,
na divisa entre os estados do Ceará e Piauí (Fig.
1). Os solos são areias quartzosas distróficas pro-
fundas. São muito friáveis mesmo úmidos, não plás-
ticos e não pegajosos. Têm textura arenosa, são
excessivamente drenados, a capacidade de retenção
de água é muito baixa e são extremamente ácidos.
O horizonte A pode atingir até 30 cm, com
coloração bruno-escura e o horizonte C é muito
profundo, estendendo-se além dos 200 cm, com co-
loração clara (SUDEC, 1980). As temperaturas mé-
dias anuais no alto reverso imediato do planalto da
Ibiapaba, no estado do Ceará, estão na faixa de 22°
a 24°C e variam muito pouco entre localidades e
durante o ano (Lins, 1978). A precipitação média
anual no posto de Tianguá, situado na transição flo-
resta-carrasco, distando aproximadamente 20 km
em linha reta da área estudada, é de 1.289 mm
(FUNCEME, 1995).
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
666 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
Em outras áreas de carrasco mais distantes,
como Carnaubal (FUNCEME, 1995) e Poranga
(SUDENE, 1990), a precipitação anual média é
de 667,6 e 675,8 mm, respectivamente.
A área estudada, em Ubajara, está situada
entre as isoietas de 1.000 a 1.200 mm, com chuvas
de verão-outono e precipitação máxima con-
centrada em fevereiro, março e abril, resultante
dos deslocamentos sazonais da Convergência Inter-
tropical (CIT). Durante três meses do ano a
precipitação é menor que 1% do total anual (Lins,
1978).
20 20 100 km600
Fonte: Souza (1988)
Legenda
Planalto da Ibiapaba do Norte
Planalto da Ibiapaba do Sul
1 – Jaburuna
2 – Baixa fria
3 – Carrasco
4 – Estrondo
Crato
Iguatu
7
o
6
o
5
o
4
o
3
o
41
o
40
o
39
o
38
o
Crateús
Sobral
1
1
2
3
4
1
1Russas
Fortaleza
Oceano Atlântico
Piauí
Rio Grande do Norte
Pernambuco
Paraíba
CEARÁ
Região Nordeste
do Brazil
MA
PI
BA
SE
AL
PE
CE
PB
RN
0 400 800 km
Fig. 1 — Localização das áreas de carrasco estudadas no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 667
Levantamento da estrutura do componente lenhoso
Foi utilizado o método de parcelas (Mueller-
Dombois & Ellenberg, 1974), com dimensões de
10 x 10 m, bastante usado no nordeste em estu-
dos quantitativos da caatinga (Gomes, 1979; Fon-
seca, 1991; Rodal, 1992) e do carrasco (Araújo
et al., 1998b). Foram alocadas aleatoriamente 100
parcelas, totalizando 1 hectare, em um sistema com
um eixo Y = 400 m na direção E-W e um eixo X =
200 m na direção S-N. Usando os eixos como um
sistema de coordenadas, as parcelas foram loca-
lizadas através do sorteio de pares de números.
Foram incluídos todos os indivíduos lenhosos com
diâmetro do caule no nível do solo, igual ou maior
a 3 cm. As trepadeiras lenhosas enraizadas nas
parcelas também foram amostradas, por estarem
entre as espécies de maior IVI no carrasco estudado
por Araújo et al. (1998b). Foram medidos o pe-
rímetro do caule no nível do solo, a altura vertical
das plantas no interior da parcela ou que tocaram
por dentro ou por fora a linha de limite em dois
lados da parcela. As plantas que tocaram por dentro
ou por fora a linha de limite dos dois outros la-
dos da parcela foram desprezadas. As medidas do
perímetro foram tomadas com fita métrica e as
alturas, com uma régua. Não foram medidas as
alturas das trepadeiras.
Coleta do solo
No centro de cada parcela foi retirada uma
alíquota de 0 a 50 cm de profundidade do solo,
incluindo o horizonte A e parte do C. As análi-
ses físicas e químicas foram feitas no Departamento
de Ciências do Solos da Universidade Federal do
Ceará, de acordo com EMBRAPA (1979). Os re-
sultados das análises físicas e químicas das amos-
tras de solo foram discutidos por Araújo & Martins
(1999). As variáveis edáficas consideradas nes-
te presente estudo foram textura (areia grossa, areia
fina, silte e argila), pH e soma de bases.
Coleta e identificação do material botânico
O material coletado das espécies amostradas
nas parcelas foi depositado no herbário EAC da
Universidade Federal do Ceará, com duplicatas
no herbário UEC da Universidade Estadual de
Campinas. A identificação foi realizada por com-
paração com material já identificado e, principal-
mente, confirmada e complementada por especia-
listas da Universidade Estadual de Campinas,
Instituto de Botânica de São Paulo, Universida-
de de São Paulo, Jardim Botânico do Rio de Ja-
neiro, além de outros especialistas do Brasil e do
exterior.
Estrutura da vegetação
Foi analisada através da estrutura de abun-
dância e de tamanho (Martins, 1991). Na estru-
tura de abundância, foram calculados os parâmetros
relativos de densidade, freqüência e dominância
(Curtis & McIntosh,1950; Stearns, 1951) e o índice
do valor de importância IVI (Curtis & McIntosh,
1951), usando o programa FITOPAC (Shepherd,
1995). Como hábito das espécies, foram consi-
derados: a) arbustos, as plantas que apresentavam
ramificações do caule abaixo de 50 cm; b) árvores,
as que apresentavam caule indiviso, com a copa
na parte terminal do caule; c) trepadeiras, as que
se apoiavam em suportes, enlaçando-os; e d) su-
bescandentes, as que apresentavam caules decum-
bentes ou apoiando-se em suportes. Na estrutura
de tamanho, as variações de altura e diâmetro das
diferentes populações no carrasco de Jaburuna
foram comparadas através de diagramas de cai-
xa, em inglês “box plots” (Sokal & Rohlf, 1995).
Comparação de dados
Para analisar as variações florísticas e da
abundância das espécies e suas relações com va-
riações do solo, foi construída uma matriz quan-
titativa, contendo 87 espécies lenhosas e 175
parcelas, sendo 100 de Jaburuna e 75 dos três tre-
chos de carrasco estudados por Araújo et al.
(1998b), que usou 25 parcelas para amostrar cada
trecho da vegetação. As espécies foram conside-
radas descritores e as parcelas, objetos. Foram
consideradas apenas as espécies que ocorreram
com cinco ou mais indivíduos. Para analisar va-
riações florísticas no espaço, foi calculada a dis-
tância Canberra, excluindo as ausências duplas,
em que: C = coeficiente de dissimilaridade entre
as amostras j e k, n = número de espécies na amos-
tra e Xij, Xik = número de indivíduos da espécie
i em cada amostra (Krebs, 1989). Para verificar
se a abundância das espécies estaria ou não in-
fluenciando no resultado das distâncias entre as
amostras, foi calculado o índice de similaridade
de Jaccard (Sj = a/(a+b+c)), em que: a = núme-
Cn
XX
XX
ij ik
ij ik
i
n
=
+
L
N
M
M
O
Q
P
P
1
1
||
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
668 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
ro de espécies comuns às amostras A e B, b = nú-
mero de espécies exclusivas de B e c = número
de espécies exclusivas de A. Foram feitas várias
análises de agrupamentos, usando os métodos de
ligação mínima, de ligação completa, da média pon-
derada (WPGMA) e da média de grupo (UPGMA)
(Krebs, 1989), a partir da matriz de distâncias e da
matriz de similaridades. Para essas análises foi usado
o programa FITOPAC (Shepherd, 1995). Para
verificar se as variações florísticas e estruturais da
vegetação estariam associadas a variáveis edáficas,
consideraram-se variáveis texturais (areia grossa,
areia fina, argila e silte) e químicas (pH e soma de
bases S). Essas variáveis edáficas foram selecionadas
dentre todas as demais porque apresentaram as maio-
res variações, tanto em um mesmo trecho quanto
entre trechos diferentes da vegetação. As variáveis
texturais foram consideradas como indicativas de
condições hídricas e as variáveis químicas, como
indicativas da capacidade de fertilidade. Na com-
paração com outros trechos da vegetação de carras-
co, foram consideradas as 150 alíquotas coletadas
por Araújo et al. (1998b), no sul da Ibiapaba. Araújo
et al. (1998b) extraíram as alíquotas das profun-
didades de 0 a15 cm e de 15 a 45 cm, no centro
de cada uma das 75 parcelas. Tais alíquotas incluí-
ram também o horizonte A e parte do C. Calculou-
se a média de cada variável nas duas profundidades,
de modo que cada variável edáfica do sul da Ibiapa-
ba foi representada como uma média da camada
superficial de 0 a 45 cm do solo. Foi, então, cons-
truída uma matriz contendo os valores das variáveis
edáficas em cada uma das 175 parcelas. Com a matriz
quantitativa das espécies e a matriz das variáveis
edáficas foi feita a análise de correspondência
canônica (CCA), usando o programa CANOCO (ter
Braak, 1987-1992). Para diminuir o efeito das es-
pécies dominantes, foi feita transformação loga-
rítmica (ln (y+1), em que y = número de indivíduos
da espécie) da matriz de espécies.
Diversidade
Foi calculado o índice de Shannon (H’) para
espécies (Magurran, 1988), usando o logaritmo
neperiano. Cada uma das três amostras estudadas
por Araújo et al. (1998b) tinha uma área de 0,25
ha. Para comparar a diversidade da vegetação, fo-
ram sorteadas 25 parcelas da amostra de Jaburuna
para obter uma área amostral (0,25 ha) igual à
usada por Araújo et al. (1998b). As quatro amostras
de 0,25 ha foram comparadas duas a duas pelo teste
t, proposto por Hutcheson (1970). Para obter um
nível de significância final (α) de 5% para as 4
amostras foi usado o método de Bonferroni
(α = α/k, em que k = 4 comparações), conside-
rando α = 0,01 em cada comparação (Sokal &
Rohlf, 1995).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estrutura de abundância
Na amostra de 1 ha foram encontrados 4.408
indivíduos, sendo 4.254 indivíduos vivos e 226 (5%)
mortos ainda em pé. Os 4.254 indivíduos vivos per-
tenciam a 74 espécies de 30 famílias. Acacia
langsdorffii, Piptadenia moniliformis, Guapira
graciliflora, Sebastiania brevifolia, Bauhinia
acuruana, Aspidosperma multiflorum e Luehea
candicans apresentaram densidades relativas maiores
que 4%, contribuindo com 54% do total de indi-
víduos (Tabela 1). Acacia langsdorffii contribuiu
com 23,58% do número total de indivíduos amos-
trados, seguida por Piptadenia moniliformis com
apenas 6,65%. A maioria (71,6% das espécies) con-
tribuiu com menos de 1% da densidade relativa.
Entre estas, Bocoa decipiens, uma população nu-
merosa no carrasco de Jaburuna, foi amostrada com
um pequeno número de indivíduos devido ao critério
de inclusão, que selecionou apenas os indivíduos
de maior porte. Em uma amostra, podem ser en-
contrados dois tipos de espécies raras: as raras vir-
tuais cujo pequeno número na amostra decorre do
método (indivíduos de pequeno porte cujo tamanho
máximo está próximo ao critério de inclusão); e as
raras reais, espécies com poucos indivíduos na
comunidade, que não seriam amostrados em maior
número, mesmo mudando o critério de inclusão.
Allophyllus sp., Capsicum sp., Cereus jamacaru,
Chrysophyllum marginatum, Chomelia cf. obtusa,
Croton pulegiodosus, Eriope sp., Guapira laxa,
Hymenaea velutina, Manilkara cf. triflora, Sapium
glandulatum, Stachytarpheta coccinea, Stillingia
uleana e Wedelia villosa (Tabela 1) podem ser con-
sideradas raras reais na comunidade de carrasco
estudada. Essas espécies foram amostradas com,
no máximo, dois indivíduos, indicando que sua den-
sidade média seria ao redor de dois indivíduos por
hectare. Espécies que ocorrem na comunidade com
uma densidade média de até dois indivíduos por
hectare são consideradas raras e colocam muitos
problemas importantes de conservação e evolução
(Shafer, 1990).
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 669
TABELA 1
Número de indivíduos (n) amostrados com diâmetro do caule igual ou maior que 3 cm no nível do solo em 1
ha, parâmetros de abundância e hábito de espécies lenhosas no carrasco em Jaburuna, município de
Ubajara, CE.
(Código) Espécies Família Hábito n DeR
(%)
DoR
(%)
FeR
(%) IVI
( 1 ) Acacia langsdorffii Benth. Mimosaceae arbusto* 1003 23,58 15,77 6,22 45,56
( 2 ) Piptadenia moniliformis Benth. Mimosaceae árvore* 283 6,65 14,73 5,07 26,45
( 3 ) Guapira graciliflora (Mart. ex J.A.Schmidt) Lundell Nyctaginaceae arbusto 237 5,57 4,59 5,34 15,50
( 4 ) Apuleia grazielana Afr.Fern. Caesalpiniaceae arbusto 168 3,95 6,43 4,53 14,90
( 5 ) Aspidosperma multiflorum A.DC. Apocynaceae árvore* 180 4,23 6,62 3,72 14,57
( 6 ) Luehea candicans Mart. & Zucc. Tiliaceae arbusto* 176 4,14 6,02 3,78 13,94
( 7 ) Eugenia aff. dysenterica DC. Myrtaceae arbusto* 148 3,48 5,77 3,99 13,23
( 8 ) Sebastiania brevifolia (Müll.Arg.) Müll.Arg. Euphorbiaceae arbusto* 221 5,20 3,25 4,73 13,18
( 9 ) Bauhinia acuruana Moric. Caesalpiniaceae arbusto* 193 4,54 1,39 5,20 11,13
(10) Croton tricolor Müll.Arg. Euphorbiaceae arbusto* 144 3,39 4,94 2,03 10,35
(11) Dalbergia frutescens (Vell.) Britt. Fabaceae arbusto* 149 3,50 1,82 4,46 9,78
(12) Croton argyrophylloides Müll.Arg. Euphorbiaceae arbusto* 135 3,17 1,89 4,05 9,12
(13) Machaerium stipitatum Vogel Fabaceae arbusto* 107 2,52 3,54 3,04 9,09
(14) Arrabidea dispar Bureau ex K.Schum. Bignoniaceae trepadeira 132 3,10 1,18 3,92 8,20
(15) Byrsonima gardneriana A.Juss. Malpighiaceae arbusto 62 1,46 3,10 2,09 6,65
(16) Pterocarpus villosus Mart. Fabaceae arbusto* 106 2,49 2,06 1,96 6,51
(17) Rollinia leptopetala R.E.Fr. Annonaceae arbusto* 62 1,46 1,45 2,64 5,55
(18) Jacaranda jasminoides (Thunb.) Sandwith Bignoniaceae arbusto* 68 1,60 0,83 2,64 5,06
(19) Manihot brachypoda Müll.Arg. Euphorbiaceae arbusto* 51 1,20 0,48 2,91 4,58
(20) Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler Combretaceae árvore 30 0,71 2,32 1,22 4,24
(21) Zanthoxylum hamadriadicum Pirani Rutaceae arbusto* 43 1,01 0,81 2,23 4,05
(22) Eugenia piauhiensis O.Berg Myrtaceae árvore* 55 1,29 0,83 1,89 4,01
(23) Neea obovata Spruce ex Heimerl Nyctaginaceae árvore 33 0,78 2,08 0,95 3,80
(24) Colubrina cordifolia Reissek Rhamnaceae arbusto* 39 0,92 0,42 1,89 3,22
(25) Campomanesia aromatica Griseb. Myrtaceae arbusto* 33 0,78 0,68 1,62 3,08
(26) Sebastiania sp. Euphorbiaceae arbusto* 34 0,80 1,07 0,95 2,81
(27) Erythroxylum cf citrifolium A.St.-Hil. Erythroxylaceae arbusto* 35 0,82 0,69 1,22 2,73
(28) Cordia rufescens A.DC. Boraginaceae arbusto* 23 0,54 0,18 1,35 2,07
(29) Mansoa schwackei Bureau & K.Schum. Bignoniaceae trepadeira 32 0,75 0,28 0,95 1,97
(30) Platypodium elegans Vogel Fabaceae arbusto* 24 0,56 0,51 0,81 1,88
(31) Bocoa decipiens R.S.Cowan Fabaceae arbusto* 22 0,52 0,17 1,15 1,83
(32) Dioclea violacea Mart. ex Benth. Fabaceae trepadeira 20 0,47 0,34 1,01 1,83
(33) Cnidoscolus vitifolius Pohl Euphorbiaceae arbusto 14 0,33 0,27 0,81 1,41
(34) Gochnatia blanchetiana (DC.) Cabrera Asteraceae arbusto 4 0,09 0,89 0,14 1,12
(35) Croton nepetaefolius Baill. Euphorbiaceae arbusto 12 0,28 0,19 0,61 1,08
(36) Arrabidea chica (Humb. & Bonpl.) Verl. Bignoniaceae trepadeira 11 0,26 0,10 0,61 0,96
Código refere-se à representação da espécie nos diagramas de caixa (Fig. 2). * Pode apresentar indivíduos subescandentes. DeR,
DoR e FeR: densidade, dominância e freqüência relativas (em %). IVI, índice do valor de importância.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
670 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
TABELA 1 (Continuação)
(Código) Espécies Família Hábito n DeR
(%)
DoR
(%)
FeR
(%)
IVI
(37) Eugenia flavescens DC. Myrtaceae arbusto 11 0,26 0,12 0,47 0,85
(38) Croton zehnteneri Pax & Roffm. Euphorbiaceae arbusto 10 0,24 0,12 0,47 0,83
(39) Senna gardneri (Benth.) H.S.Irwin & Barneby Caesalpiniaceae arbusto 9 0,21 0,07 0,54 0,82
(40) Helicteres velutina K.Schum. Sterculiaceae arbusto 9 0,21 0,16 0,41 0,78
(41) Ipomoea brasiliana (Choisy) Meisn. Convolvulaceae trepadeira 7 0,16 0,11 0,47 0,75
(42) Trigonia bahiensis E.F.Guim., Miguel & Fontella Trigoniaceae trepadeira 10 0,24 0,10 0,41 0,74
(43) Eugenia lutescens Cambess. Myrtaceae arbusto 9 0,21 0,07 0,41 0,69
(44) Hymenaea eriogyne Benth. Caesalpiniaceae arbusto 8 0,19 0,13 0,34 0,66
(45) Neojobertia candolleana Bureau & K.Schum. Bignoniaceae trepadeira 10 0,24 0,06 0,34 0,63
(46) Machaerium acutifolium Vogel Fabaceae árvore* 7 0,16 0,22 0,14 0,52
(47) Lamiaceae (indet.) Lamiaceae arbusto* 9 0,21 0,10 0,20 0,51
(48) Senna macranthera var. pudibunda (Benth.)
H.S.Irwin & Barneby Caesalpiniaceae arbusto 5 0,12 0,05 0,34 0,51
(49) Manihot coerulescens Müll.Arg. Euphorbiaceae arbusto 4 0,09 0,16 0,20 0,46
(50) Brunfelsia cuneifolia F.A.Schmidt Solanaceae arbusto 5 0,12 0,04 0,27 0,43
(51) Senna barnebyana Afr.Fern. Caesalpiniaceae arbusto 4 0,09 0,05 0,27 0,42
(52) Psidium apendiculatum Kiaerskou Myrtaceae arbusto 4 0,09 0,05 0,27 0,41
(53) Turnera blanchetiana Urb. Turneraceae arbusto* 4 0,09 0,02 0,27 0,39
(54) Bauhinia sp. Caesalpiniaceae arbusto 5 0,12 0,04 0,20 0,36
(55) Maytenus sp.2 Celastraceae arbusto 3 0,07 0,07 0,20 0,34
(56) Hymenaea velutina Ducke Caesalpiniaceae árvore 2 0,05 0,12 0,14 0,31
(57) Senna trachypus (Benth.) H.S.Irwin & Barneby Caesalpiniaceae arbusto 3 0,07 0,04 0,20 0,31
(58) Solanum sp. Solanaceae arbusto 3 0,07 0,03 0,20 0,31
(59) Sapium glandulatum (Vell.) Pax Euphorbiaceae árvore 2 0,05 0,04 0,14 0,22
(60) Actinostemon sp. Euphorbiaceae trepadeira 2 0,05 0,03 0,14 0,21
(61) Eriope sp (nova) Lamiaceae arbusto 2 0,05 0,03 0,14 0,21
(62) Wedelia villosa Gardner Asteraceae arbusto 2 0,05 0,03 0,14 0,21
(63) Malpighiaceae (indet.) Malpighiaceae trepadeira 2 0,05 0,02 0,14 0,20
(64) Capsicum sp. Solanaceae arbusto 2 0,05 0,01 0,14 0,19
(65) Chrysophyllum marginatum (Hook & Arn) Radlk.
ssp. marginatum Sapotaceae arbusto 2 0,05 0,01 0,14 0,19
(66) Cereus jamacaru DC. Cactaceae arbusto 1 0,02 0,09 0,07 0,18
(67) Stillingia uleana Pax & Hoffm.Euphorbiaceae arbusto 2 0,05 0,01 0,07 0,13
(68) Allophyllus sp. Sapindaceae arbusto 1 0,02 0,03 0,07 0,12
(69) Chomelia cf. obtusa Cham.& Schltdl. Rubiaceae arbusto 1 0,02 0,02 0,07 0,11
(70) Strychnos rubiginosa DC. Loganiaceae trepadeira 1 0,02 0,02 0,07 0,11
(71) Croton pulegiodosus Müll.Arg. Euphorbiaceae arbusto 1 0,02 0,01 0,07 0,10
(72) Guapira laxa (Netto) Furlan Nyctaginaceae arbusto 1 0,02 0,01 0,07 0,10
(73) Manilkara cf. triflora (Allemão) Monach. Sapotaceae arbusto 1 0,02 0,01 0,07 0,10
(74) Stachytarpheta coccinea Schauer. Verbenaceae arbusto 1 0,02 0,01 0,07 0,10
Total / 74 30 4254 100 100 100 299,9
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 671
Assim, não se pode concluir que uma espé-
cies é rara com base apenas em sua ocorrência na
amostra, mas deve se observar sua distribuição na
vegetação real.
Acacia langsdorffii e Piptadenia moniliformis
também apresentaram as maiores dominâncias
relativas (15,77% e 14,73%, respectivamente, Ta-
bela 1). Embora Piptadenia moniliformis tenha
apresentado menos de 1/3 da densidade relativa
de Acacia langsdorffii, as dominâncias relativas
foram semelhantes devido aos maiores diâmetros
de Piptadenia moniliformis (Fig. 2).
Acacia langsdorffii em Baixa Fria, Thiloa
glaucocarpa em Carrasco e Piptadenia monili-
formis em Estrondo foram as espécies que apre-
sentaram maiores densidades e dominâncias re-
lativas (Araújo et al., 1998b). Thiloa glaucocapa
apresentou baixa densidade relativa (0,67%) em
Jaburuna, mas as outras duas espécies foram muito
abundantes, indicando que elas pertencem ao grupo
das espécies lenhosas codominantes (Cain &
Castro, 1959) nas áreas de carrasco do planalto
da Ibiapaba. Em nossas viagens de campo (Araújo
et al., 1998), observamos que aquelas duas espécies
podem ocorrer com grande abundância também
em locais perturbados, indicando que são socio-
logicamente importantes em diferentes estádios
sucessionais do carrasco.
40
30
20
10
0
Diâmetro (cm)
Espécies
1
2
3
4
5
6
710
13
8
911
12
15
1617
18
19 21
22
23
25
24 28
27
30
31
33
35
3738
39
40
43
44
46
47
49
48 50
5152
53
54
55
51
58
59
61
62
64
65 67
68
69
71
72
73 74
66
56
26
34
A
Altura (m)
10
8
6
4
2
0
1
2
34
5
6
8
79
10
11
12
13
15
16
17
18
19
20
22
21
2324
25
2627
28
30
31
3334
37
39
38
40
43
46
47
48
49
5051
53
54
55
56
57
59
58 61
62 65
64 66
67
68
69
7172
73
74
B
Espécies
Fig. 2 — Diagrama de caixa (A) dos diâmetros basais ( 3 cm) e (B) das alturas de espécies arbustivas e arbóreas do carrasco
em Jaburuna, município de Ubajara, CE. Cada caixa contém os dois quartis (50%) centrais da distribuição; a linha horizontal
dentro de cada caixa representa a mediana; as linhas verticais indicam os quartis extremos, superior e inferior, representando
a amplitude. * Pontos extremos e muito extremos da distribuição. Os números referem-se aos códigos das espécies na Tabela 1.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
672 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
Mais da metade (56%) do índice do valor
de importância (IVI) concentrou-se em apenas nove
(12% do total amostrado) espécies: Acacia
langsdorffii, Piptadenia moniliformis, Guapira
graciliflora, Apuleia grazielana, Aspidosperma
multiflorum, Luehea candicans, Eugenia aff.
dysenterica, Sebastiania brevifolia e Bauhinia
acuruana (Tabela 1).
Exceto Apuleia grazielana, Luehea candi-
cans e Sebastiania brevifolia, que só ocorreram
em Jaburuna, as demais espécies também ocor-
reram com grandes valores de importância nas
áreas de Baixa Fria, Carrasco e Estrondo, estu-
dadas por Araújo et al. (1998b).
Tal como essas áreas, a de Jaburuna também
mostrou que um pequeno número de espécies (ao
redor de 10% do total amostrado) detém mais de
50% do número total de indivíduos e da área basal,
indicando uma grande concentração de dominância
(baixa equabilidade). Por outro lado, os valores
de freqüência relativa foram, em geral, menores
que os de densidade relativa, indicando que a maior
parte das populações mais abundantes tem tendên-
cia a um padrão espacial agregado.
Estrutura de tamanho
A maioria das espécies (81%) apresentou diâ-
metros máximos inferiores a 20 cm. Apenas 14
espécies (19%) apresentaram diâmetros acima de
20 cm, dentre elas Byrsonima gardneriana,
Gochnatia blanchetiana, Neea obovata, Piptadenia
moniliformis e Thiloa glaucocarpa (Fig. 2A). Pre-
dominaram indivíduos com até 10 cm de diâmetro,
de modo semelhante ao observado no carrasco no
sul da Ibiapaba (Araújo, 1992). Apenas 13 espécies
(20%, excluídas as trepadeiras) apresentaram in-
divíduos com alturas superiores a 6 m (Fig. 2B),
entre as quais Aspidosperma multiflorum, Thiloa
glaucocarpa, Croton tricolor, Apuleia grazielana,
Machaerium acutifolium, Machaerium stipitatum,
Piptadenia moniliformis e Luehea candicans. As
13 espécies compõem os elementos arbóreos que
ficam dispersos entre as populações predominan-
temente arbustivas cujas alturas estão concentradas
entre 2 e 6 m (Fig. 2B). As áreas do sul da Ibiapaba
(Araújo, 1992) apresentaram maiores proporções
de espécies com indivíduos acima de 6 m (30%,
66% e 68% em Baixa Fria, Carrasco e Estrondo,
respectivamente). Em Jaburuna, Baixa Fria, Car-
rasco e Estrondo, 8% (5), 2% (1), 26% (14) e 22%
(11) das espécies eram mesofanerófitas (Raunkiaer,
1934), isto é, tinham indivíduos com 8 m ou mais
de altura. Dada a pequena proporção de meso-
fanerófitas, o carrasco pode ser considerado uma
vegetação arbustiva microfanerofítica.
Variações florísticas entre trechos da vegetação
Tanto as análises de agrupamentos quanto
as de ordenação (CCA) apresentaram resultados
semelhantes. A coerência nos resultados indica que
há grupos florísticos diferentes entre trechos di-
ferentes da vegetação de carrasco na Ibiapaba.
Devido à semelhança dos resultados fornecidos
pelos diferentes tipos de análise de agrupamen-
tos, optou-se pela apresentação apenas do den-
drograma construído através do método da média
de grupo (UPGMA).
As amostras da vegetação formaram quatro
grandes conjuntos de parcelas, cada qual corres-
pondente a um dos quatro trechos de carrasco
estudados (Fig. 3). Dos quatro conjuntos de amos-
tras, Baixa Fria e Estrondo apresentaram menor
distância Canberra (dissimilaridade), mas a dis-
tância foi muito grande (e a similaridade, pequena)
entre todas as áreas, indicando que ocorrem grandes
variações na composição florística e na estrutu-
ra de abundância, de um local a outro.
Essa variabilidade florística e estrutural de-
corre de variações espaciais na abundância e na
distribuição das espécies e pode estar associada
a variações do ambiente. Nos trechos estudados
de carrasco, a grande dissimilaridade entre as áreas
não foi devida tanto a variações na abundância das
espécies, mas principalmente à baixa similaridade
florística entre os trechos (Fig. 3). Isso significa
que há uma grande variação na distribuição das
espécies no espaço.
O carrasco ocupa uma faixa estreita ao longo
do planalto da Ibiapaba, que se estende de nor-
te a sul, na divisa entre os estados do Ceará e Piauí.
No norte do planalto, o carrasco limita-se a les-
te com a Floresta Sub-Perenifólia Tropical Plúvio-
Nebular (floresta úmida serrana); no sul, com a
floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial (floresta
seca), ambas situadas na vertente leste do planalto
(Figueiredo, 1986). Na área de transição entre a
floresta úmida serrana e o carrasco, ocorre ain-
da uma pequena mancha de cerrado, no municí-
pio de Guaraciaba do Norte, em altitudes em torno
de 900 m.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 673
A amostra de Carrasco foi a mais diferen-
te (maior distância com as demais amostras, Fig.
3) porque apresentou maior número de espécies
também presentes na caatinga (Araújo et al.,
1998b).
Isso indica que a variabilidade florística do
carrasco pode estar relacionada à presença de
espécies da vegetação limítrofe, cuja amplitude
ecológica permita a existência em clima e solo
menos favoráveis (espécies da floresta) ou em
aridez menos acentuada e solos mais pobres (es-
pécies da caatinga). Embora a variância acumulada
da análise de correspondência canônica (CCA, Fig.
4) tenha explicado apenas 13% da variância to-
1 amostras de Jaburuna
2 amostras de Baixa Fria
3 amostras de Carrasco
4 – amostras de Estrondo
Média de grupo (UPGMA)
Correlação cofenética = 0,8189 A
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
Canberra excl. 0 dupl.
1
122
43
Jaccard
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,9
1,0
0,8
Média de grupo (UPGMA)
Correlação cofenética = 0,8207
1 – amostras de Jaburuna
2 amostras de Baixa Fria
3 amostras de Carrasco
4 amostras de Estrondo
B
1
44
4
22
2
3
2
Fig. 3 — (A) Distância e (B) similaridade florística entre as quatro áreas de carrasco estudadas no planalto da Ibiapaba, CE.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
674 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
tal dos dados das espécies (Tabela 2), a disposição
das parcelas na ordenação (Fig. 4) foi semelhante
à observada no dendograma da Fig. 3. As parcelas
de Jaburuna separaram-se das de Baixa Fria, Car-
rasco e Estrondo pela maior acidez e maior S (soma
de bases) do solo. As parcelas de Baixa Fria e Car-
rasco separaram-se de Estrondo pela textura (Fig.
4). Acacia glomerosa, Aspidosperma subincanum,
Dalbergia cearensis, Myrcia guianensis, Paulinia
cearensis, Pavonia glazioviana, Tabebia serra-
tifolia e Vernonia rugulosa associaram-se a so-
los com maior teor de areia grossa (Fig. 4, Tabela
3). Bauhinia sp., Brunfelsia cuneifolia, Erythro-
xylum cf. citrifolium, Eugenia lutescens e Neojeo-
bertia candolleana associaram-se à maior acidez
e maior S do solo. Aspidosperma discolor, Hyme-
naea velutina, Lindackeria ovata, Solanum
baturitense e Vitex cymosa foram associadas a solos
com maior teor de areia fina (Fig. 4, Tabela 3).
Como a variância acumulada na CCA explicou
apenas 13% da variância total dos dados das espé-
cies, é possível que as variações florísticas e estru-
turais encontradas no carrasco estejam associadas
também a outras variáveis, além das edáficas. Entre
essas outras possíveis variáveis influentes, deve-
se considerar a maior ou a menor proximidade ge-
ográfica com outros tipos de vegetação e variações
climáticas, especialmente da pluviometria, devido
à posição que a vegetação de carrasco pode ocupar
no relevo em relação aos ventos.
Riqueza e diversidade de espécies
Na amostra total de 1 ha em Jaburuna, fo-
ram encontradas 74 espécies de 30 famílias, das
quais 64 arbustivas ou arbóreas e 10 trepadeiras
(Tabela 1). Na subamostra de 0,25 ha no mesmo
local, encontraram-se 52 espécies de 26 famí-
lias. Nas três amostras de 0,25 ha estudadas por
Araújo et al. (1998b), foram encontradas 49, 54
e 49 espécies de 24, 27 e 21 famílias, em Baixa
Fria, Carrasco e Estrondo, respectivamente. A ri-
queza florística foi muito semelhante entre as três
amostras de Araújo (1992) e a subamostra de
Jaburuna. Isso indica que a menor riqueza florística
encontrada nas áreas do sul deve-se, provavelmen-
te, ao tamanho da área amostral.
Eixos
Resumo 1o2 o 3 o Inércia total
Autovalores 0,403 0,188 0,099 -
Correlação espécies / variáveis pedológicas 0,873 0,772 0,613 -
Percentagem acumulada da variância dos dados das espécies 7,1 10,4 12,2 -
Percentagem acumulada da variância da relação espécies/variáveis pedológicas 53,9 79,0 92,3 -
Soma de todos os autovalores - - - 5,663
Soma de todos os autovalores canônicos - - - 0,747 (13%)
TABELA 2
Resumo do resultado da análise de correspondência canônica (CCA) das amostras de vegetação e solo no
carrasco do planalto da Ibiapaba, CE.
TABELA 3
Espécies do carrasco do planalto da Ibiapaba, CE, e seus respectivos códigos representados na Fig. 4 (E, F).
1Acacia glomerosa Benth. 45 Eugenia piauhiensis O.Berg.
2Acacia langsdorffii Benth. 46 Guapira graciliflora (Mart. ex J.A.Schmidt)
Lundell
3Allophyllus sericeus (Cambess.) Radlk. 47 Helicteres velutina K.Schum.
4Apuleia grazielana Afr.Fern. 48 Hymenaea eriogyne Benth.
5Arrabidea chica (Humb. & Bonpl.)Verl. 49 Hymenaea velutina Ducke
6Arrabidea dispar Bureau ex K.Schum 50 Ipomoea brasiliana (Choisy) Meisn.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 675
TABELA 3 (Continuação)
Código Espécies Código Espécies
7Aspidosperma discolor A.DC. 51 Jacaranda jasminoides (Thunb.) Sandwith
8Aspidosperma multiflorum A.DC. 52 Lamiaceae (indet.)
9Aspidosperma subincanum A.DC. 53 Lindackeria ovata (Benth.) Gilg
10 Bauhinia acuruana Moric. 54 Luehea candicans Mart. & Zucc.
11 Bauhinia subclavata Benth. 55 Machaerium acutifolium Vogel
12 Bauhinia sp. 56 Machaerium stitpitatum Vogel
13 Mansoa schwackei Bureau & K.Schum. 57 Manihot brachyloda Müll.Arg.
14 Bocoa decipiens R.S.Cowan 58 Maytenus sp.1
15 Bredemeyera brevifolia (Benth.) Klotzsch ex Benn. 59 Myrcia guianensis (Aublet) DC.
16 Brunfelsia cuneifolia F.A.Schmidt 60 Neea obovata Spruce ex Heimerl
17 Byrsonima gardneriana A.Juss. 61 Neojobertia candolleana Bureau &
K.Schum.
18 Campomanesia aromatica (Aublet) Griseb. 62 Paullinia cearensis Somner & Ferrucci
19 Capparis flexuosa (L.) L. 63 Pavonia glazioviana Gürke
20 Cenostigma macrophylum Tul. 64 Peixotoa jussieuana Mart. ex A.Juss.
21 Chomelia cf. obtusa Cham.& Schltdl. 65 Piptadenia moniliformis Benth.
22 Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.
ssp. marginatum 66 Platypodium elegans Vogel
23 Cnidoscolus vitifolius Pohl 67 Psidium sartorianum (O.Berg) Nied
24 Colubrina cordifolia Reissek 68 Pterocarpus villosus Mart.
25 Copaifera martii Hayne 69 Rollinia leptopetala R.E.Fr.
26 Cordia rufescens A.DC. 70 Sapium glandulatum (Vell.) Pax
27 Croton argyrophylloides Müll.Arg. 71 Sebastiania brevifolia (Müll.Arg.) Müll.Arg.
28 Croton jacobinensis Müll.Arg. 72 Sebastiania sp.
29 Croton nepetaefolius Baill. 73 Senna barnebyana Afr.Fern.
30 Croton tricolor Müll.Arg. 74 Senna gardneri (Benth.) H.S.Irwin &
Barneby
31 Croton zehnteneri Pax & Roffm. 75 Senna macranthera var. pudibunda (Benth.)
H.S.Irwin & Barneby
32 Dalbergia cearensis Ducke 76 Senna trachypus (Benth.) H.S.Irwin & Barneby
33 Dalbergia frutescens (Vell.) Britt. 77 Solanum baturitense Huber
34 Dioclea violacea Mart. ex Benth. 78 Strychnos rubiginosa DC.
35 Ephedranthus pisocarpus R. E. Fr. 79 Swartzia flaemingi Raddi
36 Erythroxylum barbatum O.E.Schultz 80 Tabebuia serratifolia (Vahl) Nicholson
37 Erytroxylum cf. citrifolium A.St.-Hil. 81 Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler
38 Erythroxylum laetevirens O.E.Schulz 82 Trigonia bahiensis E.F.Guim., Miguel &
Fontella
39 Erythroxylum cf. nummularia Peyritsch 83 Turbina cordata (Choisy) D.F.Austin &
Staples
40 Eugenia lutescens Cambess. 84 Turnera blanchetiana Urb.
41 Eugenia flavescens DC. 85 Vernonia rugulosa Sch.Bip. ex Baker
42 Eugenia aff. dysenterica DC. 86 Vitex cymosa Bert. ex Spreng.
43 Eugenia aff. ligustrina (Sw.) Willd. 87 Zanthoxylum hamadriadicum Pirani
44 Eugenia punicifolia (Kunth) DC.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
676 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
Quando a área amostral de 0,25 ha aumentou
para 1 ha, em Jaburuna, aumentou em 30% (22)
a riqueza de espécies e em 20% (6) a riqueza de
famílias. Em 0,25 ha, quase 1/3 das espécies da
amostra de Jaburuna não foi amostrado, masca-
rando a riqueza daquela vegetação. Em Jaburuna,
o índice de diversidade de Shannon na amostra
de 1 ha foi 3,161 nats/ind e na subamostra de 0,25
ha foi 3,070 nats/ind.
Não houve diferença estatisticamente signi-
ficativa entre elas (Tabela 4), mostrando que a
subamostra de 0,25 ha no carrasco de Jaburuna
pode ter subestimado a riqueza, mas não subes-
timou a diversidade.
–0,8 –0,6 –0,4 –0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
–0,8
–0,6
–0,4
–0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Areia Grossa
Areia Fina
Silte
pH
S
A
Eixo 1
Eixo 2
–0,8 –0,6 –0,4 –0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
–0,6
–0,4
–0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
Areia Grossa
Areia Fina
Silte
pH
S
B
Eixo 1
Eixos 3
–2 –1 0 1 2 3
–4
–2
0
2
4
1
1
1
11
1
1
1
11
1
11
1
11
1
11
1
1
1
11
1
11 1
1
1
1
1
11
11
11
1
1
111
1
11
11
1
11
11
1
11
1
111
1
1
11
1
1
1
11
1
1
111
1
1
11
11
1
1
111
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
11 2
22
2
2
2
2
2
2
2
22
2
2
2
2
2
2
2
2
22
22
2
3
3
3
3
3
3
3
33
3
3
3
3
3
33
3
3
3
33
3
3
3
3
4
44
4
4
4
4
4
44
44
4
44
4
4
4
44
444
4
4
Eixo 1
C
Eixos 2
–2 –1 0 1 2 3
–6
–4
–2
0
2
4
6
1
1
1
11
1
1
1
11
1
11
1
1
1
1
11
1
1
1
1
1
1
1
111
1
1
1
11
11
1
1
1
1
111
1
11
11
1
11
11
1
1
1
1
11
1
11
11
1
1
1
11
1
1
111
1
1
11
111
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
11
1
1
1
2
2
2
2
2
22
2
2
2
2
22
2
22
22
2
2
22
2
2
2
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
33
3
3
3
3
3
3
3
3
3
4
44
4
4
4
4
4
44
4
4
4
44
4
4
4
44
44
4
4
4
D
Eixo 1
Eixo 3
–1,5 –1,0 –0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
–2
–1
0
1
2
1
23
4
5
6
7
89
10
11
12
13
14
15
16 17
18
19
20
21
22
23 24
25
26
27
28
29
30
31
32
33 34 35
36
37 38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54 55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72 73
74
75
76
77
78
79
80
81
82 83
84
85
86
87
E
Eixo 1
Eixo 2
–1,5 –1,0 –0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
–1,5
–1,0
–0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
1
23
4
5
6
7
8
9
10
11
12 13
14 15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33 34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50 51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68 69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
F
Eixo 1
Eixo 3
Fig. 4 — Biplot das variáveis texturais (areia grossa, areia fina, silte e argila) e químicas (pH e S = soma das bases) do solo
(A e B), escores das amostras (C e D, em que: 1 = Jaburuna, 2 = Baixa Fria, 3 = Carrasco e 4 = Estrondo) e escores das
espécies (E e F) obtidos através da análise de correspondência canônica (CCA) com as amostras da vegetação e do solo das
quatro áreas de carrasco estudadas no planalto da Ibiapaba, CE. Os nomes das espécies representadas por códigos, estão
relacionados na Tabela 3.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
VARIAÇÕES ESTRUTURAIS E FLORÍSTICAS DO CARRASCO, CE 677
TABELA 4
Comparação da diversidade de Shannon (H’) entre áreas de carrasco no planalto da Ibiapaba. Valores
seguidos por letras iguais não diferiram estatisticamente (p
5%).
Localidades H
Jaburuna 3,161a
Subamostra de Jaburuna 3,070ac
Baixa Fria 3,033ac
Carrasco 2,866bd
Estrondo 2,987bc
A diversidade encontrada em 1 ha de car-
rasco em Jaburuna foi maior que a encontrada em
Carrasco e Estrondo (Tabela 4). Considerando a
subamostra de 0,25 ha em Jaburuna, apenas a di-
versidade da localidade Carrasco foi estatistica-
mente menor (Tabela 4). Na amostra de 1 ha, a
riqueza aumentou muito, mas o índice de diver-
sidade não, confirmando a baixa equabilidade
indicada pela análise estrutural. Isso significa que,
no carrasco, embora haja riqueza específica ele-
vada, umas poucas espécies concentram a maior
parte da abundância.
O carrasco do planalto da Ibiapaba é cons-
tituído predominantemente por espécies arbustivas
microfanerofíticas de caules finos. Apresenta gran-
de variabilidade espacial na composição florís-
tica e na abundância das populações. Ocorre grande
concentração de dominância (baixa equabilidade)
e as espécies mais abundantes diferem de um local
a outro. As diferenças na distribuição e na abun-
dância das espécies podem estar associadas a va-
riações de variáveis ambientais. Variáveis edáficas,
como a textura (variações dos teores de areia gros-
sa, areia fina, argila e silte), a soma de bases e o
pH, exercem influência tanto sobre a distribuição
das espécies quanto sobre a variação de sua abun-
dância no espaço. Entretanto, a variação das va-
riáveis edáficas testadas explicou apenas 13% da
variância total dos dados, indicando que outras
variáveis ambientais não testadas também devem
exercer influência na variação da vegetação de car-
rasco no nordeste. Dentre essas outras variáveis,
sugere-se que a proximidade geográfica com outros
tipos de vegetação e a variação pluviométrica entre
diferentes locais no planalto da Ibiapaba sejam
as mais influentes. O tamanho das amostras das
localidades de Baixa Fria, Carrasco e Estrondo
(0,25 ha cada), quando comparado com o da
amostra de Jaburuna (1 ha), subestimou a riqueza
florística, mas não subestimou a diversidade.
Agradecimentos — Os autores agradecem aos Drs. A. T. Oli-
veira-Filho, L. S. Kinoshita e M. A. Figueiredo, pelas crí-
ticas e sugestões. Aos taxonomistas da UNICAMP, USP, UFC,
Instituto de Botânica de São Paulo, Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, entre outros, pela identificação do material bo-
tânico. Ao Sr. Ilário Cândido Fernandes e Sra. Maria Graciema
Daniel Cândido Fernandes, pela permissão para a realiza-
ção dos trabalhos de campo em sua fazenda e pela hospe-
dagem durante todo o levantamento de campo. À Geógrafa
Leonor de Maria Rodrigues Melo, pela colaboração na co-
leta dos dados. À Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa
(FUNCAP) e à Fundação O Boticário de Proteção à Natu-
reza (FBPN), pelo financiamento parcial deste trabalho. Ao
programa PICD/CAPES, pela bolsa de pós-graduação con-
cedida a F. S. Araújo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB’SABER, A. N., 1974, O domínio morfoclimático semi-
árido das caatingas brasileiras. Instituto de Geografia/
USP, São Paulo (Série Geomorfologia, 43).
ANDRADE-LIMA, D. de, 1978, Vegetação. In: R. C. Lins.
(ed.), Bacia do Parnaíba: aspectos fisiográficos. Instituto
Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, Recife, pp. 131-
135 (Série estudos e pesquisas, 9).
ANDRADE-LIMA, D. de, 1981, The caatingas dominium.
Rev. Brasil. Bot., 4: 149-153.
ARAÚJO, F. S., 1992, Composição florística e fitossocio-
logia da vegetação de carrasco, Novo Oriente – CE.
Dissertação de Mestrado, UFRPE, Recife.
ARAÚJO, F. S., SAMPAIO, E. V. S. B., FIGUEIREDO, M.
A., RODAL, M. J. N. & FERNANDES. A. G., 1998a,
Composição florística da vegetação de carrasco, Novo
Oriente, CE. Rev. Brasil. Bot., 21: 105-116.
ARAÚJO, F. S., SAMPAIO, E. V. S. B., RODAL, M. J. N. &
FIGUEIREDO, M. A., 1998b, Organização comunitária
do componente lenhoso de três áreas de carrasco em Novo
Oriente – CE. Rev. Brasil. Biol., 58: 85-95.
Rev. Brasil. Biol., 59(4): 663-678
678 ARAÚJO, F. S. de, MARTINS, F. R. e SHEPHERD, G. J.
ARAÚJO, F. S. & MARTINS, F. R., 1999, Fisionomia e orga-
nização da vegetação do carrasco no planalto da Ibiapa-
ba, estado do Ceará. Acta. bot. bras, 13: 1-13.
ARAÚJO, F. S., 1998, Estudos fitogeográficos do carrasco
no nordeste do Brasil. Tese de Doutorado, UNICAMP,
Campinas.
CAIN, S. A. & CASTRO, G. M. O., 1959, Manual of
vegetation analysis. Hafner, New York.
CURTIS, J. T. & MCINTOSH, R. P., 1950, The interrelations
of certain analytic and synthetic phytosociological
characters. Ecology, 31: 431-445.
CURTIS, J. T. & MCINTOSH, R. P., 1951, An upland forest
continuum in the prairie-forest border region of
Wisconsin. Ecology, 32: 476-496.
EMBRAPA, 1979, Manual de métodos de análises de solo.
SNLCS, Rio de Janeiro.
FERNANDES, A., 1990, Temas fitogeográficos. Stylos Co-
municações, Fortaleza.
FERNANDES, A. & BEZERRA, P., 1990, Estudo fitogeo-
gráfico do Brasil. Stylos Comunicações, Fortaleza.
FERRI, M. G., 1980, Vegetação brasileira. Editora Itatiaia/
EDUSP, São Paulo (Coleção Reconquista Brasil).
FIGUEIREDO, M. A., 1986, Vegetação. In: Atlas do Ceará
(ed.), SUDEC, Fortaleza, pp. 24-25.
FONSECA, M. R., 1991, Análise da vegetação arbustiva-ar-
bórea da caatinga hiperxerófila do noroeste do estado de
Sergipe. Tese de Doutorado, UNICAMP, Campinas.
FUNCEME, 1995, Dados de pluviometria por faixa de
anos – Estado do Ceará. Departamento de Apoio Tecno-
lógico (DETEC), Fortaleza.
FURLEY, P. A. & RATTER, J. A., 1988, Soil resources and
plant communities of the central Brazilian cerrado and
their development. J. Biogeogr., 15: 97-108.
GOMES, M. A. F., 1979, Padrões de caatinga nos Cariris
Velhos, Paraíba. Dissertação de Mestrado, UFRPE,
Recife.
HUTCHESON, K., 1970, A test for comparing diversities
based on the Shannon formula. J. theor. Biol., 29: 151-
154.
KREBS, C. J., 1989, Ecological methodology. Harper Collins
Pulishers, New York.
LINS, R. C., 1978, Bacia do Parnaíba: aspéctos fisiográ-
ficos. Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
(ed.), Recife. (Série estudos e pesquisas, 9.)
MAGURRAN, A. E., 1988, Ecological diversity and its
measurement. Princeton University Press, New Jersey.
MARTINS, F. R., 1991, Estrutura de uma floresta mesófila.
Editora da UNICAMP, Campinas, SP (Série teses).
MUELLER-DOMBOIS, D. & ELLENBERG, H., 1974, Aims
and methods of vegetation ecology. John Wiley & Sons,
New York.
NIMER, E., 1989, Climatologia do Brasil. 2a ed. IBGE-
SUPREN (Fundação IBGE-SUPREN, Recursos Naturais
e Meio Ambiente), Rio de Janeiro.
RAUNKIAER, C., 1934, The life forms of plants and sta-
tistical plant geography. Being the collected papers of
C. Raunkiaer. Claredon Press, Oxford.
RIZZINI, C. T., 1997, Tratado de fitogeografia do Brasil. 2a
ed. Âmbito Cultural Edições Ltda., Rio de Janeiro.
RODAL, M. J. N., 1992, Fitossociologia da vegetação arbus-
tivo-arbórea em quatro áreas de caatinga em Pernambuco.
Tese de Doutorado, UNICAMP, Campinas.
ROMARIZ, D. A., 1974, Aspectos da vegetação do Brasil.
IBGE, Rio de Janeiro.
SAMPAIO, E. V. S. B., 1995, Overview of the Brazilian caa-
tinga. In: S. H. Bullock, H. A. Mooney & E. Medina,
Seasonally dry tropical forests. University Press,
Cambridge, pp. 35-63.
SHAFER, C. L., 1990, Nature reserves: island theory and
conservation practice. Smithsonian Institution Press,
Washington.
SHEPHERD, G. J., 1995, FITOPAC 1. Manual do usuário.
Departamento de Botânica, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas.
SOKAL, R. R. & ROHLF, F. J., 1995, Biometry. W. H.
Freeman and Company, New York.
SOUZA, M. J. N., 1988, Contribuição ao estudo das unidades
morfo-estruturais do estado do Ceará. Rev. de Geologia,
1: 73-91.
STEARNS, F., 1951, The composition of the sugar maple-
hemlock-yellow birch association in northern Wisconsin.
Ecology, 32: 245-261.
SUDEC, 1980, Levantamento de reconhecimento semi-
detalhado dos solos de região natural da Ibiapaba.
Fortaleza, CE.
SUDENE, 1990, Dados pluviométricos mensais do nordeste:
v. 1 – Ceará. Recife (Série pluviométrica, 3).
ter BRAAK, C. J. F. (1987-1992), CANOCO – a FORTRAN
program for Canonical Community Ordenation.
Microcomputer Power, Ithaca, New York, USA.
... Trechos da Ibiapaba também já haviam sido reconhecida como 'áreaschave' para a conservação da biodiversidade por botânicos justamente por abrigar espécies raras da flora brasileira, com espécies endêmicas que são conhecidas apenas na Ibiapaba, como Erythroxylum tianguanum e Apuleia grazielanae (Giulietti, et al., 2009). Ademais, como referido anteriormente, a Ibiapaba abriga ambientes muito contrastantes em curtas distâncias geográficas, com substituição da caatinga sensu stricto pela mata seca na base da cuesta, esta pela mata úmida em cotas altitudinais maiores e, no topo da Ibiapaba, a caatinga do sedimentar, nas áreas arenosas mais secas, resultando em uma elevada diversidade beta, com comunidades biológicas muito distintas se alternando em curto espaço (Silveira, et al., 2020;Castro, et al., 2019;Araújo;Martins;Shepherd, 1999;Araújo, et al., 2011;Moro, et al., 2015). ...
... Trechos da Ibiapaba também já haviam sido reconhecida como 'áreaschave' para a conservação da biodiversidade por botânicos justamente por abrigar espécies raras da flora brasileira, com espécies endêmicas que são conhecidas apenas na Ibiapaba, como Erythroxylum tianguanum e Apuleia grazielanae (Giulietti, et al., 2009). Ademais, como referido anteriormente, a Ibiapaba abriga ambientes muito contrastantes em curtas distâncias geográficas, com substituição da caatinga sensu stricto pela mata seca na base da cuesta, esta pela mata úmida em cotas altitudinais maiores e, no topo da Ibiapaba, a caatinga do sedimentar, nas áreas arenosas mais secas, resultando em uma elevada diversidade beta, com comunidades biológicas muito distintas se alternando em curto espaço (Silveira, et al., 2020;Castro, et al., 2019;Araújo;Martins;Shepherd, 1999;Araújo, et al., 2011;Moro, et al., 2015). ...
Article
Full-text available
Dentre os ecossistemas mais ameaçados pelas ações antrópicas, estão as florestas secas, sendo a Caatinga um dos mais marcantes exemplos. Dentro dela, a região da Ibiapaba é considerada uma área prioritária para conservação e tem enfrentado transformações no uso da terra no decorrer dos anos, como a expansão da agropecuária e da urbanização, além de novos vetores de degradação como os parques eólicos. Dessa forma, a fragmentação e a perda de habitats estão entre os mais agressivos impactos humanos. Considerando que a Ibiapaba é uma área de elevada importância para conservação dentro da Caatinga, essa pesquisa visa prover uma caracterização física e fitoecológica para a Ibiapaba, mapear os diferentes usos do solo e a perda de cobertura vegetal ao longo de quinze anos. O mapeamento do uso e cobertura do solo foi feito a partir de imagens de satélite através do método de classificação supervisionada, utilizando o algoritmo random forest, na plataforma ‘Google Earth Engine’. Tal metodologia permitiu a confecção de um mapa comparativo de uso e cobertura do solo, dos anos de 2005, 2007, 2011, 2014, 2017 e 2020 e a extração de dados tabulares. Assim, foi observado que, embora haja crescimento de áreas de uso antrópico, a Ibiapaba não se encontra com modificações tão acentuadas como outros trechos da Caatinga. Além disso, há possibilidade de se estruturar um projeto de proteção mais efetivo para os ecossistemas desse setor do semiárido brasileiro.Palavras-chave: processamento digital de imagens, caatinga, classificação supervisionada, random forest. Geographical characterization and land use dynamics of Ibiapaba and surroundings, Phytogeographic Domain of Caatinga A B S T R A C TDry forests are beyond the most threatened ecosystems, which includes the remarkable Caatinga. Inside Caatinga ecosystem the Ibiapaba region has been considered as priority to conservation and has facing land use changes in the past years due to urbanization, agriculture, and cattle raising. These changes has been intensified because of new enterprises as wind will farms. Thereby, fragmentation and habitat loss are among the most aggressive human impacts. Whereas Ibiapaba is an area with high priority to Caatinga conservation, this research aims describe a general physical and phytoecology characterization to Ibiapaba, map land uses differences, and measure the vegetation cover loss at phytoecological areas among 15 years. The land use and cover mapping were built from satellites images using supervised classification as a result from Random Forest method applied on Google Earth Engine platform. This methodology allowed build comparative maps for land use in the years 2005, 2007, 2011, 2014, 2017, and 2020 as well as extract tabular data. Therefore, despite the observed growth of anthropic areas Ibiapaba does not have marked changes as other parts of Caatinga. In addition, Ibiapaba has unique opportunity to build a protection project more effective to these ecosystems insert on Brazilian semiarid.Keywords: digital image processing, Caatinga, supervised classification, random forest
... Precipitation at this site is under strong influence of the Intertropical Convergence Zone (ITCZ; Andrade et al., 2017), falling mostly during the austral summer (December till May), with a dry season in winter (Köppen, 1948). Mean temperatures range between 22° and 24°C and average annual precipitation amounts 1.460 mm, concentrated mainly between the months of February-March-April (Araújo et al., 1999). Due to the topography and prevailing wind direction, this site has a strong effect of orographic precipitation (Silveira et al., 2020). ...
... Six tree species, three from the genus Aspidosperma and three from the genus Handroanthus, were selected based on the floristic collections of the studied sites (Araújo et al., 1999;Castello et al., 2018;Lemos and Meguro, 2010;Matos and Felfili, 2010;Moro et al., 2015;Silveira et al., 2020). In the evergreen-forest site we sampled We also explored using species of another genus with potential for tree-ring analyses: the genus Cordia (Boraginaceae; Briceño-J et al., 2016) that occurs in two of our sites (C. ...
Article
Full-text available
Seasonally dry tropical forests are an important global climatic regulator, a main driver of the global carbon sink dynamics and are predicted to suffer future reductions in their productivity due to climate change. Yet, little is known about how interannual climate variability affects tree growth and how climate-growth responses vary across rainfall gradients in these forests. Here we evaluate changes in climate sensitivity of tree growth along an environmental gradient of seasonally dry tropical vegetation types (evergreen forest – savannah – dry forest) in Northeastern Brazil, using congeneric species of two common neotropical genera: Aspidosperma and Handroanthus. We built tree-ring width chronologies for each species × forest type combinations and explored how growth variability correlated with local (precipitation, temperature) and global (the El Niño Southern Oscillation - ENSO) climatic factors. We also assessed how growth sensitivity to climate and the presence of growth deviations varied along the gradient. Precipitation stimulates tree growth and was the main growth-influencing factor across vegetation types. Trees in the dry forest site showed highest growth sensitivity to interannual variation in precipitation. Temperature and ENSO phenomena correlated negatively with growth and sensitivity to both climatic factors were similar across sites. Negative growth deviations were present and found mostly in the dry-forest species. Our results reveal a dominant effect of precipitation on tree growth in seasonally dry tropical forests and suggest that along the gradient, dry forests are the most sensitivity to drought. These forests may therefore be the most vulnerable to the deleterious effects of future climatic changes. These results highlight the importance of understanding the climatic sensitivity of different tropical forests. This understanding is key to predict the carbon dynamics in tropical regions, and sensitivity differences should be considered when prioritizing conservation measures of seasonally dry topical forests.
... The vegetation cover in this area is represented by a thorny dry forest, locally known as Carrasco (Prado, 2003), a type of deciduous vegetation characteristic of sedimentary plateaus (Giulietti et al., 2004). Carrascos are present on sedimentary soils and show a predominance of sub-arboreal and small tree forms (3-4 m), high density of woody plants and unstratified thin trunks (de Araújo et al., 1999). Precipitation averages ∼1,150 mm/yr, being concentrated between January and April, with a peak in March and the average annual temperature is around 25 • C, ranging from 23.8 to 27.4 • C (de Araújo et al., 1999;Brito and Silva, 2012). ...
... Carrascos are present on sedimentary soils and show a predominance of sub-arboreal and small tree forms (3-4 m), high density of woody plants and unstratified thin trunks (de Araújo et al., 1999). Precipitation averages ∼1,150 mm/yr, being concentrated between January and April, with a peak in March and the average annual temperature is around 25 • C, ranging from 23.8 to 27.4 • C (de Araújo et al., 1999;Brito and Silva, 2012). ...
Article
Full-text available
The conversion of tropical habitats has dramatic implications on biodiversity and represents one of the greatest conservation challenges of our time. Seasonally Dry Tropical Forests (SDTF), which are disjointly distributed throughout the Neotropics, are especially susceptible to human activities. The Caatinga Dry Forest, located in the semi-arid interior of northeastern Brazil, represents not only the largest and most biologically diverse nucleus of SDTF, but also the world’s most densely populated semi-arid region, with ever-growing pressure on its natural resources. To prevent illegal logging, conservation agencies looked at forest management, where an area is divided in smaller stands which are gradually logged and allowed to regrow for a period of time, when a new cutting cycle should reinitiate. The impacts of these management schemes on biodiversity, however, remain largely untested. We conducted standardized avian surveys to evaluate the effects of forest management on the avian community at a 1,670 ha privately owned property located on the Chapada do Araripe, northeastern Brazil. This area was divided in 22 forest stands, half of which had already been logged at the time of our sampling, creating a gradient of logged and natural forests and an 11-yr chrono-sequence of forest regeneration. Our results show that logged areas present fewer individuals, fewer species, and different avian assemblages than unlogged forests. Such differences are mostly driven by forest-dependent species, which were overwhelmingly affected by forest management. Our results show that although logged forests tend to recover its height after a decade, they do not recover the originally forest cover, measured by the Normalized Difference Vegetation Index. Likewise, decade-long recovering stands continue to show lower species richness, lower bird abundance, and different avian composition than unlogged forests. We identified a set of bird species that are more affected by forest management (ecological losers) and a group of birds that apparently benefit from the referred changes in land use (ecological winners). We conclude that completely managing an entire area may cause the extirpation of several forest-dependent species. We therefore suggest keeping logged and unlogged plots intermingled, to avoid local extinctions and the complete modification of the original avifauna.
... Bauhinia cheilantha (ALCOFORADO-FILHO et al., 2003;MENDES;CASTRO,2009;MACHADO et al., 2012;SILVA et al., 2014), Croton al., 2007FABRICANTE;ANDRADE, 2007;RODAL et al., 2008a;SILVA et al., 2014), Cenostigma pyramidale (FONSECA, 1991;ALCOFORADO-FILHO et al., 2003;ANDRADE et al., 2005;BARBOSA et al., 2007;FABRICANTE;ANDRADE, 2007;RODAL et al., 2008b) and Aspidosperma pyrifolium (FONSECA, 1991;ANDRADE et al., 2005;AMORIM et al., 2005;BARBOSA et al., 2007;RODAL et al., 2008a In the case of non-thorny deciduous (Carrasco) and deciduous seasonal vegetation (dry forest), the indices ranged from 2.29 to 3.3 nats/ind. (ARAÚJO et al., 1999;FARIAS;CASTRO, 2004;SANTOS et al., 2007; higher diversity compared to the area studie d. That can be explained by the higher rainfall indices in regions were these surveys were made, which ranged from 916 to 1,280 mm. ...
Article
Full-text available
The study of vegetation makes it possible to know its characteristics and state of conservation. Given this, the aim of this study was to analyze the phytosociological structure and the floristic diversity of the shrub-tree component in a fragment of Caatinga, in Porto da Folha, Sergipe. Vegetation sampling was performed using 25 plots of 20 x 20 m. All shrubby-tree individuals with circumference at 1.30 m above ground level) ≥ 6.0 cm were identified and recorded, and the phytosociological structure and floristic diversity were analyzed. The total density was 2,641 individuals/ha and the basal area, 15.52 m²/ha. The Shannon-Wiener (H') and Pielou (J') evenness indices were 2.4 nats/ind, respectively. and 0.62. Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. represented 38.89% of the total density, being the second largest total basal area. The conservation status of the studied fragment allows its use as a control area for comparison with future studies on the Caatinga vegetation in Sergipe.
... When analyzing the 10 families with the highest number of species, Fabaceae (181 species) is the one with the greatest richness ( Fig. 7.2), that is, 16.88% of the total material collected from these collectors, in agreement with several studies for the region, such as Lima (2012), Lima et al. (2009), andAraújo et al. (1999). ...
Chapter
Given the wide morphological variability of pollen grains and spores, palynology can provide important contributions to several branches of science. Palynological information, alone or in conjunction with other data, is particularly useful for the taxonomic delimitation of species, genera, families, and higher-rank taxa. The pollen character with the highest relevance as a taxonomic marker is the type of structure resulting from sporogenesis: if a spore, it characterizes the large groups of vascular (Pteridophyta s.l.) and avascular (Bryophyta s.l.) cryptogams; if a pollen grain, it characterizes gymno- and angiosperms. Pollen unit, polarity, aperture, and sexine ornamentation are other important pollen characters; these traits are genetically determined and do not respond to variations in environmental conditions. Palynology applied to taxonomy has been the major field of research of the Álvaro Xavier Moreira Laboratory of Palynology, Brazil. Palynotaxonomy has proven useful in the study of the families Asteraceae, Passifloraceae, Podostemaceae, Vitaceae, and Leguminosae, among others. It is noteworthy the growing use of palynology to support cladistic and multidisciplinary studies seeking to establish relationships and degrees of kinship between different groups of plants to trace the evolutionary history of taxa.
... Ornithologically speaking, this phytophysiognomy is related to other dense Caatinga dry forests (Lima et al. 2021). The Carrasco is a type of deciduous shrubland vegetation characteristic of sedimentary plateaus (Giulietti et al. 2004), which presents a predominance of sub-arboreal and small tree forms (3-4 m), a high density of woody plants, and unstratified, thin trunks (Araújo et al. 1999). Precipitation (1,144 mm year -1 ) in the area is concentrated between January and April, with a rainfall peak in March (Brito and Silva 2012). ...
Article
The Caatinga, the largest region of seasonally dry tropical forest in the Neotropics, suffers high rates of deforestation and habitat degradation, mostly due to wood extraction. As an alternative to illegal logging, governments have looked at more sustainable management schemes, allowing natural regeneration after logging through relatively long (~25-year) harvest rotations. We investigated the impacts of forest management at a 1,700-ha privately owned area located at the Araripe Plateau, in the semiarid interior of northeastern Brazil, focusing on the population parameters of 8 avian species. The property was subdivided into 22 forest stands, where a different stand has been logged every year since 2004. By 2016, when we sampled the avifauna, 12 forest stands had already been logged and allowed to regrow, creating a landscape of logged and unlogged stands and a 12-year forest recovery chrono-sequence. We conducted distance-based sampling along transects to estimate the density and abundance of these species in logged and unlogged stands. We found that logging impacted 3 of the target species. Two of them (Megaxenops parnaguae and Synallaxis scutata) were less abundant, whereas another (Sclerurus cearensis) disappeared altogether from logged areas. We also found a positive correlation between the normalized difference vegetation index (NDVI) and the avian density of the affected species. However, we failed to observe any significant relationship between forest recovery or NDVI and species densities, suggesting that even after 12 years of forest recovery, species abundance remains lower in logged than in unlogged areas. We found that logging impacted birds in a species-specific manner, with 5 species unaffected and 3 species declining. Although our sampling occurred half-way through the regeneration cycle, we found no evidence of recovery for those species most affected. We suggest keeping unlogged areas intermingled with logged stands, allowing the survival and potential recovery of species in regenerating forests.
Article
Full-text available
Although it is common sense in the scientific community that there is a correlation between species richness and primary productivity, empirically this is poorly addressed for semiarid ecosystems. In the present study (1) we correlate woody species richnesswith a vegetation index from satellite data (as a proxy for primary productivity); we also determined (2) the effect of rainfall on productivity, and (3) rainfall and productivity anomaly indices for 49 sites in Dry Forests of Northeastern semiarid region of Brazil. We show that both species richness and rainfall are positively correlated with productivity (r² = 0,33 and p < 0,05;r² = 0,11, n = 49 and p < 0,05, n = 49; respectively). Productivity has a significant one month lag in response to rainfall (r2 = 0.39 ± 0.16; p < 0.001; n = 49). We also found that rainfall shows an anomaly 3 times more intense than the productivity anomaly (p < 0.001, r2 = 0.5). We conclude that at the regional level, woody species richness has a stronger effect than rainfall on productivity of Dry Forests of semiarid Brazil. In addition, the anomaly results showed the vegetation´s resistance to the semiarid harsh climate, an important result for conservation and policy under a climate change scenario.
Article
O estudo da vegetação permite conhecer suas características e estado de conservação. Diante disto, o objetivo deste estudo foi analisar a estrutura fitossociológica e a diversidade florística do componente arbustivo-arbóreo em um fragmento de Caatinga, no município de Porto da Folha, Sergipe. A amostragem da vegetação foi realizada por meio de 25 parcelas de 20 x 20 m (400 m²). Foram identificados e registrados todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com circunferência à altura do peito (a 1,30m do nível do solo) ? 6,0 cm e analisadas a estrutura fitossociológica e a diversidade florística (Shannon-Wiener e equabilidade de Pielou). A densidade total foi de 2.641 indivíduos/ha e a área basal, de 15,52 m²/ha, mostrando-se superiores a outras áreas de Caatinga. Os índices de diversidade de Shannon-Wiener (H') e equabilidade de Pielou (J') foram, respectivamente, 2,4 nats/ind. e 0,62. Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. representou 38,89% do total da densidade, sendo a segunda maior área basal total. O estado de conservação do fragmento estudado possibilita a sua utilização como uma área controle para comparação com futuros estudos sobre a vegetação de Caatinga em Sergipe.
Article
Bothrops lutzi is a secretive species mainly associated with the Cerrado, Carrasco and ecotonal areas of Cerrado-Caatinga vegetation. We gathered information about habitat use, diet and the parasites of this elusive species. The species was found exclusively in Carrasco vegetation habitats in the states of Piaui and Ceará, but not in the core Caatinga region. Bothrops lutzi appears to have a diet composed of invertebrates and small vertebrates, not changing during its ontogeny. Three endoparasites were identified, one of them, Oswaldofilaria sp., is the first record for a Bothrops spp.
Preprint
Full-text available
RESUMO O semiárido do Estado do Rio Grande do Norte pode ser dividido em duas unidades geoambientais principais: Depressão Sertaneja e a Bacia Sedimentar Potiguar. Embora a flora das bacias sedimentares arenosas normalmente seja diferente daquela dos terrenos cristalinos, parte da Bacia Potiguar possui depósitos paleo-aluvionares pedregosos, com seixos rolados, impondo à flora condições edáficas diferentes. A Floresta Nacional de Açu está localizada em um trecho da borda da Bacia Potiguar com depósitos de seixos, que tornam o solo pedregoso. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a estrutura fitossociológica da caatinga na FLONA e arredores e compreender os vínculos biogeográficos da flora local em relação a outras áreas da Caatinga. Selecionamos áreas no interior e arredores da FLONA e amostramos 1500 indivíduos lenhosos, pertencentes a 33 espécies. Os vínculos biogeográficos mostram que a borda pedregosa da Bacia Potiguar tem mais proximidade com a flora dos terrenos cristalinos do que com terrenos arenosos de outras bacias sedimentares arenosas.
Article
Full-text available
1 RESUMO -(Fisionomia e organização da vegetação do carrasco no planalto da Ibiapaba, Estado do Ceará). O carrasco no planalto da Ibiapaba constitui formação vegetal própria? Para responder a essa questão, mediram-se a altura vertical (menos das trepadeiras) e o diâmetro basal (a partir de 3cm) do caule de plantas lenhosas e extraíram-se alíquotas de solo (O-50cm, 50-100cm de profundidade) de 100 parcelas (IOx 10m) aleatórias em Jaburuna (3°54'34"S e 40 0 59'24"W, altitudes em torno de 830m), município de Ubajara, Estado do Ceará. Dados de clima, solo, diâmetro, altura, densidade, área basal e fisionomia foram comparados com os levantados por outros autores em carrasco, caatinga e cerrado no nordeste. O carrasco ocorre sob precipitação anual média entre 668 e 1.289mm e temperaturas entre 22 e 24°C, sobre solo de Areias Quartzosas álicas, em altitudes entre 700 e 900m: tem densidade maior e área basal menor que a caatinga e o cerrado. diâmetros pequenos e similares, altura vertical média entre 3,7 e 5,4m. Difere da caatinga, do cerrado (e do cerradão) e da capoeira em vários aspectos do ecótopo, da organização e da fisionomia, sendo formação vegetal própria. que pode ser caracterizada como fruticeto caducifólio alto. fechado. uniestratificado, com trepadeiras, dossel irregular e árvores emerge ntes esparsas. Palavras-chaves -carrasco, fruticeto , organização, fisionomia. planalto da Ibiapaba ABSTRACT -(Physiognomy and organization of the "carrasco" vege tation on the Ibiapaba plateau, Northeastern Brazil). Is the "carrasco" on the Ibiapaba plateau a unique plant formation? To answer this question the vertical height (except of climbers) and the stem basal diameter (from 3cm on) of woody plants were measured, and soil extracts (O-50 and 50-1 OOcm depth) were taken from 100 random plots (I Ox 10m) at Jaburuna (3°54'34"S and 40 0 59'24''W, altitudes near 830m), municipality of Ubajara, Ceará State. Data on climate. soiL diameter. height, density, basal area, and physiognomy were compared with those surveyed by other resea rch ers from the carrasco, caatinga, and ~errado in Northeastern Brazil. The carrasco occurs under an annual rainfall of between 668 and I ,289 mm and temperatures from 22 to 24°C, on alic Quartz Sand soils, at altitudes between 700 and 900m: it has a larger density and a smaller basal area than the caatinga and the cerrado. small and similar diameters, and an average vertical height between 3.7 and 5,4m. It differs from the caatinga, cerrado (and cerradão) and secondary forest in many items of the ecotope, organization and physiognomy, thus being a unique plant fonnation. which can be characterized as a deciduous, high. closed, and unistratified shrubland intermingled by lianas. with an irregular canopy and sparse. emergent trees.
Article
Full-text available
The floristic composition of the vegetation in the southern part of the Ibiapaba plateau was studied at Novo Oriente, Ceará - Brazil (5°28’ - 5°43’S and 40°52’ - 40º55’W ; 750-850 m altitude). A total of 184 species in 52 families was collected, including herbs, vines, shrubs and trees. Families with the highest number of species were Caesalpiniaceae (17 species), Fabaceae (16 species), Euphorbiaceae (15 species), Myrtaceae (11 species), Bignoniaceae (10 species) and Mimosaceae (9 species). Of 102 shrub and tree species in the area, 24 occurred in both caatinga and cerrado, 29 in cerrado, 17 in caatinga, one in forest and 31 only in carrasco. It is not yet possible to define whether carrasco is a degraded cerradão or a type vegetation on its own. Surveys in other carrasco areas are necessary in order to contribute to solve this problem.
Book
Full-text available
The standard textbook of Vegetation Ecology. A reprint (2002) is available from The Blackburn Press, Caldwell, New Jersey.
Article
Cerrado is the natural vegetation of the poorer soils in central Brazil and covers approximately 23% of the land area of the country. It has a marked seasonal climate and posseses a large characteristic flora of fire-resistant plants including about 800 species of trees and large shrubs. The soils are acidic with low CEC and high levels of Al saturation. They are well drained and the majority are Oxisols (ferrallitic soils). The vegetation ranges from treeless grasslands to closed xeromorphic forests. Attempts have been made to correlate increased density of the woody vegetation with gradients in soil nutrients but the relationship is complex. Two floristically different types of cerrad $\tilde {a}$ o (closed savanna woodland) are associated with mesotrophic and dystrophic soils respectively. Fire is also an important factor in influencing the density of woody vegetation. A distinct commununity of cerrado trees and shrubs occurs in areas where the water table is periodically high. Aluminium is an important factor in cerrado soils and frequently occurs at levels toxic to cultivated plants. On the other hand, the native species are adapted to high Al levels and a number are Al accumulators. Much of the cerrado area is now cultivated. The strategy has been to neutralize the effects of soil acidity and build up soil fertility, mainly by adding P and Ca. Extensive areas have also been turned over to cattle pasture and pine or eucalypt plantations. A plea is made for greater conservation of cerrado areas since, at present, only a small fraction of this vegetation lies within protected reserves.