ArticlePDF Available

Bolton tooth size discrepancy in normal occlusion and in different types of malocclusions and its relationship to arch form and tooth positioning

Authors:
  • Araraquara School of Dentistry, São Paulo State University (Unesp), Araraquara, São Paulo, Brazil

Abstract and Figures

Esta pesquisa teve como objetivo geral avaliar a discrepância de tamanho dentário, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões e a sua relação com as medidas que determinam a forma de arco e o posicionamento dentário na região anterior. Para tanto, foram estudados 185 pares de modelos de gesso, divididos em 4 grupos: Grupo 1 (composto por 41 pares com Oclusão Normal, sendo 20 do gênero masculino e 21 do gênero feminino); Grupo 2 (composto por 44 pares com má oclusão de Classe I, divisão 1, sendo 22 do gênero masculino e 22 do gênero feminino); Grupo 3 (composto por 54 pares com má oclusão de Classe II, sendo 28 do gênero masculino e 26 do gênero feminino) e Grupo 4 (composto por 46 pares com Classe III, sendo 23 do gênero masculino e 23 do gênero feminino). Observou-se que não ocorreu dimorfismo sexual entre as discrepâncias de tamanho dentário e os diferentes tipos de oclusão dentária; as proporções estabelecidas por Bolton não se aplicaram ao grupo com Oclusão Normal; na Oclusão Normal, Classe I, Classe II e Classe III, houve um predomínio de excesso dentário total (RAZ12) no arco inferior; na Classe I houve uma igualdade na distribuição de excesso dentário anterior (RAZ6) nos arcos superior e inferior; na Oclusão Normal, Classe II e Classe III, ocorreu um predomínio de excesso dentário anterior (RAZ6) no arco inferior, em relação ao arco superior; os excessos dentários não contribuíram na ocorrência das más oclusões e as discrepâncias total e anterior (RAZ12 e RAZ6) não interferiram diretamente nas larguras e comprimentos dos arcos, bem como no posicionamento dos dentes anteriores.
Content may be subject to copyright.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 97 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton,
na oclusão normal e nos diferentes tipos de más
oclusões, bem como sua relação com a forma de
arco e o posicionamento dentário*
Luiz Sérgio Carreiro**, Ary Santos-Pinto***, Dirceu Barnabé Raveli***, Lídia Parsekian Martins****
Esta pesquisa teve como objetivo geral avaliar a discrepância de tamanho dentário, na oclusão
normal e nos diferentes tipos de más oclusões e a sua relação com as medidas que determinam
a forma de arco e o posicionamento dentário na região anterior. Para tanto, foram estudados
185 pares de modelos de gesso, divididos em 4 grupos: Grupo 1 (composto por 41 pares com
Oclusão Normal, sendo 20 do gênero masculino e 21 do gênero feminino); Grupo 2 (composto
por 44 pares com má oclusão de Classe I, divisão 1, sendo 22 do gênero masculino e 22 do
gênero feminino); Grupo 3 (composto por 54 pares com má oclusão de Classe II, sendo 28 do
gênero masculino e 26 do gênero feminino) e Grupo 4 (composto por 46 pares com Classe
III, sendo 23 do gênero masculino e 23 do gênero feminino). Observou-se que não ocorreu
dimorfismo sexual entre as discrepâncias de tamanho dentário e os diferentes tipos de oclusão
dentária; as proporções estabelecidas por Boltono se aplicaram ao grupo com Oclusão Normal;
na Oclusão Normal, Classe I, Classe II e Classe III, houve um predomínio de excesso dentário total
(RAZ12) no arco inferior; na Classe I houve uma igualdade na distribuição de excesso dentário an-
terior (RAZ6) nos arcos superior e inferior; na Oclusão Normal, Classe II e Classe III, ocorreu um
predomínio de excesso dentário anterior (RAZ6) no arco inferior, em relação ao arco superior;
os excessos dentários não contribuíram na ocorrência das más oclusões e as discrepâncias total
e anterior (RAZ12 e RAZ6) não interferiram diretamente nas larguras e comprimentos dos
arcos, bem como no posicionamento dos dentes anteriores.
Resumo
Palavras-chave: Discrepância dentária. Dimensões de arco. Oclusão normal. Má oclusão.
Irregularidade de incisivos.
Artigo i nédito
** Professor Adjunto em Ortodontia da Universidade Estadual de Londrina e da Universidade Norte do Paraná.
*** Professor Adjunto do Departamento de Clínica Infantil-Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP.
**** Professora Assistente Doutora do Departamento de Clínica Infantil-Ortodontia da Faculdade de Odontologia de
Araraquara - UNESP.
* Resumo da Tese de Doutorado em Ortodontia (Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP).
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 98 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA
Desde meados do Século XX as discrepâncias
entre o tamanho mesiodistal dos dentes superiores
e inferiores, bem como seus efeitos sobre a oclusão,
têm sido relatados. Vários autores afirmaram que
discrepâncias individuais ou em grupos de dentes
podiam estar associadas ao surgimento de diaste-
mas ou apinhamentos, falta de intercuspidação dos
dentes, alterações na sobressaliência, na sobremor-
dida e na curva de Spee
5,6,8,10,12,18,19,23,27,30,31,32,33,36,37,
38,40,41
. Deste modo, alguns estudos propuseram, a
partir de análises de oclusões normais, proporções
ideais entre o tamanho dos dentes superiores e
inferiores
3,5,6,18,19,20,22
, sendo que o método pro-
posto por Bolton
5
, tornou-se, inegavelmente, um
dos mais difundidos e aceitos no meio ortodônti-
co, principalmente por se tratar de um recurso de
fácil execução e aplicação
1,7,11,16,21,23,24,26,32,34,35,36,40,41
.
Vários estudos foram realizados com o intui-
to de se verificar quais fatores poderiam estar
associados às discrepâncias inter-arcos, como o
dimorfismo sexual
1,2,4,8,9,15,21,25,32,35,41
e a varia-
ção racial
4,11,15,21,25,32,35,39
, cujos resultados obtidos
demonstraram uma falta de consenso entre os
autores. Poucos estudos foram efetuados compa-
rando-se a discrepância de tamanho dentário com
os diferentes tipos de más oclusões
1,7,11,15,16,21,33,35
e,
do mesmo modo, não foi observado consenso nos
resultados obtidos.
PROPOSIÇÃO
O objetivo geral desta pesquisa foi o de avaliar
a discrepância de tamanho dentário nas diferentes
oclusões dentárias e sua relação com os parâme-
tros que determinam a forma de arco e o posicio-
namento dentário na região anterior.
MATERIAL E MÉTODO
Composição e critérios de seleção da
amostra
Foram avaliados 185 pares de modelos de ges-
so, sendo que os mesmos ficaram assim distribuí-
dos: Grupo 1 (composto por 41 pares com oclu-
são normal, sendo 20 do gênero masculino e 21
do gênero feminino); Grupo 2 (composto por 44
pares com oclusão de Classe I, sendo 22 do
gênero masculino e 22 do gênero feminino); Gru-
po 3 (composto por 54 pares com má oclusão de
Classe II, divisão 1, sendo 28 do gênero masculino
e 26 do gênero feminino) e Grupo 4 (composto
por 46 pares com Classe III, sendo 23 do gênero
masculino e 23 do gênero feminino). A amostra
foi obtida dos arquivos do Curso de Especialização
em Ortodontia e Ortopedia Facial, da Universida-
de Estadual de Londrina, Estado do Paraná, e de
arquivos particulares, de clínicas privadas. O crité-
rio utilizado para a classificação das más oclusões
foi dentoesquelético e a avaliação dentária realiza-
da por meio de modelos de estudo, utilizando-se a
classificação de Angle que deveria coincidir com a
avaliação esquelética, que por sua vez foi efetuada
por meio de telerradiografias, onde a relação ânte-
ro-posterior das bases ósseas foi analisada pelo ân-
gulo ANB (pacientes portadores de Classe I e com
Oclusão Normal com ANB de 0 a 4º; pacientes
portadores de Classe II com ANB>4º e pacientes
portadores de Classe III com ANB<-1º).
A amostra foi selecionada ao acaso, de pacientes
leucodermas, de ambos os gêneros e na faixa etária
dos 13 aos 23 anos, em fase inicial do tratamento,
onde nenhum procedimento clínico-terapêutico
havia sido efetuado. Como critério básico para
inclusão na amostra os modelos deveriam apre-
sentar todos os dentes permanentes (de primeiros
molares a primeiros molares do lado oposto, em
ambos os arcos) e foram eliminados aqueles que
apresentaram dentes decíduos, ausência de algum
dente permanente, dentes com grandes mutila-
ções, dentes com restaurações inadequadas, dentes
em estágio eruptivo e mal posicionados, onde não
foi possível uma determinação adequada dos pon-
tos e indivíduos que não eram leucodermas.
Obtenção dos dados
Após a devida calibração do aparelho e do
operador foi iniciado o processo de obtenção dos
dados.
Foram digitalizados pontos pré-determinados
nos modelos de gesso, nos arcos superiores e infe-
riores, utilizando-se como instrumento de medi-
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 99 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
ção o “Digitalizador Tridimensional Microscribe-
3DX” (Fig. 1), sendo que houve um intervalo de
descanso do operador a cada 5 pares de modelos
aferidos.
Registrou-se os pontos mais externos das faces
proximais do primeiro molar ao primeiro molar
do lado oposto, totalizando-se 12 dentes, em am-
bos os arcos.
Também foram digitalizados os pontos centrais
das cúspides dos caninos superiores e inferiores,
bem como foi determinado um ponto “construí-
do” (PC), que representou o centro dos primeiros
molares superiores e inferiores, e que foi obtido
pela média de 4 pontos digitalizados na superfície
oclusal de cada dente (Fig. 2A, B).
Os valores obtidos foram transferidos direta-
mente para uma planilha do “software Excell (Mi-
crosoft)”, na forma de coordenadas X, Y e Z, para
que não houvesse interferência e possibilidade de
erro durante a leitura das medidas.
A partir destas coordenadas foram determina-
das as dimensões mesiodistais dos incisivos cen-
trais, incisivos laterais, caninos, primeiros pré-mo-
lares, segundos pré-molares e primeiros molares,
em ambos os arcos e bilateralmente.
Determinou-se a distância intercaninos (3-3),
cujo objetivo foi analisar as larguras anterior su-
perior (LASUP) e anterior inferior (LAINF) dos
arcos, bem como serviu como referência para a
obtenção dos comprimentos anterior superior
(CASUP) e anterior inferior (CAINF) dos mes-
mos (Fig. 3).
Os quatro pontos digitados em cada face oclu-
sal dos primeiros molares superiores e inferiores
serviram como referência para se determinar os
pontos centrais de cada molar. A partir destes pon-
tos centrais obteve-se a distância intermolares, cujo
objetivo foi analisar as larguras posterior superior
(LPSUP) e posterior inferior (LPINF) dos arcos,
bem como serviu como referência para a obtenção
dos comprimentos posterior superior (CPSUP) e
posterior inferior (LPINF) dos mesmos (Fig. 4).
As distâncias entre os pontos de contato adja-
centes dos quatro incisivos e dos incisivos laterais
com os pontos de contato das faces mesiais dos
caninos inferiores foram registradas, para se de-
FIGURA 1 - Digitalizador Tridimensional Microscribe-3DX, posicionador de
modelos e periféricos.
FIGURA 2 - Pontos digitalizados nas superfícies oclusais do primeiro molar superior direito (A), inferior direito (B) e ponto construído (PC).
PC
PC
A B
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 100 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
terminar o Índice de Irregularidade, proposto por
Little
17
, com o intuito de se quantificar o grau de
apinhamento na região anterior superior (IIRSUP)
e inferior (IIRINF) (Fig. 5).
Em função do Digitalizador Tridimensio-
nal Microscribe-3DX utilizar três coordenadas
(X, Y e Z), optou-se também pela determinação
de um Índice de Irregularidade “corrigido” supe-
rior (IIRCSUP) e inferior (IIRCINF), onde a coor-
denada vertical foi suprimida, eliminando quais-
quer interferências desta nos valores.
De posse destes dados, aplicou-se a análise pro-
posta por Bolton
5
, onde são determinadas inicial-
mente o somatório dos diâmetros mesiodistais dos
dentes anteriores inferiores, dos dentes anteriores
superiores, somatório total dos diâmetros mesio-
distais dos dentes inferiores (do primeiro molar ao
primeiro molar do lado oposto) e total dos dentes
superiores (do primeiro molar ao primeiro molar
do lado oposto). Seguindo seus preceitos, aplicou-
se as fórmulas preconizadas, tanto para o segmen-
to anterior, como para todo o arco, determinan-
do assim a razão anterior (RAZ6), definida pela
proporção entre os 6 dentes anteriores inferiores
pelo superiores, bem como a razão total (RAZ12),
definida pela proporção entre os 12 dentes (do
primeiro molar ao primeiro molar do lado oposto)
inferiores pelo superiores.
Verificação do erro de digitalização (Reprodu-
tibilidade das medidas)
Com o intuito de verificar o erro de digitali-
zação dos pontos, foram redigitalizados 18 pares
de modelos, escolhidos aleatoriamente, de forma
a representar 10% do total da amostra. Estes mo-
delos foram redigitalizados pelo mesmo operador
após 5 meses, mantendo-se as condições iniciais
de trabalho.
Hipóteses testadas
Os objetivos delineados na presente pesquisa
sugerem vários questionamentos ou hipóteses:
1) O pesquisador foi capaz de reproduzir as
medidas utilizadas em sua pesquisa?
2) Nos diferentes tipos de más oclusões ocorre
dimorfismo sexual, em relação à discrepância de
tamanho dentário ou em relação às medidas de
forma de arco e posicionamento dentário?
3) relação entre discrepância de tamanho
dentário com a oclusão normal e os diferentes
tipos de más oclusões?
4) O perfil da discrepância de tamanho den-
tário, em cada grupo de oclusão dentária, foi o
mesmo, segundo as condições de normalidade e
de não normalidade?
5) Cada uma das medidas da discrepância de
FIGURA 4 - Largura e comprimento posterior do arco superior (LPSUP e CPSUP).
CPSUP
LPSUP
FIGURA 3 - Largura e comprimento anterior do arco superior (LASUP e CASUP).
CASUP
LASUP
FIGURA 5 - IIRINF: Índice de Irregularidade de Little17.
IIRINF
AB C DE
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 101 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
tamanho dentário (RAZ12 e RAZ6) pode ser
expressa como uma função linear das medidas que
determinam a forma do arco e o posicionamento
dentário?
RESULTADOS
Calibração do pesquisador
A análise dos dados obtidos na redigitalização
dos 18 pares de modelos mostrou que o pesquisa-
dor estava calibrado quanto à realização das men-
surações efetuadas nesta pesquisa. Os coeficientes
de determinação (R
2
) associados a cada uma das
medidas foram relevantes, pois verificou-se que o
modelo explicou pelo menos 71% da variação dos
dados obtidos na segunda digitação.
Utilizando modelo de regressão linear e teste
de Bartlett, para verificar a hipótese de homo-
cedasticidade, constatou-se que o pesquisador
cometeu somente o erro casual nas mensurações
de cada medida com a mesma precisão, porque as
variâncias associadas a cada erro foram estatistica-
mente iguais entre si.
Influência dos gêneros sobre as medidas, em
cada grupo de oclusão
As médias obtidas para o gênero feminino
foram estatisticamente iguais às obtidas no gênero
masculino. Somente entre as dimensões do arco
dentário (comprimento e largura) é que houve
um aumento significante para o gênero masculi-
no. Entretanto, estas medidas não foram utilizadas
diretamente em comparação às razões anterior e
posterior.
Relação entre os grupos de oclusão dentária,
para todas as medidas
Os valores F
0
relativos às medidas RAZ12,
CASUP, LAINF, LPSUP e LPINF não foram signi-
ficantes, o que implicou que os grupos de oclusão
induziram efeitos iguais sobre essas medidas, isto
é, cada uma dessas medidas apresentou médias
iguais nos quatro tipos de oclusão dentária. A ta-
bela 2 apresentou essas médias, estatisticamente
iguais entre si e pertencentes à mesma classifica-
ção A, para cada uma dessas medidas.
Os valores F
0
relativos às medidas RAZ6,
CPINF, CPSUP, CAINF, LASUP, IIRSUP, IIRINF,
IIRCSUP e IIRCINF foram significantes. Assim,
para cada uma dessas medidas, a hipótese igual-
dade entre as médias nos grupos de oclusão foi
rejeitada. As médias relativas a cada uma dessas
medidas encontram-se na tabela 2 assim como a
classificação correspondente.
Na tabela 2, verificou-se que:
• na medida RAZ6, o grupo com Oclusão Nor-
mal apresentou média estatisticamente igual à do
grupo com Classe I (classificação A) e menor do
que as apresentadas pelos grupos com Classe II e
Classe III;
• na medida CPSUP, a única diferença evi-
dente ocorreu entre o grupo de Oclusão Normal
(classificação A) e o grupo com Classe II (classifi-
cação C);
na medida CPINF, o grupo com Classe III
apresentou média estatisticamente igual à do gru-
po com Classe II (classificação B) e menor do que
as apresentadas pelos grupos com Classe I e Oclu-
são Normal;
• na medida CAINF, a única diferença eviden-
te ocorreu entre o grupo com Oclusão Normal
Tabela 1 - Resumo da análise de variância para a hipótese
sobre os grupos com má oclusão e oclusão normal.
Medida FoP <
RAZ12 0,459 n 0,711
RAZ6 5,077 s 0,002
CPSUP 13,468 s 0,001
CPINF 7,654 s 0,001
CASUP 1,785 n 0,152
CAINF 4,134 s 0,007
LASUP 5,483 s 0,001
LAINF 2,143 n 0,096
LPSUP 1,635 n 0,183
LPINF 2,401 n 0,069
IIRSUP 31,592 s 0,001
IIRINF 14,465 s 0,001
IIRCSUP 27,615 s 0,001
IIRCINF 9,948 s 0,001
s = valor significante; n = valor não significante.
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 102 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
Tabela 2 - Freqüências, médias, desvios-padrão e classificação (Tukey) para as medidas, segundo cada grupo de má oclusão e
oclusão normal (mm).
Medida Grupos de Oclusão N Média Desvio-Padrão Classificação
RAZ12
Normal 41 91,76 2,51 A
Classe I 44 92,13 2,08 A
Classe II 54 92,24 2,56 A
Classe III 46 92,30 2,69 A
RAZ6
Normal 41 78,24 3,40 A,B
Classe I 44 77,14 3,15 A
Classe II 54 79,79 4,24 B
Classe III 46 79,54 4,46 B
CPSUP
Normal 41 30,58 2,30 A
Classe I 44 33,74 2,49 C
Classe II 54 32,39 3,05 B
Classe III 46 31,24 1,61 A,B
CPINF
Normal 41 26,41 2,14 A
Classe I 44 28,59 2,22 B
Classe II 54 27,58 2,49 A,B
Classe III 46 26,65 3,51 A
CASUP
Normal 41 7,95 1,43 A
Classe I 44 8,58 2,18 A
Classe II 54 8,46 1,62 A
Classe III 46 7,92 1,58 A
CAINF
Normal 41 4,63 1,22 A
Classe I 44 5,22 1,31 A,B
Classe II 54 5,50 1,54 B
Classe III 46 4,81 1,75 A,B
LASUP
Normal 41 34,53 1,75 A
Classe I 44 35,99 3,14 B
Classe II 54 34,02 2,70 A
Classe III 46 34,47 2,59 A
LAINF
Normal 41 25,82 1,61 A
Classe I 44 26,81 2,17 A
Classe II 54 26,59 2,21 A
Classe III 46 26,73 2,03 A
LPSUP
Normal 41 48,15 2,31 A
Classe I 44 47,89 3,12 A
Classe II 54 47,48 3,29 A
Classe III 46 48,91 4,68 A
LPINF
Normal 41 41,86 2,25 A
Classe I 44 41,80 2,80 A
Classe II 54 42,39 3,13 A
Classe III 46 43,37 5,70 A
IIRSUP
Normal 41 3,84 2,21 A
Classe I 44 10,66 3,91 C
Classe II 54 8,66 3,59 B
Classe III 46 7,91 2,03 B
IIRINF
Normal 41 3,42 2,17 A
Classe I 44 7,27 3,39 C
Classe II 54 6,25 3,06 B,C
Classe III 46 5,36 3,31 B
IIRCSUP
Normal 41 2,84 2,08 A
Classe I 44 8,15 3,51 C
Classe II 54 6,62 3,49 B
Classe III 46 5,83 2,97 B
IIRCINF
Normal 41 2,61 2,76 A
Classe I 44 4,84 3,81 C
Classe II 54 4,45 2,28 B,C
Classe III 46 3,70 3,12 A,B
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 103 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
(classificação A) e o grupo com Classe II (classi-
ficação B);
na medida LASUP, o grupo com Classe III
apresentou a maior média (classificação B) e os
demais grupos apresentaram médias estatistica-
mente iguais entre si (classificação A);
na medida IIRSUP, os grupos com Classe I
e Classe II apresentaram médias iguais entre si e
maiores (classificação B), o grupo com Oclusão
Normal a menor (classificação A), situando-se o
grupo com Classe II numa posição intermediária
(classificação C);
na medida IIRINF, o grupo com Oclusão
Normal apresentou a menor média (classifica-
ção A).
Estudo das freqüências de não normalidade e
de normalidade da discrepância dentária
O estudo da hipótese de igual ocorrência de
freqüência de valores da discrepância do tamanho
dentário, nas condições de normalidade e de não
normalidade, foi realizado com o auxílio da esta-
tística de quiquadrado (χ
2
) e dos dados constantes
da tabela 3.
A hipótese de igualdade entre as freqüências
relativas das condições de não normalidade aquém
e além da média e da de normalidade foi rejeitada,
após a aplicação da estatística de quiquadrado com
dois graus de liberdade, tanto para a RAZ12 como
para a RAZ6 em cada tipo de oclusão dentária.
Os valores da estatística de quiquadrado apresen-
tados na tabela 7 referem-se ao teste adicional
para a significância às freqüências relativas nume-
ricamente mais próximas, pois a indagação que se
fez presente foi a de que: como as três freqüências,
observadas em cada razão e em cada tipo de oclu-
são dentária, mostraram-se estatisticamente dife-
rentes entre si, o mesmo ocorreu com as que se
apresentaram numericamente próximas?
Na tabela 3, verificou-se que:
• na Oclusão Normal, as freqüências de não
normalidade foram estatisticamente iguais entre
si (p > 0,05) e menores do que a de normalidade
para a RAZ12, enquanto que na RAZ6 a freqüên-
cia de não normalidade aquém da média foi me-
nor do que a de não normalidade além da média
(p < 0,05), que foi menor do que a de normalidade;
• na má oclusão de Classe I, na RAZ12 a freên-
cia de não normalidade aquém da média foi me-
nor do que a de não normalidade além da média
(p < 0,05), que foi menor do que a de normalida-
de, enquanto que na RAZ6, as freqüências de não
normalidade foram estatisticamente iguais entre si
(p > 0,05) e menores do que a de normalidade;
na oclusão de Classe II, na RAZ12 as
freqüências de não normalidade foram estatisti-
camente iguais entre si (p > 0,05) e menores do
que a de normalidade, enquanto que na RAZ6 as
freqüências de normalidade e de não normalidade
além da média foram estatisticamente iguais entre
si (p > 0,05) e maiores do que a da condição de
não normalidade aquém da média;
na má oclusão de Classe III, na RAZ12 as
freqüências de não normalidade foram estatisti-
camente iguais entre si (p > 0,05) e menores do
que a de normalidade, enquanto que na RAZ6 as
freqüências de normalidade e de não normalidade
além da média foram estatisticamente iguais entre
si (p > 0,05) e maiores do que a da condição de
não normalidade aquém da média.
Avaliação se as medidas RAZ12 e RAZ6 po-
dem ser expressas como uma função linear de
medidas que determinam a forma do arco e o
posicionamento dentário na região anterior
A aplicação do modelo de regressão linear aos
dados obtidos de RAZ12 e das outras medidas,
originou a tabela 4, em que as notações B
0
e B
1
referem-se às estimativas dos parâmetros ß
0
e ß
1
do modelo (I), respectivamente.
Na tabela 4, verificou-se que:
a medida RAZ12 não pôde ser expressa como
uma função linear de nenhuma das outra medidas
adotadas nesse estudo porque o coeficiente de de-
terminação (R
2
), que explicou, a partir do modelo
de regressão linear, a variação ocorrida nos valores
obtidos para RAZ12, foi inexpressivo para cada
uma das outras medidas. De fato, o maior valor
obtido para R
2
foi 0,056 para a medida CPINF,
o que significou que o modelo que expressou
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 104 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
RAZ12 como função de CPINF explicou somente
5,6% da variação ocorrida nos valores de RAZ12.
A aplicação do modelo de regressão linear aos
dados obtidos de RAZ6 e das ouras medidas, origi-
nou a tabela 5, aonde as notações B
0
e B
1
referem-
se às estimativas dos parâmetros ß
0
e ß
1
do modelo
(I), respectivamente.
Na tabela 5, verificou-se que:
• a medida RAZ6 não pôde ser expressa como
uma função linear de nenhuma das outra medidas
adotadas nesse estudo porque o coeficiente de de-
terminação (R
2
), que explicou, a partir do modelo
de regressão linear, a variação ocorrida nos valo-
res obtidos para RAZ6, foi inexpressivo para cada
uma das outras medidas. De fato, o maior valor
obtido para R
2
foi 0,043 para a medida CPSUP,
o que significou que o modelo que expressou
RAZ6 como função de CPSUP explicou somente
4,3% da variação ocorrida nos valores de RAZ12.
DISCUSSÃO
Com o intuito de facilitar e agrupar as diferen-
tes abordagens e questionamentos deste estudo,
a discussão do mesmo será efetuada em tópicos
distintos.
Obtenção das medidas
A digitalização dos pontos, nos modelos de ges-
so, foi efetuada com o “Digitalizador Tridimensio-
nal Microscribe-3DX”, cujo aparelho possibilita
uma grande precisão no registro das medidas, bem
como diminui a possibilidade da interferência do
operador, uma vez que a cada ponto digitado os
valores obtidos são transferidos diretamente para
uma planilha do “software Excell (Microsoft)”, na
forma de coordenadas X, Y e Z, impedindo a in-
terferência e possibilidade de erro durante a leitu-
ra das medidas. Hunter, Priest
13
e Shellhart et al.
29
compararam dois métodos de aferição, comumen-
Tabela 3 - Freqüências para a RAZ12 e RAZ6 nas condições segundo os grupos com má oclusão e oclusão normal.
RAZ12 RAZ6
Oclusão Condição Valores FA FR (%) Valores FA FR (%)
Normal
N.Normalidade 84,02 ou menos 1 2,4 73,78 ou menos 2 4,9
Normalidade De 88,53 a 94,97 35 84,4 De 74,30 a 80,36 30 73,1
N.Normalidade 95,66 ou mais 5 13,2 80,47 ou mais 9 22
Total 41 100,0 Total 41 100,0
χ2(1) = 2,877 n, pois p > 0,089 χ2(1) = 5,145 s, pois p < 0,024
CL I
N.Normalidade Não ocorreu 0 0,0 73,77 ou menos 7 15,9
Normalidade De 88,67 a 94,96 39 88,6 De 74,67 a 79,97 30 68,2
N.Normalidade 95,01 ou mais 5 11,4 80,61 ou mais 7 15,9
Total 44 100,0 Total 44 100,0
χ2(1) = 5,301 s, pois p < 0,022 χ2(1) = 0,0 n, pois p > 0,999
CL II
N.Normalidade 87,04 ou menos 2 3,7 73,58 ou menos 4 7,4
Normalidade De 87,97 a 95,00 44 81,5 De 74,17 a 79,65 24 44,5
N.Normalidade 95,09 ou mais 8 14,8 80,61 ou mais 26 48,1
Total 54 100,0 Total 54 100,0
χ2(1) = 0,787 n, pois p > 0,374 χ2(1) = 0,149 n, pois p > 0,699
CL. III
N.Normalidade 87,98 ou menos 1 2,2 73,44 ou menos 4 8,9
Normalidade De 87,61 a 97,70 39 86,7 De 74,09 a 80,29 21 46,7
N.Normalidade 95,18 ou mais 5 11,1 80,53 ou mais 20 44,4
Total 45 100,0 Total 45 100,0
χ2(1) = 2,857 n, pois p > 0,090 χ2(1) = 0,045 n, pois p >0,832
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 105 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
Tabela 4 - Estimativas, erros-padrão (E. P.), coeficiente de determinação (R2) e valores to, Fo e p para o funcionamento linear de
RAZ12, em função das outras medidas avaliadas.
Medida Estimativas E.P. top < Fop < R2
CPSUP B0 = 24,05 7,84 3,04 s 0,002 1,03 n 0,314 0,006
B1 = 0,09 0,09 1,16 n 0,314
CPINF B0 = 4,29 7,00 0,61 n 0,541 10,85 s 0,001 0,056
B1 = 0,25 0,08 3,29 s 0,001
CASUP B0 = 9,99 4,98 2,01 s 0,047 0,12 n 0,726 0,001
B1 = 0,02 0,05 -0,35n 0,726
CAINF B0 = -1,80 3,89 -0,46 n 0,646 3,12 n 0,079 0,017
B1 = 0,07 0,04 1,77 n 0,079
LASUP BO = 20,23 7,33 2,76 s 0,006 3,91 s 0,490 0,021
B1 = 0,16 0,08 1,98 s 0,050
LAINF BO = 14,10 5,77 2,44 s 0,016 4,63 s 0,034 0,025
B1 = 0,14 0,06 2,15 s 0,034
LPSUP BO = 34,99 9,41 3,72 s 0,001 1,94 n 0,167 0,011
B1 =0,14 0,11 1,39 n 0,167
LPINF BO = 22,10 8,99 2,46 s 0,016 5,08 s 0,026 0,027
B1 = 0,22 0,10 2,25 s 0,026
IIRSUP BO = -21,82 11,51 -1,90 n 0,060 6,66 s 0,012 0,035
B1 = 0,32 0,12 2,58 s 0,012
IIRINF BO = -11,66 8,88 -1,31 n 0,191 3,80 n 0,054 0,018
B1 = 0,19 0,10 1,95 n 0,054
IIRCSUP BO = 91,38 0,36 257,75 s 0,001 5,81 s 0,017 0,031
B1 = 0,13 0,05 2,41 s 0,017
IIRCINF BO = 91,44 0,36 256,27 s 0,001 4,75 s 0,031 0,025
B1 = 0,172 0,08 2,18 s 0,031
s = valor significante; n = valor não significante.
te utilizados na Ortodontia, que são o paquímetro
e o compasso de pontas secas e concluíram que
o paquímetro apresentou maior freqüência de re-
sultados repetidos, sendo mais confiável a sua uti-
lização. Do mesmo modo, Schirmer e Wilshire
28
afirmaram que o paquímetro é a melhor forma de
se realizar análise de tamanho dentário.
Dimorfismo sexual
Vários estudos têm relatado a existência de di-
ferenças significativas entre o tamanho de dentes
de homens e mulheres, havendo uma tendência
dos homens a apresentarem dentes maiores no
sentido mesiodistal do que as mulheres
2,4,8,9,15,25,32
,
embora Woodworth et al.
41
tenham encontrado
incisivos inferiores menores no gênero masculino
e molares maiores que o normal no feminino.
Em virtude disso, a primeira avaliação desta
pesquisa foi verificar se ocorre dimorfismo sexual
dentro dos diferentes tipos de más oclusões, em
relação à discrepância de tamanho dentário. Este
procedimento objetivou determinar se podería-
mos agrupar os gêneros dentro de cada grupo es-
pecífico de oclusão ou se haveria necessidade
de uma avaliação separada, para evitar quaisquer
possíveis interferências do gênero.
Dentro do grupo com Oclusão Normal, obser-
vou-se um valor próximo entre as médias obtidas
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 106 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
para a RAZ12 nos gêneros feminino e masculino,
sendo 91,32% e 92,20%, respectivamente, bem
como um valor próximo entre as médias para a
RAZ6, sendo 77,79% e 78,70%, respectivamen-
te, implicando a não ocorrência de dimorfismo
sexual para estas medidas, tornando possível o
agrupamento dos dois gêneros para as demais
comparações. Com base nestes resultados pode-se
afirmar que não ocorreram diferenças significantes
na relação entre os dentes inferiores e superiores,
tanto para a RAZ12 como para a RAZ6, entre os
gêneros, não havendo necessidade de se realizar
estudos separados dos mesmos.
Embora não tenham sido utilizadas como pa-
râmetro para as outras comparações, as demais
medidas analisadas na pesquisa também foram
submetidas à análise de verificação da possível
presença de dimorfismo sexual. Constatou-se que
nos indivíduos portadores de Oclusão Normal os
arcos dentários superiores foram mais largos, tanto
na região anterior como na posterior e os arcos
dentários inferiores foram mais largos apenas na
região posterior, de modo significante, embora to-
das as demais medidas apresentaram-se aumenta-
das no gênero masculino, podendo-se concluir que
é de se esperar a presença de arcos maiores, em
todos os sentidos, no gênero masculino. A única
medida que se apresentou aumentada no gênero
Tabela 5 - Estimativas, erros-padrão (E. P.), coeficiente de determinação (R2) e valores t0, F0 e p para o funcionamento linear de
RAZ6 em função das outras medidas.
Medida Estimativas E.P. top < Fop < R2
CPSUP B0 = 43,61 4,04 10,79 s 0,001 8,23 s 0,005 0,043
B1 = -0,15 0,05 -2,87 s 0,005
CPINF B0 = 26,59 3,79 7,02 s 0,001 0,04 n 0,844 0,001
B1 = 0,009 0,05 0,20 n 0,844
CASUP BO = 13,39 2,59 5,18 s 0,001 3,97 s 0,049 0,021
B1 = -0,07 0,03 -1,99 s 0,049
CAINF BO = 1,68 2,05 0,82 n 0,413 2,76 n 0,099 0,015
B1 = 0,04 0,03 1,66 n 0,099
LASUP BO = 41,17 3,87 10,65 s 0,001 2,79 n 0,096 0,015
B1 = -0,08 0,05 -1,67 n 0,096
LAINF BO = 24,41 3,07 7,96 s 0,001 0,47 n 0,495 0,003
B1 = 0,03 0,04 0,69 n 0,495
LPSUP BO = 45,74 4,97 9,21 s 0,001 0,22 n 0,639 0,001
B1 = 0,03 0,06 0,47 n 0,639
LPINF BO = 34,81 4,76 7,31 s 0,001 2,52 n 0,114 0,014
B1 = 0,10 0,06 1,59 n 0,114
IIRSUP BO = 6,56 6,16 1,07 n 0,288 0,05 n 0,830 0,001
B1 = 0,02 0,08 0,21 n 0,830
IIRINF BO = 2,33 4,71 0,50 n 0,595 0,50 n 0,482 0,003
B1 = 0,04 0,06 0,70 n 0,482
IIRCSUP BO = 78,51 0,59 133,98 s 0,001 0,22 n 0,638 0,001
B1 = 0,04 0,09 0,47 n 0,638
IIRCINF BO = 78,06 0,59 133,31 s 0,001 1,84 n 0,177 0,010
B1 = 0,18 0,13 1,36 n 0,177
s = valor significante; n = valor não significante.
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 107 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
feminino foi a quantidade de apinhamento na re-
gião ântero-inferior (Índice de Irregularidade de
Little), embora sem significância estatística.
No grupo com oclusão de Classe I, obser-
vou-se um valor próximo entre as médias obtidas
para a RAZ12 nos gêneros feminino e masculino,
sendo 91,86% e 92,39%, respectivamente, bem
como um valor próximo entre as médias para a
RAZ6, sendo 77,03% e 77,23%, respectivamente,
implicando a não ocorrência de dimorfismo sexu-
al para estas medidas, tornando possível o agrupa-
mento dos dois gêneros para as demais compara-
ções.
Também nos portadores de má oclusão de
Classe I os arcos dentários superiores foram mais
largos na região anterior, de modo significante,
embora todas as demais medidas apresentaram-se
aumentadas no gênero masculino, conduzindo a
uma conclusão de que é de se esperar uma ten-
dência na presença de arcos maiores, em todos os
sentidos. Em relação ao posicionamento dentário
pode-se afirmar que ocorreu uma maior quantida-
de de apinhamento na região ântero-inferior (ex-
presso pelo Índice de Irregularidade de Little) no
gênero masculino, em portadores de Classe I.
Em relação ao grupo de Classe II, divisão 1, ob-
servou-se um valor próximo entre as médias ob-
tidas para a RAZ12 nos gêneros feminino e mas-
culino, sendo 91,27% e 92,13%, respectivamente,
bem como um valor próximo entre as médias para
a RAZ6, sendo 79,73% e 79,84%, respectivamen-
te, demonstrando a não ocorrência de dimorfismo
sexual para estas medidas. Assim como na Classe I
e no grupo normal, nos portadores de má oclusão
de Classe II, divisão 1, os arcos dentários superio-
res e inferiores apresentaram um comprimento
posterior total aumentado, de modo significante,
no gênero masculino, bem como os arcos superio-
res e inferiores com as larguras anterior e posterior
aumentadas, também de modo significante. Todas
as demais medidas também apresentaram-se au-
mentadas, embora sem significância estatística, no
gênero masculino, conduzindo a uma conclusão
de que é de se esperar a presença de arcos maiores,
em todos os sentidos, neste gênero, em portadores
de má oclusão de Classe II.
Seguindo a mesma seqüência de averiguação,
no grupo com má oclusão de Classe III observou-
se um valor próximo entre as médias obtidas para
a RAZ12 nos gêneros feminino e masculino, sen-
do 91,85% e 92,82%, respectivamente, bem como
um valor próximo entre as médias para a RAZ6,
sendo 79,12% e 80,02%, respectivamente, impli-
cando a não ocorrência de dimorfismo sexual para
estas medidas. Observou-se que nos portadores de
má oclusão de Classe III os arcos dentários inferio-
res apresentaram um maior grau de apinhamento
na região anterior de modo significante no gênero
masculino. Todas as demais medidas também
apresentaram-se aumentadas no gênero masculi-
no, conduzindo a uma conclusão de que é de se
esperar a presença de arcos maiores em todos os
sentidos neste, embora as mesmas não tenham
ocorrido de modo significante.
Relação entre discrepância de tamanho den-
tário com os diferentes tipos de oclusão den-
tária
Uma vez evidenciada a não ocorrência de di-
morfismo sexual entre a discrepância de tamanho
dentário (RAZ12 e RAZ6) dentro dos diferentes
grupos analisados, os dois gêneros foram agrupa-
dos e com isso, pode-se comparar a possível pre-
sença de relação entre os diferentes tipos de más
oclusões (Classe I, Classe II e Classe III, além do
grupo controle com Oclusão Normal) e a presen-
ça, ou não, de discrepância de tamanho dentário.
Embora no Brasil ocorra uma extensa misci-
genação racial da população, o que dificulta o
estabelecimento preciso da origem étnica dos pa-
cientes, neste estudo procurou-se trabalhar apenas
com pacientes leucodermas uma vez que na lite-
ratura há relatos de diferenças significantes entre
as raças
4,11,15,25,32
, tanto nas dimensões, como nas
proporções dos dentes e, em virtude disto, Nie,
Lin
21
e Ta et al.
35
sugerem avaliar-se diferentes ti-
pos raciais separadamente, para minimizar quais-
quer influências. Smith et al.
32
relataram também
que os leucodermas apresentaram a proporção
dentária mais baixa, quando comparados com os
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 108 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
hispânicos e melanodermas, e que estas diferenças
ocorreram em virtude dos segmentos posteriores.
Em relação à razão do somatório de todos os
dentes (RAZ12), não foi encontrada diferença
significante entre os grupos estudados, ou seja, as
médias obtidas para esta medida nos portadores
de Oclusão Normal, de Classe I, de Classe II e de
Classe III (médias de 91,76%; 92,13%; 92,24% e
91,15%, respectivamente) foram muito próximas,
indicando que a relação entre todos os dentes su-
periores com os inferiores não influencia na ocor-
rência das más oclusões. Estes resultados corro-
boram com os achados de Crosby e Alexander
7
,
que observaram que nenhum grupo específico de
má oclusão (Classe I, Classe II, div. 1 e 2 e Classe
III) apresentou significância estatística nas discre-
pâncias encontradas e também com os resultados
encontrados por Freeman et al.
11
, embora não te-
nham dividido a amostra em grupos específicos de
má oclusão. Por outro lado, há relatos na literatura
apresentando resultados estatisticamente signifi-
cantes entre os diferentes tipos de más oclusões e
a discrepância de tamanho dentário
15,16,21,33
, suge-
rindo que esta deve ser um dos fatores importan-
tes na ocorrência das más oclusões, especialmente
nas Classes II e III
21
.
Por outro lado, a razão entre o somatório dos
dentes anteriores superiores e os anteriores in-
feriores (RAZ6) apresentou diferença estatisti-
camente significante entre os grupos estudados,
sendo que os valores obtidos para os portadores
de Oclusão Normal, de Classe I, de Classe II e
de Classe III foram de 78,24%; 77,14%; 79,79%
e 79,54%, respectivamente. Na interpretação dos
resultados, um valor acima de 77,2%, como pro-
posto por Bolton, sugere que o excesso encontra-
se localizado no arco inferior, ou seja, os dentes
ântero-inferiores apresentaram-se aumentados
em seu diâmetro mesiodistal, quando comparados
com os superiores. De acordo com os resultados
deste estudo observou-se que, com exceção dos
portadores de Classe I, todos os demais grupos
apresentaram um valor acima de 77,2%, indican-
do então um excesso dentário no arco inferior.
De acordo com os valores obtidos neste estudo,
o grupo com os portadores de Oclusão Normal
não apresentou diferença estatisticamente signi-
ficante, quando comparado com os demais gru-
pos com má oclusão de Classe I, de Classe II e de
Classe III. O grupo com os portadores de Classe
I apresentou significância estatística igual ao de
Oclusão Normal, mas diferente ao de Classe II e
de Classe III, ou seja, como os valores encontrados
nos dois últimos foram maiores e com significân-
cia, pode-se esperar que os portadores de Classe
II e de Classe III apresentem um valor maior para
a medida RAZ6 que, clinicamente, implica num
maior diâmetro mesiodistal dos dentes ântero-in-
feriores nestes, quando comparados com os por-
tadores de Classe I. Os grupos com os portadores
de Classe II e III apresentaram diferença estatisti-
camente significante apenas com os de Classe I e
foi significantemente igual aos de Oclusão Normal
e entre ambos. Portanto, se há ou não presença de
discrepância significativa dentro destes grupos in-
dividualmente, as mesmas não se manifestaram de
modo a causar uma diferença inter-grupos (Oclu-
são Normal, Classe II e Classe III). Mesmo que
tenha ocorrido diferença significativa dentro des-
tes grupos, individualmente, pode-se observar que
a predominância foi de excesso no arco inferior,
corroborando com os achados de Sperry et al.
33
,
Legovic et al.
16
, Freeman et al.
11
e Klein
14
, embora
estes tenham encontrado diferenças significantes
entre todos os grupos estudados.
Quando comparou-se o comprimento posterior
superior (CPSUP) encontrou-se valores médios de
30,58mm; 33,74mm; 32,39mm e 31,24mm para
os grupos com Oclusão Normal, Classe I, Classe II
e Classe III, respectivamente. Valores maiores in-
dicam que o comprimento total do arco superior
está aumentado e foi observado que os indivíduos
com Oclusão Normal apresentaram um arco esta-
tisticamente igual aos com Classe III e estatistica-
mente diferente aos com Classe I e com Classe II,
sendo que estes tiveram essa medida aumentada.
O grupo com Classe I apresentou o maior CPSUP
entre todos e estatisticamente significante. O gru-
po com Classe II apresentou diferença estatística
dos com Oclusão Normal e com Classe I, sendo
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 109 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
que seu CPSUP foi maior em relação aos porta-
dores de Oclusão Normal, mas menor do que os
portadores de Classe I. O grupo com Classe III
apresentou um CPSUP estatisticamente igual aos
com Oclusão Normal e com Classe II, mas signifi-
cantemente menor do que o com Classe I.
Na comparação do comprimento posterior
inferior (CPINF) obteve-se os valores médios de
26,41mm; 28,59mm; 27,58mm e 26,65mm para
os grupos com Oclusão Normal, Classe I, Classe
II e Classe III, respectivamente. Valores maiores
indicam que o comprimento total do arco inferior
está aumentado e foi observado que os indivíduos
com Oclusão Normal apresentaram um arco esta-
tisticamente igual aos com Classe II e com Classe
III e estatisticamente diferente aos com Classe I,
sendo que neste essa medida manifestou-se au-
mentada. Com base nesses dados, pode-se afirmar
que nos portadores de Oclusão Normal é de se
esperar a presença de arcos inferiores mais curtos
do que nos portadores de Classe I e proporcionais
aos portadores de Classe II e de Classe III. O gru-
po com Classe I apresentou diferença estatística
dos com Oclusão Normal e com Classe III e foi
estatisticamente igual aos com Classe II, sendo
que é de se esperar que portadores de má oclusão
de Classe I apresentem arcos inferiores mais com-
pridos do que portadores de Oclusão Normal e de
Classe III. O grupo com Classe II não apresentou
diferença estatisticamente significante com os de-
mais grupos pesquisados. O grupo com Classe III
apresentou um CPINF estatisticamente igual aos
com Oclusão Normal e com Classe II, mas signifi-
cantemente menor do que o com Classe I.
Em relação à medida CASUP não foi encon-
trada diferença significante entre os grupos estu-
dados, ou seja, as médias obtidas nos portadores
de Oclusão Normal, Classe I, Classe II e Classe
III (7,95mm; 8,58mm; 8,46mm e 7,92mm, res-
pectivamente) indicam que o comprimento an-
terior do arco superior não apresenta um padrão
de comportamento específico, de acordo com os
diferentes tipos de más oclusões, bem como nos
portadores de Oclusão Normal.
Quando comparou-se o comprimento anterior
inferior (CAINF) obteve-se os valores médios de
4,63mm; 5,22mm; 5,50mm e 4,81mm para os
grupos com Oclusão Normal, Classe I, Classe II e
Classe III, respectivamente. Valores maiores indi-
cam que o comprimento anterior do arco inferior
está aumentado e foi observado que os indivíduos
com Oclusão Normal apresentaram um arco esta-
tisticamente igual aos com Classe I e com Classe
III e estatisticamente diferente aos com Classe II,
sendo que neste essa medida foi maior. Com base
nesses dados pode-se afirmar que nos portadores
de Oclusão Normal é de se esperar a presença ar-
cos inferiores mais curtos, em sua região anterior,
do que nos portadores de Classe II. Os grupos com
Classe I e com Classe III não apresentaram dife-
rença estatisticamente significante com os demais
grupos. O grupo com Classe II teve seu compri-
mento anterior maior, de modo estatisticamente
significante, em relação ao com Oclusão Normal e
foi estatisticamente igual aos portadores de Classe
I e de Classe III.
Na comparação da largura anterior superior
(LASUP) (com valores médios de 34,53mm;
35,98mm; 34,02mm e 34,47mm para os gru-
pos com Oclusão Normal, Classe I, Classe II e
Classe III, respectivamente), da largura anterior in-
ferior (LAINF) (com valores médios de 25,82mm;
26,81mm; 26,59mm e 26,72mm para os gru-
pos com Oclusão Normal, Classe I, Classe II e
Classe III, respectivamente), da largura poste-
rior superior (LPSUP) (com valores médios de
48,15mm; 47,89mm; 47,48mm e 48,90mm para
os grupos com Oclusão Normal, Classe I, Classe
II e Classe III, respectivamente) e da largura pos-
terior inferior (LPINF) (com valores médios de
41,86mm; 41,80mm; 42,39mm e 44,02mm para
os grupos com Oclusão Normal, Classe I, Classe
II e Classe III, respectivamente) observou-se que
não ocorreu nenhuma diferença estatisticamente
significante entre essas medidas e os diferentes
grupos pesquisados, ou seja, não houve relação
entre as larguras dos arcos superiores e inferiores,
tanto na região anterior como na posterior, com os
diferentes tipos de má oclusão e com os portado-
res de Oclusão Normal.
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 110 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
Na avaliação do índice de irregularidade no
arco superior (IIRSUP), que quantifica o apinha-
mento na região ântero-superior, obteve-se os
valores médios de 3,84mm; 10,66mm; 8,66mm
e 5,90mm para os grupos com Oclusão Normal,
Classe I, Classe II e Classe III, respectivamente.
Quanto maior o valor obtido para esta medida
significa que há um maior desarranjo dos inci-
sivos e dos caninos em seus respectivos arcos
dentários. Foi observado que os indivíduos com
Oclusão Normal foram os que apresentaram o
menor índice de todos, como esperado. O grupo
com Classe I apresentou o maior IIRSUP entre
todos e com significância estatística, indicando
que este tipo de má oclusão apresenta maior pre-
dominância do apinhamento na região anterior.
Os grupos com Classe II e com Classe III foram
iguais entre si, mas abaixo do com Classe I. De
acordo com a classificação do grau de apinhamen-
to proposta por Little
17
, pode-se afirmar que os
portadores de Oclusão Normal apresentaram uma
irregularidade mínima, os portadores de Classe I
uma irregularidade muito severa, os portadores
de Classe II uma irregularidade severa e os porta-
dores de Classe III uma irregularidade moderada
para o arco superior.
Na comparação do índice de irregularidade
no arco inferior (IIRINF), que quantifica o api-
nhamento na região ântero-inferior, obteve-se os
valores médios de 3,42mm; 7,27mm; 6,25mm e
3,80mm para os grupos com Oclusão Normal,
Classe I, Classe II e Classe III, respectivamente.
Seguindo o mesmo tipo de interpretação pode-se
afirmar que quanto maior o valor obtido para esta
medida significa que há um maior desarranjo dos
incisivos e dos caninos em seus respectivos arcos
dentários. Não foram realizadas comparações in-
terarcos e seus respectivos grupos de oclusão
mas, de um modo geral, pode-se observar que os
valores obtidos para o arco inferior foram meno-
res, em todos os grupos pesquisados, do que no
superior, indicando um menor desarranjo. Como
esperado os indivíduos com Oclusão Normal fo-
ram os que apresentaram o menor índice. O grupo
com Classe I apresentou o maior IIRINF entre to-
dos, indicando uma quantidade maior de apinha-
mento, embora tenha sido estatisticamente igual
ao com Classe II e diferente estatisticamente dos
grupos com Oclusão Normal e Classe III. O grupo
com Classe II foi igual estatisticamente aos grupos
com Classe I e com Classe III, e diferente estatis-
ticamente apenas do grupo com Oclusão Normal,
indicando que é de se esperar uma maior quan-
tidade de apinhamento na região ântero-inferior
nos portadores de Classe II, em relação apenas à
Oclusão Normal. O grupo com Classe III foi igual
estatisticamente ao com Classe II, mas com di-
ferença estatística entre os grupos com Oclusão
Normal e com Classe I, sendo que seus valores
estiveram acima do com Oclusão Normal, indi-
cando uma maior quantidade de apinhamento na
região ântero-inferior, mas abaixo do com Classe I,
indicando que, embora ocorram apinhamentos na
região ântero-inferior nestes grupos de má oclusão
é de se esperar que estes se manifestem em me-
nor quantidade do que nos portadores de Classe
I. Aplicando-se a classificação do grau de apinha-
mento proposta por Little
17
, pode-se afirmar que
os portadores de Oclusão Normal e de Classe III
apresentaram uma irregularidade mínima, os por-
tadores de Classe I uma irregularidade severa e os
portadores de Classe II uma irregularidade mode-
rada para o arco inferior.
Quando comparou-se o índice de irregulari-
dade “corrigido” no arco superior (IIRCSUP), ob-
teve-se os valores médios de 2,84mm; 8,15mm;
6,62mm e 5,83mm para os grupos com Oclusão
Normal, Classe I, Classe II e Classe III, respecti-
vamente. Quanto maior o valor obtido para esta
medida significa que há um maior desarranjo dos
incisivos e dos caninos em seus respectivos arcos
dentários. Embora não tenham sido feitas compa-
rações entre os índices “corrigido” e “não corrigi-
do”, observou-se que todas as medidas “corrigidas”
apresentaram-se sistematicamente diminuídas, ou
seja, neste grupo a quantidade de apinhamento
observado foi menor e isso deveu-se à eliminação
da coordenada vertical no instrumento de medi-
ção. Analisando-se os resultados obtidos, foi obser-
vado que os indivíduos com Oclusão Normal fo-
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 111 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
ram os que apresentaram o menor índice de todos,
como esperado. O grupo com Classe I apresentou
o maior IIRCSUP entre todos e com significância
estatística. Os grupos com Classe II e com Classe
III foram iguais entre si, estatisticamente, e seus
valores estiveram acima do com Oclusão Normal,
indicando uma maior quantidade de apinhamento
na região anterior, mas abaixo do com Classe I. De
acordo com a classificação do grau de apinhamen-
to proposta por Little
17
, pode-se afirmar que os
portadores de Oclusão Normal apresentaram uma
irregularidade mínima, os portadores de Classe I
uma irregularidade severa e os portadores de Clas-
se II e de Classe III uma irregularidade moderada
para o arco superior.
Quando comparou-se o índice de irregularida-
de corrigido no arco inferior (IIRCINF), obteve-se
os valores médios de 2,61mm; 4,84mm; 4,45mm
e 3,70mm para os grupos com Oclusão Normal,
Classe I, Classe II e Classe III, respectivamente.
Observou-se, também, que os indivíduos com
Oclusão Normal foram os que apresentaram o
menor índice de todos, embora sem significância
estatística quando comparado com os portadores
de Classe III e diferente estatisticamente dos de-
mais. O grupo com Classe I apresentou o maior
IIRCINF entre todos, indicando uma quantidade
maior de apinhamento, embora tenha sido esta-
tisticamente igual ao com Classe II e diferente es-
tatisticamente dos grupos com Oclusão Normal e
Classe III. O grupo com Classe II foi igual estatis-
ticamente aos grupos com Classe I e com Classe
III, e diferente estatisticamente apenas do grupo
com Oclusão Normal, indicando que é de se es-
perar uma maior quantidade de apinhamento na
região ântero-inferior nos portadores de Classe II,
em relação à Oclusão Normal. O grupo com Clas-
se III foi igual estatisticamente aos grupos com
Classe II e com Oclusão Normal, mas com dife-
rença estatística com o grupo com Classe I, sendo
que seus valores estiveram abaixo do com Classe
I, indicando uma menor quantidade de apinha-
mento na região ântero-inferior e situado entre os
portadores de Oclusão Normal (acima) e os com
Classe II (abaixo). Aplicando-se a classificação do
grau de apinhamento proposta por Little
17
, pode-
se afirmar que os portadores de Oclusão Normal
e de Classe III apresentaram uma irregularidade
mínima e os portadores de Classe I e de Classe II
uma irregularidade moderada no arco inferior.
Quando da análise de todos os índices de irre-
gularidade (IIRSUP, IIRINF, IIRCSUP e IIRCINF),
pode-se observar uma diferença nos valores obti-
dos entre os índices “corrigidos” (IIRCSUP e IIR-
CINF) e os “não corrigidos” (IIRSUP e IIRINF).
Este fato nos leva a ressaltar a importância de se
realizar uma adequação na utilização do Digita-
lizador MICROSCRIBE-3DX, quando forem ne-
cessários a avaliação e o estudo bidimensional de
estruturas tridimensionais, uma vez que poder-se-á
estar embutindo coordenadas e, conseqüentemen-
te valores, que poderão interferir nos resultados
obtidos.
Especificidade na localização da discrepância
de tamanho dentário de acordo com os gru-
pos de oclusão dentária
Após determinada a ocorrência de diferenças
entre os grupos, especialmente para as medidas
RAZ12 (Fig. 6) e RAZ6 (Fig. 7), procurou-se es-
tabelecer se uma especificidade na localização
das discrepâncias, em cada grupo específico de
oclusão dentária.
A maioria dos trabalhos encontrados na litera-
tura relatam a ocorrência de discrepância de ta-
manho dentário nos diferentes tipos de más oclu-
sões
15,16,21,33
, sendo que Sperry et al.
33
compararam
portadores de Classe III e Classe I, onde consta-
taram um maior número de casos com excesso
mandibular, sugerindo ainda que a magnitude do
excesso era maior nos portadores de prognatismo
mandibular. Com resultados similares, Araújo e
Wilhelm
1
observaram excesso no arco inferior, em
portadores de Classe I e Classe II, tanto na região
anterior como em todo o arco. Legovic et al.
16
en-
contraram um predomínio de excesso ântero-infe-
rior nos portadores de Classe I e de Classe II, div. 1
e div. 2, bem como, Klein
14
relatou um caso clínico
com Classe II, div.1, apresentando também excesso
no arco inferior. De um modo geral e baseado nos
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 112 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
relatos encontrados na literatura, pode-se observar
que não houve uma especificidade na ocorrência
dos excessos e estes tiveram um predomínio de
manifestação no arco inferior, independentemente
da má oclusão.
No presente estudo, observou-se que em re-
lação à razão do somatório de todos os dentes
(RAZ12) não foi encontrada diferença significante
entre os grupos estudados, ou seja, as médias ob-
tidas para esta medida nos portadores de Oclusão
Normal, Classe I, Classe II e Classe III (médias de
91,76%; 92,13%; 92,24% e 91,15%, respectiva-
mente) indicam que a relação entre todos os den-
tes superiores com os inferiores não influenciou
na ocorrência das más oclusões.
Nas avaliações intragrupos, em relação à me-
dida RAZ12, de acordo com a tabela 3, figura 6 e
figura 7 foram analisadas as distribuições das fre-
qüências de normalidade e não normalidade, sen-
do que a não normalidade refere-se aos excessos
dentários com significância clínica, ou seja, aque-
les situados acima de dois desvios-padrão (1,91
x 2 = 3,82) e a normalidade também pode ex-
pressar excessos superior ou inferior, mas situada
dentro de dois desvios-padrão. Observou-se que
no grupo com Oclusão Normal as freqüências dos
excessos, além da variação de normalidade, foram
estatisticamente iguais entre si, ou seja, ocorreu
um equilíbrio na distribuição dos excessos entre
os arcos superiores e inferiores, embora tenham
ocorrido, de modo significante, em menor freqü-
ência do que as condições de excesso dentro da
normalidade, que foi predominante neste grupo.
Do total de 41 indivíduos portadores de Oclusão
Normal, observou-se a ocorrência de 46,3% de ex-
cesso no arco superior, sendo que deste total 2,4%
foram além da variação de normalidade e 53,7%
de excesso no arco inferior, sendo que deste total
13,2% estiveram situados além da variação de nor-
malidade.
No grupo com Classe I, as freqüências de nor-
malidade e não normalidade apresentaram dife-
rença estatística entre si, indicando que os exces-
sos ocorreram de modo significante dentro deste
grupo de oclusão. Analisando os valores obti-
dos, pode-se observar que houve um predomínio
das medidas dentro da normalidade, com 88,6%
da ocorrência total, sendo que 11,4% deste grupo
apresentou excesso, além da variação de normali-
dade, no arco inferior e nenhum indivíduo pesqui-
FIGURA 6 - Distribuição dos excessos superior e inferior (RAZ12).
2,4
43,9










31,8
3,7 2,2
24,5
62,2
11,1
27,8
53,7
40,5
13,2 11,4 14,8
56,8
/CLUSâO.ORMAL
#LASSE)
#LASSE))
#LASSE)))

Excesso Maxilar (além da variação de normalidade)
Excesso Maxilar (dentro da variação de normalidade)
Excesso Maxilar (dentro da variação de normalidade)
Excesso Maxilar (dentro da variação de normalidade)
$)342)"5)§/$/3%8#%33/32!:
DISTRIBUIÇÃO DOS EXCESSOS (RAZ12)
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 113 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
sado teve seu arco superior com excesso além des-
ta variação. Do total de 44 indivíduos portadores
de má oclusão de Classe I, observou-se a ocorrên-
cia de 31,8% de excesso no arco superior, sendo
que deste total nenhum foi além da variação de
normalidade e 68,2% de excesso no arco inferior,
sendo que deste total 11,4% estiveram situados
além da variação de normalidade, ou seja, apre-
sentaram excesso com significância clínica.
No grupo com Classe II as freqüências dos ex-
cessos, além da variação de normalidade, foram
estatisticamente iguais entre si, ou seja, ocorreu
um equilíbrio na distribuição dos excessos entre
os arcos superiores e inferiores, embora tenham
ocorrido, de modo significante, em menor freqü-
ência do que as condições de excesso dentro da
normalidade, que foi predominante neste grupo,
semelhante ao ocorrido com o grupo de Oclusão
Normal. Analisando os valores obtidos, pode-se
observar que houve um predomínio das medidas
dentro da normalidade, com 81,5% da ocorrên-
cia total, sendo que 14,8% apresentou excesso,
além da variação de normalidade, no arco infe-
rior e 3,7% deste grupo apresentou excesso, além
da variação de normalidade, no arco superior.
Do total de 54 indivíduos portadores de má oclu-
são de Classe II, observou-se a ocorrência de 31,5%
de excesso no arco superior, sendo que deste total
3,7% foi além da variação de normalidade e 68,5%
de excesso no arco inferior, sendo que deste to-
tal 14,8% estiveram situados além da variação de
normalidade, ou seja, apresentaram excesso com
significância clínica.
Similarmente ao ocorrido com os portadores
de Oclusão Normal e de Classe II, no grupo com
Classe III as freqüências dos excessos, além da
variação de normalidade, foram estatisticamente
iguais entre si, ou seja, ocorreu um equilíbrio na
distribuição dos excessos entre os arcos superiores
e inferiores, embora tenham ocorrido, de modo
significante, em menor freqüência do que as con-
dições de excesso dentro da normalidade, que foi
predominante neste grupo. Analisando os valores
obtidos, pode-se observar que também houve um
predomínio das medidas dentro da normalidade,
com 86,7% da ocorrência total, sendo que 11,1%
apresentou excesso, além da variação de norma-
lidade, no arco inferior e 2,2% deste grupo apre-
sentou excesso, além da variação de normalidade,
no arco superior. Do total de 45 indivíduos porta-
FIGURA 7 - Distribuição dos excessos superior e inferior (RAZ6).
22
15,9
48,1
44,4
39
38,6
24,1
28,9
29,6
20,4
17,8
4,9
15,9
7,4
8,9
34,1
Excesso Maxilar (além da variação de normalidade)
Excesso Maxilar (dentro da variação de normalidade)
Excesso Maxilar (dentro da variação de normalidade)
Excesso Maxilar (dentro da variação de normalidade)
DISTRIBUIÇÃO DOS EXCESSOS (RAZ6)
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 114 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
dores de oclusão de Classe III, observou-se a
ocorrência de 26,7% de excesso no arco superior,
sendo que deste total 2,2% foi além da variação de
normalidade e 73,3% de excesso no arco inferior,
sendo que deste total 11,1% estiveram situados
além da variação de normalidade, ou seja, apre-
sentaram excesso com significância clínica.
Em relação à razão do somatório dos dentes
anteriores (RAZ6), observou-se uma diferença
estatisticamente significante entre os grupos estu-
dados, sendo que as médias obtidas para os por-
tadores de Oclusão Normal, Classe I, Classe II e
Classe III foram de 78,24%, 77,14%, 79,79% e
79,54%, respectivamente, indicando uma possível
interferência da relação dos dentes anteriores nos
diferentes grupos estudados, o que foi determina-
do pelas avaliações intragrupos.
Para a medida RAZ6, de acordo com a tabe-
la 3 e a figura 7, foram analisadas as distribuições
das freqüências de normalidade e não normali-
dade, sendo que a não normalidade refere-se aos
excessos dentários com significância clínica, ou
seja, aqueles situados acima de dois desvios-pa-
drão (1,65 x 2 = 3,3) e a normalidade também
pode expressar excessos superior ou inferior, mas
situada dentro de dois desvios-padrão. Obser-
vou-se que, no grupo com Oclusão Normal, as
freqüências de normalidade e não normalidade,
tanto aquém como além dos valores, apresenta-
ram diferença estatística entre si, indicando que
os excessos ocorreram de modo significante den-
tro deste grupo pesquisado. Analisando os valores
pode-se observar que houve um predomínio das
medidas dentro da normalidade, com 73,1% da
ocorrência total, sendo que 22% deste grupo apre-
sentou excesso, além da variação de normalidade,
no arco inferior e apenas 4,9% teve seu arco supe-
rior com excesso além desta variação. Do total de
41 indivíduos com Oclusão Normal, observou-se
a ocorrência de 39% de excesso no arco superior,
sendo que deste total 4,9% foi além da variação
de normalidade e 61% de excesso no arco inferior,
sendo que deste total 22% estiveram situados além
da variação de normalidade, ou seja, apresentaram
excesso com significância clínica. De acordo com
estes dados pode-se afirmar que os valores propos-
tos por Bolton
5
, para a RAZ6, não se enquadraram
nesta amostra de Oclusão Normal, corroborando
com os valores encontrados por Heusdens et al.
12
No grupo com Classe I as freqüências dos ex-
cessos, além da variação de normalidade, foram
estatisticamente iguais entre si, ou seja, ocorreu
um equilíbrio na distribuição dos excessos entre
os arcos superiores e inferiores, embora tenham
ocorrido, de modo significante, em menor freqü-
ência do que as condições de excesso dentro da
normalidade, que foi predominante neste grupo.
Analisando os valores pode-se observar que houve
um predomínio das medidas dentro da normali-
dade, com 68,2% da ocorrência total, sendo que
15,9% apresentou excesso, além da variação de
normalidade, no arco inferior e 15,9% deste grupo
apresentou excesso, além da variação de normali-
dade, no arco superior. Do total de 44 indivíduos
portadores de má oclusão de Classe I, observou-se
a ocorrência de 45,5% de excesso no arco superior,
sendo que deste total 15,9% foi além da variação
de normalidade e 54,5% de excesso no arco in-
ferior, sendo que deste total 15,9% estiveram si-
tuados além da variação de normalidade, ou seja,
apresentaram excesso com significância clínica.
No grupo com Classe II as freqüências dos
excessos, além da variação de normalidade, foram
estatisticamente diferentes entre si, sendo que
teve um predomínio na ocorrência dos excessos
no arco inferior, embora este tenha sido estatisti-
camente igual as condições de excesso dentro da
normalidade que, por sua vez, também foi diferen-
te estatisticamente dos excessos no arco superior,
apresentado-se aumentada. Analisando os valores
obtidos, pode-se observar que houve um maior
valor para as medidas além da normalidade, no
arco inferior, com 48,1% da ocorrência total, sen-
do que 44,5% esteve dentro da variação de nor-
malidade e 7,4% deste grupo apresentou excesso,
além da variação de normalidade, no arco superior.
Do total de 54 indivíduos portadores de má oclu-
são de Classe II, observou-se a ocorrência de 27,8%
de excesso no arco superior, sendo que deste total
7,4% foi além da variação de normalidade e 72,2%
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 115 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
de excesso no arco inferior, sendo que deste to-
tal 48,1% estiveram situados além da variação de
normalidade, ou seja, apresentaram excesso com
significância clínica.
Similarmente ao ocorrido no grupo com Clas-
se II, no com Classe III as freqüências dos excessos,
além da variação de normalidade, foram estatis-
ticamente diferentes entre si, sendo que também
teve um predomínio na ocorrência dos excessos
no arco inferior, embora este tenha sido estatisti-
camente igual às condições de excesso dentro da
normalidade que, por sua vez, também foi dife-
rente estatisticamente dos excessos no arco su-
perior, apresentado-se aumentada. Analisando os
valores obtidos, pode-se observar que houve um
maior valor para as medidas dentro da variação
de normalidade, com 46,7% da ocorrência total,
sendo que 44,4% apresentou excesso no arco in-
ferior, além da variação de normalidade e 8,9%
deste grupo apresentou excesso, além da variação
de normalidade, no arco superior. Do total de 45
indivíduos portadores de má oclusão de Classe III,
observou-se a ocorrência de 26,7% de excesso no
arco superior, sendo que deste total 8,9% foi além
da variação de normalidade e 73,3% de excesso
no arco inferior, sendo que deste total 44,4% esti-
veram situados além da variação de normalidade,
ou seja, apresentaram excesso com significância
clínica.
De um modo geral, a medida RAZ12 indicou
que os grupos estudados foram iguais estatistica-
mente, apresentando um predomínio de excesso
no arco inferior, sendo este mais evidente nos por-
tadores de Classe III, Classe II, Classe I e Oclusão
Normal, sucessivamente. Na avaliação intragrupo,
os grupos com os portadores de Oclusão Normal,
Classe I e Classe II apresentaram resultados seme-
lhantes estatisticamente, uma vez que os exces-
sos, além da variação de normalidade, foram iguais
entre si, diferindo apenas da ocorrência de exces-
sos dentro da variação de normalidade. Apenas os
portadores de Classe I tiveram um excesso signifi-
cante no arco inferior, além da variação de norma-
lidade, maior do que no arco superior, sendo que
este não teve nenhum caso registrado.
Por outro lado, a medida RAZ6 indicou que
os grupos estudados apresentaram diferenças sig-
nificantes entre os mesmos, prevalecendo tam-
bém o excesso no arco inferior, sendo que este foi
mais evidente nos portadores de Classe II, Classe
III, Oclusão Normal e Classe I, sucessivamente.
O excesso no arco inferior, além da variação de
normalidade, foi predominante, quando compara-
do com o arco superior, nos portadores de Classe
II, Classe III e também com Oclusão Normal. Di-
ferentemente, na Classe I a distribuição entre os
excessos superiores e inferiores foi eqüitativa.
Influência da discrepância de tamanho den-
tário na forma do arco e no posicionamento
dentário
Outro questionamento inicial da pesquisa foi
se as discrepâncias de tamanho dentário, repre-
sentadas pelas medidas RAZ12 e RAZ6, exercem
algum tipo de influência sobre as demais medidas
analisadas. Para tal aplicou-se a regressão linear
para a RAZ12 (Tab. 4) e para a RAZ6 (Tab. 5),
separadamente.
Um aspecto importante que deve ser conside-
rado é que a forma dos arcos e o posicionamento
dentário são influenciados por fatores ambientais
e devido a isso, a possível influência da discrepân-
cia de tamanho dentário nestes exige uma inter-
pretação mais cuidadosa.
De acordo com a tabela 4, analisou-se primei-
ramente a possível influência da RAZ12 sobre os
comprimentos posterior e anterior, as larguras pos-
terior e anterior e o posicionamento dentário na
região anterior, em ambos os arcos. Constatou-se
que ocorreram valores com significância estatística
para várias medidas como CPINF, LASUP, LAINF,
LPINF, IIRSUP, IIRCSUP e IIRCINF, mas como
o coeficiente de determinação (R
2
) foi inexpressi-
vo para todas as medidas, não foi possível afirmar
que a RAZ12 exerceu algum tipo de influência
efetiva sobre todas as que obtiveram significância
estatística.
Do mesmo modo e de acordo com a tabela 5,
analisou-se a possível influência da RAZ6 sobre
as dimensões e o apinhamento. Constatou-se que
A discrepância de tamanho dentário, de Bolton, na oclusão normal e nos diferentes tipos de más oclusões, bem como sua relação com a forma de arco e o posicionamento dentário
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 116 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
ocorreram valores com significância estatística
para as medidas CPSUP e CASUP, mas como o
coeficiente de determinação (R
2
) também foi inex-
pressivo para todas as medidas, assim como para a
RAZ12, não foi possível afirmar que a RAZ6 exer-
ceu algum tipo de influência efetiva sobre todas as
que obtiveram significância estatística.
CONCLUSÕES
Baseado na amostra estudada, na condição em
que foi desenvolvido este estudo e de acordo com
os resultados apresentados, parece-nos lícito con-
cluir que:
1) Não ocorreu dimorfismo sexual entre as
discrepâncias de tamanho dentário e os diferentes
tipos de oclusão dentária.
2) As proporções estabelecidas por Bolton não
se aplicaram perfeitamente ao grupo de Oclusão
Normal, sugerindo que novos estudos devam ser
realizados com o intuito de se estabelecer um pa-
drão para brasileiros leucodermas.
3) Na Oclusão Normal, Classe I, Classe II e
Classe III, ocorreu um predomínio de excesso
dentário total (RAZ12) no arco inferior, em rela-
ção ao arco superior.
4) Na Classe I houve uma igualdade na distri-
buição de excesso dentário anterior (RAZ6) nos
arcos superior e inferior.
5) Na Oclusão Normal, Classe II e Classe III,
ocorreu um predomínio de excesso dentário ante-
rior (RAZ6) no arco inferior, em relação ao arco
superior.
6) Os excessos dentários não contribuíram
para a ocorrência das más oclusões.
7) As discrepâncias total e anterior (RAZ12 e
RAZ6) não se correlacionaram significantemente
com as larguras anterior e posterior e nos compri-
mentos anterior e posterior dos arcos, bem como
no posicionamento dos dentes anteriores.
Enviado em: Junho de 2003
Revisado e aceito: Setembro de 2003
Bolton tooth size discrepancy in normal occlusion and in different types of malocclu-
sions and its relationship to arch form and tooth positioning
Abstract
The general purpose of this study was to evaluate tooth size discrepancy in normal occlusion and in different
malocclusion types and its relationship to measurements which determine arch form and anterior tooth po-
sitioning. One hundred and eighty five sets of casts of leucoderms were divided into four groups: Group 1
(consisted of 41 pairs of models with Normal Occlusion, 20 males and 21 females); Group 2 (consisted of 44
pairs of models with Class I malocclusion, 22 males and 22 females); Group 3 (consisted of 54 pairs of models
with Class II, div. 1, malocclusion, 28 males and 26 females) and Group 4 (consisted of 46 pairs of models
with Class III malocclusion, 23 males and 23 females). No sexual dimorphism was observed between tooth
size discrepancies and different types of dental occlusion; the proportions stated by Bolton were not applied
to the Normal Occlusion group; in Normal Occlusion, Class I, Class II and Class III there was an overall ratio
excess in the lower arch; in Class I there was an equal anterior excess distribution in upper and lower arches; in
Normal Occlusion, Class II and Class III there was a prevalent incidence of anterior ratio excess in lower arch;
upper arch excess did not contribute to malocclusion occurrence and overall and anterior discrepancies did not
interfere with arch width and length, as well as with anterior tooth positioning
Key words: Tooth size discrepancy. Arch dimensions. Normal occlusion. Malocclusion. Incisor irregularity.
CARREIRO, L. S.; SANTOS-PINTO, A.; RAVELI, D. B.; MARTINS, L. P.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 117 Maringá, v. 10, n. 3, p. 97-117, maio/jun. 2005
1. ARAÚJO, L. G.; WILHELM, R. S. Incidência da discrepância de
Bolton. RGO, Porto Alegre, v. 34, n. 2, p. 160-168, mar./abr.
1986.
2. ARYA, B. S. et al. Relation of sex and occlusion to mesiodistal
tooth size. Am J Orthod, St. Louis, v. 66, no. 5, p. 479-486,
Nov. 1974.
3. BALLARD, M. L. A fifth column within normal dental occlusion.
Am J Orthod, St. Louis, v. 42, p.116-124, 1956.
4. BISHARA, S. E. et al. Comparisons of mesiodistal and bucco-
lingual crown dimensions of the permanent teeth in three po-
pulations from Egypt, México, and the United States. Am J Or-
thod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 96, no. 5, p. 416-422,
Nov. 1989.
5. BOLTON, W. A. Disarmony in tooth size and its relation to the
analysis and treatment of malocclusion. Am J Orthod, St. Louis,
v. 28, no. 3, p.113-130, July 1958.
6. BOLTON, W. A. The clinical aplication of a tooth-size analysis.
Am J Orthod, St. Louis, v. 48, no. 7, p. 504-529, July 1962.
7. CROSBY, D. A.; ALEXANDER, C.G. The occurrence of a tooth-
size discrepancies among differents malocclusion groups. Am J
Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 95, no. 6, p. 457-461.
Jan. 1991.
8. DORIS, J. M.; BERNARD, B. W.; KUFTINEC, M. M. A biome-
tric study of a tooth-size and dental crowding. Am J Orthod,
St. Louis, v. 79, no. 3, p. 326-336, Mar. 1981.
9. FASTLICHT, J. Crowding of mandibular incisors. Am J Orthod,
St. Louis , v. 58, no. 2, p.153-163, Aug. 1970.
10. FIELDS, H. W. Orthodontic–restorative treatment for relative
mandibular anterior excess tooth-size problems. Am J Orthod,
St. Louis, v. 79, no. 2, p. 176-183, Feb. 1981.
11. FREEMAN, J. E.; MASKERONI, A. J.; LORTON, L. Frequence
of Bolton tooth-size discrepancies among orthodontic patients.
Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 110, no. 1,
p. 24-27, July 1996.
12. HEUSDENS, M.; DERMAUT, L.; VERBEECK, R. The effect of
tooth size discrepancy on occlusion: An experimental study.
Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 117, no. 2,
p. 184-191, Feb. 2000.
13. HUNTER, W. S.; PRIEST, W. R. Errors and discrepancies in me-
asurements of tooth-size. J Dent Res, Washington D.C., v. 39,
no. 2, p. 495-514, Mar./Apr. 1960.
14. KLEIN, D. J. The mandibular central incisor, an extraction op-
tion. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 111, no. 3,
p. 253-259, Mar. 1997.
15. LAVELLE, C. L. B. Maxillary and mandibular tooth size in di-
fferent racial groups and in different occlusion categories.
Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, no. 6, p. 29-37,
Jan. 1972.
16. LEGOVIC, M.; CEHIC, A.; BAJAN, M. Indici di Bolton nelle ano-
malie Cl II/1, Cl II/2 e Cl I com afollamento frontale. Minerva
Stomatol, Torino, v. 38, no. 6, p. 679-682, Giugno 1989.
17. LITTLE, R. M. The irregularity Index: a quantitative score of man-
dibular anterior alignment. Am J Orthod, St. Louis, v. 68, no. 5,
p. 554-563, Nov. 1975.
18. LUNDSTRÖM, A. Intermaxillary tooth widht ratio and tooth alig-
nment and occlusion Acta Odontol Scand, Oslo, v. 12, no. 4,
p. 265-292, Apr. 1954.
19. LUNDSTRÖM, A. Intermaxillary tooth widht ratio analysis. Eur J
Orthod, London, v. 3, p. 285-287, 1981.
20. NEFF, C. W. The size relationship between the maxillary and
mandibular anterior segments of the dental arch. Angle
Orthod, Appleton, v. 27, no. 3, p .138-147, July 1957.
21. NIE, Q.; LIN, J. Comparasion of intermaxillary tooth size dis-
crepancies among different malocclusion groups. Am J Or-
thod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 116, no. 5, p. 539-544,
Nov. 1999.
22. PECK, H.; PECK, S. A Index for assessing tooth shape deviations
as applied to the mandibular incisors. Am J Orthod, St Louis,
v. 61, no. 4, p. 384-401, Apr. 1972.
REFERÊNCIAS
Endereço para correspondência
Luiz Sérgio Carreiro
Rua Pará, 1122, sala 61
Londrina/PR
CEP: 86010-450
E-mail: cls@dilk.com.br
23. PINZAN, A.; MARTINS, D. R.; FREITAS, M. R. Análise da discre-
pância de tamanho dentário de Bolton. Ortodontia, São Paulo,
v. 24, n. 1, p. 61-64, Jan./Abr. 1991.
24. RAKOSI, T.; JONAS, I.; GRABER, T. M. Study cast analysis.
In: ______. Color Atlas of Dental Medicine-Orthodontic-Diag-
nosis. Stuttgart: Vierlag, 1993. p. 207-235.
25. RICHARDSON, E. R.; MALHOTRA, S. K. Mesiodistal crown di-
mensions of the permanent dentition of american negroes.
Am J Orthod, St. Louis, v. 68, no. 2, p. 157-164, Aug. 1975.
26. SAATÇI, P.; YUKAY, TH. The effect of premolar extractions on
tooth-size discrepancy. Am J Orthod Dentofacial Orthop,
St. Louis, v. 111, no. 4, p. 428-434, Apr. 1997.
27. SANIN, C.; SAVARA, B. S. An analysis of permanent mesiodistal
crown size. Am J Orthod, St. Louis, v. 59, no. 5, p. 488-500,
May 1971.
28. SCHIRMER, V. R.; WILSHIRE, W. A. Manual and computer-aided
space analysis: A comparative study. Am J Orthod Dentofacial
Orthop, St. Louis, v. 112, no. 6, p. 676-680, Dec.1997.
29. SHELLHART, W. C. et al. Reability of the bolton tooth-size
analysis when applied to crowded dentitions. Angle Orthod,
Appleton, v. 65, no. 5, p. 327-334, Jan. 1995.
30. SHERIDAN, J. J.; HASTINGS, J. Air – rotor stripping and lower
incisor extraction treatement. J Clin Orthod, Boulder, v. 26,
no. 1, p. 18-22, Jan. 1992.
31. SMITH, R. J.; DAVIDSON, W. M.; GIPE, D. P. Incisor shape and
incisor crowding:A re-evaluation of the Peck and Peck ratio.
Am J Orthod, St Louis, v. 82, no. 3, p. 231-235, Sept. 1982.
32. SMITH, S. S. et al. Interarch tooth size relationships of 3 popula-
tions: “Does Bolton’s analysis apply?”. Am J Orthod Dentofa-
cial Orthop, St Louis, v. 117, no. 2, p. 169-174, Feb. 2000.
33. SPERRY, T. P. et al. Tooth-size discrepancy in mandibular
prognatism. Am J Orthod, St. Louis, v. 72, no. 2, p. 183-190,
Aug. 1977.
34. STEYN, C. L.; HARRIS, A. P.; DU PREEZ, R. J. Anterior arch circu-
mference adjustement - how much? Angle Orthod, Appleton,
v. 66, no. 6, p. 457-462, Aug. 1995.
35. TA, T. A.; LING, J. Y. K.; HÄGG, U. Tooth-size discrepancies
among different occlusion groups of southern Chinese children.
Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 120, no. 5,
p. 556-558, Nov. 2001.
36. TAYER, B. H. The asymmetric extraction decision. Angle Or-
thod, Appleton, v. 62, no. 4, p. 291-297, Winter 1992.
37. TUVERSON, D. L. Anterior interocclusal relations. Part I. Am J
Orthod, St. Louis, v. 78, no. 4, p. 361-370, Oct. 1980.
38. TUVERSON, D. L. Anterior interocclusal relations. Part II. Am J
Orthod, St. Louis , v. 78, no. 4, p. 371-393, Oct. 1980.
39. YAMADA, A. et al. A study of reliability in three dimensional me-
asurement of a dental casts. Aichi Gakuin Daigaku Shigakkai
Shi, Nagoya, v. 46, no. 1, p. 18-31, Mar. 1987.
40. WISE, R. J.; NEVINS, M. Anterior tooth-size analysis (Bolton
Index). How to determine anterior diastema closure. Int J Perio-
dontics Restorative Dent, Chicago, v. 8, no. 6, p. 8-23, 1988.
41. WOODWORTH, D. A.; SINCLAIR, P. M.; ALEXANDER, R. G.
Bilateral congenital absence of maxillary lateral incisors: a cra-
niofacial and dental cast analysis. Am J Orthod, St. Louis, v. 87,
no. 4, p. 280-293, Apr. 1985.
... With regards to the frequency of patients with anterior Bolton discrepancy higher or smaller than 2 SD, all the studied groups in the present study exhibited relative dental excesses, with predominance in the mandibular arch. This corroborated with several authors, including Freeman et al. (1996); Carreiro et al. (2005); Crosby and Alexander (1989a); Santoro et al. (2000c);and Wędrychowska-Szulc et al. (2010). ...
... Generally, in the present study in all groups mandibular excess 5.46% more than maxillary excess 3.06%. (Carreiro et al., 2005) found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. Carreiro et al. (2005), found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. ...
... (Carreiro et al., 2005) found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. Carreiro et al. (2005), found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. The studies conducted by Bolton (1958b) and Proffit et al. (2006) exhibited a low percentage of overall Bolton discrepancy higher than 2 SD, probably because their samples comprised patients with ideal occlusion instead of patients requiring orthodontic treatment. ...
Article
Full-text available
Aims of this study were to determine both the Bolton anterior and overall ratios in a representative sample of Erbil schoolchildren of Normal occlusion and Cl I, Cl II div I, div II, and Cl III malocclusion, also to find if there are any gender differences. Numerical data were obtained, comprised of 320 samples study casts of students with a mean age of 13-15 years selected from different schools in Erbil City. The casts were divided into 5 groups according to the type of malocclusion: Normal (n = 64), Cl I (n = 64), Class II div I (n = 64), Class II div II (n = 64), and Class III subjects (n = 64). The measurement of the greatest mesiodistal width of the teeth was performed using digital Vernier directly on the study casts, from the distal surface of the left first molar to the distal surface of the right first molar. The overall and anterior ratios between the maxillary and mandibular teeth were computed and evaluated using Bolton's method. The results revealed that the mean anterior ratio (78.863) was higher and statistically significantly different from anterior Bolton's (77.2) and also the mean overall ratio was not statistically significant different from Bolton's ratio (91.3) (P = 0.239), with respect to the overall and anterior ratios among all the groups, statistically significant differences were found. Differences between genders were analyzed using a t-test. The results showed that there were no significant differences between males and females. There were non-significant differences between the findings of the present study and those of Bolton's study for overall ratio and anterior ratio, but among all five classifications, there was a significant difference of Erbil population not similar to Bolton ratio and there was no significant difference between males and females.
... With regards to the frequency of patients with anterior Bolton discrepancy higher or smaller than 2 SD, all the studied groups in the present study exhibited relative dental excesses, with predominance in the mandibular arch. This corroborated with several authors, including Freeman et al. (1996); Carreiro et al. (2005); Crosby and Alexander (1989a); Santoro et al. (2000c);and Wędrychowska-Szulc et al. (2010). ...
... Generally, in the present study in all groups mandibular excess 5.46% more than maxillary excess 3.06%. (Carreiro et al., 2005) found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. Carreiro et al. (2005), found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. ...
... (Carreiro et al., 2005) found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. Carreiro et al. (2005), found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. The studies conducted by Bolton (1958b) and Proffit et al. (2006) exhibited a low percentage of overall Bolton discrepancy higher than 2 SD, probably because their samples comprised patients with ideal occlusion instead of patients requiring orthodontic treatment. ...
Article
Full-text available
Aims of this study were to determine both the Bolton anterior and overall ratios in a representative sample of Erbil schoolchildren of Normal occlusion and Cl I, Cl II div I, div II, and Cl III malocclusion, also to find if there are any gender differences. Numerical data were obtained, comprised of 320 samples study casts of students with a mean age of 13–15 years selected from different schools in Erbil City. The casts were divided into 5 groups according to the type of malocclusion: Normal (n = 64), Cl I (n = 64), Class II div I (n = 64), Class II div II (n = 64), and Class III subjects (n = 64). The measurement of the greatest mesiodistal width of the teeth was performed using digital Vernier directly on the study casts, from the distal surface of the left first molar to the distal surface of the right first molar. The overall and anterior ratios between the maxillary and mandibular teeth were computed and evaluated using Bolton’s method. The results revealed that the mean anterior ratio (78.863) was higher and statistically signifi cantly different from anterior Bolton’s (77.2) and also the mean overall ratio was not statistically signifi cant different from Bolton’s ratio (91.3) (P = 0.239), with respect to the overall and anterior ratios among all the groups, statistically significant differences were found. Differences between genders were analyzed using a t-test. The results showed that there were no signifi cant differences between males and females. There were non-significant differences between the findings of the present study and those of Bolton’s study for overall ratio and anterior ratio, but among all five classifications, there was a significant difference of Erbil population not similar to Bolton ratio and there was no significant difference between males and females.
... No statistically significant differences were found when comparing the overall ratio of each malocclusion group with Bolton's ratio, corroborating the findings of Crosby and Alexander, 8 Endo et al., 15 and Akyalcin et al. 5 No statistically significant differences were observed in the mean overall ratio of the teeth between Class I, Class II, and Class III malocclusions groups (91.61; 91.46, and 91.22, respectively). These results corroborate the findings of Carreiro et al., 16 Crosby and Alexander, 8 Uysal and Sari, 9 and O'Mahony et al. 17 However, Lavelle, Legovic et al., 18 Nie and Lin, 12 Sperry et al., 13 and Wedrychowska-Szulc et al. 14 showed statistically significant differences among different malocclusions groups and the overall Bolton ratio, Sperry et al. 13 and Fattahi et al. 19 reported increased values of overall Bolton ratio for Class III malocclusion patients. The rationale behind these results could be the presence of significant differences among racial groups, in the dimensions and proportions of teeth. ...
... 18 In most countries, including Brazil, extensive racial miscegenation hinders precise establishment of the ethnic origin of the patient. 10,16 With regard to the anterior ratio, we observed statistically significant differences between Class I and Class II malocclusion groups and the Bolton's ratio. Class III malocclusion group did not show statistically significant differences compared with the averages reported by Bolton. ...
... Because Bolton's standards were obtained from patients with ideal occlusion, the fluctuation in the distribution of excess between dental arches and the malocclusion type requires the establishment of specific standards for Bolton's ratio in the different malocclusion groups. 9,14, 22 Carreiro et al. 16 found a prevalence of relative dental excess in the mandibular arch and this corroborated with our results. The studies conducted by Bolton 3 and Proffit et al. 23 exhibited a low percentage of overall Bolton discrepancy higher than 2SD, probably because their samples comprised patients with ideal occlusion instead of patients requiring orthodontic treatment. ...
Article
Full-text available
This study aimed to assess and compare the overall and anterior ratios of tooth size discrepancies in all Angle malocclusion groups. The following null hypothesis (H0) was tested: no difference between tooth size discrepancies (overall and anterior) would be observed among Angle malocclusion groups. The sample comprised of 711 pre-orthodontic treatment study casts of Brazilian patients with a mean age of 17.42 years selected from private practices in Brazil. The casts were divided into 3 groups according to the type of malocclusion: Class I (n = 321), Class II (n = 324), and Class III patients (n = 66). The measurement of the greatest mesiodistal width of the teeth was performed using a centesimal precision digital caliper directly on the study casts, from the distal surface of the left first molar to the distal surface of the right first molar. The overall and anterior ratios between the maxillary and mandibular teeth were evaluated using Bolton’s method. The following statistical tests were applied: chi-square, independent t-test, and one-way ANOVA. Results showed that all Angle malocclusions groups exhibited a ratio compatible with those recommended by Bolton. With respect to the overall and anterior ratios among the malocclusion groups, no statistically significant differences were found. The null hypothesis was accepted because the results showed no differences in the overall and anterior ratios of tooth size discrepancies among different Angle malocclusion groups.
... orthodontic treatment, careful attention must be given to the analysis of the possible existence of Bolton's discrepancies in the maxillary anterior region ( Carreiro et al. , 2005 ). ...
Article
Full-text available
The purpose of this retrospective study was to determine the prevalence of hypodontia and associated dental anomalies in patients undergoing orthodontic treatment in Brasília, Brazil, over a 2 year period (1998–2000). The records of 1049 orthodontic patients between 10 and 15.7 years of age (507 males and 542 females) from 16 orthodontic clinics were analysed. Descriptive statistics were performed for the study variables. A chi-square test was used to determine the difference in the prevalence of hypodontia between genders. The prevalence of hypodontia was 6.3 per cent (39.4 per cent males and 60.6 per cent females) with no statistically significant difference between the genders. One case of oligodontia was observed. The maxillary lateral incisor was the most frequently missing tooth, followed by the mandibular second premolar. All cases of hypodontia, except one, were associated with at least one other dental anomaly. These associated dental anomalies were retained primary teeth (30.3 per cent), ectopic canine eruption (25.8 per cent), taurodontism (21.2 per cent), and peg-shaped maxillary lateral incisors (16.7 per cent).
Article
A Bolton analysis of seventy-eight cases of Angle Class III malocclusion, twenty-six cases of Angle Class I malocclusion, and twenty-six cases of Angle Class II malocclusion was recorded. Frequency of excess mandibular tooth structure, magnitude of the excess, over-all ratios, and anterior segment ratios were computed and analyzed. Two clinical cases were presented to show the advantage of tooth-size harmony in mandibular prognathism. Analysis of the data as presented above suggests the following conclusions: 1. The frequency of mandibular tooth-size excess (over-all ratio) in this sample was greater in cases of mandibular prognathism than in Angle Class I and Angle Class II cases. 2. In those cases with mandibular tooth-size excess, there was a suggestion that the magnitude of the excess was greater in cases of mandibular prognathism than in Angle Class I and Angle Class II cases. 3. A tooth-size discrepancy analysis should be included as one part of the diagnostic records for mandibular prognathism.
Article
A study of the mesiodistal crown dimension was conducted on the teeth of 162 American Negroes, equally divided between males and females. A total of 3,980 teeth were measured. Teeth were measured from the plaster casts by means of Boley gauges. The sample was drawn from a growth study, private practice, and a dental clinic. The mean width of the teeth of males and females was reported. The teeth of males were larger than those of females for each type of tooth in both arches, although they exhibited a similar pattern of tooth size. The maxillary first premolars were larger than the second premolars, while the mandibular second premolars were larger than the first premolars. The first molars were larger than the second molars in both the maxillary and mandibular arches in both sexes. The ratio of the mandibular dentition ot the maxillary dentition was 94 per cent in both sexes. The ratio of the sum of the widths of the canines and incisors of the mandibular dentition to those of the maxillary dentition was 77 per cent. Also, the ratio of the mandibular incisors to the maxillary incisors was 71 per cent in both sexes.
Article
A quantitative method of assessing mandibular anterior irregularity is proposed. The technique involves measurement directly from the mandibular cast with a caliper (calibrated to at least tenths of a millimeter) held parallel to the occlusal plane. The linear displacement of the adjacent anatomic contact points of the mandibular incisors is determined, the sum of the five measurements representing the Irregularity Index value of the case. Reliability and validity of the method were tested, with favorable results. At the University of Washington, several clinical studies have been and are continuing to be performed, using this technique as one of several methods of assessing pretreatment status and posttreatment change. It is hoped that this article will aid the reader in understanding the rationale and utility of a simple quantitative tool which could be used in malocclusion assessment.