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Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 23, n. 2, p. 365-368, agosto 2001
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1 Trabalho nº 016/2000. Recebido: 11/01/2001. Aceito para publicação: 07/07/2001.
2 Engos . Agrônomo, Dsc., Prof. do Deptº de Produção Vegetal da FCAV/UNESP - Campus de Jaboticabal. Tel.: 3203.2500 (Ramal 266). E-mail:
baldo@fcav.unesp.br
3 Engª Agrônoma. Deptº de Produção Vegetal da FCAV/UNESP - Campus de Jaboticabal - Tel.: 3203.2500 (Ramal 266)
4 Engª Agrônoma, MSc., Doutoranda em Agronomia: Produção Vegetal - FCAV/UNESP - Campus de Jaboticabal. FCAV/UNESP. Depto. de
Produção Vegetal. Rodovia Prof. Paulo Donato Castellane, Km 5. CEP. 14870-000 Jaboticabal - SP. Tel.: 3203.2500 (Ramal 266) E-mail:
veruska@fcav.unesp,br
CLONAGEM DO JAMBEIRO-ROSA (Syzygium malacensis)
POR ESTAQUIA DE RAMOS ENFOLHADOS 1
ANTONIO BALDO GERALDO MARTINS2; FABIANA ANDRÉIA GRACIANO3;
ANA VERUSKA CRUZ DA SILVA4
RESUMO - O jambeiro-rosa é uma fruteira exótica que representa uma alternativa aos fruticultores, devido às características
organolépticas de seus frutos. Em virtude da segregação genética e ausência de sementes em vários clones, procurou-se, neste trabalho,
estudar a propagação vegetativa, utilizando-se de estacas com folhas e a influência do tratamento com AIB. O trabalho foi realizado
na Área experimental de fruticultura da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Câmpus de Jaboticabal, São Paulo,
no período de outubro de 1998 a março de 1999, tendo como objetivo avaliar a capacidade de enraizamento de estacas com folhas
apicais e subapicais de jambeiro-rosa com a utilização de diferentes concentrações de ácido indolbutírico (AIB). O delineamento
experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em um esquema fatorial 2 x 4 (2 tipos de estacas e 4 concentrações de AIB),
com 4 repetições e 10 estacas por parcela, num total de 320 estacas. As concentrações de AIB utilizadas foram: 0; 100; 200 e 400
mg.L-1, e as estacas foram colocadas em imersão lenta por 14 horas, no escuro. Foram avaliados os percentuais de sobrevivência das
estacas e enraizamento das estacas, número médio de raízes e brotos por estaca, e comprimento médio dos brotos. Observou-se que o
jambeiro-rosa pode ser propagado por estacas com folhas apicais sem a utilização de AIB.
Termos para Indexação: enraizamento, AIB
CLONING ROSE APPLE (Syzygium malacensis) BY CUTTING OF LEAVES BRANCHES
ABSTRACT - The exotic Syzygium malacensis is a potential alternative for fruit growers due to its fruits characteristics. Using
apical and sub apical leaved cuttings, this paper intended to study their vegetative propagation and the IBA influence over them for
there are many seedless clones and genetic segregation. The work has been done in the experimental area of fruit growing of Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal Campus, São Paulo, within the period of October 1998 and march 1999,
aiming to evaluate the rooting capability of apical and sub apical leaved cuttings, using different concentrations of indolbutiric acid
IBA. The experimental delineation used was the one fully casual and the analysis suggested the factorial scheme 2 x 4 (2 types of
cuttings and 4 IAB concentrations) with 4 repetitions and 10 cuttings per parcel, in a total of 320 cuttings. The IBA used concentrations
were: 0, 100, 200 and 400 mg.L-1 and the cuttings were placed in slow immersion for 14 hours, in the dark. The analysis were made
for: cuttings survival percentage, cuttings rooting percentage, average number per cutting, root average length, bud average length,
bud average number per cuttings. According to the analysis, it can be inferred that the Syzygium malacensis can be produced through
apical leaved cutting without the usage of IBA.
Index of terms: rooting, IBA.
INTRODUÇÃO
O jambeiro-rosa (Syzygium malacensis) é das Índias
Orientais. Foi classificado como planta pertencente ao gênero
Eugenia por Popenoe (1974), porém uma outra classificação foi
sugerida por Calabrese (1978), citando-o como pertencente ao
gênero Syzygium, sendo melhor denominado Syzygium
malacensis.
A planta pode atingir até 20 metros de altura, possuindo
ramificação densa, com flores de cor verde-esbranquiçada e com
numerosos estames. Os frutos são quase esféricos, de coloração
amarela ou rosada, com polpa delgada, branca, doce e aromática,
um pouco acidulada, contendo ou não uma única semente (Benza,
1993).
No jambeiro-rosa, é comum encontrar frutos em que não
ocorreu a formação de sementes; assim sendo, torna-se necessário
que a propagação comercial seja por processos vegetativos.
A propagação do jambeiro-rosa através de sementes é muito
utilizada (Gomes, 1984). Porém, esse é um método inviável,
devido a problemas de segregação genética, e ao longo período
que as plantas levam para atingir a idade de produção e a pouca
ou nenhuma disponibilidade de sementes.
Os processos vegetativos podem ser utilizados com grande
vantagem, e um dos métodos possíveis de utilização para a
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CLONAGEM DO JAMBEIRO-ROSA
produção de mudas é a estaquia. Este método permite a obtenção
de plantas idênticas à planta matriz e com um período de tempo
curto para atingir a idade de produção (Hartmann e Kester, 1978;
Donadio et al., 1992).
A procura pela diversificação de culturas propiciou um
aumento do interesse pelo cultivo de fruteiras exóticas. O Brasil
possui características edafoclimáticas que lhe conferem grande
potencial para o cultivo de diversas espécies de fruteiras exóticas,
pois contém uma diversidade muito grande de tipos de solos e
temperaturas que favorecem o cultivo de espécies frutíferas
tropicais, subtropicais e temperadas (Simão, 1998).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade
de enraizamento de estacas com folhas apicais e subapicais de
jambeiro-rosa tratadas com diferentes concentrações de ácido
indolbutírico (AIB).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental de
fruticultura da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias –
UNESP, Câmpus de Jaboticabal. A área está localizada a
21º15’22” de latitude Sul e 48º15’58” de longitude Oeste, com
altitude média de 590 m. O clima da região, segundo a
classificação de Köppen (1948), é o Cwa, caracterizado como
subtropical temperado, com precipitação média anual de 1400
mm, com estiagem no inverno e temperatura média anual de 20
ºC, com médias máximas e mínimas de 24 ºC e 18,5 ºC,
respectivamente.
A planta matriz encontrava-se com 15 anos de idade,
desenvolvendo-se em Latossolo Vermelho-Escuro, de textura
média.
Foram utilizadas estacas com folhas apicais e subapicais da
planta, com aproximadamente 15 cm de comprimento, as quais
foram cortadas em bisel na parte inferior, logo abaixo da última
gema basal e um corte reto logo acima da última gema apical da
estaca, mantendo-se um par de folhas por estaca. O preparo das
estacas foi realizado no período da tarde do dia 14 de outubro
de 1998.
As soluções foram preparadas através da dissolução de ácido
indolbutírico (AIB) em álcool 50 % para a obtenção das
concentrações de AIB.
Após o preparo das soluções, as estacas foram separadas
em apicais e subapicais em feixes com 10 estacas, colocadas
com a base na solução-tratamento (0; 100; 200 e 400 mg.L-1) e
deixadas em imersão lenta por um período de 14 horas, sendo
mantidas no escuro.
As estacas foram colocadas em caixa de madeira com
dimensões de 45 cm x 24 cm x 10 cm, sendo o fundo forrado
com papel jornal e preenchido com vermiculita de textura média,
que foi posteriormente umedecida. Colocaram-se as estacas no
substrato, sendo enterrados dois terços do seu comprimento.
As caixas com as estacas foram mantidas em câmara de
nebulização intermitente com intervalos regulados por “timer”
em 30 segundos, com nebulização, e 90 segundos, sem
nebulização, sob ripado com 50 % de luz natural.
As observações para a avaliação do enraizamento foram
realizadas 60 dias após o preparo das estacas.
No momento da avaliação, foram observadas todas as estacas
quanto a : porcentagem de sobrevivência e enraizamento, número
médio de raiz por estaca e comprimento médio das raízes (cm).
As estacas enraizadas foram transplantadas para saco
plástico com substrato de solo + areia + EC (esterco de curral
bem curtido) na proporção 3:1:1, sendo avaliadas após 90 dias
do transplante quanto ao: comprimento (cm) e número médio
dos brotos por estaca.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado, com 4 repetições, sendo cada parcela constituída
por 10 estacas. A análise do experimento foi em um esquema
fatorial 2 x 4 (2 tipos de ramos e 4 números de concentrações de
AIB).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As estacas apicais apresentaram maior porcentagem de
sobrevivência, diferindo significativamente das estacas
subapicais, com médias de 72,96 % e de 39,91 %,
respectivamente (FIGURA 1).
As concentrações de AIB utilizadas influenciaram
significativamente na porcentagem de sobrevivência. Os
melhores resultados foram obtidos quando não se trataram as
estacas com o regulador de crescimento, e a média encontrada
para o tratamento foi de 75,36 %; observa-se, ainda, um
decréscimo na porcentagem de sobrevivência à medida que
aumentou a concentração de AIB.
A interação entre o tipo de estaca e concentração de AIB
utilizada não foi significativa a 5% de probabilidade na
porcentagem de sobrevivência das estacas.
Verificou-se, através da análise estatística, que o tipo de
estaca diferiu significativamente, e a estaca apical apresentou
maior porcentagem de enraizamento - 63% (FIGURA 2).
O tratamento que apresentou os melhores resultados foi à
testemunha, com uma porcentagem de enraizamento superior
(55,18%), diferindo somente do tratamento em que se utilizou
AIB na concentração de 400 mg.L-1 e não apresentando diferença
significativa em relação às concentrações de 100 e 200 mg.L-1
de AIB (FIGURA 2).
Realizou-se o desdobramento dos graus de liberdade dos
tratamentos por ter havido interação entre as variáveis. Nota-se
que não houve interação de doses com as estacas apicais; contudo,
quando se trata das subapicais, tem-se uma queda na taxa de
enraizamento quando se faz o tratamento das estacas com o
regulador testado.
O teste de médias, referente ao estudo do efeito dos tipos de
estacas dentro de cada dose, mostra um efeito positivo do uso de
regulador em estacas herbáceas quando comparado às subapicais.
Resultado semelhante foi observado por Nunes (1981), que
verificou que a aplicação de AIB não apresentou efeitos positivos
na porcentagem de enraizamento de estacas semilenhosas de
figueira (Fícus carica), supondo que estas já possuíam os fatores
necessários ao enraizamento.
Em relação ao número médio de raízes por estaca, não
observou-se diferença significativa. Contudo, a aplicação de AIB
aumentou o número de raízes por estaca em todas as
concentrações utilizadas, conforme pode ser observado na Figura
3. Efeito semelhante foi encontrado por Silva et al.(1986) que,
trabalhando com enraizamento de estacas de diversas cultivares
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FIGURA 1- Porcentagem de sobrevivência de estacas de
jambeiro, em função do tipo de estaca ( A- apical
e B- subapical) e das concentrações de AIB testadas
FIGURA 2 - Porcentagem de enraizamento de estacas de
jambeiro, em função do tipo de estaca (A- apical
e B- subapical) e das concentrações de AIB
testadas.
FIGURA 3 - Número médio de raiz por estaca, em função das
concentrações de AIB testadas.
FIGURA 4 - Comprimento das brotações ocorridas nas estacas,
em função do tipo (A – apical e B- subapical) e
das concentrações de IBA testadas.
FIGURA 5 - Número de brotações ocorridas nas estacas, em
função do tipo (A – apical e B – subapical) e das
concentrações de IBA testadas.
de videira (Vitis vinifera), verificou que, naqueles de fácil
enraizamento, o AIB age principalmente no aumento do número
de raízes. Este aspecto foi observado por Kersten (1990) que,
estudando o enraizamento de estacas de ameixeira (Prunus
domestica L.), também notou o efeito de AIB no número de
raízes. O mesmo foi verificado em alporques de jambeiro-rosa
(Antunes, 1999).
Observou-se também que não houve qualquer diferença com
relação ao comprimento médio de raiz nos diferentes tipos de
estacas e concentrações de AIB utilizadas. Efeito semelhante
foi observado por Ferreira (1994) em trabalhos com estacas de
aceroleira (Malpighia glabra L.), constatando que não houve
efeito significativo de qualquer tratamento utilizando AIB no
comprimento médio das raízes e De Vries e Dubois (1988),
trabalhando com estacas de roseira ‘Amanda’, verificaram que
as concentrações de AIB não tiveram efeito significativo no
tamanho das raízes.
Sobre o comprimento médio dos brotos, o tipo de estaca
diferiu significativamente, ou seja, as estacas apicais
apresentaram comprimento médio dos brotos (24,22%) maior
que as subapicais (15,91%), conforme a Figura 4. Observa-se
um aumento do comprimento médio dos brotos até a
concentração de 200 mg.L-1 de AIB e um decréscimo do
comprimento na concentração de 400 mg.L-1.
Também não houve diferença com relação ao número médio
de brotos por estaca nos diferentes tipos de estacas e
concentrações de AIB (FIGURA 5).
CONCLUSÃO
O jambeiro-rosa pode ser propagado por estacas com folhas
apicais, com sucesso, sem a utilização de AIB.
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