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Estudo e relato sobre a utilização da tecnologia pelos deficientes visuais

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Abstract

In view of the important role watching technologies play in the lives of people with visual disability (PVDs), this paper is intended to review the use of desktop, web and cell phone applications by PVDs. To accomplish such goal, the involved work gathered data from interviews conducted at some São Paulo associations and through an electronic form available on the web. The paper presents the resulting qualitative study containing: a) identification of the major difficulties PVDs face to use the studied technologies; b) comprehension of the major benefits from using such technologies; c) identification of new technologies as made available to PVDs; d) identification of the requirements for the design of new technologies; e) review of the potential use of distance education in favor of PVDs. This paper provides a qualitative analysis and reports that may help enable research groups to find out solutions to some of the problems addressed herein.
Estudo e Relato sobre a Utilização da Tecnologia pelos
Deficientes Visuais
ABSTRACT
In view of the important role watching technologies play in
the lives of people with visual disability (PVDs), this paper
is intended to review the use of desktop, web and cell phone
applications by PVDs. To accomplish such goal, the
involved work gathered data from interviews conducted at
some São Paulo associations and through an electronic form
available on the web. The paper presents the resulting
qualitative study containing: a) identification of the major
difficulties PVDs face to use the studied technologies; b)
comprehension of the major benefits from using such
technologies; c) identification of new technologies as made
available to PVDs; d) identification of the requirements for
the design of new technologies; e) review of the potential
use of distance education in favor of PVDs. This paper
provides a qualitative analysis and reports that may help
enable research groups to find out solutions to some of the
problems addressed herein.
Keywords
Accessibility, human-computer interaction, accessible
technologies
INTRODUÇÃO
Desde a invenção do Código Braille em 1829, nada teve
tanto impacto nos programas de educação, reabilitação e
emprego quanto o desenvolvimento das tecnologias para os
Deficientes Visuais (DV) [2]. Isso porque a tecnologia
contribui para que esses deficientes visuais tenham maior
independência, qualidade de vida e inclusão na vida social
através do suplemento, manutenção ou devolução de suas
capacidades funcionais.
De acordo com Santarosa, pesquisas demonstram que as
tecnologias contribuem para a diminuição da discriminação
social dos deficientes visuais. Essas tecnologias
representam uma oportunidade única para os cidadãos com
deficiência visual [3]. Segundo o livro “Internet para
Necessidades visuais” para a maioria das pessoas a
tecnologia torna a vida
mais fácil, para uma pessoa com deficiência visual, a
tecnologia torna as coisas possíveis [3].
As tecnologias podem ampliar as possibilidades de
comunicação e de autonomia pessoal, minimizam ou
compensam as restrições decorrentes da falta da visão. A
apropriação de recursos tecnológicos modifica
significativamente o estilo de vida, as interações e as
condutas sociais ao inovar hábitos e atitudes em relação à
educação, ao lazer e ao trabalho, à vida familiar e
comunitária. Um exemplo disso são os cegos ou pessoas
com baixa visão que usam os computadores para ler jornais,
realizar pesquisas acadêmicas, fazer inscrição em concursos
públicos, verificar resultados, ou simplesmente para treinar
a digitação e o domínio do teclado.
Segundo Freire e Valente, o computador pode ser utilizado
para ajudar no desenvolvimento cognitivo, sócio afetivo e
de comunicação, ou no processo de adaptação de funções
que o corpo não pode ou tem dificuldade de realizar, de
acordo com cada deficiência [5].
Se por um lado sabe-se da importância da tecnologia na
vida dos DVs, por outro lado algumas questões ainda estão
em aberto por falta de relatos a respeito. Dentre essas
questões pode-se citar: Existe tecnologia suficiente para
auxiliar os DVs? As tecnologias existentes têm sido
utilizada de forma efetiva por esses deficientes visuais?
Quais tecnologias têm sido utilizadas e quais não têm sido?
Quais as principais barreiras que os DVs enfrentam no uso
dessas tecnologias? Como possibilitar o acesso e o
entendimento dos DVs a essas e dessas tecnologias
respectivamente?
Juliana Cristina Braga
Professora Doutora
Universidade Federal do
ABC
Grupo de pesquisa
INTERAi
juliana.braga@ufabc.edu.br
Antônio Carlos Costa
Campi Junior
Graduando
Universidade Federal do
ABC
Grupo de pesquisa INTERA
antonio.campijr@gmail.com
Rafael Jeferson Pezzuto
Damaceno
Graduando
Universidade Federal do
ABC
Grupo de pesquisa INTERA
rafael.pezzuto@gmail.com
Neno Henrique da
Cunha Albernaz
Casa da Moeda
Grupo de pesquisa
INTERA
nenohz@gmail.com
37
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personal or classroom use is granted without fee provided that copies
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copies bear this notice and the full citation on the first page. To copy
otherwise, or republish, to post on servers or to redistribute to lists,
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IHC'12, Brazilian Symposium on Human Factors in Computing
Systems. November 5-9, 2012, Cuiabá, MT, Brazil. Copyright 2012
SBC. ISSN 2316-5138 (pendrive). ISBN 978-85-7669-262-1 (online).
IHC 2012 Proceedings • Full Paper
Em vista do importante papel que a informática exerce na
vida dos deficientes visuais e da falta de estudos que
relatam como essas tecnologias têm sido utilizadas, esse
projeto teve como objetivo realizar um estudo de campo
para compreender como as tecnologias relacionadas a
computadores e celulares têm sido utilizadas pelos
deficientes visuais.
Baseado nesse estudo alguns indicadores serão gerados:
Identificar as principais dificuldades no uso das
tecnologias estudadas.
Identificar os principais benefícios no uso dessas
tecnologias estudadas.
Compreender se as tecnologias disponíveis estão
chegando até os deficientes visuais.
Identificar demandas para o desenvolvimento de
novas tecnologias.
Identificar a possibilidade na utilização da
educação para auxiliar no uso das tecnologias.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para a realização dessa pesquisa foi realizado um
levantamento de trabalhos relacionados ao presente estudo
e também de tecnologias acessíveis existentes. A seguir é
apresentado o resultado do que foi encontrado.
Trabalhos Relacionados
Foram considerados como trabalhos relacionados aqueles
que, assim como essa pesquisa, possuem como temas:
pesquisa de campo para deficientes visuais e tecnologias de
informação e comunicação. Os principais trabalhos
encontrados são apresentados a seguir juntamente com um
breve comparativo com o presente trabalho.
O trabalho de Neto, realizado em 2004, resultou em uma
pesquisa de campo realizada com professores de
informática em instituições/organizações para deficientes
visuais na cidade de Salvador (Bahia) [6]. Essa pesquisa
objetivou compreender a formação de cegos no uso de
tecnologias de informação e comunicação. Mais
especificamente, a pesquisa objetivou identificar os
softwares que os professores utilizavam na formação dos
indivíduos, em quais situações eles são utilizados e quais
habilidades são necessárias para utilizá-los. A principal
contribuição que o trabalho de Neto deixou para a presente
pesquisa é a conclusão de que o processo de leitura oral
(audição) não era mais mediado por leitores humanos, mas
sim por softwares de leitura. Isso faz com que os deficientes
visuais sejam ouvintes e leitores a partir de um novo
paradigma mediado pelas novas tecnologias de informação
e comunicação. O trabalho de Neto mostra uma tendência
em desenvolvimento de softwares que reconheçam e
emitam comandos de voz. A pesquisa de Neto assemelha-se
a presente pesquisa pelo fato de ser uma pesquisa de
campo, mas distingue da mesma por 3 fatores: i) possui
objetivo diferente, ii) os entrevistados são professores no
caso dessa pesquisa, os entrevistados serão acompanhantes
e alunos deficientes visuais, e iii) a pesquisa de Neto foi
realizada em Salvador, e essa pesquisa foi realizada no
estado de São Paulo.
Schweitzer fez uma pesquisa de campo na qual o objetivo
foi analisar como o DV tem acesso à informação necessária
para sua vida em sociedade [7]. A pesquisa foi realizada em
unidades educacionais de Florianópolis (SC). Dentre os
resultados obtidos destaca-se que o software mais utilizado
pelos deficientes visuais entrevistados é um leitor de tela
chamado Jaws. Schweitzer relata que apesar de o Jaws
atender muito bem os deficientes visuais, o mesmo possui
alto custo. A pesquisa reflete sobre o acesso à informação
aos cegos, e sugere que novas possibilidades sejam abertas
para que essa camada da população consiga integrar às
novas tecnologias. O trabalho de Schweitzer difere do
presente trabalho nos seguintes aspectos: i) a pesquisa de
campo foi realizada em Florianópolis e o objetivo é
diferente.
Outro estudo de campo encontrado foi o realizado pelo
Programa de ações inclusivas do SENAI [8]. O objetivo da
pesquisa foi investigar as inovações tecnológicas para
portadores de diversos tipos de deficiência (visual, física,
auditiva e mental). O resultado da pesquisa mostrou 34
inovações, sendo que nenhuma delas está relacionada à
computação. O trabalho levanta a hipótese de que existem
trabalhos inovadores para deficientes visuais, mas uma
carência de trabalhos na área de tecnologia de informação e
comunicação.
, em 2007, realizou uma pesquisa empírica entre usuários
cegos ou parcialmente cegos do sistema Braille, de
softwares com síntese de voz e leitores de tela entre outros
recursos compatíveis com a limitação sensorial [9]. A
maioria deles participa de listas de discussão na internet,
direcionadas ao segmento e à temática relacionada à
deficiência visual. A pesquisa abordou vários aspectos em
seus questionários, dentre eles alternativas de acesso à
leitura, à escrita e à informação; autonomia para assinar
documentos, comprar ou alugar imóveis, movimentar
contas bancárias e outras transações similares; recursos
tecnológicos e informáticos utilizados. A pesquisadora
relata que a acessibilidade poderia ser viabilizada por meio
do acesso às tecnologias disponíveis no mercado; provisão
de equipamentos e de programas com interfaces específicas
como ampliadores de tela, sintetizadores de voz,
impressoras e conversores Braille, dentre outras
possibilidades. Além disso, ela recomenda utilizar normas
e regras de acessibilidade para a criação e manutenção de
sites que possibilitem a navegação, utilização de serviços,
acesso às informações e às interfaces gráficas na internet;
produção simultânea, por parte das editoras, de formatos
alternativos às edições em papel; criação de bibliotecas
virtuais com acervo diversificado e acessível aos leitores
com deficiências visuais e conversão de jornais, revistas e
livros em vários idiomas para edição sonora ou eletrônica.
38
O trabalho de Sá é o que mais se aproxima do presente
trabalho, mas não menciona sobre celulares. Além disso, o
trabalho de Sá foca de maneira mais genérica nas questões
sobre as tecnologias do que este trabalho.
O trabalho de Fonseca realizou em 2003, um estudo para
compreender a formação de cegos no uso de tecnologias de
informação e comunicação, especificamente em instituições
na cidade de Salvador [11]. O trabalho identifica quais
softwares os professores utilizam na formação dos sujeitos
e em que situações eles são utilizados. Para isso foram
realizadas 3 entrevistas perguntando quais são os softwares
que os professores utilizam na formação dos sujeitos, que
habilidades são necessárias para o uso destas ferramentas e
quais são aquelas desenvolvidas na formação dos usuários.
O trabalho relata que todas as respostas tiveram o mesmo
conteúdo: o computador possuir uma placa de som, ou um
dos programas leitores de tela, ou seja, o contato entre o
sujeito e a tecnologia é toda fundamentada através do tato e
audição. O trabalho de Fonseca (2003) possui um foco em
educação, o que não foi o caso deste trabalho.
O trabalho de Silva, de 2009, visou conhecer melhor o
público DV, saber quais as dificuldades que eles encontram
no seu dia-a-dia e quais as novas tecnologias usadas para
facilitar suas vidas [11]. A pesquisa foi feita com 11
deficientes visuais da instituição Lar Escola Santa Luzia
para Cegos, localizada na cidade de Bauru, São Paulo. O
trabalho conclui que o preço para que o portador de
deficiência tenha acesso aos softwares leitores de tela é
muito elevado. A pesquisa levanta um importante ponto
para discussão em que os deficientes visuais, em particular
aqueles que não nasceram cegos, preferem a “leitura
falada” à leitura em Braille. Para aqueles que perderam sua
visão, adaptar-se a nova vida não é fácil, o processo de
leitura em Braille é mais lento, o que pode vir a frustrar
uma pessoa habituada à leitura e com o tempo. Além disso,
a maioria tem acesso ao computador apenas na escola para
deficientes e tem dificuldades para usá-lo; somente 9,09%
declarou não ter dificuldade, sendo que 36,36% disseram
que a maior dificuldade está ligada a acessibilidade, para o
uso da internet.
Tecnologias Existentes
Com objetivo de justificar essa pesquisa e levantar
hipóteses para o estudo de campo realizado, foi feito um
levantamento bibliográfico inicial em busca de softwares
específicos para deficientes visuais. O levantamento foi
realizado na Internet e foram utilizadas as seguintes fontes
de pesquisa: Google, o Google Acadêmico e o Portal de
Periódicos Capes.
Nos resultados obtidos, foram encontrados: 44 softwares,
sendo 27 para instalação em computadores “Desktops” e 17
para celulares.
Foram encontrados 27 Softwares para Desktop, sendo que
14 são gratuitos.
Tabela 1. Softwares agregados por finalidade.
Categoria
Quantidade
Conversor texto para fala
1
Leitor de tela
22
Ampliador de Tela
3
OCR com fala
5
A Tabela 1 mostra que maioria dos softwares encontrados é
do tipo leitor de tela ou ampliador de tela, o que demonstra
que devem existir ainda demandas por aplicativos com
outra finalidade, como por exemplo: aplicativos para fins
educacionais, GPS, relógios, bibliotecas de sons, etc.
A Tabela 2 mostra os softwares encontrados específicos
para dispositivos móveis exibindo a licença de cada uma
delas.
Tabela 2. Softwares para dispositivos móveis e suas licenças.
Nome do
Aplicativo
Tecnologia
Utilizada
Finalidade
Beyo CBS
Reader 2.0
Symbian
Leitor de tela
Knfb Reader
Mobile
Symbian S60
Leitor de tela
Loadstone GPS
Symbian S60
GPS
LookTel Money
Reader
iPhone
Reconhecimento de
cédulas financeiras
LookTel
Recognizer
iPhone
Reconhecimento de
Objetos
LookTel
Breadcrumbs
GPS
iPhone
GPS
Mobile Geo
Windows
Mobile
GPS
Mobile
Magnifier
Symbian ou
Windows
Mobile
Ampliador de tela
Mobile Speak
for Symbian
Phones
Symbian
Leitor de tela
Mobile Speak
Pocket
Windows
Mobile
Leitor
MorseSMS
Windows
Mobile
SMS
Oratio
Blackberry
Leitor de tela
Spiel
Android, Java
TalkBack
Android, Java
Talks
Symbian
Series 60 ou
80
VisionHunt
Symbian S60
Dentre os 17 softwares para dispositivos móveis
encontrados, apenas 3 são gratuitos. O que indica também
uma carência de softwares gratuitos para deficientes visuais
39
nessa linha. Destaca-se aqui que os celulares podem ser
utilizados pelos deficientes visuais, pois são baratos, fáceis
de carregar e possuem tecnologia de voz.
Em linhas gerais, pelo estudo inicial, observou-se que a
informática pode auxiliar muito a vida dos deficientes
visuais, no entanto a maioria dos aplicativos existentes são
leitores de tela. Outros tipos de softwares podem ser
utilizados no cotidiano do DV, como por exemplo,
softwares educacionais que obedeçam a comando de voz,
mas pelo visto são pouco explorados ainda.
METODOLOGIA
Para a elaboração desse projeto, a metodologia foi dividida
em 5 etapas: 1. Revisão bibliográfica sobre as tecnologias
de informação e comunicação acessíveis aos deficientes
visuais e trabalhos relacionados; 2. Levantamento das
associações de deficientes visuais existentes. 3.
Estabelecimento de contato com as instituições; 4.
Elaboração do questionário; 5. Realização das entrevistas;
6. Tabulação e Análise dos dados; e 7. Readequação do
estudo para pesquisa on-line. A seguir, uma breve descrição
sobre cada uma dessas etapas.
Etapa 1 Revisão bibliográfica
Os resultados da etapa 1 foram apresentados na seção de
revisão bibliográfica desse artigo. Os métodos utilizados
nas demais etapas são detalhados nas subseções seguintes.
Etapa 2 Busca e seleção das instituições de interesse
Nesta etapa, foi feita uma pesquisa geral, visando encontrar
as Instituições existentes na região da grande São Paulo. A
primeira dificuldade encontrada no trabalho foi achar um
cadastro dessas instituições. As prefeituras não possuíam
esse cadastro e os nomes das instituições foram todos
achados por pesquisa na Internet.
Inicialmente foram relacionadas 14 instituições, sendo
excluídas dessa relação àquelas que não mais existiam, bem
como as que forneciam abrigo para os deficientes
visuais, uma vez que o objetivo do trabalho é entender o
uso da tecnologia e as instituições de abrigo não
constituíam uma boa amostra de dados.
Na lista final foram encontradas 11 instituições
consideradas aptas para a realização da pesquisa, no
entanto, por problemas de acesso a essas instituições,
somente 3 foram entrevistadas.
Etapa 3 Contato com as instituições e planejamento
das visitas
Nessa etapa estabeleceu-se o contato com as instituições
selecionadas na Etapa 2. No primeiro contato foi enviado
um e-mail formal contendo os objetivos da pesquisa e a
comprovação de que a mesma estava sendo financiada pela
Pró-reitora de extensão da UFABC. Considerou-se
importante documentar o retorno desses contatos, para
comprovar a segunda dificuldade encontrada nesse trabalho
que foi agendar uma visita a essas instituições. A seguir um
breve relato sobre alguns contatos estabelecidos.
Instituição A (São Paulo)
Foram efetuadas por volta de 25 chamadas, além de
algumas mensagens eletrônicas enviadas para a Instituição.
Nas vezes em que estabelecemos o contato novamente, a
atendente repetiu o pedido para postergação de contato, e
por fim, nos informou que a Instituição não aceitara mais
aplicação de questionários por não querer incomodar os
alunos.
Instituição B (Santos)
Logo na primeira tentativa conseguimos agendar uma visita
nessa instituição. Foram efetuadas duas visitas. Na
primeira, foi feita uma apresentação geral da Instituição,
mas não nos foi permitido aplicar questionários. Na
segunda oportunidade, após algumas semanas de tentativas,
conseguimos autorização e voltamos à Instituição para
aplicação de questionários.
Instituição C (São Paulo)
Foi a Instituição de mais fácil acesso. Foi visitada em duas
oportunidades. Em cada uma das vezes, havia apenas 3
alunos disponíveis para aplicação de questionários;
totalizando, então, seis questionários aplicados na
Instituição.
Instituição D (São Paulo)
Foi requerido o envio de apresentação formal, e após o
cumprimento de tal, foi autorizada uma visita para
aplicação de questionário e apresentação da Instituição. A
apresentação durou cerca de três horas, e ao fim desta, nos
foi negado a aplicação de questionário. A argumentação da
direção foi apenas que no dia em questão, havia muitos
alunos sem maioridade, e que, além disso, a Instituição
resolvera não mais permitir a aplicação de nenhum
questionário.
Instituição E (São Paulo)
A visita foi autorizada logo no primeiro contato. Entretanto,
ao chegarmos a Instituição, fomos informados de que não
poderíamos aplicar o questionário, como havia sido
combinado anteriormente, devido à decisão da direção.
Fomos informados, então, que poderíamos continuar
entrando em contato, pois haveria a possibilidade de futuras
visitas. Porém, até a presente data, não obtivemos
autorização para as mesmas.
Instituição F (São Paulo)
Foram feitas por volta de quinze tentativas de contato. Nas
primeiras vezes, o responsável não se encontrava na
Instituição; nas seguintes, foi requisitado que entrássemos
em contato posteriormente; e enfim, nos foi informado que
a Instituição estava mudando sua sede, e que por este
motivo, ficaria por algum tempo sem receber visitas.
Instituição G (São Paulo)
Foram realizadas diversas tentativas de contato.
Primeiramente, nos foi informado que a Associação não
estaria mais aceitando visitas, pois além do massivo número
de visitas que acabaram de receber, no momento estavam
40
sem tempo para tal. Foram buscadas informações sobre a
aplicação de questionários, e então, foi recebida a
informação de que a Instituição não dá autorização para tal,
em nenhuma circunstância.
A fase de contato com as instituição surpreendeu o grupo
de pesquisa, pois não era esperada uma resistência tão
grande por parte das instituições. Uma hipótese para essa
resistência é que, segundo os relatos das instituições, elas
fornecem os dados, mas acabam não conhecendo o
resultado das pesquisas e muito menos os benefícios das
mesmas.
Etapa 4 Elaboração do questionário
O teor do questionário foi montado baseado na revisão
bibliográfica e nas hipóteses traçadas. O questionário
possui 3 seções, a primeira sobre identificação do
entrevistado (opcional), a segunda sobre as informações
acadêmicas e profissionais do entrevistado, a terceira sobre
o uso das tecnologias (computador, celular, educação e
TV). No total foram 40 questões, das quais 15 eram
questões abertas. Antes de aplicar o questionário nas
instituições, foi realizado um treinamento e também uma
simulação das entrevistas. Ambos foram úteis para
antecipar alguns problemas que foram encontrados e
corrigidos antes da pesquisa de campo. De acordo com as
simulações cada questionário levaria em média de 15 a 20
minutos para serem respondidos.
Etapa 5 Realização das entrevistas
As entrevistas foram realizadas nas instituições e os
entrevistadores foram os alunos de graduação envolvidos
no projeto e pertencente ao grupo de pesquisa INTERA da
UFABC (Inteligência em Tecnologias Educacionais e
Recursos Acessíveis da UFABC). A Universidade
disponibilizou motorista e carro para a realização dessas
entrevistas. A duração total de cada entrevista foi de 30 a
40 minutos, ou seja, o dobro do que havíamos previsto nas
simulações realizadas na etapa 3. Algumas entrevistas
foram registradas por fotos. No total foram 3 instituições
visitadas e 14 alunos entrevistados.
Etapa 6 Tabulação e análise dos dados
Os dados foram tabulados e contabilizados no Excel. A
estatística utilizada foi do tipo descritiva com o objetivo de
organizar e sumarizar dados da população. Os principais
recursos utilizados foram a elaboração de gráficos e o
cálculo dos percentuais dos resultados. Após a tabulação
os dados foram analisados de forma qualitativa.
Etapa 7 Readequação da pesquisa para Internet
Devido às dificuldades em agendar visitas nas instituições e
o baixo número de sujeitos entrevistados, houve a
necessidade de tentar coletar mais informações via
formulário eletrônico. Para isso, foi elaborado um
formulário eletrônico acessível dentro dos padrões W3C
[13]. Depois de testado e validado, o formulário foi
divulgado em uma lista de discussão onde os membros são
deficientes visuais. Foram obtidas até o momento 9
respostas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção são apresentados os resultados e a discussão
dos dados coletados. Na consolidação dos resultados
considerou-se tanto os questionários respondidos nas
instituições como os questionários on-line, totalizando
assim 23 participantes. Os resultados são apresentados
divididos pelas seções: a) perfil dos sujeitos; b) uso das
tecnologias em geral; c) uso do computador e da internet; d)
uso dos celulares; e) educação e informática.
a) Perfil dos sujeitos
A maioria dos participantes (61%) responderam a pesquisa
através de entrevista presencial e o restante foi por meio do
formulário eletrônico disponível na web. A maioria dos
sujeitos era do sexo masculino (87%). O respondente de
maior idade possuía 40 anos e o de menor idade 22 anos.
Também a maioria dos respondentes (74%) adquiriu a
deficiência ao longo da vida sendo que o restante já nasceu
deficiente. A maioria dos sujeitos possuem deficiência
parcial (67%) e o restante possui cegueira total. A Tabela 3
mostra o percentual do grau de escolaridade dos sujeitos.
Tabela 3. Grau de escolaridade dos participantes.
Escolaridade
Percentual (%)
Pós-Graduação
13
Apenas Ensino Fundamental Completo
8,5
Apenas Ensino Fundamental Incompleto
21,5
Apenas Ensino Superior Completo
13,5
Apenas Ensino Superior Incompleto
8,5
Apenas Ensino Médio Completo
30,5
Apenas Ensino Médio Incompleto
4,5
Observou-se que o grau de escolaridade dos respondentes
on-line era maior do que a dos respondentes presenciais.
Sendo que os todos os pós-graduandos faziam parte do
grupo on-line. Isso pode ser um indicativo de que a
educação favorece o acesso dos DVs a Web. Todos os
entrevistados que estudavam, participavam de cursos em
sua respectiva Instituição, sendo este, principalmente, um
curso de Informática.
b) Uso das tecnologias em geral
A Tabela 4 mostra o percentual de uso dos computadores,
Tvs e celulares pelos DVs entrevistados.
Tabela 4. Uso dos computadores, celulares e Tvs pelos
entrevistados.
Tipo de Aparelho
Percentual (%)
Celular
95
TV
82
Computador
91
Pode-se notar que os aparelhos de Tv, celular e
computadores são utilizados por praticamente todos os
41
entrevistados. Observa-se um percentual maior de uso do
celular do que o da TV e computador. Isso pode ser um
indicativo do grande potencial de uso dos celulares pelos
DVs.
c) Uso do computador e da Internet
A Tabela 5 mostra a frequência de uso do computador
pelos deficientes visuais entrevistados.
Tabela 5. Frequência de uso do computador pelos
entrevistados.
Frequência de uso do computador
Percentual (%)
1 vez na semana
13
2 a 3 vezes na semana
8,0
1 a 5 horas/dia
31
6 a 8 horas/dia
9,0
mais de 8 horas/dia
35
Outros
4,0
Observou-se pela Tabela 5 que grande parte dos sujeitos
(44%) utiliza o computador mais de 8 horas por dia. A
Tabela 6 mostra que a maioria (82%) utiliza ou em casa ou
no trabalho, o que demostra que os entrevistados não
dependem das associações para acessar o computador.
Observa-se pelas Tabelas 6 e 7 que uma minoria (18%)
depende da associação para acessar o computador, e,
portanto podem acessar do trabalho ou de casa. A maioria
dos entrevistados (52,5%) acessa a Internet mais de 5 horas
por semana. No entanto observou-se um percentual
significativo (23%) de entrevistados que nunca utilizaram.
Tabela 6. Local de acesso do computador.
Local que acessa o computador
Percentual (%)
Casa
41
Trabalho
41
Associação
18
Tabela 7. Frequência de uso da Internet.
Frequência de uso da internet
Percentual (%)
Raramente
5,5
2 a 3 vezes por semana
19
Mais de 5 horas por dia
52,5
Nunca utilizaram
23
Observa-se pela Tabela 8 que a maioria dos entrevistados
(60%) indicou que gostam de utilizar a web para conversar
(chat) ou para acessar e-mails (65%) ou ainda para navegar
na web (56%). Um dado interessante é que 13% dos
entrevistados utilizam o computador para programar.
Tabela 8. Principais funcionalidades de uso do computador.
Principais funcionalidades de uso do
computador
Percentual (%)
Nunca usaram
9
Usa processador de texto
47
Lê e envia e-mails
65
Navegar na web
56
Sabe programar
13
Usa ferramentas de chat (Skype, msn, etc)
60
Tabela 9. Tipos de sites que mais acessam.
Tipos de site que acessam
Percentual (%)
Nenhum
17
Sites de relacionamento
47
Notícias
52
Músicas
21
Outros
4,0
A maioria (52%) indicou acessar sites de notícias, uma
grande parte (47%) acessa sites de relacionamento. 4%
mencionaram acesso ao banco e sites de pesquisa.
Tabela 10. Principais dificuldades no uso do computador.
Principais dificuldades no uso do
computador
Percentual (%)
Imagens, botões e banners em sites
52
Falta de prática
21
Colocar fone de ouvido
4
Voz pouco nítida
7
Inacessibilidade de IDEs para
desenvolvimento de softwares.
4
Nenhuma
17
A Tabela 10 detalha as principais dificuldades encontradas
no uso do computador. As soluções sugeridas pelos DVs
para sanar estas dificuldades são: melhorar a voz do
sintetizador (7%), desenvolvimento de novos softwares
(21%), seguir as regras da W3C [13] (7%), treinamento
(14%) e resolver problemas de contrastes (7%).
Dentre os benefícios que o computador trouxe para a vida
dos DVs estão: 19% conhecimento, 13% comunicação,
24% aumentou a leitura de textos e livro, 6% abriu portas
para o trabalho, 13% compras e pesquisas, leitura de
notícias.
Os softwares específicos para deficientes visuais citados
foram: Virtual Vision, Dosvox, Jaws e NVDA, Dosvox,
talkback, Abbyy, Finereader e OCR OpenBokk. A maioria
citou leitores de tela.
Os softwares mencionados que gostariam de usar, mas que
nunca utilizaram foram: tradutores de texto para áudio,
reconhecedores de cédulas, talkback, talks e linha Braille.
Os leitores de tela citados foram: Virtual Vision, NVDA,
Jaws, Voice e Yesoft Text. 64% dos DVs já utilizaram o
Virtual Vision, 42,86% o NVDA e 35,71% o Jaws.
A maior dificuldade apontada na leitura das telas foram as
imagens, o que foi apontado por 29% dos usuários. No
entanto sabe-se que essa dificuldade poderia ser sanada se
os conteúdos lidos pelos leitores seguissem as regras de
42
acessibilidade. Também foram citados: voz robótica, erros
de programas, teclas, fones e falta de prática. 36%
comentou não sentir dificuldade alguma.
Alguns relatos interessantes foram extraídos quando foi
perguntado aos entrevistados o impacto que a Internet teve
na vida deles:
“Além de poder me comunicar com pessoas de qualquer
parte do planeta, o computador tem sido uma ferramenta
indispensável, tanto nos estudos, quanto no próprio
trabalho, expandindo o mercado a todos nós. “
“O computador me deu mais sabedoria/conhecimentos,
maior autonomia em trabalhos escolares, etc.”
“Trabalho, pesquisa, troca de e-mails, contatos com
amigos distantes, atualização das novidades do mundo.”
“Posso ouvir musica estudar, conversar com meus amigos
distantes e conhecer outras pessoas.”
“Estudo, comunicação com outras pessoas, aquisição de
cultura, leitura de jornais e revistas, dentre outras coisas.”
“Autonomia, profissão, possibilidade de estudar com um
pouco mais de igualdade e menos sofrimento,
entretenimento e outras coisas que não me vem a cabeça
agora.”
d) Uso dos Celulares
A Tabela 11 mostra o percentual de uso de algumas das
funcionalidades dos celulares.
Tabela 11. Funcionalidades mais utilizadas no celular.
Funcionalidades mais utilizadas no celular
Percentual (%)
Ligações
55
Envio de torpedos
21
Agenda
8,0
Navegador
8,0
Verificar horas
4,0
Observa-se que apesar de o grande número de
funcionalidades existentes em um celular, a maioria indicou
(55%) utilizar apenas para ligações.
A Tabela 12 mostra a relação das funcionalidades que os
DVs gostariam de utilizar, mas não utilizam por não
saberem como utilizar ou por não estarem disponíveis de
forma acessível em seu celular.
Dentre os entrevistados, 79% mencionaram nunca ter
utilizado nenhuma funcionalidade específica para
deficientes visuais.
Seguem alguns relatos sobre a dificuldade em utilizar o
celular:
“Não tenho nenhuma dificuldade, pois o iPhone é
totalmente acessível! Um exemplo de acessibilidade”
“Não consigo fazer coisa alguma, somente posso fazer
ligações.”
“Não consigo realizar o sincronismo dos dados com o PC,
não consigo fazer uso de mapas, e nem processadores de
textos.
“Falta de acessibilidade pelo menos no sistema Symbian
“Hoje também tenho um iPhone e vejo que a
acessibilidade dele é superior aos produtos Nokia que eu já
achava fantástica antes de conhecer a Apple.”
Tabela 12. Percentual de uso das funcionalidades que os DVs
gostariam de usar em seus celulares.
Funcionalidades
Percentual (%)
Gps
6,0
Torpedo
3,0
Agenda
2,0
Talks
2,0
Leitor de cores
1,0
Leitor de cédulas
1,0
Navegador
1,0
Horas
1,0
Jogos, Músicas
2,0
A maior parte dos entrevistados afirmou ter pouca ou
nenhuma dificuldade no uso, sendo esta, na maioria das
vezes, solucionável com uma maior prática. Sendo que
algumas dificuldades apontadas foram: Envio de torpedos
(15%), agenda pouco acessível (8%), verificação das
ligações recebidas, falta de softwares específicos, falta de
habilidade no uso e ligar para operadora.
A maior parte dos entrevistados dividiu-se entre os que não
sabiam sugerir alguma solução para as dificuldades
encontradas e outras, que citaram o desenvolvimento de
novos softwares (31%). Como benefício do uso, 68% dos
entrevistados citaram a facilidade na comunicação.
No formulário on-line relataram os seguintes benefícios do
uso do celular: maior interação com as pessoas, autonomia,
independência e mobilidade.
Seguem alguns relatos sobre soluções que poderiam ser
adotadas para aumentar a acessibilidade dos celulares:
Conscientização dessas dificuldades por parte dos
programadores.
Fazer campanhas junto aos fabricantes para criar
soluções com mais acessibilidade.”
Acho que para superar essas dificuldades pode-se
melhorar a formação dos profissionais que desenvolve tais
aplicativos e serviços.
e) Educação e Informática
Dentre os entrevistados, 73% dos entrevistados fizeram
curso de informática, sendo que 14% estão começando
algum curso agora. 34% gostaria de fazer cursos para
acessar a Internet, 26% se interessaram por programação.
Alguns também citaram Excel (8%). Dois dos entrevistados
online são formados em ciência da computação sendo que
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um deles mencionou a motivação que teve em sala de aula
devido a paciência de um dos professores de programação.
Dentre os entrevistados, 70% nunca participaram de cursos
à distância oferecidos pela Web. Dos 30% que
participaram, um mencionou que recebeu uma capacitação
do Dosvox a distância e que foi muito boa, outro
mencionou ter tirado um diploma de graduação a distância.
Um terceiro está fazendo um curso de linguagem de
programação java e está gostando bastante, já outro relatou
que abandonou o curso por problemas de acessibilidade.
Dentre os entrevistados, 58% mencionaram não querer
fazer nenhum curso pela Internet sendo que alguns
mencionaram preferir cursos presenciais. Além disso, 14%
gostariam de fazer curso de línguas e 7% comentaram
querer fazer curso de Windows e Office.
Dentre os entrevistados, 13,5% relataram a vontade de fazer
curso de programação. Além disso,
36% dos entrevistados acreditam não serem capazes de
realizar cursos à distância, mas 43% se consideram aptos. O
restante não soube dizer.
Todos os entrevistados manifestaram interesse por
contribuir para as pesquisas do nosso grupo.
CONCLUSÕES
Em vista da importância da tecnologia na vida dos
deficientes visuais e na necessidade de pesquisas nessa
área, este trabalho teve como objetivo realizar um estudo de
campo para compreender como as tecnologias relacionadas
a computadores e celulares têm sido utilizadas pelos
deficientes visuais.
O objetivo foi alcançando e a seguir são relatadas as
dificuldades encontradas, lições aprendidas e possíveis
soluções para alguns problemas.
A primeira dificuldade foi encontrar um cadastro das
instituições voltadas para deficientes visuais, e por conta
disso poucas foram contatadas. Pode-se concluir que falta
um cadastro central dessas instituições que poderia ser
mantido pelas prefeituras.
A segunda dificuldade foi a grande resistência por parte das
instituições em deixar que nosso grupo de pesquisa
pudessem entrevistar os DVs. Segundo relato de pessoas
dessas instituições os pesquisadores costumam levantar os
dados, mas não existe nenhum retorno a respeito dos
resultados alcançados por esse levantamento. Uma solução
é alertar aos pesquisadores para sempre apresentar um
retorno do trabalho realizado, destacando a importância que
a associação teve na pesquisa. Foi pensando nisso que
nosso grupo pretende reunir o material resultante e enviar
uma carta de agradecimento a todos que colaboraram com a
pesquisa.
Devido essas dificuldades de contato foi necessário
disponibilizar um formulário on-line para coletada de
dados. Foi interessante perceber que um potencial para
coletar informações dos DVs na web, pois existem vários
deficientes visuais que conseguem acessá-los, desde que
esses formulários sejam acessíveis. Em âmbito
internacional, esse potencial deve ser ainda maior.
Todos os entrevistados utilizam leitores de tela com
sintetizador de voz em português para acessar tanto páginas
web como aplicações Desktop. Não foram relatadas
dificuldades de uso desses leitores, o que consiste em uma
evolução, pois em trabalhos anteriores a voz robotizada do
sintetizador e o sotaque em Inglês era uma das principais
reclamações.
Alguns deficientes visuais que são programadores de
sistemas relataram dificuldades em programar, pois os
ambientes para programação (Como NetBeans, Eclipse)
não são acessíveis o suficientes. Tornar esses ambientes
acessíveis pode ser uma linha de pesquisa a ser seguida.
Observou-se, através de relatos, que existe tecnologia
suficiente para que os deficientes visuais possam explorar
tudo que a Web apresenta (e-mail, chats, notícias, portais,
acesso ao banco), no entanto o maior problema relatado foi
a baixa acessibilidade dos sites. Essa baixa acessibilidade
pode ser a combinação de um ou mais dentre os três fatores:
a) sites que não estão preparados para serem lidos por
leitores, b) navegadores que não estão preparados para
interpretarem os sites acessíveis e c) os leitores não
obedecem aos os padrões para interpretar sites acessíveis.
Sugerimos duas soluções para esse problema, a primeira é
que os sites, os leitores e os navegadores devem
simultaneamente obedecer aos padrões W3C [13]. Esses
padrões existem, mas são pouco utilizados ainda por
dificuldades no entendimento da documentação. Sendo
assim, a segunda solução para o problema da acessibilidade
dos sistemas é oferecer mais cursos e mais pesquisas que
ensinem os alunos a programar aplicativos Acessíveis.
Pensando nesse problema levantado por nesse trabalho, o
nosso grupo de pesquisa está preparando um treinamento
para elaboração de aplicativos acessíveis. Além disso,
estamos estudando como elaborar sites com interfaces ricas
acessíveis [1]. Acessibilidade, inclusive é a palavra do
momento, muitos dos entrevistados relataram em quão
importante é um os sistemas serem acessíveis, porém isso
muitas vezes fica apenas no papel. Esperamos que
iniciativas motivadas por essa pesquisa possam preencher
essa lacuna.
Dentre os entrevistados, existe um maior número de
usuários de celulares do que de computadores. Apesar
disso, grande parte dos sujeitos utilizam os celulares
basicamente para fazer ligações, ou seja, o potencial ainda é
pouco explorado. Por outro lado, na revisão bibliográfica
realizada (tabela 2), evidencia-se que existem outros tipos
de aplicações acessíveis como: GPS, reconhecedor de
objetos, reconhecedor de células, etc. De alguma maneira
essas tecnologias não chegaram até os DVs. Uma hipótese
para isso acontecer é que os celulares que apresentam maior
acessibilidade ainda são caros e os aplicativos existentes
ainda não possuem versão em inglês. Dois entrevistados
44
elogiaram a acessibilidade do iPhone, sendo que o restante
desconhecia o uso desses aparelhos, que achamos que ainda
possuem alto custo. As dificuldades relatadas no uso do
celular variam muito com o tipo de aparelho. Sugerimos
que mais aplicativos gratuitos e em português sejam
desenvolvidos. Sugerimos também que mais pesquisas para
relacionar acessibilidade ao tipo de aparelho e sistema
operacional sejam desenvolvidas. Chamamos atenção que é
fundamental envolver os deficientes visuais no
desenvolvimento de aplicações acessíveis ou testes de
soluções já existentes. Somente os DVs poderão testar e
dizer se o produto gerado é definitivamente acessível.
Pensando na formação de mais alunos que saibam
programar acessível e na carência de aplicativos para
celulares acessíveis, nosso grupo de pesquisa iniciou dois
projetos nessa linha: GPS para deficientes visuais [10] e
reconhecedores de cédulas em português. No primeiro
projeto, realizado antes dessa pesquisa, nosso grupo não
conseguiu deficientes visuais para testar devido a
dificuldade em contatá-los. No entanto, após a realização
dessa pesquisa, conseguimos envolver os DVs em todos os
outros projetos, e somente assim estamos conseguindo
desenvolver aplicativos com maior acessibilidade. Esse
contato com os DVs foi mais uma contribuição desse
estudo para o nosso grupo.
Acreditamos que os celulares, por serem portáteis e
populares, possuem alto potencial de uso pelos deficientes.
No entanto, mais estudos a respeito da acessibilidade desses
dispositivos, principalmente sobre a tecnologia de toque
(touch screen) devem ser realizados. Mais uma vez
destacamos a necessidade de envolvimento dos DVs nesses
estudos. Também acreditamos que devem existir iniciativas
para ensinar os deficientes visuais quais as melhores
tecnologias de celulares acessíveis e como obtê-las.
Alguns deficientes relataram que fizeram curso a distância
(EAD) acessível e que conseguiram aprender bastante.
Todos os deficientes que fizeram EAD possuíam cegueira
total. Isso demonstra que é totalmente possível usar a EAD
acessível, e esperamos incentivar essa prática através desse
trabalho. Para tanto, necessita-se de tornar tanto o conteúdo
digital como o ambiente de EAD acessível. Pensando nesse
aspecto, nosso grupo de pesquisa está estudando como
elaborar conteúdos digitais acessíveis. Essa pesquisa está
no começo ainda, mas já conta com a participação de DVs
que foi possível devido o presente estudo.
Essa pesquisa aponta sutilmente para uma possível quebra
de paradigmas no aprendizado dos deficientes visuais,
sendo esse aprendizado podendo ser realizado através de
arquivos digitais de sons ao invés dos tradicionais livros em
Braille.
Outro objetivo alcançado nessa pesquisa a foi identificação
das demandas de sistemas gratuitos e em português que
foram relatados como necessários pelos deficientes visuais.
i) Bibliotecas digitais de áudio ao invés de livros em
Braille; ii) GPS para celulares; iii) Relógio para celulares;
iv) Reconhecedores de objetos; reconhecedores de cédulas
financeiras; v) cursos de programação para deficientes.
Todos os deficientes visuais relataram que as tecnologias
citadas nesse trabalho tiveram impacto positivo em sua
vida. Alguns relatos a respeito foram registrados na seção
de resultados.
Em suma, além das informações preciosas apresentadas
nessa pesquisa, o presente trabalho possibilitou que o grupo
de pesquisa INTERA estabelecesse contato com grupos de
deficientes visuais que passaram a trabalhar conjuntamente
com a equipe. A participação dos DVs em nossas pesquisas
tem sido muito importante, pois sem eles não é possível
testar as aplicações que estão sendo desenvolvidas e nem
estudar como a tecnologia pode ajudar efetivamente essa
parcela da população.
A partir dos resultados apresentados, o grupo de pesquisa
INTERA começou a se posicionar melhor com relação as
suas pesquisas, visando assim atender essa parcela da
população. Espera-se que outros grupos de pesquisa
também possam utilizar os dados apresentados nesse
trabalho como suporte para outras pesquisas.
AGRADECIMENTOS
Pró-reitoria de extensão da UFABC por financiar essa
pesquisa.
As associações: ADEVA - Associação de Deficientes
Visuais e Amigos; LARAMARA - Associação Brasileira de
Assistência ao Deficiente Visual; e CADEVI - Centro de
Apoio ao Deficiente Visual pela colaboração com essa
pesquisa.
Aos alunos Felipe Siller e Augusto Terada por participarem
como voluntários desse projeto.
Ao aluno José João de Moura júnior pela colaboração na
pesquisa inicial.
Ao programador Neno Henrique da Cunha Albernaz pela
ajuda na divulgação do questionário on-line.
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1. Braga, Juliana Cristina, Damasceno, Rafael. Pezzuto.
Leme, Rodrigo. Torres. Dotta, S. Accessibility Study of
Rich Web Interface Components. ACHI 2012, The Fifth
International Conference on Advances in Computer-
Human Interactions. Valencia, Espanha, Janeiro, 2012.
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id=achi_2012_3_40_20193.
2.Campbell, Larry. Trabalho e cultura: meios de
fortalecimento da cidadania e do desenvolvimento
humano. Revista Contato Conversas sobre Deficiência
Visual Edição Especial. Ano 5, número 7 Dezembro
de 2001.
3. Santarosa, Lucila M. C. Comunicar para aprender,
aprender para comunicar: Ambientes de aprendizagem
45
telemáticos como alternativa. Brasília, Revista Integração,
(8) 20:46-50, 1998.
4.UTAD/GUI,, Internet para Necessidades Especiais. 1999.
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Cortez Editora. 2003.
6. Neto, A. S. F. Anais do V Encontro Nacional de Ensino
e Pesquisa em Informação. Salvador, 28 a 30 de junho de
2004.
http://www.cinform.ufba.br/v_anais/artigos/alberico.htm
7. Schweitzer, Fernanda. Revista ACB: Biblioteconomia
em Santa Catarina, Florianópolis, v. 12, n. 2, p. 273-285,
jul./dez., 2007. Fonte:
http://atbibliofurg2011.files.wordpress.com/2009/05/a-
sociedade-e-a-informacao-para-os-deficientes-visuais-
relato-de-pesquisa.ppt
8.SENAI - Âmbito do Programa SENAI de Ações
Inclusivas. Estudo sobre inovações tecnológicas e
recursos didático-pedagógicos. Fonte:
www.senai.br/psai/download/Inovações%20tecnológicas.
pdf
9. SÁ, Elizabeth D. Acessibilidade: as pessoas cegas no
itinerário da cidadania. In: Inclusão: Revista da Educação
Especial. Secretaria de Educação Especial/MEC, v. 1,
n.1, outubro de 2005. p. 13-18.
10. Siller, F ; BRAGA, J. C. . GPS para deficentes visuais.
In: Simpósio de Fatores Humanos em Sistemas
Computacionais, 2010, Belo Horizonte. Anais Estendidos
do IX Simpósio de Fatores Humanos em Sistemas
Computacionais. Porto Alegre : Sociedade Brasileira de
Computação, 2010. v. 2. p. 1-162.
11.Silva, S. T. T. W. II Simpósio de comunicação
tecnologia e educação cidadã. LECOTEC. 11 a 13 de
novembro Bauru SP.
12.Fonseca, Maria Simone Silveira. O processo de inclusão
dos alunos com deficiência visual total nos laboratórios
de informática das escolas de canoas. Projeto de Pesquisa.
Fonte:http://msimonef.wikispaces.com/PROJETO+DE+P
ESQUISA. Último Acesso em: ago 2010. Silva (2009)
13.WORLD WIDE WEB CONSORTIUM (W3C). Web
Content Accessibility Guidelines 2.0, 2008. Disponível
em: http://www.w3.org/TR/WCAG/. Acesso em: 26 Nov
2012.
i
INTERA Inteligência em Tecnologias Educacionais e Recursos Acessíveis.
46
... O desenvolvimento de um aparelho que diminua este problema é necessário pois, além de causar uma segurança maior da locomoção do deficiente visual, contribui também com a sua independência pessoal em sua locomoção, além de pesquisas demonstrarem que as tecnologias contribuem para a diminuição da discriminação social dos deficientes visuais [Braga et al 2012] . ...
Article
Full-text available
Categoria: ARTIGO BÁSICO Resumo: O presente projeto consiste em um aparelho, que auxilia na locomoção de pessoas com deficiência visual total. O mesmo é posicionado na cabeça do usuário por intermédio de um chapéu, no qual é dotado de um sensor ultrassônico que detecta obstáculos à sua frente e informa ao usuário através de sinais vibratórios no seu celular. Quanto mais próximo o objeto detectado, mais constante ficam as vibrações. Assim, o deficiente visual além de ser informado da existência de um obstáculo à sua frente, ele também saberá a distância aproximada. Palavras Chaves: Ultrassom; cego; sonar. Abstract: The prototype consists of a device that assists in the locomotion of people with complete visual impairment. The same is positioned on the user's head, more precisely in a hat, from which it is equipped with an ultrasound sensor that detects obstacles in front of it and informs the user by vibrating signals on his or her mobile phone. The closer the object is detected, the more constant the vibrations are. Thus, the visually impaired in addition to being informed of the existence of an obstacle in front of him, he will also know the approximate distance. 1 INTRODUÇÃO O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. A diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira) [Gonzatto et al 2012], enfrentam inúmeras dificuldades. Onde globalmente, o número de pessoas de todas as idades deficientes visuais é estimado em 285 milhões, dos quais 39 milhões são cegos, com incertezas de 10-20% [Pascolini; Mariotti, 2010], onde no Brasil. Tecnologias e projetos são desenvolvidos para amenizar algumas dessas dificuldades, como por exemplo o DOSVOX, que é usado por mais de 2000 pessoas cegas em todo Brasil, que através dele podem editar textos em tinta e em Braille, ler jornais e livros, acessar a Internet, e realizar um número imenso de funções profissionais e de lazer através de um microcomputador [Borges, 1998]. Além dos fatores de exclusão social, ele também sofre com os obstáculos mal posicionados em seu caminho dificultando seu deslocamento, onde são numerosos e desafiadores dificultando ou impedindo a locomoção, a livre circulação, a comunicação, a interação física e social das pessoas cegas ou com baixa visão em suas atividades diárias [De Sá, 2000]. Uma ajuda para a sua locomoção é o uso de bengala que auxilia na percepção do ambiente a sua frente. Mesmo assim, a bengala deixa passar despercebido obstáculos localizados acima da cintura, como telefones públicos (orelhão), galhos de árvores, placas de trânsito, etc., ocasionando acidentes. Sendo assim, é necessário a elaboração de uma solução para este problema que seja viável a realidade da sociedade atual. O desenvolvimento de um aparelho que diminua este problema é necessário pois, além de causar uma segurança maior da locomoção do deficiente visual, contribui também com a sua independência pessoal em sua locomoção, além de pesquisas demonstrarem que as tecnologias contribuem para a diminuição da discriminação social dos deficientes visuais [Braga et al 2012]. 2 O TRABALHO PROPOSTO Desenvolvimento de um aparelho eletrônico com tecnologia assistiva, que é um termo utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência [Bersch, 2017], que auxilie na locomoção de pessoas com deficiência visual total em detectar obstáculos dos quais a bengala deixa passar despercebido. O aparelho deve ser pequeno o suficiente para poder ser acoplado em um chapéu ou em um óculos. Deve detectar obstáculos relativamente altos (do tórax para cima), e informar para o usuário a distância aproximada dos obstáculos através de um sinal vibratório em seu celular. 001 | Página
... No que diz respeito ao ensino, Nuernberg (2008) declara que com alunos com deficiência visualé necessário valorizar suas experiências táteis, auditivas e cinestésicas, a fim de proporcionar aos educandos as mesmas oportunidades e exigências que são oferecidas aos demais alunos. Entre as dificuldades cotidianas discutidas por pessoas com deficiência visual, a identificação de cédulasé mencionada frequentemente (BRAGA et al., 2012). ...
Conference Paper
O sistema monetário brasileiro é conteúdo recomendado para o ensino fundamental de matemática. Porém, pessoas com deficiência visual possuem dificuldade para identi?car cédulas de Real. Desse modo, este artigo propõe a criação de um aplicativo móvel para apoio ao ensino deste conteúdo aos alunos com deficiência visual. O desenvolvimento foi baseado no Design Centrado ao Usuário e envolveu testes em protótipos e avaliações com usuários. Os resultados preliminares indicam que o aplicativo foi considerado satisfatório. Segundo os usuários, além de apoiar o ensino, a aplicação pode ser útil também na realização de atividades rotineiras. O tempo para identificar uma cédula é a maior limitação da aplicação desenvolvida.
... Around the world there are about 285 millions impaired visual people and about 39 millions are blind [1]. To those people, the technology can expand communication and personal autonomy, minimize or compensate the restrictions related to the lack of vision [2]. ...
... In the world there are around 285 millions impaired visual people, from these, 39 millions are blind [1]. To those people, the technology can expand communication and personal autonomy, minimize or compensate the restrictions related to the lack of vision [2]. ...
Article
Nowadays, due to touchscreen, mobile devices have become much more dynamic than in the past. However, due the same reason, those devices are less accessible for blind people. It is expected that in 2018, over half of mobile phone users will have a smartphone, therefore researches about mobile accessibility are very important. So, the aim of this systematic review is to cooperate with new research about methods for braille text entry on smartphones. The systematic searches in 5 databases, resulted in 11 papers that answered the research questions that grounded this work.
... Around the world there are about 285 millions impaired visual people and about 39 millions are blind [1]. To those people, the technology can expand communication and personal autonomy, minimize or compensate the restrictions related to the lack of vision [2]. ...
Conference Paper
Full-text available
Nowadays, due to touchscreen, mobile devices have become much more dynamic than in the past. However, due the same reason, those devices are less accessible for blind people who depend on physical keyboards to type. In order to allow blind people performing text entry more easily, this research have as goal the development of a method, called BrailleÉcran, for smartphones with no physical keyboard. The method combines an Android application and a kind of screen protector with points and Braille symbols. This paper presents a proposal, results, discussion and future works.
... participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social" (Brasil, 2007). Na tecnologia assistiva, os dispositivos móveis, como por exemplo, os smartphones e tablets, por serem ubíquos e terem hardwares avançados, podem ser importantes aliados nos benefícios citados anteriormente (Braga, et al., 2012). Estudos têm investigado aplicações que estes aparelhos podem ter na vida de deficientes visuais, bem como: locomoção em ambientes internos e externos, leitura de documentos de texto entre outras. ...
Conference Paper
Full-text available
Resumo. O presente trabalho tem como objetivo o estudo de aplicativos moveis a serem utilizados no âmbito academico pelos deficientes visuais, devido ao fato dos dispositivos moveis apresentarem grande potencial de uso por parte dos deficientes visuais para a melhoria da vida cotidiana no âmbito academico. No entanto, os aplicativos existentes possuem baixa acessibilidade, dificultando o uso destes por deficientes visuais na vida academica, pois no desenvolvimento destes aplicativos nao foram levados em conta as suas necessidades e capacidades especificas. A partir dos problemas identificados no estudo, sera possivel tracar estrategias e solucoes para que esses aplicativos sejam utilizados em prol da educacao acessivel.
Article
With technological advancements, there has been a vast increase in the number of companies that fight over their market share. In search of a differentiating factor, companies are investing more and more in their products’ emotional designs. This researched work has evaluated the affects that are caused in visually impaired people when using Facebook's features and then compared them with the experiences of sighted users. To do that, these two types of Facebook users were subjected to a questionnaire that was based on the PANAS affect scale. Once the information was collected, statistics were employed so as to evaluate both users’ feelings. The results have shown that there were significant statistical differences between the sighted and the visually impaired users when the “affects” were evaluated by using the PANAS tool. The five “negative affects” that were selected (Irritability, Uselessness, Frustration, Sadness, and Confusion) were largely more relevant for the blind people in most of the evaluated features. This has indicated some serious accessibility problems. However, a high frequency of the five “positive affects” that were considered (Satisfaction, Pleasantness, Surprise, Excitement, Interest, and Determination) were additionally observed for both of these two groups. These results were interpreted as feelings of both social inclusion and social exclusion, indicating the possibility of exploring technological devices that were unavailable not long ago. After analyzing their experiences in their usage of the Facebook features, the findings have also highlighted the many differing emotions that are felt by the visually impaired and the sighted users. The resulting outcomes have indicated that there are some issues that are still open to problems and difficulties. Moreover, these issues involve human-computer interactions. Nevertheless, fortunately, there is light at the end of the tunnel, as will be revealed.
Conference Paper
Mobile devices can be used as assistive technologies as they help improve the quality of life of people with visual impairments (PVI). Despite the advantages of mobile devices, it is necessary to overcome some challenges regarding the difficulties of interacting of these users with the operating system of these devices. This is important for the use of this technology to reach a greater number of the visually impaired. Therefore, this study aimed to perform an interface design and the development of an application. It automatically adapts the Android® operating system according to the accessibility preferences of the visually impaired through voice commands. These preferences were validated in previous studies. With the help of computational tools and tests with PVI, it was possible to create the prototype of the application interface and to know the improvements to be made. The developed application showed potential to be a useful tool for the visually impaired, also bringing specific benefits of using the voice command to partially impaired people.
Conference Paper
Full-text available
Digital accessibility contributes to digital and social inclusion of people. Faced with this potential contribution, in 2006, the Brazilian Computer Society (SBC) presented the "Participative and universal access to knowledge for the Brazilian citizen" as one of the great challenges of computing in Brazil for a decade (i.e., 2006-2016). Through this challenge, SBC sought to stimulate and support research in Brazil related to the theme that includes initiatives to promote accessibility. Ten years after the launch of great challenges of SBC, there is a demand to characterize the researches in digital accessibility in Brazil in order to demonstrate the investments and evolution in this area. This work presents an overview of the investments in digital accessibility in Brazil, through the comparative characterization of the research carried out in the country ten years before and ten years after the challenge launched by SBC. The perspective of the presented characterization is relevant because it allows reflecting on how this theme has been explored in the country in the scientific scope, besides evidencing the relevance of maintaining digital accessibility as an important investment area in Brazil.
Conference Paper
Previous studies indicated that some practices in the Interaction Design-related technical communication advocate considering users as victims unable to solve their own problems and bestowing a paternal role to the designer. These practices sometimes occur in User-Centered Design (UCD) literature, offering a risk of compromising the focus on the user proposed by the UCD theories, by unempowering the users and removing them from the productive process. This paper proposes a method for analysing content of papers on accessibility-related tracks of the latest editions of the Brazillian Symposium on Human Factors in Computer Systems to investigate whether the appropriations of UCD in the publications are unempowering users through a narrative trope called "Tyrants, Heroes and Victims", defined by Clay Spinuzzi, or empowering narratives are employed in writing. We expect that this paper will serve as an exposition of the usage, and the risks, of unempowering narratives in the Interaction Design community.
Conference Paper
Full-text available
The use of the latest technologies to develop rich interfaces for websites could decrease your accessibility, making problematic the access for people with disabilities. Faced with this problem, this paper executed a study to evaluate the accessibility of rich components on the Web. The paper used WAI-ARIA recommendations as reference and analyzed the accessibility problems found in the Jboss Richfaces components library. The study demonstrates a methodology to make the analyzed rich components accessible.
Conference Paper
The development project seeks to create a Global Positioning System (GPS) for mobile devices to assist visually impaired in their location by sending and receiving voices commands.
  • Fonte
Fonte:http://msimonef.wikispaces.com/PROJETO+DE+P ESQUISA. Último Acesso em: ago 2010. Silva (2009)
Aprendendo para a vida: os computadores na sala de aula
  • Fernanda M P Freire
  • Valente
  • A José
Freire, Fernanda M. P. e Valente, José A. Aprendendo para a vida: os computadores na sala de aula, São Paulo: Cortez Editora. 2003.
Accessibility Study of Rich Web Interface Components. ACHI 2012, The Fifth International Conference on Advances in ComputerHuman Interactions
  • Juliana Braga
  • Cristina
  • Rafael Damasceno
  • Pezzuto
  • Rodrigo Leme
  • Torres
  • S Dotta
Braga, Juliana Cristina, Damasceno, Rafael. Pezzuto. Leme, Rodrigo. Torres. Dotta, S. Accessibility Study of Rich Web Interface Components. ACHI 2012, The Fifth International Conference on Advances in ComputerHuman Interactions. Valencia, Espanha, Janeiro, 2012. Fonte: http://www.thinkmind.org/index.php?view=article&article id=achi_2012_3_40_20193.
Anais Estendidos do IX Simpósio de Fatores Humanos em Sistemas Computacionais
  • F Siller
  • J C Braga
Siller, F ; BRAGA, J. C.. GPS para deficentes visuais. In: Simpósio de Fatores Humanos em Sistemas Computacionais, 2010, Belo Horizonte. Anais Estendidos do IX Simpósio de Fatores Humanos em Sistemas Computacionais. Porto Alegre : Sociedade Brasileira de Computação, 2010. v. 2. p. 1-162.
Anais do V Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa em Informação. Salvador, 28 a 30 de junho de
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Neto, A. S. F. Anais do V Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa em Informação. Salvador, 28 a 30 de junho de 2004. http://www.cinform.ufba.br/v_anais/artigos/alberico.htm
Trabalho e cultura: meios de fortalecimento da cidadania e do desenvolvimento humano
  • Larry Campbell
Campbell, Larry. Trabalho e cultura: meios de fortalecimento da cidadania e do desenvolvimento humano. Revista Contato -Conversas sobre Deficiência Visual -Edição Especial. Ano 5, número 7 -Dezembro de 2001.
Comunicar para aprender, aprender para comunicar: Ambientes de aprendizagem telemáticos como alternativa. Brasília
  • Lucila M C Santarosa
Santarosa, Lucila M. C. Comunicar para aprender, aprender para comunicar: Ambientes de aprendizagem telemáticos como alternativa. Brasília, Revista Integração, (8) 20:46-50, 1998.