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RESERVA E COLÓGICA DO IBGE
TOMO 2
VOLUME 1 Biodiversidade Terrestre
Presidente da República
Dilma Rousse
Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão
Miriam Belchior
INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA - IBGE
Presidente
Eduardo Pereira Nunes
Diretor Executivo
Sérgio da Costa Côrtes
ÓRGÃOS ESPECÍFICOS SINGULARES
Diretoria de Pesquisas
Wasmália Socorro Barata Bivar
Diretoria de Geociências
Luiz Paulo Souto Fortes
Diretoria de Informática
Paulo César Moraes Simões
Centro de Documentação e Disseminação de Informações
David Wu Tai
Escola Nacional de Ciências Estatísticas
Sérgio da Costa Côrtes (interino)
UNIDADE RESPONSÁVEL
Diretoria de Geociências
Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais
Celso José Monteiro Filho
RESERVA E COLÓGICA DO IBGE
TOMO 2
VOLUME 1 Biodiversidade Terrestre
Mauro Lambert Ribeiro
ORGANIZADOR
Rio de Janeiro
2011
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística - IBGE
Diretoria de Geociências
Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais
Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística - IBGE
Av. Franklin Roosevelt, 166 - Centro - 20021-120 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil
ISBN 978-85-240-4184-6 (obra completa)
ISBN 978-85-240-4186-0 v.1, t.2
© IBGE. 2011
As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira
responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente,
o ponto de vista do IBGE.
Reserva Ecológica do IBGE / IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais ;
Mauro Lambert Ribeiro, organizador. - Rio de Janeiro : IBGE, 2011-.
v. -
Conteúdo: v.1, t.1-2. Biodiversidade terrestre -
ISBN 978-85-240-4184-6
1. Reserva Ecológica do IBGE (DF). 2. Biodiversidade - Brasil. 3.Recursos naturais – Brasil.
I. IBGE. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. II. Ribeiro, Mauro Lambert
Gerência de Biblioteca e Acervos Especiais CDU 502.752
RJ/IBGE/2011-09 ECOL
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Capa
Simone Mello
Gerência de Editoração/Centro de Documentação e Disseminação de Informações - CDDI
Fotos da capa e aberturas
Fernando da Costa Pinheiro
PAISAGENS N ATURAIS Geologia da bacia do córrego Ta q uara
5 I 5
Capítulo 15 :: Flora fanerogâmica da Reserva
Ecológica do IBGE
25 Introdução
26 Famílias, gêneros e espécies
27 Diversidade de famílias e gêneros
28 Diversidade de hábitos de crescimento
32 Distribuição das espécies
32 Espécies raras: elementos sob ameaça de extinção
33 Utilidades das espécies
34 Considerações finais e sugestões para manejo da RECOR
35 Referências
37 Autores
Capítulo 16 :: Floracriptogâmica: briófitas da Reserva
Ecológica do IBGE
39 Introdução
40 Briologia no Brasil e no Distrito Federal
41 Briófitas da RECOR
43 Referências
43 Autor
Capítulo 17 :: Flora criptogâmica: pteridófitas da
Reser va Ecológica do IBGE
45 Introdução
48 Pteridófitas da Reserva Ecológica do IBGE
50 Conclusão
50 Referências
51 Autora
Capítulo 18 :: Flora arbustivo-herbácea e gramíneas
da Reser va Ecol ógica do IBGE
53 Introdução
54 Flora arbustivo-herbácea
54 Gramíneas (Poaceae) na RECOR
57 Coleções de plantas vivas para estudos
58 Dinamismo florístico e conservação
59 Referências
63 Autor
Capítulo 19 :: A Reserva Ecológica do IBGE no contexto
fitogeográfico do Cerrado
65 Introdução
67 Protocolos amostrais padronizados
69 Riqueza florística, diversidade, equabilidade, densidade e
área basal
69 Similaridade florística
71 Conclusão
71 Agradecimentos
72 Referências
73 Autores
Capítulo 20 :: Liquens da Reserva Ecológica do IBGE
como bioindicadores dos diferentes regimes de fogo
75 Introdução
76 Ausência de fogo: a importância de determinantes de
pequena escala em comunidades de liquens
78 Fogo: efeitos diretos na abundância, distribuição e
recolonização de liquens
78 Composição das comunidades de liquens na RECOR
79 Ausência de fogo e composição de espécies de liquens na
RECOR
82 Presença de fogo e composição de espécies de liquens
82 Conclusões
83 Agradecimentos
83 Referências
85 Autora
Capítulo 21 :: A micobiota da Reserva Ecológica do IBGE
87 Introdução
88 Fungos da RECOR coletados por Ezechias Paulo Heringer
90 Fungo s c ole tados na RECOR pelos milogos da Universidade de
Brasília e depositados na Coleção Micológica do Herbário UB
97 Perspectivas
97 Referências
99 Autores
Capítulo 22 :: Invertebrados terrestres na APA Gama e
Cabeça de Veado
101 Introdução
103 Histórico das pesquisas
104 Abundância e riqueza de espécies de artrópodes
105 Arachnida – Aranhas e Escorpiões
105 Insetos
109 Insetos herbívoros e plantas do Cerrado
110 Importância da APA Gama e Cabeça de Veado no
conhecimento e conservação de invertebrados
110 Agradecimentos
111 Referências
117 Autoras
Capítulo 23 :: Drosofilídeos (Insecta) na Reserva
Ecológica do IBGE e seu uso como indicadores da
integridade dos hábitats do Cerrado
119 Introdução
120 A família Drosophilidae
121 Drosofilídeos da RECOR
122 Bioindicadores
123 Drosofilídeos bioindicadores na RECOR
127 Agradecimentos
128 Referências
131 Autoras
Capítulo 24 :: Herpetofauna da Reserva Ecológica do
IBGE e seu entorno
133 Introdução
134 Riqueza e composição da herpetofauna da RECOR e entorno
135 Ecologia de populações
136 Ecologia de comunidades
137 Ecologia do fogo
139 Conservação da herpetofauna
141 Referências
145 Autores
Capítulo 25 :: A Reserva Ecológica do IBGE e sua
contribuição ao conhecimento e à conservação da
avifauna do Cerrado
147 Introdução
147 Síntese das pesquisas
148 Conhecimento gerado por pesquisas conduzidas na RECOR
148 Espécies de aves que ocorrem na RECOR
151 Ocorrência sazonal das espécies na RECOR e no Distrito Federal
151 Uso de vegetação nativa
153 Uso de vegetação manejada ou modificada
154 Consumo de recursos faunísticos e vegetais
154 Estudos detalhados sobre a biologia de espécies de aves
155 Considerações finais
155 Agradecimentos
155 Referências
157 Autor
Capítulo 26 :: Contribuição da Reserva Ecológica do
IBGE para o conhecimento da Mastozoologia do bioma
Cerrado
159 Introdução
161 Mamíferos da RECOR
163 Impacto do fogo e a recuperação de populações de
mamíferos
163 Diversidade de hábitats do Cerrado e sua mastofauna
associada
164 Sazonalidade do Cerrado e sua influência na reprodução de
mamíferos
166 Impactos ambientais potenciais sobre os mamíferos da RECOR
167 Referências
173 Autores
PARTE BIOTA TERRESTRE
7 Apresentação
9 Prefácio
11 Reserva Ecológica do IBGE: Parcerias científicas para a sustentabilidade do Cerrado (Introdução geral à obra)
17 Reserva Ecológica do IBGE: Biodiversidade terrestre (Introdução ao volume)
A obra Reserva Ecológica do IBGE integra a comemoração pelos 35 anos desta área, que
muito tem contribuído para o acúmulo de experiências na produção de conhecimento
cientíco e na conservação da biodiversidade do bioma Cerrado.
A Reserva Ecológica do IBGE - Recor é uma área de interesse cientíco no
Cerrado brasileiro. Sua criação, pelo IBGE, em 22 de dezembro de 1975, foi ato
de pioneirismo e vanguarda. A iniciativa estava em consonância com as diretrizes
ambientais recém-emanadas do Clube de Roma e da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente, ocorrida na cidade de Estocolmo em 1972, e com as do
próprio Governo Federal. Resultou das preocupações em conciliar a conservação e a
sustentabilidade ambiental do desconhecido Cerrado com os impactos advindos do
acelerado processo de desenvolvimento regional impulsionado pela transferência da
capital para o Planalto Central. Na esteira de esperanças que embalava Brasília, visava
ainda à integração da pesquisa nacional e estrangeira nesse novo caminho, rumo ao
centro, experiência que deveria incentivar outras instituições de governo, detentoras de
grandes áreas, a trilharem caminhos semelhantes.
Assim, em terras que recebeu do governo do Distrito Federal (gleba Roncador)
em 1960, o IBGE vislumbrou implantar este projeto. A transformação da área em
Reserva Ecológica do IBGE resultou na proposta de um programa cientíco inédito,
que, conjugando escalas local e regional, visava ao estudo comparativo da biodiversidade
da Recor – área controle ainda bem preservada – em contraponto às áreas do bioma
alteradas pelo homem. A ideia pioneira de implantar no Roncador um centro de
pesquisas cientícas, de renome nacional e internacional, se concretizaria, enm, a partir
de meados da década de 1970, sob o enfoque emergente dos estudos ambientais.
Ao longo de 35 anos, a Reserva Ecológica do IBGE rmou-se como uma área
de referência em pesquisas ecológicas de curta e de longa duração, possuindo uma
adequada infraestrutura para a realização de pesquisas cientícas, e notabilizando-
se por integrar redes nacionais e internacionais de monitoramento de dados
geocientícos. Essa experiência, fruto do trabalho de servidores do IBGE e de
parceiros externos comprometidos com o Cerrado, resultou na produção de mais de
1 000 trabalhos cientícos, incluindo 177 dissertações de mestrado e teses de
doutorado. Um sistema georreferenciado de gestão de pesquisas foi pouco a pouco
implementado, para permitir o acompanhamento de todas as etapas dos diferentes
estudos, estando prevista para breve a sua disponibilização no âmbito da Infraestrutura
Nacional de Dados Espaciais - INDE, de modo a incentivar o intercâmbio de dados e
experiências conservacionistas no País.
As atividades realizadas no âmbito da Reserva Ecológica do IBGE têm contribuído
decisivamente para a a conguração da paisagem do Distrito Federal. Inserida em uma
rede de articulações, a Recor tem colaborado para a criação de novas áreas protegidas,
seus planos de monitoramento e manejo, planejamento de corredores ecológicos, que
permitiriam interligá-las, além da integração das brigadas contra incêndios orestais,
que tem garantido a sua proteção. Por sua representatividade ecológica e integridade
ambiental, tornou-se componente importante do mosaico de áreas protegidas da capital
(zona de vida silvestre da Área de Proteção Ambiental Distrital Gama e Cabeça de
Veado e da Área de Proteção Ambiental Federal do Planalto Central; zona nuclear
da Reserva da Biosfera do Cerrado – Fase I – Programa Cobramab/Unesco), cujo
patrimônio ambiental confere proteção à área urbana tombada como Patrimônio
Cultural da Humanidade.
A obra completa Reserva Ecológica do IBGE, apresentada em três volumes, cobre
diferentes cortes temáticos dessa experiência e destaca suas contribuições importantes
para a formulação de políticas públicas que visam à conservação e ao uso sustentável da
biodiversidade no bioma Cerrado.
O primeiro volume, Biodiversidade Terrestre, lançado na semana do meio ambiente
de 2011, ano internacional das orestas, é um tributo aos conhecimentos gerados
sobre os diferentes níveis de organização da biota, e os diversos processos históricos
e contemporâneos que os mantêm, nas diferentes tosionomias do bioma Cerrado.
Os dois volumes seguintes – Biodiversidade Aquática e Área Protegida com Interesse
Cientíco – têm seus lançamentos previstos para 2012, quando serão celebrados os 40
anos da Conferência realizada em Estocolmo, em 1972, que indiretamente motivou
a criação da unidade e, também, a realização da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) quando serão celebrados os 20 anos da
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO
92, realizada no Rio de Janeiro em 1992) – a segunda conferência mundial sobre o
meio ambiente, onde foi rmada a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB
(Convention on Biological Diversity - CBD), cujas diretrizes e metas tornaram-se, desde
então, referência para seu programa cientíco.
Uma obra dessa dimensão é mais uma contribuição relevante do IBGE para a
sociedade brasileira, rearmando sua missão institucional de retratar o Brasil com
informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania.
Luiz Paulo Souto Fortes
Diretor de Geociências do IBGE
APRESENTAÇÃO
3capítulo 15 Flora fanerogâmica da Reserva Ecológica do IBGE
Benedito Alísio da Silva Pereira e Maria Aparecida da Silva
capítulo 16 Flora criptogâmica: briófitas da Reserva Ecológica do IBGE
Paulo Eduardo A. S. Câmara
capítulo 17 Flora criptogâmica: pteridófitas da Reserva Ecológica do IBGE
Raquel de Fátima Novelino
capítulo 18 Flora arbustivo-herbácea e gramíneas da Reserva Ecológica do IBGE
Tarciso S. Filgueiras
capítulo 19 A Reserva Ecológica do IBGE no contexto fitogeográfico
do Cerrado
Jeanine Maria Felfili Fagg (in memoriam), Roberta Cunha de Mendonça, Manoel Cláudio
da Silva Júnior, Marina de Lourdes Fonseca, Cássia Beatriz Rodrigues Munhoz e Christopher
William Fagg
capítulo 20 Liquens da Reserva Ecológica do IBGE como
bioindicadores dos diferentes regimes de fogo
Jayalaxshmi Mistry
capítulo 21 A micobiota da Reserva Ecológica do IBGE
Rita de Cássia Pereira Carvalho, Mariza Sanchez, Andréa Carla Caldas Bezerra, Leila Terezinha
Pereira dos Santos e José Carmine Dianese
capítulo 22 Invertebrados terrestres na APA Gama e Cabeça de Veado
Helena C. Morais e Ivone R. Diniz
capítulo 23 Drosofilídeos (Insecta) na Reserva Ecológica do IBGE e seu uso
como indicadores da integridade dos hábitats do Cerrado
Renata Alves da Mata e Rosana Tidon
capítulo 24Herpetofauna da Reserva Ecológica do IBGE e seu entorno
Guarino Rinaldi Colli, Cristiano de Campos Nogueira, Davi Lima Pantoja, Roger Maia Dias Ledo,
Bernardo Miglio Costa e Reuber Albuquerque Brandão
capítulo 25 A Reserva Ecológica do IBGE e sua contribuição ao
conhecimento e à conservação da avifauna do Cerrado
Dárius Pukenis Tubelis
capítulo 26 Contribuição da Reserva Ecológica do IBGE para o
conhecimento da Mastozoologia do bioma Cerrado
Maurício Schneider, Cleber José Rodrigues Alho e Ludmilla Moura de Souza Aguiar
BIOTA T ERRESTRE
CAPÍTULO 24
Guarino Rinaldi Colli
Cristiano de Campos Nogueira
Davi Lima Pantoja
Roger Maia Dias Ledo
Bernardo Miglio Costa
Reuber Albuquerque Brandão
HERPETOFAUNA DA R ESERVA
ECOLÓGICA DO IBGE E SEU ENTORNO
INTRODUÇÃO
Anfíbios e répteis (herpetofauna) são importantes componentes da biodiversidade do
Cerrado, representando porção signicativa da fauna de vertebrados (COLLI; BASTOS;
ARAÚJO, 2002). A herpetofauna desempenha papel ecológico essencial nas comunidades
biológicas, atuando como competidores, presas ou predadores de diversos organismos.
Pela relativa facilidade de estudo e alto grau de vulnerabilidade, anfíbios e répteis são
frequentemente empregados no diagnóstico de áreas e ações prioritárias para a conservação
da biodiversidade (HEYER et al., 1994; GIBBONS et al., 2000; YOUNG et al., 2004).
Em relação a outros grupos de vertebrados de taxonomia e distribuição geográca bem-
conhecidas (e, portanto, bons indicadores de padrões de diversidade), anfíbios e répteis
geralmente possuem menor distribuição geográca (GASTON, 1996). Portanto, a
herpetofauna pode auxiliar na identicação de áreas de endemismo, fundamentais na
manutenção de processos de especiação e evolução da biodiversidade (EKEN et al.,
2004; SLATYER; ROSAUER; LEMCKERT, 2007). Em áreas do Cerrado fortemente
impactadas por atividades antrópicas, anfíbios e répteis apresentam quedas em sua
abundância e até mesmo extinções locais (BRANDÃO, 2002a; BRANDÃO; ARAÚJO,
2008) e seus padrões de diversidade foram usados para estimar o valor de conservação de
diferentes regiões do Cerrado (DINIZ-FILHO et al., 2004; DINIZ-FILHO et al., 2006).
O Brasil ocupa posição de destaque mundial quanto à diversidade da herpetofauna,
sendo atualmente conhecidas 776 espécies de anfíbios (SEGALLO, 2010) e 641 de
répteis (BÉRNILS, 2010), números que aumentam rapidamente a cada ano. Ao contrário
de interpretações anteriores (VANZOLINI, 1976; VITT, 1991), a herpetofauna do
Cerrado apresenta grande riqueza e endemismo de anfíbios e répteis (COLLI; BASTOS;
ARAÚJO, 2002; NOGUEIRA, 2006; NOGUEIRA; RIBEIRO; COLLI, 2011). Os
níveis de endemismo alcançam 60% em ansbênias, 45% em lagartos, 29% em serpentes
(NOGUEIRA et al., 2010; NOGUEIRA; RIBEIRO; COLLI, 2011) e cerca de 40%
em anfíbios. Atualmente, são conhecidas do Cerrado cerca de 300 espécies, dentre elas
113 anfíbios, 74 lagartos, 30 ansbênias, 156 serpentes, 5 jacarés e 10 quelônios (COLLI;
BASTOS; ARAÚJO, 2002; NOGUEIRA; RIBEIRO; COLLI, 2011). Além disso, é grande
o número de novas espécies descritas nos últimos anos (BRANDÃO, 2002b; COLLI et al.,
2003a, 2003b; DINIZ-FILHO et al., 2005; FERRAREZZI; BARBO; ALBUQUERQUE,
2005; NOGUEIRA; RODRIGUES, 2006; RODRIGUES et al., 2008; RIBEIRO;
CASTRO-MELLO; NOGUEIRA, 2009). Para ilustrar, entre 2000 e 2009, foram
descritas 30 espécies de Squamata (lagartos, serpentes e ansbênias) no Cerrado, numa
taxa aproximada de três novas espécies por ano, dentre as quais 87% (26) são endêmicas
(NOGUEIRA et al., 2010). Por um lado, isto evidencia uma signicativa redução de lacunas
de conhecimento faunístico básico; por outro, demonstra que muito ainda resta para se
descobrir sobre a herpetofauna do Cerrado.
RESERVA E COLÓGICA DO IBGE Biodiversidade Terr est re
A necessidade de inventariar o Cerrado é premente, pelas altas taxas de conversão
de paisagens nativas em pastagens e cultivos (cerca de 30 000 km2/ano) e baixa
representatividade de áreas sob proteção efetiva, na forma de Unidades de Conservação
de Proteção Integral (apenas 2,2%) (MACHADO et al., 2004; KLINK; MACHADO,
2005). Embora haja variações entre estimativas, segundo os dados ociais recentes cerca
de 48% da área original do Cerrado já foi modicada, ainda assim o bioma continua
sendo destruído a uma taxa aproximada de 14 200 km2 anuais (RELATÓRIO…, 2009),
que correspondem a mais de 1 000 vezes a área protegida pela Recor.
O Distrito Federal é a menor Unidade da Federação em termos de extensão
territorial, tendo uma grande parcela de seu território protegida em Unidades
de Conservação de Proteção Integral. Essas áreas, no entanto, encontram-se
completamente isoladas em uma matriz antrópica, que envolve paisagens urbanas e
agrícolas (SÁ; FERREIRA, 1999). A atual situação de isolamento das áreas nativas
do Distrito Federal desvela o futuro, cada vez mais palpável, dos remanescentes do
Cerrado. Portanto, estudos sobre a estrutura, dinâmica e viabilidade de populações
e comunidades da biota do Cerrado nos remanescentes de áreas nativas do Distrito
Federal podem servir como modelo para o entendimento de padrões e processos de
perda de biodiversidade em todo o bioma. Por terem sido inventariados desde o início
da construção de Brasília, esses remanescentes permitem uma avaliação temporal das
variações nos padrões de riqueza, composição e distribuição de espécies, assim como
dos efeitos da perda de hábitat e fragmentação. Em contraste, para muitas Unidades de
Conservação do Cerrado, não existem sequer dados básicos, como simples listagens de
espécies da herpetofauna.
Pelas facilidades logísticas, diversos estudos sobre a herpetofauna foram conduzidos
na Recor, especicamente, ou na APA Gama e Cabeça do Veado, de maneira mais
geral. A maioria dos estudos abordou a ecologia de lagartos, em detrimento dos outros
grupos de répteis e anfíbios. Isso se deve, por um lado, ao fato de lagartos serem
organismos-modelo em estudos ecológicos, pela sua abundância, grau de conhecimento
taxonômico e facilidade de estudo (VITT; PIANKA, 1994; PIANKA; VITT, 2003).
Por outro, o padrão reete um viés dos grupos de pesquisa envolvidos. Para todos os
efeitos, consideramos, nessa síntese, que conclusões de estudos realizados na APA são
aplicáveis à Recor. Primeiramente, agrupamos os estudos em três categorias: ecologia
de populações, ecologia de comunidades e ecologia do fogo, conforme descrito no
que segue. Preparamos, também, uma síntese geral sobre a composição e riqueza da
herpetofauna da Recor e adjacências. Por m, avaliamos a relevância dos estudos
da Recor e adjacências no contexto do conhecimento atual sobre a conservação da
herpetofauna do Cerrado.
RIQUEZA E COMPOSIÇÃO D A HERPE T OFAUNA
D A RECOR E ENT O R NO
No total, 101 espécies da herpetofauna, incluindo 37 anuros, uma cecília, um quelônio,
20 lagartos, cinco ansbênias e 37 serpentes, possuem registros conrmados na Recor e
áreas contíguas (Apêndice deste volume – Listas de espécies da Recor – Quadro 4.3),
incluindo a região da APA Gama e Cabeça de Veado e Reserva de Cerrado da Área
Alfa, que perfazem um contínuo de remanescentes de Cerrado em diferentes estados
de conservação. Essas áreas contíguas são representativas de um conjunto biogeográco
mais amplo, formado por ambientes de topo de chapada nas drenagens do alto São
Bartolomeu, da alta Bacia Platina, que cobrem a maior parte do Distrito Federal.
A herpetofauna da Recor e adjacências apresenta riqueza igual ou superior à
documentada em outras localidades bem-estudadas no Cerrado (STRÜSSMANN,
2000; BRANDÃO, 2002a; COLLI; BASTOS; ARAÚJO, 2002; PAVAN; DIXO,
2002-2004; NOGUEIRA; COLLI; MARTINS, 2009; VALDUJO et al., 2009).
Apenas para serpentes, com 37 espécies registradas, a riqueza da Recor aparenta ser
subestimada (FRANÇA et al., 2008), visto que não houve amostragem sistemática e de
longo prazo deste grupo na área de estudo. Algumas espécies relativamente comuns no
Distrito Federal (como Liophis almadensis, Simophis rhinostoma, Liophis meridionalis e
Boiruna maculata) são esperadas para a área de estudo, e que deverão estar presentes em
amostragens complementares futuras.
Embora os dados sobre a distribuição local ainda sejam, em sua maioria, qualitativos,
(exceto para lagartos e alguns anuros), percebe-se que a riqueza não está distribuída de
modo homogêneo entre os três principais ambientes do Cerrado: campos, cerrados e
matas (Figura 1, Apêndice deste volume – Listas de espécies da Recor – Quadro 4.3).
A maior parcela da riqueza está presente nos ambiente de cerrado (82 espécies) e campo
(81), sendo que a menor fração da riqueza ocorre nas matas (59). Apenas 38 espécies
ocorrem em todos os três ambientes. Essa maior riqueza da herpetofauna nas áreas
abertas do Cerrado (COLLI; BASTOS; ARAÚJO, 2002; NOGUEIRA; VALDUJO;
FRANÇA, 2005; NOGUEIRA; COLLI; MARTINS, 2009) contrasta com os padrões
registrados em aves (SILVA; BATES, 2002) e mamíferos (REDFORD; FONSECA,
1986), cuja riqueza está concentrada em ambientes orestais. Considerando apenas as
espécies exclusivas, a mata apresentou maior riqueza (9 espécies exclusivas), seguida
pelo campo (7) e pelo cerrado (2). Os ambientes com maior grau de compartilhamento
de espécies são campo e cerrado; o menor ocorre entre campos e matas, conforme
observado para lagartos em dez localidades do Cerrado (NOGUEIRA; COLLI;
MARTINS, 2009). Essa segregação horizontal da herpetofauna contribui para a alta
riqueza local de espécies do Cerrado (COLLI; BASTOS; ARAÚJO, 2002).
BIOTA TERRESTRE Herpetofauna da Reserv a Ecológica do IBGE e seu entorno
134 I 135
ANFÍBIOS
Cerrado
RÉPTEIS
TOTAL
Mata
Campo
2,6%
(1)
13,2%
(5)
13,2%
(5)
2,6%
(1)
36,8%
(14)
5,3%
(2)
26,3%
(10)
Cerrado
MataCampo
1,6%
(1)
3,2%
(2)
6,3%
(4)
3,2%
(2)
38,1%
(24)
11,1%
(7)
36,5%
(23)
Cerrado
MataCampo
2,0%
(2)
6,9%
(7)
8,9%
(9)
3,0%
(3)
37,6%
(38)
8,9%
(9)
32,7%
(33)
FIGURA 1
Diagramas de Venn representando a riqueza absoluta e percentual de espécies de anfíbios e
répteis da RECOR e região, de acordo com os três principais tipos de hábitats do Cerrado: campo,
cerrado e mata
Colli; Bastos; Araújo (2002); Nogueira; Valdujo; França (2005); Nogueira; Colli; Martins (2009)
Quanto aos padrões de distribuição geográca da herpetofauna da Recor e
adjacências, 39 espécies são endêmicas do Cerrado, não ocorrendo em nenhum outro
bioma (Apêndice deste volume – Listas de espécies da Recor – Quadro 4.3). As
demais, 62 espécies são compartilhadas com biomas vizinhos, principalmente a Mata
Atlântica, que compartilha com o Cerrado, 45 espécies presentes na Recor e adjacências,
seguida pela Caatinga (27), Amazônia (25) e Pampas (20). O número relativamente
alto de espécies endêmicas do Cerrado presentes na Recor e adjacências e o grande
compartilhamento de espécies com a Mata Atlântica não corroboram os padrões
descritos nas primeiras interpretações sobre a herpetofauna do Cerrado, que indicavam
um baixo endemismo e grande intercâmbio com a fauna da Caatinga (VANZOLINI,
1976; VITT, 1991). Além disso, esse expressivo endemismo ressalta a importância da
APA como refúgio de uma porção peculiar da herpetofauna do Cerrado.
ECOLOGIA DE POPULAÇÕES
Diversos trabalhos de cunho autoecológicos foram conduzidos na área, incluindo
estudos sobre a ansbênia Amphisbaena alba (COLLI; ZAMBONI, 1999); os
lagartos Ameiva ameiva (COLLI, 1991), Enyalius a. bilineatus (ZATZ, 2002),
Mabuya frenata e M. nigropunctata (PINTO, 1999; WELKER, 2002), Tropidurus
torquatus (VIEIRA et al., 2001; WIEDERHECKER; PINTO; COLLI, 2002;
WIEDERHECKER et al., 2003); e as serpentes Bothrops moojeni, B. itapetiningae
e B. neuwiedi (BORGES; ARAÚJO, 1998; NOGUEIRA, 2001; VALDUJO;
NOGUEIRA; MARTINS, 2002; NOGUEIRA; SAWAYA; MARTINS, 2003)
e Crotalus durissus (SALLES, 2003; HOYOS ARGAÉZ, 2006). Até o presente,
nenhum estudo sobre a autoecologia de anfíbios foi conduzido na área, mas existem
projetos em andamento.
Em sua maioria, as espécies de répteis estudadas apresentam reprodução cíclica
e sincrônica, com a gametogênese, vitelogênese e ovulação ocorrendo na segunda
metade da estação seca, enquanto o acasalamento e o nascimento dos lhotes ocorrem
na estação chuvosa. Amphisbaena alba faz exceção a esse padrão, visto que reproduz
primariamente durante a estação seca (COLLI; ZAMBONI, 1999). A atividade
reprodutiva reduz substancialmente as reservas lipídicas dos lagartos (WELKER, 2002),
mas, mesmo que essa demanda energética ocorra durante a estação seca, os indivíduos
são capazes de obter recursos alimentares para atendê-la (COLLI; PÉRES JUNIOR;
ZATZ, 1997). Assim, a reprodução cíclica aparentemente favorece o desenvolvimento
dos lhotes, que nascem no período de maior abundância de recursos alimentares, ao
invés de favorecer alguma demanda energética dos adultos.
A biologia alimentar e reprodutiva de Scinax sp., Hypsiboas albopunctatus,
Dendropsophus rubicundulus, Elachistocleis bicolor, Rhinella schneideri e Physalaemus
cuvieri foi investigada durante aproximadamente um ano (BARRETO; MOREIRA,
1996; MOREIRA; BARRETO, 1996, 1997). Algumas espécies mostraram atividade
reprodutiva durante todo o ano (Hypsiboas albopunctatus e Scinax sp.), enquanto que
em outras a atividade reprodutiva foi mais sazonal, com picos durante a estação
chuvosa (Elachistocleis bicolor, Physalaemus cuvieri, Dendropsophus rubicundulus) ou na
estação seca (Rhinella schneideri). Houve ainda diferenças signicativas na dieta das
espécies, embora cupins (Isoptera) tenham sido itens importantes para diferentes
espécies simpátricas na Recor.
Zatz (2002) investigou o polimorsmo cromático no lagarto Enyalius a. bilineatus,
espécie não descrita das Matas de Galeria de Brasília e região, e identicou dez padrões
cromáticos, que mostraram signicativa associação com o sexo dos indivíduos. A
manutenção do polimorsmo cromático em Enyalius a. bilineatus aparentemente se
deve à pressão exercida por predadores, sobretudo aqueles visualmente orientados, com
diferentes tipos de coloração críptica selecionados de acordo com diferentes pressões
seletivas de predação sobre machos e fêmeas.
RESERVA E COLÓGICA DO IBGE Biodiversidade Terr est re
ECOLOGIA DE COMUNIDADES
Os estudos realizados enfocaram principalmente a variação espacial ou temporal
das comunidades ou de alguns de seus componentes. Em estudo pioneiro, Costa
(1996) vericou que a composição de espécies de lagartos das Matas de Galeria
difere daquela das sionomias abertas do Cerrado: algumas espécies ocorrem
preferencialmente nas Matas de Galeria, como Enyalius a. bilineatus e Mabuya
frenata, e as Matas de Galeria possuem menor riqueza de espécies que as
sionomias abertas do Cerrado, que tendem a compartilhar mais espécies entre si.
Um estudo similar em área de Cerrado adjacente à Recor e Fazenda Água Limpa,
na Reserva de Cerrado da Área Alfa, demonstrou que a fauna local de lagartos
está distribuída em mosaico, sendo composta por espécies com requerimentos
estritos quanto ao tipo de ambiente e previsíveis quanto à distribuição local,
acompanhando manchas de hábitats disponíveis (NOGUEIRA; VALDUJO;
FRANÇA, 2005). Este padrão foi corroborado por estudos na Recor, quando
se vericou que as comunidades de lagartos são distintas entre áreas modicadas
por diferentes regimes de queima (PANTOJA, 2007), e mais tarde por resultados
de amostragens padronizadas em um conjunto de localidades de Cerrado
(NOGUEIRA; COLLI; MARTINS, 2009). Sugere-se, ainda, que o intercâmbio
de fauna entre Matas de Galeria e ambientes abertos de interúvio tenha sido
pouco intenso durante sua evolução (NOGUEIRA; COLLI; MARTINS, 2009),
corroborando as hipóteses prévias de que a heterogeneidade ambiental é um
fator determinante na manutenção da riqueza e diversidade da herpetofauna do
Cerrado (COLLI; BASTOS; ARAÚJO, 2002). O mesmo padrão foi observado
em comunidades de anfíbios: as Matas de Galeria apresentam menor riqueza, mas
abrigam maior proporção de espécies exclusivas em relação às sionomias abertas,
incluindo Hypsiboas goyanus, H. lundii e Scinax centralis (BRANDÃO; ARAÚJO,
2001). Tais resultados contradizem também as primeiras interpretações sobre a
fauna de répteis do Cerrado (VANZOLINI, 1976; VITT, 1991), que apontavam
a predominância de espécies generalistas, presentes indiscriminadamente em
diferentes tipos de hábitat (e, por extensão, em diferentes regiões geográcas).
Um dos principais efeitos da heterogeneidade ambiental do Cerrado é
favorecer a coexistência de espécies congenéricas. Quatro espécies do gênero
Mabuya coexistem na Recor: M. dorsivittata, M. frenata, M. guaporicola e M.
nigropunctata. E sta úl ti ma e M. frenata mostram segregação espacial e alimentar
do nicho ecológico (PINTO, 1999). Mabuya nigropunctata é mais abundante
em áreas de Cerrado denso, em relação ao Cerrado aberto e Mata de Galeria,
enquanto M. frenata mostra abundâncias semelhantes nos três ambientes. Essas
diferenças no uso do ambiente estão associadas com diferentes graus de infecção
por ectoparasitas: M. nigropunctata é proporcionalmente mais parasitada que
M. frenata, se nd o o p aras it ism o mai s ace nt uad o no Ce rrad o Dens o. Mabuya
nigropunctata e M. frenata ingerem presas de tamanhos semelhantes, sendo os
ortópteros (na maioria grilos e pequenos gafanhotos) o principal item alimentar.
Entretanto, durante a estação seca, o segundo item mais importante na dieta de
Mabuya nigropunctata são coleópteros (besouros), enquanto M. frenata ingere
maior volume de blatódeos (baratas).
Um padrão semelhante é observado entre as jararacas Bothrops moojeni, B.
itapetiningae e B. neuwiedi pauloensis, simpátricas na região de Brasília: existe
pronunciada segregação de hábitat entre as espécies, sendo a primeira associada
aos ambientes ripários, principalmente Matas de Galeria, enquanto as duas últimas
são sintópicas nas sionomias abertas de interúvio (BORGES; ARAÚJO,
1998; NOGUEIRA, 2001; VALDUJO; NOGUEIRA; MARTINS, 2002;
NOGUEIRA et al., 2003). A segregação espacial nas jararacas do Cerrado parece
inuenciada pelas relações logenéticas entre as espécies (NOGUEIRA, 2001).
Segundo otimização de uso de hábitat nas logenias, o tipo ancestral de hábitat
utilizado em cada clado de Bothrops é reetido no tipo de sionomia utilizada
no Cerrado (NOGUEIRA, 2001). Assim, a ecologia das espécies de Bothrops
no Cerrado parece moldada por fatores de escalas temporal e espacial ampla,
sendo pouco dependente de interações competitivas contemporâneas e locais, ou
fatores ecológicos proximais, tais como disponibilidade de presas ou sazonalidade
do clima (NOGUEIRA, 2001; VALDUJO; NOGUEIRA; MARTINS, 2002;
NOGUEIRA; SAWAYA; MARTINS, 2003).
Esses resultados sugerem que a manutenção de mosaicos de hábitats no
Cerrado favorece não apenas a riqueza de espécies, mas também a simpatria de
linhagens com diferentes características ecológicas (NOGUEIRA, 2001). Estudo
recente com distribuição local de lagartos corrobora esta predição, evidenciando
que grandes linhagens de lagartos diferem de modo signicativo quanto à
frequência de uso de ambientes campestres, savânicos e orestais no Cerrado
(NOGUEIRA; COLLI; MARTINS, 2009). Tais diferenças são possivelmente
determinadas pelas diferenças históricas no modo de forrageio e estratégias de
termorregulação entre estas linhagens de Squamata (VITT et al., 2003; VITT;
PIANKA, 2005).
Na fauna de serpentes, um conjunto de amostragens e estudos recentes
na região de Brasília (FRANÇA; ARAÚJO, 2006; FRANÇA et al., 2008),
incluindo dados e coletas na Recor e adjacências, revela uma comunidade de
serpentes bastante rica e diversa (FRANÇA et al., 2008), na qual as principais
síndromes morfológicas associadas aos padrões gerais de uso de micro-hábitat
(denindo serpentes terrestres, fossoriais, criptozóicas, aquáticas e arborícolas)
são fortemente inuenciadas pela logenia. Entretanto, foram também evidentes
exemplos de convergência adaptativa em grupos de espécies pouco relacionadas,
mas que compartilham os mesmos micro-hábitats (FRANÇA et al., 2008).
Ledo (2009) investigou a estrutura e a dinâmica da comunidade de lagartos em
Matas de Galeria na Recor e Jardim Botânico de Brasília. A equidade (abundância
BIOTA TERRESTRE Herpetofauna da Reserv a Ecológica do IBGE e seu entorno
136 I 137
relativa das espécies) da comunidade variou signicativamente entre as áreas, indicando
estruturação diferenciada, mesmo em áreas próximas. A dinâmica da comunidade foi mais
explicada por variações de parâmetros puramente ambientais que por variações espaciais
e temporais. A temperatura máxima, a pluviosidade e a circunferência da árvore mais
próxima da armadilha foram as variáveis estudadas mais importantes na estruturação
da comunidade. Hipóteses que armam que as Matas de Galeria se comportam como
refúgios mésicos para espécies de hábitats abertos (REDFORD; FONSECA, 1986) não
se aplicam a lagartos, pois há baixo intercâmbio entre áreas abertas e Matas de Galeria.
Além disso, a origem e a diversicação da fauna de lagartos das Matas de Galeria no
Cerrado são anteriores ao Quaternário, datando do Plioceno, com base em trabalhos
de diferenciação de espécies de Enyalius (RODRIGUES et al., 2006) e Tupinambis
(PÉRES JÚNIOR, 2003). Eventos de especiação nestes grupos seriam em grande parte
coincidentes com o soerguimento do Planalto Central brasileiro, datado no nal do
Terciário (BRASIL; ALVARENGA, 1989; DEL’ARCO; BEZERRA, 1989; COLLI,
2005). Provavelmente, o soerguimento das áreas de planalto deniu a distribuição e
padrões de segregação entre nascentes e drenagens no Brasil Central, gerando a segregação
entre Matas de Galeria associadas a diferentes redes de drenagem no Cerrado.
Os estudos sobre ecologia de comunidades de herpetofauna do Cerrado,
frequentemente conduzidos total ou parcialmente na Recor e região, têm gerado avanços
signicativos no estudo da composição e estrutura de faunas até bem pouco tempo
praticamente desconhecidas (COLLI; BASTOS; ARAÚJO, 2002). Entretanto, novos
estudos comparativos, combinando informações da logenia com dados de campo, são
fundamentais para novos testes de hipóteses sobre a inncia da diversidade de hábitats
sobre riqueza, diversidade ecológica e diversidade logenética da fauna do Cerrado.
ECOLOGIA DO FOGO
O fogo é um dos grandes agentes naturais de perturbação ambiental (PICKETT;
WHITE, 1985), modicador da estrutura da vegetação e transformador da paisagem
em diferentes biomas (TOTHILL; MOTT, 1985; MORENO; OECHEL, 1994;
WHELAN, 1995; ROBERTS, 2000). Ele é parte integrante dos biomas savânicos
em todo o mundo (TOTHILL; MOTT, 1985) e afeta a estrutura das comunidades
por meio de efeitos diretos e indiretos, que podem levar à extinção local de espécies
(FROST, 1985). Assim, ecólogos especializados nos mais diferentes organismos do
Cerrado se ocupam também em abordar a ecologia do fogo.
No Cerrado, as queimadas naturais são causadas por raios durante as tempestades
do nal da estação seca e início das chuvas; são geralmente brandas, de curta duração
e pequena extensão (WHELAN, 1995; RAMOS-NETO; PIVELLO, 2000;
MEDEIROS; FIEDLER, 2004). Queimadas antrópicas são comuns principalmente
na estação seca, quando grande parte da biomassa se encontra seca, e podem se
espalhar por grandes extensões, causando efeitos catastrócos (RAMOS-NETO;
PIVELLO, 2000; MEDEIROS; FIEDLER, 2004). As comunidades animais podem
sofrer impactos signicativos, cuja severidade varia de acordo com a frequência,
extensão e intensidade (tempo de residência combinado ao montante de calor
liberado) das queimadas, bem como com a disponibilidade de refúgios e sensibilidade
especíca de cada táxon (FROST, 1985; WHELAN, 1995). As razões para essas
mudanças são ainda obscuras e a maior parte dos estudos é inadequada para detectar
mais do que padrões gerais.
Lidar com a dinâmica natural de queimadas ainda é um grande desafio
no Cerrado e em outros biomas do mundo, sobretudo para a gestão de áreas
protegidas. A Recor é sede do único experimento de longo prazo, iniciado em
1989, que investigou os efeitos do fogo sobre ecossistemas do Cerrado. Durante
o Projeto Fogo, diferentes fisionomias mantidas sem queima por 18 anos, as
quais foram submetidas a quatro regimes de queimadas (quadrienal; bienal no
início, meio e final da estação seca), sendo que uma área de controle permaneceu
protegida do fogo. Em geral, são raros os experimentos com número suficiente
de réplicas do mesmo tamanho, especialmente porque fragmentos naturais
disponíveis para queimadas experimentais e com histórico de fogo conhecido
são escassos. Assim, o desenho experimental do Projeto Fogo possui limitações,
devido ao baixo número de replicações. Porém, uma variedade de estudos na
Recor tem reunido informações relevantes quanto aos efeitos do fogo no Cerrado,
fornecendo assim grande auxílio conservacionista.
O conhecimento dos efeitos do fogo sobre a herpetofauna é ainda exíguo e
somente os répteis foram estudados na Recor. Em estudo preliminar, Araújo
e outros (1996) sugeriram que queimadas periódicas podem provocar redução
na riqueza de espécies de lagartos, sendo que algumas espécies seriam mais
sensíveis, especialmente membros das famílias Gymnophthalmidae e Scincidae.
Aparentemente, lagartos e serpentes sofrem poucos efeitos diretos durante a
passagem do fogo. Buracos no chão e em cupinzeiros são comumente utilizados
como abrigo, pois oferecem um excelente isolamento térmico. A passagem da
frente de fogo das queimadas no Cerrado é tão rápida que mudanças significativas
na temperatura do solo não ocorrem em profundidades maiores que cinco
centímetros (MIRANDA et al., 1993).
Observações diretas no pós-fogo em três tosionomias (campo, cerrado sensu
stricto e cerradão) realizadas por Costa, demonstraram ausência de mortalidade
direta de répteis, tanto na RECOR (PANTOJA, 2007) quanto em outras áreas
do Cerrado (BRANDÃO, 2002a). No Parque Nacional das Emas, são queimados
anualmente cerca de 348 km de aceiros preventivos, em faixas de Cerrado com
extensão entre 25 a 100 m ao longo de estradas (FRANÇA; RAMOS NETO;
SETZER, 2007). Buscas visuais nestas áreas, em sionomias de campo limpo
a campo cerrado durante e após o fogo, raramente encontraram serpentes ou
lagartos mortos (VALDUJO et al., 2009), e répteis foram avistados com frequência
abrigados em cavidades no solo ou sob termiteiros, principalmente Anolis
meridionalis, Polychrus acutirostris e Tupinambis duseni, segundo observações de
Nogueira. De maneira semelhante, indivíduos de Bothrops neuwiedi pauloensis foram
frequentemente encontrados abrigados em buracos no solo ou sob cupinzeiros
durante e após a passagem do fogo (VALDUJO; NOGUEIRA; MARTINS, 2002).
RESERVA E COLÓGICA DO IBGE Biodiversidade Terr est re
Lagartos utilizando abrigos imediatamente após a passagem do fogo em área de estudo na RECOR. FOTO 1A Anolis meridionalis
(papa-vento). Foto: Davi Lima Pantoja, 2006; FOTO 1B Polychrus acutirostris (lagartixa). Foto: Bernardo Miglio Costa, 2007;
FOTO 1C Mabuya dorsivittata (calango liso). Foto: Davi Lima Pantoja, 2007.
Já na Recor, em parcelas de campo sujo
queimadas, foram encontrados exemplares
de B. itapetiningae abrigados em cavidades
no solo (NOGUEIRA, 2001), assim como
algumas espécies de lagartos (Fotos 1A a
1C). Assim, a herpetofauna aparenta ser mais
suscetível aos efeitos indiretos das queimadas,
como predação, redução da abundância
de presas etios de termorregulação, e a
baixa mortalidade direta pelo fogo parece
associada a comportamentos adaptativos
(BRANDÃO, 2002a).
A alta riqueza local da herpetofauna
do Cerrado está associada à grande
heterogeneidade horizontal da paisagem,
que permite a coexistência de muitas
espécies (COLLI; BASTOS; ARAÚJO,
2002). Sob determinadas circunstâncias,
as queimadas podem favorecer a
heterogeneidade ambiental no Cerrado,
contribuindo para a manutenção da alta
biodiversidade. Na Recor, Pantoja (2007)
vericou uma associação signicativa da
estrutura da comunidade de lagartos com
mudanças na estrutura do hábitat induzidas
pelo fogo, mas pouca associação com
variações climáticas. Manchas de cerrado
sensu stricto sob regimes intermediários de
queima (isto é, regimes quadrienal e bienal
precoce) apresentaram maior equidade,
mas a ausência completa do fogo afetou
negativamente a diversidade (menor
abundância, equidade e riqueza de espécies).
Por outro lado, embora a riqueza tenha sido
mais alta em áreas sob regimes extremos de
queima (isto é, queimadas bienais no nal
da estação seca) ou na ausência completa
de fogo, a diversidade foi menor devido à
alta dominância de poucas espécies (em
geral, Tropidurus itambere e Micrablepharus
atticolus sob os regimes mais severos;
Mabuya frenata e Mabuya nigropunctata
na ausência do fogo). Além disso, algumas
espécies generalistas não foram encontradas
em manchas de hábitat sob regimes severos
de queima ou na ausência de queimadas
(em geral, Ameiva ameiva e Tropidurus
itambere, respectivamente). Assim, as
taxocenoses de lagartos em manchas de
hábitat queimadas mais recentemente não
são um subconjunto daquelas encontradas
em áreas mais maduras, e nos revelam que
os diferentes históricos de queima conferem
características distintas às comunidades de
lagartos no Cerrado.
Os ciclos de queimadas aumentam
as heterogeneidades espacial e temporal
da paisagem, favorecendo a coexistência
de um grande número de espécies de
lagartos (PIANKA, 1992). O mosaico
de hábitats favorece a presença de
diferentes subconjuntos de espécies,
uma vez que há limites ao intercâmbio
entre campos, cerrados e orestas
(NOGUEIRA; COLLI; MARTINS,
2009), tipos principais de hábitat do
Cerrado. Em um cenário de queimadas
naturais, após a passagem do fogo,
algumas espécies podem ser extintas
localmente em algumas áreas, mas
persistem no sistema como um todo,
possibilitando reinvasões periódicas a
partir de áreas adjacentes (PIANKA,
1996). A diversidade da herpetofauna
pode sofrer inuências distintas dos
diferentes componentes (riqueza e
equidade) e, dado o aspecto fragmentário
e heterogêneo das queimadas naturais
no Cerrado, elas podem contribuir para
uma alta diversidade na escala regional.
Porém, queimadas prescritas devem
ser realizadas com extremo cuidado e
fundamentadas em sólido conhecimento.
Estratégias de gestão de unidades de
conservação no Cerrado, tal qual a
Recor, devem combater as queimadas
extensivas, mas permitir a formação
de manchas com diferentes histórias
de fogo. Devido à forte relação entre a
fauna e a estrutura do ambiente, este
padrão pode ser recorrente para outros
grupos animais e deve ser investigado.
BIOTA TERRESTRE Herpetofauna da Reserv a Ecológica do IBGE e seu entorno
138 I 139
Algumas espécies endêmicas do Cerrado que ocorrem na RECOR e região. FOTO 2A Anolis meridionalis (papa-vento). Foto: Guarino
Rinaldi Colli, 2006; FOTO 2B Tropidurus itambere (lagartixa). Foto: Davi Lima Pantoja, 2006; FOTO 2C Micrablepharus atticolus
(calango). Foto: Roger Maia Dias Ledo, 2008; FOTO 2D Amphisbaena anaemariae (cobra-de-duas-cabeças). Foto: Davi Lima
Pantoja, 2006; FOTO 2E Bothrops itapetiningae (jararaca). Foto: Guarino Rinaldi Colli, 2006; FOTO 2F Apostolepis albicolaris
(falsa-coral). Foto: Davi Lima Pantoja, 2006; FOTO 2G Phyllomedusa oreades (rã-macaco). Foto: Reuber Albuquerque Brandão,
2010; FOTO 2H Hypsiboas buriti (perereca). Foto: Reuber Albuquerque Brandão, 2010; FOTO 2I Proceratophrys salvatori (sapo).
Foto: Reuber Albuquerque Brandão, 2010; FOTO 2J Rhinella cerradensis (sapo-cururu). Foto: Davi Lima Pantoja, 2006.
CONSER V A ÇÃO DA
HERPE T OFAUNA
A conservação da biodiversidade depende
diretamente de informações sobre a
riqueza, composição e distribuição
geográca dos organismos (BROOKS;
FONSECA; RODRIGUES, 2004).
Atualmente, a perda de hábitats é a
principal causa de extinções e redução de
diversidade no planeta, para diferentes
grupos taxonômicos, incluindo a
herpetofauna (COLLEN, 2008).
A Recor e as áreas de conservação
adjacentes fornecem oportunidades
únicas de estudo sobre conservação
no Cerrado, pois representam áreas
protegidas inseridas numa das regiões de
Cerrado mais bem-conhecidas em termos
da herpetofauna.
Algumas das informações cruciais
para estratégias de conservação são
padrões de endemismo e distribuição
geográca, fontes de informação
cada vez mais úteis na denição de
prioridades de conservação, tanto em
escala global (MYERS et al., 2000;
MYERS, 2003) quanto local (EKEN
et al., 2004). Dados da herpetofauna
são cada vez mais usados como
subsídios em análises de conservação
e detecção de padrões de diversidade,
fornecendo informações detalhadas e
distribuição em diferentes regiões do
planeta (RAXWORTHY et al., 2003;
SLATYER; ROSAUER; LEMCKERT,
2007; MENEGON; DOGGART;
OWEN, 2008). Recentemente, estudos
sobre a distribuição de répteis Squamata
no Cerrado indicaram a presença de pelo
menos seis grandes áreas de endemismo
(NOGUEIRA, 2006), incluindo a porção
centro-sul do Cerrado, que contém a
Recor. Esta área corresponde, em linhas
gerais, aos planaltos da alta bacia Platina,
englobando localidades do centro-sul de
Goiás, sul de Minas Gerais e Triângulo
Mineiro, Mato Grosso do Sul e os
Cerrados no Estado de São Paulo.
A porção centro-sul do Cerrado
abriga espécies endêmicas (como Bothrops
itapetiningae; Apostolepis albicolaris;
Amphisbaena anaemariae, Tropidurus
itambere, todas presentes na Recor e
adjacências, Apêndice deste volume –
Listas de espécies da Recor – Quadro
4.3, Fotos 2A a 2J), espécies endêmicas
amplamente distribuídas no Cerrado
(como Micrablepharus atticolus, Anolis
meridionalis, Tupinambis duseni, todas
presentes na Recor e adjacências, Fotos
2A a 2J), além de espécies compartilhadas
com outros biomas, principalmente
com a Mata Atlântica, o Chaco e os
Pampas, sendo pouco comuns espécies
compartilhadas com a Amazônia ou
Caatinga, exceto aquelas de ampla
distribuição geográca na região
Neotropical (NOGUEIRA; RIBEIRO;
COLLI, 2011).
A sub-região em questão é a mais
afetada pela perda de hábitat no bioma,
pois aí se iniciou a colonização do
Brasil Central (MACHADO et al.,
2004; KLINK; MACHADO, 2005). É
dominada em grande parte por extensos
planaltos (em geral entre 700 a 1200 m),
bastante visados pela agricultura, que
privilegia áreas planas e de solos profundos,
mais apropriadas para a mecanização
(KLINK; MACHADO, 2005). Além das
Unidades de Conservação no Distrito
Federal, apenas o Parque Nacional das
Emas, no planalto do sudoeste de Goiás,
abriga grandes extensões desta porção
do Cerrado, com uma composição de
espécies similar (NOGUEIRA, 2006;
NOGUEIRA; COLLI; MARTINS,
2009), mas isolada por grandes extensões
de áreas não protegidas e já drasticamente
modicadas.
RESERVA E COLÓGICA DO IBGE Biodiversidade Terr est re
Espécies da herpetofauna da RECOR e região listadas no Apêndice II da CITES. FOTO 3A Boa constrictor (jibóia). Foto: Cecília
R. Vieira, 2009; FOTO 3B Epicrates crassus (salamanta). Foto: Davi Lima Pantoja, 2006; FOTO 3C Tupinambis duseni (teiú-
vermelho). Foto: Guarino Rinaldi Colli, 2006.
Espécies típicas da porção centro-sul do Cerrado, como Apostolepis albicollaris,
Bothrops itapetiningae, Philodryas agassizii, Rhachidelus brazili, Kentropyx paulensis e
Tupinambis duseni, todas presentes na Recor e adjacências, estão provavelmente entre
as mais afetadas pela perda de hábitat no Brasil Central. As áreas que protegem estas
espécies são, portanto, extremamente relevantes para a conservação da biota do Cerrado.
Entretanto, dentre as espécies de Squamata encontradas na Recor e região, apenas
Boa constrictor (jiboia, Foto 3A), Epicrates crassus (salamanta, Foto 3B) e Tupinambis
duseni (teiú-vermelho, Foto 3C) estão inseridas em alguma lista de espécies ameaçadas
(Apêndice deste volume – Listas de espécies da Recor – Quadro 4.3), que podem
subestimar os efeitos da perda de hábitat como fator de ameaça à herpetofauna do
Cerrado. É urgente a necessidade de revisão das listas à luz dos novos conhecimentos
de distribuição e taxonomia, que sofreram um acréscimo signicativo de dados nos anos
recentes (NOGUEIRA et al., 2010).
Existem poucos estudos sobre a conservação da herpetofauna do Cerrado. Uma
exceção é um estudo recente sobre a conservação de serpentes da região de Brasília
(FRANÇA; ARAÚJO, 2006), uma das localidades de Cerrado mais bem-conhecida
quanto à diversidade deste grupo de répteis. Os autores concluem que menos de 15%
das serpentes de Brasília e região (abrigando 61 espécies) podem ser consideradas pouco
vulneráveis aos impactos antrópicos, o que demonstra a alta susceptibilidade deste
grupo diante do cenário atual de degradação na região. Novos estudos, utilizando como
base as informações já sedimentadas sobre riqueza e composição regional de serpentes
(FRANÇA; ARAÚJO, 2006; FRANÇA et al., 2008), devem avaliar quantas e quais
espécies da região de Brasília estão presentes e efetivamente conservadas em áreas
protegidas, incluindo a Recor.
O conhecimento sobre conservação de anuros se beneciou de um recente e
amplo diagnóstico global, que avaliou o status de ameaça de grande parte das espécies
descritas (STUART et al., 2004). Também neste grupo não há espécies ameaçadas
dentre as presentes na Recor e região. Três espécies na lista da Recor e região são
classicadas como DD (decientes em dados), todas elas endêmicas ou com distribuição
amplamente coincidente com o Cerrado (Apêndice deste volume – Listas de espécies
da Recor – Quadro 4.3). Embora ainda pouco conhecidas em termos de distribuição
geográca e história natural, ao menos duas destas espécies, Hypsiboas buriti (Foto 2H)
e Phyllomedusa oreades (Foto 2G), são associadas a cerrados e campos em regiões de
planaltos e drenagens de cabeceira, áreas sob constante pressão de perdas de hábitat.
As espécies de Hypsiboas do grupo polytaenia (CRUZ; CARAMASCHI, 1998;
CARAMASCHI; CRUZ, 1999) e de Phyllomedusa do grupo centralis (BRANDÃO,
2002b) se diversicaram primordialmente por isolamento e alopatria em regiões
elevadas e, portanto, a aparente restrição de H. buriti e P. oreades à porção centro-sul do
Cerrado pode não ser um simples artefato da descrição recente e da falta de inventários
e dados sobre distribuição geográca.
O grande número de espécies da herpetofauna ainda não formalmente descritas
diculta avaliações mais embasadas sobre o efeito da perda de hábitat na conservação
do grupo. As espécies da anurofauna do Cerrado descritas recentemente tendem a ser
endemismos regionais ou espécies com distribuição relativamente restrita (DINIZ-
FILHO et al., 2005), corroborando predições gerais de que espécies com distribuição
localizada tendem a ser descritas mais tardiamente (GASTON; BLACKBURN;
BIOTA TERRESTRE Herpetofauna da Reserv a Ecológica do IBGE e seu entorno
140 I 141
LODER, 1995). Entretanto, a descrição recente de duas novas espécies de sapos,
Rhinella veredas e R. cerradensis (BRANDÃO; MACIEL; SEBBEN, 2007; MACIEL
et al., 2007), demonstra que mesmo grupos de espécies de grande porte e amplamente
distribuídos podem conter novas espécies. Espécies com distribuição restrita são alvos
prioritários de conservação, pois são intrinsecamente susceptíveis a impactos antrópicos
(EKEN et al., 2004; SLATYER; ROSAUER; LEMCKERT, 2007). Tais espécies,
relativamente comuns na herpetofauna (ver discussões em EKEN et al., 2004), são
indicadoras de processos evolutivos localizados e únicos, ainda pouco documentados,
desprotegidos e extremamente ameaçados pela perda de hábitat no Cerrado. Estudos
de campo na Recor, documentando possíveis utuações de abundância, perdas de
extensão ou qualidade do hábitat de espécies endêmicas do Cerrado ou com distribuição
restrita são prioridades de pesquisa. Tais estudos trarão avanços importantes para a
manutenção da biodiversidade do Cerrado, evidenciando a relevância da Recor e áreas
de conservação adjacentes.
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Guarino Rinaldi Colli
Doutor em Organismic Biology, University of California at Los Angeles, Estados Unidos
Professor do Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília - UnB
E-mail: grcolli@unb.br
Cristiano de Campos Nogueira
Doutor em Ecologia, Universidade de São Paulo - USP
Pesquisador Associado do Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília - UnB
E-mail: cnogueira@unb.br
Davi Lima Pantoja Leite
Doutorando em Ecologia, Universidade de Brasília - UnB
Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília - UnB
E-mail: pantoja.davi@gmail.com
Roger Maia Dias Ledo
Doutorando em Ecologia, Universidade de Brasília - UnB
Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília - UnB
E-mail: rogerledo@unb.br
Bernardo Miglio Costa
Mestrando em Ciências Biológicas, Universidade de Brasília - UnB
Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília - UnB
E-mail: bermico@hotmail.com
Reuber Albuquerque Brandão.
Doutor em Ecologia, Universidade de Brasília - UnB
Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília - UnB
E-mail: reuberbrandao@yahoo.com.br
apêndice
LISTAS DE ESPÉCIES D A R ECOR
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Taxonomia Hábitat Distribuição geográfica Status de ameaça
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Siphonops paulensis Boettger, 1892 Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado Não ameaçada
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Rhinella cerradensis, Maciel,Brandão, Campos & Sebben, 2007 Campo, Cerrado Cerrado Deficiente em dados
Rhinella rubescens (A. Lutz, 1925) Campo, Cerrado, Mata Cerrado Não ameaçada
Rhinella schneideri (Werner, 1894) Campo, Cerrado, Mata Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas Não ameaçada
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Proceratophrys goyana (Miranda-Ribeiro, 1937) Cerrado, Mata Cerrado Não ameaçada
Proceratophrys salvatori (Caramaschi, 1996) Campo, Cerrado Cerrado Não ameaçada
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Aplastodiscus perviridis Lutz, 1950 Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Bokermannohyla aff. pseudopseudis Mata Cerrado Não ameaçada
Dendropsophus jimi (Napoli & Caramaschi, 1999) Mata Cerrado Não ameaçada
Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Campo, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Dendropsophus rubicundulus (Reinhardt & Lütken, 1862"1861") Campo Amazônia, Cerrado Não ameaçada
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Hypsiboas buriti (Caramaschi & Cruz, 1999) Campo, Cerrado Cerrado Deficiente em dados
Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) Mata Cerrado Não ameaçada
Phyllomedusa azurea Cope, 1862 Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Pampas Deficiente em dados
Phyllomedusa oreades Brandão, 2002 Campo, Cerrado Cerrado Deficiente em dados
Scinax fuscomarginatus (A. Lutz, 1925) Campo, Cerrado Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) Campo, Cerrado Cerrado, Mata Atlântica, Pampas Não ameaçada
Scinax squalirostris Lutz, 1925 Campo Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Scinax tigrinus Nunes, Carvalho e Pereira, 2010 Campo, Cerrado Cerrado -
Scinax sp. (aff. ruber) Campo, Cerrado Cerrado -
Scinax sp. (aff. similis) Campo Cerrado -
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Eupemphix nattereri Steindachner, 1863 Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Physalaemus centralis Bokermann, 1962 Campo, Cerrado Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Physalaemus marmoratus (Reinhardt & Lütken, 1862) Campo, Cerrado Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Pseudopaludicola mystacalis (Cope, 1887) Campo Cerrado, Pampas Não ameaçada
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Leptodactylus furnarius Sazima & Bokermann, 1978 Campo Cerrado, Pampas Não ameaçada
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Campo, Cerrado, Mata Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia, Pampas -
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) Campo, Cerrado, Mata Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica Não ameaçada
Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas Não ameaçada
Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) Mata Amazônia, Cerrado Não ameaçada
Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica, Pampas Não ameaçada
Leptodactylus sertanejo Giaretta & Costa, 2007 Cerrado Cerrado Não ameaçada
Leptodactylus syphax Bokermann, 1969 Campo, Cerrado Caatinga, Cerrado Não ameaçada
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Chiasmocleis albopunctata (Boettger, 1885) Campo, Cerrado, Mata Cerrado Não ameaçada
Elachistocleis cesarii Miranda-Ribeiro, 1920 Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado Não ameaçada
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(continua)
ACERVO DE D ADOS SOBRE A B IODI VERSIDADE TERRESTRE Apêndice
254 I 255
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Taxonomia Hábitat Distribuição geográfica Status de ameaça
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Barycholos ternetzi (Miranda-Ribeiro, 1937) Mata Cerrado Não ameaçada
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Ophiodes striatus (Spix, 1824) Campo, Cerrado Cerrado, Mata Atlântica -
Ophiodes sp.1 (sensu Borges-Martins, 1998) Campo, Cerrado, Mata Cerrado -
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Hemidactylus mabouya (Moreau de Jonnés, 1818) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
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Bachia bresslaui (Amaral, 1935) Campo, Cerrado Cerrado -
Cercosaura ocellata Wagler, 1830 Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica -
Cercosaura schreibersii Wiegmann, 1834 Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Colobosaura modesta (Reinhardt & Luetken, 1862) Cerrado, Mata Cerrado -
Micrablepharus atticolus Rodrigues, 1996 Campo, Cerrado Cerrado -
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Enyalius aff. bilineatus Mata Cerrado -
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Anolis meridionalis Boettger, 1885 Campo, Cerrado, Mata Cerrado -
Polychrus acutirostris Spix, 1825 Campo, Cerrado Caatinga, Cerrado -
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Mabuya dorsivittata Cope, 1862 Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Mabuya frenata (Cope, 1862) Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica -
Mabuya guaporicola Dunn, 1936 Campo, Cerrado, Mata Cerrado -
Mabuya nigropunctata (Spix, 1825) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado -
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Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica -
Kentropyx paulensis Boettger, 1893 Campo, Cerrado Cerrado -
Tupinambis duseni Lönnberg, 1896 Campo, Cerrado Cerrado Ameaçada (2)
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Tropidurus itambere Rodrigues, 1987 Campo, Cerrado, Mata Cerrado -
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) Mata Cerrado, Mata Atlântica -
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Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica -
Amphisbaena anaemariae Vanzolini, 1997 Cerrado, Mata Cerrado -
Amphisbaena mensae Mello, 2000 Campo, Cerrado Cerrado -
Amphisbaena vermicularis Wagler, 1824 Campo, Cerrado, Mata Cerrado -
Leposternon microcephalum Wagler, 1824 Campo, Mata Cerrado -
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Liotyphlops ternetzii (Boulenger, 1896) Campo, Cerrado, Mata Cerrado -
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Boa constrictor Linnaeus, 1758 Campo, Cerrado, Mata Ameçada (2)
Epicrates crassus Cope, 1862 Campo, Cerrado Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica Ameçada (2)
(continuação)
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RESERVA E COLÓGICA DO IBGE Biodiversidade Terrestre
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Taxonomia Hábitat Distribuição geográfica Status de ameaça
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Chironius flavolineatus (Boettger, 1885) Campo, Cerrado Cerrado -
Mastigodryas bifossatus (Raddi, 1920) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica -
Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica -
Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758) Cerrado, Campo Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica -
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Apostolepis albicollaris Lema, 2002 Campo, Cerrado Cerrado -
Apostolepis assimilis (Reinhardt, 1861) Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica -
Apostolepis flavotorquata (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) Cerrado Cerrado -
Atractus pantostictus Fernandes & Puorto, 1993 Cerrado, Mata Cerrado -
Clelia plumbea (Wied, 1820) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado -
Erythrolamprus aesculapii (Linnaeus, 1766) Mata Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica -
Liophis maryellenae Dixon, 1985 Campo Cerrado -
Liophis poecilogyrus (Wied, 1825) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Liophis reginae (Linnaeus, 1758) Campo, Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica -
Oxyrhopus guibei Hoge & Romano, 1978 Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica -
Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron & Duméril, 1854 Campo, Cerrado Cerrado, Pampas -
Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 Campo, Cerrado Cerrado, Caatinga -
Phalotris nasutus (Gomes, 1915) Campo, Cerrado Cerrado -
Philodryas aestiva (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) Campo, Cerrado Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Philodryas agassizii (Jan, 1863) Campo, Cerrado Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Philodryas nattereri (Steindachner, 1870) Cerrado, Campo Caatinga, Cerrado -
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) Cerrado, Mata Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica -
Philodryas patagoniensis (Girard, 1858) Campo, Cerrado Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Phimophis guerini (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) Campo, Cerrado Cerrado, Caatinga -
Rhachidelus brazili Boulenger, 1908 Campo Cerrado -
Sibynomorphus mikanii (Schlegel, 1837) Campo, Mata Cerrado, Mata Atlântica, Pampas -
Taeniophallus occipitalis (Jan, 1863) Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Pampas -
Thamnodynastes hypoconia (Cope, 1860) Campo Cerrado, Mata Atlântica -
Xenodon merremii (Wagler, 1824) Campo, Cerrado Caatinga, Cerrado -
Xenodon nattereri (Steindachner, 1864) Campo, Cerrado Cerrado -
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Micrurus frontalis (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) Campo, Cerrado, Mata Cerrado, Mata Atlântica -
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Bothrops itapetiningae (Boulenger, 1907) Campo, Cerrado Cerrado -
Bothrops moojeni Hoge, 1966 Cerrado Cerrado -
Bothrops neuwiedii Wagler, 1824 Campo, Cerrado Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica -
Crotalus durissus Linnaeus, 1758 Campo, Cerrado, Mata Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica -
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Mesoclemmys vanderhaegei (Bour, 1973) Mata Cerrado, Mata Atlântica, Pampas Não ameçada/quase ameaçada
Fonte: Os Autores (2009).
(1) Segundo classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais - IUCN. (2) Segundo classificação do Anexo II – CITES (Convenção de Washington sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna
Selvagens em Perigo de Extinção).
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(conclusão)
ACERVO DE D ADOS SOBRE A B IODI VERSIDADE TERRESTRE Apêndice
256 I 257
... Sampled environments in the Sete Cidades National Park (SCNP), Piauí state, northeastern Brazil. Images A, B, C, and D represent, respectively, the collection points P1, P3, P4, and P9.We obtained anuran richness data from the following checklists conducted in 28 protected areas (Figure 3): Caatinga (12 protected areas) -Catimbau National Park -CatNP, state of Pernambuco (Pedrosa et al. 2014), Seridó Ecological Station -SerES, state of Rio Grande do Norte (Caldas et al. 2016), Delta do Parnaíba Environmental Protection Area -DPEPA, states of Maranhão and Piauí (Loebmann & Mai 2008, Andrade et al. 2016, Araújo et al. 2018), Serra das Confusões National Park -SCoNP and Uruçuí-Una Ecological Station -UUES, both in state of Piauí (Dal Vechio et al. 2013, 2016), Lençóis Maranhenses National Park -LMNP, state of Maranhão (Miranda 2007), Chapada do Araripe Environmental Protection Area -ChpEPA, Ubajara National Park -UbaNP and Aiuaba Ecological Station -AuES, state of Ceará (Ribeiro et al. 2012, Costa et al. 2018, Castro et al. 2019), Chapada Diamantina National Park -CDNP and Raso da Catarina Ecological Station -RcatES, state of Bahia (Garda et al. 2013, Magalhães et al. 2015); and Cerrado (16 protected areas) -Chapada dos Veadeiros National Park -ChvNP, Emas National Park -EmNP, Altamiro de Moura Pacheco State Park -AltSP, Serra de Caldas Novas State Park -SCalSP, IBGE EcologicalReserve -IbgER, Lago do Cedro Extractive Reserve -LcdER, and Silvânia Nacional Forest -SilNF, state of Goiás(Kopp et al. 2010, Colli et al. 2011, Morais et al. 2012, Melo et al. 2013, Santoro and Brandão 2014, Ramalho et al. 2018, Santuário do Caraça RPPN -StRPPN, Peti Environmental Station -PetES, State of Minas Gerais Bertoluci 2007, Bertoluci et al. 2009), Serra da Bodoquena National Park -SrBNP, state of Mato Grosso do Sul(Uetanabaro et al. 2007), Assis Ecological Station -AsES, Jataí Ecological Station -JatES, Furnas de Bom Jesus State Park -FurSP, and Itirapina Ecological Station -ItiES, state of São Paulo(Brasileiro et al. 2005, Araujo et al. 2009, Prado et al. 2009, Ribeiro-Júnior & Bertoluci 2009, Araújo & Almeida-Santos 2011, Serra Geral do Tocantins Ecological Station -StoES, states of Bahia and Tocantins(Valdujo et al. 2011), Mirador State Park -MirSP, state of Maranhão ...
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The Sete Cidades National Park is located in the Brazilian municipalities of Piracuruca and Brasileira, Piauí state, in a transitional zone between the Caatinga and Cerrado biomes. Studies on its herpetofauna were limited to anuran distribution notes and a snake checklist. Thus, here we present an unpublished species list of anurans from Sete Cidades National Park, Piauí state, northeastern Brazil. We recorded one of the two highest species richness for all northeastern National Parks, and also increased the geographic distribution of one species in the state of Piauí. Most species observed are common of both Caatinga and Cerrado biomes or have wide distribution in Brazil. The anuran assemblage of Sete Cidades National Park is more similar to those registered at the Delta do Parnaíba Environmental Protection Area, Ceará, Piauí and Maranhão states, and Ubajara National Park, Ceará state. These results increase our knowledge on anuran diversity in northeastern Brazil, providing basic information for management and conservation actions of an important Brazilian National Park.
... Amphisbaena talisiae is known from central Brazil, between southeastern Mato Grosso, eastern Minas Gerais and central Tocantins states (Fig. 2; Table 2). It has been recorded mostly from the Cerrado ecoregion within two vegetation types: open savanna ("campo cerrado") and arboreal savanna ("cerrado sensu stricto") (Colli et al. 2011;Nogueira 2001). The new specimens from UHE-LEM are in an apparent ecotone between the Cerrado and the Mato Grosso Tropical Dry Forests ecoregions. ...
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Amphisbaena talisiae and A. mensae, two worm lizard species endemic to the Cerrado ecoregion, in central Brazil, are considered synonyms based on morphological characters. With the proposed synonymy, the name A. talisiae has priority of use over A. mensae. Amphisbaena talisiae can be distinguished from its congeners by a series of morphological characters , including a round head, three supralabial and three infralabial scales, postmalar row absent, four precloacal pores without a median hiatus, 205-234 body annuli, 17-29 caudal annuli, 10-14 dorsal and 14-18 ventral segments in a mid-body annulus. The species is recorded from southeastern Mato Grosso, eastern Minas Gerais and central Tocantins states in central Brazil, and its conservation status should be changed from Data Deficient to Least Concern.
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Information about the wildlife of the Ecological Station of the Brasília Botanical Garden, a Conservation Unit in the Federal District, Brazil.
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Download for Free. Apresentamos a biodiversidade de uma região icônica do Cerrado Brasileiro, onde unidades de conservação e propriedades agrícolas compõem uma paisagem heterogênea e rica. São resultados de mais de 20 anos de estudos, apresentando a história, a biogeografia, a vegetação, os anfíbios, os répteis, as aves, os mamíferos, a conservação dos recursos hídricos e mudanças temporais no uso do solo nos sertões da Bahia, Goiás e Minas Gerais. We present the biodiversity of an iconic region of the Brazilian Cerrado, where conservation units and agricultural properties make up a heterogeneous and rich landscape. We are presenting the results of more than 20 years of studies, on history, biogeography, vegetation, amphibians, reptiles, birds, mammals, conservation of water resources, and temporal changes in land use in the hinterlands of Bahia, Goiás and Minas Gerais.
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Our study determines the reptile species richness, composition, and habitat use in three areas recovering from mining activity in addition to the adjacent pristine and anthropized areas of a priority region for biodiversity conservation of the Brazilian Cerrado. We also compared our data with published surveys on the Cerrado domain in order to identify areas with unique species composition and/or areas where the reptile composition is more homogeneous. The survey was conducted in the municipality of Niquelandia, northern Goiás state, central Brazil, and involved reptile samplings from different physiognomies and water bodies. We found 47 species, including one crocodilian, one chelonian, two amphisbaenians,17 lizards, and 26snakes.The list includes 37 species with large geographic distribution, occurring in other morphoclimatic domains, as well as 10 species which are endemic to the Cerrado. Some species recorded for the region are listed in the Appendices I and II of the CITES. Many reptile species were frequently associated with anthropogenic habi- tats, while others seem to dependon remnants ofpristine habitats. Low similarity was found among the 32 sites considered across the Cerrado domain. Ten sites located in Cerrado regions in contact with the adjacent domains have unique reptile composition, whereas most sites largely located in the central area of the domain have reptile communities which are more homogeneous among them. It is important to conduct long-term studies to have patterns of reptile species composition recognized as well as population decline and/or local extinctions and effective reptile conservation actions, with focus on these sites considering their unique species.
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Our study determines the reptile species richness, composition, and habitat use in three areas recovering from mining activity in addition to the adjacent pristine and anthropized areas of a priority region for biodiversity conservation of the Brazilian Cerrado. We also compared our data with published surveys on the Cerrado domain in order to identify areas with unique species composition and/or areas where the reptile composition is more homogeneous. The survey was conducted in the municipality of Niquelˆandia, northern Goiás state, central Brazil, and involved reptile samplings from different physiognomies and water bodies. We found 47 species, including one crocodilian, one chelonian, two amphisbaenians, 17 lizards, and 26 snakes. The list includes 37 species with large geographic distribution, occurring in other morphoclimatic domains, as well as 10 species which are endemic to the Cerrado. Some species recorded for the region are listed in the Appendices I and II of the CITES. Many reptile species were frequently associated with anthropogenic habitats, while others seem to depend on remnants of pristine habitats. Low similarity was found among the 32 sites considered across the Cerrado domain. Ten sites located in Cerrado regions in contact with the adjacent domains have unique reptile composition, whereas most sites largely located in the central area of the domain have reptile communities which are more homogeneous among them. It is important to conduct long-term studies to have patterns of reptile species composition recognized as well as population decline and/or local extinctions and effective reptile conservation actions, with focus on these sites considering their unique species.
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The Cerrado, which includes both forest and savanna habitats, is the second largest South American biome, and among the most threatened on the continent.
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The hypothesis that in tropical habitats sit-and-wait lizards should be more affected by seasonal fluctuations in food availability than active foraging lizards (resulting in seasonal reproduction in the former and continuous reproduction in the latter) was investigated using 13 lizard species from six localities at the Brazilian Cerrados and Amazonian Savannas. Using fat body mass as an indicator of food availability, we predicted that active foragers should exhibit larger values of fat body mass than sit-and-wait foragers during the dry season. Contrary to our expectations, sit-and-wait lizards displayed larger fat bodies than active foraging lizards, thus being apparently less affected by dry season reductions in arthropod abundance. We postulated that higher accumulation of fat in sit-and-wait lizards during the dry season results from a higher production efficiency than active foraging lizards, as a consequence of lower maintenance costs, and that reproductive seasonality is not constrained by food limitation.
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Due to their secretive habits, very little is known about the ecology of amphisbaenians. Based on a large series of specimens from the Cerrado of central Brazil, the diet composition, reproduction, and sexual dimorphism of Amphisbaena alba are described. Amphisbaena alba displayed a relatively diverse diet, even ingesting vertebrates and plant material. Beetles, ants, and spiders dominated the diet numerically, whereas ants, insect larvae, and beetles were more important volumetrically. No association was observed between prey size and body dimensions. The smallest reproductive male was 422 mm SVL (snout-vent length), and the smallest reproductive female was 457 mm SVL. Clutch size ranged from 8-16, one of the largest known for amphisbaenians, and is possibly influenced by the large body size of A. alba. Reproduction is apparently seasonal and restricted to the dry season. No intersexual differences were observed, either in morphometric or meristic characters, presumably because of functional constraints related to fossoriality.
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The feeding ecology and the sazonal variation in capture frequencies of anurans in two localities of Central Brazil was studied. The anuran capture frequencies were analysed counting specimen numbers collected in pitfall traps during the dry and rainy seasons. Anurans were caught more frequently during the rainy season. The diet of adults Proceratophrys sp., Eleutherodactylus sp., Bufo paracnemis Lutz, 1925, and Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 were studied through the analysis of individual stomach contents. Results showed that the type of diet varied among the species studied.
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ABSTRACT The cerrado, one of the largest vegetation formations in Brazil, has been poorly studied. We present the first comprehensive list of the non-volant mammalian,fauna and analyze its Zoogeographie affinities. There are 11 endemic non-volant mammal,species out of a total of 100 species. The cerrado flora is rich in endemics and shows pronounced,adaptations to a xeric environment,in contrast to the cerrado mammalian,fauna. This is probably due to the fact that gallery forests have been present in the cerrado for a long time and have served as mesic enclaves, making xeric adaptations on the part of the mammalian species unnecessary. This contrast between cerrado flora and fauna is similar to the situation in the caatinga, although seemingly for difl^erent reasons. ABSTRATO
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Examines, in a variety of contexts, a number of theoretical and empirical relationships between disturbance (environmental fluctuations and destructive events, whether predictable and/or cyclical or not) and patch dynamics (where discrete spatial patterns possess internal characteristics and also inter-relate with surrounding patch and non-patch areas). The main sections are on: patch dynamics in nature; adaptations of plants and animals in a patch dynamic setting; and implications of patch dynamics for the organisation of communities and the functioning of ecosystems. A final chapter moves towards a general theory of disturbance. All 21 chapters are abstracted separately. -P.J.Jarvis
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The idea of a 'patch' implies a relatively discrete spatial pattern, incorporating relationships both with other patches and with surrounding non-patch areas. 'Disturbance' and 'perturbation', often used synonymously, are here distinguished, the former involving environmental fluctuations and destructive events, even if these are normal to the system, the latter indicating any change in a parameter that defines a system and viewed in terms of that whole system. Endogenous and exogenous causes of disturbance are noted, and implications for changes in the nature of a patch in space and/or time ("patch dynamics') are summarised. Subsequent contributions to this volume are then introduced. -P.J.Jarvis