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Índices complementares para o estudo de uma representação social a partir de evocações livres: raridade, diversidade e comunidade

Authors:

Abstract

Este artigo visa apresentar, com exemplos empíricos, três índices calculáveis a partir de dados de evocações livres. Dois desses índices foram elaborados por Fla-ment e Rouquette (2003) e indicam o grau de diversidade e de raridade das evocações. O terceiro índice permite o estudo da proporção de elementos comuns a dois corpora de evocações, por isso foi nomeado de índice de comunidade. A partir desses três indi-cadores, é possível ter informações sobre o grau de compartilhamento social de cada objeto, seu nível de idiossincrasia e a proporção de comunidade entre dois corpora. Essas informações, quando associadas a outras técnicas, podem ser úteis para uma melhor compreensão da relação população-objeto. Palavras-chave: análise de evocações; índice de raridade; índice de diversidade; índice de comunidade; representações sociais.
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Revista Psicologia: Teoria e Prática, 15(2), 119-129. São Paulo, SP, maio-ago. 2013. ISSN 1516-3687 (impresso), ISSN 1980-6906 (on-line).
Sistema de avaliação: às cegas por pares (double blind review). Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Índices complementares para o estudo
de uma representação social a partir
de evocações livres: raridade, diversidade
e comunidade
Rafael Pecly Wolter
1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ – Brasil
João Wachelke
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia – MG – Brasil
Resumo: Este artigo visa apresentar, com exemplos empíricos, três índices calculáveis
a partir de dados de evocações livres. Dois desses índices foram elaborados por Fla-
ment e Rouquette (2003) e indicam o grau de diversidade e de raridade das evocações.
O terceiro índice permite o estudo da proporção de elementos comuns a dois corpora
de evocações, por isso foi nomeado de índice de comunidade. A partir desses três indi-
cadores, é possível ter informações sobre o grau de compartilhamento social de cada
objeto, seu nível de idiossincrasia e a proporção de comunidade entre dois corpora.
Essas informações, quando associadas a outras técnicas, podem ser úteis para uma
melhor compreensão da relação população-objeto.
Palavras-chave: análise de evocações; índice de raridade; índice de diversidade; índice
de comunidade; representações sociais.
COMPLEMENTARY INDEXES TO STUDY A SOCIAL REPRESENTATION FROM FREE
EVOCATIONS DATA: RARITY, DIVERSITY AND COMMUNITY
Abstract: This paper aims at presenting three indexes that can be calculated from free
evocation data. Two of those indexes were elaborated by Flament and Rouquette
(2003), and they indicate the diversity and rarity degrees of evocations. The third index
allows for the study of the proportion of elements common to two evocation corpora.
From these three indicators it is possible to have information about the degree of social
sharing of each object, their idiosyncrasy level and the community proportion between
two corpora. When associated with other techniques, such information might be useful
for a better understanding of the population-object relationship.
Keywords: evocation analysis; rarity index; diversity index; community index; social
representations.
ÍNDICES ADICIONALES PARA EL ESTÚDIO DE UNA REPRESENTACIÓN SOCIAL
CON EVOCACIONES: RAREZA, DIVERSIDAD Y COMUNIDAD
Resumen: Este artículo tiene como objetivo presentar, con ejemplos empíricos, tres
índices estimados a partir de datos de evocaciones libres. Dos de estos índices fueron
desarrollados por Flament y Rouquette (2003) e indican el grado de diversidad y rareza
de las evocaciones. El tercer índice permite estudiar la proporción de elementos comu-
1
Endereço para correspondência: Rafael Pecly Wolter, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, Uni-
versidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier, 524, 10º andar, sala 10.009, bloco F, Maracanã,
Rio de Janeiro – RJ – Brasil. CEP: 20550-900. E-mail: rafaelpeclywolter@gmail.com.
Rafael Pecly Wolter, João Wachelke
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nes a los dos corpora de evocaciones, por lo que fue llamado el índice de la comunidad.
A partir de estos tres indicadores es posible tener información sobre el grado de parti-
cipación social de cada objeto, su nivel de la idiosincrasia y la proporción de comunidad
entre los dos corpora. Esta información, cuando se combina con otras técnicas, puede
ser útil para una mejor comprensión de la relación población-objeto.
Palabras clave: análisis de las evocaciones; índice de rareza; índice de diversidad; índi-
ce de comunidad; representaciones sociales.
A técnica de associação verbal, às vezes chamada de técnica de associação livre de
palavras ou evocação livre, é muito popular nos estudos de representações sociais
(Camargo, Barbará, & Bertolo, 2007; Gomes & Oliveira, 2005; Gomes, Oliveira, & Sá,
2008; Oliveira & Costa, 2007; Naiff, Soares, Azamor, & Almeida, 2008; Sá, 1996; Tura,
1998; Wachelke, 2009). Essa técnica consiste em pedir aos participantes para que evo-
quem o que têm em mente quando se deparam com o indutor, que geralmente é o
objeto de representação social do estudo. Não existem limites ou regras para a quan-
tidade de palavras a serem evocadas, pois ficam a critério do pesquisador. Usualmente
os pesquisadores solicitam de três a cinco evocações, sob forma de palavras ou expres-
sões. Essas evocações podem ser analisadas de diversas maneiras: com análises fato-
riais (por exemplo, Deschamps, 2003; Fonseca, Azevedo, Araújo, Oliveira, & Coutinho
2007), análise prototípica e seus desdobramentos (Vergès, 1992; Sá, 1996; Abric, 2003;
Wachelke & Wolter, 2011) e análise de conteúdo (Bardin, 2003).
Essa técnica de coleta de dados tem a vantagem de fornecer informações numero-
sas, de maneira rápida e pouco dispendiosa para os participantes e pesquisadores. Com
uma simples pergunta, é possível saber o que o indutor ativa na população estudada.
No campo das representações sociais, vários fatores poderiam explicar o sucesso
dessa técnica. Dois desses fatores são a sua facilidade de aplicação e o fato de permitir
o acesso simultâneo ao conteúdo e à estrutura representacional, a partir da análise
das evocações hierarquizadas.
Este artigo tem por objetivo apresentar dois índices, desenvolvidos por Flament e
Rouquette (2003), que estudam duas dimensões do corpus de evocação: a diversidade
dos termos evocados e seu compartilhamento social. Essa apresentação será ilustrada
por um exemplo empírico. Em seguida, será apresentado um índice inédito que traduz
o grau de comunidade entre dois corpora de evocações.
Características do corpus representacional
Na maioria dos casos, um corpus de evocação livre não é simplesmente um aglome-
rado de respostas individuais reagrupadas para formar um conjunto. Por essa razão, é
necessário estudar as características globais das respostas, pois elas podem nos dar
informações acerca do objeto representacional, as quais são úteis para uma melhor
compreensão da relação população-objeto. As características globais do corpus per-
mitem também uma comparação entre diferentes corpora. Como veremos a seguir,
tomar conhecimento da quantidade (ou proporção) de evocações diferentes, da quan-
tidade (ou proporção) de termos que são evocados somente uma vez ou da frequência
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média em que os termos são evocados permite uma melhor compreensão do compar-
tilhamento social e do nível de estruturação do objeto. De modo algum, essas infor-
mações substituem a análise das evocações, desenvolvida por Vergès (1992), a partir
da ordem de evocação e da frequência. São simplesmente análises diferentes e com-
plementares dos mesmos dados (ver Quadro 1).
Quadro 1. Diferenças entre as análises de um corpus de evocação livre
Análise prototípica Índices de distribuição
Restrita a uma parte do corpus Totalidade do corpus
Ligada à teoria do núcleo central Ligada à abordagem estrutural em geral
Específica Global
Não permite testes de significância Permite testes de significância
Interessa-se pelo conteúdo representacional Não se interessa pelo conteúdo representacional
Fonte: Elaborado pelos autores.
A seguir ilustraremos, com dois exemplos empíricos, como é possível, a partir de
evocações livres, obter informações complementares às obtidas com a análise prototí-
pica de Vergès (1992).
Método
Amostra e procedimentos
Os dados acerca dos índices de diversidade e raridade foram obtidos com uma
amostra composta por 151 estudantes universitários italianos (110 mulheres e 41 ho-
mens; média de 21,4 anos; desvio padrão de 1,85 ano), cada um evocou três termos ou
expressões a partir dos indutores “família” e “trabalho”. O segundo exemplo empírico ,
sobre o índice de comunidade, contou com a participação de 57 sujeitos (34 mulheres
e 23 homens; média de idade de 36,2 anos; desvio padrão de 10,4 anos) e todos pa-
risienses. Os participantes forneceram até quatro evocações a partir dos seguintes
termos indutores: “bairro”, “bairro ideal” e “bairro anti-ideal”.
Análise a partir dos índices complementares
Uma tarefa de associação de palavras, também chamada de tarefa de evocação de
palavras, fornece ao pesquisador um corpus de palavras e expressões em que se po-
dem distinguir:
o número total de evocações (N);
o número total de evocações diferentes (elementos), denominadas, segundo a
nomenclatura de Flament e Rouquette (2003), tipos (T);
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a quantidade elementos que só são evocados uma única vez ou Hapax (H);
a frequência de evocação dos tipos (elementos).
A partir do número de evocações diferentes, da quantidade de tipos e de Hapax,
Flament e Rouquette (2003) desenvolveram dois índices que permitem estudar uma
população de respostas.
Índice de diversidade (T/N)
O primeiro índice que apresentamos é relativo à diversidade das evocações. O índi-
ce T/N corresponde à proporção de tipos (termos diferentes) sobre o número total de
evocações do corpus. Caso o total de evocações do corpus seja igual ao número de ti-
pos, então T/N = 1. Por exemplo, se, para o objeto “futebol”, cinco participantes evo-
carem as palavras apresentadas no Quadro 2, teremos cinco evocações e cinco tipos
(termos diferentes). Nesse caso, como cada participante deu uma resposta singular e
idiossincrática, o compartilhamento social do objeto é nulo.
Quadro 2. Exemplo de evocações livres a partir do indutor “futebol”
Participante Evocação
Participante 1 Flamengo
Participante 2 Bola
Participante 3 Campo
Participante 4 Cartola
Participante 5 Torcida
Fonte: Elaborado pelos autores.
No caso oposto, se todos os participantes evocarem o mesmo termo, o índice será
próximo de 0. Por exemplo, se, para o objeto “mesa”, todos os 100 sujeitos de um hi-
potético estudo evocarem o termo “cadeira”, teremos então 100 evocações (N = 100)
e um tipo (cadeira). Nesse caso, o índice será de 1/100 = 0,01. Um índice próximo de 0
traduz um pensamento único e estereotipado.
Os objetos de representação social não são extremos como esses exemplos e tendem
a ter índices de diversidade mais moderados. O importante, nos casos não tão extre-
mos, é observar se o índice tende para 0, o que significaria um compartilhamento social
elevado do objeto, ou, no caso oposto, se o índice tende a se aproximar de 1, o que
traduziria uma grande idiossincrasia das evocações para o grupo estudado. Convém
ressaltar que De Rosa (2003) apresentou uma medida intitulada índice de estereotipia
que é similar ao índice de diversidade. A única diferença reside no fato de multiplicar
por 100 a razão de T sobre N. Mantendo a nomenclatura de Flament e Rouquette
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(2003), o índice de estereotipia corresponde a (T/N) × 100. Ou seja, em vez de variar de
0 a 1, esse indicador varia de 0 a 100.
Índice de raridade (H/T)
Geralmente dentro de um corpus de respostas, encontram-se termos que só foram
evocados uma vez e por uma única pessoa; esses termos com frequência mínima são
chamados de Hapax. Se todos os termos de um corpus forem Hapax, então nenhum
termo se repetirá e será compartilhado; nesse caso H, T e N serão iguais.
O índice de raridade é a proporção de Hapax sobre o número de termos diferentes
evocados (tipos). Se a quantidade de Hapax dentro do corpus é igual à quantidade de
tipos (H/T = 1), isso significa que o objeto não é compartilhado socialmente e o corpus
é composto por um conjunto de respostas individuais. Se a quantidade de Hapax for
nula (e H/T = 0), isso significará que nenhuma resposta é idiossincrática. No caso dos
estudos de representação social, é comum ter alguma quantidade de Hapax, porém,
se essa quantidade for alta e simultaneamente o índice de raridade for baixo, haverá
um indício de baixo compartilhamento social do objeto.
Os dois índices, de raridade e de diversidade, possuem semelhanças, mas, como
afirmam Flament e Rouquette (2003, p. 63), eles correspondem a
[...] “olhares” diferentes sobre a população de respostas, e todo o problema é saber qual dos olhares
responde da melhor forma à investigação em desenvolvimento. A diversidade é uma medida global da
variedade interna das populações, e a raridade é uma medida de rendimento relativo a essa variedade.
Os dois podem então se combinar: estudadas em conjunto, a minimização da diversidade (T/N) e a
maximização da raridade (proporção de Hapax) reforçam o diagnóstico da existência de uma represen-
tação estruturada.
Índice de comunidade: a proporção de elementos comuns a dois corpora
Quando dois corpora de evocações são comparados, é possível estudar a propor-
ção de elementos comuns aos dois conjuntos sobre o total de elementos evocados.
Isso equivale a retomar o índice de Jaccard (1901) para o estudo das evocações. Esse
índice é muito usado em estatística (Youness & Saporta, 2004) e até mesmo para a
análise de dados verbais (Rossignol & Sebillot, 2006). Concretamente, no caso das
evocações, esse índice corresponde à divisão do número de evocações presentes nos
dois corpora sobre o total de elementos evocados.
Formalização do índice de comunidade
Após uma tarefa de associação livre em que os participantes evocam o que lhes
vêm à mente a partir de dois estímulos, A e B, obtêm-se dois corpora de evocações:
corpus A e corpus B. Têm-se então dois corpora pertencentes ao conjunto N (total de
respostas associativas). Cada evocação (anotada x) pertence ao conjunto N, o que cor-
responde a
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x
N
Existem três possibilidades para esse elemento evocado:
• x
A, x
B (x está presente no corpus A e não está presente no corpus B);
• x
B, x
A (x está presente no corpus B e não está presente no corpus A);
• x
A, x
B (x está presente nos corpora A e B).
Essa terceira possibilidade corresponde à interseção entre os corpora A e B. Quan-
do se somam os elementos da primeira condição com os da segunda e terceira condi-
ções, obtém-se a totalidade dos elementos evocados. Esse índice interessa-se pela
proporção de elementos comuns sobre o total de elementos e, consequentemente,
corresponde à divisão da possibilidade 3 sobre a soma de 1 + 2 + 3. Ou seja, isso sig-
nifica que se divide:
a quantidade de elementos (evocações diferentes) comuns aos dois corpora/ sobre
a totalidade dos elementos (evocações diferentes) evocados pelos dois corpora.
A totalidade de elementos evocados corresponde ao T da nomenclatura de Flament
e Rouquette (2003), pois corresponde à totalidade de evocações diferentes dos corpo-
ra. A quantidade de elementos comuns aos dois corpora será chamada de C. Com essa
nomenclatura, o índice de comunidade pode ser escrito como C/T.
Esse índice tem as seguintes características:
• C
T.
• 0 C/T 1.
Se C = T, logo C/T =1.
Se C = 0, logo C/T = 0.
Caso o total de elementos compartilhados seja igual ao total de elementos evoca-
dos, o resultado do índice será 1. Nesse caso, todos os elementos dos corpora são
comuns aos dois grupos, e nenhum elemento pertence a um grupo sem pertencer
ao outro. No caso oposto, em que nenhum elemento é compartilhado, o resultado do
índice é 0. Quando o índice se situa entre esses extremos, quanto mais se aproxima
de 1, mais os corpora estudados compartilham elementos, e, quanto mais se aproxi-
ma de 0, menos os corpora têm elementos em comum.
Resultados
Exemplo empírico acerca dos índices de raridade e variedade
Na Tabela 1, é possível observar que “trabalho” tem uma quantidade maior de ti-
pos e de Hapax, resultado que se traduz nos índices de diversidade e de raridade. O
índice de diversidade do objeto “família” (0,29) é menor que o do objeto “trabalho”
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(0,41). Isso demonstra que o objeto “família” evoca proporcionalmente menos tipos
que o objeto “trabalho” para os estudantes italianos, ou seja, existe uma maior varie-
dade de evocações para o objeto “trabalho” comparativamente “família”. Como con-
sequência dessa maior variedade, um tipo é geralmente evocado 3,48 vezes quando o
objeto é “família”, enquanto a média é de 2,45 vezes quando o objeto é o “trabalho”,
e essa diferença é significativa [t(313) = 1,76; p < 0,05; d = 0,20)].
Tabela 1. Características dos corpora de evocação por objeto
Família Trabalho
Quantidade de evocações (N) 453 453
Quantidade de Tipos (T) 130 185
Quantidade de Hapax (H) 69 129
Frequência média de evocação dos Tipos (N/T) 3,48 2,45
Índice de diversidade (T/N) 0,29 0,41
Índice de raridade (H/T) 0,53 0,70
Fonte: Elaborada pelos autores.
Quanto ao índice de raridade, é possível observar que a proporção de Hapax sobre
os tipos é maior para o objeto “trabalho” (0,70) que para “família” (0,53). Quando
comparamos as proporções de Hapax e de não Hapax (ver Tabela 2) dos dois objetos
com o teste do χ², a diferença é significativa (χ² = 9,07; gl = 1; p < 0,01). Com esses
resultados, podemos afirmar que a quantidade de Hapax é maior para o objeto “tra-
balho”, o que traduz uma maior proporção de respostas idiossincráticas para esse
indutor comparativamente ao indutor “família”.
Tabela 2. Quantidade de Hapax e não Hapax por objeto
Família Trabalho Total
Quantidade de Hapax 69 129 198
Quantidade de não Hapax 61 56 117
Total 130 185 315
Fonte: Elaborada pelos autores.
Essa primeira análise das evocações permitiu uma comparação dos dois objetos,
mostrando que o indutor “trabalho” ativa uma maior variedade de termos e uma
maior quantidade de termos idiossincráticos, e que suas evocações são menos compar-
tilhadas que as do indutor “família”. Esse resultado traduziria uma menor elaboração
social do objeto “trabalho”, o que talvez pudesse ser explicado pelo fato de que os
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participantes são estudantes e tiveram, de modo geral, pouco contato com o mundo
do trabalho. Por sua vez, a “família” é algo vivido por todos e tem um papel estrutu-
rador em qualquer sociedade humana (Lévi-Strauss, 1948), além de ser um dos locais
privilegiados em que os indivíduos se socializam e aprendem a viver em sociedade.
Não é de se espantar que, para estudantes universitários, o objeto “família” seja mais
elaborado e compartilhado que “trabalho”.
Exemplo empírico do índice de comunidade
A Tabela 3 apresenta os tipos e termos evocados em função dos objetos estudados:
“bairro”, “bairro ideal” e “bairro anti-ideal”.
Tabela 3. Quantidade de tipos e termos evocados em função do objeto
Bairro Bairro ideal Bairro anti-ideal
Tipos (T) 107 103 102
Termos evocados (N) 181 177 170
Fonte: Elaborada pelos autores.
Para calcular o índice de comunidade, é necessário conhecer a quantidade de tipos
comuns aos corpora de evocações estudados. A Tabela 4 indica que as evocações de
“bairro” e “bairro ideal” compartilham 33 tipos. Por sua vez, “bairro” e “bairro anti-
-ideal” compartilham 11 elementos, enquanto “bairro ideal” e “bairro anti-ideal”
compartilham 5 tipos.
Tabela 4. Proporção de tipos comuns aos diferentes objetos
Bairro – bairro ideal Bairro – bairro anti-ideal Bairro ideal – bairro anti-ideal
Tipos comuns aos corpora 33 11 5
Tipos não comuns 144 187 195
Fonte: Elaborada pelos autores.
O cálculo do índice de comunidade (ver Tabela 5) mostra que os corpora de “bair-
ro” e “bairro ideal” compartilham mais tipos (índice de 0,19) que “bairro” e “bairro
anti-ideal” (0,06). Isso demonstra que, para essa população, o indutor “bairro” tem
mais elementos em comum com o indutor “bairro ideal” que com o indutor “bairro
anti-ideal”. De maneira previsível, “bairro ideal” e “bairro anti-ideal” têm poucas evo-
cações em comum. A partir do índice de comunidade, foi possível ordenar a comuni-
dade entre os corpora da seguinte maneira: “bairro – bairro ideal” > “bairro – bairro
anti-ideal” > “bairro ideal – bairro anti-ideal”.
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Tabela 5. Índices de comunidade para os diferentes objetos
Bairro Bairro ideal Bairro anti-ideal
Bairro 1 0,19 0,06
Bairro ideal 1 0,02
Bairro anti-ideal 1
Fonte: Elaborada pelos autores.
Discussão
A partir de uma tarefa de evocação, é possível fazer uma grande quantidade de
análises; a maioria delas interessa-se pelo conteúdo evocado e não pela organização.
Com os índices aqui apresentados, é possível ter informações sobre a totalidade do
corpus, e essas informações permitem uma melhor compreensão da representação
social estudada. O objetivo aqui não é propor que o estudo do conteúdo represen-
tacional seja abandonado, mas atribuir maior atenção às características do corpus
representacional.
Este artigo apresentou ao leitor brasileiro dois índices, recentemente elaborados
na França (Flamente & Rouquette, 2003), voltados às características globais das evoca-
ções. Os índices de diversidade e raridade baseiam-se em três informações: a quanti-
dade de evocações (N), de tipos (T) e de Hapax (H). As três características permitem um
mapeamento do corpus não acessível com outras técnicas e análises de dados. A ob-
servação dessas características permite também a utilização de testes de significância
(χ², t de Student e Anova), caso mais de um corpus seja estudado. Parece-nos que co-
nhecer o nível de compartilhamento do corpus e a diversidade dos elementos evoca-
dos é importante, até mesmo como indicação sobre a adequação do objeto à teoria
das representações sociais (TRS). Caso o nível de compartilhamento não seja elevado,
é bem provável que a teoria das representações sociais não seja uma boa escolha para
a interpretação dos dados. Quanto à diversidade dos termos evocados e de seu índice,
eles indicam o grau de estereotipia do objeto na população. Estereotipia aqui tem o
sentido de “hipersimplificação categorial de uma realidade” (De Rosa, 2003, p. 92).
Além disso, quando se estudam vários corpora (com mais de uma população e/ou mais
de um objeto), é possível obter outro indicador: a quantidade de termos comuns (C).
A adaptação do índice de Jaccard, como no caso dos índices de raridade e diver-
sidade, pode ser útil quando associada à análise prototípica (Abric, 2003; Sá, 1996;
Vergès, 1992, 1994). O índice de comunidade permitiria, sem perguntas suplementa-
res, obter informações sobre o grau de compartilhamento entre corpora de evoca-
ções. Quando mais de dois corpora estão presentes, é possível ordená-los, do mais
alto grau de comunidade ao mais baixo. Quanto mais as representações forem “pró-
ximas”, mais o índice será alto, traduzindo o nível de homogeneidade dos corpora.
No exemplo apresentado no texto, uma mesma população produzia evocações para
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vários objetos, mas o índice pode ser usado para populações diferentes e para um
mesmo objeto e até mesmo objetos diferentes.
Todos esses indicadores e índices são ateóricos e podem ser usados dentro do qua-
dro teórico das representações sociais ou de qualquer outra teoria. No entanto, pare-
ce-nos que, dentro da teoria das representações sociais, o estudo das características de
comunidade, raridade e diversidade fornece informações importantes para o diagnós-
tico da representação para o grupo estudado. Saber se o que o objeto ativa numa
determinada população é idiossincrático, compartilhado entre os membros do grupo
e comum a outro objeto ou população permite um melhor conhecimento da relação
população-objeto, um dos maiores objetivos dos pesquisadores no campo da teoria
das representações sociais.
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Índices complementares para o estudo de uma representação social a partir de evocações livres: raridade, diversidade e comunidade
129
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Submissão: 06.05.2012
Aceitação: 03.04.2013
... Além da análise prototípica, uma tarefa de evocação de palavras devolve ao pesquisador um conjunto de indicadores como o número total de evocações (N), o número total de evocações diferentes (T), a quantidade de elementos evocados uma única vez -Hapax (H), e ainda a frequência dos elementos. De acordo com Wolter e Wachelke (2013) (Wolter & Wachelke, 2013), pelo que se considera um índice aceitável. ...
... Para observar se esta situação é característica deste tipo de representação, comparou--se os corpora de Portugal e Itália (Wolter & Wachelke, 2013), referente ao mesmo conceito representacional e método de recolha de dados. Os países apresentaram perfis representacionais similares, podendo assumir-se que, possivelmente, este tipo de distribuição de hápax é característico do conceito de Trabalho. ...
... Por meio da análise prototípica, buscou-se a relação objeto-cognema a partir de dois critérios fundamentais de acessibilidade do elemento cognitivo: a frequência e a velocidade da evocação pelos grupos fornecida pela ordem média de importância atribuída à expressão. Esse cálculo é feito por meio da média ponderada dos graus de importância 34 . ...
... As correspondências entre esses critérios permitem uma análise estrutural das representações, vislumbrando-se o conteúdo e a organização interna. Várias pesquisas têm sido realizadas majoritariamente por meio de softwares para o suporte de análise de conteúdo 34,35 . lembrou da palavra. ...
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Essa é uma pesquisa quali-quantitativa, realizada em 2019, em Brasília, DF, com objetivo de verificar e descrever as representações sociais de estudantes de psicologia sobre o suicídio. Utilizou-se questionários de evocação com justificativas em campo livre. Os dados foram interpretados com procedimentos estatísticos propostos pela Análise Prototípica. Participaram 170 acadêmicos do segundo ao quarto período, de uma universidade privada. Os estudantes tinham entre 18 e 50 anos, sendo 89% mulheres e 11% são homens. Dentre os principais valores: Classe 1: 19,6%; Classe 2:14,44; Classe 3:26,1; Classe 4:26,8 e Classe 5:13,1); e, os dados provenientes de entrevistas permitiram a construção de duas categorias: Depressão e suporte social e, Sofrimento e fraqueza. As representações sociais do suicídio para os estudantes de psicologia são estruturadas com fundamento nos seguintes elementos do núcleo central: morte, dor, sofrimento, depressão, medo, pressão e tristeza. Entretanto, quando os participantes são instados a evocar termos que atribuem aos colegas, os elementos pressão e medo não aparecem mais, surgindo, então, a palavra fraqueza.
... Additionally, the prototypical analysis allows a general panorama of the corpus allowing a better comprehension of ideas that circulate the studied object, verifying the level of social sharing and highlighting the relationship between the studied population and the object. (Wolter & Wachelke, 2013) Wachelke (2009) notes that the prototypical analysis alone is not enough to identify the central elements of a social representation. However, he recognizes its validity as an introductory method for the central nucleus identification when saying that "prototypical analysis delivers indications with raw words that often are not direct elements of a social representation, but concern a theme that would involve specific aspects"(p.103). ...
... Next there's the enumeration of rarity and diversity indexes of each corpora generated by the evocations to indicate the represented objects' level of idiosyncrasies or social sharing. Finally, the community level proposed by Wolter and Wachelke (2013) is calculated from the comparison of both corpora generated from the evocations of each inductive term. This index allows the analysis of common elements present in the corpora, indicating a possible homogeneity of the evocations even though they have different stimuli. ...
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Evandro Chagas National Institute of Infectious Diseases (INI) has implemented Laboratories for Clinical Research Associated to Healthcare Assistance in Infectious Diseases, structures inspired on Innovative Organization of Mintzberg’s theory. In order to improve clinical research according to Integral Healthcare Model, INI’s Chagas Disease Clinical Research Laboratory has adopted this organizational innovation as an incentive mechanism based upon values of decentralization and entrepreneurial orientation. This case study uses, as methods to assess said innovation, surveying of micro costs, Activity Based Costing system, Spearman correlation test and DEA. Aggregates knowledge on the contribution of organizational values in multipurpose public health organizations and shows the effects of INI’s restructuring on development of research, diversification of healthcare and promotion of cost-effectiveness and overall efficiency.
... Uma das abordagens mais famosas na perspectiva estruturalista das RS é a evocação de palavras e a análise prototípica, devido a facilidade de aplicação e a possibilidade de acessar simultaneamente o conteúdo e a estrutura representacional. Sua validação parte do princípio que os elementos mais importantes de uma RS são mais acessíveis a consciência, o que traz uma facilidade relativa em acessá-los (WACHELKE; WOLTER, 2011;WACHELKE, 2013). ...
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Capítulo de livro trazendo as representações sociais como abordagem metodológica de pesquisa.
... The technique of evocation or free association of words helped in the search for the main words associated with coronavirus in Brazil. This is a technique that consists of asking participants to report what comes to mind when they hear an inductive term that is related to the social representation, object of the study (Wolter & Wachelke, 2013). Therefore, knowing the evocations associated with a specifi c term helps us to understand some important aspects of health behaviors in the Brazilian population, especially in the context of the Covid-19 pandemic. ...
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This research compared evocations regarding the term “coronavirus” during two different periodsin the Covid-19 pandemic in Brazil in 2020 — March (beginning of the pandemic in the country)and June (Brazil as the epicenter of the pandemic) —, considering the presence or absence ofanxiety symptoms in participants. The methodology adopted the free evocation technique and theGeneralized Anxiety Disorder (GAD-2) symptom scale. The sample was composed of 5,961 womenand 1,153 men. Participant selection was relegated to convenience sampling by means of an onlinequestionnaire. Results showed that the coronavirus had diff erential impacts among the groups thatwere assessed and according to the time of data collection. In general, in March, people with anxietysymptoms had a more catastrophic view of the future, while people without those symptoms had aless unfavorable repertoire to adjust to the situation. In June, both groups reported a negative viewof the scenario, indicating a decrease or exhaustion in their capacity for psychological adjustment.This suggests the possibility of an increase of some conditions that result in adaptive impairment,exhaustion, and mental illness. Finally, it is important to understand people’s beliefs about the coronavirusat diff erent times of the pandemic because it is a favorable period for the emergence and/orintensification of mental disorders.
... A pesquisa subsidiada pela teoria do núcleo central tem a vantagem de fornecer informações por meio de uma técnica com facilidade de aplicação, permitindo o acesso à estrutura representacional, a partir da análise de evocações, de forma que é possível saber o que o indutor ativa na população estudada (Wolter, & Wachelke, 2013). Para este estudo, os significados atribuídos pelas mães, mediante representações que possam surgir no contexto do cuidado com o RNPT internado em UTIN, podem preencher lacunas importantes para a equipe de apoio ampliar a compreensão da realidade social, agregando conhecimento para reflexão e integração ao atender às peculiaridades do manejo das questões emocionais que essas mães enfrentam. ...
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O objetivo foi identificar e comparar a estrutura das representações sociais (RS) de mães de recém-nascidos pré-termo sobre “bebê” e “objetos de bebê”, durante internação em unidade de terapia intensiva neonatal e aos 12 meses de idade. A técnica usada foi a evocação de até cinco palavras/expressões associadas aos termos indutores e processamento pelo software EVOC-2003. Participaram 47 mães. No contexto da internação, o núcleo central da RS de “bebê” apresentou as palavras “amor” e “cuidado”, e, aos 12 meses, “amor” e “carinho”. Os elementos organizadores da RS de “objetos de bebê” foram “berço”, “brinquedo” e “mamadeira”, e, aos 12 meses, “brinquedo”, “chupeta” e “mamadeira”. A organização das RS teve o amor como base, demonstrando preocupação e cuidado devido à internação. Após o primeiro ano, sentimentos negativos foram suprimidos, observando-se valorização do ato de brincar, ressaltando as dificuldades para manter a amamentação e lidar com a sucção não nutritiva.
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Resumo: Este artigo tem como objetivo abordar os resultados parciais de uma pesquisa de Mestrado, que teve como objetivo investigar a influência do curso de formação continuada em Astronomia e seu ensino, ofertado ao NRE-Maringá, em 2018, para a constituição da identidade profissional dos professores de Ciências participantes. Dessa forma, seis professoras participantes do referido curso, através de reuniões online (gravadas) e Google Forms, responderam ao questionário-TALP (Técnica de Associação Livre de Palavras), a fim de identificarmos as representações sociais compartilhadas por elas quanto à Astronomia. Os dados foram analisados à luz da abordagem estruturalista de Abric (2000), identificando o núcleo central (nosso objeto de estudo) e os elementos periféricos e intermediários da RS (Representação Social). Assim, pudemos inferir que, no tocante ao Ensino da Astronomia, as professoras pesquisadas apresentam muito do universo consensual, não alcançando, muitas vezes, o universo reificado, o que nos permite compreender que muitos professores que ensinam conteúdos de Astronomia apresentam um nível de entendimento/conhecimento muito semelhante ao dos alunos, permanecendo por vezes, no universo consensual ao abordarem tais conteúdos. Palavras-chave: Abordagem Estruturalista. TALP. Representações Sociais. Ensino da Astronomia. Formação de Professores.
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O presente trabalho visa, a partir do conceito de representação social, propor uma reflexão sobre a inclusão do indivíduo com surdez. Segundo censo do IBGE de 2010, no Brasil cerca de 9,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva. Desses, 2.147.366 milhões apresentam deficiência auditiva severa, cerca de um milhão são jovens até 19 anos, ou seja, em idade escolar. A pesquisa foi realizada em periódicos e concluiu que passos têm sido dado para mudar o histórico de segregação, no entanto, precisamos de fazer ainda mais para mudar essa realidade. Um dos principais pontos é o conhecimento da Libras, uma língua que representa toda a luta dessa comunidade Palavras-chave: Representação Social. Surdez. Inclusão Escolar
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This article studies the personal implication and the social representations about the university for high school students from public and private schools of the city of Rio de Janeiro, Brazil. 160 students (80 public and 80 private) answered a questionnaire with free evocations and Likert items about university. In the prototypical analysis, future, study, and responsibility appear as the probable central elements shared by the subgroups. However, terms that translate a preparation for university are exclusive to private-school students. The social thinking of public-school students creates a socio-cognitive distance from the university that potentially produce a barrier. However, on the scale of personal involvement, there is a significant difference in the valuation of the university by family and friends. Keywords Social representations; Personal involvement; University; High School
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Este trabalho visa conhecer a opinião dos alunos do 5º e 7º semestre do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás. Através de um teste, de evocação livre de palavras, aplicado no intuito de conhecer a opinião deles sobre os temas: política, políticas públicas e participação política. A metodologia adotada é qualitativa e pesquisa bibliográfica. Para a coleta de dados usou-se a técnica de associação livre de palavras e depois utilizou-se o software Iramuteq para fazer a construção da nuvem de palavras, que demonstra quais as palavras são consideradas mais importantes ou mais frequentes. O que percebeu-se é que para os alunos pesquisados falta conscientização do poder que a política, as políticas públicas e a participação política, como cidadão, pode influenciar na sua atuação profissional e no papel de modificar vidas através do acesso à informação.
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The social representations of AIDS constructed by students from the city of Rio de Janeiro, Brazil, opens a way of understanding their strategies to deal with the problem of the epidemic. The center of analysis comprises 797 youngsters, 14 to 18 years old, of different social groups, and is based on the theories of social representations and the central core. A word evocation test, a questionnaire and free interviews were used as research instruments. The findings indicate that the youngsters were correctly informed about the several forms of contamination and the current preventive measures. In spite of this, knowledge was incomplete and fragmented. The perception of the vulnerability before AIDS is present among them, however it seems to be a novelty that is structuring/restructuring their representacional field. A mix of fear, threats, ambivalences has been introjecting in the social representations of this phenomenon. Fear and discrimination are mixed to a desire to forget what really happens and to move back in the denial of the fact. The preservative embodies a range of contradictory significances. Death, Sex, Condom and Illness are the central core of this representations that are characterized by a general, indirect and impersonal speech, and reveals an idealized and outdistanced formulation. This mechanism hinders the structuring of behaviors, as well as real actions towards prevention. The source of these phenomena is the lack of a rational strategy of prevention that is able to respect all this complex of emotions and mental developments; and convenient and explanatory theories about daily life that can contribute to the constitution of social representations and act concretely in the choice of alternatives before the uncertainty and menace imposed by AIDS.
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The corpus-based constitution of semantic classes is one of the most frequently studied problems in automatic acquisition of lexical semantic information. Most existing works in that area require either that the corpus they exploit use a specialized language, or that they be very large. We describe a generic method for the building of semantic classes from non-specialized, medium-sized corpora, that first splits the studied corpus into topically homogenous ones and then builds separate sets of semantic classes on each of those subcorpora. That approach lets us reduce the importance of polysemy in the studied texts, thus easing the statistical study of word uses. Moreover, a same word can appear with distinct meanings in the various produced sets of semantic classes, which reveals its polysemy potential, and those senses are specified by the knowledge of the topic in which they appear ; that is why we talk about "topicalized" semantic classes. This paper introduces original data analysis techniques that let us achieve fairly good semantic word classifications, although the produced classification trees still require a manual intervention to extract usable semantic classes.
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Buscou-se analisar a estrutura da representação social da autonomia profissional construída por enfermeiros na cidade de Petrópolis. Adotou-se como referencial a Teoria das Representações Sociais, de acordo com a abordagem estrutural. A coleta de dados foi realizada através da técnica de evocação livre ao termo autonomia profissional com 83 enfermeiros, 42 da rede básica e 41 da rede hospitalar. Os dados foram analisados através da construção do quadro de quatro casas. Os resultados indicam como possíveis elementos centrais da representação os termos conhecimento, conquista e responsabilidade e como elementos periféricos limitada, pouca e utopia.
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The abusive use of allowed and illicit psychoactive substances has got alarming dimensions as it, in the present time, is a challenge for the public health. It is known that marijuana is the most used illicit drug in Brazilian reality. This research had as objective to investigate Social Representations of Psychology students concerning marijuana. Two hundred college students participated; from both sex (feminine 76.2%), whose ages were around18 to 26 years. The Words Free Association Test was used, having as stimulation-inductor the word marijuana. The data had been processed by software tri-deux-mots (version 6.1) through the factorial analysis of correspondence. The results had pointed differences of sort in the forms to represent marijuana. The college male students objectified marijuana to questions directed towards pleasure/hedonism, while the female ones to psychosocial aspects. The younger students presented a negative vision about the grass, and the oldest ones gave emphasis to the preconception suffered by the users.