ArticlePDF Available

A importância do diagnóstico laboratorial clássico na identificação de variantes de hemoglobinas

Authors:

Abstract

Variant hemoglobins originate principally from simple amino acid substitutions, resulting in nucleotides sequence changes. Currently, the number of abnormal hemoglobins identified has increased due to the improvement in the analytic methodologies; however, many routine laboratories are not prepared for correct mutant identification. Thus, we aimed at characterizing the variant hemoglobins in blood samples sent to our laboratory using several analytic methodologies. Eighty-three samples of peripheral blood collected in EDTA were analyzed by cytological, biochemical, electrophoretical and chromatographic methods. The results of the elecphoretical procedures in alkaline pH indicated several migration patterns, with 45% of the samples in the hemoglobin S position. The differentiation of this hemoglobin was only possible with the association of electrophoretical and chromatographic methods. The profiles of the mutants observed in globin chain electrophoresis were 42% of beta chain mutants, 29% of alpha chain, 5% of delta chain, 4% of gamma chain and 2% of delta/beta chains fusion. The global results showed that the variants could not have been identified by the usual electrophoretical methods alone evidencing the difficulty in identification, specifically in cases with profiles similar to hemoglobin S in alkaline conditions, which can be incorrectly diagnosised. Therefore, for the identification of variant hemoglobins and a diagnostic reliability the association of electrophoretical, chromatography and globin chain analyses as a pre-molecular procedure is fundamental.
72
Rev. bras. hematol. hemoter. 2005;27(1):72-74 Carta ao Editor / Letter to Editor
Sr. Editor,
As hemoglobinopatias podem ser resultantes de muta-
ções que afetam os genes reguladores promovendo um
desequilíbrio no conteúdo quantitativo das cadeias
polipeptídicas e conseqüentemente nos tipos normais de Hb,
causando as talassemias, ou, ainda, de alterações envolven-
do genes estruturais que promovem a formação de molécu-
las de Hb com características bioquímicas diferentes das Hb
normais, também denominadas Hb variantes.
1
Mais de 800 variantes de Hb já foram descritas até o
momento.
2
A maioria delas é originada por simples substitui-
ções de aminoácidos, resultantes de mudanças nas seqüên-
cias de nucleotídeos.
1
Atualmente, o número de Hb anormais identificadas
tem aumentado devido à melhoria nas metodologias de aná-
lises; no entanto, muitos laboratórios de rotina não estão
preparados para a correta identificação das Hb variantes.
Deste modo, objetivou-se caracterizar os mutantes de Hb
das amostras de sangue enviadas ao Laboratório de Hemo-
globinas e Genética das Doenças Hematológicas (LHGDH),
utilizando-se diversas metodologias de análises para eviden-
ciar sua aplicabilidade.
Foram analisadas 83 amostras de sangue periférico co-
lhidas com EDTA, após consentimento informado, proveni-
entes de diferentes estados brasileiros e da Colômbia, sem
distinção de sexo, idade, etnia ou classe social.
As amostras foram avaliadas pelos testes para identifi-
cação de hemoglobinopatias que consistiram da análise da
morfologia eritrocitária; resistência globular osmótica em NaCl
a 0,36 %; eletroforese em pH alcalino em acetato de celulose;
eletroforese em gel de ágar, pH ácido e cromatografia líquida
de alta pressão (HPLC) em Sistema Variant automatizado da
Bio-Rad com kit de análise para beta talassemia hetero-
zigota.
1,3,4,5,6
Para a identificação das cadeias globínicas mu-
tantes foram realizadas as metodologias de eletroforese de
cadeias em pH alcalino em acetato de celulose e eletroforese
de cadeias globínicas em pH ácido em gel de poliacrilamida
12%.
7,8
Após a realização dos procedimentos clássicos para o
diagnóstico de hemoglobinopatias, verificou-se a presença
de Hb com padrões de migração diversos, sendo que 37 (45%)
delas migraram em posição semelhante à Hb S em pH alcali-
no. Após a combinação dos resultados obtidos nas meto-
dologias clássicas citadas, as Hb variantes foram submeti-
das a análises para definição da cadeia globínica alterada.
Foram realizadas as eletroforeses de cadeias globí-
nicas em pH ácido e pH alcalino. Em pH ácido, a maioria dos
mutantes não apresentou separação das globinas normais
(α
A
β
A
), sendo possível reconhecer a fração mutante de Hb
C, utilizada como padrão para esses procedimentos eletro-
foréticas, Hb E Saskatoon, Hb J Oxford e Hb Hasharon,
sendo as duas primeiras mutantes de globina beta e as ou-
tras, mutantes de globina alfa. Também foram detectadas as
cadeias gama alanina e gama glicina nas amostras que apre-
sentaram Hb F aumentada. Em pH alcalino, foi possível iden-
tificar a cadeia globínica alterada em 68 (82%) amostras.
Foram encontrados 35 (42%) mutantes de cadeia beta, 24
(29%) de cadeia alfa, quatro (5%) de cadeia delta, três (4%)
de cadeia gama e duas (2%) fusões de cadeia delta/beta.
Não foi possível identificar a cadeia globínica alterada em
15 (18%) amostras.
Dos mutantes de cadeia beta, 20 (57%) migraram em
posição semelhante à Hb S em eletroforese em pH alcalino;
em pH ácido todas essas amostras apresentaram padrão de
migração normal e o perfil cromatográfico foi diferente do
padrão para Hb S. As suspeitas fenotípicas para esse grupo
foram de Hb D Los Angeles, Hb D Iran e Hb Korle Bu. Nove
amostras (26%) migraram na posição de Hb C na eletroforese
em pH alcalino. No entanto, os perfis eletroforético em pH
ácido e cromatográfico, não foram compatíveis com os de Hb
C. Os dados obtidos sugeriram os fenótipos de Hb E e Hb E
Saskatoon. Também foram observados seis casos (17%) de
Hb rápidas que migraram acima de Hb A em pH alcalino em
que as suspeitas fenotípicas foram de Hb J Baltimore, Hb J e
Hb Deer Lodge. Em dois casos (6%) não foi possível encon-
trar uma provável suspeita fenotípica com o conjunto de in-
formações laboratoriais obtido. As freqüências absolutas dos
fenótipos encontrados estão representadas na Figura 1.
Entre os mutantes de cadeia alfa, 14 (58 %) migraram na
posição de Hb S em eletroforese em pH alcalino. As suspei-
tas fenotípicas foram de Hb Queen, Hb Hasharon, Hb G e Hb
Q Índia. Em pH ácido, a Hb Queen apresentou uma fração
difusa abaixo da Hb A; a Hb Hasharon, uma fração difusa em
posição semelhante à Hb S; a Hb G, uma banda na posição da
Hb S e a Hb Q Índia uma fração entre Hb A e Hb S. Também
A importância do diagnóstico
laboratorial clássico na identificação
de variantes de hemoglobinas
The importance of classical laboratorial
diagnosis in the identification of variant
hemoglobins
Luciana S. Ondei
1
Paula J. A. Zamaro
1
Claudia R. Bonini-Domingos
1
1
Unesp – Universidade Estadual Paulista – Ibilce.
Trabalho realizado no Laboratório de Hemoglobinas e Genética
das Doenças Hematológicas (LHGDH) da Unesp – Campus de
São José do Rio Preto, SP.
Carta ao Editor / Letter to Editor
73
Carta ao Editor / Letter to Editor Rev. bras. hematol. hemoter. 2005;27(1):72-74
foram encontrados 10 casos (42 %) de Hb rápidas que mi-
gram acima de Hb A em eletroforese em pH alcalino, nas quais
as suspeitas foram de Hb I e Hb J Oxford. Das 24 amostras
mutantes de cadeia alfa, não foi possível identificar uma sus-
peita fenotípica em cinco (21 %) delas. As freqüências abso-
lutas encontradas para esses fenótipos estão representadas
na Figura 2.
Também foram encontradas suspeitas de mutantes de
cadeia delta, cadeia gama e casos com fusão de cadeias del-
ta/beta. Das quatro suspeitas de cadeia delta, três casos fo-
ram de Hb B2; para os mutantes de cadeia gama não foi pos-
sível identificar corretamente as variantes, e as fusões de
cadeias delta/beta sugeriram Hb Lepore que também apre-
sentam migração na posição de Hb S.
O método amplamente utilizado para o diagnóstico das
hemoglobinopatias é a eletroforese em acetato de celulose,
pH alcalino, uma vez que as análises podem ser efetuadas
com rapidez e baixo custo.
9
No entanto, não permite a distin-
ção de Hb com co-migração, como as que migram em posição
semelhante à Hb S.
10
A eletroforese em pH ácido pode auxiliar
na confirmação de algumas Hb como Hb A, Hb F, Hb C e Hb
D, porém não permite a distinção entre as Hb S, Hb G, Hb
Hasharon e Hb Q Índia, que migram em posições semelhan-
tes.
11
Portanto, são indicadas como testes de rastreamento
inicial para a detecção de Hb variantes, e metodologias com-
plementares devem ser realizadas para a caracterização das
Hb com migração semelhante.
10
Nesse trabalho verificou-se que as variantes não pu-
deram ser identificadas apenas pelos métodos eletroforéticos
usuais. As 37 (45 %) Hb variantes que migraram na posição
de Hb S em pH alcalino não foram confirmadas em pH ácido
e não se chegou a uma suspeita fenotípica. Os demais perfis
eletroforéticos também não puderam ser identificados ape-
nas com a aplicação dessas duas metodologias. Portanto,
evidenciou-se a dificuldade de interpretação das Hb varian-
tes, principalmente daquelas que migraram em posição seme-
lhante à Hb S em pH alcalino que poderiam ter sido
identificadas incorretamente apenas com a aplicação dessas
metodologias.
A HPLC com sistema automatizado Variant Bio-Rad é
um método rápido, preciso e com boa reprodutibilidade.
12
Para os resultados encontrados neste trabalho, a associação
das análises cromatográficas aos resultados eletroforéticos
foram fundamentais no levantamento das prováveis Hb vari-
antes.
A eletroforese de cadeias globínicas é uma metodologia
de separação das globinas bastante precisa, podendo ser
utilizada para a identificação das cadeias mutantes como uma
análise pré-molecular permitindo a visualização das cadeias
beta, delta, alfa normais e mutantes.
10
Em pH ácido, permitiu
a visualização das cadeias gama glicina e gama alanina nas
amostras que apresentaram Hb F aumentada e as frações
mutantes das Hb E-Saskatoon e Hb J Oxford. A técnica ana-
lítica em pH alcalino apresentou boa resolução para os
mutantes de cadeias alfa, beta e fusão delta/beta, permitindo
a identificação da cadeia globínica mutante na maioria das
Hb variantes.
Os resultados globais mostraram que as Hb variantes
não puderam ser identificadas apenas pelos métodos
eletroforéticos usuais os quais são utilizados, pela maioria
dos laboratórios, como únicas metodologias de análise. A
dificuldade na identificação das Hb variantes ficou evidenci-
ada para aquelas que apresentaram perfil semelhante à Hb S
em pH alcalino, podendo ser diagnosticadas incorretamente.
Portanto, para a identificação das Hb variantes e um diag-
nóstico seguro é fundamental a associação dos métodos
eletroforéticos clássicos com análises cromatográficas e as
eletroforeses de cadeias globínicas que constituem uma aná-
lise pré-molecular.
Abstract
Variant hemoglobins originate principally from simple amino acid
substitutions, resulting in nucleotides sequence changes. Currently,
the number of abnormal hemoglobins identified has increased due
to the improvement in the analytic methodologies; however, many
routine laboratories are not prepared for correct mutant
Figura 2. Suspeitas fenotípicas de Hb mutantes de cadeia alfa,
identificadas pelos métodos clássicos e análise de globina, com
sua freqüências absolutas
Figura 1. Suspeitas fenotípicas de Hb mutantes de cadeia beta,
identificadas pelos métodos clássicos e análise de globina, com
suas freqüências absolutas
74
Rev. bras. hematol. hemoter. 2005;27(1):72-74 Carta ao Editor / Letter to Editor
identification. Thus, we aimed at characterizing the variant
hemoglobins in blood samples sent to our laboratory using several
analytic methodologies. Eighty-three samples of peripheral blood
collected in EDTA were analyzed by cytological, biochemical,
electrophoretical and chromatographic methods. The results of the
elecphoretical procedures in alkaline pH indicated several migration
patterns, with 45 % of the samples in the hemoglobin S position. The
differentiation of this hemoglobin was only possible with the
association of electrophoretical and chromatographic methods. The
profiles of the mutants observed in globin chain electrophoresis
were 42% of beta chain mutants, 29% of alpha chain, 5% of delta
chain, 4% of gamma chain and 2% of delta/beta chains fusion. The
global results showed that the variants could not have been identified
by the usual electrophoretical methods alone evidencing the difficulty
in identification, specifically in cases with profiles similar to
hemoglobin S in alkaline conditions, which can be incorrectly
diagnosised. Therefore, for the identification of variant hemoglobins
and a diagnostic reliability the association of electrophoretical,
chromatography and globin chain analyses as a pre-molecular
procedure is fundamental.
Key words: Hemoglobin variants; globin chains; hemoglobin
polymorphism; diagnosis.
Referências Bibliográficas
1. Bonini-Domingos CR. Hemoglobinopatias no Brasil: variabilidade
genética e metodologia laboratorial. Tese de Doutorado, Instituto
de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual
Paulista. São José do Rio Preto, 1993, 232 p.
2. Huisman HJ et al. HbVar: A Database of Human Hemoglobin Variants
and Thalassemias. Summaries of mutation categories. Pennsylvania
University USA and McMaster University in Canada, 1996. Dis-
ponível em: <http://globin.cse.psu.edu/>. Acesso em 16 fev. 2004.
3. Silvestroni E, Bianco I. Screening for microcytemia in Italy: analyses
of data collected in the past 30 years. Am J Hum Genet 1975;
27:198-212.
4. Marengo-Rowe AJ. Rapid electrophoresis and quantification of
haemoglobin on cellulose acetate. J Clin Pathol 1965;18:90-192.
5. Vella F. Acid agar gel electrophoresis oh human hemoglobins. Am
J Clin Pathol 1968;49:440-442.
6. Instrucion Manual Variant β -thalassemia Short Program, 1994.
7. Schneider RG et al. Differentiation of eletrophoretically
hemoglobins - suchas S, D, G and P or A2, C, E, and O- by
electrophoresis of the globin chains. Clin Chem 1974;20:1.111-
1.115.
8. Alter BP et al. Globin chain electrophoresis: a new approach to
the determination of the Gγ /Aγ ratio in fetal haemoglobin and to
studies of globin synthesis. Br J Haematol 1980;44:527-532.
9. Coelho EAF, Carvalho MG. Aspectos morfológicos das hemo-
globinopatias. RBAC 1999;31:201-203.
10. Zamaro PJA et al. Diagnóstico laboratorial de hemoglobinas seme-
lhantes à Hb S. J Bras Patol 2002;38:261-266.
11. Torké NS et al. Acid hemoglobin electrophoresis and glyco-
hemoglobin bands. Clin Chem 1991;37:582-583.
12. Ou C, Rognerud CL. Diagnosis de hemoglobinopathies:
electrophoresis vs. HPLC. Clin Chem Acta 2001;313:187-194.
Avaliação: Editor Associado e dois revisores externos.
Conflito de interesse: não declarado
Recebido: 20/11/2004
Aceito após modificações:15/12/2004
Correspondência para: Luciana de Souza Ondei
LHGDH, Departamento de Biologia, Unesp-Ibilce
Rua Cristóvão Colombo, 2265, Jardim Nazareth
15054-000 – São José do Rio Preto-SP
Fone: (17)221-2392. Fax: (17)221-2390
E-mail: luondei@yahoo.com.br
... The Brazilian population is characterized by having wide genetic heterogeneity, reflecting the polymorphism of hemoglobin (Chinelato-Fernandes and Bonini-Domingos, 2005;Alexandre and Marine, 2013). The hemoglobinopathies may reflect mutations affecting regulatory genes, causing an imbalance in the quantitative content of polypeptide chains, causing thalassemias, or even changes involving structural genes which cause the formation of Hb molecules with different characteristics also called HB variants (Ondei et al., 2005) (Manual do Ministério da Saúde de Brasília 2016). ...
Article
Full-text available
The hemoglobinopathies are a group of hereditary alterations prevalent in many parts of the world, but significantly affect the Brazilian population for its abundant miscegenation. These alterations in structural genes that cause the formation of hemoglobin variants, and/or regulatory genes, causing thalassemias. Currently, the number of identified abnormal hemoglobin has increased due to improvement in methods of analysis, however, many routine laboratories are not prepared for the correct identification of these changes. In the present study aimed to assess the prevalence of hemoglobinopathies by classical methods and perform the molecular characterization of mutations S, C, beta thalassemia IVS-110, IVS-1, IVS-6 and CD-39 by gene amplification using the PCR technique – AE. The molecular study used specific primers that bind promptly at the position of the mutated allele in position and the normal allele, and thus can perform gene allele specific amplification. We collected 200 samples of peripheral blood of patients in clinical laboratories at PUC-Goiás from July/2012 to December 2012. We observed two patients (1%) AC one (0.5%) AS, two (1%) with IVS-6 mutation and one (0.5%) IVS-6. The codon 39 and IVS-110 were not detected in any of the investigated patients. We concluded that our molecular methodology in the characterization of hemoglobin mutations is useful and it can be used to identify hemoglobinopathies.
... The father was identified as a carrier of Hb E-Saskatoon and the mother as a carrier of Hb S ( fig. 2 ). In the literature there are accounts of an Hb variant with electrophoretic mobility very similar to that of Hb E [15][16][17][18] . It usually has fully normal hematological parameters and slow electrophoretic mobility, with a high prevalence in Southeast Asia. ...
... Após a amplificação do alelo, a identificação do mutante poderá incluir análise de fragmentos de digestão por enzimas específicas, gerando resultados diferentes para homozigotos e heterozigotos para a hemoglobina em questão. 5,6 A PCR-AE -amplificação alelo-específica -consiste somente na amplificação dos alelos mutantes e normais, facilitando a análise e diminuindo custos, por não utilizar enzimas de restrição. 7 O conjunto de resultados laboratoriais, tanto das metodologias clássicas, quanto das moleculares, contribuem para o conhecimento das hemoglobinas no Brasil, elucidando interações e auxiliando na orientação genético-educacional ...
Article
Full-text available
Há vários tipos de hemoglobinopatias que são caracterizados por variantes das hemoglobinas anormais (ex: Hb S, Hb C, Hb Instáveis,etc) e por talassemias (ex: tal. alfa, tal. beta, tal.beta/delta,etc) As hemoglobinopatias são consideradas como uma das doenças genéticas mais comuns em todo o mundo, com prevalência de portadores heterozigotos de seus principais tipos em aproximadamente 5% da população mundial. Devido à heterogenidade clínica e genética dessas alterações genéticas é fundamental estabelecer a investigação laboratorial das diferentes formas de hemoglobinas variantes e de talassemias. Este artigo apresenta as principais dificuldades laboratoriais que envolvem a complexidade molecular das hemoglobinopatias.There are various types of hemoglobinopathies that are characterized by variants of abnormal hemoglobins (eg. Hb S, HbC, unstables Hb, etc.) and thalassemias (eg. alpha, beta, beta/delta, etc.). Hemoglobinopathies account for some of the most common single gene disorders worldwide with at least 5% of the world's population having one or more serious genetic abnormalities. Because of the clinical and genetic heterogenity of these disorders, a laboratory investigation is fundamental to establish the diagnosis of the different variants of the abnormal hemoglobinopathies and thalassemias. This article reports on the laboratory diagnostic difficulties caused by molecular complexity of these abnormalities.
Article
Full-text available
A hemoglobina S (HbS) está presente na população brasileira com prevalência variável, dependente dos grupos raciais formadores de cada região. A migração eletroforética em pH alcalino apresenta similaridade com outras hemoglobinas, e estudos complementares para sua correta caracterização são necessários. No presente estudo objetivamos traçar um fluxograma com as metodologias disponíveis para a caracterização da hemoglobina S e das hemoglobinas que apresentam migração semelhante em pH alcalino. No período de janeiro a junho de 2000, analisamos amostras de sangue com suspeita de hemoglobina S encaminhadas ao Laboratório de Hemoglobinas da Unesp. Caracterizamos diferentes mutantes e formas interativas com hemoglobina S, por procedimentos eletroforéticos, em variados pH, análises citológicas e testes bioquímicos específicos. Os procedimentos de análise aplicados resultaram em orientação fornecida aos laboratórios de rotina sobre como proceder no diagnóstico laboratorial destas alterações de hemoglobina. Desta forma contribuímos para um melhor conhecimento sobre a variabilidade genética das hemoglobinas em nossa população, auxiliando no acompanhamento clínico e no aconselhamento genético das hemoglobinopatias com fisiopatologia relacionada à alteração.
Article
Extensive population surveys begun in Italy in 1943 revealed a high incidence of mycrocytemia. Health authorities established a national organization to combat microcytemia which financed and directed activities throughout Italy from 1955 to 1971. The work performed by the microcytemia centers in screening and prophylaxis is described. The results of a screening program underway since 1967 involving 46,559 students of the University of Rome are presented in detail. A preliminary survey of 256 families revealed that the incidence of subsequent births after the births of a child affected by Cooley's anemia was generally low. Results obtained to date are encouraging and justify more extensive programs for the prevention and treatment of microcytemia.
Article
Electrophoresis of the globin chains of hemoglobin on cellulose acetate in both acidic and alkaline buffers (pH about 6 and 9) containing urea and 2 mercaptoethanol is a simple, rapid means of characterizing hemoglobins. Erythrocyte hemolysate is electrophoresed in the presence of a large amount of mercaptoethanol, which liberates heme from globin, and keeps it in solution during its rapid electrophoretic removal. Each globin chain migrates at a characteristic rate, which varies with the pH and composition of the buffer. The combined data permit differentiation, with a high degree of specificity, of some similarly charged hemoglobins. They may also be useful in assessing the effect of secondary and tertiary structure on molecular charge.
Article
A rapid and reproducible electrophoretic method for the separation and quantitation of haemoglobins on cellulose acetate is described. The accuracy of the method and its possible sources of error are discussed. The normal range for haemoglobin A(2) by this method is 1% to 3% of the total haemoglobin concentration. Blood samples from 32 thalassaemic patients showed haemoglobin A(2) values of 3.5% to 7%.
Article
Separation of globin chains by electrophoresis provides a simple and rapid method for the determination of the G gamma/A gamma ratio in human fetal haemoglobin, and of biosynthetic rates of the globin chains. Whole haemolysates were analysed by electrophoresis on polyacrylamide gels in urea, acetic acid and Triton X-100. Electrophoresis of haemolysates from newborn infants led to four bands: A gamma, G gamma, beta and alpha. The identity of these bands was indicated by examination of haemoglobins of known globin chain composition. In 15 samples, the % G gamma was similar by Triton gels and by amino acid analysis of the gamma CB-3 peptide. Some mutant globin chains were also separable with the electrophoretic technique. Triton gel electrophoresis provides rapid analysis of very small amounts of haemoglobin, and permits examination of globin chain composition as well as globin synthetic ratios.
Article
Alkaline cellulose acetate and acidic citrate agar electrophoreses are the most widely utilized methods for hemoglobin analysis. However, due to their limited resolution, incorrect or unresolved diagnosis of common hemoglobinopathies are sometimes encountered. Isoelectric focusing provides excellent resolution but is labor intensive and lacks accurate quantitation. High-performance liquid chromatographic methods have been developed for either screening or confirmation of hemoglobinopathies with relatively high sensitivity or specificity. Through the years, we have developed, refined and optimized an HPLC procedure using a porous silica coated with polyaspartic acid to improve the elution time of hemoglobin analysis while maintaining the high sensitivity and resolution necessary for both screening and confirmatory purposes. The method is capable of separating more than 45 commonly encountered hemoglobin variants within 12 min. These include Barts, H, A1C, Raleigh, Hope, I, F, Camden, N-Baltimore, I-High Wycombe, I-Paris, J-Baltimore, N-Seattle, Grade, Fannin-Lubbock, Malmo, South Florida, A, Chicago, G-Georgia, Lepore-Baltimore, P-Galveston, G-Coushatta, Lepore-Boston, E, Zurich, Osu Christiansborg, A2, G-Philadelphia, Korle Bu, Russ, E-Saskatoon, Richmond, D-Punjab, Deer Lodge, Koln, Montgomery, S, Q-Thailand, G-San Jose, A2', Hasharon, Q-India, Tampa, Constant Spring, SG-hybrid, C-Harlem, O-Arab, British Columbia, and C. The method provides not only the identification of the aforementioned hemoglobin and variants but also an accurate quantitation of their concentrations, particularly Hb F and A2, which are useful for the diagnosis of HPFH and beta-thalassemia, respectively. The simplicity of the sample preparation, superior resolution of the method, and accurate quantitation of hemoglobin concentration, combined with complete automation, make this an ideal methodology for the routine diagnosis of hemoglobin disorders in a clinical laboratory.
Screening for microcytemia in Italy: analyses of data collected in the past 30 years Marengo-Rowe AJ. Rapid electrophoresis and quantification of haemoglobin on cellulose acetate
  • E Silvestroni
  • Bianco
Silvestroni E, Bianco I. Screening for microcytemia in Italy: analyses of data collected in the past 30 years. Am J Hum Genet 1975; 27:198-212. 4. Marengo-Rowe AJ. Rapid electrophoresis and quantification of haemoglobin on cellulose acetate. J Clin Pathol 1965;18:90-192.
Aspectos morfológicos das hemoglobinopatias
  • Eaf Coelho
  • M G Carvalho
Coelho EAF, Carvalho MG. Aspectos morfológicos das hemoglobinopatias. RBAC 1999;31:201-203.