ArticlePDF Available

Dieta cetogênica para epilepsia intratável em crianças e adolescentes: relato de seis casos

Authors:

Abstract

OBJETIVO: Descrever a introdução e o manejo da dieta cetogênica em um grupo de seis crianças e adolescentes com epilepsia refratária. MÉTODOS: Os autores reviram o prontuário médico de cada paciente menor de 15 anos submetido à dieta cetogênica entre abril de 1999 e julho de 2003 e compararam os resultados terapêuticos e efeitos adversos e benéficos com a literatura pertinente. RESULTADOS: A dieta cetogênica foi introduzida para seis pacientes, com idade mediana de sete anos (faixa: 1,8-12,2). A duração média da aplicação da dieta foi 9,7 meses (faixa: 7 dias-4 anos). Observou-se uma redução igual ou maior que 50% da freqüência das crises epilépticas em metade dos casos. As complicações observadas foram leucopenia, constipação, desidratação, priapismo e recorrência das crises epilépticas. CONCLUSÕES: A dieta cetogênica foi eficaz e segura em três pacientes de uma série de seis casos com epilepsia intratável. A complicação mais comum foi leucopenia.BACKGROUND: This study aims to report on use of the ketogenic diet in a group of six children and adolescents with intractable epilepsy. METHODS: Authors reviewed the medical records of every patient under 15 years of age who received the ketogenic diet between April 1999 and July 2003. A comparison is made between treatment results, adverse events and beneficial effects with the pertinent medical literature. RESULTS: The ketogenic diet was administered to six patients, whose median age was 7.0 years (range, 1.8-12.2). Average duration of diet application was of 9.7 months (range, 7 days-4 years). A reduction equal to or greater than 50% in seizure frequency was observed in half of the cases. Complications included neutropenia, constipation, dehydration, priapism, and seizure recurrence. CONCLUSIONS: The ketogenic diet was effective and safe in three out of six patients with intractable epilepsy. Neutropenia was the most common complication.
Rev Assoc Med Bras 2004; 50(4): 380-5
380
V
ASCONCELOS
MM
ET
AL
.
RESUMO – O
BJETIVO
. Descrever a introdução e o manejo da dieta
cetogênica em um grupo de seis crianças e adolescentes com
epilepsia refratária.
M
ÉTODOS
. Os autores reviram o prontuário médico de cada
paciente menor de 15 anos submetido à dieta cetogênica entre abril
de 1999 e julho de 2003 e compararam os resultados terapêuticos
e efeitos adversos e benéficos com a literatura pertinente.
R
ESULTADOS
. A dieta cetogênica foi introduzida para seis pacien-
tes, com idade mediana de sete anos (faixa: 1,8-12,2). A duração
média da aplicação da dieta foi 9,7 meses (faixa: 7 dias-4 anos).
I
NTRODUÇÃO
A epilepsia é um dos mais freqüentes e
graves distúrbios neurológicos na infância, com
incidência aproximada de 1% da população
1
.
Dentre as crianças acometidas, 20% a 30%
têm crises epilépticas refratárias às drogas
antiepilépticas (DAES)
2
. A consideração de op-
ções não-farmacológicas para o tratamento da
epilepsia refratária é oportuna, dadas as evi-
dências de que a freqüência de crises correla-
ciona-se fortemente com o prognóstico da
epilepsia
3
e de que o risco de letalidade da
epilepsia pediátrica é mais alto nos pacientes
com epilepsia intratável
4
. Embora a definição
de epilepsia intratável seja controversa, comu-
mente recorre-se ao conceito proposto por
Schmidt, segundo o qual um paciente deve
receber este diagnóstico quando suas crises
epilépticas não são controladas por doses má-
ximas toleradas de duas ou três DAES
5
. Exis-
tem três opções de tratamento não-farma-
cológico para o grupo de crianças e adolescen-
tes com epilepsia intratável: cirurgia para epi-
lepsia, estimulação do nervo vago e dieta
cetogênica (DC), a primeira das quais é inade-
quada para mais de metade dessas crianças
6
.
A DC foi criada por Wilder
7
, em 1921, na
Mayo Clinic, para tratar crianças com epilep-
sia. Partindo da antiga observação clínica, cita-
da na Bíblia (Mateus 17, 14-21), de que o jejum
exercia uma ação anticonvulsivante em paci-
entes epilépticos, Wilder concebeu uma dieta
com restrição de carboidratos, taxas minima-
mente adequadas de proteínas e alto teor de
lipídios, a qual mantinha uma produção hepá-
tica contínua de corpos cetônicos tanto no
estado alimentado quanto no jejum. Em vigên-
cia de cetose sangüínea contínua, há uma
fase de adaptação do metabolismo cerebral
estimada em até 20 dias, depois da qual
os neurônios passam a utilizar os corpos
cetônicos em lugar da glicose como principal
gerador de energia, e o efeito terapêutico é a
elevação do limiar convulsivo
8
. Embora se
desconheça o mecanismo de ação exato da
DC, alguns autores demonstraram que os
níveis sangüíneos de acetoacetato e β-hidroxi-
butirato guardam relação direta, porém não
linear, com o grau de proteção contra crises
epilépticas, e talvez esta proteção esteja
relacionada com um aumento das reservas
cerebrais de energia
9
.
Sabe-se que o potencial cetogênico de
uma dieta está em sua capacidade de iniciar e
manter a produção dos ácidos acetoacético e
*Correspondência:
Av. das Américas, 700 – sala 229 – bloco 6
CEP: 22640-100 – Rio de Janeiro – RJ
Tels: (21) 2132-8080 / 2132-7765
E-mail: mmvascon@centroin.com.br
Observou-se uma redução igual ou maior que 50% da freqüência
das crises epilépticas em metade dos casos. As complicações obser-
vadas foram leucopenia, constipação, desidratação, priapismo e
recorrência das crises epilépticas.
C
ONCLUSÕES
. A dieta cetogênica foi eficaz e segura em três
pacientes de uma série de seis casos com epilepsia intratável. A
complicação mais comum foi leucopenia.
U
NITERMOS
: Epilepsia. Criança. Tratamento. Dieta cetogênica. Corpos
cetônicos.
Artigo Original
DIETDIET
DIETDIET
DIET
AA
AA
A
CETCET
CETCET
CET
OGÊNICAOGÊNICA
OGÊNICAOGÊNICA
OGÊNICA
PP
PP
P
ARAARA
ARAARA
ARA
EPILEPSIAEPILEPSIA
EPILEPSIAEPILEPSIA
EPILEPSIA
INTRAINTRA
INTRAINTRA
INTRA
TÁVELTÁVEL
TÁVELTÁVEL
TÁVEL
EMEM
EMEM
EM
CRIANÇASCRIANÇAS
CRIANÇASCRIANÇAS
CRIANÇAS
EE
EE
E
ADOLESCENTESADOLESCENTES
ADOLESCENTESADOLESCENTES
ADOLESCENTES
: :
: :
:
RELARELA
RELARELA
RELA
TT
TT
T
OO
OO
O
DEDE
DEDE
DE
SEISSEIS
SEISSEIS
SEIS
CASOSCASOS
CASOSCASOS
CASOS
M
ARCIO
M. V
ASCONCELOS
*, P
ATRICIA
M. C
OUTO
A
ZEVEDO
, L
ÍVIA
E
STEVES
,
A
DRIANA
R. B
RITO
, M
ARIA
C
ECÍLEA
D.
DE
O
LIVAES
, G
ESMAR
V. H
ADDAD
H
ERDY
Trabalho realizado no
Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) e
Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, Rio de Janeiro, RJ
β -hidroxibutírico, o que depende das quanti-
dades e proporções relativas de lipídios, pro-
teínas e carboidratos contidos nos alimentos
ingeridos em cada refeição
10
. A glicose anula a
produção hepática de corpos cetônicos, via
secreção de insulina, porque converte-se facil-
mente em energia, ao passo que os ácidos
graxos são oxidados dentro das mitocôndrias,
gerando energia de maneira menos eficiente.
Em contrapartida, a oxidação dos lipídios
também gera como subprodutos os corpos
cetônicos, os quais podem servir de combus-
tível alternativo
10
. Supondo-se uma digestão e
absorção completas, a ingestão de 100 g de
carboidratos introduz 100 g de glicose e 0 g de
ácidos graxos no metabolismo; 100 g de
lipídios resultam em 10 g de glicose (o glicerol
é convertido em glicose em uma proporção
grama a grama) e 90 g de ácidos graxos; e 100 g
de proteína fornecem 58 g de glicose e 46 g de
ácidos graxos (a soma gerada é maior do que
100 porque, após a desaminação, os aminoá-
cidos convertem-se em glicose e ácidos graxos
em proporções variáveis)
10,11
. Estes dados
podem ser representados na fórmula:
K = 0,9L + 0,46P
AK C + 0,1L + 0,58P
Na qual K = potencial cetogênico, AK =
potencial anticetogênico, L = lipídios, P =
proteínas e C = carboidratos
10
.
Rev Assoc Med Bras 2004; 50(4): 380-5
381
D
IETA
CETOGÊNICA
PARA
EPILEPSIA
INTRATÁVEL
Quando a razão cetogênica, K/AK, de uma
determinada dieta ultrapassa 1,5, a ceto-
gênese se instala e se expressa clinicamente
pelo aparecimento de cetonúria. Em termos
práticos, instituir a DC significa manter uma
dieta com razão, em gramas, de lipídios para
carboidratos e proteínas acima de 3:1
10
. As-
sim, estabelecem-se a taxa mínima de proteína
favorável ao crescimento, em geral 1 g/kg/dia,
e, com base em uma quantidade diária total
predeterminada de calorias, a taxa de lipídios.
A quantidade de carboidratos é definida pela
diferença entre a taxa calórica total e as calorias
fornecidas por lipídios e proteínas. Diz-se, por
exemplo, que o paciente seguirá uma DC de
4:1, contendo 4 g de lipídios para cada grama
de proteínas mais carboidratos.
Em uma tentativa de tornar a DC mais
palatável e menos constipante, Huttenlocher
utilizou óleo de triglicerídios de cadeia média
(TCM) como principal fonte lipídica
12
. Como
os TCMs são mais cetogênicos que os demais
lipídios, é possível oferecer uma maior pro-
porção de proteínas e carboidratos
8
. Contu-
do, eles encerram a desvantagem de induzir
diarréia, a qual tende a ceder com a continua-
ção da dieta
12
. Assim, a prática da DC no
tratamento da epilepsia infantil abrange duas
modalidades básicas: a dieta tradicional ou
“clássica” descrita inicialmente, baseada em
alimentos com alto teor lipídico como creme
de leite, manteiga, maionese, azeite e óleos
vegetais, e a dieta à base de TCM.
Devido à descoberta de novas DAES, a
partir da década de 1960, aliada às dificuldades
em seguir seus princípios rigorosos, a DC
foi relativamente esquecida, embora alguns
centros, como a Universidade Johns Hopkins
13
,
tenham continuado a usá-la. Tornou-se evi-
dente no decorrer do tempo que pelo menos
um quinto das crianças epilépticas não respon-
dia favoravelmente a quaisquer das DAES
disponíveis ou precisavam de doses excessivas
desses medicamentos, com efeitos colaterais
intoleráveis. Desse modo, a popularidade da
DC cresceu na década de 1990
8
, e foram
publicadas várias séries de casos descrevendo
sua eficácia
14-16
.
Os objetivos deste trabalho são descrever
a experiência dos autores com a aplicação da
DC clássica a um grupo de seis crianças e
adolescentes com epilepsia intratável e enfa-
tizar a eficácia e os elevados benefícios em
potencial da DC.
M
ÉTODOS
Este é um estudo retrospectivo que
avaliou o uso da DC em um grupo de seis
crianças e adolescentes com epilepsia
previamente intratável, definida aqui pela
resposta desfavorável a três drogas antie-
pilépticas. Os autores reviram o prontuário
médico de cada paciente menor de 15 anos
submetido à DC, entre abril de 1999 e julho
de 2003, com atenção especial às caracte-
rísticas clínicas da doença subjacente, os
exames complementares (eletroencefalo-
grama, exames de imagem, dados labo-
ratoriais), o tipo de crise e, quando possível,
a síndrome epiléptica. Estudou-se o núme-
ro de DAE previamente usadas. Analisaram-
se os seguintes aspectos da DC: eficácia
(considerou-se como critério de eficácia
uma redução igual ou maior que 50% na
freqüência de crises epilépticas), efeitos
benéficos associados (p. ex., sobre o humor
ou a cognição), tolerância, dificuldade de
aplicação, alterações laboratoriais e compli-
cações. A base de comparação da freqüên-
cia de crises eram as últimas quatro semanas
antes da DC, registradas em diário pelos
pais. À internação para introdução da DC,
cada crise epiléptica era registrada pela
equipe médica e de enfermagem e, após a
alta hospitalar, os pais foram orientados a
manter um registro sistemático da hora,
duração e características de cada crise
convulsiva.
Protocolo da dieta cetogênica
Os autores seguiram a DC clássica, con-
forme descrita por Wilder
7
e divulgada por
Freeman et al.
17,18
. Os critérios de inclusão
no estudo foram idade do paciente entre 1
e 15 anos, uso prévio de pelo menos três
DAES apropriadas em doses máximas, au-
sência de acidose metabólica ou algum ou-
tro distúrbio metabólico definido, capacida-
de psicossocial da família em aplicar a dieta
e ausência de doenças intercorrentes. Cada
paciente foi submetido a uma anamnese
completa, exames físico e neurológico mi-
nuciosos e entrevista psicossocial dos res-
ponsáveis. Os pais e todos os adultos que
conviviam com cada paciente foram instru-
ídos durante no mínimo duas consultas
acerca dos benefícios e riscos em potencial
da DC, dificuldades na implantação da dieta
e erros freqüentes na sua execução, e
tiveram de assinar um consentimento infor-
mado para que o paciente fosse submetido
à DC. Não houve autorização prévia da
Comissão de Ética em Pesquisa da institui-
ção dos autores porque os seis pacientes
não foram assistidos dentro de um protoco-
lo formal de estudo. Antes da internação,
realizaram-se exames laboratoriais para ex-
cluir infecções ou outras intercorrências, e foi
solicitado aos pais observar a criança atenta-
mente com o objetivo de definir a freqüência
de crises epilépticas pré-DC. Os exames
preliminares foram hemograma completo,
gasometria arterial, perfil bioquímico sangüí-
neo (incluindo o sódio, potássio e cloreto;
cálcio, fosfato, magnésio e fosfatase alcalina;
aspartato-aminotransferase, alanina-amino-
transferase e bilirrubina total; glicemia; uréia
e creatinina), exame de urina e urocultura,
exame parasitológico de fezes, proteínas
séricas e lipidograma.
A introdução da DC exigia uma inter-
nação de no mínimo cinco dias, realizada
após a verificação dos resultados dos exa-
mes de triagem. Os autores adotaram o
recurso de manter o paciente em jejum até
o aparecimento de cetose plena (detectada
através de cetonúria no grau 4+). Durante
o jejum, o paciente foi mantido com hidra-
tação intravenosa sem glicose em dois ter-
ços da taxa hídrica plena e monitorado
com aferição dos sinais vitais e medição da
glicemia capilar e cetonúria a cada seis ho-
ras. Uma vez ao dia, enviavam-se ao labora-
tório amostras para a glicemia, eletrólitos,
ácido úrico, uréia e creatinina, amino-
transferases hepáticas e exame de urina.
Uma vez instalada a cetose plena, a DC era
iniciada. As refeições foram introduzidas em
volumes progressivos, 1/3 do volume no
primeiro dia, 2/3 no segundo dia e volume
total no terceiro dia. Para facilitar a prepara-
ção da dieta no hospital, os autores optaram
por fornecer apenas a gemada (contendo
creme de leite com teor de lipídios de 35%,
ovo e triglicerídios de cadeia média) nas três
refeições diárias
17
. Durante a internação, a
equipe médica e de enfermagem observava
e registrava a hora e duração de cada crise
clínica; os pais foram instruídos na prepara-
ção rigorosa das refeições no lar e no mane-
jo de uma balança eletrônica com escala em
gramas; neste estudo, utilizaram-se balan-
ças eletrônicas portáteis da marca Tanita,
Rev Assoc Med Bras 2004; 50(4): 380-5
382
V
ASCONCELOS
MM
ET
AL
.
R
ESULTADOS
No total, seis pacientes (cinco meninos e
uma menina) foram submetidos à DC. A idade
mediana no início da dieta foi de sete anos
(faixa: 1,8 a 12,2 anos). A duração média da
aplicação da dieta foi 9,7 meses (faixa: 7 dias-
4 anos). Observou-se uma redução igual ou
maior que 50% da freqüência das crises
epilépticas em três dos seis casos estudados.
A Tabela 1 resume as características clíni-
cas dos seis pacientes. A Tabela 2 mostra as
complicações, o efeito da DC sobre as crises,
a cognição dos pacientes e os resultados
laboratoriais observados.
A execução da DC foi dificultada por
intercorrências em dois casos. No sexto dia de
internação do caso 2, a avó visitou a criança e,
assustada com sua astenia, decidiu alimentá-la
modelo 1140. Após a alta hospitalar, o
paciente passava a receber suplementos
de cálcio, ferro e um polivitamínico. O
acompanhamento ambulatorial incluiu revi-
sões semanais durante as primeiras quatro
semanas, consultas mensais nos três meses
seguintes e, então, consultas bimestrais
regulares. Além do registro diário das crises,
os pais foram incentivados a verificar a
cetonúria matinal diariamente com tira
reagente específica ao longo de toda a
duração da DC.
A DC foi calculada usando-se o software
Keto Diet Meal Planner, distribuído gratuita-
mente pelo Lucile Packard Children’s
Hospital da Universidade de Stanford, nos
Estados Unidos (porém, foi preciso adaptar
os valores nutricionais dos alimentos aos
produtos nacionais). Adotaram-se os se-
guintes parâmetros para cálculo das refei-
ções: razão cetogênica inicial (proporção
entre gramas de lipídios e gramas de prote-
ínas + carboidratos) de 4:1, taxa diária de
proteína de 1 g por kg de peso corporal,
taxa calórica calculada em aproximadamen-
te dois terços das necessidades de manu-
tenção tendo como base o peso ideal, nú-
mero fixo inicial de três refeições diárias e
taxa hídrica um pouco abaixo das necessida-
des de manutenção e limitadas a 1 ml por
quilocaloria ao dia. À alta hospitalar, cada
criança recebia um cardápio com cinco ou
seis refeições rigorosamente calculadas
com proporções nutricionais idênticas, que
podiam ser oferecidas em qualquer uma das
três refeições diárias.
Tabela 1 – Resumo dos seis pacientes submetidos à dieta cetogênica
Drogras antiepilépticas
5
Sexo Idade no Tipo de crise Quadro Eletroencefalograma
3
Exames de Prévias No início
início da ou síndrome neurológico
2
imagem
4
da DC
DC (anos) epiléptica
1
CASO I Fem 4,5 CPC com AGD Pontas-ondas RME aos 3 anos CBZ, CLB, PB
generalização lentas bilaterais normal; RME DZP, GBP,
secundária e independentes aos 4,5 anos: LTG, PB,
(E > D); atrofia cerebral PHT, CGB,
atividade de VPA
base suprimida
à E.
CASO 2 Masc 1,8 Espasmos Esclerose Hipsarritmia TCC: NZP, PB, VPA
infantis, tuberosa calcificações VPA
mioclonias e subependimárias
CPC
CASO 3 Masc 7,9 CPC, TCG AGD Hipsarritmia TCC normal DZP, OCBZ, OCBZ, PB
modificada PB
CASO 4 Masc 6,1 TCG, AGD Pontas-ondas RME normal CBZ, CLB, CBZ, PB
mioclonias, lentas bifrontais DZP, LTG, PB,
ausência atípica TPM, VPA
CASO 5 Masc 12,2 TCG, crises AGD Traçado TCC e RME CBZ, CNZ, CBZ,
atônicas e compatível com normais. PB, VPA CNZ, PB
tônicas SLG
CASO 6 Masc 11,5 CPC, às vezes Hipomelanose Pontas-ondas RME normal CBZ, DZP, CBZ, TPM
generalização de Ito lentas à E LTG, OCBZ,
secundária PHT, TPM,
VPA
*Abreviaturas:
1
CPC; crises parciais complexas; TCG = convulsão tônico-clônica generalizada.
2
AGD = atraso global do desenvolvimento.
3
D = direita; E = esquerda; SLG = síndrome de Lennox-Gastaut.
4
RME = ressonância magnética do encéfalo; TCC = tomografia computadorizada de crânio.
5
Por convenção, usam-se as abreviaturas internacionais
28
: CBZ = carbamazepina; CLB = clobazam; CNZ = clonazepam; DZP = diazepam; GBP = gabapentina; LTG = lamotrigina; NZP = nitrazepam;
OCBZ = oxcarbazepina; PB = fenobarbital; PHT = fenitoína; TPM = topiramato; VGB = vigabatrina; VPA = ácido valpróico.
Rev Assoc Med Bras 2004; 50(4): 380-5
383
D
IETA
CETOGÊNICA
PARA
EPILEPSIA
INTRATÁVEL
com suco de laranja. A cetose foi prontamente
interrompida pelo aporte de carboidrato. Este
incidente levou à suspensão da dieta, a pedido
da mãe do paciente, apesar da excelente res-
posta terapêutica inicial. O caso 6 apresentou
dois episódios de recorrência das crises epi-
lépticas ao longo de 13 meses: o primeiro
quando ingeriu uma única batata frita e apre-
sentou uma crise clônica breve, e o segundo
no dia do aniversário da irmã, quando houve
quebra da cetose e ele teve duas crises epilép-
ticas noturnas — provavelmente por ter trans-
gredido a dieta durante a festa.
D
ISCUSSÃO
Neste estudo, três em seis crianças
com epilepsia submetidas à DC mostraram
uma redução persistente maior ou igual a
50% da freqüência de crises epilépticas.
Embora a baixa potência estatística de uma
série de apenas seis casos não permita
definir a eficácia do tratamento, o resulta-
do foi comparável à taxa de eficácia de
54% no estudo multicêntrico prospectivo
envolvendo 51 crianças de Vining et al.
16
e
um pouco inferior à taxa de 62% descrita
em um estudo retrospectivo de 58 crian-
ças por Kinsman et al.
14
.
Alguns autores afirmam que a DC não é
tão utilizada porque ela é pouco palatável
14
,
mas a prática da dieta demonstra que sua
aceitação pode ser alta. Desde que percebam
uma melhora significativa no estado clínico de
seus filhos, pais e familiares costumam tolerar
a rigidez na aplicação da DC para manter a
cetose sangüínea contínua
18
. Porém, os inci-
dentes descritos no caso 2, quando a avó da
criança infringiu a DC, e no caso 6, quando a
ingestão de uma única batata frita desencadeou
crise epiléptica, devem servir de alerta para a
necessidade de uma explicação detalhada da
introdução e da manutenção da DC a todos os
familiares e responsáveis que conviverão com
o paciente, enfatizando os percalços e os
efeitos colaterais possíveis.
Com o aumento no interesse pela DC a
partir de 1994
8
, deu-se maior atenção à
toxicidade e aos efeitos colaterais da dieta
19-
23
. Na presente série de casos, todas as três
crianças tratadas com a DC por período su-
perior a dois meses apresentaram leucopenia
(contagem de leucócitos < 4.500 células/
mm
3
), uma complicação ainda não citada na
literatura consultada pelos autores. Os casos
1, 3 e 5 apresentaram contagens totais de
leucócitos mínimas, respectivamente, de
Antes de oferecer a opção terapêutica da
DC à família de uma criança com epilepsia
supostamente intratável, é preciso considerar
que o fracasso do tratamento farmacológico
pode decorrer de diversos outros fatores,
como erro de diagnóstico, dose insuficiente ou
horário impróprio da medicação, baixa adesão
à terapia, classificação errônea do tipo de crise
epiléptica, ou a presença de uma doença pro-
gressiva do sistema nervoso central
3
. Nos seis
pacientes incluídos neste estudo, o diagnóstico
de epilepsia intratável foi escrupulosamente
revisto e confirmado. Todos os pacientes
haviam recebido no mínimo três DAES em
doses máximas (Tabela 1).
O uso do relato pelos pais da freqüência
de crises epilépticas para aferir a resposta à
DC não é o método ideal para avaliar a
eficácia de uma terapia antiepiléptica, mas os
três pacientes que responderam à dieta exi-
biram melhora acentuada da função global
(p. ex., de ambulação independente) associa-
da à redução ou resolução das crises. Embora
imperfeito, o registro diário pelos pais da
freqüência de crises também foi utilizado em
estudos prévios
14-16
, e parece ser o método
mais prático e exeqüível em estudos de acom-
panhamento a longo prazo sobre epilepsia.
Tabela 2 – Parâmetros e resultados da dieta cetogênica em seis pacientes com epilepsia intratável
Razão Taxa calórica Duração Complicações Efeito sobre Efeito sobre a Laboratório
2
cetogênica diária
1
as crises cognição
CASO 1 4:1, depois 5:1 60 4 anos; em uso Leucopenia, Redução > 50% Deambulação G 42, AU 9,8
constipação independente, pH 7,28,
voltou a falar Col 192, TG 65, Leuc 3,6
CASO 2 4:1 75 7 dias Desidratação e Sem crises até G 38, AU 9,5,
letargia a suspensão pH 7,35
CASO 3 4:1 60 25 meses; em Baixo ganho Redução > 50% Melhora da fala, G 61, pH 7,31,
uso ponderal, deambulação Col 220, Tg 139,
leucopenia independente Leuc 3,4
CASO 4 4:1 68 52 dias Recorrência das Redução > 50% Melhora G 48, AU 8,3,
crises no início; depois, transitória da pH 7,29
crises de ausência fala
persistentes
CASO 5 4,25:1 52 18 meses; em Leucopenia, Sem crises há 13 Melhora da fala, G 45, pH 7,21,
uso constipação meses deambulação Col 262, Tg 79,
independente, Leuc 2,69
menos sialorréia
CASO 6 3,5:1, depois 42 51 dias Perda de 20% do Piora das crises Melhora global G 52, AU 8,9,
3,75:1 peso, priapismo pH 7,31,
Col 201, Tg 99
1
Em quilocalorias por quilograma de peso corporal por dia.
2
AU = nível sérico máximo de ácido úrico (mg/dL); Col = nível sérico máximo de colesterol (mg/dL); G = nível mínimo da glicemia (mg/dL); Leuc = contagem mínima de leucócitos (x 1.000/mm
3
); pH = pH sangüíneo
arterial mínimo; Tg = nível sérico máximo de triglicerídios (mg/dL).
Rev Assoc Med Bras 2004; 50(4): 380-5
384
V
ASCONCELOS
MM
ET
AL
.
3.600, 3.400 e 2.690 células/mm
3
, após
períodos de tempo em uso da DC de 5 a 22
meses. A leucopenia não foi acompanhada de
complicações infecciosas e, nos três casos,
remitiu espontaneamente. Woody et al.
19
descreveram uma deficiência da função dos
neutrófilos em nove crianças de um a nove
anos de idade tratadas com a DC, mas não
mencionaram qualquer alteração quantitativa
dos leucócitos. A ocorrência de priapismo
durante a primeira semana de uso da DC no
caso 6 também não fôra mencionada na lite-
ratura, mas não é possível definir se este
adveio ou não da introdução da DC. A
acidose metabólica foi leve a moderada e
transitória no início da DC nos seis pacientes
estudados, mas eventualmente é grave o su-
ficiente para motivar a suspensão da DC
18
.
Outros eventos adversos em potencial da
DC incluem alteração do estado mental (até
mesmo coma), hiperlipidemia, hiperuricemia,
hipocalcemia, hipoglicemia, desidratação, cons-
tipação ou diarréia, recusa alimentar, desmi-
neralização óssea, litíase renal e infecções re-
correntes
21
. Em um relato de cinco crianças
que apresentaram complicações sérias e ame-
açadoras à vida durante o tratamento com a
DC, como perda ponderal, disfunção hepáti-
ca, hipoproteinemia e acidose tubular renal,
Ballaban-Gil et al. enfatizaram a necessidade
de supervisão estreita quando a DC é asso-
ciada ao uso de ácido valpróico, o qual pode
inibir a fosforilação oxidativa
21
. Um relato re-
cente mencionou a possibilidade de complica-
ções cardíacas em crianças submetidas à DC
22
;
houve um prolongamento do intervalo QTc
em três de 20 crianças submetidas à DC,
porém apenas uma criança necessitou que a
dieta fosse suspensa.
A introdução da DC clássica preconiza um
período de jejum inicial para acelerar a
cetogênese e obter o efeito terapêutico dese-
jado. Como este período de jejum é exigente
do ponto de vista metabólico e encerra um
risco mais alto de descompensação clínica (p.
ex., o caso 2), a recomendação recente de
iniciar a DC sem jejum é promissora; Wirrell
et al.
24
descreveram 14 crianças submetidas à
DC sem jejum inicial, com aumento gradual da
taxa cetogênica da dieta de 1:1 até 3:1 ou 4:1
ao longo de três a quatro dias. O tempo médio
até a obtenção de cetose plena foi de 58 horas
(faixa: 40 a 84 horas). A cetose foi alcançada
por 13 das 14 crianças.
A aplicação da DC também foi sugerida
para o manejo nutricional de crianças com
determinados distúrbios metabólicos, como a
deficiência da proteína transportadora de
glicose (doença de DeVivo), deficiência de
piruvato-desidrogenase e defeitos da glicólise
cerebral
25
. Por outro lado, deve-se realizar
uma triagem metabólica antes de instituir a
DC, pois determinados distúrbios metabólicos
podem ser agravados pela dieta, como a defi-
ciência de piruvato-carboxilase, a porfiria, a
deficiência de carnitina, os distúrbios mito-
condriais e os defeitos da oxidação dos ácidos
graxos
26
.
C
ONCLUSÃO
Considerando-se a redução dos custos da
assistência médica de crianças com epilepsia
intratável quando a DC é bem-sucedida
27
e as
taxas de eficácia da DC de até 62% citadas na
literatura
14,16
, os autores do presente estudo
acreditam que sempre que possível a DC deve
ser instituída como uma prova terapêutica às
crianças com epilepsia intratável, mesmo antes
de se contemplar uma opção terapêutica mais
definitiva e invasiva como a cirurgia para
epilepsia.
A
GRADECIMENTO
Os autores desejam agradecer à
nutricionista Ana Lúcia Pires Augusto, Prof
a
.
Assistente do Departamento de Nutrição e
Dietética da Universidade Federal Flumi-
nense, por sua participação competente e
prestimosa na implantação da dieta cetogênica
no Hospital Universitário Antônio Pedro.
Conflito de interesse: não há.
S
UMMARY
K
ETOGENIC
DIET
FOR
INTRACTABLE
EPILEPSY
IN
CHILDREN
AND
ADOLESCENTS
:
REPORT
OF
SIX
CASES
B
ACKGROUND
. This study aims to report on use
of the ketogenic diet in a group of six children and
adolescents with intractable epilepsy.
M
ETHODS
. Authors reviewed the medical
records of every patient under 15 years of age
who received the ketogenic diet between April
1999 and July 2003. A comparison is made
between treatment results, adverse events and
beneficial effects with the pertinent medical
literature.
R
ESULTS
. The ketogenic diet was administered
to six patients, whose median age was 7.0 years
(range, 1.8-12.2). Average duration of diet
application was of 9.7 months (range, 7 days-4
years). A reduction equal to or greater than 50%
in seizure frequency was observed in half of the
cases. Complications included neutropenia,
constipation, dehydration, priapism, and seizure
recurrence.
C
ONCLUSIONS
. The ketogenic diet was effective
and safe in three out of six patients with
intractable epilepsy. Neutropenia was the most
common complication. [Rev Assoc Med Bras
2004; 50(4): 380-5]
K
EY
WORDS
: Epilepsy. Child. Therapy.
Ketogenic diet. Ketones.
R
EFERÊNCIAS
1. Yacubian EMT. Tratamento da epilepsia na
infância. J Pediatr (Rio J) 2002; 78:S19-S27.
2. Costa JC. Tratamento cirúrgico das epi-
lepsias na criança. J Pediatr (Rio J) 2002;
78:S28-S39.
3. Aicardi J. General aspects of prognosis. In:
Aicardi J. Epilepsy in children. 2
nd
ed. Phila-
delphia: Lippincott-Raven; 1996. p.381-93.
4. Shinnar S, Pellock JM. Update on the
epidemiology and prognosis of pediatric
epilepsy. J Child Neurol 2002; 17(Suppl 1):
S4-17.
5. Schmidt D. Diagnostic and therapeutic mana-
gement of intractable epilepsy. In: Schmidt, D,
Morselli, PL. Intractable epilepsy:
experimental and clinical aspects. New York:
Raven Press, 1986. p.237-57.
6. Sheth RD, Stafstrom CE. Intractable pediatric
epilepsy: vagal nerve stimulation and the
ketogenic diet. Neurol Clin North Am 2002;
20:1183-94.
7. Wilder RM. The effect of ketonemia on the
course of epilepsy. Bull Mayo Clin 1921;
2:307-8.
8. Swink TD, Vining EPG, Freeman JM. The
ketogenic diet: 1997. Adv Pediatr 1997;
44:297-329.
9. Vining EPG. The ketogenic diet. Adv Exp Med
Biol 2002; 497:225-31.
10. Withrow CD. Antiepileptic Drugs. The Keto-
genic diet: mechanism of anticonvulsant
action. In Glaser GH, Penry JK, Woodbury
DM, editors. Antiepileptic drugs: mechanisms
of action. New York: Raven Press; 1980.
p.635-42.
11. Woodyatt RT. Objects and method of diet
adjustment in diabetes. Arch Intern Med 1921;
28:125-41.
12. Huttenlocher PR. Ketonemia and seizures:
metabolic and anticonvulsant effects of two
ketogenic diets in childhood epilepsy.
Pediatr Res 1976;10:536-540.
Rev Assoc Med Bras 2004; 50(4): 380-5
385
D
IETA
CETOGÊNICA
PARA
EPILEPSIA
INTRATÁVEL
13. Livingston S, Pauli LL, Pruce I. Ketogenic diet
in the treatment of childhood epilepsy. Dev
Med Child Neurol 1977; 19:833-4.
14. Kinsman SL, Vining EPG, Quaskey SA, Mellits
D, Freeman JM. Efficacy of the ketogenic diet
for intractable seizure disorders: review of 58
cases. Epilepsia 1992; 33:1132-6.
15. Vasconcelos MM, Packer RJ, Weinstein S,
Kolodgie M, Goodwin M, Conry JA, et al.
Efficacy and toxicity of the ketogenic diet in
children with intractable epilepsy. Ann Neurol
1995; 3:505. [abstract].
16. Vining EPG, Freeman JM, Ballaban-Gil K,
Camfield CS, Camfield PR, Holmes GL, et al.
A multicenter study of the efficacy of the
ketogenic diet. Arch Neurol 1998; 55:1433-7.
17. Freeman JM, Freeman JB, Kelly MT. The
ketogenic diet: a treatment for epilepsy. 3
a
ed.
New York: Demos Medical Publishing; 2000.
18. Freeman J, Vining EPG, Pillas DJ, Pyzik PL,
Casey JC, Kelly MT. The efficacy of the
ketogenic diet-1998: a prospective evaluation
of intervention in 150 children. Pediatrics
1998; 102:1358-63.
19. Woody RC, Steele RW, Knapple WL,
Pilkington NS. Impaired neutrophil function
in children with seizures treated with the
ketogenic diet. J Pediatr 1989; 115:427-30.
20. Herzberg GZ, Fivush BA, Kinsman SL,
Gearhart JP. Urolithiasis associated with
the ketogenic diet. J Pediatr 1990;
117:743-5.
21. Ballaban-Gil K, Callahan C, O’Dell C,
Pappo M, Moshé S, Shinnar S. Compli-
cations of the ketogenic diet. Epilepsia
1998; 39:744-8.
22. Best TH, Franz DN, Gilbert DL, Nelson, DP,
Epstein MR. Cardiac complications in pedia-
tric patients on the ketogenic diet. Neurology
2000; 54:2328-30.
23. Ríos VG, Panico LR, Demartini MG, Carniello
MA. Complicaciones en el tratamiento de la
epilepsia con dieta cetogénica. Rev Neurol
2001; 33:909-15.
24. Wirrell EC, Darwish HZ, Williams-Dyjur C,
Blackman M, Lange V. Is a fast necessary when
initiating the ketogenic diet? J Child Neurol
2002;17:179-82.
Artigo recebido: 20/10/03
Aceito para publicação: 02/04/04
25. Nordli D. The ketogenic diet: uses and
abuses. Neurology 2002;58(Suppl 7):
S21-S4.
26. Kossoff EH, Pyzik PL, McGrogan JR, Vining
EPG, Freeman JM. Efficacy of the ketogenic
diet for infantile spasms. Pediatrics 2002;
109:780-3.
27. Mandel A, Ballew M, Pina-Garza JE,
Stalmasek V, Clemens LH. Medical costs
are reduced when children with intractable
epilepsy are successfully treated with the
ketogenic diet. J Am Diet Assoc 2002;
102:396-8.
28. International League Against Epilepsy.
Official names of antiepileptic drugs.
Epilepsia 1993; 34:1151.
www.ramb.org.br
A Ramb disponibiliza agora um novo serviço para os nossos colaboradores:
o envio de artigos pela internet. Através do nosso publicador, que agiliza o fluxo
de submissão com mais rapidez e versatilidade, você poderá enviar seu artigo
para publicação na Ramb. Experimente: é muito mais cômodo, muito mais rápido e
você ainda poderá acompanhar on line o curso de sua apreciação.
Acesse www.ramb.org.br
... Una dieta con un alto contenido de grasas y con un bajo porcentaje de carbohidratos sería similar al ayuno y se le atribuye propiedades anticonvulsivantes por la producción de cuerpos cetónicos (acetona, acetoacetato, betahidroxibutirato), aunque se han propuesto numerosas teorías científicas sobre la posible acción de la dieta, como la reducción, por las cetonas, del flujo de alanina y el papel del desequilibrio hidroelectrolítico en los cambios que ocurren en las membranas lipídicas de la célula nerviosa o en la producción de neurotransmisores (1,9) . El mecanismo de la dieta está basado en el principio de que el hambre puede prevenir convulsiones. ...
Article
Full-text available
RESUMEN Fundamento: La epilepsia refractaria al tratamiento con drogas antiepilépticas es uno de los problemas confrontados por los neuropediatras. Existen algunas experiencias con el uso de la dieta cetogénica en estos casos, pero con la dificultad que entraña el laborioso proceso de cálculo de las recomendaciones en energía y macronutrimentos que conlleva este régimen especial de alimentación. Objetivo: Crear un método rápido y confiable que agilice el engorroso y demorado cálculo de las recomendaciones necesarias para la dieta cetogénica. Métodos: Se creó un listado de alimentos permitidos para este régimen de alimentación con las cantidades de energía y macronutrimentos contenidos por porciones, que se utilizó como base de datos para un sistema automatizado de cálculo de las recomendaciones según la edad y peso del paciente y en un segundo tiempo para el cálculo del patrón, unido a esto se crearon recetas de platos apropiados para los menú cetogénicos. Resultados: Se creó un sistema interactivo de muy fácil manejo que permite realizar todos los cálculos pertinentes para un régimen cetogénico en un paciente dado y en un plazo muy breve de tiempo. Este sistema se ha puesto en práctica en el I nstituto Nacional de Neurología y Neurocirugía con ahorro notable de tiempo y confiabilidad de las estimaciones en términos de energía y alimentos. Su sencillez permite su uso por diferentes niveles de técnicos (dietistas) y profesionales. Conclusiones: El sistema creado posibilita la confección de dietas cetogénicas que contribuyen a mantener la salud de pacientes epilépticos. ABSTRACT Fundament: The refractory epilepsy when being treated with antiepileptic drugs is one of the problems faced by Neurologists specialized in the Pediatric Branch. There are some experiences in the usage of ketogenic diet in these cases, but with the difficulty that brings about the process of calculating recommendations on energy and macronutrients which is involved in this alimentary special regimen. Objective: To c re a te a reliable and fast method to accelerate the bothersome and lingerie calculations of the necessary recommendations for a ketogenic diet. Methods: A list of allowable food for alimentary regimen with the required quantity of energy and macronutrients contains in portions was created and used as a data base for an automatized system of recommended calculation according to the age and sex of the patient and, in a second period was used for the calculation of the pattern. Within this, recipes of appropriate dishes for ketogenics menu were created. Results: An interactive system of easy management was created to allow the pertinent calculations for a ketogenic regimen in a given patient and in very short period of time. This system has been put into practice in the National I nstitute of Neurology and Neurosurgery with notable savings regarding time and reliability of the estimations in terms of energy and food. I ts simplicity permits the usage of different levels of technicians (dieticians) and professionals. Conclusions: The created system gives possibilities to make ketogenic diet which contributes to keep health on epileptic patients.
... Una dieta con un alto contenido de grasas y con un bajo porcentaje de carbohidratos sería similar al ayuno y se le atribuye propiedades anticonvulsivantes por la producción de cuerpos cetónicos (acetona, acetoacetato, betahidroxibutirato), aunque se han propuesto numerosas teorías científicas sobre la posible acción de la dieta, como la reducción, por las cetonas, del flujo de alanina y el papel del desequilibrio hidroelectrolítico en los cambios que ocurren en las membranas lipídicas de la célula nerviosa o en la producción de neurotransmisores (1,9) . El mecanismo de la dieta está basado en el principio de que el hambre puede prevenir convulsiones. ...
Article
Full-text available
strong>Fundament: The refractory epilepsy when being treated with antiepileptic drugs is one of the problems faced by Neurologists specialized in the Pediatric Branch. There are some experiences in the usage of ketogenic diet in these cases, but with the difficulty that brings about the process of calculating recommendations on energy and macronutrients which is involved in this alimentary special regimen. Objective: To create a reliable and fast method to accelerate the bothersome and lingerie calculations of the necessary recommendations for a ketogenic diet. Methods: A list of allowable food for alimentary regimen with the required quantity of energy and macronutrients contains in portions was created and used as a data base for an automatized system of recommended calculation according to the age and sex of the patient and, in a second period was used for the calculation of the pattern. Within this, recipes of appropriate dishes for ketogenics menu were created. Results: An interactive system of easy management was created to allow the pertinent calculations for a ketogenic regimen in a given patient and in very short period of time. This system has been put into practice in the National Institute of Neurology and Neurosurgery with notable savings regarding time and reliability of the estimations in terms of energy and food. Its simplicity permits the usage of different levels of technicians (dieticians) and professionals. Conclusions: The created system gives possibilities to make ketogenic diet which contributes to keep health on epileptic patients. Fundamento: La epilepsia refractaria al tratamiento con drogas antiepilépticas es uno de los problemas confrontados por los neuropediatras. Existen algunas experiencias con el uso de la dieta cetogénica en estos casos, pero con la dificultad que entraña el laborioso proceso de cálculo de las recomendaciones en energía y macronutrimentos que conlleva este régimen especial de alimentación. Objetivo: Crear un método rápido y confiable que agilice el engorroso y demorado cálculo de las recomendaciones necesarias para la dieta cetogénica. Métodos: Se creó un listado de alimentos permitidos para este régimen de alimentación con las cantidades de energía y macronutrimentos contenidos por porciones, que se utilizó como base de datos para un sistema automatizado de cálculo de las recomendaciones según la edad y peso del paciente y en un segundo tiempo para el cálculo del patrón, unido a esto se crearon recetas de platos apropiados para los menú cetogénicos. Resultados: Se creó un sistema interactivo de muy fácil manejo que permite realizar todos los cálculos pertinentes para un régimen cetogénico en un paciente dado y en un plazo muy breve de tiempo. Este sistema se ha puesto en práctica en el Instituto Nacional de Neurología y Neurocirugía con ahorro notable de tiempo y confiabilidad de las estimaciones en términos de energía y alimentos. Su sencillez permite su uso por diferentes niveles de técnicos (dietistas) y profesionales. Conclusiones: El sistema creado posibilita la confección de dietas cetogénicas que contribuyen a mantener la salud de pacientes epilépticos. </strong
Chapter
I just saw the butter in the refrigerator. It made me have a long line of thoughts: sociological and psychological, cultural heritage, biology, and art. It was more like a divagation after a series of images that included my childhood, a Woody Allen movie I watched some years ago, and the process of choice making. Butter or margarine? Looking at the butter, I remembered the movie Sleeper. Woody Allen interprets Miles Monroe, a jazz musician and owner of the Happy Carrot, a health food store in New York. He went to the hospital in 1973 for a routine operation that went wrong, and he was cryopreserved for the next 200 years. Waking up, he found out that everything he sold as health food 200 years before was now considered unhealthy. The almost centenary slogan of Bayer in Brazil is one of the best I ever saw. “If it’s Bayer, it’s good.” It is a brand that healthcare professionals trust, indeed. So it is funny to see the old campaigns of some of its medicines. The illustration shows a typical housewife smiling while putting a spoon inside a kid’s mouth. The little girl, well dressed, wearing a big ribbon on her head, looking well educated, kind, an unhealthily-always-happy girl (a type only present in fiction) who would never say no or wig out just to avoid a spoonful of “common syrup for cough,” like heroin. No, it is not a typo. I meant heroin syrup. To treat a child’s cough. The place was Berlin. The year was 1936. The German chemist Friedrich Hauschild was aware of benzedrine, “the American amphetamine,” being used for doping in the Olympic Games. One year later, he synthesized a similar compound, methamphetamine. Temmler Werke, a Berlin-based pharmaceutical company he worked for, started to sell methamphetamine under the brand name Pervitin with an aggressive advertising campaign. The drug became well known in a few months. The popular tablets were sold without a prescription in pharmacies. Boxed chocolates spiked with methamphetamine started to be sold. Otto F. Ranke, a doctor who worked days without sleeping under the effect of methamphetamine and director of the Research Institute of Defense Physiology, researched Pervitin for advantages on the battlefield. Soon after, the notorious Blitzkrieg strategy was founded, from the research of methamphetamine, which diminished hunger in soldiers and enabled them to move quickly over long distances without rest. After testing the drug on a group of medical officers, Ranke believed that Pervitin would be “an excellent substance for rousing a weary squad … We may grasp what far-reaching military significance it would have if we managed to remove the natural tiredness using medical methods.” Choosing Wisely is an initiative of the ABIM Foundation, and they publish lists of several different kinds, including one with a title that speaks for itself: “Dietary Supplements to Prevent Heart Disease or Cancer: They don’t help—and some can be harmful.” Some are directed at healthcare professionals and others at patients. You can read more on www.choosingwisely.org. It is not exhaustive information, and there are some key points that can help this therapy, which was identified as a recurrent and harmful issue. A list for patients called “Medicines to Treat Cancer: for nausea, for advanced-breast cancer and for targeted therapy,” developed in cooperation with the American Society of Clinical Oncology, looks at drugs to treat nausea during chemotherapy and two or more chemotherapy drugs for breast cancer that has spread. The Society also looks at drugs that target particular cancer cells. These treatments can be helpful, but they can also cause harm and some are very expensive, so it is important to study the drugs and make the right choice for each situation. Science can cure or harm. It depends on the socioeconomic factors involved, the period of history we are in, how trustworthy and caring the healthcare professionals are, and how corrupt the political officials are. For that, the critical sense is always important.
Article
Full-text available
A dieta cetogênica é caracterizada por ser uma dieta rica em gordura, pobre em carboidratos e moderada em proteínas. A epilepsia é definida como um distúrbio neurológico crônico tendo como característica convulsões recorrentes e não provocadas e a epilepsia refratária acontece quando os medicamentos não reduzem as crises de forma significativa. O objetivo desse trabalho é avaliar a dieta cetogênica clássica no tratamento da epilepsia refratária em crianças e adolescentes. A metodologia usada baseia-se em uma revisão de literatura, onde a coleta de dados foi feita utilizando-se artigos, teses e sites. Os resultados encontrados indicam que a dieta cetogênica demonstra ser uma alternativa segura e eficaz. No entanto, existem efeitos colaterais e limitações relacionadas às resistências e dificuldades dos responsáveis que podem comprometer a eficácia do tratamento. Para o sucesso da dieta é importante que haja a cooperação dos familiares, o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar durante todo o tratamento, e a atuação do nutricionista é de suma importância.
Article
Full-text available
The case of a 2-year-old male patient suffering from West syndrome that had been treated with multiple antiepileptic drugs without encouraging results, neither in the seizures, nor in his psychomotor development, which was seriously affected, was reported. A progressive ketogenic diet was established without initial fasting, and it was observed a clinical change in the patient, since ketosis levels were attained and confirmed by the appearance of ketone bodies in urine. The clinical changes consisted in the reduction of the number of daily seizures and their intensity, in the possibility of stopping the use of one of the antiepileptic drugs, and in the increase of the level of sleeplessness of the patient. It was concluded that this treatment alternative should not be rejected in the cases of refractory epilepsy.
Article
Full-text available
For decades, the ketogenic diet has been an effective treatment of intractable epilepsy in children. Childhood epilepsy is pharmacoresistant in 25-40 % of patients taking the current prescribed medications. Chronic seizure activity has been linked to deficits in cognitive function and behavioral problems which negatively affect the learning abilities of the child. Recent studies suggest the ketogenic diet (KD), a high fat with low carbohydrate and protein diet, has adverse effects on cognition in weanling rats. The diet reduces circulating glucose levels to where energy metabolism is converted from glycolysis to burning fat and generating ketone bodies which has been suggested as a highly efficient source of energy for the brain. In contrast, when weanling rats are placed in an enriched environment, they exhibit increased spatial learning, memory, and neurogenesis. Thus, this study was done to determine if weanling rats being administered a KD in an environmental enrichment (EE) would still exhibit the negative cognitive effects of the diet previously observed. The present study suggests that an altered environment is capable of reducing the cognitive deficits in weanling rats administered a KD. Learning was improved with an EE. The effect of diet and environment on anxiety and depression suggests a significant reduction in anxiety with enrichment rearing. Interestingly, circulating energy substrate levels were increased in the EE groups along with brain-derived neurotrophic factor despite the least changes in weight gain. In light of numerous studies using KDs that seemingly have adverse effects on cognition, KD-induced reductions in excitotoxic events would not necessarily eliminate that negative aspect of seizures.
Article
Full-text available
The case of a 2-year-old male patient suffering from West syndrome that had been treated with multiple antiepileptic drugs without encouraging results, neither in the seizures, nor in his psychomotor development, which was seriously affected, was reported. A progressive ketogenic diet was established without initial fasting, and it was observed a clinical change in the patient, since ketosis levels were attained and confirmed by the appearance of ketone bodies in urine. The clinical changes consisted in the reduction of the number of daily seizures and their intensity, in the possibility of stopping the use of one of the antiepileptic drugs, and in the increase of the level of sleeplessness of the patient. It was concluded that this treatment alternative should not be rejected in the cases of refractory epilepsy.
Article
Full-text available
Introdução. Doenças neurológicas são aquelas que acometem o sistema nervoso central e periférico. Envolvem desordens a nível cerebral, medular e nervos periféricos. No atendimento neurológico torna-se necessário a perfeita integração entre o neurologista e as especialidades envolvidas com o tratamento paliativo, tais como Nutrição, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Psicologia, Pedagogia e Fonoaudiologia. São em grande o número de doenças neurológicas nas quais o tratamento tradicional envolve apenas intervenção médica com uso de fármacos, porém para parte dessas doenças, a dietoterapia possui caráter relevante para a remissão de sintomas e/ou melhora do quadro clínico. Método. Revisão de literatura sobre as principais terapias nutricionais nas doenças neurológicas de caráter nutricional. Resultados. Pode-se constatar que a dietoterapia é eficaz na remissão dos sintomas da Síndrome de Wernick-Korsakoff e Epilepsia e melhora o prognóstico da Adrenoleucodistrofia. Conclusão. Assim, a intervenção dietética deve ser considerada no tratamento e recuperação dos pacientes portadores dessas patologias. Unitermos. Doenças do Sistema Nervoso, Terapia Nutricional, Epilepsia, Deficiência de Tiamina, Adrenoleucodistrofia.
Article
Full-text available
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A epilepsia é uma doença neurológica crônica das mais frequentes. Embora a anestesia para portadores de epilepsia seja mais frequente em neurocirurgia, esse grupo de pacientes necessita, da mesma maneira que a população geral, de anestesia para dife rentes procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Este artigo visou abordar os aspectos de maior interesse para o anestesiologista na conduta perioperatória do paciente epiléptico submetido à anestesia para procedimentos não neurocirúrgicos. CONTEÚDO: Abordam-se aspectos relevantes de fisiopatologia, classificação e diagnóstico da epilepsia; terapêutica anticonvulsivante e interações com drogas anestésicas; tratamento cirúrgico e dieta cetogênica; efeitos pró- e anticonvulsivante das drogas utilizadas em anestesia; avaliação pré-operatória, conduta intra- e pós-operatória no paciente epiléptico, bem como o diagnóstico e a terapêutica das convulsões perioperatórias. CONCLUSÕES: No manuseio perioperatório do paciente epiléptico é importante para o anestesiologista identificar o tipo de epilepsia; a frequência, a gravidade e os fatores desencadeantes das crises epileptogênicas; o uso de drogas anticonvulsivantes e as eventuais interações com as drogas utilizadas em anestesia; a presença de dieta cetogênica e de estimulador do nervo vago e suas implicações na técnica anestésica. É essencial o conhecimento das propriedades pró- e anticonvulsivantes dos fármacos utilizados na anestesia, minimizando o risco de atividade convulsiva no intra- e no pós-operatório. Por fim, é importante traçar o diagnóstico e realizar o tratamento das crises convulsivas perioperatórias, o que possibilita menor morbimortalidade.
Article
Full-text available
Epilepsy is one of the most frequent chronic neurological diseases. Although anesthesia for epilepsy patients is more common in neurosurgery, this group of patients needs, just as the general population, anesthesia for different diagnostic and therapeutic procedures. This article aims to address the issues of greatest interest to the anesthesiologist in the perioperative management of epileptic patients undergoing anesthesia for non-neurosurgical procedures. We discuss relevant aspects of pathophysiology, classification and diagnosis of epilepsy; anticonvulsant therapy and interactions with anesthetic drugs; surgery and the ketogenic diet; pro-and anticonvulsant effects of drugs used in anesthesia; preoperative evaluation, intra- and postoperative conduct in epileptic patients, as well as the diagnosis and treatment of perioperative seizures. In the perioperative management of epileptic patients is important for anesthesiologists to identify the type of epilepsy, the frequency, severity and the factors triggering the epileptogenic crises; the use of anticonvulsant drugs and possible interactions with drugs used in anesthesia; the presence of ketogenic diet and stimulatory of the vagus nerve, and its implications in anesthetic techniques. It is essential the understanding of pro- and anticonvulsant properties of drugs used in anesthesia, minimizing the risk of seizure activity in the intra- and postoperative. Finally, it is important to outline the diagnosis and initiate treatment of seizures, perioperative, which offers lower both morbidity and mortality.
Article
Full-text available
Objective: to review the literature on surgical treatment of epilepsy in children. Sources: this review article is based on critical analysis of literature concerning epilepsy surgery for children. Summary of the findings: in children and adolescents, developmental abnormalities and low-grade tumors predominate as causes and types of epilepsies. Extratemporal resections and hemispherectomies are common in pediatric series, and hippocampal sclerosis is rare. Seizure-free outcome is significantly less frequent after extratemporal or multilobar resection than after temporal resection in children than in adults, but the results are gratifying in both groups. Also, a global outcome, including parental satisfaction, developmental and social outcome, as well as activities of daily living (ADL), schooling, and behavioral changes should be considered. Pediatric epilepsy surgical series show that 60-100% of the patients have a good seizure outcome. Roughly 30 to 40% of patients improve some aspects of their behavior such as attention, aggressiveness, and hyperactivity and 16% of those start to attend school after surgery. Parents noted improvement of their social life in about 2/3 of children. Conclusions: surgery for epilepsy has now become a realistic therapeutic option for selected children and the field is likely to increase in the near future. Surgical therapy should not be considered unless there is a reasonably good chance of improving the patient's quality of life.
Article
Full-text available
Objetivo: com o desenvolvimento de novas drogas antiepilépticas, a terapêutica das epilepsias apresentou substancial progresso na última década. No entanto, apesar do perfil farmacocinético mais adequado, estas não têm mostrado maior eficácia no controle das crises do que as drogas tradicionais. O objetivo desta revisão é fornecer dados atuais do tratamento das epilepsias da infância e sobre o papel das novas drogas antiepilépticas. Fontes dos dados: procedemos a um levantamento bibliográfico no Medline, abrangendo os últimos dez anos, e selecionamos os artigos publicados na literatura e os últimos trabalhos apresentados em congressos internacionais, que relatam resultados do tratamento da epilepsia na infância com drogas antiepilépticas. Síntese dos dados: as novas drogas antiepilépticas podem ser indicadas no tratamento de algumas síndromes epilépticas específicas. Efeitos colaterais sérios são descritos com algumas delas. Conclusões: as drogas tradicionais devem ser consideradas como as de primeira escolha no tratamento das epilepsias em geral.Objective: due to the development of new antiepileptic drugs, epilepsy treatment has presented substantial progress in the last decade. In spite of presenting more adequate profile, these drugs have not shown better efficiency in seizure control than the traditional drugs. The objective of this revision is to provide up-to-date data for the treatment of epilepsy in childhood and the role of the new antiepileptic drugs. Sources: bibliographic review has been performed at Medline for the last 10 years, and the most pertinent papers and abstracts presented in International Epilepsy Meetings were selected. Summary of the findings: the new antiepileptic drugs could be indicated in the treatment of some specific epileptic syndromes. Serious side effects have been described with the use of these drugs. Conclusions: the traditional drugs must be considered as the primary choice in the treatment of ordinary epilepsy.
Article
Full-text available
Article
The concept of treating seizures through dietary management has existed throughout much of recorded history. The underpinnings of the ketogenic diet (fasting and starvation) are referred to in the Bible in the story of the possessed boy being freed from the demon (seizures). When Jesus was questioned as to how he had been able to accomplish it, he said, “This kind does not leave but by prayer and fasting” (Matthew 17:14-21). Raphael’s gloriousTransfigurationdepicts this scene. References are again made in church literature, where John of Gaddesden in medieval times recommended that not only the person, but the family, submit to prayer and fasting.
Article
To determine the efficacy of the ketogenic diet in multiple centers. A prospective study of the change in frequency of seizures in 51 children with intractable seizures who were treated with the ketogenic diet. Patients were enrolled from the clinical practices of 7 sites. The diet was initiated in-hospital and the patients were followed up for at least 6 months. Fifty-one children, aged 1 to 8 years, with more than 10 seizures per week, whose electroencephalogram showed generalized epileptiform abnormalities or multifocal spikes, and who had failed results when taking at least 2 appropriate anti-epileptic drugs. The children were hospitalized, fasted, and a 4:1 ketogenic diet was initiated and maintained. Frequency of seizures was documented from parental calendars and efficacy was compared with prediet baseline after 3, 6, and 12 months. The children were categorized as free of seizures, greater than 90% reduction, 50% to 90% reduction, or lower than 50% reduction in frequency of seizures. Eighty-eight percent of all children initiating the diet remained on it at 3 months, 69% remained on it at 6 months, and 47% remained on it at 1 year. Three months after initiating the diet, frequency of seizures was decreased to greater than 50% in 54%. At 6 months, 28 (55%) of the 51 initiating the diet had at least a 50% decrease from baseline, and at 1 year, 40% of those starting the diet had a greater than 50% decrease in seizures. Five patients (10%) were free of seizures at 1 year. Age, sex, principal seizure type, and electroencephalogram were not statistically related to outcome. The ketogenic diet is effective in substantially decreasing difficult-to-control seizures and can successfully be administered in a wide variety of settings.
Article
Grupo asistencial "EL ÁRBOL" Resumen Objetivo: Evaluar las complicaciones observadas en un grupo de pacientes ingresados en Dieta Cetogénica (DC), y los posibles ajustes para revertirlos. Pacientes y métodos: Se evaluaron prospectivamente 28 pacientes, de 1 a 19 años de edad, por un período promedio de 32 meses, luego de ingresados en un protocolo de DC clásica. Todos ellos portadores de epilepsia refractaria. Resultados: Los efectos secundarios y complicaciones durante el período de hospitalización fueron demora en el ingreso al estado de cetosis (9.5%), intolerancia al ingreso rápido en cetosis (42.9%), hipoglucemia (66.7%), rechazo de la ingesta de líquidos (19%), anorexia (33.3%), y náuseas y/o vómitos (47.6%). Durante el desarrollo de la dieta se observaron aumento del colesterol sérico (76%), constipación (39.3%), períodos de anorexia (39.3%), acidosis metabólica sintomática (10.7%), hipercalciuria (64.3%), cálculos renales (10.7%), deficiencia de carnitina (17.9%), prolongación del QTc (7.1%), y activación de error congénito del metabolismo oculto (3.6%). La seve- ridad de los efectos secundarios determinó la hospitalización en el 18% de los niños, y la interrupción de la dieta en el mismo porcentaje. Conclusiones: La DC no es un tratamiento medico inocuo, y muchos niños pue- den presentar complicaciones. Es necesario un estricto protocolo de control para la detección temprana de los efectos secundarios y así realizar los ajustes adecuados. Palabras clave: complicaciones, dieta cetogénica, epilepsia Summary Complications of epilepsy treatment with ketogenic diet. Purpose: To evaluate the complica- tions exhibited by a group of patients started on Ketogenic Diet, and the possible adjustments to revert them. Patients and methods: After being started on a protocol of a classical ketogenic diet, 28 patients aged between 1 to 19 were prospectively evaluated for an average period of 32 months. All of them had differ- ent types of refractory epilepsy. Results: The side effects and complications during hospitalization were delay in achieving the ketosis state (9.5%), intolerance to quick entrance into ketosis (42.9%), hypoglycemia (66.7%), fluid ingestion rejection (19%), anorexia (33.3%), and nausea and/or vomiting (47.6%). During maintenance phase the serum cholesterol level increased (76%), constipation (39.3%), periods of anorexia (39.3%), symptomatic metabolic acidosis (10.7%), hypercalciuria (64.3%), renal stones (10.7%), carnitine deficiency (17.9%), prolonged QTc (7.1%), and activation of latent inborn error of metabolism (3.6%) were observed. The severity of the side effects led to hospitalization of 18% of the children, and to diet interruption in the same percentage. Conclu- sions: Ketogenic diet is not an innocuous medical treatment, and some children may show complications. A strict control protocol may allow for early side effect detection and the adequate adjustment.
Article
Metabolic effects of a new ketogenic regimen in which ketonemia is induced by feeding of medium chain triglycerides (MCT) are described, and comparisons are made with effects of the standard high fat ketogenic diet. Eighteen children maintained on the MCT diet for 3 months to 4 years failed to show elevations of serum cholesterol and had only a slight rise in serum total fatty acids, in contrast to the marked hyperlipidemia observed in children on the standard high fat diet. Long term use of the MCT diet did not affect pH of venous blood. Blood glucose fell below 50 mg/100 ml in one-third of the children, the lowest levels being reached 2--3 weeks after the start of the diet. Plasma D(--)-beta-hydroxybutyrate (BHB) and acetoacetate rose gradually after institution of diet therapy, maximum levels being reached after about 1 month. Higher levels of BHB and acetoacetate were achieved in children under the age of 10 years (BHB = 4.3 mM +/- 0.6 SEM, acetoacetate = 1.8 mM +/- 0.3 SEM) than in 10--18 year olds (BHB = 1.6 mM +/- 0.2 SEM, acetoacetate = 0.57 mM +/- 0.08 SEM). Plasma BHB and acetoacetate levels in children maintained on a 3:1 high fat diet were similar to those in children on a 60% MCT diet. Plasma levels of BHB showed a significant correlation with anticonvulsant effect (P less than 0.02). Both the ketonemia and the anticonvulsant action were reversed rapidly by intravenous infusion of glucose.