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A INVESTIGAÇÃO PARTICIPATIVA NO GRUPO SOCIAL DA INFÂNCIA

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Este texto pretende apresentar e discutir possibilidades metodológicas que vão ao encontro a uma das exigências que se coloca à Sociologia da Infância: dar voz às crianças na interpretação dos seus mundos sociais e culturais. Partindo do pressuposto de que as crianças são actores sociais competentes para a interpretação da realidade social em que se inserem, apresentamos então possibilidades metodológicas que baseadas num trabalho de parceria entre adultos e crianças encarem a participação das crianças como um dos pilares fundamentais de todo o processo. São assim apresentados alguns pressupostos teóricos que sustentam a importância de considerar a participação das crianças como um princípio fundamental no desenvolvimento de investigação com crianças. São também discutidos alguns passos básicos para a consideração de um roteiro ético na investigação com crianças. Finalmente são apresentadas algumas ferramentas metodológicas que, na nossa opinião, resgatam os princípios e aspectos éticos básicos num processo de investigação com crianças, no sentido de as valorizar e respeitar enquanto parceiros de investigação, em suma, de as valorizar enquanto cidadãos. Abstract This text aims to present and discuss methodological possibilities which meet one of the requirements that is set to the Sociology of Childhood: giving voice to children in the interpretation of their social and cultural worlds. Starting with the presupposition that children are able social actors in the interpretation of the social reality in which they are inserted, thus we present methodological possibilities - based in pair work between adults and children - which consider children's participation as one of the fundamental pillars of all the process. Thus we present some theoretical presuppositions which sustain the importance of considering the children participation as a fundamental principle in the development of children investigation. We also discuss some basic steps in the consideration of an ethical route in the children investigation. Finally, we present some methodological tools which, in our opinion, recuperate the principles and basic ethical aspects in a children investigation process, in the sense of valuing and respecting them as partners in the investigation, in short, valuing them as citizens.

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... Nos últimos anos a pesquisa com crianças tem apresentado signifi cativos investimentos decorrentes do movimento de mudança paradigmática na forma de ver a criança e a infância, movimento esse que se iniciou na década de 1980 com alguns sociólogos da infância. Nessa perspectiva, a contribuição das novas formas de desenvolver pesquisas científi cas com crianças reside no fato de ter colocado no centro do debate o resgate da voz e ação das crianças, as quais durante muito tempo permaneceram escondidas, havendo apenas pesquisas que falavam sobre elas (SOARES, 2006). ...
... Durante todo século XX, as pesquisas tradicionais sobre as crianças revelam um conhecimento enviesado acerca da infância a partir das principais instâncias sociais que se ocupam destas, a escola ou a família. Tais investigações pautavam-se no estudo da criança a partir de sua condição de aluna ou fi lha, sem ser levada em consideração por si só, o que acabava incorrendo em uma investigação centrada no desenvolvimento infantil, suas competências psicológicas, sua racionalidade e maturação (SOARES, 2006). Dados estes relatados a partir da perspectiva do adulto sobre a criança. ...
... Levar em consideração a participação das crianças nas pesquisas, reconhecendo que elas têm muito a dizer sobre seus modos de pensar e agir, nos remete a uma mudança de postura e atitude daquele que pesquisa com crianças, tem a ver com a adoção de "estratégias de ordem prática ou operacional que implicam em questões de ordem ética no campo da investigação" (MARCHI, 2018, p. 727). O reconhecimento de um coprodutor no trabalho de investigação pressupõe novas relações sociais impondo questões éticas que deverão ser consideradas no processo investigativo (BORBA, 2005;SOARES, 2006). (2002) sugerem o princípio fundamental da simetria ética na pesquisa com crianças. ...
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O objetivo deste artigo é problematizar questões referentes ao papel do pesquisador nas relações que estabelece ao desenvolver uma pesquisa etnográfica com crianças pequenas. A partir das análises das notas do diário de campo, buscamos discutir questões concernentes às relações entre o pesquisador e os sujeitos no contexto das pesquisas desenvolvidas, problematizando o conceito de “adulto atípico” (CORSARO, 2011) e suas interfaces com as possiblidades de aproximações com as crianças. Os dados nos permitem afirmar que, na pesquisa com crianças, é preciso assumir o papel de um adulto distinto dos adultos pertencentes ao contexto, tendo o cuidado em não assumirmos comportamentos de criança, nem adotarmos o comportamento típico dos adultos que se relacionam com as crianças no cotidiano. Portanto, se faz necessário adotar o papel específico de pesquisador, papel esse que se constrói nas relações e interações estabelecidas em constante diálogo com as crianças.
... Partindo do pressuposto de que a criança pode ser autor e ator de seu próprio processo de desenvolvimento, de aprendizagem, de sociabilidade e de individuação, estudos recentes sobre essa temática têm sustentado concepções que dialogam sobre a participação da criança em pesquisas DELGADO, MÜLLER, 2005;SOUZA, 2005;SOARES, 2006;SARMENTO, 2007;NASCIMENTO, 2011). ...
... Essa concretização do "aquele que não fala", predominou e ainda predomina a visão da criança como mero participante de um processo de investigação. Estudos, principalmente na Sociologia da Infância (SOARES, 2006;SARMENTO, 2007, entre outros), tem resgatado a voz e ação das crianças, as quais foram invisíveis nas investigações sobre elas, desenvolvidas ao longo do século XX. ...
... Segundo Soares (2006): Apesar de haver uma tradição de investigação sobre as crianças, esta era uma tradição, que na nossa opinião enviesava o conhecimento acerca da infância, uma vez que se considerava que ao estudar a escola ou a família, principais contextos de socialização da criança, se estava a estudar a criança, aparecendo, no entanto, esta no seu papel de aluna ou filha, mas sem ser considerada enquanto objeto de investigação por si só, sendo que os argumentos utilizados para tal recaíam sistematicamente na invocação das suas incompetências psicologicamente aferidas, de racionalidade ou maturação (p. 26). ...
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Esta investigação propôs uma reflexão teórica da participação da criança em pesquisas a partir de concepções que a consideram como autora desse processo, bem como a apresentação de um estudo do olhar desse participante em relação a sua condição de não aprendente de conteúdos escolares. A abordagem qualitativa descritiva, na forma de estudo de caso, teve como participantes quatro crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal e sua respectiva professora. Os instrumentos utilizados foram a autoscopia com registro de videogravação e a entrevista semiestruturada. Os dados indicaram que a visão de si das crianças refletiram insegurança, sentimentos de vergonha, de raiva e de tristeza em relação às ameaças de punição e de expulsão à violência psicológica e até mesmo física que sofreram; à desconsideração ao seu saber e ao seu conhecimento, às faltas de acolhimento e de reconhecimento e à ausência de escuta que as acompanharam cotidianamente nessa relação. Certamente, elas incorporaram a noção de que não aprendem a partir de experiências onde outros dizem sobre ela. Por fim, percebemos nesse processo que a visão sobre ela não atenta para a própria fala sobre si e sua condição de autoria na produção dessa significação.
... Assim, objetiva-se descrever e analisar uma experiência vivida pelas autoras sobre o processo de reestruturação do Ateliê da Escola -Projeto Tempo e Espaço para Sentir. Com o intuito de alcançar o objetivo proposto elegeu-se a metodologia "inspirada" na etnografia com crianças (GRAUE; WALSCH, 2003), para recolha dos dados no intuito de respeitar e acolher as diferentes formas de comunicação das crianças, as ferramentas metodológicas remetem à oralidade, à criatividade em termos de registo escrito ou gráfico e à utilização de recursos multimídia (SOARES, 2006). O referencial teórico fundamentou-se em concepções teorizadas por Malaguzzi (1999), Hoyuelos (2015), Oliveira (2011). ...
... Com o intuito de alcançar o objetivo proposto, elegeu-se a metodologia "inspirada" na etnografia com crianças (GRAUE E WALSCH, 2003). Assim, para recolha dos dados, apoiou-se nas ferramentas metodológicas que remetem à oralidade, à criatividade em termos de registo escrito ou gráfico e à utilização de recursos multimídia (SOARES, 2006). ...
... Por se tratar da reestruturação de um ateliê da educação infantil, em uma escola de educação básica, foi eleita a metodologia "inspirada" na etnografia com crianças, por entender se configurar como uma estratégia privilegiada na investigação com as crianças, visto que permite uma maior aproximação do pesquisador com a realidade das crianças e, ao mesmo tempo, possibilita dar voz aos pequenos, viabilizando, dessa forma, que expressem suas crenças, seus valores, ou seja, que possam interpretar a realidade social em que estão inseridos (SOARES, 2006;SANTANA, 2007). ...
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O texto trata do processo de construção do projeto de ateliê para a educação infantil, durante a inserção em campo de estágio no Curso de Pedagogia. Assim, objetiva-se descrever e analisar uma experiência vivida pelas autoras sobre o processo de reestruturação do Ateliê da Escola - Projeto Tempo e Espaço para Sentir. Com o intuito de alcançar o objetivo proposto elegeu-se a metodologia "inspirada" na etnografia com crianças (GRAUE E WALSCH, 2003), para recolha dos dados no intuito de respeitar e acolher as diferentes formas de comunicação das crianças, as ferramentas metodológicas remetem à oralidade, à criatividade em termos de registo escrito ou gráfico e à utilização de recursos multimídia (SOARES, 2006). O referencial teórico fundamentou-se em concepções teorizadas por Malaguzzi (1999), Hoyuelos (2015), Oliveira (2011). A construção do projeto do ateliê permitiu vislumbrar um caminho de possibilidades e reflexão, em que a construção da docência na educação infantil é um processo contínuo que se constrói e se concretiza em ações colaborativas entre equipe gestora e professores e de modo especial as crianças. Assim, compreende-se que a reflexão e a ação pedagógica do professor de educação infantil precisam estar articuladas, de maneira que respeite o tempo da criança, valorizando e potencializando de diversas maneiras a sua criatividade e imaginação, buscando para, e com elas encontros ricos em experiências, qualificando seus processos de desenvolvimento e aprendizagem.
... Segundo Soares (2006), este discurso tradicional primordialmente adulto e prescritivo da infância que abrange a maior parte dos estudos que envolvem crianças se constrói a partir de um lugar de fala e poder centrados nas mãos dos adultos. As dificuldades na partilha deste poder decorreriam segundo esta autora, do fato da sociedade adulta considerar que a participação infantil é sinônimo de diminuição do controle e da tutela dos adultos sobre as crianças. ...
... Desse modo, grande parte dos avanços e investimentos recentes na investigação com crianças que propõem novos olhares e novos caminhos investigativos podem ser compreendidos como decorrentes de um movimento necessário de reconceitualização da infância iniciado na década de 1980 com alguns sociólogos da infância, tais como James, Jenks & Prout (1998), Sarmento (2003a, 2007, Qvortrup (2010), Corsaro (2009Corsaro ( , 2011, e ampliados por diversos pesquisadores contemporâneos como Fernandes (2005), Soares (2006), Santana (2008), Almeida (2012) entre outros. Estes estudos representam importantes balizas na história da produção de conhecimento sobre a infância, principalmente por alertarem a comunidade científica para a necessidade de considerar a criança como ator social e a infância como grupo social com direitos, seja na ciência, seja nas demais esferas da sociedade. ...
... visibilidade da criança na investigação científica, definiram quatro perspectivas, e portanto quatro lugares possíveis ocupados pelas crianças na pesquisa: as crianças como objetos, as crianças como sujeitos, as crianças como atores sociais e as crianças como participantes. De acordo com Soares (2006), as duas primeiras perspectivas (criança-objeto e criançasujeito) têm englobado grande parte da investigação tradicional, e são caracterizadas essencialmente por negligenciar a imagem da criança como ator social de direito próprio, realçando essencialmente a sua dependência e incompetência. Seriam perspectivas que colocam as crianças num lugar passivo, cujas vidas podem ser analisadas a partir do olhar adulto-investigador através de delineamentos metodológicos essencialmente paternalistas de forma a salvaguardar aquilo que estes investigadores consideram ser as incompetências das crianças. ...
... Preocupada com a perspetiva dos participantes, a pesquisa etnográfica está então centrada nos processos que o investigador, através da observação participante, tem oportunidade de conhecer de perto (idem). Ao considerar as crianças como atores sociais, a Sociologia da Infância destaca a etnografia como permitindo "captar uma voz mais direta das crianças e a sua participação na produção de dados sociológicos" (James & Prout, 1997, p.8). Neste contexto, conceptualizado como o da investigação com crianças e não sobre crianças, sendo estas participantes e não objetos do estudo (Christensen & James, 2000b;Christensen & Prout, 2002), ganharam ainda relevância as metodologias participativas (Soares, 2006). O paradigma participativo da investigação pressupõe que investigador e investigado partilhem o processo de investigação, numa relação intersubjetiva de produção colaborativa de conhecimento. ...
... Preparação, com testagem de métodos e treino, para o trabalho em contexto doméstico a desenvolver na segunda fase. Utilização de metodologias de investigação participativa (Soares, 2006), nomeadamente técnicas visuais, com uso de cartoons e material audiovisual, debates e exercícios de role-playing (anexo 3). Algumas sessões de observação participante do uso livre de computadores. ...
... A investigação com crianças, isto é, aquela que as considera atores sociais capazes de participar ativamente na pesquisa, dando conta dos mundos sociais e culturais que constroem (Christensen & Prout, 2002), convoca preocupações éticas singulares (Soares, 2006). Ao acolher a alteridade e diversidade que caracterizam a infância, esta linha de investigação assume uma orientação ética atenta aos direitos e expressões culturais próprias das crianças. ...
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Partindo do pressuposto de que as crianças são agentes sociais ativos que constroem as suas próprias culturas, esta pesquisa pretendeu compreender as suas perspetivas acerca do papel que as novas tecnologias, em particular a internet, têm nas suas vidas. Tomou ainda como vertentes específicas as oportunidades, riscos e desafios de segurança que o uso de tecnologias digitais pode ou não representar, a partir do ponto de vista das crianças e da dimensão social do fenómeno tecnológico, ou seja, da forma como desenvolvimento tecnológico e práticas sociais se inter-relacionam e co-constroem. Assim, este trabalho retrata as culturas ‘digitais’ que as crianças estão a construir e as reinterpretações que fazem dos conceitos de oportunidade, risco e segurança, focando como este tipo de experiências são vividas quotidianamente, no contexto das estruturas socioculturais em que estão integradas. Com base numa abordagem etnográfica, este estudo mostra como as crianças desenvolvem sentidos de pertença e identidade através da apropriação de novas tecnologias. Competitividade e colaboração nos jogos, troca de comentários em fotos publicadas no Facebook e comunicação constante através de mensagens de telemóvel são práticas com grande peso social, fazendo destas tecnologias instrumentos centrais de integração entre pares. Risco constitui-se como subtópico de uma categoria mais ampla, relativa aos problemas que as crianças encontram através do uso de tecnologias digitais. Não obstante algumas preocupações relacionadas com segurança, ganham destaque os problemas relativos à aceitação social e reputação. Por outro lado, constituem desafios de segurança a ambiguidade com que conceitos como estranho ou vício foram considerados e a imagem estereotipada que prevalece sobre o risco. Esta pesquisa acentua ainda uma preocupante cultura de estigmatização e culpabilização das crianças envolvidas em experiências de risco. Oportunidade surgiu como um conceito vazio. A partir destes resultados, este trabalho realça como as medidas destinadas a beneficiar ou proteger as crianças online podem ser excessivamente prescritivas e estigmatizantes. Defende-se assim uma abordagem mais situada destas temáticas, capaz de valorizar as culturas das crianças e considerar as circunstâncias e contextos socioculturais em que as suas experiências digitais ocorrem e ganham sentido. Assuming that children are active social agents who construct their own cultures, this research seeks to understand their perspective on the role new technologies, particularly the internet, have in their lives. Moreover, it aims to understand the opportunities, risks and safety challenges the use of digital technologies may represent, from children’s point of view. Thus, this investigation focuses on children’s lived experiences of using digital media and the specific sociocultural contexts in which these occur, aiming to understand the 'digital' cultures children are building and the reinterpretations of opportunity, risk and safety that emerge within. Therefore, it considers how technology and social practices co-construct each other. Using an ethnographic approach, this study shows how children use online social networks, games and mobile phones to form a sense of belonging and identity, namely through the exchange of comments on Facebook photos, a combination of competitiveness and collaboration in social games as well as text messaging. Risk is considered a sub-topic of a wider category concerning the problems children encounter through their use of digital media. In spite of their awareness of safety issues, issues related to social acceptance, reputation, and social commitments are of greater concern. Moreover, concepts of safety are challenged by the ambiguousness of concepts like stranger and addiction as well as stereotyped images of risk. This research also highlights a disturbing culture of blame and stigmatization of children involved in experiences of risk. Opportunity stands as a meaningless concept. Regarding these results, this study supports the claim that measures aiming to benefit or protect children online can be over-prescriptive and stigmatizing. A case is made for more contextualized approaches, respectful of children’s perspectives and everyday lives, as well as social and cultural contexts.
... A pesquisa foi delineada no marco da investigação qualitativa e realizada a partir da perspectiva de valorização da participação infantil, a qual reconhece as crianças como sujeitos competentes e produtores de cultura, conforme preconizado por autores da Sociologia da Infância (ALDERSON, 2005;SOARES, 2006). De forma integrada a essa perspectiva, a investigação foi construída de forma articulada com os Estudos Culturais Latino-americanos da Comunicação. ...
... Da mesma maneira, considera-se um princípio ético discutir com as crianças quais as técnicas de pesquisa que elas consideram mais adequadas ou com as quais se sentem mais confortáveis para participar. O consentimento voluntário e informado das crianças na investigação é um pressuposto ético fundamental ligado ao direito de participação (ALDERSON, 2005;SOARES, 2006). ...
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RESUMO: Na sociedade atual, inúmeros produtos e conteúdos midiáticos, apropriados e reelaborados criativamente pelas crianças em processos de interação com os pares e com os adultos, integram as chamadas culturas da infância. Dentre esses produtos culturais, as séries de animação veiculadas pela TV (aberta ou fechada) participam, com destaque, das experiências cotidianas das crianças. O objetivo deste artigo é apresentar a primeira parte dos resultados de uma investigação que buscou compreender os modos como as crianças assistem, interagem e significam as séries de animação. A pesquisa foi realizada no âmbito da investigação qualitativa e participativa, por meio de uma análise microssocial, de cunho interpretativo, integrada à área da Sociologia da Infância a qual se conjugou de forma interdisciplinar com os Estudos Culturais Latino-americanos da área da Comunicação. Realizada com um grupo de estudantes de nove e dez anos, a pesquisa examinou o ponto de vista das crianças a partir da utilização de estratégias metodológicas diversificadas que envolveram observação participante, entrevistas em pequenos grupos e oficinas de trabalho. Os resultados obtidos revelam, dentre outros aspectos, que as crianças não assimilam simplesmente ao que assistem como meras espectadoras passivas. Em multiconectividade com outras mídias, elas participam de um processo ativo, interativo e dialogal, sempre relacionado ao contexto sociocultural em que estão inseridas. Eles permitem apontar também a grande responsabilidade (nem sempre percebida ou reconhecida) envolvida na produção de conteúdos e produtos midiáticos para as crianças, de um modo geral, e, em particular, das séries de animação voltadas ao público infanto-juvenil.
... Sendo assim, se faz necessário considerar as crianças como atores sociais e a infância como grupo social com direitos, sublinhando também a indispensabilidade de considerar novas formas de investigação com crianças (Delgado & Müller, 2005;Soares, 2006). Entre essas novas formas de investigação se destacam as metodologias participativas com crianças. ...
... Como conjunto comportamental que toma parte importante da vida das crianças, a brincadeira é à primeira vista, facilmente reconhecida entre os demais comportamentos dos grupos infantis. No entanto, sua investigação científica carece de métodos mais seguros e apropriados, que traduzam efetivamente as experiências lúdicas infantis para além dos olhares e descrições enviesadas por perspectivas primordialmente adultocêntricas (Delgado & Müller, 2005;Soares, 2006). ...
... A sociologia da infância oferece uma importante contribuição nessa direção (Soares, 2006). Dentro desta abordagem afirma-se que as crianças formam um grupo com ideias próprias, que se diferencia dos demais e cujos membros diferenciam-se entre si, considerando a presença de aspectos históricos e culturais específicos (Sarmento, 2002). ...
... Novas formas de investigação com crianças são indispensáveis dentro de um contexto que acredita que as crianças são atores sociais e a infância é um grupo social com direitos (Sarmento, 2002;Soares, Sarmento & Tomás, 2004;Soares, 2006). Para tanto, sugere-se em pesquisas com crianças a utilização de técnicas como entrevistas, desenhos, mapas e interlocuções verbais, que possibilitam uma valorização e expressão maior de suas competências (Elsey, 2004;Pinto, 2016;Rasmussen, 2004;Soares et al., 2004). ...
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O objetivo deste estudo foi compreender como crianças utilizam espaços públicos para brincadeiras, como se apropriam deles e suas sugestões para tais espaços. Para tanto foram entrevistadas 28 crianças, sete a 11 anos, moradoras de diferentes bairros de Salvador-BA-BR. Os dados coletados foram analisados qualitativamente, sob a ótica da Psicologia Históricocultural e da Sociologia da Infância. Os resultados indicam que as crianças brincavam em áreas planejadas e não planejadas para elas, com predominância de brincadeiras perto de suas residências. Houve uso criativo dos espaços e dos equipamentos lúdicos, demonstrando apropriação deles. Participantes sugeriram ampliação da segurança pública e acréscimo de áreas para brincadeiras. Conclui-se que há uma necessidade de se conhecer as demandas da infância sob a ótica da própria criança, estimulando-se a cidadania.
... Um dos passos importantes no reconhecimento destes direitos passa pela oportunidade que é dada à criança de participar no processo investigativo não como objeto de estudo, mas como sujeito de investigação. Considerar a criança como participante, superando o paradigma que encara o adulto como superior e autoritário face à criança submissa e permissiva, traduz -se na consciencialização da multiplicidade de significados, interesses, valores e formas de expressão infantil (Soares, 2006). Cada pesquisa deve, assim, ser pensada tendo em conta este pressuposto. ...
... Cada pesquisa deve, assim, ser pensada tendo em conta este pressuposto. Na opinião de Soares (2006), é essencial que o pesquisador esteja alerta e seja criativo na definição da sua estratégia de investigação, de modo a valorizar a ação da criança como importante interveniente e parceira de todo o processo. Por outro lado, a adequação da pesquisa a este novo movimento deve ter em conta a coerência entre o contexto, os objetivos, os métodos, e os princípios éticos inerentes a todas as etapas (Alderson & Morrow, 2011). ...
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O tema da educação para os media atrai um número crescente de investigado‑res a nível nacional e internacional, tanto da área da comunicação como da edu‑cação. Um relatório da European Science Foundation (Álvares et al., 2014), elaborado para definir agendas de pesquisa dos estudos dos media na Europa, colocava a literacia dos media em foco para a próxima década, entre os principais desafios que se colocam aos estudos dos media. Com efeito, a educação para os media tem merecido uma atenção crescente, não só academicamente, mas também de enti‑dades políticas e decisórias, acompanhando as exigências da evolução dos media cada vez mais convergentes e individualizados.
... Participatory research with children emerges as a criticism of positivist and functionalist models, which defend neutral, apolitical and uncompromising conceptions of science, and assumes that children's participation is a fundamental tool to fight against cycles of exclusion (Soares, 2006). Lincoln and Guba (2000) identified the participatory paradigm, which came from the critical social sciences and is viewed as a political movement and multifaceted process of investigation, education and action. ...
... Da mesma forma, os estudos utilizam instrumentos e técnicas de coleta de dados que, em vez de propiciar a leitura no sentido de compreender os dizeres infantis, levam a interpretações das falas infantis na perspectiva do adulto. Ainda é presente o movimento, mesmo que subjetivo, de uso de argumentos pautados nas supostas incompetências psicologicamente aferidas -de racionalidade ou maturação -das crianças (SOARES, 2006). ...
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Este artigo, recorte de pesquisa em andamento junto ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus Pantanal, discute dados levantados na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e no site do referido programa. Da busca, que utilizou 26 descritores - isolados e cruzados -, resultou a seleção de 26 trabalhos, cuja organização e análise para escrita do artigo foram feitas com abordagem de um estudo do tipo estado do conhecimento. Os resultados indicam que, embora haja aumento no número de investigações que busca ouvir crianças, ainda são poucos os estudos com criança em idade pré-escolar. Ressaltamos que não foram encontrados trabalhos realizados considerando crianças como colaboradoras na elaboração da pesquisa, nem com objetivo de ouvir crianças assentadas. Merece menção o fato de que, embora os trabalhos selecionados afirmem a necessidade de escuta da criança, a maioria busca outras fontes de informação complementar (oriundas dos adultos) para composição dos dados.
... Desta forma, é possível constatar que tanto a Antropologia quanto a Sociologia tem procurado definir a prática etnográfica de forma mais aberta, já que procuram estimular a valorização das ações dos atores sociais. Soares (2003), por sua vez, destaca que no âmbito da Antropologia e da Sociologia, a metodologia etnográfica preocupa-se em entender a relação entre o investigador e o investigado, visto que o investigado também pode ser o investigador, estabelecendo, entre os dois, uma relação interativa e aberta a mudança. ...
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Na contemporaneidade, com o desen¬volvimento do pensamento complexo, a interdisciplinaridade passou a ser valori¬zada, favorecendo um constante diálogo entre diferentes disciplinas. Neste sentido, ao tomarmos a metodologia etnográfica como foco de interesse das ciências so¬ciais, é possível abordar seu estudo numa perspectiva interdisciplinar, com a finalida¬de de interagir com diferentes saberes, em especial com a pesquisa social.
... The research presents the playful practices of more than 1300 children, within 35 agreed observation sessions with children and more than 50 moments of spontaneous play. In both of these participant observation modalities, an attempt was made to decentralise the role of the adult as the research manager in order to conceive the study as a process which was co-managed with children (Soares 2006). Specifically, the designated agreed observation sessions were carried out in hours and places previously chosen by children themselves once children and caregivers gave their informed consent to take part of the study. ...
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In the scope of the sociology of childhood, the aim is to present one of the diverse sociocultural worlds of African children, specifically their play culture, with the intention to reveal Sao Tome and Principe childhood�s daily life dimensions by considering those in which children are specialised and thrilled to talk about: games, play and toys. With the support of postcolonial studies, the present research points out that Santomean children from this African country, which lies at latitude zero on the equator, are literally living in between two worlds: simultaneously handling the challenge of being a child in their own society (adult-centrism) as well as defying the standardised Western childhood imposed by occidental hegemonic institutions (Eurocentrism). Nevertheless, it seems that African children�s actions, resilience, creativity, and intelligence, can be linked to cultures of subversion and resistance, in challenging social inequalities and fighting for social justice�like counter-hegemonic struggles.
... Assim, Soares (2006) ressalta como a questão de poder dos adultos sobre as crianças é, para os pesquisadores da infância, um dos principais "desafios éticos" nas investigações. ...
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Com base em entrevistas realizadas com meninos e meninas de menor rendimento e com faixa etária entre 10 e 12 anos, moradoras do bairro periférico, Jardim Orion, zona sul de São Paulo, este trabalho buscou compreender como se dá o consumo de notícias jornalísticas feito por elas, sobretudo na Internet e meios digitais. Entendemos que, assim como mostram outros trabalhos da área, as crianças têm consciência sobre o que é notícia jornalística e que seu consumo jornalístico é feito primeiramente na televisão, apesar de usarem a rede com frequência. Podemos perceber ainda que o jornalismo sensacionalista está presente da vida das crianças que moram na periferia de forma mais intensa do que nas classes mais altas, e isso tornou-se referência para elas no que diz respeito às notícias.
... Pode-se apontar que este fenômeno começou na década de 1980, quando diversos campos acadêmicos passam a redefinir o discurso sobre a infância. A partir de um viés sociológico, entende-se que, neste período, houve uma reconceituação da infância, que passou a ser compreendida como grupo social e a criança como ator social (Soares, 2006). Desta forma as crianças passaram a experimentar uma forma de infância, até então desconhecida, regida pelas telas de televisores e computadores (Ruskoff, 1996) e atualmente tablets e smartphones. ...
... · Se informó al alumnado de la voluntariedad de participación en el estudio, asegurando de esta forma su libertad para cubrir o no el cuestionario y asegurando su anonimato (Soares, 2006). · Se aplicó el cuestionario en el aula ordinaria, en presencia de los docentes, adaptándonos a su agenda, horario y disponibilidad (Bogdan & Biklen, 2003). ...
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El recreo escolar es uno de los espacios más favorables para establecer ese complejo entramado de las relaciones sociales entre el alumnado, interacciones que sin duda marcarán su formación como personas. El objetivo de este estudio es identificar y analizar las interacciones entre pares, en cuanto a las variables de género y año de escolaridad, en los recreos de 1º ciclo en escuelas de enseñanza básica de la ciudad de Braga (Portugal). En un estudio mixto cualitativo-cuantitativo con un enfoque descriptivo, participan 228 alumnos (121 niños y 107 niñas) de 2º, 3º y 4º año de escolaridad, con edades comprendidas entre los siete y los diez años, siendo la media de edad 8,01±0.85. Se emplea el cuestionario como herramienta principal para la obtención de datos, y la grabación en video, para el análisis en diferido de la información proporcionada por el alumnado para buscar mayor fiabilidad y validez al contenido. Se constató que, por un lado, el alumnado participante en el estudio interacciona, durante el recreo, mayoritariamente con alumnado de su curso y del mismo género, destacando asimismo la importancia de los grupos mixtos y de mediano tamaño (3 a 5 amigos) en las formas de agrupamiento; y, por otro lado, que las niñas tienen una mayor tendencia a ser más inclusivas y cooperativas por su forma variada de interacción con alumnado de diferentes sexos, cursos y actividades.Abstract. School recess is one of the most favorable spaces to establish the complex studding of social relations between students, interactions that undoubtedly will mark their formation as persons. The aim of this study is to identify and to analyze the interactions between peers in terms of gender and year of schooling, during recess in 1st cycle in schools of basic education in the city of Braga (Portugal). A total of 228 students (121 children and 107 girls) from 2 º, 3 º and 4 º year of schooling, with ages between seven and ten years old, with an average age of 8,01±0.85, took part in a qualitative-quantitative study with a descriptive approach. Questionnaires were used as the principal tool for gathering the data, as well as video recording for the deferred analysis of information provided by students, so to seek greater reliability and validity of the content. On one hand, participants interact mostly with students of the same course and same gender during recess, highlighting the importance of mixed, medium-size groups (3 to 5 friends) in the forms of grouping; on the other hand, girls have a greater tendency to be more inclusive and cooperative due to their variety of interactions with students of different sexes, courses, and activities.
... Para Soares (2006), a investigação participativa é um processo de participação social que se fundamenta num equilíbrio mutuamente possível de autonomia, cooperação e hierarquia entre as pessoas em que a tomada de decisão é partilhada com todos os envolvidos na investigação. A autora ainda afirma que: ...
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A pesquisa com crianças surgiu a partir da Sociologia da Infância como uma nova vertente de estudos científicos. De forma tímida, inicialmente, vem ao longo dos anos sendo mais utilizada por pesquisadores da infância garantindo às crianças o direito de expressão e audição. Este novo campo teórico-empírico transforma as crianças de objetos em sujeitos participantes da pesquisa. Nesse contexto se insere a problemática subjacente a este texto que procura refletir sobre qual o lugar da criança na pesquisa, as questões teórico-metodológicas envolvidas e que cuidados éticos são necessários no desenvolvimento da investigação. Conhecer a criança e adentrar seu mundo por meio da pesquisa participativa exige a criação de múltiplos olhares sobre o contexto e sobre o modo como delineia suas ações. Implica na criação de estratégias metodológicas que lhe permita diferentes modos de expressão, audição e movimentos, sendo tarefa do pesquisador adulto tornar audíveis e visíveis às ações das crianças durante a investigação. A pesquisa e o desenho pelo qual é constituída, deverá criar condições para que crianças e adultos possam, a partir de diferentes linguagens, visibilizar as ações e dar-lhes sentido. Além das questões teórico-metodológicas, deve-se também ter muita atenção a ética em respeito à criança e cuidados com seu bem-estar. Trata-se de considerar e dar a criança seu lugar como participante e parceira no processo de investigação, partilhando um espaço intersubjetivo e inter-relacional de forma efetiva e ética.
... Sobre a ética na pesquisa com crianças,Fernandes (2006) discute alguns passos básicos para a consideração de um roteiro ético na investigação com crianças e apresenta ferramentas metodológicas que resgatam os princípios e aspectos éticos básicos num processo de investigação com crianças. Em outro trabalho (FERNANDES, 2016), a autora discute outros aspectos éticos relevantes na investigação com crianças, as relações de poder entre adultos e crianças, os desafios que decorrem das hierarquias protocolares e a invisibilidade epistemológica das crianças na pesquisa. ...
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Da afonia à voz das crianças nas pesquisas: uma compreensão crítica do conceito de voz Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, Salvador, v. 05, n. 15, p. 970-986, set./dez. 2020 A investigação com crianças é um campo em desenvolvimento que tem contribuído para enfrentar a invisibilidade das crianças quer como objetos quer como sujeitos de pesquisa, trazendo-as para o centro, a partir do argumento de que o seu estatuto de sujeitos ativos de direitos e de atores sociais exige um comprometimento metodológico e ético que respeite essa sua condição. A consolidação da ideia de que as crianças são consideradas como sujeitos legítimos nos processos de construção de conhecimento requer da parte dos adultos investigadores um comprometimento ético apurado que convoque de forma respeitosa as vozes das crianças, sem as deixar invisibilizadas na voz do adulto que as interpreta. Neste texto, mobilizaremos questionamentos sobre o conceito de voz e reflexões acerca dos contextos nos quais essas vozes são produzidas. De que modo são consideradas as relações de poder que as influenciam? De que modo são consideradas as alteridades de adultos e crianças na produção dessas vozes? A resposta a essas questões tentará situar o conceito de voz no campo das complexidades que atravessam a pesquisa com crianças, trazendo para o centro do debate a relação adulto-criança como uma dimensão estruturante das opções metodológicas e análises interpretativas decorrentes dessas escolhas. Palavras-chave: Voz. Silêncio. Pesquisa qualitativa. Crianças. Adultos.
... Para completar as informações obtidas nas questões, também foram recolhidas notas de campo durante a observação da intervenção, bem como das gravações realizadas em vídeo sobre as atividades realizadas nos recreios. (Soares, 2006). Assim, informar as crianças acerca dos objetivos é um passo essencial, que deverá assegurar que tais objetivos se traduzam em conhecimento válido acerca dos seus quotidianos, experiências, sentimentos e competências (Soares et al., 2005). ...
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No contexto escolar, o recreio é um dos momentos mais favoráveis para a realização de jogos e atividades de forma voluntária e, consequentemente, para a melhoria das relações sociais e da prática de atividade física. A fim de conhecer a perceção dos alunos em termos de diversidade de jogos no recreio e das interações que aí ocorrem, foi desenhado um estudo quase-experimental de metodologia mista, com uma proposta de intervenção através do jogo, na qual participaram 161 alunos de 6 a 10 anos de uma escola do 1.º ciclo da educação básica no norte de Portugal. Para a coleta de dados, utilizou-se preferencialmente um questionário ad hoc, além de notas de campo e gravações em vídeo. Os resultados mostram uma alta participação na proposta por razões de interesse e atratividade, especialmente em rapazes, sendo que os jogos com regras e em grande grupo são os preferidos por ambos os géneros; da mesma forma, é nessas relações intergénero que há um aumento maior, sobretudo nos alunos do último ano. Programas de intervenção lúdica devem ser promovidos para criar oportunidades práticas e diversificar o tipo de jogos praticados pelos alunos na escola.
... Nesse sentido, pesquisadores da infância como Soares (2006) e Formosinho; Lino (2009) tem insistido na necessidade de um processo educativo que venha dar voz às crianças, isto é, reconhecendo-as como atores sociais, como sujeitos de seu próprio conhecimento, com capacidade interpretativa e que sabem muito mais de seu mundo do que um adulto pensa saber. Sarmento (2005) também apresenta uma nova perspectiva pragmática de análise da infância, na qual considera a categoria social infância como susceptível de ser analisada em si mesma, possibilitando assim, A partir do momento que a avaliação é informativa, ela possibilita que seus atores assumam uma função corretiva, modificando, se necessário, seu dispositivo pedagógico, sendo essa a terceira questão. ...
... Já a produção e o uso de imagens -como as fotografias -nas pesquisas da infância têm sido considerados por alguns autores (Ventorim;Poleze, 2010;Kramer, 2002;Soares, 2006) de grande potencial na coleta dos dados e na produção de conhecimento. Por isso, e por ser compatível com nossos propósitos, consideramos a possibilidade de as próprias crianças produzirem fotografias. ...
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Trata-se de um estudo relacionado à ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos no Brasil e à implantação da educação integral no município de Presidente Prudente (SP), que recebeu o nome de programa Cidadescola e seguiu as diretrizes e orientações propostas pelo Ministério da Educação, entre as quais, a recomendação de valorizar os jogos e brincadeiras. Nesse cenário, os objetivos deste estudo são: compreender o programa Cidadescola no âmbito das políticas de ampliação do ensino fundamental e da implantação da escola de tempo integral; investigar os pontos de vista das crianças sobre as atividades desenvolvidas nesse contexto, com especial atenção ao tema da “ludicidade”. Trata-se de uma pesquisa etnográfica, que se valeu de observação participante e de várias estratégias para a coleta de dados em campo. Constatou-se que as crianças privilegiam as relações entre os pares e as práticas lúdicas em atividades que propiciam o movimento. Conclui-se também que, no caso da escola estudada, há risco de uma oposição entre o “período regular” e o “contraturno”, como se fossem duas escolas diferentes na mesma unidade escolar, enquanto as diretrizes didático-pedagógicas presentes na literatura especializada e os documentos oficiais, bem como a perspectiva das próprias crianças, apontam para a necessidade de uma escola integral, portanto, inteira.
... · Se informó al alumnado de la voluntariedad de participación en el estudio, asegurando de esta forma su libertad para cubrir o no el cuestionario y asegurando su anonimato (Soares, 2006). · Se aplicó el cuestionario en el aula ordinaria, en presencia de los docentes, adaptándonos a su agenda, horario y disponibilidad (Bogdan & Biklen, 2003). ...
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Análisis de la interacción entre pares en los recreos de 1º ciclo de enseñanza básica en Portugal Resumen. El recreo escolar es uno de los espacios más favorables para establecer ese complejo entramado de las relaciones sociales entre el alumnado, interacciones que sin duda marcarán su formación como personas. El objetivo de este estudio es identificar y analizar las interacciones entre pares, en cuanto a las variables de género y año de escolaridad, en los recreos de 1º ciclo en escuelas de enseñanza básica de la ciudad de Braga (Portugal). En un estudio mixto cualitativo-cuantitativo con un enfoque descriptivo, participan 228 alumnos (121 niños y 107 niñas) de 2º, 3º y 4º año de escolaridad, con edades comprendidas entre los siete y los diez años, siendo la media de edad 8,01±0.85. Se emplea el cuestionario como herramienta principal para la obtención de datos, y la grabación en video, para el análisis en diferido de la información proporcionada por el alumnado para buscar mayor fiabilidad y validez al contenido. Se constató que, por un lado, el alumnado participante en el estudio interacciona, durante el recreo, mayoritariamente con alumnado de su curso y del mismo género, destacando asimismo la importancia de los grupos mixtos y de mediano tamaño (3 a 5 amigos) en las formas de agrupamiento; y, por otro lado, que las niñas tienen una mayor tendencia a ser más inclusivas y cooperativas por su forma variada de interacción con alumnado de diferentes sexos, cursos y actividades. Palabras clave. Recreo, juego, interacción social, relaciones personales, educación básica. Abstract. School recess is one of the most favorable spaces to establish the complex studding of social relations between students, interactions that undoubtedly will mark their formation as persons. The aim of this study is to identify and to analyze the interactions between peers in terms of gender and year of schooling, during recess in 1 st cycle in schools of basic education in the city of Braga (Portugal). A total of 228 students (121 children and 107 girls) from 2 º, 3 º and 4 º year of schooling, with ages between seven and ten years old, with an average age of 8,01±0.85, took part in a qualitative-quantitative study with a descriptive approach. Questionnaires were used as the principal tool for gathering the data, as well as video recording for the deferred analysis of information provided by students, so to seek greater reliability and validity of the content. On one hand, participants interact mostly with students of the same course and same gender during recess, highlighting the importance of mixed, medium-size groups (3 to 5 friends) in the forms of grouping; on the other hand, girls have a greater tendency to be more inclusive and cooperative due to their variety of interactions with students of different sexes, courses, and activities. Introducción La escuela es actualmente una de las instituciones básicas de la sociedad actual (García-Lastra, 2013) y concebida como un ente socializador en el que se transmiten determinadas pautas sociales y valores que ayudarán al alumnado a integrarse en la sociedad, respetan-do sus normas, leyes y valores (Larios, 2017). Nos referimos así a la escuela socializadora, contemporánea, en la que el alumnado es el eje principal, donde se dirigen los esfuerzos a su preparación para desen-volverse con éxito en la vida, de acuerdo a sus necesidades y exigencias. En definitiva, una escuela que, como definía John Dewey (citado en Fernández, 2012), tendría que ser una institución social cuya vida debie-ra ser un fiel trasunto de las características y experiencias positivas de la vida real. A este proceso de socialización de las personas en la escuela contri-buye plenamente el juego, empleado como recurso o como fin, consti-tuyendo además un medio ideal para favorecer el concepto de escuela inclusiva (Palacios, 2014) y libre, en la que cada uno puede desempeñar el rol que quiera en función de sus preferencias y limitaciones (Abraldes & Argudo, 2008). A través del juego, como proceso socializador, es donde el niño descubre sus primeras relaciones y, en la etapa escolar, donde se enfatiza el encuentro con iguales, la vida en grupo y las amistades (Molina, 2008), incidiendo no sólo en el aprendizaje de las relaciones sociales, sino también en el desarrollo de su personalidad (Rodríguez et al., 2014) y del sentimiento de pertenencia al grupo (Marín, 2009). Tradicionalmente, las investigaciones que se han centrado en el recreo escolar se debían a que era el único tiempo no lectivo que verda-deramente era educativo, y su aprovechamiento se realizaba como com-plemento de la aplicación de los fundamentos básicos y procedimientos adquiridos en el aula (Fernández, Raposo, Cenizo & Ramírez, 2009); pero, también, como complemento a la práctica diaria de actividad física que debía realizar el niño, viendo en el recreo una excelente oportunidad para la práctica, sino el más importante, por su mayor carga horaria semanal que la propia asignatura de Educación Física (Calahorro-Caña-da, Torres-Luque, López-Fernández & Carnero, 2015; Martínez, Aznar & Contreras, 2015). Pero, actualmente, el recreo escolar es uno de los espacios más favorables para el estudio de las relaciones sociales que se establecen entre el alumnado (García-Arias & Nogales-Martínez, 2018) o entre el alumnado y el adulto, sea personal docente o no docente (Artavia-Granados, 2014; Rivera, 2009). Según Blatchford (1994), el recreo constituye el ambiente más natural que el niño puede encontrarse en el centro, disfrutando de la libertad que supone organizar, establecer, dic-tar o modificar normas de juego y poner en práctica diferentes actitudes, adaptándose al medio y a las demás personas, concretizando de esta manera todo ese amplio abanico de interacciones sociales que se estable-cen en este lugar. El recreo escolar es un ambiente único para explorar e investigar aspectos sobre las actividades y juegos practicados por el alumnado y las características de sus relaciones sociales e interacciones, de amistad o rechazo, de provocaciones, luchas, poder o de estatus (Abraldes & Argudo, 2008; Blatchford, 1994). Este sentimiento es compartido por los niñas y niños participantes en el estudio de Muller (2008), al referir-se al recreo como el lugar que facilita de mejor forma el encuentro con sus amigos, para jugar, conversar y compartir experiencias (Prellwitz & Skär, 2007). Cuando el alumnado se ve inmerso de lleno en contextos que favo-recen la interacción social, también están situados en un ambiente de enseñanza-aprendizaje que condiciona su formación (Pereira, 2008) y, a pesar de otros factores que pueden condicionar su vida en la escuela (espacios atractivos y vistosos, personal docente y no docente motiva-do y participativo, programas diversificados…), es la interacción entre pares la que más condiciona su visión en relación a la escuela y al aprendizaje (Casey, 2010). Y es que, como dice Muller (2008), los sentimientos que niñas y niños tienen en relación al ámbito escolar
... Ao se constituir um elemento relevante do desenvolvimento das relações sociais entre crianças, a brincadeira espontânea se configura como processo de produção, transmissão e aprendizagem cultural. De acordo com alguns autores (CORSARO, 2011;QVORTRUP, 2010;SARMENTO, 2004SARMENTO, , 2005 Corsaro (2009Corsaro ( , 2011 corroboram com as concepções de Sarmento (2004de Sarmento ( , 2005, Soares (2006) e Qvortrup (2010) sobre a criança como agente social ativa e co-construtora de seu desenvolvimento, ao demonstrar que brincando com seus pares a criança é capaz de produzir cultura, num processo de apreensão criativa da cultura maior. ...
... É nesta nova conceção e perceção da infância -como um grupo social de direitos -, que reside a base para a participação urgente de todas as crianças nos âmbitos sociais, educacionais, científicos e políticos. A ação e a aplicação prática de processos que garantam a participação ativa das crianças nos diversos contextos que as envolvem é uma premissa indispensável e um caminho necessário para o combate contra formas de exclusão social dos sujeitos (Soares, 2006). ...
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A liberdade para vivenciar e procurar novas possibilidades é fundamental para a criação e construção de alternativas, em contextos sociais desfavorecidos. De modo a estimular o pensamento criativo, crítico e a ação participativa a um conjunto de crianças da Escola Básica do 1º Ciclo do Bairro de São Tomé (Porto), foram promovidas atividades, nomeadamente de expressão artística e de criação de plataformas comunicativas, enquadradas num processo educativo e construtivo, que culminaram na concretização de uma Manifestação pública e pacífica das crianças pelas ruas do Bairro. Durante o processo da investigação-ação participativa, o grupo de crianças foi desafiado a participar em jogos pedagógicos, em debates/conversas informais e na produção de conteúdos para a elaboração de um Jornal -A Voz das Crianças - e de um Portal Online com conteúdos sobre o projeto e as atividades que desenvolveram. O propósito foi promover contextos de criação, ludicidade, partilha, diálogo e participação, de forma a proporcionar a comunicação, a produção de conhecimento, a descoberta e a escuta das crianças, tão importante para pôr em prática a sua cidadania. O presente artigo reflete, sobretudo, o processo de criação das plataformas comunicativas como ferramentas úteis, libertadoras, criativas, de conscientização e transformação social, que fortaleceram a expressão, a observação da realidade, a reflexão e a participação individual e coletiva.
... A realização deste trabalho foi desenvolvida metodologicamente através da pesquisa bibliográfica (ANDRÉ e LUDKE, 1986) e participativa (SOARES, 2006). Na pesquisa bibliográfica foi realizada uma revisão da literatura do tema, envolvendo assuntos como: educação, socialização, interação, teorias de aprendizagem, formação humana, psicologia do desenvolvimento infantil, entre outros. ...
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O presente trabalho é uma proposta de estudo das disciplinas de Psicologia e Sociologia da Educação, do 2º semestre do curso de Licenciatura em Matemática, do Instituto Federal Farroupilha – campus Santa Rosa. O objetivo consiste em analisar o filme “L’enfant Sauvage”, traduzido para a língua portuguesa como “O Garoto Selvagem” ou “O Menino Selvagem”, através de uma pesquisa bibliográfica, referente as temáticas estudadas pelas disciplinas e de uma pesquisa participativa que parte da interação entre professora e alunos no decorrer do estudo e escrita. O filme narra a trajetória de educação de um menino de 11/12 anos, batizado de Victor, que foi encontrado em uma floresta vivendo sozinho. O menino possuía hábitos considerados “selvagens”, não falava, andava como um quadrúpede e se alimentava de raízes e plantas. A história possibilitou refletir sobre o que nos torna humanos e qual a função e papel da educação na formação do homem. Apesar de todo homem nascer com condições biológicas para se tornar humano, é necessário viver um processo de humanização, baseado numa educação social e consciente da realidade em que estão. Neste sentido foi possível perceber que a socialização e a interação são pontos chaves no processo de desenvolvimento e aprendizagem humana, o que nos leva a pensar sobre a qualidade desenvolvida nesses processos e também no papel de quem desempenha essas funções.
... Quando a criança lida com uma ideia nova, observa, manipula e experimenta, ou seja, começa por ter uma representação mental sobre ela, que se apoia em representações ativas, pictóricas ou simbólicas (Ponte & Serrazina, 2000). Depois, a criança (Soares, 2006). Durante a intervenção foram também tiradas notas de campo. ...
Research
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E-book: Luís Menezes, Ana Paula Cardoso, Belmiro Rego, João Paulo Balula, Maria Figueiredo, Sara Felizardo (Editores). Olhares sobre a Educação: em torno da formação de professores. Em torno da formação de professores. Seção II – Investigando o ensino-aprendizagem (pp. 91-94). ISBN: 978-989-96261. Viseu Editora: Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV).
... Quando a criança lida com uma ideia nova, observa, manipula e experimenta, ou seja, começa por ter uma representação mental sobre ela, que se apoia em representações ativas, pictóricas ou simbólicas (Ponte & Serrazina, 2000). Depois, a criança (Soares, 2006). Durante a intervenção foram também tiradas notas de campo. ...
Book
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"Olhares sobre a Educação” é uma metáfora, é um encontro e, agora, é um livro. É uma metáfora porque não se trata, naturalmente, de “dirigir a vista” ou “fitar os olhos”, em sentido literal, em alguma coisa, tanto mais que o alvo desses “Olhares”, a Educação, não tem existência física. Estes “Olhares sobre a Educação” são entendidos enquanto “perspetivas”, “pontos de vista” (também estas expressões marcadamente metafóricas), indagações ou reflexões. A Educação é um tema sobre o qual tem sido produzido cada vez mais conhecimento, vindo de áreas científicas e profissionais muito diversas, com tradições e práticas também elas diferentes. A Escola Superior de Educação de Viseu, a primeira destas escolas portuguesas a iniciar formação de professores dos primeiros anos de escolaridade, tem a Educação como o seu elemento identitário e matricial, facto que se expressa na formação que oferece e tem oferecido ao longo destas mais de três décadas de existência.
... A necessidade de aprofundar as questões relacionadas com o direito à participação das crianças, no sentido de ir contra as conceções presentes no discurso do adulto protetor do bem-estar e do desenvolvimento das crianças, que apontam para a incompetência e incapacidade das crianças, parece ser mais acentuada quando se trata de crianças muito pequenas. Persiste, assim, a urgência na procura de uma mudança para o "discurso da criança-parceira", que interpreta e participa na realidade social do contexto de CAT (Soares, 2006), "em vez de continuarem centrados na discussão sobre a situação de dependência e tutela em que vivem as crianças" (Tomás, 2007, p.65). ...
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This article started from the question «What are the little children’s experiences and participation and what are the social representations of adults and children regarding little children? », in Temporary Foster Homes (TFH). This research is of a qualitative nature and, in fact, adopts an ethnographic nature. It tries to create a dialogue between two fields of knowledge: childcare and sociology of childhood. The research methodologies used were interviews for the oldest children; quizzes and focus groups for the adults; and, mainly, observation for the babies. With this research we can conclude that babies (from 0 to 2 years old) that live in two TFH located in the district of Lisbon seem to remain in their social invisibility, without being granted any right to participation. This is due to the fact that there isn’t a pedagogic (participatory) model in practice in this context with these children and that the representations and children’s image is still based on perspective declaring it as a passive, incompetent and unable being.
... A Nova Sociologia da Infância propõe a participação e envolvimento das crianças nas estratégias de investigação. Nesta direção, os novos modelos de pesquisa com crianças devem reconhecer a natureza metamórfica da infância a fim de melhor estimar o impacto do estilo de vida moderno em seu bem-estar (DARBYSHIRE; MACDOUGALL; SCHILLER, 2005; MOORE; MC ARTHUR; NOBLE-CARR, 2008;PROUT, 2002;SOARES, 2006). Ao procurar superar as explicações universais e atemporais, o investigador deve embrenhar-se no campo e ouvir o que as crianças dizem e não apenas o que dizemos delas. ...
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This paper presents and discusses different theoretical and methodological approaches that guide research involving children. First it considers conceptual frameworks from developmental Psychology and then it discusses a research model more compatible with the specificity of children. These two paths are crossed by critical approach, which help us in the contextualization of the theories of child development and social relationships between children and adults. We try to approach biological and socio-cultural trends in child development through the Ecological Psychology in order to promote a participative, holistic and interdisciplinary research with children
... Ao longo dos últimos anos, tem-se assistido, no campo sociológico e sobretudo da sociologia da infância, a uma reconceptualização da infância, defendendo-se a necessidade de considerar as crianças como atores sociais plenos, com direitos, dotados de competências, voz e ação próprias, integrados nos processos em que participam, e não apenas dependentes dos adultos. Esta nova forma de entendimento contribuiu para o reconhecimento da capacidade das crianças para influenciarem ativamente a sua vida, permitindo proclamar uma cidadania da infância e influenciando o surgimento de novas formas de desenvolver investigação (Prout & James, 1997;Sarmento, Fernandes, & Tomás, 2006;Soares, 2006). Após a adoção da CDC (1989), Hart (1992) pelo adulto e partilhadas com as crianças, Decisões iniciadas e dirigidas pelas crianças e Decisões iniciadas pelas crianças e partilhadas com os adultos -, sendo que nos três primeiros não existe participação efetiva. ...
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T he aim of this study was to analyse the relationship between observed qual ity in early childhood education and the promotion of participation, as well as to evaluate the psychometric properties of a measure designed to assess early childhood education teachers’ perceptions about the degree of implementation of children’s participation in early childhood education. 168 preschool teachers participated in this study, 40 of which were simultaneously observed, in their classrooms, with the Classroom Observation Scoring System - CLASS (Pianta, La Paro, & Hamre, 2008). We identified two components of teac hers’ perceptions of children’s participation: Childre n’s Expression and Responsibility and Decision Making by the Adult. Decision Making by the Adult was negatively associated with the do mains of classroom quality measured through CLASS and with teacher’s education al level. Teachers from public centers scored higher in C hildren’s Expression and Responsibility than teachers from pri vate for-profit centers. Findings provide moderate evidence on the reliability and validity of the Assessment Questionnaire of Early Childhood Education Teachers’ Perceptions about Children’s Participation Right.
... The view of children as sharing a "participatory culture" [12], as the new thespians of a "collective intelligence" [13], requires from teachers and educators critical decisions regarding technology. In the conception of such critical perspectives, the children's experience and voice is regarded as essential [14][15][16]. ...
... Nesse sentido, problematizar a participação infantil significa, entre outros aspectos, resgatar os direitos, interesses e necessidades das crianças, encarando-os como testemunhos do seu protagonismo e intervenção política e social (SOARES, 2006). A convenção dos direitos das crianças garante no seu artigo 12 que as crianças têm o direito de exprimir livremente a sua opinião sobre questões que lhe digam respeito e de constatar que essa opinião foi tomada em consideração, ou seja, esse princípio é fundamental para a garantia e efetivação da cidadania e participação infantil (UNICEF, 1989). ...
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Este artigo tem como objetivo problematizar a cidadania na infância e a possibilidade de participação das crianças na estrutura político-social das sociedades. A partir de uma reflexão teórica inicialmente inspirada pelas configurações do protesto das crianças do Quênia, aliada à análise de documentos recentemente publicados por organismos internacionais, apresentaremos os entraves e possibilidades que se colocam na efetivação da participação das crianças como sujeitos de direitos. O processo de construção e fortalecimento de uma Pedagogia da Educação Infantil, somado à consolidação de mecanismos teóricos e práticos que efetivem o protagonismo político e social das crianças, apresenta-se como questão fundante na atualidade, focada nesta reflexão.
... A Nova Sociologia da Infância propõe a participação e envolvimento das crianças nas estratégias de investigação. Nesta direção, os novos modelos de pesquisa com crianças devem reconhecer a natureza metamórfica da infância a fim de melhor estimar o impacto do estilo de vida moderno em seu bem-estar (DARBYSHIRE; MACDOUGALL; SCHILLER, 2005; MOORE; MC ARTHUR; NOBLE-CARR, 2008;PROUT, 2002;SOARES, 2006). Ao procurar superar as explicações universais e atemporais, o investigador deve embrenhar-se no campo e ouvir o que as crianças dizem e não apenas o que dizemos delas. ...
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This paper presents and discusses different theoretical and methodological approaches that guide research involving children. First it considers conceptual frameworks from developmental Psychology and then it discusses a research model more compatible with the specificity of children. These two paths are crossed by critical approach, which help us in the contextualization of the theories of child development and social relationships between children and adults. We try to approach biological and socio-cultural trends in child development through the Ecological Psychology in order to promote a participative, holistic and interdisciplinary research with children.
... Foram realizadas 35 sessões de observação que duraram em média uma hora e que, juntamente com mais de 50 episódios de brincadeira espontânea capturados em notas de campo, registo fotográfico ou vídeo, nos ajudaram a desvendar o universo lúdico infantil de cerca de um milhar de meninos e meninas, com uma média de 9 anos de idade, habitantes da latitude zero africana. Da alavancagem do processo de investigação com as crianças no "patamar da parceria" (Soares, 2006) resultaram sessões de observação nas quais as brincadeiras e brinquedos, ou o ato de brincar -quando, onde, com quem, como e com o quê -foram definidos pela criança ou manifestos pelos grupos de crianças intervenientes. De acordo com a metodologia eleita, foi realizada uma categorização da informação a posteriori, emergente dos dados de observação, que nos permitiu identificar mais de duas centenas de jogos das crianças santomenses, quais as brincadeiras que as crianças preferem fazer e mostrar, assim como, os brinquedos que utilizam ou confecionam. ...
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Resumo A pesquisa sobre as formas como se relacionam o global e o local nas culturas da infância, através dos processos de receção e produção da cultura pelas crianças e da sua expressão nas culturas de pares no quotidiano lúdico, pretende inferir o impacto da globalização nas infâncias contemporâneas, nomeadamente no contexto africano. A estratégia: mergulhar no quotidiano lúdico das crianças africanas naturais de São Tomé e Príncipe na tentativa de perscrutar um dos mundos sociais e culturais da infância e revelá-lo na voz das próprias crianças. Através da observação e análise das práticas e dos significados relacionados com a brincadeira e o brinquedo nos contextos de vida das crianças de São Tomé e Príncipe, procura-se esclarecer como e se as culturas das crianças na sua génese e estrutura estão imbricadas no contexto mais amplo de globalizações em curso. Abstract Researching ways to relate global and local in childhood' cultures, through the processes of production and reception of culture by the children and their expression on everyday play' peer cultures, we intend to infer the impact of globalizations in the contemporary childhoods, namely considering the African context. The proposal passes through diving in the day-today playful lives of children born in Sao Tome and Principe in the attempt of examining the social and cultural worlds of childhood, and revealing them through the voices of the children themselves. Through observation and analysis of practices and meanings associated with the act of playing and the use of toys in the contexts of the lives of children from Sao Tome and Principe, this research seeks to clarify how the cultures of the children in its origins and structure are embedded in the broader context of ongoing globalizations.
... Soares (2006) Conforme Soares (2006), o pesquisador deve considerar a diversidade de aspectos que conferem identidade à investigação, tais como o contexto onde esta ocorre e a caracterização expressa em termos sociais, econômicos, culturais, etários e de gênero do grupo social infantil com o qual a pesquisa está sendo desenvolvida. Para a autora, essas questões devem estar associadas de forma a rentabilizar as diferentes competências das crianças através de uma grande diversidade de ferramentas metodológicas, para que a construção de conhecimento acerca da infância seja um conhecimento válido e sustentado cientificamente. ...
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O movimento da Sociologia da Infância tem contribuído significativamente para a percepção das crianças como atores sociais, que estabelecem interações significativas com pessoas e instituições ao mesmo tempo em que desenvolvem estratégias de participação no mundo; pensá-las como atores é também considerá-las como informantes competentes em processos de investigação científica. No Brasil há um esforço para a produção de investimentos teóricos e desenvolvimento de estudos que contribuam para a construção de uma metodologia de pesquisa com crianças. Diante desta premissa, o presente artigo tem como proposta evidenciar as possibilidades da metodologia de pesquisa que elege a criança como protagonista; para tanto, resgatamos sumariamente algumas investigações realizadas no Brasil que adotaram a concepção de criança capaz de estabelecer relações, além de destacar as possibilidades do uso de instrumentos que visam amparar uma metodologia coerente e específica para a pesquisa com crianças.
... Assim, as perguntas foram reelaboras de forma que pudesse ser compreensíveis a todos, tomando a seguinte forma: "Tem alguma coisa que vocês acham ruim, ou chato de fazer aqui na escola?" xv Cruz (2008) nos incita a refletir sobre as chamadas 'regras de convivência' com foco exclusivo na criança, uma vez que nelas não são listadas ações que as professoras e os adultos não devem fazer. xvi Tais como: Alderson (2005); Cruz (2008); Cruz (2009);Francisco;Rocha (2005); Soares (2006); Oliveira-Formosinho (2008), entre outros. xvii Parte da letra da canção "Sou uma criança, não entendo nada" de autoria de Arnaldo Antunes. ...
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O presente texto apresenta os resultados da investigação acerca das opiniões e percepções das crianças sobre a instituição de Educação Infantil. Adotou-se como objeto, as manifestações da criança acerca de suas experiências dentro do contexto de uma pré-escola, não por meio do discurso adulto, mas sim pela fala, pelo olhar, pelos gestos, pelas histórias, pelos desenhos, de quem a vivencia no momento - a criança. Desse modo, apoiando-se nos pressupostos teóricos da Sociologia da Infância, buscou-se examinar as manifestações expressivas das crianças com seus pares, adotando os seguintes objetivos específicos: apreender e analisar as concepções das crianças acerca da instituição de Educação Infantil que frequentam; apontar e refletir sobre possíveis direções que propiciem um ambiente agradável que as cuidem e eduquem respeitando mais os seus desejos, as suas necessidades e particularidades. Para tanto, o estudo com abordagem qualitativa, teve como participantes crianças que se encontram na faixa etária entre o quinto e o sexto ano de vida, de um agrupamento de Pré II, de uma instituição de Educação Infantil no município de Corumbá-MS. Nesse sentido, foram determinados os seguintes procedimentos metodológicos julgados condizentes para a busca das percepções dos sujeitos pesquisados: observação participante (com registros no diário de campo); conversa informal (gravada em áudio); desenhos (com direcionamentos temáticos) produzidos pelas crianças; visita guiada (gravada em áudio); e a história para completar (gravada em áudio). O contexto ao que as crianças têm acesso reflete intensamente na forma como se expressam; assim sendo, em vários momentos identificamos que ao contrário do que pensam muitos adultos, as crianças parecem não estarem satisfeitas com a escola e as práticas ali desenvolvidas. Em suma, a escuta das crianças neste estudo reforça a ideia da sua competência e a possibilidade de que sejam eleitos informantes principais acerca de temas que lhes dizem respeito.http://dx.doi.org/10.14572/nuances.v21i22.1628
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O artigo apresenta um recorte de uma pesquisa de doutorado, descrevendo sua experiência metodológica na artesania de propor uma técnica inspirada na etnografia e na pesquisa participativa. Utilizaram-se como instrumento para a geração dos dados ferramentas de comunicação remota, pelo contexto pandêmico que se apresentava. Como contribuição para o campo de estudo das infâncias cabe destacar as relações de poder entre os adultos e as crianças na multiplicidade que é pesquisar suas realidades, respeitando e valorizando suas vozes e a efetiva participação delas no processo de geração e análise dos dados.
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Este estudo trata da organização de espaços de brincadeiras na educação infantil. Objetivou criar espaços itinerantes de interações e de brincadeiras para/com as crianças de 3 anos de idade. A pesquisa do tipo pesquisa-ação foi realizada em uma escola pública de educação infantil, no oeste catarinense. Envolveu a participação de 15 crianças de 3 anos na construção de seis caixas temáticas. O tema das caixas foi escolhido com as crianças participantes: Caixa da Casinha, Caixa do Salão de Beleza, Caixa de Ferramentas, Caixa do Berçário, Caixa do Parque e Caixa Surpresa. A produção dos dados deu-se a partir da realização de rodas de conversa para planejamento das caixas e, também, durante a organização e exploração dos espaços de brincadeiras pelas crianças. O estudo mostrou que as Caixas Temáticas são modos de organização de espaços que potencializam a participação, as interações e as brincadeiras, promovendo aprendizagens interdisciplinares na escola de educação Infantil.
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O presente trabalho surge da realização do projeto de Mestrado em Educação Especial – Domínio Cognitivo-Motor e apresenta a investigação realizada com o objetivo de comparar os resultados da adoção de estratégias diferenciadas na resolução de fichas de trabalho específicas: apoiada por um docente de educação especial, em comparação com a realização autónoma, seguida de correção e feedback imediatos. Recorreu-se a um desenho quasi-experimental, com pré-teste, intervenção e pós-teste, centrado numa diversidade de instrumentos e técnicas de recolha e análise dos dados (triangulação de dados/metodológica). Na fase de pré-teste participaram 60 alunos de três turmas do 1.º ano do 1.º CEB, que realizaram fichas de trabalho destinadas a avaliar competências específicas de Português e Matemática. Na fase de intervenção selecionaram-se os alunos de duas turmas – sendo a terceira o “grupo de controlo” – que apresentaram os resultados mais baixos e procedeu-se à execução de um programa de intervenção baseado na realização de novas tarefas de resolução de exercícios segundo uma das metodologias referidas em cada grupo. Após a intervenção procedeu-se à aplicação de novos instrumentos de avaliação em todas as turmas/grupos para conhecer e comparar os níveis de desempenho dos alunos participantes (tendo como referência os seus pares na turma e o grupo de controlo). Os resultados obtidos evidenciam progressos consideráveis em cada um dos grupos experimentais, da fase de pré-teste para o pós-teste, o que aponta para a eficácia da intervenção realizada, quer por meio da resolução de fichas de trabalho de forma autónoma, seguida de feedback e correção, quer por meio do acompanhamento e apoio do docente de educação especial durante a realização das tarefas. O nível de progressão atingido foi mais acentuado nesta última modalidade. Por outro lado, os dois grupos experimentais reduziram as diferenças de desempenho em relação aos respetivos grupos de pares (restantes alunos da turma). O grupo que contou com apoio evidencia resultados mais próximos dos grupos de referência. A opinião dos docentes de cada uma das turmas também confirma uma melhoria nas aprendizagens dos alunos intervencionados.
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A infância e a cidade são o ponto de partida desta investigação, na qual instrumentos do campo da Arquitetura e Urbanismo foram ressignificados em dispositivos aplicados em oficinas com crianças para que elas identificassem territórios educativos (TEs), procurando assim oferecer uma contribuição à formação integral na infância, com o objetivo de, compreender a importância da identificação de TEs pelas próprias crianças. Os TEs encontram raiz na difusão das Cidades Educadoras (1990), cujas ideias influenciaram experiências no Brasil como a do Programa Mais Educação (2007) do Ministério da Educação. O conceito de TEs, neste programa, se relaciona à incorporação de novos espaços e agentes no processo formativo em uma ampliação da jornada escolar. O pensamento de Paulo Freire oferece um aporte significativo para esta tese. No diálogo com este autor foram encontrados subsídios para aprofundar a noção de TEs do ponto de vista téorico e metodológico, e analogamente às suas ideias, cunhou-se a noção de alfabetização territorial por meio da identificação de TEs. A aplicação dos dispositivos em oficinas se efetivou com o programa “Crianças arquitetando no território”, realizado principalmente com uma turma do 5º ano integral da Escola Parque Cidadã Cyro Sosnosky, no Bairro Efapi em Chapecó-SC, por meio de uma metodologia que combinou a pesquisa-ação e a cartografia como método para escuta das crianças. O itinerário de territórios do programa se embasou na metodologia freireana para o elenco de temas geradores (descodificação-codificação da realidade), a qual aconteceu preliminarmente em um estudo exploratório. Ao internalizar os dispositivos oferecidos, as crianças puderam ser elas mesmas partícipes de seu processo cognitivo, produzindo a partir das percorridas pelo território sistematizações na forma de mapeamentos, pesquisas, painéis cognitivos, maquetes e assembleias entre outros. Portanto, se conclui que tanto a formação integral na infância não deve prescindir da cidade como território educativo – para qual a Arquitetura e Urbanismo, ao socializar seus conhecimentos e instrumental oferece valorosa cooperação – como ao desempenhar de forma protagonista o papel de investigadoras, as crianças exercitam-se em uma educação libertadora que valoriza seus saberes e sua ação transformadora no mundo.
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O presente estudo visa problematizar a importância de serem realizadas pesquisas com crianças, e apresenta contribuições de dois campos teóricos: Sociologia da Infância e Etnografia. Estes campos teóricos são imprescindíveis, pois, além de ampliarem nossa visão sobre a infância e sobre ser criança, apontam caminhos metodológicos de pesquisa, ressignificando seus sentidos. SOCIOLOGY OF CHILDHOOD AND ETHNOGRAPHIC APPROACH'S CONTRIBUTIONS TO RESEARCH WITH CHILDREN ABSTRACT This study aims at discussing the importance of research conducted with children and presents contributions from two theoretical fields: Sociology of Childhood and Ethnography. Theoretical fields such as these are essential, because in addition to broaden our views of childhood and of being a child, they point out methodological paths of research and re-signify their senses. Este estudio tiene como objetivo problematizar la importancia de realizar investigaciones con niños, y presenta contribuciones de dos campos teóricos: sociología de la infancia y etnografía. Estos campos teóricos son indispensables porque, además de ampliar nuestra visión sobre la infancia y sobre ser un niño, señalan caminos de investigación metodológica, volviendo a significar sus significados.
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Thinking about veganism and education, even though they are subjects seldom related inside the academia, becomes more and more coherent with the passing of time. In this research, I sought to discuss the meaning, the main foundations, the carnist viewpoint, the history and the main strands that define the Brazilian and international vegan movement. Its relation with education is clarified next, presenting what the analysed literature has about the role of the school in the perpetuation of the dominant ideology, above all in preschool years. I present, in finishing my theoretical background, an articulated revision of papers and events whose themes encompass, primarily, education, teaching, environment, social sciences, health, communication, sciences and interdisciplinarity. The question of my research is if the vegan philosophy, considering the cultural role of educational institutions, is presented or silenced in the context of preschools by means of its official guidance and documents. The general objective is to analyse official preschool documents in order to comprehend the possibilities of dialogue with the animal question. For such, when approximating the vegan philosophy, along with its principle of seeking to eliminate all forms of animal exploitation and cruelty, to the educational institution as a field of ideological dispute, I set off using documental analysis as a methodological reference. Seven official documents were selected, among them laws, resolutions, ordinances, regulations, parameters and proposals, responsible for directing preschools in national scope as well as local, in the Brazilian city of Juiz de Fora – MG. As criteria for the exploration of documents, I opted for the Content Analysis described by Bardin, able to overcome the uncertainty through the validation of the content of the message, that is, if what I deem to be present in the message is effectively contained in it, and the enrichment of the reading, whose immediate on look, spontaneous and fertile, will become yet more productive in the attentive reading. Among the results found, it was possible to consider that carnism as hegemony has ideological and power forms to spread itself in the most diverse communities and institutions, including schools. Between the documents, there are contradictions pertaining nutrition, animal care and what is considered ideology. Despite that, existence of space is demonstrated for the discussion of veganism as a lifestyle and culture of some families and communities.
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O presente artigo tem como objetivo a proposição de uma abordagem reflexiva acerca de questões teórico-metodológicas no sentido de garantir a visibilidade dos bebês e crianças pequenas nas pesquisas. São discutidos assuntos concernentes aos desafios na entrada em campo, aos acordos, à ética e à necessidade de abordagem dos bastidores das pesquisas. Com foco em preceitos da pesquisa de inspiração etnográfica, são apresentados desafios como a triangulação na interpretação e análise dos dados, a reflexividade e o diálogo com as metodologias visuais. Por último, são expostas questões sobre possibilidades do direito de participação dos bebês e crianças pequenas na geração, análise e discussão dos resultados das investigações e reflexões sobre como as pesquisas combebês e crianças pequenas podem contribuir para a educação infantil.
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Existe una gran falta de información pertinente sobre la realidad que viven los niños, niñas y adolescentes que acuden a diario a trabajar al Nuevo Mercado de Sincelejo. Para abordar esta situación, es necesario huir de explicaciones reduccionistas, adultocéntricas y que suelen caer en excesivas generalizaciones sobre una realidad tan compleja como es el trabajo infantil. Desde este punto de vista crítico se plantea que esta investigación, actualmente en curso, pretende realizar una caracterización de la infancia trabajadora en el contexto de Nuevo Mercado de Sincelejo para poder comprender mejor esta realidad y contribuir, de este modo, a unas acciones más apropiadas que lleven al alcance efectivo de los derechos de los niños, niñas y adolescentes trabajadores.
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Resumo: A Capoeira e sua relação com o contexto escolar formal constitui o objeto de estudo desta pesquisa. Entendemos a Capoeira como uma representação simbólica, ou seja, um conjunto de saberes constituído por diferentes sujeitos e em diferentes contextos em um processo que envolve a difusão de visões socioculturais individuais, que se tornarão coletivas. No caso da Capoeira, durante seu desenvolvimento histórico sua forma de representação tornou-se múltipla. Neste estudo, o objetivo principal foi investigar as representações sociais da Capoeira por parte de professores de Educação Física e estudantes do ensino fundamental e médio em escolas da rede pública estadual. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa que se valeu de entrevistas semi estruturadas como instrumento de coleta de dados, os quais foram tratados a partir da Análise de Conteúdo. Contamos com a participação nesta pesquisa de um grupo de quinze (15) sujeitos, distribuídos entre cinco colégios estaduais da cidade de Maringá - PR, sendo cinco (05) professores (as), cinco (05) crianças não praticantes de Capoeira e cinco (05) crianças praticantes ou ex-praticantes de Capoeira. A Teoria das Representações Sociais nos deu suporte principalmente na compreensão do estado da representação da Capoeira no ambiente escolar. Por outro lado autores que argumentam criticamente acerca do modelo social empreendido pela modernidade nos auxiliaram na compreensão dos motivos que a colocaram neste estado. A análise empreendida quanto à representação que os sujeitos participantes têm do fenômeno identificou um estado polifasia cognitiva, isto é, inferimos que os participantes não têm uma definição única e definitiva quanto à representação de Capoeira. Constatamos que diversos sentidos são representados por um mesmo sujeito e que as diferentes posições ocupadas pelos sujeitos exercem influência na representação assumida. A manifestação em questão, na perspectiva dos (as) professores (as), apresenta predominância da representação da Capoeira enquanto luta. Na perspectiva das crianças não praticantes, o aspecto que mais se evidencia é a representação da Capoeira enquanto esporte, enquanto que para as crianças praticantes a Capoeira é representada enquanto jogo. Na análise das representações do cotidiano ultimamos que a abordagem da Capoeira enquanto prática corporal é pouco expressiva e quando ocorre geralmente está relacionada a imposições. Sua abordagem é precária, fato que decorre principalmente da falta de domínio do conteúdo de ordem prática, o que tem imposto aos professores (as) uma condição de dependência tanto interna quanto externa. Os (as) professores (as) recorrem ao auxílio de estudantes que dominem o conteúdo ou a agentes externos como integrantes dos grupos de Capoeira, para que estes exponham a prática. É partindo da proposta dos próprios participantes para superação da condição de dependência, que julgam necessárias capacitações específicas, que argumentamos a favor do trabalho de tradução do saber intrínseco à Capoeira.
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Nas últimas décadas, têm sido vários os estudos que documentam a importância das notícias na vida dos públicos mais jovens, argumentando sobre a presença da atualidade na sua socialização e na construção de significados sobre o mundo. No contexto português, são ainda escassas as pesquisas desenvolvidas sobre esta problemática, particularmente no que concerne ao universo das crianças. É nesse sentido que esta obra analisa e debate sobre as formas de acesso e de consumo de notícias, por crianças portuguesas a frequentar o 1º Ciclo do Ensino Básico. Incidindo particularmente sobre como os tópicos da atualidade mediática ajudam estes públicos a apreender e a assimilar o mundo global e o mundo imediato, coloca-se a tónica na receção noticiosa e na ideia de público como sujeito. Com base em metodologias quantitativas e qualitativas, conclui-se que a natureza do envolvimento dos públicos mais novos com as notícias é contextualizada em função de variáveis sociodemográficas, do background familiar e do tipo de mediação que aí se pratica, dos interesses e experiências pessoais, e das formas de exposição mediática. É de salientar que as crianças contactam habitualmente com a atualidade em momentos de reunião familiar, embora demonstrem pouco interesse nos tópicos apresentados. Os resultados evidenciam que a informação noticiosa é vista como referência para conhecer o mundo e que o diálogo com os adultos pode ser um elemento impulsionador do gosto pela informação e um auxiliar fundamental na compreensão das notícias.
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A partir do mote inicial 'No meu Bairro, na nossa Cidade a ocupar a Liberdade', foi desenvolvido um projeto de investigação-ação participativa, que procurou compreender os vários contextos e as principais dificuldades que as Crianças do Bairro de São Tomé no Porto enfrentam, a partir das suas próprias vozes e produções. Partindo do estudo do fenómeno do crescimento urbano e das consequências que este teve, nomeadamente o surgimento dos guetos sociais e da pobreza urbana, a base foi olhar para a Cidade e o Bairro como espaços de investigação e intervenção, entendendo-os como espaços públicos abandonados e retirados às suas comunidades. De modo a incentivar o pensamento crítico, criativo e a ação participativa junto de um grupo de crianças da Escola Básica do 1.º Ciclo do Bairro de São Tomé, no âmbito do presente projeto foram promovidas atividades de caráter educativo, colaborativo e construtivo. Na perspetiva de dar protagonismo, voz e visibilidade social ao grupo participante promoveram-se contextos em que a criação, a ludicidade, o diálogo e a participação proporcionassem a produção de conhecimento, a descoberta e a escuta das crianças, tão importante para pôr em prática a sua cidadania. A concretização de uma Manifestação pública e pacífica das crianças pelas ruas do Bairro teve como objetivo conscientizar a comunidade para a importância da Cidadania na Infância e do Direito de Participação das crianças nas decisões que as envolvem e na apresentação de propostas de melhoria do meio onde vivem-o seu Bairro, a sua Cidade. A investigação apropriou-se de ferramentas de conscientização e transformação social de forma a fortalecer os laços sociais, a expressão individual e coletiva, a reflexão e a participação comunitária. As crianças envolvidas revelaram-se, de um modo geral, altamente competentes na sua ação e implementação das atividades propostas, apresentando-se interessadas na sua educação, participação ativa na sociedade e no planeamento do seu futuro.
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The participation of children in guiding public policies is a challenge and an opportunity. In Brazil, this process still needs to be build. In order to experience participatory methodologies for children inclusion in city's planning and infrastructure policies, listen to their opinions on the place where they live and on the equipment used, we conducted workshops with 65 children of both sexes, aged between 4 and 12 years living in the slum Santa Marta. Through these methodologies, they talked about the problems that affect them, such as garbage, open sewer, animal feces and substandard habitation. They emphasized both problems with safety and preservation of the recreational equipment in the slum. They also discussed the tram lift and the UPP (Pacifying Police Unit). This experience reveals that listening to children can help planning an urban intervention project more appropriate to their different forms of usage and expectations.
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A participação de crianças e adolescentes em pesquisas é de suma importância para a compreensão dos sentidos atribuídos por eles à realidade, representando, pois, uma rica fonte de dados. Entretanto, o trabalho com esse público impõe ao pesquisador cautela ao definir os recursos metodológicos. Pesquisas que utilizam esses atores sociais como corpus de estudo requerem a utilização de uma metodologia que se adeque as peculiaridades dos participantes e que priorize os aspectos biopsicossociais de cada faixa etária. Sendo assim, este artigo, objetiva descrever e discutir o método aplicado em um estudo que investigou como crianças e adolescentes, filhos de casais homoparentais, representam a si mesmos e a suas famílias. O instrumento utilizado, intitulado “álbum de fotografias” é apresentado como uma técnica de construção de dados facilitadora do diálogo entre pesquisador e participante. Este se mostrou um excelente recurso metodológico para pesquisa com o público infanto-juvenil, pelo fato de ser uma técnica lúdica que desperta interesse e se aproxima do universo de significações dos participantes. Além disso, o uso de histórias sem menção direta aos objetivos da pesquisa inspirou maior confiabilidade e adesão por parte dos responsáveis pelos participantes, levando-os ao autorizar a aplicação da técnica.
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http://dx.doi.org/10.5007/1980-4512.2010n21p31 Este trabalho buscou analisar as formas de participação das crianças nos Trabalhos de Conclusão de Curso da Pedagogia da FURB realizados no período de 2006 a 2008. Para tanto, realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa de tipo documental, pois os dados foram analisados a partir dos relatórios escritos pelas acadêmicas. Dos 114 trabalhos realizados neste período, 52 voltaram-se a pesquisar a Educação Infantil, e 20 destes trabalhos traziam de algum modo a participação das crianças. Na análise organizamos os dados em quatro categorias: as crianças como objeto; as crianças como sujeitos; as crianças como atores sociais; e as crianças como participantes. Na maioria dos trabalhos analisados foi identificada a participação das crianças como objetos e como sujeitos das pesquisas. Em apenas um trabalho percebemos maiores indicativos da participação das crianças como atores sociais. Alguns estudos que descreveram o cotidiano das crianças e suas relações demonstraram preocupação com o fato de não conseguir contemplar e analisar muitos dos movimentos das crianças, considerando sua participação importante. Porém, as crianças como participantes pesquisadoras não foram identificadas, mesmo que alguns estudos estivessem amparados em referenciais que defendem a sua participação. Frente à Nova Sociologia da Infância não podemos considerar que estamos estudando a infância enquanto a criança for submetida nas pesquisas à condição de aluna ou filha ou qualquer outra condição que não seja por ela mesma.