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Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no transplante de medula óssea

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O sucesso do transplante de medula ossea (TMO) depende da acao entrosada de uma variedade de profissionais, alem da equipe medica, para atender as multiplas e complexas necessidades dos pacientes submetidos ao TMO. Neste revisao, discute-se a atuacao das equipes de enfermagem, nutricao, fisioterapia e assistencia social na assistencia desses pacientes. O papel dos profissionais de saude mental (psicologos e psiquiatras) foi tratado em um capitulo separado deste Simposio.(AU)
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ASPECTOS DE ENFERMAGEM, NUTRIÇÃO, FISIOTERAPIA E
SERVIÇO SOCIAL NO TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA
NURSING, NUTRITION, PHYSICAL THERAPY AND
SOCIAL WORK ASPECTS OF BONE MARROW TRANSPLANTATION
Jane C. Anders1,3; Virtude M. Soler1,2; Edith M. Brandão4; Elisa C. Vendramini5; Clara LS Bertagnolli6;
Pedro G. Giovani1; Emília C. Carvalho7; Vivian M.M. Suen8; Júlio S. Marchini9 & Júlio C. Voltarelli9
1Enfermeiro da Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Cínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (HCFMRPUSP), 2Mestranda, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-
USP), 3Doutoranda da EERP-USP; 4Nutricionista da Unidade de TMO do HCFMRP-USP, 5Fisioterapeuta da Unidade de TMO do HCFMRP-
USP, 6Assistente Social da Unidade de TMO do HCFMRP-USP, 7Docente do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da
EERP-USP, 8Médica Assistente da Divisão de Nutrologia do HCFMRP-USP, 9Docente do Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP.
CORRESPONDÊNCIA: Prof. Dr. Júlio C. Voltarelli, Departamento de Clínica Médica, Hospital das Clínicas, Campus USP, 14048-900 Ribeirão
Preto-SP, E-mail: jcvoltar@fmrp.usp.br
ANDERS JC; SOLER VM; BRANDÃO EM; VENDRAMINI EC; BERTAGNOLLI CLS; GIOVANI PG; CARVALHO EC;
SUEN VM; MARCHINI JS. & VOLTARELLI JC. Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço
social no transplante de medula óssea. Medicina, Ribeirão Preto,
33: 463-485, out./dez. 2000.
RESUMO: O sucesso do transplante de medula óssea (TMO) depende da ação entrosada
de uma variedade de profissionais, além da equipe médica, para atender às múltiplas e comple-
xas necessidades dos pacientes submetidos ao TMO. Nesta revisão, discute-se a atuação das
equipes de enfermagem, nutrição, fisioterapia e assistência social na assistência desses pa-
cientes. O papel dos profissionais de saúde mental (psicólogos e psiquiatras) foi tratado em um
capítulo separado deste Simpósio.
UNITERMOS: Transplante de Medula Óssea. Transplante de Células Hematopoéticas
Primitivas. Enfermagem. Cateterismo Venoso Central. Mucosite. Nutrição. Doença Enxerto-Con-
tra-Hospedeiro. Fisioterapia. Reabilitação. Serviço Social.
463
Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: TRANSPLANTE DE MEDULA OSSEA - Parte 2
33: 463-485, out./dez. 2000 Capítulo XIII
sicas, como a anemia aplástica e as imunodeficiên-
cias e, mais recentemente, as hemoglobinopatias e as
enfermidades auto-imunes também têm sido tratadas
com sucesso pelo TMO.
O TMO é um procedimento terapêutico que
consiste na infusão, por via intravenosa, de sangue da
medula óssea, obtido de doador previamente selecio-
nado, em receptor adequadamente condicionado, isto
é, submetido a um regime preparativo qumioterápico,
com ou sem radioterapia, com propriedades mielo e
imunoablativas. A finalidade do TMO é reconstruir o
órgão hematopoético enfermo, lesado por um meca-
1. INTRODUÇÃO
No transcorrer dos anos, o transplante de me-
dula óssea (TMO) tornou-se uma modalidade tera-
pêutica utilizada de uma maneira crescente em mui-
tas doenças na idade adulta e na infância. Apesar de
ser um tratamento dispendioso, complexo e associado
a alta morbimortalidade, o TMO é uma das modalida-
des terapêuticas mais importantes da Oncologia, pois
consegue curar ou prolongar significativamente a so-
brevida de um grande número de pacientes refratári-
os a outros tipos de tratamento. Doenças não-neoplá-
464
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
nismo auto-imune, tóxico ou em decorrência de proli-
feração celular neoplásica ou reacional(1). Também tem
indicação nas doenças neoplásicas que não afetam
primariamente a medula óssea, como os linfomas e os
tumores sólidos, em que a dose de quimioterapia ou
radioterapia necessária para o tratamento pode com-
prometer o sistema hematopoético de maneira
irreversível. Desta forma, o transplante de medula
óssea pode ser utilizado nos tratamento de uma varie-
dade de doenças hematológicas, imunológicas, onco-
hematológicas e oncológicas.
As primeiras experiências com TMO alogêni-
co (entre indivíduos diferentes da mesma espécie)
ocorreram no século XIX, mas elas só tiveram suces-
so no final da década de 60 do século XX, com a des-
coberta do principal sistema de histocompatibilidade
humano, composto de antígenos HLA (human
leukocyte antigens) e com o trabalho pioneiro do Dr
E.D. Thomas em Seattle, o que lhe valeu o Prêmio
Nobel de Medicina em 1990(2,3). A partir daí, muitos
avanços no campo do TMO têm levado ao aperfeiço-
amento de técnicas de diagnóstico e tratamento rela-
cionadas ao procedimento, produzindo um aumento
considerável nas taxas de sobrevida dos pacientes
submetidos ao TMO alogênico. Entretanto, complica-
ções importantes, de natureza infecciosa, imunológica
(rejeição e, principalmente, doença do enxerto-con-
tra-hospedeiro) e tóxica, decorrente do condicionamen-
to, limitam consideravelmente a aplicação deste tipo
de transplante.
O desenvolvimento da tecnologia de estimula-
ção e congelamento da medula óssea possibilitou que
o TMO autólogo e, posteriormente, o transplante au-
tólogo de células tronco hematopoéticas mobilizadas
para o sangue periférico se tornassem cada vez mais
importantes no tratamento de uma série de tumores
sólidos e neoplasias linfohematopoéticas. O transplante
autólogo tem morbimortalidade precoce muito inferior
ao alogênico, pela ausência de complicações imunoló-
gicas decorrentes de alorreatividade, mas sua princi-
pal limitação é a alta incidência de recidiva da doença
básica. Atualmente, há uma variedade de opções de
transplantes, em termos de fontes celulares e tipos de
doadores (vide Capítulo VII deste Simpósio).
No Brasil, o início do TMO se deu no Hospital
das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em
1979, tendo realizado seu milésimo transplante em
1998(4). Em 1983, no Rio de Janeiro, uma outra unida-
de foi inaugurada no Instituto Nacional do Câncer(5) e
em 1988, teve início o programa de TMO na Faculda-
de de Medicina da Universidade de São Paulo em São
Paulo(6). O primeiro programa do interior do país foi
inaugurado no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo (HCFMRP-USP), em 1992, seguido pela Uni-
versidade de Campinas (UNICAMP) em 1993. Atu-
almente, há no país cerca de 16 Unidades de TMO
credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ao
lado de um menor número de Unidades privadas, que
realizam aproximadamente 800 transplantes/ano. Este
número, entretanto, está muito aquém das necessida-
des do país, pois ele também mede o tamanho da fila
de espera. Nas regiões Norte e Nordeste do país, por
exemplo, não há qualquer Unidade de TMO creden-
ciada pelo SUS e só recentemente iniciaram suas ati-
vidades unidades privadas em Salvador e Recife. As-
sim, um grande número de pacientes carentes trans-
plantados nas Unidades de TMO do Sul e do Sudeste
provêem de outros estados, o que agrava sobrema-
neira os problemas sócio-econômicos envolvidos.
A agressividade do TMO acarreta um estado
de comprometimento múltiplo de órgãos e tecidos que
inclui profunda depressão imunológica, em decorrên-
cia dos efeitos colaterais da quimioterapia/radiotera-
pia, levando a grande predisposição a infecções e ou-
tras complicações graves. O paciente submetido a este
tratamento necessita de assistência e cuidados inten-
sivos de uma equipe multiprofissional que deverá ajudá-
lo em todas as fases do tratamento (pré-TMO, aspi-
ração, processamento e infusão da medula óssea, pós-
TMO precoce e tardio). Profissionais de diversas
especialidades procuram trabalhar juntos, cada um
levando sua contribuição específica para propiciar ao
paciente uma recuperação integral, ou próxima dela,
ao final do procedimento. Nesta revisão, será discuti-
do o papel das equipes de enfermagem, nutrição, fisi-
oterapia e assistência social na assistência ao pacien-
te submetido ao TMO. A contribuição da equipe de
saúde mental (psicologia e psiquiatria) foi extensiva-
mente discutida no Capítulo VI deste Simpósio.
2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO
TMO
A equipe de enfermagem vem conquistando, dia
a dia, um espaço cada vez maior na assistência ao
paciente submetido ao TMO, exigindo-se do enfermeiro,
no desempenho de suas funções, a elaboração de um
465
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
plano terapêutico detalhado e sistematizado, utilizando
elementos da literatura específica em TMO e da me-
todologia científica. Tendo em conta a gravidade do
comprometimento orgânico do paciente transplantado
e o caráter crítico e instável de suas condições físicas
e emocionais, o enfermeiro que atua nesta área deve
ter conhecimentos específicos aprofundados, uma vez
que atuará de forma decisiva em todas as fases do
tratamento.
O atendimento das necessidades específicas
dos pacientes submetidos ao TMO se completa pela
presença do enfermeiro a seu lado, que é a mais ex-
tensa e estreita entre a de todos os profissionais en-
volvidos. O suporte emocional proporcionado pelo
enfermeiro valoriza e enriquece a assistência, favore-
cendo o aprendizado do paciente e de seus familiares
no desenvolvimento de autocuidados e da educação
sanitária e no fortalecimento da personalidade do pa-
ciente, que é essencial para o sucesso do tratamento.
Neste sentido, o trabalho de Carvalho et al. (2000)(6a)
analisou, através de entrevistas estruturadas, o aten-
dimento das necessidades interpessoais (de inclusão,
controle e afeição) dos pacientes pela equipe de en-
fermagem nas várias fases do TMO.
O exercício do profissional enfermeiro em uma
unidade de TMO abrange um amplo campo de atua-
ção. Ao mesmo tempo que o enfermeiro tem a res-
ponsabilidade pelo planejamento, execução, coorde-
nação, supervisão e avaliação da assistência de en-
fermagem em TMO, em todas as fases do tratamento
e nos níveis hospitalar, ambulatorial e domiciliar, ele
também tem a responsabilidade da educação e orien-
tação dos pacientes e de seus familiares.
A literatura aponta para a necessidade de se
oferecer cuidados específicos aos pacientes submeti-
dos ao TMO, no sentido de, além de assisti-lo nos as-
pectos bio-psico-sócio-espirituais, concorrer para mi-
nimizar os efeitos colaterais decorrentes do tratamen-
to. Levantamento de problemas e adoção de soluções
adequadas e intervenções necessárias para atingir
esses objetivos, com ênfase na otimização dos
autocuidados, fazem parte do panorama de ações do
enfermeiro(7). O tratamento da mucosite, os cuidados
com a pele e com o catéter venoso central e com os
procedimentos do isolamento protetor incluem-se en-
tre as principais áreas específicas de atuação da en-
fermagem no TMO.
Nesta revisão, serão tratados dois aspectos
particulares da assistência de enfermagem no TMO:
os cuidados com o catéter venoso central e com a
mucosite.
2.1. Catéter de Longa Permanência - Cuidados
de Enfermagem
O uso do catéter venoso central no paciente
submetido ao TMO é de grande importância para per-
mitir cuidados intensivos decorrentes da terapêutica,
tais como: administração de grande quantidade de dro-
gas e fluidos, de nutrição parenteral total e de hemo-
derivados, coleta repetida de exames e monitorização
de pressão venosa central(8,9,10). Segundo Toyonaga
et al.(8), sua escolha se deve às vantagens que ofere-
ce: facilidade de manuseio e manutenção, longa per-
manência, conforto e baixo risco de complicações.
Os catéteres semi–implantados de longa per-
manência são de borracha siliconizada, flexível,
radiopacos, têm paredes espessas e os modelos po-
dem ser de uma via dupla ou tripla vias. Todos têm um
manguito de dracon, que fica cerca de 5 cm acima
(proximal) do ponto de saída, cuja finalidade é fixá-lo
através de um processo fibrose em torno do manguito,
impedindo sua movimentação e diminuindo o risco de
infecção bacteriana ascendente. De modo geral, o pon-
to de saída destes cateteres localiza-se na região aci-
ma do mamilo, de onde, por penetração da pele, segue
então por um túnel subcutâneo até a veia desejada (a
cefálica, jugular interna ou subclávia). Este catéter
pode ser introduzido na veia safena até a cava inferi-
or, exteriorizando-se na região hiogástrica ou inguinal.
A cicatrização dos cateteres semi-implantáveis
ocorre entre 2 a 4 semanas, podendo permanecer in
loco durante varias semanas e ate meses. A sua reti-
rada é fácil, por simples tração.
2.1.1. Implante do catéter de longa perma-
nência
A implantação do catéter é realizada pela equi-
pe médica, através de dissecção da veia jugular ex-
terna, jugular interna ou cefálica. Utiliza-se técnica
asséptica cirúrgica rigorosa, sob anestesia local em
adultos e anestesia geral em crianças com idade infe-
rior a 12 anos. A veia selecionada depende do calibre
do catéter indicado para cada paciente. Isolada a veia,
é aberto um túnel subcutâneo usando-se um trocáter
a partir da primeira incisão (na entrada do catéter) até
um local no tórax ao nível do quarto e quinto espaços
intercostais, na linha hemiclavicular, onde a segunda
incisão (orifício de saída do catéter) foi feita. O anel
de drácon é posicionado no túnel subcutâneo, entre as
duas incisões, sobre um espaço intercostal. O catéter
é inserido e posicionado na entrada do átrio direito e
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JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
se faz a sutura da incisão no orifício de saída do túnel
do catéter, com um ponto único, com o objetivo de
fixar o catéter até a completa fibrose do anel de
dracron no tecido subcutâneo(9). Para controle da po-
sição do catéter, utiliza-se a radioscopia.
2.1.2. Cuidados com o catéter
Segundo Bonassa (1992)(10), são três os princi-
pais cuidados com o catéter de longa ressonância: o
curativo, a heparinização e a troca da tampa. Na nos-
sa Unidade, adotamos o seguinte esquema para cada
um desses cuidados:
2.1.2.1 Curativo
O curativo é realizado pelo enfermeiro, diaria-
mente após o banho ou mais freqüentemente, caso
seja necessário. Nos primeiros três dias após o im-
plante do catéter, orientamos ocluir o local durante o
banho. Utilizamos para assepsia a Clorexidina alcoó-
lico (Riohex ou Chlorohex) embebida em gaze esté-
ril, aplicando-a ao redor da inserção do catéter, atra-
vés de movimentos circulares, repetindo três vezes,
trocando a gaze a cada vez. A água oxigenada só é
utilizada caso haja presença de sangue. Após o pro-
cedimento, o local é ocluído com gaze estéril fazendo-
se a fixação com esparadrapo ou micropore. Os pon-
tos devem ser retirados pelo enfermeiro, a partir do
sétimo dia de colocação do catéter.
No caso de alta da unidade de transplante, ori-
entamos o paciente e a sua família a higienizar o local
do catéter com sabonete neutro durante o banho diá-
rio. Nos retornos ambulatoriais realizamos o curativo
conforme a técnica descrita acima.
Os frascos (amotolias) e as soluções utilizadas
para o curativo do catéter sáo trocados semanalmente.
2.1.2.2 Heparinização
Na heparinização das vias do catéter, utiliza-
mos 3 ml de solução de heparina, contendo 300 uni-
dades, em cada via. Caso o catéter não esteja sendo
utilizado, devemos trocar a heparina a cada 7 dias. O
paciente e/ou familiares não devem realizar esse pro-
cedimento em casa.
2.1.2.3 Sistema Inter-Link
No nosso serviço, utilizamos um sistema cha-
mado “Inter-link” com conector “Luer-lock” a fim de
diminuir o risco de infecção no catéter. Com essa pa-
dronização, mantemos o manuseio do catéter em um
sistema fechado, sendo trocado todo o sistema e os
equipos de soros a cada 72 horas, sendo apenas os
equipos de Nutrição Parenteral Total (NPT) trocados
a cada 12 horas.
2.1.3. Técnica de coleta de sangue
A coleta de sangue pelo catéter para exames
de rotina é realizada do seguinte modo :
– Aspirar e desprezar 5 ml de sangue em adul-
tos e 3 ml em crianças. Em seguida, coletar a quanti-
dade necessária de acordo com o exame;
– Coletar sangue sempre da via que esteja
heparinizada;
No caso de estar havendo infusão de soro,
medicações, hemoderivados e NPT (Nutrição Paren-
teral Total), interromper a infusão fechando a via do
catéter, lavar com solução salina isotônica ou água
destilada (20 ml em adultos e 10 ml em crianças).
Aguardar um minuto, aspirar e desprezar 5 ml de san-
gue em adulto e 3 ml em crianças, coletar a quantida-
de necessária para realização do exame e retornar a
infusão interrompida.
2.1.4. Complicações dos catéteres de longa per-
manência
A implantação e utilização de catéteres de lon-
ga permanência envolvem riscos de complicações
normalmente associados com a punção venosa cen-
tral, falhas mecânicas e infecções, sendo as mais co-
muns: fratura, obstrução e deslocamento do catéter,
extravazamento de medicamentos, hematomas,
embolia gasosa, pneumotórax, hemotórax, hidrotórax,
perfuração ou laceração de vasos ou vísceras,
tamponamento cardíaco, arritmia cardíaca, lesão do
plexo braquial, intolerância ao catéter, trombose ve-
nosa, inflamação e necrose da pele(8/12) (Tabela I).
Tabela I - Principais complicações dos catéteres
venosos de longa permanência
Infecção do sítio externo
Infeção do túnel (tunelite)
Fratura, obstrução e deslocamento do catéter
Extravazamento de medicamentos
Pneumotórax, hemotórax, hidrotórax
Trombose venosa
Hematoma
Inflamação ou necrose da pele
Arritmia cardíaca
467
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
A mucosite começa por volta do período em
que a terapia condicionante foi completada, piora gra-
dativamente, atingindo uma intensidade máxima na
segunda semana pós-transplante, declinando gradati-
vamente até que se resolva completamente, coinci-
dindo com o enxertamento. Assim, o início e a dura-
ção da mucosite correlacionam-se com o curso da
neutropenia e podem ser influenciados pela capacida-
de de metabolizar medicamentos quimioterápicos com
potencial estomatotóxico, como o metotrexate. O uso
de ácido folínico após o metotrexate pode reduzir sua
toxicidade e a gravidade da mucosite.
O modelo patobiológico da mucosite foi proposto
por Sonis em 1988(16), na tentativa de resumir o co-
nhecimento atual acerca da injúria nas barreiras
mucosas (mucosal barrier injury, MBI) oral e gas-
trointestinal. Este modelo descreve quatro sucessivas
fases do processo: a fase inflamatória, que ocorre logo
em seguida ao condicionamento (fase 1), seguida do
comprometimento epitelial, 4 a 5 dias após (fase 2),
evoluindo para ulceração e proliferação microbiana,
geralmente na 2a semana após a agressão, coincidin-
do com o pico da neutropenia (fase 3) e resolvendo-
se com cicatrização, caracterizada por renovação
epitelial, recuperação da contagem de leucócitos e
reestabelecimento da flora microbiana local (fase 4).
Alguns fatores pré-existentes comuns estão
associados ao aumento do risco de complicações orais
após o condicionamento, como doenças orais prévias,
incluindo periodontite, higiene oral ineficaz, restaura-
ções defeituosas, próteses instáveis, presença de dis-
positivos ortodônticos ou outras fontes de irritação da
mucosa, como drogas e alimentos irritantes(15).
Infecções orais desempenham um importante
papel na evolução da mucosite e estão intimamente
associadas ao processo. Podem acometer os dentes,
a gengiva e a mucosa e ter etiologia bacteriana, viral
ou fúngica. Infecções bacterianas de partes moles
podem afetar qualquer parte da boca, sendo frequen-
tes as gengivites nos pacientes com periodondite pré-
existente e a infecção da mucosa bucal secundária à
desintegração e ulceração. Segundo Sonis(16), essas
infecções devem sempre ser consideradas mistas, por
gram-positivos e gram-negativos, incluindo anaeróbios.
Usualmente aparecem perfurações profundas na
mucosa, com áreas necróticas, levando o paciente a
sentir grande desconforto. As glândulas salivares, prin-
cipalmente as parótidas, podem ser infectadas (por
estafilococos ou estreptococos) em decorrência da
estase salivar. Boa hidratação e estímulo da secreção
Dentre as complicações, a mais importante e
que pode ser limitante do uso do catéter, é a infecção.
Ela ocorre predominantemente no sítio externo, com
a presença de eritema, edema, induração de até 2 cm
do sítio de inserção ou secreção purulenta, ou no tú-
nel com eritema, edema e induração ao longo do tra-
jeto subcutâneo, atingindo mais de 3 cm do sítio de
inserção do cateter(11).
Assim, há necessidade de obedecer, rigorosa-
mente, os princípios gerais de assepsia no manuseio
do catéter contribuindo também para o controle de in-
fecções. Essas medidas devem ser tomadas de uma
forma conjunta, num complexo de atividades funda-
mentadas em instalações adequadas e executadas
dentro de rigorosa técnica asséptica. A desobediência
a uma das técnicas, como por exemplo, na lavagem
das mãos, pode levar à transmissão de infecção, mes-
mo diante de todo avanço tecnológico. A conscienti-
zação e a educação continuada da equipe de saúde,
quanto à importância do manuseio adequado do catéter,
seguindo uma padronização de rotinas, são fatores que
diminuem o risco de complicações, proporcionando uma
assistência com qualidade ao paciente.
2.2. Assistência de enfermagem a mucosite
2.2.1. Considerações gerais sobre mucosite
pós-TMO
Em decorrência do regime de condicionamento
mieloablativo, onde são utilizados agentes quimioterá-
picos ou radioterápicos bastante agressivos, a maioria
dos pacientes submetidos ao TMO tem, como uma
das suas complicações iniciais mais comuns, o apare-
cimento de mucosite. Outras complicações orais pós-
transplante incluem sangramentos, infecções, xeros-
tomia e perda do paladar, que interferem significativa-
mente na alimentação, no bem-estar e na auto-ima-
gem do paciente(13).
Segundo Sandow & Baughman (1994)(14), mu-
cosite é um termo geral para descrever um estado de
irritação da mucosa oral que inclui eritema, inflama-
ção, ulceração e infecção. Já segundo Rodriguez
(2000)(15), mucosite é uma inflamação que pode ocor-
rer em qualquer parte da mucosa de revestimento do
trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus. As le-
sões predominam na mucosa jugal, em que a capaci-
dade de renovação das células epiteliais está mais
comprometida. Outras mucosas de revestimento, como
as do trato respiratório e gênito-urinário, podem tam-
bém ser envolvidas, em situações muito especiais.
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JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
salivar com pedras de gelo, picolés e pastilhas de li-
mão sem açúcar podem prevenir estas infecções.
As infecções fúngicas orais mais comuns pós-
TMO são causadas por Candida albicans, produzin-
do placas brancas elevadas em qualquer parte da boca,
podendo disseminar para o esôfago, causando disfagia,
para os pulmões, causando pneumonite ou para a cor-
rente sanguínea. Infecções virais por Herpes simplex
são bastante comuns na cavidade oral, surgindo como
lesões vesiculares agrupadas que podem ulcerar rapi-
damente. Estas lesões são observadas frequentemente
no pálato e, muitas vezes, são unilaterais, podendo
haver apenas eritema. Adequada higiene oral e profi-
laxia antimicrobiana, local ou sistêmica, podem ajudar
a prevenir as infecções orais e reduzir a gravidade da
mucosite.
Sangramentos, às vezes difíceis de controlar,
ocorrem frequentemente, tanto nas margens gengivais,
como nas lesões da mucosa. Além da transfusão de
plaquetas, medidas locais incluem a aplicação tópica
de gelo, e de pressão local com gaze embebida com
trombina. Além da dor produzida pela ulceração da
mucosa, que costuma ser muito intensa e degradante
para o paciente, o envolvimento dos nervos bucais pela
mucosite pode causar dor odontogênica, semelhante
à pulpite, de início agudo, unilateral e também muito
incômoda para o paciente.
2.2.2. Cuidados de enfermagem para a mucosite
Um dos principais objetivos do tratamento de
pacientes submetidos à terapia oncológica, incluindo
os submetidos ao TMO, deve ser a prevenção de com-
plicações da quimio e radioterapia. Em relação às con-
dições da cavidade oral, os pacientes devem ser ava-
liados préviamente ao transplante para se identificar
os fatores de risco para mucosite grave, principalmente
a presença de lesões estabelecidas e o conhecimento
e adesão do paciente à prática da higiene oral. Ideal-
mente, esta avaliação deve ser feita pelo dentista e
complementada pelo enfermeiro e pelo médico.
Ao se iniciar o condicionamento, a avaliação
diária da cavidade oral, pelo médico e pelo enfermei-
ro, bucará identificar alterações objetivas e subjetivas
da mucosa, sugestivas de mucosite ou infecção e
monitorizar a eficiência das medidas de higiene em-
pregadas pelo paciente. Vários sistemas, descritivos
ou quantitativos, têm sido sugeridos para medir a gra-
vidade da mucosite(17,18).
Em nossa Unidade Charão, et al. em 1999(18a), ava-
liaram a integridade das cavidades intra e extrabucais
e através de suas caracteristicas (coloração, vascula-
rização, lubrificação, integridade, lesões, edemas, san-
gramento e dor), além das alteraçoes da voz, presen-
ça de náuseas e vômitos, analgesia e aceitação ali-
mentar, encontraram alto percentual de acometimen-
to das diferentes estruturas orais durante o período de
mucosite após o transplante de medula ossea.
Estabelecida a mucosite, a higiene oral deverá
se ajustar à natureza das lesões, buscando-se remo-
ver os tecidos necróticos sem agravar o dano tecidual.
Para isto, são utilizadas escovas dentais macias, es-
ponjas e compressas, ao lado de tratamento tópico com
soluções salinas, anestésicos e lubrificantes. Em nos-
sa Unidade, empregamos uma solução. (“Fórmula para
Mucosite”), contendo um anti-inflamatório (benzida-
mida), um antifúngico (nistatina) e um anestésico
(neututocaína).
Em consequência da dor e da inflamação oral,
a mucosite contribui significativamente para reduzir a
ingestão alimentar no período pós-transplante imedia-
to. Neste período, devem ser evitados alimentos irri-
tantes, condimentados, picantes ou cítricos, de consis-
tência espessa ou áspera, que podem causar abrasão
na mucosa oral. Alimentos frios e líquidos são melhor
tolerados. Quando o paciente não consegue ingerir as
calorias necessárias ao seu metabolismo, usa-se a ali-
mentação parenteral total (vide Secção 3).
Em relação aos sintomas da mucosite, a aten-
ção à dor é prioritária, através de medicações tópicas,
orais ou parenterais, dependendendo da gravidade do
processo e da capacidade de deglutição do paciente.
Mucosite severa, acompanhada de extensas ulcera-
ções, geralmente produz dor intensa que exige o uso
de narcóticos por via endovenosa (geralmente mepe-
ridina 10-20 mg ou morfina 1-2 mg, inicialmente em
bolo a cada 2 a 4 horas ou por infusão contínua con-
trolada por bomba de infusão). Podem ser usados tam-
bém fentanil, cujos efeitos são similares aos da morfi-
na, e o tramadol. Apesar de prescrita pelo médico, o
ajuste da dose dos narcóticos é feito em conjunto pelo
enfermeiro e o próprio paciente, levando-se em conta
a intensidade dos sintomas e dos efeitos colaterais,
principalmente sobre o estado de consciência e sobre
a função respiratória.
Assim, a presença constante do enfermeiro,
nesta fase, é indispensável para avaliação das con-
dições clínicas do paciente, sua resposta terapêutica
e, não menos importante, para proporcionar-lhe su-
porte emocional, através da empatia, toque e confor-
tamento. De fato, a mucosite representa, em geral, o
469
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
primeiro grande impacto sintomático do período pós-
transplante e o paciente experimenta, neste período,
sentimentos intensos de medo, tristeza, irritação e in-
segurança, necessitando de assistência de enferma-
gem individual e constante. Mesmo após a superação
desta fase, o desconforto da mucosite permanece, para
o paciente, como uma das experiências mais marcan-
tes do TMO.
Outro aspecto fundamental do manejo terapêu-
tico do paciente com mucosite, no qual a equipe de
enfermagem desempenha um papel relevante, é a
educação do paciente e seus familiares para conhe-
cerem os sintomas a que estarão sujeitos, os fatores
de riscos e, principalmente, participarem dos cuidados
dispensados. Em decorrência do estreito convívio man-
tido com o paciente e seus familiares, o enfermeiro
tem a oportunidade e a responsabilidade de instruí-los
sobre o que esperar do procedimento e como colabo-
rar para seu sucesso, após avaliar o contexto intelec-
tual e social em que estão inseridos.
Apesar de todo o tempo e atenção dispensados
à educação do paciente no seguimento ambulatorial
prévio ao transplante, nas reuniões pré e pós-interna-
ção, observa-se comumente a atitude de negação e
regressão do paciente diante das complicações do
TMO, a primeira das quais costuma ser a mucosite.
A fim de entender melhor este processo, desenvolve-
se atualmente na Unidade de TMO do HCFMRPUSP
um projeto de investigação sobre o significado da
mucosite para o paciente, à luz da teoria comunica-
cional de Morris (1976)(18b) e a identificação deste pro-
cesso e suas conseqüências pela enfermagem ao in-
teragir com o paciente. Uma vez completado, este pro-
jeto poderá estabelecer estratégias que visam a aju-
dar o paciente a conceituar adequadamente seus pro-
blemas e a enfrentá-los, participando no desenvolvi-
mento de auto-cuidados.
3. ASPECTOS NUTRICIONAIS DO TRANS-
PLANTE DE MEDULA ÓSSEA
3.1. Introdução
A terapia nutricional enteral e parenteral é am-
plamente utilizada, por várias razões, sendo uma das
mais importante, o fato de que má-nutrição é comum
em paciente hospitalizado e submetido ao transplante
de medula óssea (TMO)(19,20). Durante o curso do
TMO ocorrem, rotineiramente, dois fatos distintos e
simultâneos que irão interferir no estado nutricional
dos pacientes, a diminuição da ingestão de alimentos
e o o aumento das necessidades metabólicas. Os pa-
cientes submetidos a transplante de medula óssea,
particularmente com doença do enxerto-contra-hos-
pedeiro, podem apresentar anorexia, náuseas e vômi-
tos persistentes, hipogeusia, disgeusia, mucosite, diar-
réia e conseqüente ingestão oral insuficiente de nutri-
entes, com piora do estado geral e nutricional(21-23). A
diminuição da ingestão de alimentos decorre princi-
palmente da terapia de citorredução, onde altas doses
de drogas quimioterápicas, analgésicos e antibióticos
são administrados, causando náuseas, vômitos repeti-
tivos, de difícil controle e alteração da salivação. Ocor-
re hipogeusia e disgeusia(22); além do aparecimento
da mucosite dolorosa na região de orofaringe e esôfago
em decorrência também da citorredução. A função
intestinal é alterada, resultando em má absorção e,
como resultado, ocorre diarréia aquosa na primeira
semana pós-quimioterapia(21). Essa terapia de citorre-
dução causa uma neutropenia profunda por 12 a 21
dias e, neste período, há maior susceptibilidade a in-
fecções por bactérias e fungos(24). Devido à neutro-
penia, os pacientes ficam internados em sistema de
isolamento protetor com o máximo de cuidados nas
técnicas de assepsia e, com relação à alimentação,
esta também deve conter o mínimo de bactérias para
evitar infecção que pode ser veiculada através dos
alimentos.
De maneira específica, a manutenção de um
bom estado nutricional é especialmente importante em
todo processo do TMO, sendo a oferta adequada de
nutrientes objeto freqüente de estudos e aparentemen-
te fundamental para o sucesso do procedimento(25).
Entende-se como oferta adequada a ingestão/infusão
de nutrientes necessários para manutenção do meta-
bolismo protéico e energético, em situação de trauma,
sem no entanto, ser necessário suplementos extras.
Em especial, há boa correlação entre a ingestão cor-
reta de alimentos e melhor tolerância a quimioterapia,
radioterapia, manutenção da massa corpórea magra,
recuperação dos tecidos lesados e diminuição do ris-
co infeccioso(25). Por outro lado, a suplementação
nutricional, além das necessidades, parece não alterar
a sobrevida, durantes os primeiros 150 dias pós-trans-
plante, de portadores de leucemia mieloide aguda, sub-
metidos a transplante de medula óssea(26).
Em todas as fases do TMO (pré-transplante,
citorredução, pós-transplante e pós-alta), são neces-
sárias a identificação e prevenção da desnutrição e a
conseqüente oferta de nutrientes de acordo com esta-
470
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
mento do estado nutricional, os quais, quando presen-
tes, estão relacionados com maior fator de risco glo-
bal para o paciente.
3.3. Terapia Nutricional no TMO
Em todas as fases de tratamento, a dieta deve
ser balanceada, isto é, a oferta energética deve ser
adequada para o peso e altura do paciente, a oferta
protéica deve conter proteínas digeríveis com todos
os aminoácidos essenciais, além de incluir minerais e
vitaminas. Sempre que possível, os hábitos do pacien-
te devem ser respeitados.
Durante a internação, a dieta oferecida terá
condições de preparo, limites e composição especiais,
muitas vezes ela é conhecida como dieta de “citorre-
dução”. Esta dieta é oferecida quando o número de
glóbulos brancos é inferior a 500 /mm3. Nela, são ex-
cluídas preparações com ovos e carnes em geral, cru-
as ou cozidas de maneira inadequada. O leite não pas-
teurizado, bem como frutas naturais e queijos prepa-
rados com leite não pasteurizado, também são excluí-
dos. Alimentos trazidos pelos familiares também não
são recomendados. Em todas estas situações de ex-
clusão, os alimentos podem conter agentes patogênicos
infecciosos indesejáveis.
Nos pacientes que apresentam doença do en-
xerto-contra-hospedeiro, com maior envolvimento do
trato gastrintestinal, Gavreau-Stern et al.(28) recomen-
dam que a terapia nutricional seja feita em cinco está-
do nutricional do paciente, com um controle rigoroso
da ingestão de alimentos. Na Unidade de Transplante
de Medula Óssea (UTMO) do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-Univer-
sidade de São Paulo, o acompanhamento nutricional
dos pacientes internados é feito por nutricionista, em
conjunto com a equipe multiprofissional responsável
pelo atendimento global do paciente. O nutricionista,
ao lado da equipe médica, faz a avaliação e a adequa-
ção da ingestão alimentar, sugere o início da terapia
nutricional quando a alimentação por via oral não sa-
tisfaz as necessidades e participa da reunião diária
junto com a equipe multi-profissional para discussão
das condutas adotadas. O principal objetivo do atendi-
mento nutricional é manutenção e/ou recuperação do
estado nutricional, minimizando ou evitando a perda
de peso e as deficiências nutricionais decorrentes da
terapia de citorredução. Vista também a implementar
um plano dietoterapêutico que atenda às exigências
individuais do paciente, evitando a desnutrição e suas
complicações.
3.2. Identificação da desnutrição
A terapia nutricional agressiva é geralmente
oferecida ao paciente identificado como portador de
má-nutrição, naqueles em que se prevêem períodos
de oferta insuficiente de nutrientes, ou ainda, naque-
les que serão submetido a trauma orgânico intenso,
resultando em perda de massa corporal. A identifica-
ção do paciente desnutrido é feita com base de crité-
rios objetivos, obtidos por meio da história clínica ali-
mentar, exame físico, antropometria e exames bioquí-
micos, destacando-se as medidas antropométricas,
como peso e pregas cutâneas, e a albuminemia. Não
existe um simples medida, altamente específica e sen-
sível, para desnutrição. A história clinica de perda
ponderal progressiva, sem causa aparente, é, muitas
vezes, um dos fortes indicadores de risco de má-nutri-
ção. A magnitude do trauma a que será submetido o
paciente também é indicador importante de risco.
Quanto mais grave o estado nutricional pregresso,
maior o benefício demonstrado da terapia nutricional.
Paralelamente, o aumento das necessidades metabó-
licas ocorre em presença de febre, infecções e, prin-
cipalmente, na presença da doença do enxerto contra
o hospedeiro (GVHD). Nestes casos, há envolvimento
do trato gastrintestinal, que resulta em náuseas, vô-
mitos, diarréia, anorexia, perda de peso e má absor-
ção, comprometendo o estado nutricional(27). A tabela
II apresenta indicadores importantes do comprometi-
Tabela II - Identificação do paciente desnutrido*
1. Perda progressiva de peso sem razão aparente.
2. Perda de mais de 10% do peso usual.
3. Previsão de período de hipermetabolismo duradouro.
4. Índice de massa corporal menor que 18 kg/m2.
5. Albuminemia menor que 2,8 g/dL
6. Náuseas e vômitos mantidos que impossibilitem in-
gestão oral de alimentos.
7. Diarréia / disenteria mantida.
8. Previsão de período de ingestão de nutrientes menor
que 1000 kcal/dia maior que 7 dias em pacientes
com índice de massa corporal prévio maior que 18
kg/m2. Quando este índice for inferior a 18, não
esperar por mais de 5 dias. Naqueles pacientes que
tiverem valores menores que 15 kg/m2, iniciar a
terapia nutricional imediatamente.
* Considerar como de alto risco para desnutrição todo
paciente que apresentar pelo menos um dos itens listados
471
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
gios progressivos: 1) Nutrição parenteral total; 2) In-
trodução de líquidos isotônicos livres de lactose e re-
síduos; 3) Introdução de alimentos sólidos sem lactose,
fibra, gordura e irritantes gástricos; 4) Introdução de
alimentos sólidos com aumento de gorduras e 5) In-
trodução dos alimentos restritos, um por dia, até al-
cançar a dieta habitual. Interrompe-se a nutrição pa-
renteral quando a oferta via oral for no mínimo meta-
de do planejado. A progressão de um estágio para o
outro é avaliada clinicamente pela melhora da
sintomatologia e dos sinais clínicos apresentados pe-
los pacientes.
A utilização de nutrientes específicos com efei-
tos imunofarmacológicos é um dado promissor para o
futuro. Entre estes fatores, destaca-se o uso da gluta-
mina. Assim, a oferta de glutamina em um estudo re-
sultou em menor nível de infecção e menor tempo de
hospitalização(29). Por outro lado, em outra investiga-
ção(30), o uso de 10 g de glutamina, 3 vezes por dia,
por via oral, ou 0,57 g/kg por via parenteral, não resul-
tou em diferenças, quando comparado com placebo,
nos seguintes índices: dias totais de hospitalização,
permanência hospitalar após o transplante, dias totais
de nutrição parenteral, tempo para recuperação do
número de neutrófilos (>500/mm3), incidência de
hemoculturas positivas, sepse, mucosite e diarréia.
Porém, somente 1 em 10 pacientes que receberam
glutamina apresentaram GVHD, e no grupo controle,
3 em 10.
Considerando que a terapia nutricional paren-
teral é freqüentemente utilizada como via de terapêu-
tica nutricional nestes pacientes, é sempre importante
considerar os fatores mais associados a maior risco
de contaminação do catéter venoso central, ou seja,
pela ordem: pacientes submetidos a transplante de
medula óssea, a própria nutrição parenteral, o uso do
catéter para outras terapias e utilização de cateteres
multi-lúmen(31) (veja secção 2.1.).
3.4. Terapia Nutricional na Unidade de Trans-
plante de Medula Óssea da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto (UTMO-RP)
O nutricionista, sob supervisão e responsabili-
dade médica, é responsável pela avaliação e evolução
nutricional do paciente, bem como pela alimentação
oferecida durante a internação na UTMO-RP, tanto
no que se refere à supervisão das técnicas de preparo
e da qualidade final, quanto da satisfação do paciente
e adequação para manutenção do estado nutricional
durante o período de internação.
Na UTMO-RP, o plano alimentar é personali-
zado, de acordo com a história alimentar prévia e o
estado nutricional atual. A alimentação oferecida aos
pacientes atende às necessidades calóricas e protéicas
e é ajustada de acordo com a aceitação e tolerância.
A atuação do nutricionista se inicia na reunião de in-
ternação, seguida da avaliação nutricional, composta
da história e anamnese alimentar, antropometria e es-
tabelecimento das necessidades nutricionais, do pla-
nejamento alimentar e do plano dietético durante a in-
ternação e após alta, incluindo aí a presença ou não
de GVHD.
3.4.1. Reunião de internação
Primeiramente, o nutricionista participa da reu-
nião de internação junto com a equipe multiprofissio-
nal. Nesta reunião, o paciente conhece toda a equipe
e recebe orientações sobre as rotinas e condutas ado-
tadas. As informações com relação à alimentação que
se destacam nesta reunião são:
– Função do nutricionista junto à equipe multi-
profissional
– Horário das refeições servidas ao paciente e
acompanhante.
– Importância do bom estado nutricional durante
o período de internação.
– Alimentação com o mínimo de bactérias (sem
alimentos crus, ou de procedência duvidosa), conse-
qüentemente, é explicado porque são proibidos alimen-
tos que não foram preparados pelo Serviço de Nutri-
ção e Dietética da UTMO.
– Controle da ingestão calórico-protéica.
– Indicação da terapia nutricional adequada.
3.4.2. Avaliação nutricional
A avaliação nutricional é realizada, rotineira-
mente, no ato da internação, porém se, nas consultas
de preparação para o TMO, for detectada alteração
do estado nutricional, seja por deficiência ou excesso
de peso corporal, o paciente é encaminhado ao nutri-
cionista. Este realiza, então, avaliação completa do
paciente, indicando a terapia nutricional mais adequa-
da para ajuste do peso corporal, oferecendo uma ali-
mentação balanceada. Os principais itens do protoco-
lo de avaliação nutricional são discutidos a seguir.
3.4.2.1 História clínica
Na história clínica do paciente existem dados
importantes para se conhecer seu estilo de vida e seus
hábitos pessoais que serão necessários para o plane-
472
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
jamento alimentar e para sua orientação no período
da alta hospitalar. Estes dados são: diagnóstico, tipo
de transplante (autólogo ou alogênico), procedência,
grau de instrução, profissão, condição sócio-econômi-
ca, atividade física habitual, aspecto da dentição ou
uso de prótese dentária e hábito intestinal. Também
são considerados os fatores de risco de desnutrição
apresentados na Tabela II, em especial, a história de
perda ou ganho recente do peso corporal.
3.4.2.2 Anamnese alimentar
A anamnese alimentar consiste de um interro-
gatório sobre o dia alimentar habitual do paciente, com
o intuito de obter informações que irão auxiliar no
planejamento e adequação alimentar durante o perío-
do de internação e para orientação da alta hospitalar.
Destaca-se, nesta anamnese, a freqüência da inges-
tão dos alimentos, o fracionamento da alimentação, a
quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos em cada
refeição, crenças e tabus e/ou preferências e intole-
râncias alimentares.
3.4.2.3 Dados antropométricos
São necessários para a classificação do estado
nutricional(32-33). Estes dados são: sexo, idade, estatu-
ra, peso corporal atual, índice de massa corporal e
pregas cutâneas (tríceps, circunferência do ponto
médio do braço e da musculatura do braço). Em cri-
anças faz-se a relação do peso corporal com a estatu-
ra e estatura com a idade.
3.4.2.4 Necessidades nutricionais
Para estimativa da necessidade calórica em
adultos, usa-se a equação de Harris & Benedict(34),
que vai calcular o gasto energético basal (GEB) e o
gasto energético total (GET), multiplicando-se o GEB
pelo fator atividade 1,2 ou pelo fator injúria 1,2 a 1,7,
dependendo da intensidade do trauma(35). Em crian-
ças e adolescentes, o gasto energético total (GET) é
estimado por meio de tabelas apropriadas(36). As re-
comendações sobre oferta de proteínas vão depender
da idade do paciente e do peso corporal ideal espera-
do para estatura (Tabela III).
3.4.3. Plano alimentar
O plano alimentar é elaborado individualmente
por meio de dados colhidos na anamnese alimentar. A
alimentação oferecida aos pacientes deve atender às
necessidades calóricas e protéicas e ser ajustada de
acordo com a aceitação e tolerância do paciente, mas
dentro do padrão e disponibilidade hospitalar. A ali-
mentação é preparada com alimentos cozidos adequa-
damente, líquidos fervidos, alimentos industrializados
(pasteurizados ou esterilizados), visando oferecer ao
paciente alimentos com o mínimo de agentes
patogênicos indesejáveis. São proibidos alimentos in
natura ou crus ou ainda de procedência duvidosa.
Estes cuidados se devem ao fato da terapia de citorre-
dução deixar o paciente imunodeprimido, isto é, mais
susceptível a infecções que podem ser veiculadas pe-
los agentes patogênicos contidos nos alimentos.
3.4.3.1 Alimentação com o mínimo de agentes
patogênicos infecciosos
Na UTMO, os pacientes internados recebem
cinco refeições ao dia (desjejum, almoço, lanche, jan-
tar e complemento da noite). Todos os alimentos ofe-
recidos passam pelo processo de cocção (cozidos, fri-
tos, grelhados ou assados) e os líquidos são fervidos
ou autoclavados.
Para o desjejum, lanche e complemento da noi-
te foram elaborados jogos de cardápios com opções
que atendem às diferentes dietas prescritas ou que
atendem as preferências individuais. Os alimentos são
preparados por funcionário devidamente paramentado
com avental, luvas e máscara. Após o preparo, são
fracionados em embalagens descartáveis identificadas
com etiquetas contendo data e nome do paciente e
envoltas em sacos plásticos para proteção. Essa pro-
teção é retirada na ante-sala. Os líquidos quentes
como, por exemplo, leite, chá e café são dispensados
em garrafas térmicas para a manutenção da tempe-
ratura e também envoltas em sacos plásticos. As re-
feições do almoço e jantar são preparadas no Serviço
de Nutrição e Dietética do hospital e, tão logo estejam
Tabela III - Recomendações de oferta protéica em
pacientes submetidos ao transplante de medula
óssea
Idade (anos) Proteína oferecida
(g/Kg de peso corpóreo ideal)
adultos > 19 anos
15 - 18
11 - 14
7 - 10
4 - 6
1 - 3
1,5
1,8
2,0
2,4
2,5 - 3,0
2,5 - 3,0
473
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
prontas, são colocadas em recipientes de alumínio
(marmitex), fechados com tampa própria, identifica-
dos e levados ao forno elétrico pré-aquecido por 10
minutos para que mantenha a temperatura sem facili-
tar o crescimento bacteriano. Ao sair do forno, o
marmitex é colocado em uma bandeja, também en-
volta em saco plástico, que é também usado para os
talheres descartáveis.
A água para beber passa pelo processo de
autoclavagem em frascos de vidro com capacidade
de 2 litros. Após resfriamento, são também envoltos
em sacos plásticos e guardadas no refrigerador. Para
ingestão de líquidos, são fornecidos copos descartáveis.
3.4.3.2 Alimentos Proibidos
Além dos cuidados de higiene pessoal do mani-
pulador de alimentos, do ambiente e dos utensílios, al-
guns alimentos são proibidos, tais como: leite e deriva-
dos in natura e não pasteurizados; carnes de boi, por-
co, peixe e aves cruas ou mal passadas; ovos quentes
(clara e gema mal cozidas) ou ovos fritos de consis-
tência mole; salsicha, bacon, lingüiça, presunto, mor-
tadela, defumados crus ou mal cozidos; ervas aromá-
ticas, por exemplo, orégano, pimenta, manjericão,
cominho e chás; frutas frescas cruas; verduras e hor-
taliças cruas; bolos e doces recheados com cremes,
compotas, nozes, amendoim; produtos de panificação,
como: pães recheados, pizzas, salgados em geral, tor-
tas, doces e biscoitos recheados; sucos de frutas e
vegetais crus; mel não pasteurizado e cru; alimentos
de fabricação caseira (sem certificado de qualidade).
3.4.4. Registro alimentar
A ingestão alimentar dos pacientes é avaliada
diariamente através de um impresso próprio de regis-
tro alimentar, onde os pacientes ou seus acompanhan-
tes descrevem o horário e a quantidade de cada ali-
mento que foi ingerido durante o dia. Com este regis-
tro, faz-se o cálculo de calorias e proteínas por meio
de tabela de composição de alimentos. Quando o cál-
culo da ingestão for menor que a necessidade do pa-
ciente, tenta-se incrementar com complementos ou
suplementos nutricionais, tais como Sustagen, mingau
enriquecido com gema de ovo, Mucilon, aveia, farinha
láctea, fubá, maisena ou outras farinhas, sopas
enriquecidas com módulos de proteínas ou de hidratos
de carbono, uso de dieta enteral com sabor por via
oral, etc. Naqueles pacientes que é detectada inges-
tão de nutrientes aquém as suas necessidades, inicia-
se a terapia nutricional precocemente, isto é, antes do
dia do TMO.
3.5. Terapia nutricional parenteral
A terapia nutricional enteral não é utilizada no
período pós-citorredução imediato, devido às compli-
cações, como náuseas, vômitos, diarréia, mucosite e
esofagite. Preferencialmente, a terapia nutricional é
feita pela nutrição parenteral total (NPT) e é iniciada
quando a ingestão alimentar, por via oral, for inferior a
60% do GET por 3 a 5 dias, acompanhada de perda
de peso corporal ou de GVHD intestinal confirmado
por exame endoscópico e biopsia(25).
A terapia nutricional via parenteral(35) é indicada
para todo paciente submetido a transplante de medula
óssea com grave comprometimento do tubo digestivo,
incluindo a mucosite que impeça ingestão oral ou per-
manência de sonda enteral. De uma maneira resumi-
da, o cálculo dos nutrientes(36) necessários é feito a
partir do peso atual do paciente, como apresentado na
Tabela IV. As Tabelas V e VI apresentam recomen-
dações de minerais e vitaminas. A principais compli-
cações da terapêutica estão apresentadas na Tabela
VII e a Tabela VIII mostra os indicadores mínimos a
serem utilizados na monitorização e evolução da tera-
pia nutricional parenteral. Sempre que for necessária
a utilização de soluções contendo hidratos de carbo-
no, lípides, fósforo e cálcio, em um mesmo frasco,
recomenda-se a utilização de filtros para se evitar que
partículas com diâmetro superiores ao da hemácea
entrem em circulação(36a). Estas partículas, em geral,
são compostas de aglomerados de lipídios ou cristais
de fosfato de cálcio amorfo.
A transição da NPT para alimentação via oral
se dá quando houver melhora da mucosite e da neu-
tropenia. Os alimentos são introduzidos conforme a
tolerância do paciente, iniciando com líquidos e ali-
mentos pastosos, evoluindo até a alimentação habitu-
al. A suspensão da NPT deve ocorrer gradativamen-
te diminuindo-se a 1/3 ou 1/2 conforme a aceitação
alimentar. A NPT é suspensa quando a ingestão por
via oral ultrapassar 1000 Kcal/dia ou for maior que
60% do GET(37-40).
3.6. Alta hospitalar
Um dos critérios para a alta hospitalar é que a
aceitação alimentar por via oral esteja adequada. Os
pacientes então recebem orientação dietética por es-
crito, que visa a uma alimentação fracionada, conten-
do todos os grupos de alimentos, sendo reforçada a
importância da ingestão de líquidos, e o preparo de
alimentos com o mínimo de bactérias por até 100 dias
após o transplante alogênico ou até 60 dias no autológo,
474
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
Tabela IV - Seqüência de passos para o cálculo da terapia nutricional parenteral
Exemplo: paciente de 60 kg
1. Cálculo do peso desejável (PD):
Homem (kg) = 23 x altura2 (m)
Mulher (kg) = 22 x altura2 (m)
2. Oferta protéica inicial = PD x (0,8 a 1,5) g/dia 48 a 90 g/dia
3. Oferta energética, independente da proteína
Gasto basal= PD x 30 kcal/dia
Pacientes c/ trauma leve, aumentar 20-40% além do basal
Pacientes grande trauma, aumentar 60-80% além do basal
4. Oferta de lipídios = PD x (1,0 a 1,5) g/dia 60 a 90 g/dia
5. Oferta de hidratos de carbono = PD x (4 a 5) g/dia 240 a 300 g/dia
6. Minerais e vitaminas (vide tabelas V e VI).
Tabela V - Doses diárias recomendadas de eletrólitos
Neonatos Lactentes/Crianças Adolescentes Adultos
Sódio
Potássio
Cloreto
Cálcio
Fósforo
Magnésio
Zinco
Cobre
Cromo
Manganês
2-5 mEq/kg
1-4 mEq/kg
1-5 mEq/kg
3-4 mEq/kg
1-2 mmol/kg
0,3-0,5 mEq/kg
300 µg/kg
20 µg/kg
0,2 µg/kg
1 µg/kg
2-6 mEq/kg
2-3 mEq/kg
2-5 mEq/kg
1-2,5 mEq/kg
0,5-1 mmol/kg
0,3-0,5 mEq/kg
100 µg/kg
20 µg/kg
0,2 µg/kg
1 µg/kg
50-80 mEq
40-60 mEq
50-220 mEq
10-20 mEq
10-40 mmol
10-30 mEq
2 -5 mg
0,2-0,5 mg
5-15 µg
50-150 µg
50-200 mEq
30-100 mEq
50-220 mEq
3-30 mEq
10-40 mmol
10-30 mEq
2-5 mg
0,5-1,5 mg
10-15 µg
150-800 µg
podendo esse tempo ser prolongado caso paciente per-
maneça neutropênico ou em tratamento para GVHD.
É comum o paciente continuar com disgeusia ou
hipogeusia por mais algum tempo, apresentar dificul-
dade para se alimentar devido náuseas e/ou vômitos,
diarréia, intolerância à lactose e ao glúten; nestes ca-
sos, o paciente recebe um guia contendo sugestões
para melhorar a aceitação alimentar. Por este motivo,
o acompanhamento no ambulatório continua com a
avaliação da ingestão através dos registros alimenta-
res e o controle do peso corporal.
3.7. Doença do Enxerto-versus-Hospedeiro
Aguda Intestinal
A GVHD grave (de graus II a IV), em 50%
dos casos, cursa com envolvimento do trato gastrin-
testinal e apresenta como característica náuseas, vô-
mitos, anorexia, perda de peso, diarréia secretória, al-
teração da motilidade intestinal, dor e má absorção(27).
Neste caso, a terpêutica nutricional é um complemen-
to importante da terapia, a qual deve ser planejada e
caracterizada conforme os sintomas clínicos e a tole-
475
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
Tabela VII - Complicações da terapia nutricional via parenteral.
Primeiras 48 horas Primeiras 2 semanas Tardias
Mecânicas Devidas à inserção do
catéter (Sec. 1.2):
pneumotórax, trauma local,
embolia, perda de sangue,
enfisema subcutâneo, lesão
pulmonar, etc
Deslocamento, torção e
quebra do catéter
Idem
Metabólicas Sobrecarga hídrica,
hiperglicemia,
hipofosfatemia, hipocalemia,
etc.
Coma hiperosmolar não
cetótico, desequilíbrio
ácido-base, alterações
eletrolíticas ( P, Mg, Na, K)
Deficiências de
micronutrientes (Zn, Cu,
Cr, Se, Mb, Fe), de
vitaminas e de ácidos
graxos essenciais. Doença
óssea e hepática
associada à nutrição
parenteral prolongada
Infecciosas Infecção local, no orifício de
entrada ou no túnel (tunelite)
Idem mais sépsis induzida
pela má manutenção ou
uso inadequado do catéter
Idem
Tabela VI - Doses diárias recomendadas de vitaminas.
Vitaminas Neonatos< 1,5 kg Lactentes/crianças Adultos
A - UI
D - UI
E - UI
Tiamina - B1 - mg
Riboflavina - B2 - mg
Niacina - B3 - mg
Ác. pantotênico - B5 - mg
Piridoxina - B6 - mg
Biotina - B7 - µg
Ác. fólico - B9 - µg
Cianocobalamina - B12 - µg
Ác. ascórbico - C - mg
1400
240
4,2
0,72
0,84
10,2
3
0,6
12
84
0,6
48
2300
400
7
1,2
1,4
17
5
1
20
140
1
80
3300
200
10
3
3,6
10-150
15
4
60
400
5
100
476
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
Tabela VIII - Monitorização e indicadores mínimos a serem utilizados na evolução da terapia nutricional
via parenteral.
1. Aspectos gerais: sintomas que sugerem sobrecarga hídrica ou deficiência de líquidos, de glicose, de
eletrólitos, etc. Balanço hídrico.
2. Controle do peso e medidas antropométricas. Peso - kg e altura - m. Cálculo do índice de massa corporal =
IMC = peso/altura2 = kg/m2.
3. Verificação da oferta de nutrientes
4. Cuidados gerais de controle de infecção
5. Monitorização laboratorial. Controle de glicemia e eletrólitos (corrigir clinicamente sempre que necessário)
rância alimentar do paciente(28), em um plano alimen-
tar com cinco estágios distintos, (vide Secção 3.3):
1) Nutrição parenteral total (NPT)
2) Introdução de líquidos isotônicos livres de lactose
3) Introdução de alimentos sólidos sem lactose, fibra,
gordura e irritantes gástricos
4) Introdução de alimentos sólidos com aumento de
gorduras
5) Introdução dos alimentos restritos, um por dia, até
alcançar a dieta habitual
3.7.1. Dieta para GVHD intestinal
O paciente com diagnóstico de GVHD agudo
de grau II a IV com volume de diarréia maior do que
500 ml/dia deve permanecer em jejum por um período
de 3 a 10 dias, recebendo NPT, de acordo com o ex-
posto no item 3.5. Tão logo apresente melhora da di-
arréia, deve iniciar a dieta de evolução, conforme es-
quema exposto abaixo (Tabela IX)(28).
Caso clínico ilustrativo Nº 1
Paciente: L.J.L.V., feminina, branca, 44
anos, portadora de leucemia mielóide crônica em
1a fase crônica, diagnosticada em 8/98, realizado
TMO alogênico HLA-idêntico em 17/01/2000,
enxertia no dia +14 pós-TMO, alta hospitalar no
dia +19.
Avaliação nutricional na internação: Peso
corporal: 60,2 Kg, Estatura: 1,52 m, Peso habi-
tual: 78,0 Kg, IMC: 26,0 Kg/m2 - Classificação:
sobrepeso
Peso ideal esperado: mínimo = 42,7 Kg, má-
ximo = 57,5 Kg, médio = 49,5 Kg.
Necessidade nutricional: Gasto energético
basal: 1250 Kcal, Gasto energético total: 1800
Kcal, Proteínas: 72 g/dia (1,2 g / Kg de peso cor-
poral)
Evolução dietoterápica durante o pós-TMO
imediato:Paciente manteve alimentação adequa-
da por via oral até D–4, quando iniciou com náu-
seas e vômitos, diminuindo a ingestão alimentar.
Foi iniciada terapia nutricional oral com dieta
enteral com sabor, a qual acrescentava 600 Kcal/
dia. No D+6 iniciou a nutrição parenteral total
(NPT), devido ao aparecimento da mucosite com
Tabela IX - Dieta de evolução para GVHD intestinal
Dieta de evolução I:
Água, à vontade.
Chá com dextrina/maltose, 100 ml, 3 vezes ao dia.
Água de coco, 200 ml, 2 vezes ao dia.
Obs.: Aumentar a quantidade dos líquidos, quando bem
tolerados. Permanecer por 3 ou mais dias se necessário.
Dieta de evolução II:
Introduzir sopa líquida hipogordurosa sem resíduo.
Sopa de legumes, 150 ml, 2 vezes ao dia.
Obs.: Aumentar a quantidade oferecida e acrescentar
caldo de carne. Permanecer por 3 ou mais dias.
Dieta de evolução III:
Dieta pastosa hipogordurosa sem resíduos, 2 vezes ao
dia.
Gelatina dietética e fruta cozida.
Obs.: Permanecer por 1 ou 2 dias.
Dieta de evolução IV:
Introduzir alimentos cozidos e glúten.
Dieta branda sem lactose.
Obs.: Permanecer por 1 ou 2 dias.
Dieta de evolução V:
Introduzir a lactose.
Dieta geral sem alimentos crus.
O paciente durante a dieta de evolução poderá retroceder, isto
é, da dieta de evolu
ç
ão III, voltar para a I, caso haja piora do
quadro clínico ou aumento do volume de diarréia. O término
da NPT vai depender da aceitação da dieta de evolução,
devendo ser retirada quando a in
g
estão alcan
ç
ar 1000 Kcal/
dia. Ref. (28).
477
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
dificuldade para deglutir e perda de peso de 1,6
Kg. No D+14 apresentou melhora da mucosite e
início da alimentação via oral. Permaneceu com
NPT, que fornecia 2300 Kcal (calorias não
protéicas e 75 g de proteína) até D+17 com inges-
tão calórica de 1300 Kcal. No D+19 recebeu alta
hospitalar com peso corporal de 56,4 Kg.
Complicações pós-alta: No dia +130, desen-
volveu GVHD leve de pele, que não necessitou de
tratamento. No dia +140 foi detectada recaída mo-
lecular e citogenética da LMC e no dia +143 foi
internada para quimioterapia de crise blástica do
tipo linfóide, com peso de 59 kg. No dia +158 re-
cebeu infusão de linfócitos do doador (DLI), ten-
do alta hospitalar no dia +171. No dia +177 (D
+23 pós DLI) foi reinternada com anorexia,
obstipação intestinal e dor abdominal. No dia se-
guinte, desenvolveu GVHD de pele de intestinal,
com diarréia aquosa esverdadeada de grande
volume (1100 ml), perda de peso (54,200 kg), sen-
do iniciados jejum, NPT e tratamento com cor-
ticóides. No dia +187 o volume da diarréia au-
mentou para 3200 ml, mas uma semana depois (D
+194), diminuiu para 600 ml/d, o peso subiu para
57,8 kg e foi iniciada dieta de evolução I. Houve
melhora progressiva, com redução da diarréia e
aumento do peso (para 55 kg) e no D +211 foi
introduzida dieta de evolução IV, com boa aceita-
ção. Entretanto, a partir do D +214, desenvolveu-
se um quadro neurológico de etiologia indefinida,
provavelmente infeccioso, com aumento da diar-
réia (1350 ml/d), forçando um retorno para dieta
de evolução I, com pequena aceitação e aumento
da NPT. No dia +220, o volume de diarréia dimi-
nuiu para 200 ml, com a intensificação do trata-
mento da GVHD, mas no dia +223, evoluiu para
insuficiência respiratória e óbito.
Comentários: A dieta padronizada para
GVHD intestinal foi bem sucedida, pois o objetivo
de introduzir os alimentos gradativamente, confor-
me a melhora da diarréia, foi alcançado. Alguns
problemas previsíveis ocorreram, como: medo da
paciente para se alimentar e apresentar vômitos,
intolerância a muitos tipos de alimentos, chegan-
do a não aceitar nenhum tipo de chá, ficando na
dieta de evolução I apenas com água e água de
coco. O preparo da sopa teve que ser adaptado,
pois alguns legumes a paciente também não acei-
tava. Por fim, conseguiu receber a dieta IV, mas
houve recidiva da GVHD, forçando a intensifica-
ção da imunossupressão e o retorno para dieta I e
a paciente acabou indo a óbito, provavelmente de
causa infecciosa.
4. ASPECTOS FISIOTERAPÊUTICOS DO
TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA
4.1. Introdução
O fisioterapeuta é parte importante da equipe
multidisciplinar necessária para atender as necessida-
des complexas do paciente submetido ao transplante
de medula óssea (TMO)(41).
O longo período de isolamento protetor neces-
sário para o tratamento restringe as atividades físicas
do paciente, o que, associado à toxicidade dos agen-
tes quimioterápicos utilizados no regime de condicio-
namento pré-transplante, pode potencializar os efei-
tos deletérios para o sistema cardiopulmonar(41,42). Em
um estudo realizado por Wingard com pacientes um
ano após o TMO, 76% citavam a fadiga e 41% a fra-
queza como queixas principais(43). Os efeitos adver-
sos provocados pela inatividade ou repouso prolonga-
do no leito podem ser prevenidos ou atenuados atra-
vés do início precoce da intervenção fisioterápica(44,45).
Nas últimas quatro décadas, houve um importante re-
conhecimento dos efeitos benéficos do exercício físi-
co para pacientes com câncer e há um crescente in-
teresse em que sejam instituídos programas de reabi-
litação física para estes pacientes(42,46,47).
Devido à fadiga e fraqueza que experimentam
durante o procedimento, os pacientes tendem a per-
manecer em repouso ou diminuir sensivelmente as suas
atividades de vida diária (AVD), o que contribui para
a manutenção da inatividade e conseqüente descondi-
cionamento (Figura 1)(48). O descondicionamento é
definido como uma capacidade funcional reduzida de
um ou vários sistemas orgânicos e deve ser conside-
rado como uma condição separada (síndrome do de-
suso) do processo original que levou à redução da ati-
vidade normal(48).
Existem quatro tipos de reabilitação para pa-
cientes com câncer: paliativa, de suporte, restaurado-
ra e preventiva(49). Na reabilitação paliativa, os objeti-
vos são diminuir a dependência na execução das ati-
vidades da vida diária e proporcionar conforto emoci-
onal, aplicando-se prioritariamente a pacientes com
doença avançada e curta expectativa de vida. Na etapa
de suporte, o objetivo é tratar os déficits que ocorrem
a longo prazo para melhorar a função quando há um
determinado grau de incapacidade. A reabilitação res-
tauradora visa a restituir a função existente previa-
478
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
mente ao tratamento que foi comprometida a curto
prazo, por exemplo, uma miopatia causada pelo uso
de corticóide. A meta da reabilitação preventiva é in-
troduzir um programa de tratamento que evite prejuí-
zos funcionais já esperados, por exemplo, um progra-
ma de condicionamento físico para pacientes subme-
tidos à quimioterapia e/ou radioterapia (49,50).
No programa de transplante de medula óssea
do HCFMRP, o trabalho de fisioterapia é realizado
em três etapas: 1) atendimento na enfermaria; 2) se-
guimento ambulatorial; 3) atendimento na reinternação.
4.2. Atendimento na enfermaria
Após a admissão do paciente na enfermaria do
TMO, é necessário que seja realizada a avaliação fí-
sica e respiratória antes do início do regime de condi-
cionamento quimioterápico e da ocorrência de seus
efeitos colaterais(41). Também é importante que a ava-
liação possa ser feita préviamente à instalação do
catéter no tórax do paciente, o qual poderá limitar a
expansão torácica e a mobilidade, pela dor apresen-
tada logo após a cirurgia, principalmente no primeiro e
segundo dias após o implante. O fisioterapeuta deve,
antes do início do tratamento fisioterápico, estar cien-
te dos resultados de exames pertinentes, tais como o
ecocardiograma, o eletrocardiograma, a radiografia
torácica, o hemograma e a espirometria forçada.
A avaliação física visa
a identificar limitações na
amplitude de movimento,
déficits de força muscular e
alterações de coordenação e
equilíbrio. Na avaliação res-
piratória, é fundamental a es-
pirometria forçada para auxi-
liar no diagnóstico precoce e
seguimento evolutivo das
disfunções pulmonares(51,52).
Após as avaliações
pré-transplante, é iniciada a
cinesioterapia motora e respi-
ratória, visto que um fator fre-
qüentemente subestimado que
contribui para a diminuição do
desempenho físico em pa-
cientes com câncer é a falta
da atividade física durante o
período de hospitaliza-
ção(44,45). O uso de corticoes-
teróides administrados sistemicamente também con-
tribui para a atrofia e miopatia nos músculos esquelé-
ticos, podendo os músculos respiratórios estar envol-
vidos neste processo(53).
4.2.1. Cinesioterapia motora
A cinesioterapia motora tem o objetivo de re-
duzir ou prevenir a atrofia muscular de desuso, man-
ter a coordenação, o equilíbrio, a força muscular e a
amplitude de movimento. Na posição deitada, a ativi-
dade muscular é mínima e a força exercida pela gra-
vidade nos ossos e nos tecidos de apoio é reduzida.
Os músculos antigravitacionais do tronco e membros
inferiores são, algumas vezes, os primeiros a atrofiar(49).
A hipotensão postural grave é um risco comum da
prolongada inatividade e repouso no leito.
É importante, portanto, incentivar que o paci-
ente saia frequentemente do leito, procurando realizar
a cinesioterapia motora em pé com exercícios de alon-
gamento e fortalecimento muscular, podendo também
ser utilizada a bicicleta ergométrica. As orientações
posturais devem ser reforçadas com o objetivo de evitar
dores musculares decorrentes de uma postura inade-
quada e o paciente deve ser incentivado a permane-
cer sentado sempre que for possível. Antes de qual-
quer tratamento fisioterápico ser iniciado, é importan-
te que sejam considerados os valores de contagem de
plaquetas, hemoglobina e hematócrito(53a).
Figura 1: A inatividade prolongada e o repouso no leito causam uma redução na
capacidade funcional de órgãos e sistemas, até que novos sintomas e sinais de
descondicionamento apareçam . Modificado de HALAR et al.(48).
Inatividade
(repouso no leito, imobilidade)
O CICLO VICIOSO DA INATIVIDADE
Redução da
Capacidade Funcional Descondicionamento Total
do Corpo
Incapacidade Adicional
(Permanente, Temporária)
479
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
– Plaquetas: Se a contagem de plaquetas esti-
ver entre 20.000 a 30.000/mm3, podem ser realizados
exercícios ativos leves, sem resistência. Pacientes com
contagem de plaquetas acima de 30.000/mm3 podem
fazer exercícios ativos moderados, sem resistência.
Com plaquetas acima de 50.000 mm3, podem ser re-
alizados exercícios ativos, com resistência. A percus-
são e as manobra de vibração e compressão torácicas
podem ser utilizadas somente com plaquetas acima
de 50.000 mm3. A vibração torácica isolada pode ser
aplicada com plaquetas acima de 30.000 mm3.
– Hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht): Se os
valores de Hb estiverem abaixo de 8g/dl e o Ht menor
que 25%, podem ser realizados somente exercícios
passivos e/ou atividades rotineiras da vida diária. Com
Ht de 25 a 35% e Hb entre 8 a 10g/dl podem ser
realizadas atividades aeróbias leves. Para valores de
Ht acima de 35% e Hb maior que 10g/dl, são indica-
dos exercícios aeróbios conforme a capacidade física
apresentada pelo paciente.
4.2.2. Cinesioterapia Respiratória
A cinesioterapia respiratória tem o objetivo de
auxiliar no tratamento e/ou prevenção de infecções
respiratórias e microatelectasias(1,49). São emprega-
das técnicas de expansão pulmonar, as quais utilizam
padrões respiratórios com inspiração profunda, visan-
do a atingir a capacidade pulmonar total (CPT). Tam-
bém é utilizado o incentivador respiratório para tera-
pia com sustentação máxima da inspiração (SMI), o
qual é bem aceito pelo paciente pela visualização do
exercício.
As complicações pulmonares são responsáveis
por 40 a 60% dos óbitos em pacientes submetidos ao
TMO, sendo a intubação oro-traqueal e a ventilação
mecânica associadas a um alto índice de mortalidade
durante os primeiros 100 dias após o transplante(54,55).
Rabitsch et al. (1998) sugerem que a ventilação me-
cânica não-invasiva (VMNI) pode ser uma alternati-
va para melhorar o prognóstico dos pacientes do TMO
que necessitam de suporte ventilatório(56). Outros au-
tores também têm relatado resultados satisfatórios com
outras formas de VMNI, como a pressão positiva con-
tínua nas vias aéreas (CPAP), na qual todo o ciclo
ventilatório é realizado com um sistema pressurizado
positivo e constante, ou a ventilação com pressão po-
sitiva bifásica (BIPAP) (57,58). No modo BIPAP, há
uma diferenciação da pressão administrada durante a
inspiração (IPAP) e durante a fase expiratória
(EPAP), funcionando este último efetivamente como
uma pressão positiva ao final da expiração (PEEP)(59).
O caso clínico apresentado abaixo (Nº 2) ilus-
tra o efeito benéfico da instituição precoce de suporte
ventilatório, ao lado do tratamento medicamentoso,
evitando, provavelmente, a intubação do paciente, a
qual apresenta alta mortalidade.
Caso clínico ilustrativo Nº 2:
JBA, 42 anos, masculino, branco, operá-
rio, natural e procedente de Santa Rita do Passa
Quatro, São Paulo. Era portador de Mieloma Múl-
tiplo diagnosticado em março de 1997 e foi trata-
do com protocolo de transplante seriado. Em mar-
ço de 1998, após quimioterapia mieloablativa com
melfalan 200 mg/m2, foi realizado TMO autólogo
com infusão de células progenitoras do sangue
periférico (CPSP). Foi submetido a um segundo
TMO de CPSP em agosto de 1998 dentro do pro-
tocolo de transplantes seriados para mieloma. No
dia +9 referia dispnéia discreta e a radiografia
torácica mostrava velamento bibasal mais impor-
tante à direita. Foi realizada broncofibroscopia
com lavado broncoalveolar (LBA) e no dia +11
houve piora da dispnéia e do padrão radiológico,
apresentando velamento alveolar difuso compatí-
vel com processo inflamatório. A frequência respi-
ratória era de 52 ipm, a gasometria mostrava pH
7,51, PaO2 50, PaCO2 28, Sat O2 89. Foi iniciado
suporte ventilatório não invasivo com CPAP con-
tínuo através de uma máscara facial com PEEP de
5 cmH2O. O paciente referia conforto com a más-
cara e foi aumentado o PEEP para 8 cmH2O. No
dia +13 permaneceu com CPAP intermitente e ha-
via melhora importante da queixa de dispnéia.
Durante esse período, foi feito cinesioterapia res-
piratória com padrões ventilatórios para expan-
são pulmonar e cinesioterapia motora ativa-assis-
tida e passiva. O paciente apresentou resposta à
terapia antimicrobiana empírica de amplo espec-
tro, evoluindo com resolução do quadro respira-
tório. Após a alta, continuou com atendimento de
fisioterapia ambulatorial.
4.3. Atendimento Ambulatorial
O exercício aeróbio vem sendo incentivado para
a reabilitação dos pacientes com câncer, com o intuito
de melhorar suas condições físicas, além de propor-
cionar melhora no quadro de depressão freqüentemen-
te apresentado pelos pacientes(60,61). Uma forma de
exercício aeróbio que utilizamos em nosso serviço é a
orientação de caminhadas para os pacientes, as quais
devem, sempre que possível, serem iniciadas assim
480
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
que o paciente possa sair da enfermaria e mantidas
após a alta. Devem ser enfatizadas inicialmente as
sessões de trabalho aeróbio intervalado com exercíci-
os submáximos (65 a 75% do máximo), evitando-se o
exercício contínuo(42,62). É importante também que
sejam realizados outros exercícios capazes de apri-
morar a força muscular e a mobilidade global. O efei-
to benéfico da atividade física na função imune tem
sido descrito, mas o mecanismo exato através do qual
ocorre ainda são discutidos. A propósito, Dimeo et al
(1997) sugerem em um estudo, no qual foi utilizado o
treinamento aeróbio em pacientes submetidos a altas
doses de quimioterapia, que o período de internação e
da neutropenia foi menor no grupo treinado(42).
4.4. Reinternação
A fisioterapia será direcionada para a causa da
internação. Por exemplo, complicações respiratórias
são uma freqüente causa de reinternação na fase pre-
coce pós-TMO (antes do dia +100) e se aplicam as
mesmas medidas empregadas no paciente internado
(vide Secção 4.2.2).
4.5. Fisioterapia e complicações do TMO
Náuseas e vômitos: São decorrentes, inicial-
mente, das altas doses de rádio/quimioterapia admi-
nistradas durante o regime de condicionamento pré-
vio ao TMO e, no período de alta, pela reintrodução
da dieta e medicamentos por via oral, apresentando
intensidade variável para cada indivíduo. A fisiotera-
pia será realizada somente no período no qual o paci-
ente referir melhora dos sintomas(41).
Mucosite: Nesta fase, o paciente apresenta
respiração superficializada e maior dificuldade na
expectoração devido à dor orofaríngea relacionada ao
grau de inflamação e necessidade de analgesia. De-
vem ser reforçados os exercícios respiratórios com
incentivo da inspiração profunda e orientado para que
o paciente permaneça sentado pela maior dificuldade
na expectoração. Para facilitar a eliminação da
sialorréia, o paciente, freqüentemente, assume a po-
sição de flexão de tronco por períodos prolongados, o
que leva a dor, principalmente localizada na muscula-
tura cervical. A massagem terapêutica auxilia no re-
laxamento, aliviando a dor e ansiedade importantes
nesta fase.
Doença veno-oclusiva hepática (VOD): A
distensão e a dor abdominais tornam desconfortável a
permanência em decúbito dorsal. É importante elevar
a cabeceira do leito e evitar atividades que forcem a
musculatura abdominal. Se a VOD for leve, os exer-
cícios ativos com o paciente sentado serão bem
tolerados(41).
Febre: No período imediatamente após o TMO,
é frequente ocorrer a hipertermia e, sempre que pos-
sível, deve ser aguardada a redução da temperatura
para que a fisioterapia seja realizada. A febre leva ao
aumento da freqüência respiratória (FR), da frequência
cardíaca (FC) e do consumo de plaquetas, podendo,
assim, interferir com a fisioterapia(41).
Doença do enxerto-contra-hospedeiro
(DECH): A DECH aguda ocorre usualmente de 1 a
2 meses após o TMO(63,64). Nesta fase, podem ocor-
rer cólicas e diarréias causadas pela DECH intesti-
nal moderada ou leve, que não são agravadas por ati-
vidades leves realizadas em pé, sendo, no entanto, con-
tra-indicado o exercício abdominal(41). Nos pacientes
que apresentam ardor e prurido nas palmas das mãos
e planta dos pés, pode ser mantida a cinesioterapia
motora, evitando-se exercícios com permanência pro-
longada em pé, os quais causam desconforto para o
paciente. Quando ocorre DECH de pele mais grave,
com eritrodermia e descamação, podem ser utilizados
exercícios aeróbios no limite tolerado pelo paciente.
O início da DECH crônica ocorre usualmente,
mais de 3 meses após o TMO. No pulmão, a DECH
crônica se manifesta como bronquiolite obliterante,
devendo ser reforçada a cinesioterapia respirató-
ria(63,64). O sistema músculo-esquelético pode ser afe-
tado e envolver a pele, os músculos esqueléticos e a
cápsula articular. Os exames histológicos revelam a
presença de um infiltrado inflamatório crônico e fibrose
difusa dos tecidos envolvidos, alterações que são res-
ponsáveis por contraturas articulares observadas na
DECH crônica. A fisioterapia auxilia, prevenindo de-
formidades que levam à perda funcional, utilizando
exercícios com ênfase na manutenção ou melhora da
amplitude do movimento articular e uso de splint, se
necessário. O sucesso destas intervenções para a
melhora da capacidade funcional está ilustrado no caso
clínico descrito abaixo.
Caso clínico ilustrativo Nº 3:
VDVJ, 13 anos, masculino, branco, natural
e procedente de Pontal- SP, foi submetido a TMO
alogênico HLA-idêntico em setembro de 1995 para
leucemia aguda bifenotípica. Foi condicionado
com bussulfan e ciclofosfamida (BU-CY2), e fez
profilaxia de DECH com metotrexate e
ciclosporina. Não teve DECH aguda ou crônica
pós-transplante. Em março de 1997, no dia +504
pós-TMO, apresentou recaída de doença. Após
481
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
infusões de linfócitos do doador, evoluiu em maio
de 1998 com DECH crônica córtico-dependente
acometendo pele, fígado, olhos, boca, sistema mús-
culo-esquelético e pulmões, com disfunção
ventilatória obstrutiva moderada compatível com
quadro de bronquiolite obliterante secundária à
DECH pulmonar. Apresentava retrações muscu-
lares importantes em membros inferiores e superi-
ores. Passou a fazer acompanhamento de fisiote-
rapia ambulatorial. Na cinesioterapia motora,
eram realizados movimentos passivos, ativo-as-
sistidos e ativos com ênfase no alongamento mus-
cular e as mãos foram posicionadas com splints.
Para os pulmões, eram aplicadas técnicas
desobstrutivas, como drenagem postural associa-
da a exercícios respiratórios, manobra de vibra-
ção associada à compressão torácica e aerosol.
Apresentou significativa melhora funcional, prin-
cipalmente na pele e no sistema músculo-esquelé-
tico, pela combinação da fisioterapia com o trata-
mento medicamentoso com ciclosporina, cortico-
esteróides, talidomida e lidocaína endovenosa.
Entretanto, em setembro de 1999 foi a óbito por
recaída da doença neoplásica associada a infec-
ção sistêmica.
4.6. Considerações Finais
A fisioterapia pode auxiliar no tratamento dos
pacientes submetidos ao TMO, melhorando a função
global ou auxiliando no tratamento dos sintomas apre-
sentados. Os efeitos benéficos da atividade física para
pacientes com câncer são reconhecidos por seu im-
portante impacto na qualidade de vida. O declínio na
capacidade física interfere negativamente na realiza-
ção das atividades de vida diária e no retorno ao tra-
balho, podendo ser minimizado com a intervenção pre-
coce, evitando assim os períodos prolongados de ina-
tividade.
5. PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL NO TRANS-
PLANTE DE MEDULA ÓSSEA
Dentre as ações desenvolvidas pelo assistente
social, destacam-se as de cunho sócio-educativo, cujo
objetivo é formar uma rede articulada de apoio ao
paciente, dentro e fora da Hospital e extrapolando suas
ações para a comunidade local e regional.
No atendimento aos pacientes submetidos ao
TMO, as ações do serviço social se iniciam desde o
primeiro contato do paciente e familiares com a Uni-
dade de transplante e continua durante todas as fases
do procedimento, a níveis ambulatorial e hospitalar, até
a reintegração do paciente a sua comunidade, que é o
objetivo final do processo.
A Tabela X mostra o espectro de ações do Ser-
viço Social junto ao paciente submetido ao TMO. Para
cumprir estas funções, o paciente e seus familiares
são submetidos a uma avaliação sócio-econômica logo
após ser consubstanciada a indicação médica para o
transplante, incluindo a disponibilidade de doador. Após
este primeiro contato, é realizada uma reunião com a
equipe multiprofissional do TMO com o objetivo de
esclarecê-los quanto aos múltiplos aspectos do proce-
dimento, seus riscos e benefícios, possíveis intercor-
rências e as condições mínimas, sócio-econômicas-
culturais, para sua realização. Quando necessário, são
realizadas visitas domiciliares à residência do pacien-
te para verificar a existência de infra-estrutura ade-
quada para abrigá-lo após a alta. Em algumas situa-
ções extremas, o transplante pode ser contra-indica-
do se o paciente não preencher estas condições, como
dispor de um acompanhante confiável e de uma habi-
tação higiênica para prosseguir seu tratamento após o
período pós-transplante imediato (100 dias para o
TMO alogênico e 60 para o autólogo). O assistente
social realiza, então, nova entrevista com os familia-
res para averiguar as possibilidades de acomodação e
permanência na cidade durante o pós-transplante ime-
diato, período em que o paciente e o acompanhante
devem permanecer na cidade, pela necessidade de
internação ou de retornos ambulatoriais frequentes.
Os pacientes que residem na cidade ou na vizinhança
(até o máximo de uma hora de deslocamento até o
Tabela X - Acões do Serviço Social no Transplante
de Medula Óssea
- Fornecer orientações gerais e previdenciárias ao
paciente e aos familiares
- Apoiar e orientar o paciente nas suas necessidades
sócio-econômicas
- Auxiliar na seleção, orientação e apoio ao acompa-
nhante do paciente
- Criar condições para o paciente e seu acompa-
nhante permaneçam na Unidade de TMO ou próxi-
mo dela durante o período pós-transplante imediato
- Buscar recursos e criar soluções para assegurar ao
paciente acesso aos medicamentos após a alta
hospitalar
- Monitorizar e auxiliar a reintegração do paciente à
sua comunidade de origem
482
JC Anders; VM Soler; EM Brandão; EC Vendramini; CLS Bertagnolli; PG Giovani; EC Carvalho; VMM Suen; JS Marchini & JC Voltarelli
soluções peculiares e criativas, principalmente para
abrigar o paciente e seu acompanhante até ele ter
condições de retornar à sua cidade de origem. No
HCFMRP, toda a equipe se mobilizou, juntamente com
um grupo de voluntários da comunidade, constituindo-
se um grupo de apoio aos pacientes (GATMO), cuja
missão prioritária inicial foi conseguir e adaptar uma
antiga residência de professor no campus da USP para
albergar os pacientes carentes e seus acompanhan-
tes, quando não estão internados, mas precisam de
ficar próximos ao hospital. Esta situação se refere,
principalmente, ao período entre a primeira alta hospi-
talar e a época em que o paciente retorna à sua ori-
gem (D+100 para o TMO alogênico e +60 para autó-
logo), mas também aos retornos ambulatoriais tardios
e, às vezes, até o pré-transplante.
A casa do GATMO, como é conhecida, situa-
se a poucas quadras do HCRP, é servida por trans-
porte gratuito provido pelo Campus da USP, é admi-
nistrada em conjunto pela Assistente Social do TMO
e pelo GATMO e conta com o apoio do próprio HCRP,
que fornece parte da alimentação, e de outros grupos
da comunidade, além do GATMO, como a Associa-
ção Brasileira de Combate ao Câncer Infantil e Adul-
to (ABRACCIA), clubes de serviços, lojas maçôni-
cas, etc. Além de manterem a casa em condições
impecáveis de higiene para receber os pacientes trans-
plantados, essas entidades, coordenadas pelo GATMO
e pela Assistente Social, atendem a múltiplas outras
necessidades dos pacientes e familiares, incluindo me-
dicações, alimentos especiais, transporte para a cida-
de de origem, sem falar no apoio emocional e orienta-
ção educacional.
Dentre 140 transplantes realizados desde que a
casa do GATMO está em operação, mais de um terço
dos pacientes (47) se beneficiaram de suas acomoda-
ções. Um destes pacientes, APM, 24 anos, portador
de leucemia mielóide crônica em fase crônica, proce-
dente do estado do Maranhão, chegou ao serviço
acompanhado da namorada e da irmã doadora. O pa-
ciente e familiares não estavam seguros dos benefíci-
os do transplante, tanto que a doadora retornou à sua
cidade de origem logo após sua alta e não mais visitou
o paciente. Sem nenhum apoio familiar, o paciente e
sua acompanhante contaram apenas com a solidarie-
dade da equipe de TMO e do GATMO, que se mobi-
lizaram, proprocionando condições de estudo e traba-
lho para ambos. Mantiveram-se integrados à casa do
GATMO, passando a prestar pequenos serviços a ela
e realizaram seu casamento na própria casa, no início
de dezembro último. Como este, vários outros pacien-
Hospital) e que disponham de condições de habitação
e transporte adequados podem permanecer em suas
casas após a alta hospitalar. Aos outros pacientes, o
assistente social orienta quanto aos recursos de aco-
modação que podem ser utilizados, como pensões,
hotéis, imóveis para locação, casas de familiares ou a
casas de apoio a pacientes carentes (vide abaixo).
Em países mais desenvolvidos, em que os pa-
cientes apresentam melhor nível cultural e sócio-eco-
nômico, o papel do assistente social está mais voltado
ao suporte emocional do paciente e dos familiares,
aproximando-se mais do trabalho desenvolvido pelo
psicólogo em nosso meio(65).
Todas essas ações são realizadas em estreito
contato com outros membros da equipe multiprofis-
sional do TMO, com os quais o assistente social se
reúne frequentemente, isoladamente ou em grupo,
participando também, sempre que necessário, dos en-
contros regulares da equipe, nas visitas médicas diári-
as e nas reuniões semanais do grupo de apoio psicoló-
gico à equipe (vide Capítulo VI deste Simpósio).
Paralelamente, o assistente social mobiliza re-
cursos da comunidade a que pertence o paciente,
como prefeituras, empregadores, instituições sociais
e clubes de serviço, para apoiá-lo durante o procedi-
mento e, principalmente, após a alta. Neste trabalho,
busca-se conhecer também os serviços de saúde dis-
poníveis na cidade de origem do paciente e sua situa-
ção previdenciária, orientando-o quanto à melhor ma-
neira de utilizar esses serviços. A atuação da Assis-
tência Social também abrange a atenção à família do
paciente em relação ao suporte emocional em geral e
ao auxílio para a solução de problemas sócio-econô-
micos que costumam acarretar muita ansiedade e in-
terferir na cooperação com a equipe para o cuidado
do paciente.
Entre outras atividades da Assistente Social li-
gada ao TMO estão a organização de festividades e
eventos promocionais, coordenar a doação de hemo-
derivados pela família e pela comunidade (realizada
pelo Hemocentro-RP) e as atividades da Casa de
Apoio ao Transplantado de Medula Óssea- GATMO
(vide abaixo).
5.1. O Grupo de Apoio ao Transplantado de
Medula Óssea (GATMO)
As características dos pacientes encaminhados
para transplante na Unidade de TMO do HCFMRP, a
maioria de baixo nível sócio-econômico e provenien-
tes de outros estados, à semelhança de outras unida-
des do sistema público de saúde, exigem adoção de
483
Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no TMO
tes tiveram o rumo de suas vidas alterados pelo TMO,
não só do ponto de vista médico, mas, principalmente,
porque, pela atenção recebida do GATMO e do Ser-
viço Social, pela primeira vez em suas vidas foram
tratados como cidadãos com plenos direitos de sobre-
vivência digna. Muitos destes pacientes, procedentes
de cidades longínquas, mudaram com suas famílias e
iniciaram uma nova vida na região de Ribeirão Preto,
após o TMO.
Em conclusão, o trabalho de Assistência Social
funciona como um elo importante entre o paciente,
seus familiares e a equipe multiprofissional em todas
as etapas do transplante. As ações do Serviço Social,
sumarizadas na Tabela X, são amplas, relevantes e
enriquecedoras e, quando exercidas com habilidade e
sensibilidade, em parceria com outros membros da
equipe e da comunidade, otimizam decisivamente o
atendimento do paciente transplantado.
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ABSTRACT: Success of bone marrow transplantation (BMT) depends upon the cooperative
action of different professionals, besides the medical team, to attend complex and multiple needs
of patients submitted to BMT. In this review we discuss the role of nursing, nutrition, physical
therapy and social work teams in caring for those patients. The role of mental health professionals,
psychologists and psychiatrists, was discussed in a separate chapter of this Symposium.
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... Depreende-se disso que muitas vezes a solicitação do atendimento odontológico não estava relacionado diretamente à causa do internamento, mas sim reflete a situação de saúde bucal da população brasileira, na qual existe um grande número de pessoas com lesão de cárie 18 . Por outro lado, os estudos confirmam a importância da adequação do meio bucal antes de cirurgias cardíacas como forma de prevenir a endocardite infecciosa 2,7,19 e antes do TCTH a fim de evitar complicações durante o tratamento 6,13,[20][21][22] . ...
... Do total de motivos de solicitação de interconsulta para a equipe de Odontologia, 4,8% foram para avaliação odontológica prévia ao TCTH. São comuns, devido aos efeitos estomatotóxico e mielossupressor dos quimioterápicos utilizados nessa fase, o desenvolvimento de MB, agudização de focos infecciosos preexistentes e hemorragia primária 6,20,21,23 . Nesse sentido, se destaca a importância da avalição prévia de possíveis dentes com comprometimento pulpar, que poderão causar danos à saúde do paciente. ...
... Cabe salientar que, para os pacientes em protocolo para TCTH, a aplicação de laser de baixa intensidade, profilático ou terapêutico, foi necessária na maioria dos casos (75,9%). Esses dados corroboram com o que é descrito em literatura, acerca do papel do cirurgião dentista em uma unidade de oncohematologia na busca e manutenção da higiene bucal dos pacientes, investigação de possíveis focos infecciosos em boca e fotobiomodulação laser para tratamento e prevenção da MB em pacientes em protocolo para TCTH 6,13,[20][21][22][23]26 . No estudo realizado por Rozza-de-Menezes, Souza, Westphalen, Ignácio et al. 23 (2018), foi demonstrado que as orientações quanto a higiene bucal previnem a ulceração causada pela mucosite de grau leve. ...
Article
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Objetivos: este estudo se propôs avaliar a frequência e origem de pedidos de interconsultas para atendimento odontológico em um hospital universitário. Metodologia: este foi um estudo transversal e observacional, que avaliou as solicitações de interconsultas para o serviço de odontologia de um hospital no período de 2017 a 2019. Os dados obtidos foram tabulados em planilhas específicas que continham as seguintes informações: sexo e idade do paciente, doença de base, enfermaria ou unidade fechada solicitante, motivo da solicitação e conduta realizada. Resultados: o total de interconsultas solicitadas nesse período foi de 586, sendo 23,4% oriundas da enfermaria de oncohematologia. A idade média dos pacientes foi de 39,8 anos e a maioria desses era do sexo feminino (54,6%). Em relação à doença primária que motivou o internamento, 12% dos pacientes foram diagnosticados com algum tipo de leucemia. Má conservação dentária foi o motivo da solicitação em 23,4% das interconsultas. Do total de 780 procedimentos odontológicos realizados, 50,8% foram orientações de higiene bucal e 14,1% estavam relacionadas à fotobiomodulação com laser. Conclusão: oserviço de oncohematologia foi o que mais solicitou atenção odontológica, seguido das enfermarias de cardiologia e de pediatria. Os procedimentos odontológicos mais frequentes relacionados a essas solicitações foram, respectivamente, fotobiomodulação para prevenção e tratamento da mucosite bucal, adequação do meio bucal previamente à cirurgia cardíaca e procedimentos preventivos à doença cárie.
... Anders et al. 23 23 , o paciente submetido ao tMo carece de atendimento fisioterapêutico especializado e adequado às suas necessidades. no tMo, o indivíduo permanece durante um longo período em isolamento e fica exposto a uma diversidade de toxinas quimioterápicas, às quais restringem as atividades físicas e potencializam os efeitos deletérios sobre o sistema cardiopulmonar. ...
... Anders et al. 23 23 , o paciente submetido ao tMo carece de atendimento fisioterapêutico especializado e adequado às suas necessidades. no tMo, o indivíduo permanece durante um longo período em isolamento e fica exposto a uma diversidade de toxinas quimioterápicas, às quais restringem as atividades físicas e potencializam os efeitos deletérios sobre o sistema cardiopulmonar. ...
... isto porque as complicações pulmonares são responsáveis por 40% a 60% dos óbitos em pacientes submetidos ao tMo 24 . em uma revisão, anders et al. 23 descreveram a importância da intervenção fisioterapêutica precoce em pacientes submetidos ao tMo, uma vez que a fisioterapia pode auxiliar no tratamento, melhorando a função global ou auxiliando no tratamento dos sintomas apresentados. os autores destacaram a cinesioterapia motora e respiratória como possíveis condutas a serem aplicadas nesses pacientes. ...
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Introdução: Uma multiplicidade de alterações fisiopatológicas é gerada pela leucemia. Nesse sentido, a fisioterapia tem sido uma aliada no tratamento de pacientes com leucemia. Objetivo: Realizar uma revisão sistemática da literatura sobre as possíveis condutas fisioterapêuticas utilizadas em pacientes com leucemia. Metodologia: A pesquisa foi realizada nas bases de dados eletrônicas LILACS , MEDLINE, PEDro, PubMed e SciELO , através da consulta pelos descritores: “leucemia” (leukemia) e “fisioterapia” (physiotherapy). Procurou-se por artigos apresentados na íntegra, escritos em Português, Inglês e Espanhol, sem delimitação de tempo ou restrições sobre o tipo de estudo e amostra. Para avaliar a qualidade metodológica desses artigos, aplicou-se a escala PEDro. Resultados: A partir de oito artigos selecionados, verificou-se que existem possibilidades terapêuticas positivas a serem utilizadas pelos fisioterapeutas, destacando-se os exercícios aeróbicos, os alongamentos e o fortalecimento muscular. Conclusão: Faz-se necessária a publicação de pesquisas sobre o tema a fim de gerar evidências científicas no fazer profissional da Fisioterapia.
... xerostomia e a alteração do paladar, respectivamente. A dificuldade de deglutição relacionada aos efeitos colaterais do tratamento pode prejudicar a nutrição do paciente levando ao comprometimento do seu estado geral, fazendo-se necessária uma hiperalimentação [10][11][12][13] . ...
... Independente da classificação da mucosite, a higiene oral efetiva é imprescindível, considerando a escovação dentária após cada refeição usando uma escova de dente macia, creme dental não abrasivo e enxague bucal a cada duas horas com peróxido de hidrogênio ou solução salina alcalina. O tabaco, álcool, bebidas ou comidas extremamente quentes ou frias devem ser abolidos [2][3][4][5][6][7][8][9]13,[21][22][23][24][25][26][27] . ...
... A crioterapia é uma introdução da prevenção da mucosite oral, que envolve a dissolução de fragmentos de gelo na cavidade oral por 5 minutos antes e 25 minutos após a administração de quimioterápicos. A intenção é minimizar o efeito citotóxico do quimioterápico sobre a mucosa pela diminuição da circulação sanguínea durante os elevados picos do quimioterápico no sangue 3,13,16,28 . No entanto, seu uso tem evidência fraca e nos estudos abordados é feita menção à efetividade maior da boa higienização oral. ...
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Oral mucositis is one of the undesirable effects standing out after antineoplasia therapy. This paper aimed at identifying evidence on preventive action and treatment for oral mucositis induced by chemotherapy and / or radiotherapy, which can subsidize nursing care. This is a descriptive, exploratory, quantitative study carried out on the basis of a bibliographic review from 1993 to 2007 on the basis of Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, Cochrane Library, and Scientific Electronic Library Online databases. Thirty-eight articles containing definitions, characteristics, and care of oral mucositis were analyzed. Nurses publish little on the theme - Just 13.1% of titles were found. Good oral hygiene (39.4%) is found to be the most efficient form of prevention. The first two treatments outstanding today are low power laser treatment (21.0%) and chlorhexidine gluconate 0.12% (18.4%). Mucositis requires active participation from the nurses working in pre-treatment to prevent and to prepare the patient through an individualized approach based on evidence.
... Antes de iniciar o tratamento fisioterapêutico é necessário considerar valores dos exames laboratoriais da criança, como plaquetas, hemoglobina e hematócrito, pois algumas técnicas devem ser evitadas. A exemplo, as manobras de percussão e vibrocompressão torácica devem ser evitadas quando o número de plaquetas é inferior a 50.000 mm3 17 . ...
... Os padrões ventilatórios voluntários de sustentação máxima da inspiração, suspiros/soluços inspiratórios e inspiração fracionada, podem ser associados com exercícios de membros superiores ou com incentivadores respiratórios. Esses padrões são utilizados quando a criança possui entendimento diante do comando verbal do fisioterapeuta 17,20 . ...
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to verify the physiotherapy performance in the respiratory and motor affections during postoperative period in pediatric patients undergoing abdominal surgery.was a literature review of articles published in the databases Lilacs, Medline and SciELO in the period 1983 to 2010 as well as books, papers presented at scientific meetings and journals of the area, who approached the post-therapy of abdominal surgery in children. The keywords used were: abdominal surgery, children and physiotherapy.28 articles, one book chapter and one dissertation had been selected that examined the question and proposed that contained all, or at least two of the descriptors listed. Most of the material included covers the incidence of respiratory complications after surgery for pediatric abdominal surgery due to immaturity of the respiratory system of this population, abdominal manipulation of surgical period, the prolonged time in bed, pain at the incision site and waste anesthetic. Some authors also discuss the musculoskeletal and connective tissue arising from the inaction and delay of psychomotor development consequent to periods of hospitalization in early childhood, taking on the role of physiotherapy to prevent motor and respiratory involvement.there are few publications addressing this topic, but the positive aspects of physiotherapy have been described, especially in relation to the prevention of respiratory complications and motor, recognized the constraints and consequences of hospitalizations and surgeries cause in children.
... O Transplante de Medula Óssea (TMO) vem se constituindo como alternativa terapêutica de grande potencial curativo para doenças na idade adulta, adolescência e infância. Este tratamento mostra-se como última alternativa para diversas doenças onco-hematológicas refratárias a outras terapêuticas, além de também ser empregado para tratar outros tipos de doenças não neoplásicas, como anemia aplástica, hemoglobinopatias (como anemia falciforme e talassemia), algumas enfermidades autoimunes, e, em alguns casos, outras doenças oncológicas (Anders et al., 2000;Simpison & Dazzi, 2019). ...
... Esse regime consiste em uma preparação com quimioterápicos, podendo envolver ou não radioterapia, com propriedades mielo e imunoablativas. A finalidade do TMO é reconstituir o órgão hematopoético enfermo, lesado por um mecanismo autoimune tóxico ou em decorrência de proliferação celular neoplásica ou reacional (Anders et al., 2000). ...
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Introdução: O Transplante de Medula Óssea (TMO) consiste em um tratamento de importante potencial curativo, o que desperta grande esperança em pacientes vivenciando doenças que exercem grave ameaça à continuidade da vida. Entretanto, tal tratamento é permeado por altos riscos, além da possibilidade de recaída da doença ainda existir após o mesmo, dessa forma, faz-se importante considerar abordagens de cuidado que abarquem essa imprevisibilidade, como os Cuidados Paliativos. Objetivo: Descrever quais as contribuições da abordagem de cuidados paliativos no transplante de medula óssea, que se caracteriza como um tratamento de proposta curativa a pacientes com doenças que exercem grave ameaça à continuidade da vida. Método: Revisão Integrativa da Literatura realizada nas bases de dados Scopus, PubMed, PsychINFO e LILACS, abarcando estudos de 2011 a 2021. Os estudos foram categorizados a partir da análise de conteúdo. Resultados: Após aplicação dos critérios de exclusão restaram seis estudos que compuseram o corpus deste trabalho. Resultados demonstraram que a integração precoce de cuidados paliativos ao cuidado padrão de TMO contribui significativamente para o manejo de sintomas físicos e emocionais, exploração de temáticas não abordadas por outros profissionais, como o enfrentamento do momento, bem como discussões sobre planejamento antecipado de cuidado. Conclusão: Os Cuidados Paliativos agregam inúmeros ganhos em relação ao cuidado do paciente submetido ao TMO. Nota-se, porém, a escassez de trabalhos envolvendo as duas temáticas e a necessidade de desenvolver novos estudos que possam fomentar essa prática dentro das clínicas de TMO.
... It is considered a significant therapeutic modality for a large number of children with malignant and non-malignant diseases and is performed to replace bone marrow that is damaged, restoring its production of new blood cells and promoting the growth of new marrow. [1][2][3][4][5] The HSCT is a potentially life-saving procedure, but it is still associated with significant transplant-related mortality rates. The complexity involving chemotherapy toxicity and physical inactivity experienced by those undergoing HSCT place individuals at risk of developing long-term complications, such as musculoskeletal disorders and cardiorespiratory (CRP) compromise. ...
... 11,[13][14][15][16] Moreover, one study suggests that no detrimental effect was seen in moderate-intensity exercise performed early in allogeneic hematopoietic stem cell transplantation, being feasible and possibly improving immune cell reconstitution. 12 HTCT 3200 [1][2][3][4][5][6][7][8][9][10][11] Please cite this article in press as: Lago AS, et al. Effects of physical exercise for children and adolescents undergoing hematopoietic stem cell transplantation: a systematic review and meta-analysis. ...
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Hematopoietic stem cell transplantation (HSCT) is a treatment that requires long periods of hospitalization. The mobility restrictions result in physical, functional and psychological impairments. Physical exercise is a therapy that can restore physical and functional capacities; however, it is necessary to understand the effects of its practice in post-HSCT individuals. The purpose of this systematic review (SR) was to assess the impact of physical exercise in children and adolescents undergoing HSCT. The SR was conducted following the PRISMA guidelines through search in the electronic databases Embase, Lilacs, PEDro, PubMed and SCOPUS, without limitation of dates and languages. Randomized or non-randomized clinical trials with children and adolescents who underwent HSCT, aged between 3 to 19 years old, who participated in a regular physical activity program, were assessed. After removing duplicates and selecting studies according to the eligibility criteria, seven parallel studies incorporating hospitalized and discharged participants undertaking aerobic and strengthening exercises were included in this study. The main outcomes analyzed were exercise capacity, quality-of-life, body composition and freedom. Five studies comprised the meta-analysis regarding the effects of the distance walked in the 6-min walk test and quality-of-life. Physical exercise is considered to be safe, feasible and efficacious to prevent the decline of the quality-of-life in children and adolescents undergoing HCST, as well as a considerable improvement in physical capacity.
... (49,144) During HSCT, two distinct situations occur simultaneously: a decreased oral intake of foods and increased metabolic requirements, which affect the patient's nutritional status. (145,146) The maintenance of a good nutritional status is of utmost importance throughout the entire HSCT process, and depends on an appropriate supply of nutrients. (145,146) A patient with a good nutritional status has a high prognostic factor. ...
... (145,146) The maintenance of a good nutritional status is of utmost importance throughout the entire HSCT process, and depends on an appropriate supply of nutrients. (145,146) A patient with a good nutritional status has a high prognostic factor. Thus, nutritional support is indicated before the onset of digestive complications. ...
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The nutritional status of patients submitted to hematopoietic stem cell transplant is considered an independent risk factor, which may influence on quality of life and tolerance to the proposed treatment. The impairment of nutritional status during hematopoietic stem cell transplant occurs mainly due to the adverse effects resulting from conditioning to which the patient is subjected. Therefore, adequate nutritional evaluation and follow-up during hematopoietic stem cell transplant are essential. To emphasize the importance of nutritional status and body composition during treatment, as well as the main characteristics related to the nutritional assessment of the patient, the Brazilian Consensus on Nutrition in Hematopoietic Stem Cell Transplant: Adults was prepared, aiming to standardize and update Nutritional Therapy in this area. Dietitians, nutrition physicians and hematologists from 15 Brazilian centers thar are references in hematopoietic stem cell transplant took part.
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Introdução: As leucemias são caracterizadas pela presença de células imaturas na corrente sanguínea, provenientes das células tumorais na medula óssea, que substituem as células sanguíneas saudáveis. Em crianças com leucemia, é possível visualizar alterações fisicomotoras e respiratórias, como fraqueza muscular, fadiga e redução da função pulmonar. A fisioterapia previne as complicações oriundas do câncer, com uma abordagem biopsicossocial prevista na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Objetivo: Avaliar as características de crianças com diagnóstico de leucemia, a contribuição da fisioterapia e investigar o uso da CIF. Método: Trata-se de um levantamento descritivo retrospectivo de prontuários de 76 crianças com diagnóstico de leucemia linfoide aguda (LLA) e/ou leucemia mieloide aguda (LMA), em Hospital Terciário de Curitiba, com diagnóstico entre 2015 e 2018. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 6,75 ± 4,17 anos; 89,5% (n=68) dos diagnósticos eram LLA, 5,3% (n=4), LMA e 5,3% (n=4), de ambas. A maioria, 67,1% (n=51), residia em Curitiba-PR e Região Metropolitana; 63,2% (n=48) utilizaram o sistema de saúde pública como meio de acesso ao hospital e 36,8% (n=28) usaram outros. Dos 76 prontuários analisados, apenas 14,4% (n=11) registraram atendimento fisioterapêutico e o modelo biopsicossocial proposto pela CIF esteve ausente. Conclusão: Apesar da disponibilidade do serviço de fisioterapia no hospital, não foi identificado um padrão de avaliação, diagnóstico e prescrição fisioterapêutica, assim como os principais acometimentos neuropsicomotores de crianças com leucemia.
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This qualitative study sought to understand the experiences of adults who had submitted to autologous bone marrow transplant and to identify the implications for daily routines in the individuals who had gone through it. Interviews were undertaken, guided by a semi-structured script, with seven adult inpatients who had undergone the transplant, in a country town in the state of Minas Gerais, and who had been discharged between October 2004 and September 2010. Evidence was found for questions relevant to implications for daily routines of the people, with changes in life after the bone marrow transplant. After thematic content analysis, three empirical categories emerged: Withdrawal from work; Sleeplessness: Constant worry about relapses after discharge and Restructuring of one's life after bone marrow transplant - redefining existing. It is concluded that it is necessary to incorporate thoroughly adaptive professional conduct, using different strategies such as creativity, emotion and, above all, scientific knowledge.
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Nesta revisao, e nosso proposito prover informacoes acerca de alguns testes de funcao pulmonar, que podem ser uteis para academicos e clinicos que utilizam seus resultados para estudo das disfuncoes do sistema respiratorio. Apesar de multiplos e diversos, os resultados dos testes funcionais pulmonares devem ser entendidos como uma visao setorial de um processo complexo e ainda nao totalmente compreendido, que e o sistema respiratorio. Dentro deste processo, abordaremos topicamente alguns assuntos de interesse clinico, representados pelo estudo da espirometria forcada, da medida dos volumes pulmonares, da gasometria arterial e da capacidade de difusao pulmonar.
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Although standard supportive care for bone marrow transplant (BMT) recipients includes total parenteral nutrition (TPN), it has not been shown that this is the most appropriate method of nutritional support. To determine whether current BMT recipients require TPN during the early recovery period, we conducted a prospective, randomized clinical trial comparing TPN and an individualized enteral feeding program (counseling, high protein snacks and/or tube feeding). Nutritional assessment included measurement of serum proteins, anthropometry, and body composition analysis. For the latter, total body water and extracellular fluid were measured by standard radioisotope dilution techniques and used to quantitate body cell mass and body fat plus extracellular solids (FAT + ECS). In 27 TPN patients, body composition 28 days after BMT, expressed as a percentage of baseline, was body cell mass, 100%, extracellular fluid, 108%, FAT + ECS, 108%, and in 30 enteral feeding program patients, was body cell mass, 93%, extracellular fluid, 104%, and FAT + ECS, 94%. Only the difference in FAT + ECS was statistically significant (p less than 0.01). Compared to the enteral feeding program, TPN was associated with more days of diuretic use, more frequent hyperglycemia, and more frequent catheter removal (prompted by catheter-related complications), but less frequent hypomagnesemia. There were no significant differences in the rate of hematopoietic recovery, length of hospitalization, or survival, but nutrition-related costs were 2.3 times greater in the TPN group. We conclude that TPN is not clearly superior to individualized enteral feeding and recommend that TPN be reserved for BMT patients who demonstrate intolerance to enteral feeding.
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BACKGROUND Fatigue and loss of physical performance are frequent problems of cancer patients. In a pilot study, the authors evaluated the feasibility and effects of aerobic training in the rehabilitation of cancer patients after completing high dose chemotherapy.METHODS Sixteen patients participated in a specially designed rehabilitation program for 6 weeks. The patients entered the program, which consisted of walking on a treadmill, shortly after completing treatment. Sixteen patients who did not train served as controls. Physical performance (maximum speed on the treadmill test), cardiac function, and hemoglobin concentration were compared at the time of discharge from the hospital and 7 weeks later. At the second examination, fatigue and limitations in daily activities due to impaired endurance were assessed during personal interviews.RESULTSAt the time of discharge from the hospital, maximum physical performance (training group: 6.2 ± 1.1 km/hour; controls: 6.2 ± 1.3 km/hour) and hemoglobin concentration (training group: 10.1 ± 1.4 g/dL; controls: 10.1 ± 1.2 g/dL) were similar for both groups. After 7 weeks, improvement in maximum physical performance (training group: 8.3 ± 1.6 km/hour; controls 7.5 ± 1.3 km/hour) and hemoglobin concentration (training group: 13 ± 1 g/dL controls: 12 ± 1.4 g/dL) were significantly higher for the training group (P < 0.05). By the second examination, no patient in the training group but 4 controls (25%) reported fatigue and limitations in daily activities due to low physical performance.CONCLUSIONS Aerobic exercise improves the physical performance of cancer patients recovering from high dose chemotherapy. To reduce fatigue, this group of patients should be counseled to increase physical activity rather than rest after treatment. Cancer 1997; 79:1717-22. © 1997 American Cancer Society.
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Taste detection and recognition thresholds were monitored in 10 patients for up to 1 yr after allogeneic bone marrow transplantation (BMT). As well as a control group of 12 healthy volunteers, taste acuity was tested in 10 patients, who had undergone BMT 2-5 yr previously. Immediately after transplantation, there was significant hypogeusia of all four taste modalities compared to registrations one week before the aplastic phase and also compared to the healthy control group. Although some normalization of taste thresholds was registered 3-6 months after transplantation, most subjects still experienced dysgeusia. Of the four taste modalities, the most frequently recorded change was a raised threshold for salt. In about 80% of the patients taste acuity had recovered to the control values one year after transplantation. The group tested 2-5 yr after BMT had normal values for taste acuity.
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Two different methods of transplantation are available. The allogeneic procedure is the transfer of bone marrow between compatible siblings, whereas in autografting the patient's own haematopoietic stem cells are collected, stored, and subsequently reinfused. Both forms have become established in the treatment of the leukaemias, aplastic anaemia, the malignant lymphomas, myeloma and certain immunologic diseases. Similarly, these techniques are being used in solid tumour oncology to reconstitute bone marrow function after high doses of chemotherapy, which would otherwise result in irreversible myelotoxicity. The success of such programmes depends upon a well developed multidisciplinary approach, prominently involving experienced and dedicated nursing staff. The latter individuals will establish contact with the patient typically during the first admission for chemotherapy and this will be consolidated during subsequent outpatient visits. Then follows the highly specialised care of central venous lines and management of radiation or chemotherapy-related side effects, often with intensive care needed for safe reversal of sepsis that may, however, be associated with renal or cardiorespiratory dysfunction. Most importantly, and again centrally involving the professional nurse, is responsibility for all aspects of maintaining and operating the protected environment, together with laminar air-flow rooms. Additional interaction is also necessary with dieticians, social workers, liaison psychiatrists, occupational therapists and frequently the infectious disease, cardiovascular, respiratory and renal services. Furthermore, achievement of optimal results presupposes the availability of a dedicated cell support section, as well as the competence to cryopreserve haematopoietic stem cells and monitor the safety of this step with in vitro bone marrow culture--another role for the specialised or academic nurse.(ABSTRACT TRUNCATED AT 250 WORDS)
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Infections continue to be common complications of bone marrow transplantation, but recent advances have improved their outcome. Oral chemoprophylaxis with the fluoroquinolones has reduced gram-negative infections during periods of granulocytopenia, while new triazole drugs show promise for improving antifungal prophylaxis. Similarly, recombinant hematopoietic growth factors may reduce infections by shortening the period of post-transplant granulocytopenia. The efficacy of double beta-lactam antibiotic therapy or monotherapy with imipenem has obviated the need to use aminoglycosides in the empiric treatment of febrile patients receiving cyclosporine or other nephrotoxic agents. Treatment of post-transplant interstitial pneumonia associated with cytomegalovirus (CMV) remains problematic, but recent results using the combination of ganciclovir plus intravenous immune globulin have been favorable. In CMV-seronegative patients, CMV infections and pneumonia can be prevented or modified by using CMV-seronegative blood products and intravenous immune globulin. Intravenous immune globulin also has the additional benefits of modifying graft versus host disease and preventing late bacterial infections after marrow engraftment. In CMV-seropositive patients, prophylactic ganciclovir may prevent CMV reactivation and pneumonia and is the subject of an ongoing controlled clinical trial.
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In a randomized trial we studied the impact of providing total parenteral nutrition (TPN) to bone marrow transplant (BMT) patients during their cytoreductive therapy, and for 4 weeks following BMT, on 8 parameters of outcome. A total of 137 patients over 1 year of age and with normal nutritional status were randomized either to receive TPN starting one week prior to transplant or to receive hydration with a 5% dextrose solution containing electrolytes, minerals, trace elements, and vitamins. TPN was ultimately required by 40 of the 66 control patients when nutritional depletion was documented. Average total calorie and protein intake was significantly higher for the TPN group than for the control group. Minimum follow-up was 1 year and median was 2 years. Overall survival, time to relapse, and disease-free survival were significantly improved in the TPN group. Engraftment, duration of hospitalization, and incidences of acute and chronic graft-vs.-host disease and bacteremia were not different. Thus TPN during BMT had a positive effect on long-term outcome. Prophylactic nutritional therapy appears to be indicated even for well-nourished individuals during cytoreduction and BMT.