Este trabalho tem por objetivo analisar a produção energética e o desempenho de sistemas fotovoltaicos distribuídos em seis tecnologias distintas, instalados no Módulo de Avaliação (MA) de Itiquira, localizado no estado do Mato Grosso e comparar a produção energética e o desempenho obtidos através da aquisição de dados em campo com os obtidos através de simulação computacional via software PVSyst. Os resultados mostram que a simulação computacional superestimou, em média, os valores anuais de desempenho global em 5,4 %. Para o sistema estudado e para o período analisado a tecnologia a-Si foi a que apresentou melhor desempenho quando comparada com as demais tecnologias. Para o período analisado, a geração fotovoltaica e a produtividade obtidas por simulações via PVSyst foram, em média, 6,6 % maiores que os resultados obtidos através de valores medidos no MA-Itiquira. A tecnologia a-Si apresentou menor diferença percentual (1,4%) entre a geração fotovoltaica obtida por simulação e a obtida através de valores medidos e a tecnologia m-Si apresentou a maior diferença percentual (11,4%) entre a geração fotovoltaica obtida por simulação e a obtida através de valores medidos. Palavras-chave: Energia solar fotovoltaica, Geração fotovoltaica, Fatores de desempenho 1. INTRODUÇÃO A irradiação solar no Brasil possui pequena variabilidade anual e sua distribuição é uniforme, além de possuir um dos maiores índices do mundo. Devido as proporções continentais do território brasileiro, a perturbação da atmosfera e os fenômenos climáticos variam em diferentes locais (Martins et al., 2007). O nível médio anual de irradiação solar global horizontal no município de Itiquira-MT (17,2° S, 54,15° O) é de 5,168 kWh/m² (Pereira et. al., 2017). A energia solar fotovoltaica (FV) tem apresentado uma grande evolução desde o início de sua história e é atualmente a tecnologia de geração de energia de mais rápido crescimento em todo o mundo (REN21, 2014). Incentivos financeiros devem ser disponibilizados para promover a redução do investimento inicial da geração de energia solar fotovoltaica, tornando esta tecnologia competitiva, especialmente quando comparado com tarifas residenciais (Lacchini e Rüther, 2015; Rüther e Zilles, 2011; Silveira et al., 2013). Apesar de grande parte da energia de um sistema FV ser gerada sob altos níveis de irradiância (Burger e Rüther, 2006), dependendo da época do ano e do índice de nebulosidade, baixas irradiâncias podem ter grande influência no desempenho do sistema FV (Rüther et al., 2010). Pode-se observar que a tecnologia FV de silício amorfo (a-Si) atinge eficiência nominal para praticamente qualquer nível de irradiância, enquanto que as outras tecnologias FV apenas apresentam eficiência próxima da nominal em irradiâncias superiores a aproximadamente 300 W/m² (Reich et al., 2005). O desempenho de um sistema FV é tipicamente medido pela Performance Ratio (PR), que é definida como a relação entre o desempenho real do sistema e o máximo desempenho teórico possível, pois contabiliza todas as perdas envolvidas no sistema, como perdas por queda de tensão devido à resistência elétrica de condutores e conectores, além das perdas por sujeira, eficiência do inversor, temperatura de operação dos módulos FV, entre outras. A PR possibilita comparar sistemas FV instalados em locais e/ou orientações diferentes e avaliar sua geração de energia elétrica (Marion et al., 2005). A temperatura ambiente desempenha um papel importante na análise de desempenho de um sistema FV. Além disso, existe uma proporcionalidade direta entre a eficiência do sistema e a temperatura ambiente da localidade (Bhattacharya et al., 2014; Kaldellis et al., 2014). Dependendo da tecnologia FV, a influência da temperatura será maior (e.g. silício cristalino e filmes finos de CIGS) ou menor (e.g. filmes finos de silício amorfo e CdTe) (Skoplaki e Palyvos, 2009a e 2009b). É possível observar que a temperatura tem influência negativa considerável tanto na tensão de operação como na potência, ou seja, em condições normais de operação (entre 30 e 75 °C), o módulo FV irá operar com níveis de tensão e potência menores do que os nominais nas condições de teste (Gueymard et al., 2002). Outro fator