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GRUPO DE ORIENTAÇÃO CLÍNICO-NUTRICIONAL A FAMILIARES DE PORTADORES DE TRANSTORNOS ALIMENTARES: UMA EXPERIÊNCIA “GRATA”

Authors:

Abstract

O tratamento dos transtornos alimentares deve envolver multiplas abordagens do ponto de vista clinico, nutricional, psicologico e psiquiatrico desenvolvidas por uma equipe multi e interdisciplinar. Nesse contexto, o GRATA, ao longo de 20 anos como servico especializado na assistencia dessas doencas, vem se aprimorando e crescendo com o numero de profissionais, o que possibilitou ampliar as modalidades de intervencao, oferecendo apoio e orientacao para os familiares, alem do proprio portador. Para tanto, organizou um grupo de pais e acompanhantes que se dividem em dois momentos: o primeiro coordenado por uma nutricionista e um medico, e o segundo coordenado por duas psicologas, caracterizados como grupos abertos, realizados semanalmente com duracao de uma hora cada e no dia do atendimento ambulatorial. Nesses quatro anos de experiencia, evidenciou-se melhor adesao do paciente e familia ao tratamento como um todo, com comparecimento medio de 8 pessoas por grupo. Na visao cliniconutricional, percebeu-se evolucao mais favoravel, alem do reconhecimento e gratidao expressados ao se sentirem tambem cuidados. Por outro lado, a exigencia de investimentos no bem-estar mental dos seus profissionais e de extrema importância e se da por meio de treinamentos e incentivo ao resgate de recursos internos dos coordenadores e da equipe como um todo, que se reune semanalmente para supervisao dos grupos, dos casos atendidos individualmente e da propria equipe. Apesar dos obstaculos enfrentados, inerentes a um tratamento tao complexo e desafiador, esses diversos olhares dos profissionais envolvidos tem possibilitado uma GRATA experiencia.
GRUPO DE ORIENTAÇÃO CLÍNICO-NUTRICIONAL A
FAMILIARES DE PORTADORES DE TRANSTORNOS
ALIMENTARES: UMA EXPERIÊNCIA “GRATA”*
GROUP OF CLINICAL-NUTRITIONAL ORIENTATION TO THE FAMILY OF BEARERS OF
ALIMENTARY DISORDERS THE “GRATA” EXPERIENCE
Felícia Bighetti1, José Ernesto Dos Santos2, Rosane Pilot Pessa Ribeiro3
1Docente. Universidade de Franca – UNIFRAN. 2Docente. Divisão de Nutrologia. Departamento de Clinica Médica. Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto – USP. 3Docente. Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública. Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto – USP
CORRESPONDÊNCIA: Felícia Bighetti. Rua: José Bonini, 1415, Centro. CEP 14.160.160. Sertãozinho/SP
Bighetti F, Dos Santos JE, Ribeiro RPP. Grupo de orientação clínico-nutricional a familiares de portadores de
transtornos alimentares: Uma experiência GRATA. Medicina (Ribeirão Preto) 2006; 39 (3): 410-4
RESUMO: O tratamento dos transtornos alimentares deve envolver múltiplas abordagens do
ponto de vista clínico, nutricional, psicológico e psiquiátrico desenvolvidas por uma equipe multi
e interdisciplinar. Nesse contexto, o GRATA, ao longo de 20 anos como serviço especializado na
assistência dessas doenças, vem se aprimorando e crescendo com o número de profissionais,
o que possibilitou ampliar as modalidades de intervenção, oferecendo apoio e orientação para
os familiares, além do próprio portador. Para tanto, organizou um grupo de pais e acompanhan-
tes que se dividem em dois momentos: o primeiro coordenado por uma nutricionista e um
médico, e o segundo coordenado por duas psicólogas, caracterizados como grupos abertos,
realizados semanalmente com duração de uma hora cada e no dia do atendimento ambulatorial.
Nesses quatro anos de experiência, evidenciou-se melhor adesão do paciente e família ao
tratamento como um todo, com comparecimento médio de 8 pessoas por grupo. Na visão clínico-
nutricional, percebeu-se evolução mais favorável, além do reconhecimento e gratidão expressa-
dos ao se sentirem também cuidados. Por outro lado, a exigência de investimentos no bem-estar
mental dos seus profissionais é de extrema importância e se dá por meio de treinamentos e
incentivo ao resgate de recursos internos dos coordenadores e da equipe como um todo, que se
reúne semanalmente para supervisão dos grupos, dos casos atendidos individualmente e da
própria equipe. Apesar dos obstáculos enfrentados, inerentes a um tratamento tão complexo e
desafiador, esses diversos olhares dos profissionais envolvidos têm possibilitado uma GRATA
experiência.
Descritores: Transtornos da Alimentação. Assistência Familiar. Equipe Multidisciplinar.
410
* Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares (GRATA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
(HCFMRP-USP)
Os transtornos alimentares, entre eles a ano-
rexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN), afe-
tam principalmente jovens do sexo feminino na idade
entre 12 e 18 anos, apresentando elevada prevalência
não só nos países desenvolvidos, onde subsistem as
características econômicas e socioculturais para seu
desencadeamento, como também nos países de ter-
ceiro mundo1,2,3.
Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: TRANSTORNOS ALIMENTARES: ANOREXIA E BULIMIA NERVOSAS
39 (3): 410-4, jul./set. 2006 Capítulo XIII
411
Orientação clínico-nutricional para familiares nos transtornos alimentares
Os sintomas desses quadros abrangem áreas
bastante diversas, com perturbações nutricionais,
endocrinológicas, cognitivas e psicodinâmicas, ou seja,
tanto o funcionamento psíquico quanto o somático es-
tão alterados.
Diante dessa natureza ampla e complexa re-
querem tratamento igualmente complexo. Atualmen-
te, o trabalho em equipe multidisciplinar tem sido re-
conhecido como a forma mais adequada de tratamen-
to. A estrutura básica de uma equipe multidisciplinar
para o tratamento dos transtornos alimentares deve
ser composta por psiquiatra, nutricionista, psicólogo,
terapeuta familiar e clínico geral ou médico nutrológo.
No entanto, outros profissionais como endocrinologis-
tas, terapeuta ocupacional, enfermeiro etc., também
podem fazer parte da equipe e contribuir de maneira
importante4.
Nunes et al. (1998)5 enfatizam que todo esse
tratamento de origem multidisciplinar deve ser reali-
zado e estabelecido para todos os pacientes como de
importância extrema, cabendo aos membros da equi-
pe buscar maneiras criativas para atração tanto des-
ses como dos familiares para fazer com que não haja,
assim, tanta dificuldade no tratamento e conseqüente
baixa adesão e negação da doença, o que é de bas-
tante freqüência nos serviços de assistência.
Existem várias teorias e técnicas de interven-
ção familiar desenvolvidas para o tratamento dos trans-
tornos alimentares. A maioria dessas intervenções foi
estudada e implantada para famílias de anoréxicos,
embora existam também estudos realizados com por-
tadores de pacientes com bulimia nervosa.
Essas intervenções propõem atuar nos fatores
mantenedores dos transtornos alimentares, ou seja, na
dificuldade da família no manejo dos conflitos, na
superproteção parental, no paciente como papel de
“bode expiatório” e na alta emoção expressa. Podem
ser realizadas intervenções em grupos de familiares
ou de pais de pacientes, intervenções nas famílias de
pacientes com anorexia nervosa ou bulimia nervosa
ou a terapia familiar propriamente dita 6.
O tratamento no grupo de pais tem um formato
em que o paciente não comparece ao grupo, apenas
seus familiares ou acompanhantes. As reuniões são,
em geral, semanais e podem durar todo o tempo de
tratamento do paciente. Têm uma proposta psicoedu-
cacional, de orientação aos pais e amigos de como
lidarem com o membro doente. Nesse modelo, o indi-
víduo doente, e não a dinâmica familiar, é o alvo do
tratamento.
Ainda, o mesmo autor refere que é preciso ob-
servar que a terapia familiar está longe de ser um cam-
po unificado de intervenções e teorias, mas a base
desse tipo de intervenção é o entendimento de que a
doença é parte do sistema e nele tem uma função. A
proposta da intervenção familiar é a de poder avaliar
esse sistema, educá-lo quanto à doença e tratá-lo caso
a avaliação de sua dinâmica indique um funcionamen-
to que promova a manutenção do sintoma6.
A experiência do GRATA no atendimento
em grupo para apoio aos familiares
O GRATA – Grupo de Assistência aos Trans-
tornos Alimentares, é um programa do Ambulatório
de Nutrologia do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto-USP, que existe desde
1982. O intuito inicial foi oferecer tratamento para os
primeiros casos de transtornos alimentares que che-
garam em busca de assistência. Modestamente, foi
composto por um nutricionista e um nutrólogo forte-
mente influenciados por um psiquiatra, na época mé-
dico assistente contratado pela Divisão de Nutrologia
que teve a iniciativa de organizar as rotinas do servi-
ço. Contava assim, com poucos profissionais que ti-
nham a curiosidade de tentar atender os desconheci-
dos anoréxicos e bulímicos e propor estratégias tera-
pêuticas multidisciplinares.
Uma experiência pioneira com grupo de famili-
ares de portadores de transtornos alimentares se deu
quando Bó e Barbosa (1999)7, na época psiquiatras
voluntários, se integraram ao serviço, já que não exis-
tia um trabalho sistematizado com os familiares de pa-
cientes.
Bó e Barbosa(1999)7, conceberam um grupo de
múltiplas famílias do tipo dos de sala de espera, no
qual participavam os familiares que acompanhavam
os pacientes ao ambulatório, enquanto estes eram aten-
didos em suas consultas com o médico e/ou nutricio-
nista. A característica básica do grupo era aberto, com
o comparecimento de seus membros vinculado ao re-
torno dos pacientes às consultas, a freqüência das ses-
sões era semanal com uma média de 4 a 5 participan-
tes e estes eram geralmente mães. Desempenhavam,
respectivamente, as funções de coordenador e observa-
dor. Durante o trabalho grupal, no qual a troca de ex-
periências era fundamental, a repetição inconsciente dos
comportamentos cotidianos era confrontada e então,
novas formas de agir e pensar poderiam ser aprendi-
412
Bighetti F, Dos Santos JE, Ribeiro RPP
das, transformando os indivíduos. Todos eram respon-
sáveis pelo resultado final da interação grupal e as di-
ferenças eram respeitadas e vistas como enriquece-
doras. Concluíram assim, que o grupo de múltiplas fa-
mílias, além dos resultados terapêuticos já descritos,
pode ser muito útil na inclusão e envolvimento das fa-
mílias no tratamento dos transtornos alimentares.
Após essa experiência, a equipe ampliou-se ain-
da mais com a inserção de um psicólogo e atualmente,
é composta por cerca de 25 pessoas, entre alunos e
profissionais, médicos nutrólogos, nutricionistas, psicó-
logos, psiquiatras, além de enfermeiro e terapeuta ocu-
pacional na modalidade de internação. Oferece, as-
sim, tratamento especializado com atendimento indivi-
dual e em grupo para o paciente e sua família. É res-
ponsável ainda pela capacitação de residentes, pós-
graduandos e graduandos, que têm a rica e privilegia-
da oportunidade de aprender sobre essas graves sín-
dromes.
Os avanços alcançados com as abordagens mais
eficazes foram muitos, mas o espírito do grupo é sem-
pre de busca por novas possibilidades terapêuticas.
Desde então, este serviço vem se aprimorando e cres-
cendo com o número de profissionais especializados
para prestações de serviços e pesquisas.
No decorrer desse caminho de importantes con-
quistas, há cerca de 4 anos, houve a elaboração de
atendimentos em grupos para apoiar familiares, afim
de conhecê-los, orientá-los e proporcionar trocas en-
tre eles e os profissionais, devido à crescente deman-
da que o serviço foi recebendo.
Justifica-se ainda o fato de que essas doenças
são psicossomáticas, ou seja, de origem emocional e
orgânica, o que gera nos familiares muita angústia, por
não saberem lidar com tal desafio.
Esse grupo de apoio a familiares em novo for-
mato existe desde 2001, possibilitando aos profissio-
nais que atuam no serviço uma visão mais profunda
de como funciona essa dinâmica familiar e também
acolhendo melhores esses familiares.
Nessa perspectiva, foram formados dois gru-
pos, sendo que o primeiro é coordenado atualmente
por uma nutricionista e um médico, e o segundo coor-
denado por duas psicólogas.
Caracterizam-se por serem grupos abertos e
realizados semanalmente, em seqüência, no dia de aten-
dimento ambulatorial com duração de uma hora cada.
O grupo coordenado pela nutricionista e médi-
co tem perfil informativo e educativo cujos objetivos
gerais que norteiam as intervenções são:
1) promover noções sobre os transtornos alimentares,
suas implicações físicas, psicológicas, familiares e
sociais, e modalidades do tratamento;
2) prover informações sobre nutrição do organismo,
desnutrição e seu quadro fisiopatológico, sinais clí-
nicos dessas síndromes e suas conseqüências me-
tabólicas;
3) esclarecer os familiares sobre as orientações ali-
mentares que os pacientes recebem e auxiliá-los
para os seguimentos destas em domicílio;
4) orientar os familiares quanto à melhor conduta frente
ao que os pacientes apresentam em relação ao com-
portamento alimentar e práticas inadequadas rela-
cionadas à seleção, compra e manuseio dos ali-
mentos;
5) discutir assuntos trazidos espontaneamente pelo gru-
po (puberdade, adolescência, relacionamento en-
tre pais e filhos, manejo da alimentação da família,
etc).
Os resultados desse trabalho evidenciam a me-
lhor adesão do paciente e família ao tratamento, cujos
benefícios são revelados à medida que a participação
torna-se efetiva e mantenedora.
Apesar dessas evidentes melhoras, também são
acolhidas as queixas que são constantemente presen-
tes nas falas dos familiares, principalmente com rela-
ção ao funcionamento do serviço: demora no atendi-
mento, a longa distância de suas cidades até o serviço
e o tempo de viagem, o atendimento ambulatorial junto
ao ambulatório de pacientes obesos graves, incomo-
dando muito os familiares e pacientes.
Esse fato reflete na resistência inconsciente
desses familiares ao aceitarem suas próprias limita-
ções, angústias, dificuldades dos conflitos e problemas
mal resolvidos entre todos no ambiente domiciliar.
O trabalho grupal traz o esclarecimento de mal-
entendidos, o respeito da individualidade de cada um,
possibilitando-lhes um aprendizado que pode ser trans-
ferido ao ambiente familiar.
Nesses quatro anos de experiência de atendi-
mentos em grupos a estes familiares, observou-se que
o comparecimento se faz, na maioria das vezes, pelos
pais, irmãos, esposos, avós ou outros acompanhantes
com média de 8 pessoas por grupo, participação esse
maior que a primeira iniciativa feita por Bó e Barbosa
(1999)7.
A princípio, os familiares mostram-se resisten-
tes em aceitar a doença e apreensivos em entende-
rem os sintomas e comportamentos que assumem fren-
te à alimentação e à doença como um todo. Chegam
413
Orientação clínico-nutricional para familiares nos transtornos alimentares
ao grupo em movimento voraz com desejo de resolve-
rem tais angústias de forma rápida e precisa; trazem
dúvidas de o quê vem a ser a doença, sua incidência e
principalmente estatísticas de curas. Nesse sentido, o
grupo tem um perfil bastante acolhedor e realista ao
informar que os resultados são variáveis e que a evo-
lução depende de como cada um (paciente e família)
se envolve e reage ao tratamento.
Por meio da convivência grupal e a medida em
que vão tendo maior freqüência nos grupos, os parti-
cipantes entram mais em contato com suas dores, ex-
pectativas, melhoras, reconhecem suas próprias difi-
culdades e aprendem a construir seu saber pelas tro-
cas da vivência de cada um ali presente.
Na visão clínico-nutricional, percebe-se evolu-
ção favorável de cada um desses familiares e a grati-
dão de estarem também recebendo cuidados.
A equipe reúne-se semanalmente para super-
visão dos grupos e da própria equipe, além de outras
discussões teóricas. Durante o encontro, os dados des-
ses familiares são analisados juntamente com as in-
formações colhidas pelos outros profissionais que re-
alizam atendimentos individuais com os pacientes e
familiares, favorecendo maior entendimento dessas
famílias e colaborando para estratégias terapêuticas
de seus respectivos doentes anoréxicos e bulímicos.
O GRATA tem crescido e se solidificado muito
com essas experiências, que foram e estão sendo de
extremo valor e importância tanto para a equipe quanto
para o paciente e familiar.
Isto reflete na exigência de investimentos no
bem-estar mental da equipe, por meio de treinamen-
tos e apoio. Um deles, o Instituto Familiae, que é
representado por um grupo de profissionais, a maioria
psicólogos, oferece exercícios dinâmicos para a equi-
pe poder trabalhar suas angústias, comunicação e ou-
tras, dificuldades internas entre os próprios membros
e também no atendimento de familiares e pacientes.
O trabalho de cuidar de quem cuida traz reflexões da
prática clínica e contribui efetivamente para a equipe
lidar com suas frustrações, limites e desafios.
Todos esses conhecimentos e conquistas que a
equipe tem alcançado também é fruto da divulgação
das atividades em eventos e intercâmbio com outros
serviços que oferecem tratamento integrado e espe-
cializado8,9.
Conclui-se portanto, que essa GRATA experi-
ência e os diversos olhares dos profissionais presen-
tes tem promovido influências harmônicas o bastante
para uma satisfatória evolução para a maioria dos pa-
cientes que necessitam de tratamento tão complexo e
desafiador.
Bighetti F, Dos Santos JE, Ribeiro RPP. Group of clinical-nutritional orientation to the family of bearers of
alimentary disorders. The
GRATA
experience. Medicina (Ribeirão Preto) 2006;39 (3): 410-4.
ABSTRACT: The treatment of the alimentary problems should involve multiple approaches
from the clinical, nutritional, psychological and psychiatric point of view developed by a multi and
interdisciplinary team. In this context, GRATA, along 20 years as a specialized service in the
assistance of these diseases, is improving and growing with the number of professionals, what
enabled the increasing of the intervention modalities, offering support and orientation for the
family, besides the own bearer. To do so, it organized a group of parents and companions that is
divided into two moments: the first coordinated by a nutritionist and a resident of Medicine, and the
second coordinated by two psychologists, characterized as opened groups, held weekly and
lasting one hour each and in the day of the assistance.
In these four years of experience, it was evidenced a better adhesion of patient and family to the
treatment as a whole, with average attendance of 8 people in a group. In the clinical-nutritional
vision, a more favorable evolution was noticed, besides the recognition and gratitude expressed
when they also feel cared. On the other hand, the demand of investments in the mental welfare of
its professionals is of extreme importance and happens by means of training and incentive to the
collecting of internal resources of the coordinators and of the team as a whole, which get together
weekly for the supervision of the groups, of the cases attended individually and of the team.
Despite the obstacles faced, inherent to such a complex and challenger treatment, these several
views of professionals involved have enabled a Thankful (GRATA) experience.
Keywords: Eating Disorders. Family Assistance. Multidisciplinary Team.
414
Bighetti F, Dos Santos JE, Ribeiro RPP
REFERÊNCIAS
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9 -Bighetti F. Grupo de Orientação Clínico-nutricional. In: Anais
do II Simpósio sobre transtornos alimentares - construindo
um modelo assistencial - Grupo de Assistência em Trans-
tornos Alimentares da Faculdade de Medicina do Hospital
das Clínicas de Ribeirão Preto da USP (GRATA), Ribeirão
Preto; 2005. p. 31
... Outra forma de entender a participação dos familiares no tratamento é considerar a sobrecarga emocional que as famílias vivenciam ao terem, entre seus membros, uma pessoa que apresenta uma psicopatologia tão grave (Sepulveda et al., 2010;Treasure, 2010). Nessa perspectiva, grupos de apoio, grupos de orientação ou grupos multifamiliares são propostos como estratégias que poderiam favorecer o apoio mútuo entre os familiares (Pasold, Boateng & Portilla, 2010), a troca de experiências sobre modos eficazes de enfrentamento da doença (Bighetti, Santos & Ribeiro, 2006) e orientações com relação a como os pais podem modificar seus comportamentos, de modo a prevenir o aparecimento dos TA (Loth, Neumark-Sztainer & Croll, 2009). ...
... Esse sentido tem como efeitos: a ausência, no grupo, dos pais que estão com os filhos "melhores" e a impossibilidade de contarem aos demais pais como essa melhora foi possível, compartilhando seu conhecimento de modo a socializar possíveis estratégias exitosas. Perde-se, assim, a função do grupo de apoio como espaço de troca de experiências (Bighetti, Santos & Ribeiro, 2006;Santos et al., 2002). Respondendo a esse sentido, Vilma apontou o que justificaria a necessidade de presença desses pais cujos filhos estariam em situação melhor: ...
... Ao mesmo tempo, o entendimento de tais famílias, configurado a partir de suas "dores" e "angústias", remete à construção da relação entre ter um membro diagnosticado com TA e a sobrecarga emocional dos familiares, como informam muitas das pesquisas na área (Pasold, Boateng & Portilla, 2010;Sepulveda et al., 2010;Treasure, 2010). Essa forma de entendimento convida ao suporte mútuo e à identificação entre os participantes (Bighetti, Santos & Ribeiro, 2006), mas também pode levar à construção de um sentido de homogeneidade dessas famílias, que impede que elas sejam vistas a partir de outros sentidos que valorizem a heterogeneidade nas formas de responder ao discurso do diagnóstico. ...
Article
Full-text available
The biomedical discourse focused on diagnosis has often been used as an exclusive alternative to inform treatment modalities for families of patients with anorexia nervosa and bulimia nervosa. This study aims to increase the understanding of how these families build justifications for their participation in a family support group in the eating disorder treatment context. Social constructionist discourse was used to analyze asession of the group in which the topic of our interest was addressed. The analysis highlighted co-produced meanings about the absence of some families in the group, the decrease of frequency of parent participation, the function of the group, the ideal frequency of family members, and the possibility of family members and coordinators co-construct the group conversational setting.
... Trata-se de estudo descritivo, transversal com delineamento quantitativo do tipo comparativo, desenvolvido em um serviço especializado para tratamento de TA no interior do estado de São Paulo, Brasil [20][21][22] . Os participantes foram todos os pacientes atendidos por esse serviço, independentemente da modalidade de atendimento (ambulatorial e internação integral) desde sua criação, em 1982, até dezembro de 2013. ...
... Com o passar dos anos, o serviço foi se aperfeiçoando e, na década de 1990, psicólogos passaram a fazer parte da equipe. Nos anos 2000, a implantação de grupos de orientação aos familiares e pacientes enriqueceu os atendimentos, e tal estrutura permanece até os dias atuais21,37 . Além disso, a equipe vivenciou experiências de multi-e interdisciplinaridade, explorando, nos seus recursos humanos, modos de enfrentamento e autocuidado38,39 . ...
Article
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Objetivos Traçar o perfil do abandono do tratamento de pacientes com transtornos alimentares (TA) em um serviço especializado e investigar os fatores associados. Métodos Estudo transversal com delineamento quantitativo do tipo comparativo. Todos os prontuários de pacientes atendidos pelo serviço, entre 1982 e 2013, foram revisados para coletar dados sociodemográficos, clínicos e antropométricos (no primeiro e último atendimento), e resultado do tratamento. Os dados foram analisados pelo programa SPSS e R. Foram utilizados testes qui-quadrado de Pearson, exato de Fisher, não paramétrico de Mann-Whitney e análise de regressão logística. Resultados Dos pacientes, 66,7% abandonaram o tratamento (Grupo Abandono – GA) e 33,3% tiveram outros resultados (Grupo Não Abandono – GNA). No GA, a maioria era do sexo feminino, de Ribeirão Preto e região, estudantes, solteiros, com escolaridade mínima do nível fundamental e com anorexia nervosa (AN). Houve associação significativa com o abandono nas variáveis Hipótese Diagnóstica (p = 0,049), Comorbidades Psiquiátricas (p = 0,001), Depressão (p = 0,048), Transtornos de Personalidade (p = 0,001), Comorbidades Clínicas (< 0,001) e Osteopenia (p = 0,007). No GA, eles tinham peso adequado e ausência de amenorreia, tanto no início quanto no final do seguimento. O estado nutricional adequado e a ausência de comorbidades clínicas se associaram com o abandono. Conclusões A taxa de abandono do serviço é alta e pacientes nessa condição eram adultos jovens, tinham diagnóstico de AN, longo tempo de sintomas antes do início do tratamento e estavam há menos de seis meses no seguimento. Estudos prospectivos poderão contribuir para pesquisas dirigidas ao abandono do seguimento desses pacientes, buscando melhor compreensão dessas doenças e seu tratamento.
... Estudo transversal, retrospectivo, descritivo e exploratório, desenvolvido em um serviço especializado para tratamento de TA no interior do estado de São Paulo, Brasil, de um hospital público universitário de nível terciário, com equipe multiprofissional composta por nutrólogos, psiquiatras, psicólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais. O protocolo inclui atendimentos para pacientes com AN, BN e TANE individuais semanais, em nível ambulatorial, grupos de apoio aos pacientes e familiares, além de internação integral, quando necessário [29][30][31] . ...
Article
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Objective To evaluate the profile of patients with eating disorders (ED) treated by a specialized service and to investigate the factors associated with the treatment outcome. Methods Retrospective study, with data from patients with ED who were followed up at a specialized service, since its creation, in 1982, until 2019. Information of a sociodemographic, clinical, anthropometric nature and the outcome of the treatment were collected from the medical records regarding the first consultation. Results Two hundred and seventy one patients were included. The sample was predominantly female (89.7%), with a mean age of 21.5 ± 9 years, without a partner (86.9%), diagnosis of anorexia nervosa (AN) (65.7%) and the most frequent body mass index was thinness (53.9%). Half of the individuals had psychiatric comorbidities (50.6%) and 88.5% (n = 100) of the 113 medical records with this information had undergone previous treatment. The mean treatment time was 2.16 ± 3.25 years (1 month to 40 years). Dropout was the most prevalent therapeutic outcome in the sample (68.3%). Longer treatment time and having undergone previous treatment significantly reduced the dropout rate (p = 0.0001 and p = 0.0101, respectively). For patients diagnosed with a personality disorder, the mean referral/lack of assistance was 4.47 times higher (p = 0.0003). Conclusions The patients’ profile consisted of young adult women, students, single, with AN, thinness and psychiatric comorbidities. The dropout rate was high, and the predictors associated with this outcome were treatment time and previous treatment for ED. In addition, personality disorders were associated with referral to another service and discharge due to lack of assistance. KEYWORDS Eating disorder; anorexia nervosa; bulimia nervosa; predictors; outcome
... However, to our knowledge, there is no first line treatment for ARFID. Health assistance services have been testing different clinical management possibilities to better address the needs specific to this psychopathology [14]. ...
Article
Full-text available
Purpose: To describe the nutritional, psychological and family aspects involved in the treatment of a patient with Avoidant/Restrictive Food Intake Disorder (ARFID). Methods: Descriptive, exploratory, quali-quantitative case report. A semi-structured questionnaire, a 24-hour Dietary Recall, Body Mass Index Percentiles and the Eating Attitudes Test-26 were used to assess the dietary variables and nutritional status. Both patient‘s and mother’s psychological aspects were investigated by means of semi-structured interviews with descriptive analysis. Results: At the age of 12, patient did not eat fruits, salad and vegetables. Over two years of treatment, he was able to try food items from those groups and also a hypercaloric supplement. EAT-26 scored negative at the beginning and end of the treatment, however with a drop in the score. Nutritional status showed entropy in both occasions, but the final curve was closer to Percentile 50. The mother’s initial difficulties in respecting her son’s attempts towards autonomy were managed in psychological group meetings, which helped her to lower her anxieties and to stop overloading her son’s emotional development, which contributed to improve his relationship with food. Conclusion: Improvement in the relationship with food showed that the treatment was effective, and that family has an important role in (re)building healthy eating habits.
... A seriedade e a complexidade dessas doenças demandam pesquisas e técnicas de intervenção ativas nessa área (Bighetti, Santos, & Ribeiro, 2006;Wilson & Fairburn, 1993). Estudos recentes demonstram a eficiência das estratégias de coping, entendido como esforços cognitivos e comportamentais realizados pelos indivíduos para fazer frente a situações apreciadas como estressantes (Lazarus & Folkman, 1984), como forma terapêutica em relação a diversas patologias, incluindo os transtornos alimentares e a obesidade. ...
Article
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This study assesses the differential use of coping and personality trait of patients with eating disorders (anorexia, bulimia, and Eating Disorders Not Otherwise Specified - EDNOS), obesity as well as in subjects from the general population. 109 subjects participated in the study (60 with eating disorder or obesity diagnostics; 49 from the general population). The instruments were Personality Trait Scale, Coping Response Inventory and Eating Attitudes Scale (EAS). It was observed significant differences on EAS according to the type of population, demonstrating this instrument's adequacy as psychopathological screening for eating disorders. Moreover, individuals presenting high neuroticism and who discharge their emotion to cope with their problems have more inadequate eating attitudes as shown by EAS (R=0.291, p=0.011). These results are discussed through theories related to the Big Five personality traits, coping, eating disorders and obesity.
... A seriedade e a complexidade dessas doenças demandam pesquisas e técnicas de intervenção ativas nessa área (Bighetti, Santos, & Ribeiro, 2006;Wilson & Fairburn, 1993). Estudos recentes demonstram a eficiência das estratégias de coping, entendido como esforços cognitivos e comportamentais realizados pelos indivíduos para fazer frente a situações apreciadas como estressantes (Lazarus & Folkman, 1984), como forma terapêutica em relação a diversas patologias, incluindo os transtornos alimentares e a obesidade. ...
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Este estudo avalia o uso diferencial de coping e traço de personalidade em pacientes com transtornos alimentares (anorexia, bulimia e TASOE) e com obesidade e em população geral. Participam deste estudo 109 indivíduos (60 com diagnóstico de transtorno alimentar ou obesidade e 49 da população geral). Os instrumentos foram uma escala de traços de personalidade, Coping Response Inventory e Escala de Atitudes Alimentares (EAT). Observou-se diferença significativa nas médias de EAT por população demonstrando boa adequação deste instrumento como screening psicopatológico de transtornos alimentares. Ademais indivíduos que apresentam alto índice em neuroticismo e em descarga emocional, ao enfrentar seus problemas, possuem mais atitudes alimentares inadequadas refletidas pelo EAT (R=0.291, p=0.011). Os dados são discutidos através das teorias relacionadas aos cinco grandes traços da personalidade, coping, transtornos alimentares e obesidade.
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O objetivo deste estudo foi analisar os momentos das sessões grupais identificados como relevantes por participantes de um grupo de apoio psicológico para familiares de pessoas com transtornos alimentares. A coleta de dados abarcou 13 sessões grupais consecutivas. Foram realizadas entrevistas individuais imediatamente após encontros semanais, com todos os integrantes que se disponibilizaram a colaborar, utilizando-se a Técnica do Incidente Crítico. Os dados foram organizados de acordo com a análise de conteúdo temática. Os resultados mostram que foram mais valorizados os momentos da sessão em que houve uma intervenção direta dos coordenadores e autorrevelações compartilhadas por outros membros do grupo.
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RESUMO: O número de casos novos de câncer se tornou a segunda causa de morte no país. Esse fato se explica devido à maior exposição dos indivíduos a fatores de risco, tais como ambientais comportamentais ou hereditários, sendo a alimentação inadequada um dos fatores de maior impacto. Baseado nestes dados, este estudo teve como objetivo avaliar o consumo alimentar, hábitos de vida e composição corporal de pacientes com diagnóstico de neoplasia no trato gastrointestinal e relacionar essas variáveis com o risco de desenvolver a doença. Trata-se de um estudo transversal, tendo como amostra 42 pacientes em tratamento quimioterápico no Hospital do Câncer de Francisco Beltrão – PR. Foram coletados dados referentes à idade, renda, hábitos de vida, história familiar, história atual, composição corporal e consumo alimentar. Os resultados demonstraram uma maioria de indivíduos em eutrofia (54,76%) segundo o IMC, porém com alto risco para desenvolvimento de complicações metabólicas (46,61%). A análise de a frequência alimentar demonstrou um baixo consumo de alimentos com fatores protetores a doença, como frutas (52,5%), verduras e legumes (59,6%) e cereais integrais (86,7%), e uma elevada ingesta alimentos com compostos cancerígenos, como carnes (N=29), embutidos (N=23), conservas (N=22), chimarrão (N=34), e alto teor em gordura (N=25). Os hábitos alimentares irregulares, associada a um estilo de vida sedentário, hábito tabagista e uso de bebida alcoólica são fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasia. Diante disso, cabe ao nutricionista orientar quanto a um estilo de vida e hábitos alimentares saudáveis, promovendo a prevenção ao câncer. RESUMO: A desnutrição é um dos maiores problemas em pacientes hospitalizados, principalmente, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A prevalência de desnutrição em indivíduos hospitalizados não é um dado recente, podendo acometer entre 19 a 80% dos indivíduos hospitalizados e sua incidência aumenta conforme o tempo de hospitalização. O objetivo deste trabalho é determinar o estado nutricional (EN), bem como a prevalência de desnutrição em pacientes críticos, associar a taxa de prevalência com o tempo de hospitalização e o óbito. Trata-se de um estudo do tipo transversal retrospectivo, com análise de dados em prontuários de um hospital público. A amostra foi composta por indivíduos dos sexos masculino e feminino com idade entre 18 e 60 anos, que tiveram passagem pela UTI durante os anos de 2015 e 2016. Para classificação do EN, foi utilizado o Índice de Massa Corporal (IMC) e a classificação da circunferência do braço (CB). Segundo a classificação pelo IMC, obtevese uma prevalência de 10,9% de magreza, já a prevalência de desnutrição, segundo a CB, foi de 33,3%. O perfil do EN da amostra foi de 46,2 % de eutrofia, 10,9% de magreza e 42,9% de sobrepeso segundo o IMC. Por sua vez, na classificação pela CB, os resultados foram de 59,0%, 33,3% e 7,7% respectivamente. O EN do paciente hospitalizado tem grande influência na sua evolução clínica, sendo de extrema importância que seja avaliado de maneira eficaz, a fim de diagnosticar precocemente algum nível de desnutrição ou risco nutricional.
Thesis
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O objetivo geral deste trabalho foi compreender as práticas discursivas de pessoas diagnosticadas com Anorexia Nervosa (AN) ou Bulimia Nervosa (BN) com relação a produção de sentidos sobre as relações profissional-paciente no âmbito do tratamento desses transtornos alimentares (TA), aqui considerados não como quadros diagnósticos, mas como construções sociais. Esse objetivo foi traçado no diálogo com a literatura científica na área que identifica poucos espaços de escuta dessas pessoas sobre o que elas consideram importante em suas relações com os profissionais de saúde, e no diálogo com as narrativas das participantes deste estudo que apontaram a boa qualidade do relacionamento profissionalpaciente como importante na construção de um atendimento considerado satisfatório. De maneira específica, buscou-se compreender como o uso de diferentes repertórios interpretativos e discursos sociais participam da produção de sentidos sobre as relações profissional-paciente, além de investigar as implicações dos diferentes posicionamentos assumidos por ambos na coconstrução de descrições de si, direitos, deveres e lugares ocupados pelos pacientes na relação com os profissionais. Para tanto, foram entrevistadas 12 mulheres diagnosticadas com AN e BN atendidas por um serviço de assistência em TA. 5 dessas mulheres responderam de forma mais pessoal sobre o que é um relacionamento significativo com um profissional, oferecendo histórias de seus relacionamentos anteriores e atuais com os profissionais, narradas com riqueza de detalhes. Considerando-se a vasta quantidade de material a ser analisado, um recorte do material foi necessário e essa riqueza narrativa foi o critério utilizado para a seleção dessas 5 entrevistas para análise. O corpus de análise foi composto pelo recorte dos momentos das entrevistas nos quais o tema do relacionamento profissional-paciente estava presente. Assumindo-se uma perspectiva construcionista social sobre produção do conhecimento, utilizou-se, para a análise desse corpus, a Teoria relacional do sentido, a Teoria do posicionamento e a proposta teóricometodológica das Práticas discursivas e produção de sentidos. A partir da análise desse material foi possível abordar: as implicações do uso do discurso biomédico, que entende a AN e BN como psicopatologias, para as construções de si das participantes deste estudo e para a construção de possibilidades e limites da sua participação nas decisões sobre o tratamento; o pedido das participantes para uma maior proximidade afetiva com o profissional; o lugar ocupado pelo psicólogo e pelos demais profissionais da equipe multidisciplinar frente a esse pedido; os efeitos dos repertórios interpretativos disponibilizados pela literatura da área sobre a dificuldade no relacionamento profissional-paciente para as práticas discursivas das participantes ao falarem de seus desentendimentos com os profissionais; e as implicações da eleição do tratamento hospitalar como locus privilegiado de cuidado dessas pessoas. Alguns aportes teóricos construcionistas sociais, como a responsabilidade relacional, o ser relacional, o diálogo transformador e a postura colaborativa foram ofertados para pensar cenários relacionais entre profissionais e pacientes que pudessem incluir: a noção de identidade como movimento e não como estabilidade; o entendimento dos sucessos e insucessos nesses relacionamentos como ações conjuntas; a defesa do paciente como agente coconstrutor de seu cuidado e a possibilidade de convivência de diferentes verdades em saúde.
Article
A survey of a total of 644 female Nigerian high-school, college and university undergraduate students was conducted to examine abnormal eating attitudes associated with anorexic behaviour. Using a cut-off score of 20 on the Eating Attitudes Test-26 (EAT-26), overall prevalence of disordered eating attitudes was found to be 14.1%. Prevalence figures for the high-school, university, and college samples were 18.6%, 9.1% and 21.7% respectively. These findings are comparable to those from western countries and suggests that nowadays abnormal eating attitudes associated with anorexia behaviour may be a universal phenomenon that transcends cultural boundaries, contrary to the earlier notion that they were restricted to western countries.
Article
The aim of the study was to determine incidence and prevalence rates and long-term trends in incidence of anorexia nervosa by identifying all persons residing in the community of Rochester, Minn., during the 50-year period 1935 through 1984 who had the disorder. From a community-based epidemiologic resource, 13,559 medical records with diagnoses of amenorrhea, starvation, weight loss, anorexia nervosa, or other conditions were screened to identify true cases of anorexia nervosa determined by using standard diagnostic criteria. One hundred eighty-one residents (166 female and 15 male) fulfilled the diagnostic criteria for anorexia nervosa; these were the incidence cases. Due to a quadratic trend in the rates for girls 10-19 years old, the incidence rate among female residents fell from 16.6 per 100,000 person-years in the 1935-1939 period to a low of 7.0 in 1950-1954 and increased to 26.3 in 1980-1984. The incidence rates for women 20 years old and older and for males remained constant. For females 15-24 years old, there was a linear increase. The overall age-adjusted incidence rate per 100,000 person-years was 14.6 for females and 1.8 for males. The prevalence rate per 100,000 population was 269.9 for females and 22.5 for males. Anorexia nervosa is more common than previously recognized. Among girls 15-19 years old it is a very common chronic illness. Its incidence has increased among females 15-24 years old but not among older women or among males.
Tratamento -Aspectos gerais
  • A -Sapoznik
  • M O Bueno
  • B F Lobão
-Sapoznik A, Bueno MO, Lobão BF. Tratamento -Aspectos gerais. In: Claudino AM, Zanella MT. Transtornos alimentares e obesidade. São Paulo: Manole; 2005. p 111-8.
Abordagens Psicológicas
  • S C -Stefano
  • Tcp Passos
  • L K Kern
-Stefano SC, Passos TCP, Kern LK. Abordagens Psicológicas. In: Claudino AM, Zanella MT. Transtornos alimentares e obesidade. São Paulo: Manole; 2005. p. 137-46.
bulimia e família: uma experiência com trabalho em grupo
  • Deb Bó
  • R Barbosa
  • Anorexia
Bó DEB, Barbosa R. Anorexia, bulimia e família: uma experiência com trabalho em grupo. J Bras Psiquiatr 1999; 48: 533-7.
Grupo de apoio psicológico aos familiares de portadores de anorexia e bulimia nervosa
  • F Bighetti
  • R K Santos
  • C C Mouraria
  • Ivb Soares
  • C C Prizanteli
  • Rsp Godoy
  • Rpp Ribeiro
  • M A Santos
Bighetti F, Santos RK, Mouraria CC, Soares IVB, Prizanteli CC, Godoy RSP, Ribeiro RPP, Santos MA. Grupo de apoio psicológico aos familiares de portadores de anorexia e bulimia nervosa. Rev SPAGESP 2002; n. 3 esp: 139-43.