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Rev. Bras. Cienc. Agrar., Recife, v.14, n.1, e5600, 2019 1/7
Revista Brasileira de Ciências Agrárias
ISSN (on line) 1981-0997
v.14, n.1, e5600, 2019
Recife, PE, UFRPE. www.agraria.pro.br
DOI:10.5039/agraria.v14i1a5600
Protocolo 5600 - 16/02/2018 • Aprovado em 17/08/2018
Respostas morfosiológicas e rendimento de grãos do trigo mediados
pelo aumento da concentração de CO2 atmosférico
Keilor da Rosa Dorneles1, Douglas Antônio Posso2, Ihan Rebhahn1,
Sidnei Deuner2, Paulo Cesar Pazdiora1, Luis Antonio de Avila1, Leandro José Dallagnol1
1 Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fitossanidade, Capão do Leão, RS, Brasil. E-mail: keilor.rd@hotmail.com (ORCID:
0000-0001-8098-1539); irebhahn50@gmail.com (ORCID: 0000-0002-6828-1318); paulo.pazdiora@yahoo.com.br (ORCID: 0000-0001-6996-9619); laavilabr@gmail.com
(ORCID: 0000-0002-2532-7152); leandro.dallagnol@ufpel.edu.br (ORCID: 0000-0002-2131-4944)
2 Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fisiologia vegetal, Pelotas, RS, Brasil. E-mail: douglasposso@hotmail.com (ORCID:
0000-0003-1560-2023); sdeuner@yahoo.com.br (ORCID: 0000-0003-3131-1867)
AGRONOMIA (AGRONOMY)
RESUMO: O incremento de CO2 atmosférico é uma das principais variáveis ambientais que podem afetar a produtividade
das plantas cultivadas. O objetivo neste estudo foi avaliar os efeitos da elevação da concentração do CO2 atmosférico sobre
características morfosiológicas e rendimento de grãos do trigo. Para tal, plantas de trigo da cultivar Marm foram cultivadas sob
duas concentrações de CO2 (400 ou 700 μmol mol-1). As variáveis avaliadas foram: trocas gasosas, alterações morfológicas e
componentes de rendimento de grãos. A elevação da concentração de CO2 alterou signicativamente os parâmetros de trocas
gasosas, incrementou o índice de antocianina, a estatura da planta, a área foliar, a massa seca de folha e da raiz. Em relação ao
rendimento, incrementou o número de grãos por espiga, o peso de mil grãos, o peso hectolitro (PH) e a produção total. Assim, a
elevação da concentração de CO2 atmosférica inuência no desempenho agronômico de trigo através de alterações siológicas,
ganho de biomassa e no incremento do rendimento de grãos.
Palavras-chave: enriquecimento de CO2; fotossíntese; open top chambers; rendimento de grãos; Triticum aestivum L.
Morpho-physiological responses and grain yield of wheat mediated
by increased atmospheric CO2 concentration
ABSTRACT: The increase in the concentration of atmospheric CO2 is one of the main environmental variables that can affect
the production of cultivated plants. The objective of this study was to evaluate the effects of increase the atmospheric CO2
concentration on morphological and grain yield characteristics of wheat. For this, wheat plants of cultivar Marm were cultivated
under two CO2 concentrations (400 or 700 μmol mol-1). The variables evaluated were: gas exchange, morphological alteration
and grain yield components. The increases in the CO2 concentration signicantly altered the gas exchange parameters, increased
anthocyanin index, plant height, leaf area, dry mass of leaves and roots. In regarding to yield, plants at 700 μmol mol-1 produced
high number of grains per ear, high weight of thousand grains, high hectoliter weight (PH) and total production. Thus, the increase
in atmospheric CO2 concentration inuenced the agronomic performance of wheat through physiological alteration, biomass gain
and increase in the grains yield.
Key words: CO2 enrichment; photosynthesis; open top chambers; grain yield; Triticum aestivum L.
Respostas morfosiológicas e rendimento de grãos do trigo mediados pelo aumento da concentração de CO2 atmosférico
Rev. Bras. Cienc. Agrar., Recife, v.14, n.1, e5600, 2019 2/7
Introdução
O trigo (Tricum aesvum L.) foi uma das primeiras espécies
domescadas pelo homem. Atualmente é um dos cereais mais
culvados no planeta, ocupando aproximadamente 20% da
área agricultável (CONAB, 2017). A importância desse cereal
na alimentação humana deve-se ao fato ser uma fonte rica
em carboidratos, bem como conter glúten, que é uma mistura
de proteínas, tornando-se assim uma matéria prima para a
produção de inúmeros alimentos (Scheuer et al., 2011).
No Brasil, a cultura ocupa a quarta posição em produção,
cando atrás apenas das culturas da soja, milho e arroz, com
um volume de 6,8 milhões toneladas na safra de 2015/16.
Os Estados do Paraná e Rio Grande do Sul são os principais
produtores correspondendo por 92% da produção nacional
(CONAB, 2017). A produção brasileira corresponde ao
segundo lugar na América do Sul em relação à produção de
trigo, superado apenas pela Argenna. Entretanto, a produção
brasileira não supre a demanda do mercado interno, tornando
assim, o Brasil um importador de trigo (CONAB, 2017).
Atualmente, o Brasil tem obdo ganhos signicavos em
produvidade devido à adoção de tecnologias modernas de
culvo e uso de variedades com potencial produvo superior
a 8.000 kg ha-1 (Wart et al., 2013). Porém, há fatores que ainda
limitam a expressão desse potencial produvo como a ocorrência
de problemas tossanitários e as condições climácas.
Entre as variações climácas, o dióxido de carbono (CO2)
se tornou uma problemáca a ser estudada pela comunidade
cienca, devido ao seu constante aumento na concentração
atmosférica, nos úlmos dois séculos. Dessa forma, inúmeros
estudos sobre o efeito da ferlização do CO2 na siologia,
crescimento e desenvolvimento das espécies culvadas, vem
sendo realizados em diversos países.
Para o trigo as evidências indicam que o incremento na
disponibilidade de CO2 confere ganho de biomassa, aumento
da produção de grãos e alterações na qualidade do grão.
Essas evidências foram obdas por meio de estudos em
“open top chambers” – (OTC) e em campo pelo método “free-
air carbon dioxide enrichment” (FACE). Estes estudos foram
desenvolvidos na Austrália (Fernando et al., 2014), Alemanha
(Högy & Fangmeier, 2008), China (Erda et al., 2005), Índia
(Pandey et al., 2017) e Itália (Verrillo et al., 2017). Todavia,
apesar da importância do trigo para o Brasil, ainda são
desconhecidas informações sobre os efeitos do aumento da
concentração do CO2 para culvares de trigo culvadas no
Brasil nas condições brasileiras.
Dessa forma, nesse estudo foram avaliados os efeitos
da elevação da concentração do CO2 atmosférico sobre
caracteríscas morfosiológicas e rendimento de grãos do
trigo no Sul do Brasil.
Material e Métodos
Área experimental (“open-top chambers”, OTC) e culvo do trigo
A culvar de trigo Marm (Biotrigo Genéca) foi ulizada
no experimento. A semeadura foi realizada em vasos pláscos
com capacidade 2 litros, contendo aproximadamente 1,5
kg de solo peneirado. Após análise da ferlidade do solo foi
adicionado ferlizante químico para obter uma produção de
4 t ha-1 conforme as indicações técnicas para a cultura do
trigo (Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e
Tricale, 2017). Após a semeadura, os vasos foram alocados
em estufas de topo aberto (“open-top chambers”, OTC). Em
cada vaso foi mando quatro plântulas de trigo.
As OTCs nham formato quadrangular e estrutura de
madeira (4 m2 e 2 m de altura) com as laterais protegidas por
um lme plásco transparente de polieleno, equipadas com
um redutor de abertura do topo para deexionar o ar e, assim,
prevenir a diluição da concentração desejada de CO2 dentro
da estufa. A transferência do CO2 puro condo no cilindro
para os OTCs, ocorreu através de uma tubulação até angir
o controlador de uxo, que faz a regulação da quandade
de CO2 distribuído em cada OTC. As concentrações de CO2
ulizadas foram 400 μmol mol-1 [considerada como atual no
ambiente (teste controle)] e 700 μmol mol-1 [concentração
prevista para no ano de 2050 (IPCC, 2014)].
Delineamento experimental
Os tratamentos foram organizados em delineamento
inteiramente casualizado. Para a quancação dos parâmetros
morfosiologicos e de rendimento de grãos foi considerado o
esquema unifatorial, consisndo de uma culvar de trigo em
duas concentrações de CO2 (400 ou 700 μmol mol-1 de CO2),
com oito repeções, cada uma constuída por quatro plantas.
O experimento foi repedo duas vezes.
Determinação das variáveis de trocas gasosas e índices
siológicos
Aos noventa (90) dias após a semeadura (estádio fenológico
11, maturação, conforme escala de Feeks (Large,1954))
realizaram-se as determinações das variáveis de trocas
gasosas e os índices de clorola, avonoides e antocianinas.
As variáveis de trocas de gasosas foram medidas na folha
bandeira de duas plantas de cada replicação. As medições
foram conduzidas sob CO2 ambiente (400 ± 1 μmol mol-1) e
condições de temperatura com luz arcial (1.200 mmol
de fotons m-2 s-1 no nível da folha). A taxa fotossintéca
líquida (A), a condutância estomáca de vapores de água
(gs), concentração interna de CO2 interno (Ci) e a taxa de
transpiratória (E) foram medidas durante a manhã (8:30 h a
10:30 h) usando o analisador de gás infravermelho portál
(LI-6400, LI-COR Inc., Lincoln, NE, USA). Durante as medidas
fotossintécas, os valores médios da temperatura do ar e da
umidade relava foram 28 ± 2 ºC e 68 ± 2%, respecvamente.
A eciência da carboxilação (EC) e a eciência do uso da
água (EUA) foram calculadas como a razão de A/Ci e A/E,
respecvamente.
O índice de clorola, avonóides e antocianinas foram
medidos usando uorômetro portál Dualex FORCE-A (Dualex
FORCE-A, Orsay, France) em duas folhas da parte superior,
média e inferior da planta. Dualex (“dupla excitação”) fornece
informações sobre o teor de polifenóis da cultura, medindo
K. da R. Dorneles et al.
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a absorção ultravioleta (UV) da epiderme foliar por excitação
dupla da uorescência da clorola. Para isso, ele emite um
feixe de luz do comprimento de onda a 375 nm (absorvido
pelos polifenóis) e outro de referência a 650 nm (região de
vermelho), que penetra na epiderme da folha. Os feixes UV
não absorvidos pelos polifenóis excitam a clorola no mesólo
da folha, e a sua uorescência é emida, quancada pelo
aparelho (Goulas et al., 2004).
Avaliação das variáveis biométricas
Aos noventa (90) dias após a semeadura (estádio fenológico
11, maturação, conforme escala de Feeks (Large, 1954)) foram
realizadas as determinações dos parâmetros biométricos:
estatura, área foliar, massa seca de folha, caule e raiz.
A estatura da planta, em cenmetros, foi determinada
através da mensuração da distância do nível do solo ao ápice da
espiga, excluindo as aristas. A Área foliar (AF) foi determinada
através do medidor de área foliar LI 3100C (LICOR, Lincoln,
USA). A massa seca de folha (MSF), caule (MSC) e raiz (MSR)
foram determinados a parr da secagem do material em
estufa de circulação de ar forçado a 70ºC até peso constante,
com auxílio de uma balança analíca com precisão de 0,01 g
(modelo BL 3200H, Shimadzu). Foram ulizadas duas plantas
por repeção, totalizando 16 plantas por tratamento.
Componentes de rendimento
Os componentes de rendimento, determinados na fase
de maturação siológica da cultura, foram a porcentagem de
perlhos férteis, o tamanho de espiga, número de grãos por
espiga, peso dos grãos por espiga, peso de mil grãos, peso de
hectolitro e produção por planta.
A porcentagem de perlhos férteis (PPF) é o número de
perlhos com produção de sementes em relação ao número
total de perlhos. O tamanho da espiga (TE), em cenmetros,
foi determinado com paquímetro digital (modelo, Micrometer,
Vernier Digital Vernier Caliper) e expresso pela média do
comprimento, da base até a extremidade superior, de cinco
espigas por repeção. O número de grãos por espiga (GE) foi
obdo pela média de contagem direta do número de grãos de
cindo espiga. O peso dos grãos por espiga (PE) foi determinado
através da mensuração da massa dos grãos da espiga com
auxílio de uma balança analíca com precisão de 0,0001 g
(modelo M124Ai, BEL Engineering). O peso hectolítrico (PH)
foi determinado de acordo com Brasil (2009) e os resultados
expressos em kg L-1, com auxílio de tabela de equivalência
(Brasil, 2009). O peso de mil grãos (PM) foi obdo através da
contagem manual de mil sementes em dez repeções de cem,
e pesadas separadamente.
Análises dos dados
A homogeneidade dos dados de todas as variáveis
foi vericada pelo teste de Shapiro Wilk. Os dados foram
submedos à análise de variância (ANOVA) e as médias dos
tratamentos comparadas pelos testes de Tukey ou teste -t no
soware SAS®.
Resultados
Para as variáveis de trocas gasosas, o incremento de
CO2 foi signicavo para todas as variáveis, exceto para a A
(Figura 1). Para as plantas culvadas à 700 μmol mol-1, a Ci
e a EUA aumentaram 81 e 24%, respecvamente, e a gs, E
e EC, reduziram, respecvamente 55, 42 e 38%, quando
comparadas com plantas culvadas à 400 μmol mol-1 (Figura
1).
Não houve interação signicava entre os fatores
concentração de CO2 e o terço da planta para clorolas e
avonoides, exceto para antocianinas (Tabelas 1 e 2).
O aumento na concentração de CO2 para 700 μmol mol-1
reduziu em 11% a concentração de clorolas, comparado
a 400 μmol mol-1 (Tabela 1). Porém, não houve variação
signicava na concentração de avonoides.
A posição da folha na planta afetou signicavamente a
concentração de clorolhas e avonoides. A concentração das
clorolas, nas folhas do terço inferior, reduziu 22% em relação
Figura 1. Taxa fotossintéca (A), condutância estomáca de
vapores de água (gs), concentração interna de CO2 (Ci), taxa
transpiratória (E), eciência da carboxilação (EC) e a eciência
do uso da água (EUA) de plantas de trigo da culvar Marm
culvada em ambiente com 400 ou 700 μmol mol-1 de CO2
atmosférico.
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, para concentração de CO2 pelo
teste de t (p ≤ 0,05) ou parte da planta pelo teste de Tukey (p ≤0,05).
Tabela 1. Teor de clorola e índice avonoide em plantas de
trigo da culvar Marm culvada em ambiente com 400 ou
700 μmol mol-1 de CO2 atmosférico.
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ao terço superior e 16% em relação ao terço mediano (Tabela
1). Os avonoides, no terço inferior, aumentaram 12% em
relação ao terço superior e 9% em relação ao terço mediano
(Tabela 1).
O índice de antocianina, em plantas a 700 μmol mol-1,
variou de 0,14 a 0,16 entre os terços da planta, enquanto
que nas plantas a 400 μmol mol-1 foi detectado apenas no
terço inferior com índice de 0,15 (Tabela 2). Para as variáveis
biométricas, a elevação do CO2 foi signicava para todas,
exceto MSC (Tabela 3).
Plantas culvadas a 700 μmol mol-1 apresentaram
incremento na estatura, AF, MSF e MSR, de 2, 21, 18 e 44%,
respecvamente, quando comparado com plantas culvadas
a 400 μmol mol-1 (Tabela 3) e (Figura 2A). Na gura 2A-C, está
demonstrado a diferença de estatura e da qualidade visual dos
grãos entre plantas de trigo culvada a 400 μmol mol-1 e em
700 μmol mol-1 de CO2. Nestas é observado, além de plantas
mais altas, os grãos produzidos com melhor aparência de
coloração, tamanho e forma, quando comparadas as plantas
culvadas a 400 μmol mol-1.
Médias de cada variável seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de t (p ≤ 0,05).
Tabela 3. Estatura, área foliar (AF), massa seca de folha (MSA), massa seca do colmo (MSC) e massa seca da raiz (MSR) de
plantas de trigo da culvar Marm culvada em ambiente com 400 ou 700 μmol mol-1 de CO2 atmosférico.
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p ≤0,05) comparando terços da planta. Letras maiúsculas, na linha, compara
as médias dos tratamentos em relação a concentração de CO2 pelo teste de t (p ≤ 0,05).
Tabela 2. Índice de antocianina em plantas de trigo da culvar
Marm culvada em ambiente com 400 ou 700 μmol mol-1 de
CO2 atmosférico.
Figura 2. Variação na estatura (A) e qualidade visual dos grãos
produzidos, dado pela coloração, tamanho e forma (B-C) de
plantas de trigo da culvar Marn culvadas em ambiente
com 400 ou 700 μmol mol-1 de CO2 atmosférico.
Figura 3. Porcentagem de perlhos férteis (A), comprimento
de espiga (B), número de grãos por espiga (C), peso dos grãos
por espiga (D), peso de mil grãos (E), peso hectolitro (F) e
a produção total (G) por planta de trigo da culvar Marm
culvada em ambiente com 400 ou 700 μmol mol-1 de CO2
atmosférico.
Para as variáveis de produção, a elevação da concentração
de CO2 foi signicava para maioria das variáveis avaliadas,
exceto para porcentagem de perlhos férteis (Figura 3A),
tamanho de espiga (Figura 3B) e peso dos grãos por espiga
(Figura 3D). Nas plantas culvadas a 700 μmol mol-1 ocorreu
aumento de 11, 4, 5 e 40%, respecvamente, no número de
grãos por espiga (Figura 3C), peso de mil grãos (Figura 3E),
peso hectolitro (Figura 3F) e produção por planta (Figura 3G),
quando comparado com plantas a 400 μmol mol-1.
Médias de cada variável seguidas pela mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste de t (p ≤ 0,05).
Discussão
Os resultados demonstram que a elevação da concentração
de CO2 atmosférico promove alterações morfosiologica no
trigo e no seu rendimento de grãos. A concentração atmosférica
de CO2 tem inuência direta sobre a siologia das plantas, por
ser a fonte primária de carbono para a fotossíntese. Neste
processo, as plantas ulizam a energia luminosa captada
K. da R. Dorneles et al.
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pelas clorolas presentes nos cloroplastos, para transformar
quimicamente o CO2 da atmosfera - captado pelos estômatos
- em substâncias ricas em energia. Esta energia estocada nas
moléculas orgânicas é ulizada nos vários processos celulares
da planta (Barnaby & Ziska, 2012).
Plantas com metabolismo C3, como o trigo, são beneciadas
pelo aumento da concentração de CO2 atmosférico, devido
à existência da potencialização da avidade carboxilava,
elevando a fotossíntese liquida sem saturação, além de reduzir
as perdas pela ocorrência da fotorrespiração (Barnaby & Ziska,
2012; Xu et al., 2015). Contudo, em nosso estudo, a eciência
da carboxilação foi menor em plantas expostas a 700 μmol
mol-1 CO2, bem como, não houve variação signicava na taxa
fotossintéca no momento da análise.
A eciência da carboxilação é resultante da relação entre a
concentração interna de CO2 e a taxa fotossintéca. Esse fato
nos faz crer que por causa da concentração interna de CO2 ser
superior em plantas a 700 μmol mol-1, o mesmo se encontra
em processo de difusão pelo parênquima e não prontamente
disponível a ser ulizado no ciclo de Calvin, especicamente
no estroma do cloroplasto. Dessa maneira, por conseguinte,
não elevando a capacidade caboxilação da rubisco, bem
como da taxa fotossintéca, no momento da avaliação. Além
disso, estudo recente realizado em plantas de soja, também
foi constatado que o CO2 elevado a 665 μmol mol-1, não
produziu efeitos signicavos na taxa fotossintéca líquida
em determinadas datas de avaliações, seja nos estudos FACE,
ou em OTC (Bunce, 2016). De fato, o metabolismo vegetal,
quando exposto a elevadas concentrações de CO2, passa
por diversas alterações, que objevam a autorregulação dos
processos bioquímicos e siológicos, tendendo ao retorno
ao estado inicial de equilíbrio. Essa autorregulação pode
acontecer dentro de uma ampla escala de tempo, incluindo
minutos, horas ou meses após o início da exposição ao CO2
elevado (Caliman et al., 2009).
Devido à fotossíntese ser um processo bioquímico que
depende da presença e atuação de diversas enzimas e
moléculas, o aumento da taxa fotossintéca não é connuo
ao longo do tempo (Barnaby & Ziska, 2012). À medida que a
fotossíntese aumenta, as enzimas (como a Rubisco) vão sendo
saturadas no processo, e o metabolismo de regeneração
dessas enzimas, além do suprimento de energia na forma de
ATP, não é suciente para atender à necessidade demandada
pelos órgãos fotossintécos (Chen et al., 2005). Portanto,
num primeiro momento, o aumento da concentração de CO2
atmosférico aumenta a taxa fotossintéca, que imediatamente
ca limitada em função do maior consumo de RuBisCo e ATP,
que não são supridas na mesma velocidade.
Ademais, o aumento na concentração atmosférica
de CO2 causou redução da condutância estomáca e da
taxa transpiratória, e elevou a eciência do uso da água.
Esse resultado decore do incremento de CO2 na atmosfera
promover o aumento na concentração interna na folha, e
consequentemente induzir a redução da abertura estomáca,
que por sua vez causa diminuição da perda de água por
transpiração (Allen & Prasad, 2004).
Como consequências das alterações siológicas
proporcionadas pela elevação do CO2 atmosférico, temos,
por exemplo, o aumento da taxa de crescimento e ganho de
biomassa (Barnaby & Ziska, 2012). Esse efeito foi observado
no trigo onde o aumento na concentração de CO2 promoveu o
aumento da estatura da planta, área foliar, e da massa seca da
parte aérea e radicular das plantas. Assim, mesmo não sendo
observado incremento na taxa fotossintéca, o aumento na
área foliar da planta em 700 μmol mol-1 de CO2 permite maior
interceptação da energia solar incidente e, por conseguinte,
determina maior assimilação de carbono, o que contribuiu
signicavamente para aumentar o acúmulo de matéria seca
pelas plantas, conforme outros estudos também já indicaram
(Caliman et al., 2009; Xu et al., 2015).
Além disso, compostos tanto do metabolismo primário
quanto do secundário podem apresentar maiores
concentrações em condições de elevação do CO2 atmosférico
(Xu et al., 2015). Este resultado também foi observado
para os índices de avonoides e antocianina nas folhas
da planta de trigo culvadas a 700 μmol mol-1 de CO2. Os
avonoides e antocianina desempenham uma gama de papeis
fundamentais na planta como proteção a danos causados pela
luz UV na folha, agentes anoxidantes além de outras funções
biológicas (Xu et al., 2015).
Contudo, o índice de clorola reduziu em plantas
culvadas em 700 μmol mol-1 de CO2. Acreditamos que este
resultado esteja relacionado, como consequência da série
de alterações no metabolismo vegetal, com a demanda por
nutrientes como cálcio, magnésio e nitrogênio a qual é mais
elevada, e consequentemente, ocasiona uma deciência
desses elementos nas folhas. O nitrogênio, por exemplo, é
ulizado na síntese de compostos celulares, como a clorola
(Lima et al., 2001), como também o magnésio, constuinte
central da molécula de clorola, base da fotossíntese (Goulas
et al., 2004). Estas hipóteses estão fundamentadas no estudo
de Houshmandfar et al. (2015) os quais constataram que a
concentração de cálcio e magnésio no xilema reduziu quando
plantas de trigo foram culvadas em maior concentração de
CO2.
Também é valido ressaltar, que devido à alta mobilidade
tanto do nitrogênio, quanto do magnésio na planta, acaba por
intensicar sua deciência em folhas velhas, no qual causa
amarelecimento generalizado, condizendo com os resultados
do estudo, onde as folhas do terço inferior apresentaram os
menores índices de clorola. A redução do teor de clorola na
folha de plantas trigo sob condições de elevação de 350 μmol
mol-1 para 700 μmol mol-1 CO2 atmosférico já foram relatados
previamente (Sicher & Bunce, 1997).
A elevação do CO2 para 700 μmol mol-1 também
incrementou o rendimento de grãos por meio do aumento
do número de grãos por espiga, peso de mil de grãos e a
produção por planta. Essas alterações são atribuídas a maior
alocação dos fotoassimilados em órgãos reproduvos.
Estudos realizados por Yang et al. (2006) indicam que,
comparavamente ao ambiente natural, em maiores
concentrações de CO2 na atmosfera, a planta de arroz em
K. da R. Dorneles et al.
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estádio vegetavo, produziu maior quandade de colmos do
que folhas, sugerindo que, em ambiente enriquecido com
CO2, o aumento da taxa de fotoassimilados, resultou em maior
acúmulo de biomassa nos órgãos de reserva. E em estádio
reproduvo, a maior produção de fotoassimilados, foram
alocadas para os grãos de arroz, favorecendo o seu rendimento
nal. Resultado semelhante foi observado por Migliea et
al. (1998), que detectaram maior alocação de biomassa na
parte subterrânea em plantas de batata submedas a altas
concentrações de CO2 devido, principalmente ao aumento do
número de tubérculos.
Outra variável relevante é o peso de hectolitro, o qual
é ulizado na classicação da qualidade do grão para
comercialização do trigo, estando relacionado a vários fatores,
dentre eles: uniformidade, forma, densidade, tamanho do
grão, pelo teor de matérias estranhas e grãos quebrados da
amostra, servindo como indicavo para valor comercial do
grão (Brasil, 2009). O incremento no peso de hectolitro nas
plantas culvadas em 700 μmol mol-1 de CO2, como observado
na Figura 2 B-C, deve-se a maior uniformidade do tamanho e
no enchimento dos grãos de trigo.
Assim, podemos concluir que a elevação da concentração
de CO2 atmosférica inuência no desempenho agronômico
de trigo culvado no Brasil, através de alterações siológicas,
ganho de biomassa e no rendimento de grãos. Contudo, vale
ressaltar que os resultados observados no estudo, podem
variar, já que as interações entre o enriquecimento de CO2,
que representa um fenômeno global, e outras mudanças
ambientais connuas, como, por exemplo, aumento de
temperatura ou mudanças na quandade, tempo e distribuição
das precipitações, podem ter implicações importantes para o
rendimento, a produção e a qualidade do trigo (Abdelgawad
et al., 2016). Infelizmente, o conhecimento disponibilizado
sobre essas interações ainda se encontra limitado (Marnez
et al., 2015). Dessa forma, outros estudos serão necessários
para entender a complexidade dessas interações e servir
como base para abordagens de modelagem para prever
futuros processos de crescimento e produção das culturas sob
condições de elevada concentração atmosférica de CO2.
Conclusões
A elevação da concentração de CO2 atmosférica de 400
μmol mol-1 para 700 μmol mol-1, inuência no desempenho
agronômico do trigo culvado no Brasil.
Plantas de trigo a 700 μmol mol-1 de CO2 sofrem alterações
siológicas, aumentando a concentração interna de CO2
e a eciência do uso da água, e redução na condutância
estomáca de vapores de água, taxa transpiratória, eciência
da carboxilação e no índice de clorola.
O incremento na concentração de CO2 atmosférico de 400
para 700 μmol mol-1 confere as plantas de trigo ganho de
biomassa, pelo aumento da área foliar, incremento da massa
seca de parte aérea e raiz, e no rendimento de grãos, através
aumento do número de grãos por espiga, peso de mil grãos,
peso hectolitro e produção por planta.
Agradecimentos
K. R. Dorneles recebeu uma bolsa de estudo da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil - CAPES
(Código de Financiamento 001). Esta pesquisa foi parcialmente
apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienco
e Tecnológico - CNPq (400897/2014-8).
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