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Implantação de um protocolo para gerenciamento de quedas
em hospital: resultados de quatro anos de seguimento
Correa AD, Marques IAB, Martinez MC, Laurino PS,
Leão ER, Chimentão DMN
Rev Esc Enferm USP
2012; 46(1):67-74
www.ee.usp.br/reeusp/
RESUMO
Quedas em pacientes hospitalizados são
eventos frequentes com efeitos negavos
para pacientes e instuições. Este estudo
descrivo objevou apresentar os resulta-
dos de um protocolo de gerenciamento de
quedas implantado em um hospital privado
na cidade de São Paulo, Brasil. O seguimento
foi feito por meio do índice de quedas e foi
feita uma análise descriva dos dados. Fo-
ram incluídos os pacientes internados entre
2005 e 2008, representando 284 quedas em
207.067 pacientes-dia. O índice apresentou
variabilidade mensal, com diminuições sub-
sequentes à implantação das intervenções
e elevações após ações gerenciais e treina-
mentos. Em 2008, as quedas foram mais
frequentes entre os pacientes de unidades
clínicas de maior complexidade – idosos –
fazendo uso de medicamentos que alteram
o sistema nervoso central ou com diculda-
de de marcha. As ações realizadas reeram
no índice de quedas e a caracterização dos
eventos permiu redirecionar intervenções
voltadas aos pacientes mais suscepveis e
ao reforço das ações educacionais.
DESCRITORES
Pacientes internados
Acidentes por quedas
Gerenciamento de segurança
Qualidade da assistência à saúde
Serviço hospitalar de enfermagem
Implantação de um protocolo para
gerenciamento de quedas em hospital:
resultados de quatro anos de seguimento
Artigo originAl
ABSTRACT
Inpaent falls are common occurrences
with negave eects for paents and in-
stuons. The objecve of this descrip-
ve study was to present the results of a
fall management protocol used in a pri-
vate hospital located in São Paulo, Brazil.
Follow-up consisted of reviewing the fall
rates and performing a descripve analysis
of the data. Subjects were the paents ad-
mied between 2005 and 2008, account-
ing for 284 falls in 207,067 paent-days.
The rates showed a monthly variability,
with reducons following the implementa-
on of intervenons and rises in rates aer
management acons and training. In 2008,
falls were more frequent among paents in
clinical units of greater complexity – the el-
derly – using drugs that aected the central
nervous system or having an impaired gait.
The performed acons caused a reducon
in fall rates, and the characterizaon of the
events permied sta to redirect interven-
ons focusing on paents who were more
suscepble to falls, as well as strengthen
educaonal acons.
DESCRIPTORS
Inpaents
Accidental falls
Safety management
Quality of health care
Nursing service, hospital
RESUMEN
Las caídas en pacientes hospitalizados son
eventos frecuentes con efectos negavos
para pacientes e instuciones. Estudio des-
cripvo que objevó presentar los resultados
de un protocolo de gerenciamiento de caídas
implantado en hospital privado de São Pau-
lo, Brasil. El seguimiento se realizó mediante
índice de caídas y se efectuó análisis descrip-
vo de datos. Se incluyeron los pacientes
internados entre 2005 y 2008, representán-
dose 284 caídas en 207.067 pacientes-día.
El índice presentó variabilidad mensual, con
disminuciones derivadas a implantación de
intervenciones y elevaciones posteriores a
acciones gerenciales y entrenamientos. En
2008, las caídas incrementaron frecuencia
entre pacientes de unidades clínicas de ma-
yor complejidad – ancianos ulizando me-
dicamentos que alteran el Sistema Nervioso
Central o con dicultad de marcha. Las ac-
ciones realizadas se reejaron en el índice de
caídas y la caracterización de eventos permi-
ó reencaminar intervenciones orientadas a
los pacientes más suscepbles y al refuerzo
de las acciones educavas.
DESCRIPTORES
Pacientes internados
Accidentes por caídas
Administración de la seguridad
Calidad de la atención de salud
Servicio de enfermería en hospital
Arlete Duarte Correa1, Igênia Augusta Braga Marques2, Maria Carmen Martinez3, Patrícia Santesso
Laurino4, Eliseth Ribeiro Leão5, Denise Maria Nascimento Chimentão6
THE IMPLEMENTATION OF A HOSPITAL’S FALL MANAGEMENT PROTOCOL: RESULTS
OF A FOUR-YEAR FOLLOW-UP
IMPLANTACIÓN DE UN PROTOCOLO PARA GERENCIAMIENTO DE CAÍDAS EN
HOSPITAL: RESULTADOS DE CUATRO AÑOS DE SEGUIMIENTO
1 Enfermeira. Especialista em Administração Hospitalar. Especialista em Gestão Empresarial para Enfermeiros. Especialista em Centro Cirúrgico,
Recuperação Pós-Anestésica e Centro de Material e Esterilização. Enfermeira Supervisora do Hospital Samaritano de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.
arlete.correa@samaritano.org.br 2 Enfermeira. Especialista em Pediatria e Puericultura. Especialista em Administração Hospitalar. Especialista
em Educação em Saúde Pública. Enfermeira Encarregada do Pronto-Socorro Infantil do Hospital Samaritano de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.
igenia.marques@samaritano.org.br 3 Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Saúde Pública. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Mestre em Saúde
Ambiental. Doutora em Epidemiologia. Coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do Hospital Samaritano de São Paulo. Orientadora Credenciada do Programa de
Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. maria.martinez@samaritano.org.br 4 Enfermeira.
Especialista em Administração Hospitalar. Especialista em Gerenciamento dos Serviços de Enfermagem. Assessora do Aprimoramento e Desenvolvimento
do Hospital Samaritano de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. patricia.laurino@samaritano.org.br 5 Mestre em Enfermagem em Saúde do Adulto. Doutora
em Enfermagem. Pós-Doutorada em Música e Saúde. Coordenadora de Ensino e Pesquisa do Hospital Samaritano de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.
eliseth.leao@samaritano.org.br 6 Enfermeira Clínica Pediátrica. Especialista em Enfermagem de Saúde Pública. Especialista em Enfermagem do Trabalho.
Enfermeira Encarregada da Unidade Pediátrica do Hospital Samaritano de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. denise.chimentao@samaritano.org.br
Recebido: 14/05/2010
Aprovado: 13/04/2011
Português / Inglês
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Implantação de um protocolo para gerenciamento de quedas
em hospital: resultados de quatro anos de seguimento
Correa AD, Marques IAB, Martinez MC, Laurino PS,
Leão ER, Chimentão DMN
INTRODUÇÃO
Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontolo-
gia, queda
é o deslocamento não intencional do corpo para um nível
inferior à posição inicial, com incapacidade de correção
em tempo hábil, provocado por circunstâncias multifato-
riais que comprometem a estabilidade(1).
Essa denição é compavel com a de erro enquanto
falha de uma ação planejada para ser concluída conforme
o previsto(2).
Quedas em hospitais são comuns, apontadas como
responsáveis por dois em cada cinco eventos indesejáveis
relacionados à segurança do paciente(3). A frequência va-
ria em função de caracteríscas dos pacientes e da ins-
tuição, com índices que vão de 1,4 a 13,0
quedas para cada 1000 pacientes-dia(3-6). As
lesões decorrentes de quedas ocorrem en-
tre 15% a 50% dos eventos, resultando em
grande variedade de danos(3-6), como síndro-
me pós-queda, aumento da comorbidade e
compromemento da recuperação, aumen-
to do tempo de hospitalização e dos custos
assistenciais, ansiedade da equipe assisten-
cial e perda da conança na instuição e
processos legais(3-5,7-8).
Questões relavas à qualidade e segu-
rança da assistência ganharam relevância
no bojo dos programas de acreditação de
qualidade. Esses programas propõem a
adequação dos processos a um conjunto
de padrões que visa garanr a segurança,
qualidade e melhora do desempenho hos-
pitalar(9-10). O gerenciamento e a ocorrência
de quedas vinculam-se a questões de se-
gurança e qualidade, sendo indicavos dos
processos assistenciais, em especial, da as-
sistência de enfermagem(2,7,10-11).
Os protocolos são ferramentas que contribuem para a
sistemazação da assistência de enfermagem, favorecen-
do a melhoria dos processos na busca pela excelência do
cuidado(2,12). Esforços vêm sendo feitos no sendo de iden-
car as melhores prácas e estabelecer protocolos para
o gerenciamento de queda que sejam ecazes no controle
de riscos, prevenção do evento e redução de suas conse-
quências(2-3,8). Apesar da relevância do problema e da exis-
tência de instuições que vêm desenvolvendo protoco-
los para gerenciamento de quedas, ainda há carência da
apresentação dos resultados destas iniciavas.
Este estudo objeva apresentar os resultados de um
protocolo de gerenciamento de quedas implantado em
um hospital privado na cidade de São Paulo.
MÉTODO
Trata-se de um estudo descrivo, com base no segui-
mento de resultados que vai de janeiro de 2005 a dezem-
bro de 2008, abrangendo todos os pacientes das unidades
de internação de um hospital privado de alta complexida-
de, com capacidade para 200 leitos, na cidade de São Pau-
lo, com acreditação de sua qualidade pela Joint Commis-
sion Internaonal – JCI. O protocolo para gerenciamento
de quedas está apresentado no Anexo e foi desenvolvido
em três etapas:
1) Pré-implantação – 07 a 12/2005:
a) Criação da Comissão de Quedas: a parr de julho
de 2005, foi proposta uma sistemáca de gestão do ris-
co de queda, integrada ao processo de acreditação pela
JCI. Foi formada uma Comissão de Quedas,
com composição muldisciplinar e forte re-
presentavidade da Enfermagem, a m de
possibilitar uma visão diversicada e abran-
gente, focada na segurança do paciente.
b) Levantamento em literatura: os mem-
bros da Comissão realizaram um levantamen-
to na literatura sobre o tema, visando atua-
lizar seus conhecimentos sobre as prácas
prevenvas e de controle de quedas, subsi-
diando as tomadas de decisão subsequentes.
c) Implantação de chas de nocação:
em janeiro de 2005, foi implantada uma -
cha para nocação contendo itens relavos
às caracteríscas, fatores de risco, consequ-
ências e condutas pernentes aos eventos.
A nocação foi denida como obrigatória
e os dados passaram a ser registrados em
uma planilha especíca, de modo a permir
análise estasca dos dados e, por consequ-
ência, obter um diagnósco correto quanto
à ocorrência de quedas.
d) Elaboração do 1º perl de quedas:
realizado no nal de 2005, com resultados direcionando
novas ações de intervenção.
2) Implantação – 01/2006 a 02/2007:
a) Elaboração de protocolo instucional: resultado de
diversas reuniões da Comissão de Quedas, que se baseou
em levantamento em literatura, nas caracteríscas da ins-
tuição, opiniões e percepções das equipes assistenciais e
no alinhamento com a políca de qualidade e segurança
assistencial da instuição.
b) Treinamento instucional: entre novembro e de-
zembro de 2006, foi realizado o primeiro treinamento di-
recionado a todos os colaboradores envolvidos com a as-
As lesões decorrentes
de quedas ocorrem
entre 15% a 50% dos
eventos, resultando em
grande variedade de
danos, como síndrome
pós-queda, aumento
da comorbidade e
comprometimento
da recuperação,
aumento do tempo de
hospitalização e dos
custos assistenciais,
ansiedade da equipe
assistencial, perda da
conança na instituição
e processos legais.
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Implantação de um protocolo para gerenciamento de quedas
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sistência ao paciente. O treinamento visou o alinhamento
de conhecimentos quanto aos aspectos conceituais, téc-
nicos (avaliação de fatores de risco, ações prevenvas,
idencação do evento e adoção de conduta) e logíscos
(preenchimento e uxo da cha de nocação).
c) Ações complementares: adoção de equetas de
idencação de risco nos prontuários dos pacientes, re-
formulação da cha de nocação dos eventos, e inclusão
do diagnósco de risco individual para quedas na SAE –
Sistemazação da Assistência de Enfermagem.
3) Manutenção – 03/2007 e em seguimento:
a) Ações voltadas à assistência: avaliação técnica de
novas camas; avaliação de soware para monitoramen-
to da movimentação do paciente; elaboração de material
educacional direcionado aos pacientes e acompanhantes;
novo treinamento da equipe de enfermagem e implanta-
ção de protetores de grades das camas, faixas de proteção
de pacientes, faixas anderrapantes e de cintos de segu-
rança nos carrinhos da brinquedoteca.
b) Ações voltadas à gestão do processo: reestruturação
da composição da Comissão de Quedas com incorporação
de farmacêuco, sioterapeuta, técnico de segurança do
trabalho e epidemiologista; auditorias semestrais para
avaliação da adesão ao protocolo; inclusão do protocolo
nos POP – Procedimentos Operacionais Padrão relavos
ao processo de acreditação da qualidade.
c) Aperfeiçoamento do tratamento estasco dos da-
dos: nova revisão da rona para coleta e registro de dados
sobre os eventos, análise e monitoramento dos dados em
parceria com o Núcleo de Epidemiologia da instuição e
elaboração de relatórios técnico-gerenciais.
Para avaliação do protocolo, foram analisadas 284 que-
das (100%) ocorridas no período de 01/2005 a 12/2008.
O indicador ulizado foi o índice de quedas, que pondera
a ocorrência em função do tempo de exposição [(nº de
quedas/nº de paciente-dia)*1000], e foi monitorado a
parr de diagrama de controle po U (para índices com
variabilidade maior que 20% no denominador). Os limites
de alerta (variabilidade dos valores em torno das médias)
foram estabelecidos com base na série histórica, sendo
esperado que o indicador não ultrapassasse o primeiro li-
mite de alerta. Por m, foram descritas as caracteríscas
de eventos: caracteríscas do paciente, do evento, fatores
de risco, consequências e condutas decorrentes das que-
das. Para esta análise, optou-se por abranger os dados de
100% dos eventos (80 casos) ocorridos em 2008, pois re-
tratam as ocorrências mais recentes.
Foram ulizados os dados coletados pelas enfermeiras
encarregadas das unidades de internação ulizando a -
cha de nocação de eventos. Os dados foram digitados
em um aplicavo Access e contemplavam informações
sobre caracteríscas do paciente (idade, uso de medica-
mentos, caracteríscas clínicas, presença de disposivos
e história anterior de quedas), da ocorrência do evento
(unidade de internação, turno, local da ocorrência, altura
da queda, acompanhante e fatores ambientais), consequ-
ências e condutas necessárias. Também foram ulizados
dados secundários fornecidos pelo SAME – Serviço de Ar-
quivo Médico relavos à quandade de paciente-dia.
O estudo foi submedo e aprovado pelo Comitê de É-
ca em Pesquisa do Hospital Samaritano, com protocolo de
número 20/08 de 26/08/2008.
RESULTADOS
Índice de quedas
Entre janeiro de 2005 e dezembro de 2008 ocorreram
284 quedas em um período de exposição de 207.067 pa-
cientes-dia, com média de 1,37 quedas/1.000 pacientes-
-dia. A Figura 1 mostra que o índice de quedas apresentou
grande variabilidade mensal, oscilando entre zero a 2,97
quedas/1.000 pacientes-dia. O índice ultrapassou os ní-
veis de alerta e de alerta superior em alguns meses e este-
ve abaixo da média em diversos períodos.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
2005 2006 2007 2008
Índice
Índice Média Alerta Alerta superior Limite superior
Dez
Nov
Out
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Dez
Nov
Out
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Dez
Nov
Out
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Dez
Nov
Out
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Figura 1 – Distribuição do índice de quedas (1.000 pc-dia por mês) em pacientes internados segundo o ano e mês, Hospital Geral
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Tanto em 2005 como em 2006, o índice teve média de
1,12 quedas/1.000 pacientes-dia. Após a efeva implanta-
ção do protocolo, houve elevação dos valores e em 2007
e 2008 a média foi de, respecvamente, 1,77 e 1,45/1.000
pacientes-dia. Este período está representado na Figura 2,
com a indicação de ações desenvolvidas. A Figura mostra
que, em geral, ocorreu queda do índice subsequente à
implantação de ações de caráter assistencial, tais como a
idencação de risco no prontuário do paciente ou a im-
plantação de faixas de proteção do paciente. Após ações
de caráter administravo ou educacional, tais como a re-
visão da forma de nocação ou o treinamento da equipe
assistencial, ocorreu aumento do índice.
A
B, C
D
E
F
G
H
I, J
K
L
MNO
P
A-Identificação de etiquetas de identificação de risco
nos prontuários
B-Registro do diagnóstico de risco na sistematização
da Assistência de Enfermagem
C-Revisão da ficha de notificação de eventos
D-Reestruturação da Comissão de Quedas
E-Faixas de proteção dos pacientes
F-Revisão da metologia para coletaetratamento
estatístico dos dados
G-Protetores de grades de camas
H-Avaliação técnica de novas camas
I-Faixas antiderrapantes em pisos
J-Cintos de segurança na brinquedoteca
K-Oficialização do Protocolo coomo POP
L-Analiação de para monitoramento
de movimentação do paciente
M-Material educacional para para pacientes e
acompanhantes
N-1ª auditoria da adesão ao protocolo
O-Reciclagem da equipe de enfermagem
P-2ª auditoria da adesão ao protocolo
software
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
Dez
Nov
Out
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Dez
Nov
Out
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Índice
Caracterização dos eventos
De janeiro a dezembro de 2008, ocorreram 80 even-
tos com um índice de 1,45 quedas/1.000 pacientes-dia. As
unidades de internação com os maiores índices de queda
foram a Clínica, Neurológica e a Oncologia, respecva-
mente com 2,79; 2,77 e 2,41 quedas/1.000 pacientes-dia.
Nas demais unidades, o índice variou entre zero e 1,66
quedas/1.000 pacientes-dia.
As quedas ocorreram principalmente no turno no-
turno (41,3%) e os locais mais frequentes de ocorrência
foram o quarto (65,0% dos eventos) ou o banheiro do pa-
ciente (26,3% dos eventos). As quedas foram eminente-
mente da própria altura (56,3%) e, em menor proporção,
de poltronas (13,8%) ou camas (11,3%). Em 58,8% dos
eventos o paciente estava com acompanhante. No que diz
respeito às condições ambientais no momento da queda,
as mais frequentes foram presença de obstáculos (5,0%)
ou falta de apoio (5,0%). Na Tabela 1 observa-se que,
entre os casos de queda, os fatores de risco que veram
maior prevalência e maior índice de quedas foram o uso
de medicações alterando o sistema nervoso central, ter
mais de 60 anos e ter as diculdades na marcha.
Figura 2 – Distribuição do índice de quedas (1000 pc-dia por mês) em pacientes internados segundo ano, mês e ações de intervenção,
Hospital Geral Privado – São Paulo – 2005 a 2008
Fatores de risco NPercentual Índice$
Idade maior que 60 anos 53 66,3 0,96
Medicações alterandoosistema
nervoso central
52 65,0 0,95
Dificuldade de marcha 44 55,0 0,80
Distúrbio neurológico 25 31,3 0,45
Confusão/agitação/desorientação 23 28,8 0,42
Presença de dispositivos 18 22,5 0,33
Déficit sensitivo 17 21,3 0,31
Urgências intestinaiseurinárias 15 18,8 0,27
História de queda anterior 11 13,8 0,20
Outros fatores 911,3 0,16
Paciente pediátrico 6 7,5 0,11
Nãose aplica 11,3 0,02
Total* 274 -- --
Tabela 1 – Distribuição dos fatores de risco em pacientes inter-
nados e com queda, Hospital Geral Privado – São Paulo – 2008
* O total de fatores identicados é superior ao total de eventos ocorridos,
pois o mesmo paciente pode ter mais de um fator de risco.
$ Índice de quedas: [(nº de quedas / nº de pacientes-dia)*1000].
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Na Tabela 2, observa-se que 51,2% dos casos de que-
das apresentaram algum po de consequência, sendo que
as mais frequentes foram as escoriações (16,3%) e os he-
matomas (11,3%).
Uma das diculdades encontradas neste processo
esteve relacionada à implantação gradual das ações as-
sistenciais ao longo dos meses. A necessidade de estudo
de cada intervenção (consulta de literatura, avaliação de
medidas similares em outras instuições, testes piloto e
treinamento das equipes) impediu que as ações fossem
adotadas em bloco, o que possivelmente teria trazido re-
sultados mais precoces. Cabe lembrar que ações pontuais
são limitadas em si mesmas e que resultados favoráveis na
prevenção de quedas são obdos por meio do desenvolvi-
mento connuado de um conjunto de ações variadas e in-
tegradas, direcionadas aos pacientes e ao ambiente(1,2,13).
Outra diculdade esteve relacionada à nocação dos
eventos, com necessidade de reformulação da cha de
nocação, retardando a idencação do perl instu-
cional das quedas. Quanto às facilidades, o trabalho mul-
disciplinar levou a uma visão mais abrangente quanto
à determinação dos eventos e às formas de intervenção
prevenva ou correva.
O índice de quedas faz parte dos chamados indica-
dores sensíveis à enfermagem e dos indicadores de se-
gurança do paciente, considerados representavos de
estruturas e processos assistenciais, com impactos sobre
a qualidade e segurança para o paciente e para o am-
biente de trabalho(2,7,10-11). Os resultados mostram que o
indicador foi sensível às ações desenvolvidas. Ele apre-
sentou grande variabilidade mensal, oscilando de 0,00 a
2,97 quedas/1.000 pacientes-dia entre 2005 e 2008, com
média de 1,45 quedas/1.000 pacientes-dia neste úlmo
ano. Alguns aspectos podem inuenciar estes resultados.
Um aspecto é que a quandade relavamente pequena
de eventos permite grandes variações, fazendo com que
não haja estabilidade estasca nos dados. A par disso,
as quedas pontuais do índice, geralmente subsequentes à
implantação de ações de caráter assistencial, sugerem que
estas ações são efevas. Por outro lado, o comportamen-
to de elevação do índice após a implantação do protocolo
de intervenção pode não signicar um recrudescimento
na ocorrência de eventos, mas pode indicar uma melhoria
no sistema de busca ava e de nocação dos eventos,
reendo a adequação dos conceitos e prácas adotados.
Apesar da variabilidade mensal, os resultados deste es-
tudo podem parecer baixos, indicando qualidade assisten-
cial sasfatória. Estudos mostram variações no índice de
quedas que vão de 1,4 a 13,0 quedas/1000 pacientes-dia(3-7).
Estabelecer comparações entre instuições torna-se quase
inúl, uma vez que os resultados reetem tanto as estrutu-
ras e processos subjacentes à qualidade da assistência como
as caracteríscas dos pacientes e a metodologia para cole-
ta e análise dos dados. Optou-se, então, pela construção
da série histórica do indicador na própria instuição, com
monitoramento do índice de quedas por meio do diagra-
ma de controle, o que permiu idencar alterações para
mais ou para menos na incidência dos eventos, indicando os
momentos nos quais cabiam ações emergências e pontuais,
além daquelas estabelecidas como ronas prevenvas.
Nº Percentual Índice$
39 48,8 0,71
13 16,3 0,24
911,3 0,16
8 10,0 0,15
8 10,0 0,15
4 5,0 0,07
3 3,8 0,05
2 2,5 0,04
2 2,5 0,04
1 1,3 0,02
Consequências
Sem consequência
Escoriações
Hematoma
Ferimento corto-contuso
Dor
Contusão
Outras
Equimose
Alteração de comportamento
Fratura
Total * 274 -- --
Tabela 2 – Distribuição das quedas ocorridas em pacientes in-
ternados segundo tipo de consequência, Hospital Geral Privado
– São Paulo – 2008
* O total de consequências é superior ao total de eventos ocorridos, pois o
mesmo paciente pode ter mais de uma consequência.
$ Índice de quedas: [(nº de quedas / nº de pacientes-dia)*1000]
Quanto às condutas necessárias, prevaleceram a ob-
servação (46,3%), a avaliação médica (36,3%), os exames
de imagem (20,0%), a avaliação por especialista (15,0%) e
a administração de medicamentos (10,0%). Com frequên-
cia relavamente pequena, ocorreram casos com neces-
sidade de sutura (6,3%) e transferência para UTI (1,3%),
indicando maior gravidade do evento.
DISCUSSÃO
Os protocolos são ferramentas que contribuem para
a sistemazação da assistência de enfermagem, favore-
cendo a melhoria dos processos na busca pela excelência
do cuidado(2,12). Esses protocolos, em geral, preconizam
medidas prevenvas, de forma a reduzir a probabilidade
da ocorrência e gravidade dos eventos, contribuindo para
racionalizar recursos e reduzir custos(2-3). Este estudo sus-
tenta que a elaboração do protocolo, com base em con-
sulta de literatura e trabalho muldisciplinar, possibilitou
o desenvolvimento de ações diversicadas, abrangentes e
embasadas ciencamente.
Embora o índice de quedas fosse monitorado desde
janeiro de 2005 pela enfermagem, a efeva adoção co-
mo indicador da qualidade e da segurança da assistência
ao paciente e a sistemazação de ações prevenvas e de
controle só ocorreram no contexto instucional do pro-
cesso de acreditação da qualidade, mostrando que esta é
uma oportunidade estratégica para a enfermeira, visando
implantação e aprimoramento de medidas de gerenciais
e assistenciais.
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em hospital: resultados de quatro anos de seguimento
Correa AD, Marques IAB, Martinez MC, Laurino PS,
Leão ER, Chimentão DMN
A caracterização dos eventos ocorridos em 2008 per-
miu idencar alguns aspectos relevantes para o enten-
dimento da ocorrência das quedas na instuição. Um pri-
meiro aspecto é que o índice de quedas foi mais elevado
nas unidades de internação Clínica, Neurologia e Oncolo-
gia, onde os pacientes apresentam longo tempo de per-
manência, grande complexidade e idade elevada. Caracte-
ríscas da complexidade dos pacientes, das circunstâncias
e das avidades desenvolvidas podem contribuir para a
ocorrência das quedas(4).
A caracterização dos eventos mostrou que as quedas
ocorreram principalmente da própria altura, no turno da
noite, em quarto ou banheiro, muitas vezes com presença
de acompanhante e com deambulação do paciente sem
ulização das devidas medidas prevenvas, indicando a
necessidade de reforço das orientações de enfermagem
aos pacientes e acompanhantes. Estudo conduzido junto
a pacientes de um hospital de alta complexidade no Mis-
souri idencou maior ocorrência de quedas no período
da noite(14). De forma semelhante, em um hospital geral no
Reino Unido também foram idencados picos de incidên-
cia de quedas no período noturno e, além disso, a maioria
das quedas ocorreu no quarto (no entorno da cama), res-
pecvamente em 64,0 e 16,0% das vezes, mas raramente
ocorreram no banheiro(15). Outros estudos idencaram
que mais de 80,0% das quedas ocorreram no quarto e mais
de 10% no banheiro(4,14). Frequentemente (79,2 a 84,7% das
vezes) os pacientes estavam sós no momento da queda(4,14),
diferentemente dos pacientes deste estudo, que estavam
majoritariamente com seus acompanhantes.
A indicação limitada das condições ambientais no mo-
mento da queda sugere que as equipes de saúde estão
mais focadas nas condições clínicas e terapêucas, descui-
dando a relevância que questões ambientais podem ter
sobre a ocorrência de quedas e a evolução dos pacientes.
Os fatores de risco incluídos na cha de nocação de
eventos foram aqueles apontados em literatura como os
mais relevantes. Entre os casos de queda avaliados, os fa-
tores de risco que veram maior prevalência e maior índice
de quedas foram o uso de medicações alterando o sistema
nervoso central, ter mais que 60 anos e diculdades na mar-
cha. Estudos mostram que pacientes fazendo uso de medi-
camentos como benzodiazepínicos e sedavos ou hipnócos
veram maior chance para quedas do que os demais(14-16).
Diculdades de marcha também foram idencadas como
riscos para quedas em outros estudos(14,17). A idade é um dos
fatores de risco mais frequentemente apontado, em especial
em idosos em situação vulnerável(4,8,12,14,16).
Neste estudo, 51,2% das quedas veram algum po de
consequência, sendo que em 11,3% dos casos foram con-
sideradas consequências sérias. Estudos idencaram per-
centuais de danos sérios em 3,9 a 18,0% dos casos(4,6,14-15). As
condutas adotadas foram determinadas pelas caracteríscas
das consequências. Cabe relembrar que as quedas acarre-
tam consequências para o paciente e para os nanciadores
da assistência (operadoras de saúde ou outros) e para o hos-
pital, com prejuízo da imagem instucional. Assim, mesmo
os eventos de menor gravidade trazem prejuízos que nem
sempre podem ser traduzidos em números(3-5,7,18).
Os resultados deste estudo sugerem que determina-
das caracteríscas favorecem a ocorrência das quedas,
apontando situações nas quais a prevenção pode ser
intensicada: medidas visando garanr a adesão do pa-
ciente, acompanhante e equipe às ações prevenvas, me-
didas de busca ava visando aumento da nocação dos
eventos e medidas com foco ambiental. Com base nestes
resultados, novas ações foram indicadas para o hospital
de estudo, incluindo: realização de teste do produto an-
derrapante para pisos, instalação de lâmpadas com sen-
sores de presença nos banheiros, revisão do material edu-
cacional para a prevenção de quedas, novo treinamento
das equipes assistenciais e connuidade das auditorias
semestrais de adesão ao protocolo.
Embora os programas de prevenção de quedas sejam
recomendações internacionais visando à qualidade e se-
gurança da assistência prestada, as evidências não são
conclusivas sobre a efevidade deste po de programa.
Enquanto alguns estudos demonstram benecios dos pro-
gramas(5,13), outros estudos apontam a falta de resultados
conclusivos, principalmente em função da metodologia
dos estudos e das intervenções realizadas, apontando a
necessidade de pesquisas melhor conduzidas, estudos
clínicos randomizados, amostras de tamanho adequado e
inclusão de medidas de custo(6,18).
Como as medidas de intervenção ocorreram em todas
as unidades de internação da instuição, abrangendo to-
dos os pacientes internados, não foi possível a realização
de um estudo randomizado, com controle de variáveis
como idade ou complexidade clínica, de forma a permir
idencar o risco que cada fator representou em relação
ao evento. Cabe lembrar que pacientes de outras áreas
(Pronto-Socorro, Centro Cirúrgico, Serviços de Diagnós-
co e Terapia), também devem ser alvo de programas de
gestão de quedas. Apesar destas limitações, o estudo per-
miu descrever o comportamento do indicador de quedas
ao longo do tempo, com as diminuições subsequentes à
implantação de ações prevenvas, sugerindo boa efevi-
dade destas ações. Os resultados podem ser válidos para
hospitais com caracteríscas semelhantes a este, onde foi
realizado o estudo.
CONCLUSÃO
A elaboração do protocolo, com base em consulta de
literatura e trabalho muldisciplinar, possibilitou o de-
senvolvimento de ações diversicadas, abrangentes e
embasadas ciencamente. O índice de quedas reeu
as ações realizadas, apresentando elevações ou quedas
subsequentes às intervenções, o que auxiliou na avalia-
ção dos processos. A caracterização dos eventos ocorridos
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permiu redirecionar ações de intervenção, em especial
voltadas aos riscos de maior prevalência, além de indicar a
necessidade de reforço das orientações educacionais aos
clientes e à equipe assistencial. Esta experiência mostrou
que o uso de protocolos e de indicadores de avaliação são
ferramentas gerenciais importantes para o enfermeiro no
processo de melhoria da qualidade e da segurança na as-
sistência ao paciente.
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Agradecimentos
Aos membros da Comissão de Queda: Ariane Ferreira da Silva, Jaciara A. Pereira, Maria Fernanda Z. Ga,
Paula Crisna G. Abdalla, Sheila Pereira e Jorge de Jesus.
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Correspondência: Arlete Duarte Correa
Hospital Samaritano de S. Paulo - Gerência de Enfermagem
Rua Conselheiro Brotero, 1486 - Santa Cecília
CEP 01232-010 - São Paulo, SP, Brasil
Anexo - Protocolo Institucional de Prevenção e Controle de Quedas, Hospital Geral Privado - São Paulo, 2006
FATORES QUE PREDISPÕEM O RISCO PARA QUEDA:
Alteração do estado mental (confusão ou agitação), distúrbio neurológico, prejuízo do equilíbrio ou da marcha, décit sensitivo; queda anterior,
medicamentos que alterem o sistema nervoso central; idade (superior a 60 anos ou inferior a 13 anos), urgência urinária e/ou intestinal.
AVALIAÇÃO DE RISCO PARA QUEDAS:
Todos os pacientes são avaliados diariamente para risco de queda pelo enfermeiro, a partir da admissão até o momento da alta. O impresso para
avaliação de risco é preenchido individualmente para cada paciente. A identicação de um ou mais fatores de risco caracteriza a existência de risco
para queda. Se caracterizado o risco de queda, o enfermeiro estabelece a prescrição de enfermagem, denindo as medidas preventivas padronizadas
e outras de caráter individualizado.
PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES:
Enfermeira: identicação dos fatores de risco; registro diário no impresso de avaliação de risco, da admissão até o momento da alta; entrega na
admissão o folder de orientação para prevenção de queda e orientação sobre a importância das medidas preventivas e, sempre que necessário, prescri-
ção das medidas para a prevenção de queda; supervisão dos cuidados estabelecidos e noticação da ocorrência de queda através de impresso próprio.
Técnico de Enfermagem: execução das medidas de prevenção para queda de acordo com a prescrição de enfermagem; reforço e registro das
orientações preventivas de queda a cada plantão e avaliação da compreensão do paciente e acompanhante; bem como as medidas realizadas para
prevenção da queda; comunicação imediata ao enfermeiro de qualquer situação que possa caracterizar um possível evento de queda.
Comissão de Queda: monitoramento e noticação dos eventos (chas de noticação, aplicativo para registro de dados, análise dos dados e elabo-
ração de relatórios técnicos); realização de reuniões bimestrais; treinamentos à equipe multidisciplinar; auditorias em campo; encaminhamento de
relatório técnico à Superintendência Médica e Gerência de Enfermagem e proposição de medidas para melhoria do sistema preventivo voltadas ao
paciente, ao processo assistencial e ao ambiente físico.
AÇÕES PREVENTIVAS
Entrega do folder de prevenção de queda e orientação ao paciente/acompanhante quanto ao risco de queda, necessidade de um acompanhante, não
deixar o paciente sozinho no banheiro ou durante o banho e solicitar a enfermagem para sua locomoção e mobilização. Manter a campainha ao
alcance do paciente, cama na posição baixa e com rodas travadas, grades de proteção elevadas e, se necessário, utilizar protetores de grades e faixa
com velcro para proteção. Utilizar cintos de segurança nos carrinhos da brinquedoteca. Manter a área de circulação do paciente livre de móveis e
utensílios. Identicar a porta do quarto com placa de risco de queda. Registrar em prontuário todas as intervenções realizadas. Intensicar a atenção
a pacientes que estão em uso de sedativo e hipnótico, tranquilizante, diurético, anti-hipertensivo e antiparkinsonianos. Manter vigilância e agilidade
no atendimento às campainhas.
NOTIFICAÇÃO E AÇÕES NA OCORRÊNCIA DE QUEDA:
Em caso de ocorrência de queda, encaminhar o paciente ao leito se possível e comunicar a enfermeira de plantão para avaliação e exame físico. A
enfermeira solicita a avaliação médica imediata, bem como encaminha a realização de ações assistenciais necessárias. Registrar no prontuário as
circunstâncias em que ocorreu a queda e a conduta médica. Preencher a Ficha de Ocorrência de Queda e encaminhá-la para a Comissão de Quedas
para análise em 24 horas.
DADOS MONITORADOS NAS OCORRÊNCIAS DE QUEDA:
Risco de queda identicado na admissão, período do dia em que ocorreu o evento, local da queda, circunstâncias da queda, presença ou não de
acompanhante, fatores que predispõem ao risco, comorbidade presente, medicações em uso, avaliação e tipo de conduta médica após a queda,
consequências das quedas, causas das quedas, qualidade dos registros de enfermagem, prorrogação no tempo de permanência.