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ANAIS do XXX Congresso Brasileiro de Espeleologia
Montes Claros MG, 09-12 de julho de 2009 - Sociedade Brasileira de Espeleologia
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GEOESPELEOLOGIA DAS CAVERNAS EM ROCHAS FERRÍFERAS DA REGIÃO DE
CARAJÁS, PA
Luís B. PILÓ - lbpilo@gmail.com
Augusto AULER
Instituto do Carste - Rua Kepler, 385/ 04, CEP. 30360-240, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Abstract
This paper intends to provide an overview of the caves and speleogenesis in iron ore in the Carajás Mineral
Province. Caves were characterized regarding their dimensions, morphology, lithology, structure,
sedimentation and speleogenesis. The results show that there is a considerable potential for cave generation
in these rocks, placing the Carajás Province as one of the most significant speleological areas in Brazil.
Introdução
Na região da Serra dos Carajás, no sudeste do
Pará, a primeira referência a cavernas deve-se a
Tolbert et al. (1971), que relata sobre as grandes
cavernas encontradas sob o manto de canga.
Os estudos espeleológicos tiveram um grande
avanço a partir dos trabalhos do Grupo
Espeleológico Paraense - GEP, notadamente Clóvis
W. Maurity e Roberto Vizeu L. Pinheiro. Em seu
primeiro relatório, Pinheiro et al. (1985) detalhou
aspectos geoespeleológicos de quatro cavernas na
Serra Norte, além de discorrer sobre sua possível
gênese. Essas revelações foram ampliadas em
Pinheiro & Maurity (1988), momento em que a
interpretação espeleogenética foi aprimorada.
Maurity & Kotschoubey (1995) posteriormente
produziram um detalhado estudo não só sobre a
gênese das cavidades, como também da geoquímica
e da mineralogia dos espeleotemas.
Ainda na região de Carajás, mais
especificamente na Serra Leste, Atzingen &
Crescêncio (1999) apresentaram uma descrição,
acompanhada de mapas, de algumas cavernas da
região.
A partir do ano 2000 teve início um dos maiores
levantamentos espeleológicos já realizados no
Brasil. O Grupo Espeleológico de Marabá - GEM,
através de convênio com a Casa de Cultura de
Marabá – FCCM e a Vale, realizou prospecções nas
serras Norte, Sul, Leste, Tarzan e Bocaina (Figura
1). Essas investidas levaram a descoberta de mais de
1.100 cavidades na região. Em poucos anos, a
região de Carajás surge como a área com a maior
concentração de cavernas no Brasil. Cavernas na
formação ferrífera e sob a cobertura de canga já
representam cerca de 20% das cavernas oficialmente
cadastradas no Brasil.
Figura 1: Localização da região de Carajás.
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Objetivos
Este resumo tem como objetivo revelar um breve
panorama geoespeleológico das cavernas da região
de Carajás. Especificamente pretende discorrer
sobre os seguintes aspectos: morfologia e
morfometria; lito-estrutura; sedimentos clástico e
químico; além da espeleogênese.
Procedimentos
Para elaboração dos estudos geoespeleológicos,
centenas de cavernas estão sendo topografadas com
grau de precisão 5D (BCRA), o que tem contribuído
para importantes revelações sobre aspectos
espeleométricos e morfológicos. Dados litológicos e
estruturais das cavernas foram analisados através de
descrição petrográfica e medidas de campo. Os
depósitos clásticos e químicos também estão sendo
descritos. Análises laboratoriais, envolvendo
granulometria, química global de óxidos e
difratometria de Raios-X, já foram realizadas para
caracterização das rochas, dos sedimentos clásticos
e dos espeleotemas.
Resultados
Inserção na paisagem
A Serra dos Carajás encontra-se inserida no
domínio do Planalto Dissecado do Sul do Pará,
caracterizado por maciços residuais de topo
aplainado ou ondulado, além de poucas cristas e
picos interpenetrados por faixas de terrenos
rebaixados.
Entre as principais serras da região temos a serra
Norte e Leste, da Bocaina, do Tarzan e a Serra Sul.
Essas serras apresentam amplitude de 300 m, com
altitude média de 700 m (Radambrasil, 1974).
Nos recortes mais altos do planalto dissecado,
localmente chamados de platôs, ocorrem coberturas
de canga que recobrem principalmente as rochas
ferríferas arqueanas, pertencentes à Formação
Carajás (Grupo Grão-Pará).
Esses platôs cobertos pela canga apresentam-se
como fragmentos de dimensões variadas, onde
ocorre uma evolução física e biológica singular no
contexto regional. Nesses platôs ocorre uma das
maiores reservas de minério de ferro do mundo,
além de outras mineralizações importantes.
Essas elevações, frequentemente, possuem
encostas com feições côncavas portadoras de
depósitos de tálus grosseiros, originários da erosão e
regressão da cobertura de canga que reveste e
mantém os platôs, como também de escarpas da
formação ferrífera.
O posicionamento das cavernas pode ser dividido
em três grupos: cavernas posicionadas nas bordas de
lagoas doliniformes, no topo de platôs; cavernas
localizadas nas bordas de drenagens e cabeceiras;
além das cavernas inseridas nas bordas inclinadas
do planalto dissecado (platôs), incluindo ocorrências
nas baixas, médias e altas vertentes. As cavidades
estão inseridas na base de pequenas escarpas de
canga ou da formação ferrífera.
Litotipos e estruturas
A maioria das cavernas já registradas na região
de Carajás é constituída por dois litotipos: a
Formação Ferrífera Bandada - FFB e a canga
detrítica. Muitas cavernas apresentam os dois
litotipos. Em outras litologias, tais como arenitos,
máficas alteradas e ferricretes, cavernas também já
foram identificadas, mas em menor número.
As ocorrências ferríferas (jaspilitos) foram
denominadas de Formação Carajás, unidade
intermediária do Grupo Grão Pará (Beisiegel et al.
1973). Sua idade mínima é de 2.740 ± 8 MA
(Trendall et al.,1998). No interior das cavernas
predomina rocha bandada pela alternância de
camadas (até 3 cm) e lâminas milimétricas de
hematita, separadas por matriz argilo-ferruginosa,
como também por espaços vazios de morfologia
tabular/laminar.
Os planos do bandamento normalmente estão
bem preservados. Representam estruturas reliquiares
do jaspilito transformado em minério de ferro. Essas
estruturas, localmente, podem apresentar um arranjo
caótico, muito deformado. Nessas situações, as
lâminas apresentam-se fragmentadas ou exibem
kinks e dobras. O plano inclinado do bandamento da
rocha ferrífera é a descontinuidade principal no
controle morfológico das seções das cavidades.
Sistemas de fraturas (juntas) inclinadas também
podem guiar o desenvolvimento de cavidades. No
geral, o controle das estruturas não é marcante nas
cavernas de Carajás.
Já a canga detrítica é constituída por clastos
subangulares (tamanho seixo a calhau) de minério
de ferro, caoticamente arranjados e cimentados por
matriz reduzida, constituída por agregados de
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óxidos e hidróxidos de ferro (hematita e goethita),
além de água. Trata-se de um produto da
degradação da formação ferrífera, cujos detritos
foram transportados através do creep e de fluxos
hídricos concentrados.
Na canga, predominam fraturas atectônicas de
alívio de pressão. Essas juntas influenciam a
ocorrência de movimentos de massa do tipo
abatimentos, que são corriqueiros no interior das
cavidades. Frentes de alteração química da rocha
também são guiadas por essas juntas irregulares.
Espeleometria e morfologia
As cavernas inseridas na formação ferrífera e na
canga são em geral de pequenas dimensões. Em
torno de 70% das cavidades de Carajás estão no
intervalo entre 20-30 m de projeção horizontal.
Cavernas com projeções superiores a 100 m são
menos freqüentes, mas ocorrem em todas as serras
da região. A maior caverna nesses litotipos, até o
momento, encontra-se na serra Norte, com 372 m de
projeção horizontal.
Em razão das pequenas dimensões da grande
maioria das cavernas de Carajás, o padrão
morfológico encontra-se inibido. Ocorrem muitas
cavidades em pequenos salões únicos, com
apêndices que se afunilam normalmente em
canalículos.
Dois padrões já podem ser identificados:
cavernas de câmaras irregulares e cavernas
retilíneas. As cavernas de câmaras irregulares se
caracterizam por condutos irregulares, normalmente
globulares, de tamanho variado que se
interconectam. A conexão entre câmaras maiores é
feita, muitas vezes, por meio de condutos estreitos.
As maiores cavernas da região apresentam esse
padrão. Assemelha-se ao padrão espongiforme
definido por Palmer (1991).
As cavernas retilíneas, menos freqüentes, são
formadas por condutos simples, seguindo uma
direção preferencial, condicionada por junta ou pela
superfície inclinada do bandamento da rocha
ferrífera.
As seções transversais e longitudinais
demonstraram, nas paredes e teto, maiores
irregularidades quando da presença da canga. Pilares
ocorrem em cavernas dos dois litotipos. Pendentes,
por sua vez, são mais freqüentes nas cavernas de
canga. As clarabóias são relativamente comuns nas
cavernas de Carajás. As cavernas constituem feições
muito rasas, o que contribui para atuação de
processos de abatimento de tetos e a formação de
pequenas clarabóias.
Figura 2: Principais padrões planimétricos das cavernas
de Carajás: A) câmaras irregulares; B) retilínea.
Hidrologia
A grande maioria das cavernas da região é seca.
Ou seja, os processos hidrológicos associados a
cursos d’água são restritos no interior das mesmas,
só ocorrendo em cavernas localizadas nas
proximidades de igarapés. Surgências e canais de
drenagem temporários ocorrem, gerados pela
concentração do gotejamento ou percolação de
águas pluviais infiltradas via canalículos ou juntas.
O gotejamento no interior das cavernas é
expressivo durante a estação chuvosa, em função da
alta porosidade da rocha e proximidade da
superfície.
Sedimentos clásticos
Os depósitos clásticos das cavernas de Carajás
podem ser divididos em dois tipos principais.
Depósitos formados por sedimentos
predominantemente de caráter autogênico, gerados a
partir de material do próprio substrato encaixante
(formação ferrífera e/ou canga); depósitos formados
por sedimentos mistos: autogênicos e alogênicos, ou
seja, gerados tanto no interior da caverna como
vindos de fora.
Os depósitos predominantemente autogênicos
são constituídos por clastos de hematita originados
do minério de ferro, da canga e, por vezes, de rochas
máficas em contato com a FFB. Esses clastos são
originados principalmente de processos
gravitacionais do tipo abatimentos de porções do
teto e das paredes. Diante disso, os depósitos
apresentam uma estreita relação com os
constituintes do substrato sobrejacente. O transporte
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sedimentar, atualmente, é geralmente restrito no
interior das cavernas.
Os depósitos mistos também são muito
freqüentes nas cavernas. Os alogênicos são
originados principalmente dos canalículos e juntas
alargadas existentes na grande maioria das cavernas,
como também de clarabóia e cones sedimentares de
entrada.
A injeção de sedimentos via canalículos da rocha
pode ser originada do interior do próprio maciço ou
da superfície. Os sedimentos alogênicos são,
freqüentemente, mais finos e de cor
predominantemente vermelha (2.5YR). Pequenos
leques de sedimentos finos, na saída dos
canalículos, são muito comuns nas cavernas.
Espeleotemas
Os depósitos químicos (espeleotemas) podem ser
identificados em praticamente todas as cavernas da
região de Carajás. Neste momento, vários
espeleotemas estão em pleno processo de formação.
Observa-se uma gradação tipológica de
espeleotemas dependendo da incidência de luz e
fluxos de ar e soluções. Próximo à zona de entrada
ou nos arredores de clarabóias tem-se uma
competição entre material biológico (musgos,
liquens) e deposição química.
Em locais com fluxo de ar mais acentuado
predominam coralóides de pequenas dimensões e
aspecto pontiagudo. Nesses setores temos uma
maior quantidade de coralóides.
Nos trechos mais internos, nos quais há uma
maior estabilidade atmosférica e maior umidade
relativa do ar, há predomínio de crostas de material
ferruginoso, recobrindo paredes e blocos, além de
coralóides com o topo arredondado e coloração
marrom-avermelhada.
Fluxos hídricos na forma de escorrimentos geram
espessas crostas, às vezes com textura semelhantes
aos microtravertinos. Descontinuidades no teto
podem fornecer sedimentos químicos tipo pingentes.
Em síntese, as crostas e os coralóides são os mais
abundantes espeleotemas das cavernas de Carajás.
Dados de difração de Raios X evidenciaram uma
grande diversidade de minerais, superior daquela
encontrada nas cavernas carbonáticas. O óxido de
ferro do tipo hematita (Fe
2
O
3
) é o mineral mais
abundante nos espeleotemas analisados, juntamente
com a goethita (FeO(OH)). Já a gibbsita (AlOH
3
) foi
identificada em um número menor de amostras até o
momento. A gibbsita pode ser derivada da
dissolução de alumínio por soluções ácidas criadas
pela oxidação de sulfetos. Guano de morcego
também pode contribuir para sua origem, assim
como lixiviação a partir do solo (Hill & Forti,
1997).
Quanto aos fosfatos, a leucofosfita
(KFe
2
(PO
4
)2OH.2H
2
O) já foi identificada em vários
espeleotemas de cavernas da serra Norte. Esse
mineral também foi identificado em Carajás por
Maurity & Kotschoubey (1995). Também já foi
registrado em cavernas no Quadrilátero Ferrífero
(Piló & Auler, 2007) e em várias cavernas do
mundo, segundo Hill & Forti (1997). Possivelmente,
os depósitos de guano contribuem para o
fornecimento de fósforo para a formação de
compostos químicos fosfáticos.
A estrengita (Fe,Al)PO
4
.2H
2
O), mineral fosfático
de ferro e alumínio, foi detectado em algumas
cavernas, tendo sido também identificado por
Maurity & Kotschoubey (1995) como revestimentos
de pisos, blocos, bem como cimento de
paleopavimentos em cavernas da serra Norte.
Três sulfatos também já foram registrados: a
gipsita (CaSO
4
.2H
2
O), a alunita
(Al
2
(SO
4
)(OH)
4
.7H
2
O) e a basaluminita
(Al
2
SO
4
(OH)
10
.4H
2
O).
Aspectos espeleogenéticos e cronológicos
Simmons (1963), trabalhando em Minas Gerais,
foi pioneiro em atribuir a gênese de cavernas em
minério de ferro e canga a processos de dissolução.
Segundo ele, a dissolução do dolomito, mas também
de quartzo e hematita, leva à formação de uma zona
de minério de ferro alterada de alta porosidade que
chega a atingir 50% do volume da rocha.
Autores como McFarlane & Twidale (1987)
acreditam que a dissolução dos óxidos de ferro, e
não somente de sílica e dolomita, são essenciais à
carstificação em minério de ferro.
Devido ao caráter pouco solúvel do ferro, esses
autores evocam a atuação de agentes
microbiológicos, já que existem microorganismos
capazes de remover Fe por meio de complexação e
formação de quelatos que possuam afinidade com o
ferro.
Pinheiro & Maurity (1988) propuseram duas
fases para a formação das cavernas de Carajás: na
primeira etapa agiria a dissolução, na zona freática,
de complexos alumino-ferrosos e argilo minerais
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instáveis de Fe, Al e Si que preenchem os vazios da
canga endurecida, mas também ocorrem em níveis
inferiores a esta; a segunda etapa envolveria
processos erosivos (piping) que basicamente
expandem as cavidades geradas na primeira etapa,
levando então à formação de galerias e salões.
É importante salientar que os processos de
mineralização promovem um significativo aumento
da porosidade e permeabilidade do corpo mineral, o
que certamente gerou condições para formação das
primeiras cavidades. Ou seja, um conjunto de
cavernas de Carajás está relacionado com processos
de mineralização da formação ferrífera, envolvendo
reações químicas no interior da massa rochosa na
zona freática, gerando zonas de alta porosidade. São
cavernas “minerogênicas”. Uma segunda fase na
zona vadosa é fundamental para que o material
friável resultante seja transportado para o exterior
por meio de processos similares ao piping.
Foi constatado que a zona de contato
canga/minério de ferro favorece claramente a
espeleogênese. Já a gênese de cavernas
exclusivamente formadas na canga parece ser
controlada pelas variações de fácies.
Também já foi registrado em Carajás que a
oscilação de lagoas e os escoamentos pluvial e
fluvial podem ampliar cavidades.
Pinheiro et al. (1985) e Pinheiro & Maurity
(1988) associam o início da formação das cavidades
de Carajás ao processo de geração da canga
laterítica, atrelando a idade das cavernas à idade da
canga. No entanto, existem grandes incertezas com
relação à idade do início da formação da canga.
Uma idade aproximada, final do Cretáceo/início do
Terciário e desenvolvimento durante o Pleistoceno
foi aventada por Pinheiro et al. (1985) e Pinheiro &
Maurity (1988).
Novos dados geoquímicos e cronológicos
fornecidos por Spier (2005) sinalizaram que a partir
do Eoceno as formações ferríferas do Quadrilátero
Ferrífero, em Minas Gerais, já apresentavam boas
condições para o início da espeleogênese, tendo em
vista que os processos supergênicos já estavam
instalados, ocasionando aumento expressivo da
porosidade e perda de densidade da formação
ferrífera. Acredita-se que a grande maioria das
cavernas desenvolvidas na formação ferrífera de
Carajás é muito antiga, com idades bem superiores
às cavernas carbonáticas. As cavernas com a
presença da canga detrítica são mais recentes.
Considerações finais
Carajás apresenta-se hoje como uma das mais
importantes regiões espeleológicas do Brasil,
comprovando o grande potencial da formação
ferrífera e da canga para geração de cavidades.
Diante da nova legislação sobre as cavernas, parte
desse grande conjunto de cavernas será conservado,
potencializando estudos e novas revelações para a
espeleologia brasileira.
Agradecimentos
À Vale pelo incentivo à divulgação dos dados de
estudos ambientais realizados na região,
particularmente à Daniela Silva. Ataliba Coelho,
Yuri Stávale, Thiago Lima e Allan Calux têm
contribuído decisivamente para os trabalhos em
Carajás. Ao GEM pela determinação na prospecção
e topografia das cavernas. Ao CECAV/ICMBio
pelas frutíferas discussões sobre o tema e apoio
permanente.
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